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INTERLANDI 03 HISTÓRIA DA ORTODONTIA EUA

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3
~
HISTORIA DA ORTODONTIA NOS
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Bailey N. jacobson
Os Primórdios da Odontologia
nos Estados Unidos
Os praticantes da Odontologia, nos Esta-
dos Unidos, no começo do Século XIX, bem
como na Europa, eram:
1. Pessoas treinadas como joalheiros, ferrei-
ro e outras com zrande habilidade manu-
al, e que praticavam a odontologia ao lado
e outras atividades. Eram, quase sempre,
ão alfabetizados e sem qualquer qualifi-
caçã .
C1 icantes de medicina, sem nenhuma
.formação em odontologia, e que se apre-
entavam como dentistas aprendendo à
medida que trabalhavam.
3. Homens qualificados através de estágios
junto a profissionais de grande reputação.
Este era o menor grupo, embora, provavel-
mente, o mais influente.
O primeiro curso para dentistas foi minis-
trado, formalmente, por Horace Heyden, de
1823 a 1825, na Universidade de Maryland.
Os estudantes eram também do curso médico
e, como não apresentavam nenhum interesse
no assunto, o curso foi suspenso. Os professo-
res para dentistas, planejaram, então, a forma-
ção de institutos isolados. A primeira licença
para uma escola dentária independente foi
fornecida em 1840, pelo Estado de Maryland.
O Colégio de Cirurgia Dentária de Baltimore
foi a primeira escola, na América do Norte, a
oferecer um curso dentário completo; o pri-
meiro grau de Doutor em Cirurgia Dentária
(D.D.5.) foi conferido em 1841. Em 1865 havia
quatro escolas de odontologia; naquela época,
porém, o meio mais procurado para a forma-
ção de dentistas era o estágio em consultórios
particulares. Em 1870, apenas um sexto dos
dentistas eram formados por escolas.
A primeira tentativa de organização de
uma possível classe odontológica, ocorreu em
1834, quando se fundou a Sociedade dos Ci-
rurgiões-Dentistas de Nova York. Esta socie-
dade policiava a prática profissional indevida
e regulamentava a atividade odontológica,
tendo sido a primeira entidade desta nature-
za, no mundo. Vinte e dois anos depois ela se
desorganizava e, em 1859, fundou-se a Asso-
ciação Dentária Americana.
O Início da Ortodontia
A primeira publicação formal sobre a "nor-
malização" da posição dos dentes é atribuída
ao francês Pierre Fauchard, tido, freqüente-
mente, como o pai da odontologia moderna.
Em 1728, ele publicou o "Tratado de Odontolo-
gia", em que foi apresentado o "bandelette",
do qual se originou o arco expansor.
Entre 1728 e 1888 foram publicados, na
França, mais de sessenta e seis livros de texto,
nos quais foram abordados, pelo menos em
parte, assuntos relacionados às irregularida-
·22 ORTODONTIA - BASES PARA A INICIAÇÃO
des de posição dentária. A principal finalida-
de do tratamento, na época de Fauchard, era
de ordem estética, e se consideravam somente
os dentes anteriores. Alguns de seus métodos
incluíam desgastes, extração e luxação de
dentes em má posição. O inglês [ohn Hunter,
aproximadamente na mesma época, também
sugeria extração e reimplantação na correção
das irregularidades, tendo introduzido um
plano inclinado para a movimentação vesti-
bular dos dentes anteriores superiores, na cor-
reção da mordida cruzada anterior, resultante
de prognatismo mandibular.
A introdução da correção das irregularida-
des de posição dos dentes ocorreu em 1839,
quando, em um dos primeiros números do
"American Journal of Dental Science", B.A.
Rodrigues descreveu o emprego daquele plano
inclinado, na correção das mordidas cruzadas.
Até 1840, a odontologia não se servia de
nomenclatura própria e dependia completa-
mente de termos médicos e antropológicos.
