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AD2 Literatura Portuguesa I 2018.2 GABARITO

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina: Literatura Portuguesa I
Coordenadora: Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira
Tutora a Distância: Adriana Gonçalves da Silva
AD2 - 2018/ 2
Aluno(a): ___________________________________________________
Polo:_______________________ Matrícula____________________
Nota: ________
Avisos:
A AD2 está disponibilizada na plataforma a partir das 23:55 h do dia 04 de outubro de 2018, quinta-feira. 
As respostas deverão ser postadas somente na plataforma até às 23:55 h do dia 14 de outubro de 2018, domingo.
As respostas devem ter 20 a 30 linhas (300 palavras mais ou menos).
Questão 1
Com relação ao tema do mar e das navegações, Sophia de Mello Breyner Andresen marca uma diferença em relação a Camões e a Fernando Pessoa. Ao desenvolver esta afirmativa, você deve tomar necessariamente as estrofes 1 e 2 do Canto I de Os Lusíadas e o poema “O infante” de Mensagem, articulando ambos com o poema de Sophia que inicia Navegações aqui reproduzido (fragmento):
Digo:
“Lisboa”
Quando atravesso – vinda do sul – o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna (...)
Digo o nome da cidade
– Digo para ver (ANDRESEN, 2ªed. 1996, p. 9) 
Resposta comentada 
A resposta deve resgatar de algum modo as duas primeiras estrofes de Os Lusíadas, de Camões (séc. XVI), destacando os versos que louvam a saída das naus e dos navegadores que partiram de Lisboa e construíram o Império - “As armas e os barões assinalados / Que, da ocidental praia lusitana,/por mares nunca de dantes navegados, passaram inda além da Taprobana/ (...) E entre gente remota edificaram/Novo Reino, que tanto sublimaram” – (cf. Caderno 1, p.81) 
A resposta também deve retomar o poema “O Infante” que integra a Parte Mar Portuguez do poema Mensagem de Fernando Pessoa (séc. XX) (Caderno 2, p. 49), observando como os versos de Camões se conectam com os de Pessoa até o 2º verso da estrofe final, quando altera o tom da louvação anterior e repensa criticamente o legado dos navegadores nos versos finais: “Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez./ Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
Por fim, a resposta deve articular estes dois momentos com o poema de Sophia acima reproduzido, retirado do livro Navegações (Caderno 2, p. 129), cujo teor não é nem laudatório, nem condenatório. Simplesmente ela traz a reflexão sobre o passado português ao contrário do que fizeram os navegantes, numa volta a Lisboa /pátria sem ilusões, dentro de uma perspectiva cotidiana. No entanto, sem elogiar e sem negar os feitos, o eu lírico (Sophia) ancora-se na palavra (Digo: “Lisboa”) e faz dela, ou seja, faz da linguagem, o caminho para ”ver” ou conhecer, revertendo em algum sentido a “realidade” cantada ou criticada por Camões e Pessoa. Assim a pátria, ou Lisboa que aí a representa metonimicamente, nasce da palavra, “abre-se como se do seu nome nascesse.”
Questão 2
Seguindo a mesma tradição crítica de Garrett em Viagens na minha terra, Miguel Torga e José Cardoso Pires se preocupam com a valorização do território nacional, o primeiro no conto “Homens de Vilarinho” e o segundo no romance O Delfim. Disserte sobre o tema nestas obras, sem deixar de usar as seguintes passagens dos textos: 
Ele, Firmo, filho de cavadores, cavador até aos vinte, que se casara, que não tinha estudos, - sem nenhum apego à terra, incapaz de se deixar penetrar da verdade dos tojos e das leiras; e aquele homem letrado, que recebera ordens, que prometera dar-se todo a quem proclamara que o seu reino não era deste mundo, - ali com mulher e filhos, cheio do amor deles, agarrado às verças como os juncos às nascentes! (TORGA, Miguel, 1976, p. 53; conto na íntegra no Material de Estudo da sala virtual, Aula 14)
Temos, pois, o Autor instalado na janela duma pensão de caçadores. Sente vida por baixo e à volta dele, sim, pode senti-la, mas, por enquanto, fixa-se unicamente, e com intenção, no tal sopro de nuvens que é a lagoa. Não a vê dali, bem o sabe, porque fica no vale, para lá dos montes, secreta e indiferente. No entanto, aprendeu a assinalá-la por aquele halo derramado à flor das árvores, e diz: lá está ela, a respirar (PIRES, José Cardoso, 1999, p.20)
Resposta comentada
A resposta deve começar por um retorno ao romance Viagens na minha terra, de Garrett com a finalidade de mostrar que foi ali, na primeira metade do século XIX, que se fez uma ampla reflexão interna da pátria, ao contrário da aventura marítima, focalizando as misérias e problemas do território nacional naquela época, em forma alegórica de “viagens” terra a dentro do Tejo. 
A resposta deve focalizar também o tema da emigração que começou, no século XIV, com as primeiras viagens marítimas de Portugal. Daí pra frente os portugueses viverão esta dicotomia entre ficar e partir, tal como está representado no conto de Torga, “Os homens de Vilarinho”. Estes dois perfis de homens (Firmo e o Padre João) devem ser comentados a partir da citação, com o objetivo de pontuar a oscilação entre a identidade territorial e a identidade ultramarina que marca Portugal como país situado nos confins da Europa.
No século XX, Cardoso Pires, também incomodado pela situação política e social de Portugal, fará um diagnóstico da pátria, em que a lagoa, observada no fragmento acima (diferentemente da cidade Lisboa, que foi porta de saída e entrada da nação), mostrará uma dualidade: de um lado representa a deterioração interna do país sob a forma dos peixes mortos que lá se enterram; doutro lado, a sua vida remanescente sob a forma do “halo derramado” que está “a respirar”. Cardoso Pires critica as elites portuguesas que por séculos dominaram o país, pelo menos até 1968, quando finalmente cai o Ditador (o delfim) e a “lagoa” (país) se torna livre e de todos os cidadãos.

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