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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
FACULDADE DE ODONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
A CONTRIBUIÇÃO DA ODONTOLOGIA LEGAL NA 
IDENTIFICAÇÃO HUMANA EM ACIDENTES 
AERONÁUTICOS 
 
 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
Dissertação apresentada à Faculdade de 
Odontologia da Universidade de São Paulo, 
para obter o título de Mestre pelo Programa 
de Pós-Graduação em Odontologia. 
 
Área de Concentração: Deontologia e 
Odontologia Legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2003 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
FACULDADE DE ODONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
A CONTRIBUIÇÃO DA ODONTOLOGIA LEGAL NA 
IDENTIFICAÇÃO HUMANA EM ACIDENTES 
AERONÁUTICOS 
 
 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
Dissertação apresentada à Faculdade de 
Odontologia da Universidade de São Paulo, 
para obter o título de Mestre pelo Programa 
de Pós-Graduação em Odontologia. 
 
Área de Concentração: Deontologia e 
Odontologia Legal. 
 
Orientador: Prof. Dr. Moacyr da Silva 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2003 
 
A DEUS, Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas, que é a 
razão de minha existência. 
 
 
À minha querida esposa Anna 
Andréa e ao amado filho 
Germain, pelo amor, carinho e 
união, dedico esta dissertação. 
 
Ao Professor Doutor Moacyr da Silva, 
um amigo que me cativou pela sua 
humildade e sinceridade. 
 
Ao Professor Doutor Jorge Sousa 
Lima, que aprendi a admirar pela 
sua dedicação e grande 
contribuição à Odontologia Legal 
no Brasil. 
 
Ao Amigo e Professor Sérgio Augusto 
Wanderley Pinto de Oliveira, o 
reconhecimento pelo incentivo a mim 
dispensado, e principalmente pelo 
sábio conselho para que eu cursasse 
Direito, a minha eterna e saudosa 
gratidão. 
 