WilliamRogers, em 1845,publicou o primeiro
dicionário de termos dentários. Foi nesta épo-
ca que a palavra "Ortodontia" começou a ser
adotada, tendo se originado dos trabalhos de
Le Foulon que reservou o termo "orthodonto-
sie" para o "tratamento das deformidades
congênitas e acidentais da boca". Chapin Har-
ris, em 1849,modificou-a para "ortodontia",
em seu "dicionário de ciência dentária".
Com a introdução da borracha vulcaniza-
da, a natureza dos aparelhos dentários come-
çou a se modificar. Até então, a maioria dos
aparelhos ortodônticos consistia no emprego
de bambu, cunhas de madeira, placas cons-
truídas de madeira, alguns arcos metálicos de
ouro. Chapin Harris, em 1842, assim descre-
via seu aparelho e o correspondente trata-
mento: "... isto (Fig.3.1) representa um mode-
lo de gesso dos dentes, borda alveolar, arco
palatino, e o aparelho empregado para a repa-
ração da deformidade. Primeiramente foram
extraídos os segundos premolares e, então,
através de amarrilhos aplicados entre os se-
gundos molares e primeiros premo lares e
adaptados a uma banda de ouro na parte ex-
terna da arcada e renovados diariamente,
conseguiu-se que os dentes fossem levados às
suas posições, em onze semanas; feito isto,
observou-se um espaço de, aproximadamen-
te, um oitavo de polegada entre os caninos e
os primeiros premolares, o que foi fechado,
trazendo para trás, com amarrilhos, aqueles
primeiros dentes em direção a estes últimos".
A descrição continua, informando como cada
Fig. 3.1 - Desenho demonstrativo do tratamento ortodôntico no arco superior, segundo a descrição de
Chapin A. Harris, em 1842.
ente dos anteriores, foi movimentado para a
posição final. Na arcada inferior (Fig. 3.2),
uma placa de ouro foi estampada e adaptada
aos primeiros e segundos molares, após a ex-
tração dos primeiros premolares. À custa de
botões de ouro, soldados em cada lado deste
duplo dispositivo, foi empregado amarrilho
que se adaptou anteriormente, ao redor dos
caninos. Harris continua: "Através deste pro-
cedimento, os caninos podem, no espaço de
15 a 20 dias, ser levados aos premolares. Se,
no entanto, não forem movimentados em di-
reção à parte interna da borda alveolar, o
amarrilho externo pode ser abandonado após
alguns dias e o interno completará o restante
da operação". A retração anterior foi, então,
conseguidacom um arco lingual que, através
de amarrilhos, tracionava os incisivos diaria-
mente, até chegarem à posição final.
Harris também chamou a atenção para a
circunstância de que "quanto mais cedo seja
corrigida a irregularidade de posição dos
dentes, melhor, porque o tempo prolongado
em que o dente possa ficar numa posição er-
rônea, dificulta o ajustamento". O autor ainda
chamou a atenção para a remoção da causa da
irregularidade, a fim de que a estabilidade do
resultado pudesse ser esperada. Disse que na
hipótese da irregularidade "... ser o resultado
da estreiteza dos maxilares, mesmo natural
ou adquirida, sempre deveria ser removido
um dente permanente de cada lado para se
conseguir espaço". Assim, podem-se ver pu-
blicados há 130 anos atrás, conceitos gerais
básicos para a ortodontia de hoje.
Chapin Harris foi naquela época somente
um dos muitos homens que formularam con-
ceitos básicos sobre a correção das irregulari-
dades de posição dentária. Outros que podem
ser citados foram: Talbot, Farrar, Mortiner,
Brown, Delabarre, Fox, Hunter, Hurlock e ain-
da um homem de grande importância nesse
período, Norman Kingsley.
