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Renata Bittar MEDICINA UNIT DEMÊNCIAS Demência pode ser definida como uma síndrome caracterizada pelo declínio progressivo e global de memória e pelo menos uma das funções cognitivas (linguagem, agnosia, apraxias, funções executivas), com uma intensidade que possa interferir no desempenho social diário ou ocupacional do indivíduo. 1. DEMÊNCIA DE ALZHEIMER É a mais comum. Início insidioso (aos poucos) das funções intelectuais superiores, com alterações do humor e do comportamento. Posteriormente, ocorre manifestação de desorientação progressiva, perda de memória e afasia, indicando disfunção cortical grave. AFASIA: distúrbio da comunicação que impede o indivíduo de se comunicar. 5 a 10 anos, o indivíduo se torna profundamente incapacitado, mudo e imóvel. Os pacientes raramente se tornam sintomáticos antes dos 50 anos de idade, mas a INCIDÊNCIA da doença aumenta com a IDADE. O diagnóstico definitivo de DA é através do exame HISTOPATOLÓGICO do tecido cerebral. Então, em vida, o diagnóstico preciso é feito através da combinação EXAME CLÍNICO + EXAMES RADIOLÓGICOS. MACROSCOPIA Graus variáveis de atrofia cortical Aumento dos sulcos cerebrais, mais pronunciado nos lobos frontais, temporais e parietais. Atrofia Ectasia dos ventrículos (ex vácuo) Atrofia mais evidente nas regiões MESIO-TEMPORAIS, HIPOCAMPO, AMÍGDALAS e CÓRTEX ENTORRINAL. Início das alterações da DA: NÚCLEO BASAL DE MEYNERT. Principais anormalidades PLACAS SENIS OU NEURÍTICAS + EMARANHADOS NEUROFIBRILARES. Uma característica dessa demência é o declínio da memória decorrente da depleção da acetilcolina nos núcleos basais de Meynert e da atrofia do lobo Renata Bittar MEDICINA UNIT temporal, principalmente na formação hipocampal. Existe PERDA NEURONAL e GLIOSE reativa de caráter progressivo e que no final é grave nas mesmas regiões onde há maior carga de placas e de emaranhados. GLIOSE: são pequenos pontos do cérebro, geralmente em áreas mais profundas, que recebem pouca irrigação sanguínea e, consequentemente, menor quantidade de oxigênio e glicose, levando à morte dos neurônios nesses pontos. PLACAS NEURÍTICAS São coleções esféricas focais de NEURITOS DISTRÓFICOS (axônios e dendritos degenerados) que geralmente são encontrados ao redor do núcleo de acúmulo da proteína beta amiloide, consistindo na REAÇÃO NEURÍTICA, uma reação inflamatória. Há células da micróglia e astrócitos reativos na periferia. Locais: hipocampo, amígdala e neocórtex, poupando o córtex motor e sensitivo, da mesma forma que os emaranhados neurofibrilares. Componentes da placa: peptídeo beta amiloide 40 e 42 (principal) derivado da PPA (proteína precursora de amiloide), componentes da cascata do sistema complemento, citocinas pró-inflamatórias, antiquimiotripsina alfa-1 e apolipoproteínas. OBS: todas essas características excetuando-se a reação neurítica = PLACA DIFUSA. Fase inicial da formação das placas neuríticas. A placa difusa possui apenas beta amiloide 42. Em pacientes com trissomia do 21, SÍNDROME DE DOWN, a prevalência de DA é maior e o início precoce é muito comum. EMARANHADOS NEUROFIBRILARES São feixes de filamentos constituídos por PROTEÍNA TAU, MAP2 e UBIQUITINA no citoplasma dos neurônios que deslocam ou rodeiam o núcleo. Nos neurônios piramidais, assumem formato em “chama de vela” e os outros tipos de neurônios possuem formato arredondado. Locais: neurônios corticais, especialmente no córtex entorrinal, células piramidais do hipocampo, amígdala, prosencéfalo basal e os núcleos da rafe. Os emaranhados neurofibrilares Renata Bittar MEDICINA UNIT não são específicos da DA e podem ser encontrados em outras demências. QUAIS OS OUTROS ACHADOS DO ALZHEIMER, ALÉM DAS PLACAS NEURÍTICAS E EMARANHADOS NEUROFRIBRILARES? - Angiopatia amiloide cerebral: Encontrada na DA e sem ela também. Acúmulo de proteína beta-amiloide 40 ao redor do vaso. - Degeneração granulovacuolar Formação de pequenos vacúolos citoplasmáticos dentro dos neurônios. Encontrada no envelhecimento normal, mas na DA é bastante encontrada no hipocampo e bulbo olfatório. - Corpúsculos de Hirano Encontrados especialmente na DA, são corpúsculos alongados e compostos de filamentos de actina. Mais frequentes