 
Aos meus pais, Newton e Niza, que 
ensinaram - me o caminho do amor e 
a importância da Educação. 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao Professor Doutor Dalton Luiz de Paula Ramos, Vice-Coordenador do 
Curso de Pós–Graduação em Deontologia e Odontologia Legal da 
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), pelo 
apoio, amizade e ajuda nos primeiros passos no campo da Bioética. 
À Professora Doutora Maria Ercília de Araújo, chefe do Departamento de 
Odontologia Social da FOUSP, pela sua dedicação e apreço. 
Aos Professores Doutores do Departamento de Odontologia Social da 
FOUSP, Ida Tecla Prellwitz Calvielli, Hilda Ferreira Cardozo, Rodolfo 
Francisco Haltenhoff Melani, José Leopoldo Ferreira Antunes e Rogério 
Nogueira de Oliveira, pela competência e amizade. 
Ao Comando da Aeronáutica do Brasil, especialmente nas pessoas do Major 
Aviador Ricardo Magno Silva Rosa e Major Aviador Wagner Cyrillo Júnior 
(SERAC 4), e do Capitão Dentista Nélson Shikio Cawagoe (Hospital da 
Aeronáutica), pela atenção, generosidade e empenho na elaboração do 
trabalho. 
Aos colegas do curso de Pós-graduação em Deontologia e Odontologia 
Legal da FOUSP: Aiko, Cecília, Cilene, Evelyn, Fábio, Fernando, José 
Reynaldo, Julie, Leonardo, Luciana, Luís Cherubini, Luís Fernando, Márcio, 
Mutsumi, Nilcéa, Plínio, Regina, Sara, Solange, Tatiana, Ulisses e Vítor, pela 
nossa união, alegrias e amizade. 
À Secretária do Curso de Pós-graduação em Deontologia e Odontologia 
Legal da FOUSP, Marieta Trancoso de Castro, pelo carinho e atenção 
dispensados. 
Às Funcionárias do Departamento de Deontologia e Odontologia Legal da 
FOUSP, Andréia dos Santos Teixeira e Sônia Castro Lúcia Lopes, sempre 
solícitas e prestativas. 
À Bibliotecária Luzia Marilda Zoppei Murgia Moraes e Cidinha (???), pelo 
carinho, serenidade e eficiência. 
À amiga Albanita Bandeira, pelo apoio e dedicação na elaboração do 
Summary. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 p. 
LISTA DE FIGURAS 
LISTA DE TABELAS 
LISTA DE ABREVIATURAS E DE SIGLAS 
RESUMO 
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................1 
2 REVISÃO DA LITERATURA .....................................................................6 
2.1 Identidade e identificação ..........................................................................7 
2.2 Aspectos legais para o exercício da odontologia...................................9 
2.3 Acidentes aeronáuticos ............................................................................11 
2.4 O terrorismo na aviação civil ...................................................................13 
2.5 Serac 4: a segurança é o resultado .......................................................16 
2.5.1 Excelência do transporte aéreo brasileiro .............................................19 
2.6 Acidentes aeronáuticos e as fases do vôo............................................20 
2.7 Desastres de massa .................................................................................22 
2.8 Métodos de identificação .........................................................................27 
2.8.1 Reconhecimento visual............................................................................28 
2.8.2 Roupas e pertences pessoais.................................................................29 
2.8.3 Exame das impressões digitais ..............................................................30 
2.8.4 Exame odontológico .................................................................................30 
2.9 Efeito do tempo, do terreno e do fogo sobre os dentes e materiais 
utilizados em odontologia.................................................................36 
2.9.1 Efeitos do fogo..................................................................................37 
2.9.2 Efeitos do fogo em restaurações e na boca .........................................40 
2.9.3 Mandíbula e maxila...........................................................................40 
2.9.4 Esmalte .......................................................................................................41 
2.9.5 Dentina e cemento ....................................................................................41 
2.9.6 Restaurações em amálgama ..................................................................42 
2.9.7 Resinas compostas...................................................................................42 
2.9.8 Restaurações em ouro, porcelana e próteses......................................43 
2.9.9 Tratamento de canal.................................................................................43 
2.10 A importância da radiografia dentária ....................................................46 
2.11 Radiografia digital na odontologia legal.................................................49 
2.12 Radiografias panorâmicas e sua utilização nas especialidades 
odontológicas.............................................................................................52 
2.13 Exame médico e radiológico ...................................................................55 
2.14 Exame antropológico ................................................................................56 
2.15 Identificação por exclusão .......................................................................57 
2.16 O odonto-legista no desastre de massa................................................58 
2.16.1 Fatores internos e externos que dificultam a identificação odonto -
legal em desastres de massa..................................................................68 
2.17 Procedimentos de identificação utilizados pela força de defesa de 
Israel (I.D.F) ..............................................................................................73 
2.18 A identificação de vítimas de desastres de massa pela INTERPOL 75 
2.19 A odontologia legal e o acidente aeronáutico.......................................78 
3 PROPOSIÇÃO...........................................................................................87 