Kingsley, na década de 1860, introduziu a
ancoragem occipital. Desenvolveu também
uma placa de mordida que serviu de modelo
para muitas modificações, tendo sido cogno-
minado, por Edward H Angle, de "o maior
gênio da ortodontia". Kingsley foi o primeiro
diretor da Escola de Odontologia de Nova
York. Escreveu, em 1880, "Tratado das defor-
midades bucais como um ramo de Cirurgia
Mecânica", em que defende a extração de
dentes em casos selecionados, não se envol-
vendo, no entanto, nas polêmicas existentes
então a respeito. do assunto. Muitos dos pro-
Fig. 3.2 - Desenho demonstrativo do tratamento ortodôntico no arco inferior, segundo a descrição de
Chapin A. Harris, em 1842.
24 ORTODONTIA - BASES PARA A INICIAÇÃO
tarde empregada por Hawley na dentadura
normal, como guia de forma e simetria.
Anglepublicou o primeiro trabalho em
1887, cujo título foi "Notas em Ortodontia,
com um Novo Sistema para Normalização e
Contenção". Esta publicação foi a base para a
primeira edição do livro "Maloclusões dos
Dentes", que enfrentou fortes críticas e oposi-
ções. Suas idéias eram consideradas heréticas
e, ao tentar convencer os colegas de que um
dentista poderia viver e sustentar muito bem
a família, alinhando dentes, foi ridicularizado.
Sentiu-se abatido e amargurado por aquela
reação mas jurou que jamais viria a se deixar
novamente ser assim vulnerável. Apresentou
alguns trabalhos a associações e chegou a pa-
tentear todas suas invenções antes de torná-
Ias conhecidas.
Falando na Sociedade Dentária de Ne-
braska, em 1890, Angle afirmou "... até que a
ortodontia seja estudada e praticada como um
ramo distinto da odontologia, ela nunca terá o
sucesso que merece ... Deveria existir especialis-
tas em ortodontia em cada cidade ou comuni-
dade de todo tamanho e o clínico geral deveria
enviar, livremente, os pacientes ao especialis-
ta ...", Concluiu que isto nunca seria conseguido
a não ser que os métodos de educação dentária,
apodrecidos e vergonhosos, fossem abolidos,
bem como novos princípios fossem ensinados
para a rejeição da "prática danosa" de se extraí-
rem dentes. Considerou o ano de 1896, "um
marco da evolução ortodôntica". Foi o ano em
que ele iniciou um ataque vigoroso, em termos
profissionais, "contra o sistema em uso de se
extraírem dentes". Nesta luta deixou-se influen-
ciar fortemente por I.B. Davenport, um dentista
americano em Paris, que ensinava e abraçava,
com ênfase, a idéia da superioridade funcional
da oclusão normal, afirmando que sempre que
o número de dentes fosse reduzido, o paciente
perderia um décimo ou mais da força de masti-
gação. Angle lembrava a conveniência da movi-
mentação dos dentes mal posicionados em dire-
ção a uma situação normal, através de meios
mecânicos, tendo consolidado esta conduta
através de seus ensinamentos ortodônticos nos
Estados Unidos. Acreditava que "... o melhor
equilíbrio, a melhor harmonia, as melhores pro-
porções da boca nas suas múltiplas relações, re-
queriam a presença de todos os dentes e que
gressos iniciais de nossa especialidade foram
devidos ao pioneirismo de Kingsley. Ele enfa-
tizou o pensamento biológico relacionado a
tratamento, bem como a técnica de aparelhos
bem construí dos e adaptados. Desenvolveu
uma técnica de expansão da arcada superior,
com bastões de madeira e plano de mordida
em vulcanite para a correção das protrusões
superiores sem extração. O plano deslocou a
mandíbula para frente, em oclusão com a ar-
cada superior, mudando a mordida. Esta con-
duta foi precursora de muitos trabalhos de
Case, Baker e Hawley.