nas células piramidais do hipocampo. Resumindo... ACHADOS DO ALZHEIMER 1. Placas neuríticas 2. Emaranhados neurofibrilares 3. Angiopatia amiloide 4. Degeneração granulovacuolar 5. Corpúsculos de Hirano FISIOPATOLOGIA Processamento inadequado da PPA (proteína precursora de amiloide) gera um acúmulo excessivo de proteína beta amiloide, constituindo as placas. MARCADORES ESPECÍFICOS: Através da punção liquórica Proteína beta amiloide Proteína Tau Proteína Tau fosforilada (mais tóxica) 2. DEMÊNCIA VASCULAR Quadros demenciais causados por doenças cerebrovasculares. Lesões trombolíticas, lesões cerebrais focais, angiopatia amiloide, AVCh. Segunda mais comum. Início mais agudo que o Alzheimer com curso de deterioração em degraus, com períodos abruptos seguidos de períodos de estabilidade. Os indivíduos possuem lesões SUBCORTICAIS, ou seja, DEGENERATIVAS. Sintomas primários: déficit nas funções executivas ou focais múltiplas. Renata Bittar MEDICINA UNIT A clínica dessa demência depende da causa e da localização do infarto cerebral. Os infartos lacunares geralmente cursam com disartria, disfagia, labilidade emocional, “petit pas” e bradicinesia. Petit pas = marcha característica de passos curtos. Por outro lado, os pacientes com lesões vasculares no córtex cerebral apresentam afasia, apraxia e distúrbios visoespaciais. DIAGNÓSTICO História clínica + avaliação neuropsicológica + exames de imagem FATORES DE RISCO Aterosclerose, idade, hipertensão, diabetes, tabagismo, doenças cardiovasculares e cerebrais, dislipidemias etc. 3. DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL Degeneração e atrofia dos lobos frontais e temporais. Clínica: deterioração progressiva da linguagem e alterações da personalidade. Acúmulo do depósito de proteína Tau. Tem início insidioso e caráter progressivo, com um discreto comprometimento da memória episódica, mas com importantes alterações comportamentais, de personalidade e alterações de linguagem. Importante na DFT, é que fazem parte desta patologia a doença de Pick, a degeneração dos Lobos Frontais, a demência associada ao neurônio motor (esclerose lateral amiotrófica) e também a Demência Semântica. Nestes três primeiros tipos, ocorre o comprometimento de funções executivas, com relativa preservação da memória. Já no último, caso da Demência Semântica, há perda progressiva do reconhecimento visual, esquecimento do significado das palavras, com anomia (incapacidade de lembrar alguns nomes de objetos), comprometimento em testes de nomeação, na fluência verbal e categorização semântica. 4. DEMÊNCIA DE CORPOS DE LEWY Curso flutuante, alucinações e sinais frontais proeminentes. Renata Bittar MEDICINA UNIT Quadros em queocorrem flutuações dos déficits cognitivos em questão de minutos ou horas, alucinações visuais bem detalhadas ou claras, vividas e recorrentes; com sintomas parkinsonianos leves, sintomas esses que não respondem bem à medicação antiparkinsoniana, já que os pacientes normalmente não apresentam tremor, mas apresentam rigidez e distúrbio na marcha. Dentre as manifestações acima citadas, pelo menos duas devem ocorrer para haver o diagnóstico provável de DCL. Alguns apresentam evidências patológicas da DM, outros mostram os CORPÚSCULOS DE LEWY – contêm ALFA-SINUCLEÍNA. Presença de neuritos anormais que contêm aglomerados de proteínas, os neuritos de Lewy. São encontrados primeiro no bulbo e depois vão para o mesencéfalo e córtex. A DCL é quando os corpúsculos atingem o córtex. Os eventos patológicos que acontecem nesse tipo de demência são os corpúsculos de Lewy, sendo inclusões intracitoplasmáticas eosinofílicas hialinas, encontradas no córtex cerebral, no tronco encefálico, espaços neocorticais. Podem ocorrer outros eventos patológicos relacionados à Doença de Alzheimer, como as placas senis e uma menor extensão de emaranhados neurofibrilares. 5. DOENÇA DE HUNTINGTON Autossômica dominante caracterizada clinicamente por progressivo distúrbio de movimento e demência, histologicamente por DEGENERAÇÃO DE NEURÔNIOS. É protótipo das doenças de poliglutamina por expansão de repetição de trinucleotídeos. Acentuada atrofia do NÚCLEO CAUDADO. Renata Bittar MEDICINA UNIT
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