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................88 
4.1 Amostra.......................................................................................................884.2 Coleta de dados ........................................................................................91 
5 RESULTADOS ..........................................................................................92 
5.1 Número de odonto-legistas nos Institutos de Medicina Legal ..........92 
5.2 Regime de trabalho dos odonto -legistas nos IMLs..............................93 
5.3 Tipos de aparelhos de raios X odontológicos disponíveis nos IMLs 
 para a realização de perícia de identificação humana........................94 
5.4 A importância do odonto-legista para a identificação humana em 
acidentes aeronáuticos ............................................................................96 
6 DISCUSSÃO..............................................................................................98 
6.1 Considerações gerais...............................................................................98 
6.2 Planejamento prévio de desastres de massa.....................................100 
6.3 A identificação de corpos carbonizados em acidentes 
 aeronáuticos.............................................................................................104 
6.4 A importância das radiografias dentárias para a identificação ........105 
6.5 Análise dos resultados da pesquisa/odonto -legistas nos Institutos de 
 Medicina Legal e equipamento de raios-x odontológicos ............... 109 
6.6 Da importância do odonto-legista na identificação humana em 
 acidentes aeronáuticos ..........................................................................119 
6.7 Considerações finais ..............................................................................119 
7 CONCLUSÕES........................................................................................121 
ANEXOS .................................................................................................................123 
REFERÊNCIAS .....................................................................................................129 
SUMMARY 
APÊNDICES 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 2.1 - Índice mundial de acidentes aeronáuticos, por milhões de 
decolagens ..........................................................................................19 
Figura 2.2 - Percentual de ocorrência de acidentes aeronáuticos por fase de 
vôo (vôos de 1:30 h em média) .......................................................21 
Figura 2.3 - Notação dentária de dois dígitos preconizada pela Federação 
Dentária Internacional – FDI.............................................................34 
Figura 2.4 - Métodos de identificação utilizados no acidente aeronáutico em 
Lockerbie, 1988 ..................................................................................83 
Figura 2.5 - Métodos de identificação empregados no desastre aeronáutico 
em Sainte-Odile (França), 1992.......................................................84 
Figura 2.6 - Métodos de identificação utilizados no acidente aeronáutico nas 
Ilhas Canárias, 1977 ..........................................................................86 
Figura 4.1 - Questionários respondidos pelos Diretores dos Institutos de 
Medicina Legal – Brasil 2003.....................................................90 
Figura 5.1 - Distribuição do número de odonto-legistas nos Institutos de 
Medicina Legal, quanto ao regime de trabalho – Brasil 2003.....94 
Figura 5.2 - Panorama dos equipamentos de Raios X odontológicos 
disponíveis nos Institutos de Medicina Legal para o trabalho 
dos odonto-legistas – Brasil 2003 .................................................96 
Figura 5.3 - Importância do odonto-legista na Identificação Humana em 
Acidentes Aeronáuticos. Brasil 2003 ..............................................97 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 2.1 - Número de acidentes aeronáuticos, vítimas fatais e frota da 
aviação civil brasileira no período de 1995 a 2002 – Brasil, 
2003 ...................................................................................................21 
Tabela 2.2 - Estado dos cadáveres por ação de agente térmico no acidente 
TAM – Vôo 402. Brasil, 1996 .........................................................24 
Tabela 2.3 - Estado dos cadáveres quanto à ação de agentes mecânicos e 
os locais de perdas anatômicas, acidente TAM – Vôo 402, 
Brasil 1996 ........................................................................................25 
Tabela 4.1 - Ranking dos aeroportos segundo tráfego de passageiros. 
Brasil, 2002...............................................................................89 
Tabela 4.2 - Relação de data da postagem nos Correios dos questionários 
respondidos pelos Diretores dos IMLs....................................91 
Tabela 5.1 - Número de odonto-legistas que trabalham nos Institutos de 
Medicina Legal por cidade pesquisada. – Brasil 2003.............92 
Tabela 5.2 - Distribuição dos Odonto-Legistas nos IMLs de acordo com o 
regime de trabalho. – Brasil 2003.............................................93 
Tabela 5.3 - Tipos de Aparelhos de Raios X odontológicos disponíveis nos 
Institutos de Medicina Legal - Brasil, 2003..............................95 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico 
CENIPA Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes 
Aeronáuticos 
DAC Departamento de Aviação Civil 
DDVI Identificação Dentária de Vítimas de Desastres 
DIPAA Divisão de Investigação e Prevenção de Acidentes 
Aeronáuticos 
DVI Identificação de Vítimas de Desastres 
FDI Federação Dentária Internacional 
FSF Flight Safety Foundation 
GASAG Grupo de Assessoramento e Segurança da Aviação 
Mundial 
HASP Hospital de Aeronáutica de São Paulo 
IML Instituto de Medicina Legal 
INTERPOL Organização de Polícia Internacional 
INTERPOL DVI Comitê Permanente para Identificação de Vítimas de 
Desastres 
SERAC Serviços Regionais de Aviação Civil 
 