[ohn N. Farrar, em 1888, publicou "Trata-
do sobre as irregularidades dos dentes e suas
correções" que é a primeira publicação dedi-
cada inteiramente à ortodontia e foi tida
como um marco histórico, baseado em vinte
anos de experiência prática, com inúmeros
conceitos sobre "Sistemas Positivos" para a
movimentação dentária. Estes aparelhos, es-
tranhos e volumosos, foram denominados
por Farrar "máquinas e armamentários orto-
dônticos" e originaram a era da mecanotera-
pia, na especialidade.
EDWARD HARTLEY ANGLE
Nesta época surgiu um nome que deveria
influenciar profundamente o desenvolvimen-
to de nossa especialidade nos Estados Unidos
e no mundo. Foi um homem de grande visão
e força de vontade, talento e sensibilidade,
extremamente perfeccionista, cuja imaginação
se projetou através dos tempos justificando o
aparecimento de uma especialidade dentária
organizada, a merecer total respeito. Este ho-
mem foi Edward Hartley Angle, nascido na
Pennsylvania em 1855. Graduou-se em escola
de odontologia em 1878, tendo trabalhado vá-
rios anos na profissão quando contraiu grave
pneumonia. Após abandonar a clínica, seguiu.
para Montana preocupado com a saúde. Em
Minnesota recomeçou a trabalhar na clínica.
Em 1885 e 1886 foi indicado para a Cadeira de
Ortodontia na Universidade local. Nesta épo-
ca, Angle foi fortemente influenciado pelo pai
da prótese científica William Bonwill, princi-
palmente em hereditariedade e oclusão. A
técnica de Bonwill na medição dos dentes e
disposição dos mesmos nas arcadas, foi mais
cada dente ocupasse urna posição normal". Em
899classificoua oclusão "...baseado na relação
mésio-distal dos dentes, arcadas dentárias e
maxilas,o que estava primariamente dependen-
te das posições mésio-distais assumidas pelos
primeiros molares permanentes, durante a
erupção e intercuspidação". Quando este con-
ceito de classificaçãofoi apresentado pela pri-
meira vez, Angle deparou com sorrisos e des-
prezos. Mais urna vez, teve de ir avante por si
próprio, assumindo a tarefa de tomar suas teo-
rias reconhecidas profissionalmente, admitindo
que para isso deveriam ser ensinadas em sua
própria escola.Assim, em 1900 foi fundada em
Saint Louis, no Missouri, a EscolaAngle de Or-
todontia. Nessa época, o livro de textos publica-
do por Angle, "SistemaAngle de Normalização
e Contenção dos Dentes e Tratamento das Fra-
turas Maxilares", estava na quinta edição e era
bastante procurado.
E.H. Angle teve inúmeros adversários du-
rante sua carreira ortodôntica. No começo do
século, seu crítico principal talvez tenha sido
Calvin S. Case, outro grande pioneiro, profes-
sor e pesquisador em ortodontia. Formou-se
em odontologia (1871) e medicina (1884) e em
1896, foi professor de ortodontia no Colégio
Chicago de Cirurgia Dentária. Tinha profun-
do interesse na reabilitação de fissuras palati-
nas, escreveu extensamente sobre diagnóstico
ortodôntico, aparelhos e problemas relativos à
movimentação dentária. Batia-se, nos seus en-
sinamentos, pela flexibilidade de pensamento
e combateu, amargamente, Angle e seguido-
res, sobre as extrações dentárias. Ponderava
que os pacientes não deveriam ser tratados
sob um modelo único e que, em determina-
dos casos, as extrações deveriam ser conside-
radas. Alguns dos debates a respeito chega-
ram a atingir proporções violentas.
Em 1900, o "aparelho normaliza dor de
Angle" foi patenteado, o que provocou acirra-
das críticas. Eram vendidos montados em car-
tões, facilmente obtidos em qualquer fornece-
dor de artigos dentários. Através de uma téc-
nica de soldagem bem simples, o dentista
providenciava a montagem do aparelho. Esta
foi a era dos "aparelhos de estoque", critica-
dos severamente por Calvin Case e outros.
Case dizia que o profissional deveria fazer os
seus próprios aparelhos e que o emprego des-
tes, sem treinamento adequado, redundaria
em resultados desastrosos. Lamentava que o
único lugar onde se aprendia os detalhes para
a fabricação do aparelho de Angle, era na pró-
pria escola de Angle. Muito pouco era publi-
cado a respeito e os que se aventuravam a
fabricar os aparelhos, incluindo o próprio
Case, experimentavam grandes dificuldades e
pouco sucesso. Após grande pressionamento,
finalmente, Angle concordou em ministrar
aulas e fornecer instruções para a construção
da aparelhagem ortodôntica. Insistia em que
todo aparelho era somente um meio para se
atingir um fim, devendo-se emprestar maior
importância aos conceitos gerais de tratamen-
to. Manteve-se Angle na direção de sua escola
até 1928, com 150 alunos formados, dos quais
surgiram muitos dos maiores líderes da orto-
dontia. Entre eles estavam Dewey, Noyes,
Hollrnan, Ketcham, Mershon, Pollack, Brodie,
Weinberger, Hahn e Tweed.
O gênio da mecânica que foi Angle, permi-
tiu que fossem estabelecidas as bases para
.muitos dos tratamentos de hoje, em uso nos
Estados Unidos. Algumas das contribuições
de Angle foram: introdução das ligas de ní-
quel-prata (1887), rosca de tração, solda de
prata, arco "E" (1890), ancoragem occipital
modificada (1891), ancoragem oclusal, gram-
po de ajuste (1892), moldeiras de impressão
(1894), fios moles delatão para amarrilhos
(1895), alicates para construção de bandas
(1898), casquete para ancoragem e mentoneira
de retração (1899), porca de fricção, amarri-
lhos de metal (1902), contenção funcional
(1910), aparelho de pino e tubo (1911), apare-
lho de arco cinta (1915), aparelho de arco de
canto (1925) e outros.
São atribuídos a Angle 40 invenções, 43
patentes, e mais de 60 trabalhos publicados.
Angle afirmava que a idéia de se banda-
rem os dentes devia ser atribuída a W.E.Ma-
gill, em 1871.
Evolução do Aparelho
de Arco de Canto
O primeiro dos aparelhos de Angle foi o
Arco E (1890), simples e capaz de conseguir
um correto alinhamento dos dentes. Foi o pri-
meiro aparelho a empregar ancoragem estaci-
26 ORTODONTIA - BASES PARA A INICIAÇÃO
onana ou controle dos dentes molares para
ancoragem. Apertavam-se bandas nos mola-
res, com tubos vestibulares rosqueados, com o
arco de expansão também rosqueado para co-
nexão com os tubos.
Os dentes em maloclusão eram bandados
com dispositivos colocados apropriadamente,
para correção das rotações e eram amarrados
individualmente ao arco vestibular expandi-
do. Dr. Angle reconheceu as desvantagens
desta técnica quanto ao controle individual
dos dentes, tendo, então, introduzido o apare-
lho de pino e tubo (1911), o primeiro a utilizar
bandas e acessórios na maioria dos dentes.
Era um aparelho extremamente complicado e
de difícil construção. Era necessária a existên-
cia de paralelismo entre os tubos nas bandas e
os pinos soldados nos arcos. A cada movi-
mento de um determinado dente era necessá-
rio modificar-se a posição do pino. Era ainda
impossível o controle das rotações.
Em 1915 ele introduziu o Arco Cinta. To-
dos os dentes eram bandados e os braquetes
deste tipo de aparelhagem foram, na realida-
de, os primeiros a serem empregados em tra-
tamento ortodôntico. O arco cinta era um arco
retangular, cuja maior dimensão transversal
era colocada inciso-gengivalmente. Era do-
brado e adaptado passivamente à maloclusão,
com fechos de pino prendendo o arco aos bra-
quetes. A correção .da maloclusão era conse-
guida através da movimentação de segmen-
tos das arcadas em direção ao ideal, solicitan-
do-se um ou dois dentes, por vez. Este apare-
lho permitia correção das rotações e movi-
mentos em todas as direções, com exceção da
mésio-distal. Esta deficiência tornava impos-
sívelo emprego do aparelho nos casos de ex-
tração e também não permitia a inclinação
distal dos segmentos posteriores nos proble-
mas de ancoragem.
O desenvolvimento do mecanismo relati-
vo ao Arco Retangular (1925) verificou-se
pouco antes da morte de Angle. Basicamente,
consistiu na mudança do arco cinta, de forma
que a dimensão ativa do arco retangular foi a
vestíbulo-lingual e não a inciso-cervical. Em
outras palavras, o arco, antes adaptado como
cinta, passou a ser colocado "de canto". Esta
nova posição permitiu a movimentação dos
em todas as direções, além de conside-
rar uma nova dimensão mecânica, o "torque".
Desta forma, não somente foram possíveis
movimentos específicos de coroa, mas tam-
bém os individuais de raiz.
Com a introdução desta nova mecânica,
surgiram também importantíssimos conceitos
relativos a tratamento, como, por exemplo, o
conceito de Angle sobre o "Arco Ideal". A for-
mação de um arco ideal, a partir do estágio de
nivelamento, considerou aspectos como: for-
ma básica, tamanho e posição que o dente
deve assumir na posição final na arcada.
Presentemente, os conceitos básicos deste
aparelho mantêm-se inalterados apesar de te-
rem sido formulados para o emprego somen-
te nos casos em que as extrações não fossem
consideradas. Já se propuseram muitas varia-
ções e modificações, desde a introdução des-
tes conceitos, porém sempre de ordem mecâ-
nica, sem fugir aos princípios que nortea am
os conceitos originais de tratamento.
Educação Ortodôntica
No começo do Século XX, a ortodontia dos
Estados Unidos se colocava dentro dos se-
guintes itens:
1. Os problemas biológicos em diagnóstico e
tratamento eram considerados de impor-
tância secundária.
2. Era prestada pouca atenção ao estudo da
oclusão.
3. As extrações dos dentes eram, geralmente,
recomendadas.
4. Ignorava-se, em geral, a prevenção duran-
te o desenvolvimento de problemas orto-
dônticos.
5. Raramente se iniciava tratamento antes do
irrompimento de todos os dentes perma-
nentes.
6. O alvo principal do tratamento era a estética.
7. A fase mecânica do tratamento era consi-
derada com prioridade.
8. Sistemas particulares de tratamento eram
intensamente promovidos e recomenda-
dos, quase sempre com exclusão de outros
métodos.
9. Nos currículos das faculdades de odonto-
logia era reservado muito pouco tempo à
ortodontia.
10.Nenhuma escola ministrava ortodontia
nos cursos de graduação e mesmo nos cur-
sos de extensão, não havendo também, na
época, escolas particulares.
11.Aparelhos padronizados eram vendidos
nas casas de artigos dentários, acompa-
nhados de instruções para o uso, totalmen-
te inadequadas.
12.Muitos que se dedicavam à correção das
maloclusões não possuíam a menor infor-
mação sobre os princípios envolvidos.
Como era reconhecido por Angle, o ensino
da ortodontia nesta época era totalmente ina-
dequado. Dedicava-se total importância na
construção de aparelhagem, o que redundava
sempre numa tendência de se perpetuarem os
tipos mais primitivos de tratamento. O pro-
fessor dedicava poucas horas na semana para
mostrar alguns casos aos alunos, que se mos-
travam totalmente desinteressados. Emprega-
vam-se na demonstração, velhos aparelhos de
origem alemã, quase sempre sem laboratórios
adequados para o trabalho com fios, tubos e
construção de dispositivos acessórios. Quanto
mais complicada a maloclusão, mais comple-
xa e inoperante a aparelhagem. Após o pri-
meiro curso pós-graduado na Escola Angle
(1900), a ortodontia passou a merecer maior
atenção nos meios odontológicos. Os objeti-
vos de Angle em sua escola era o ensino de
arte: rinologia, embriologia, histologia, anato-
mia comparada e anatomia dos dentes e ma-
xilas, sempre em bases voltadas para a oclu-
são. Havia também tratamento de casos clíni-
cos. Ensinava-se arte a fim de se ministrarem
aos estudantes um refinado senso de estética
facial. Era opinião de Angle que a anatomia
comparada era "a base de toda a odontologia
e, especialmente, a ortodontia, porque somen-
te através do estudo comparativo dos dentes
de animais é que se aprende oclusão da den-
tadura humana e os inúmeros níveis de .de-
senvolvimento que levam aos estágios de nor-
malidade ou anormalidade.
Em virtude das escolas de odontologia não
se terem modificado quanto à ortodontia e à
atenção que os assuntos ligados à ortodontia
pudessem merecer, tornava-se difícil a contra-
tação de professores realmente capazes neste
campo. As escolas, então, permitiam a partici-
pação dos estudantes em clínica ortodôntica,
na medida em que houvesse interesse pessoal
em torno dos casos que, na clínica, eram acei-
tos indistintivamente para tratamento. A
maioria dos pacientes não sofria supervisão
clínica e os estudantes, pressionados por ou-
tros departamentos, pouco se interessavam
pelos tratamentos ortodônticos. Não havia
planificação de tratamento e os progressos clí-
nicos eram tão deficientes, e não se viam fina-
lizações. Isto não motivava os estudantes,
cujo desinteresse pela ortodontia se prolonga-
va por toda a vida profissional.
Nos meados da década de vinte, muitas
escolas se viram obrigadas a suprimir os de-
.partamentos de ortodontia a fim de se elimi-
narem .os problemas mencionados. O ensino
da ortodontia nas escolas se limitavam a pou-
cas aulas teóricas e algumas demostrações. Se,
por acaso, algum estudante demonstrasse al-
gum interesse especial por pro lemas orto-
dônticos, deveria procurar escolas particula-
res, após a graduação.Destas escolas havia
três: Escola Angle, Escola Dewey e a Escola
Internacional. Estas eram os principais núcle-
os formadores de ortodontistas nos Estados
Unidos, ao redor de 1925,quando o primeiro
curso de graduação em ortodontia surgiu
numa escola de odontologia.
Entre a primeira e a segunda Guerra Mun-
dial, havia menos de uma dúzia de escolas
que ofereciam curso graduado de ortodontia,
cuja extensão variava de 4 meses a 2 anos. A
partir da Segunda Guerra Mundial, o número
de cursos graduados de tempo integral atin-
giu 50 em todos os Estados Unidos, com du-
ração de 18 a 24 meses. Atualmente, em cada
ano, 400 ortodontistas, aproximadamente,
completam seus estudos, nos Estados Unidos.
Ortodontia como Especialidade
O sonho de E.H. Angle, por muitos anos,
foi fazer da ortodontia a primeira especiali-
dade no campo de odontologia, com o mes-
mo prestígio na comunidade profissional o
qual esta já merecera como ciência e arte.
Começou lutando pela elevação dos níveis
educacionais e mesmo fundando sua própria
escola. Liderou também a luta contra as "fá-
bricas de diploma", angariando, assim,
maior respeito para o ortodontista qualifica-
do. O passo seguinte foi organizar-se em "es-
pecialização" que, através de seu trabalho, se
conseguiu em 1901.
Ao mesmo tempo em que no além-mar, a
Guerra dos Bures terminava e assinavam-se
tratados de paz com os índios Oklahoma,
E.H. Angle presidia, em sua primeira reunião,
a Sociedade Americana de Ortodontistas. O
segundo artigo dos regulamentos desta nova
entidade caracterizava a "Ciência da Orto-
dontia" como a primeira especialidade odon-
tológica a se organizar. Angle desejava que a
filiação a ela fosse estritamente de ortodontis-
tas, mas contra sua vontade, os primeiros
membros eram constituídos por estudantes,
dentistas não especialistas com interesse em
ortodontia e mesmo professores de ortodontia
e prótese. Organizou-se a instituição sempre
com a intenção de se eliminarem, tanto quan-
to possível, aspectos políticos, pois Angle
acreditava que a política levava à destruição,
as organizações daquele tipo.
Em 1917, o número de sócios da "Socieda-
de Americana de Ortodontistas", mais tarde,
"Associação Americana de Ortodontistas",
começou a crescer, sendo hoje acima de 4000
membros em todo o mundo. A Comissão
Americana de Ortodontia (American Board of
Orthodontics), a segunda comissão médica ou
dentária para exame de especialistas nos Esta-
dos Unidos, foi fundada em 1930 pela AAO.
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Hoje já existem acima de 1.100 diplomados. A
Revista Americana de Ortodontia (AJ.O.)
fundada em 1915, como a Revista Internacio-
nal de Ortodontia (I.J,O.), é responsável hoje
por grande parte da divulgação das pesquisas
em ortodontia e conhecimentos clínicos. Estas
três grandes entidades são o resultado direto
dos esforços de E.H. Angle para tornar sua
especialidade tão amada, uma Ciência e Arte
no mundo médico e dentário.
Antes de morrer, em 1930, Dr. tng1e dizia
à mulher que havia praticado sua especialida-
de tão perfeitamente quanto possível.
Naturalmente havia imperfeições, mas es-
tas deviam estimular o desenvolvimento de
melhores conceitos e qualidades de tratamen-
tos que viessem a permitir a continuidade da
estrada aberta por Angle.
Sua constante observação, aqui transcre-
vemos:
"... se vocês podem resistir, consciente-
mente, à maléfica tendência de errar, à perma-
nente tentação que todos, eu e vocês, temos
para nos enganar, até que tenhamos formado
o hábito de oferecer somente o melhor, seja
nos estudos, nas reflexões ou no trabalho clí-
nico, tão bem se desenvolverá nosso caráter
que jamais será permitido o erro, e se algum
trabalho não for considerado excelente, não
haverá descanso até que as imperfeições se-
jam sanadas".
Inieresi., 28:421-6,1906.
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D F. N TIS T E. ~ 5 S
quis de Murs' & petitfils de M.le Pré-
vót des Marchands de Paris , avoit les
dClIx denrs laréralcs , ou moycnncs in ..•
cifives , dérangécs & rres inclinées vers
lc palais ; ie les .arrangeai avec le fil &
Ia Iam e d'argent ; ce qui me réuffit· par-
fairernenr bicn , en cinq fcmaines de
tcrns.
IV. OBSERVATION.
Concernant plufieurs Dents incifi-
-.;es dérangees & inclinées
en différens fins •
. En Ia même année T 723. on ame-
na chez moi le fils de M. de Verville
Ecuyer de Ia petite Ecurie du Roi.
Ce jeune homme éroit ftgé d'environ
dix à douze ans : 11 avoit deux dents
inciíives de: Ia machoire inférieure fort
dérangées & inclinées du côré de Ia
langue , une troiíiéme 'inciíive de Ia
mêrne rnachoire panchée & un peu
croiíée fut l'une des deux dents pré-
cédentes : Le dérangernent de fes
dents ne fe bornoit pas Ieulcmene
au défordre & à Ia confiiíion, de
celles de Ia rnaehoire iníérieure ,
les denrs de Ia machoire íupérieu-
re éroient autIi mal arr~niées quec~l.
G g lj

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