RESUMO 
 
 
A CONTRIBUIÇÃO DA ODONTOLOGIA LEGAL NA IDENTIFICAÇÃO 
HUMANA EM ACIDENTES AERONÁUTICOS 
 
O objetivo deste estudo foi verificar a importância da Odontologia Legal na 
identificação humana em acidentes aeronáuticos e detectar a situação dos 
odonto-legistas e dos equipamentos de radiologia odontológica, nos 
Institutos de Medicina Legal, das cidades onde estão localizados os 20 
(vinte) maiores aeroportos do Brasil, em movimento de passageiros obtidos 
no ano de 2001 e no período de janeiro a junho de 2002. Na revisão da 
literatura especializada e na análise de 18 (dezoito) questionários 
respondidos pelos Diretores dos Institutos de Medicina Legal pesquisados, 
verificou-se: O total de odonto-legistas que trabalham nestes Institutos de 
Medicina Legal é em número de 102 (cento e dois), sendo 79 (setenta e 
nove) odonto-legistas efetivos e 23 (vinte e três) odonto-legistas contratados. 
A maior parte destes Institutos de Medicina Legal (10 casos), não possui 
aparelhos de raios X odontológico para radiografias periapicais e não possui 
aparelhos de raios X para radiografias panorâmicas, equipamentos 
essenciais para a realização de perícias de identificação humana. O 
Instituto de Medicina Legal da cidade de Vitória e o da cidade de Campinas, 
não possuem odonto-legistas.Todos os 18 (dezoito) Diretores dos Institutos 
de Medicina Legal, por unanimidade, afirmaram que o trabalho do odonto-
legista na perícia de identificação de vítimas de acidentes aeronáuticos, é 
muito importante. A situação atual da Odontologia Legal em grande parte 
dos Institutos de Medicina Legal pesquisados é deficiente tanto na 
quantidade de odonto-legistas, quanto na inexistência de equipamentos de 
raios X odontológicos, para realizar perícias de identificação humana, para 
realizar um trabalho importante de identificação, mediante a ocorrência de 
um acidente aeronáutico, que tem como uma de suas característicasprincipais, a falta de previsibilidade. O mais grave é que no Brasil, inexistem 
equipes especializadas e capacitadas para o trabalho de identificação de 
vítimas de desastres de massa – acidentes aeronáuticos. 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A Odontologia Legal está intimamente relacionada com a identificação 
humana em acidentes aeronáuticos. Portanto, torna-se oportuno uma 
homenagem a Alberto Santos Dumont, que com seu invento, mudou a 
História da Humanidade. 
Filho do engenheiro Henrique Dumont e neto de François Dumont, 
joalheiro francês do século XIX, o brasileiro Alberto Santos Dumont nasceu 
no dia 20 de julho de 1873 em “Cabangu”, no distrito de João Gomes (atual 
Santos Dumont), em Minas Gerais. Os livros de Júlio Verne alimentaram 
seus sonhos. Devorou os livros: Cinco semanas em balão, Da terra à lua, 
Vinte mil léguas submarinas e A volta ao mundo em oitenta dias. 
Ficou fascinado com a história de Olivier de Malmesbury, o monge 
inglês, que construiu asas e se lançou do alto de uma torre no século XI. 
Estudou com afinco os trabalhos de Leonardo da Vinci sobre a estrutura das 
asas dos pássaros e admirou a tentativa da Bartolomeu de Gusmão que, em 
Lisboa no ano de 1709, conseguiu se elevar a 200 pés de altura. 
No século XIX, durante uma década inteira, o engenheiro Santos 
Dumont construiu e pilotou vários balões dirigíveis. Em 4 de junho de 1898, 
o dirigível Brasil atravessou a cidade de Paris, surpreendendo os 
INTRODUÇÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
2
parisienses. A partir daí, suas invenções passam a atrair multidões. 
Resolveu então combinar o balão com um motor de explosão. Era o modelo 
Santos Dumont número 1. Em setembro de 1898, leva seu novo invento ao 
Jardin de l’Aclimatation. O balão sobe, mas termina batendo nas árvores do 
jardim. Dias depois ele tenta novamente. O balão alça vôo, mas na descida 
quase é destruído. Finalmente, evitando bater nas árvores, pousa 
normalmente, sem problemas. 
Dedicado a aperfeiçoar sua invenção, Santos Dumont parte para a 
construção do modelo Santos Dumont 2, que é maior que o anterior, tem a 
forma de um charuto e conta com um ventilador.O número 2 não dura muito. 
Bate de encontro às arvores e é destruído. Com o número 3, que vai de 
Vaugirard até o Campo de Marte, Santos Dumont consegue o mais absoluto 
controle do balão, faz curvas, sobe e desce sem dificuldades. O modelo 
Santos Dumont 3 é cilíndrico e o hidrogênio foi substituído por gás de 
iluminação. Em seguida o engenheiro constrói o modelo 4 em Saint Cloud. 
Essa aeronave tem um selim e um guidão de bicicleta. 
Santos Dumont ainda não tinha dezoito anos, quando na Exposição 
do Palácio das Indústrias em Paris, descobriu que os motores dos 
automóveis, mais leves que o das locomotivas a vapor, poderiam ser a 
solução para criar a máquina de seus sonhos. 
Antes da construção do número 6, Santos Dumont perde duas de 
suas invenções: os números 4 e o 5 são destruídos em acidentes. O 
Aeroclube de Paris oferece um prêmio em dinheiro a quem conseguir, 
INTRODUÇÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
3
partindo de Saint Cloud, dar uma volta completa à Torre Eiffel e voltar em 
menos de trinta minutos. 
Em 12 de outubro de 1901, Santos Dumont completa a volta em trinta 
e um minutos com o balão número 6. O júri fica hesitante por causa da 
diferença de um minuto, mas a multidão ovaciona a performance e o prêmio 
é entregue ao brasileiro, que divide os cem mil francos franceses, com os 
técnicos, operários e colaboradores de sua equipe. 
Nessa altura, nosso aviador já é uma celebridade no mundo inteiro. É 
homenageado em Londres, recebe convite do Príncipe de Mônaco para 
construir um hangar e uma oficina no principado, é visitado pela viúva de 
Napoleão III. Por fim é contratado pelo Governo Francês a construir o 
primeiro aeródromo do mundo em Neuilly. 
Depois de construir o Santos Dumont 7 e saltar para o número 9 
(porque não gostava do número 8), ele bati za o dirigível com o nome de 
Balladeuse. O Balladeuse fica famoso em Paris, porque o seu inventor 
passa a utilizá-lo como meio de transporte. Os modelos vão se sucedendo 
cada vez mais aperfeiçoados, até que, em 1905, surge o número 14, 
seguido pelo famoso 14-Bis. 
Finalmente chegou o dia da consagração, depois de várias tentativas. 
Avisou a todos que pretendia ganhar o Prêmio Archedeacon, criado pelo 
Aeroclube da França. No dia 23 de outubro de 1906, uma multidão se reuniu 
para assistir à proeza. Do Campo Bagatelle, junto da Torre Eiffel – na região 
central de Paris – Santos Dumont decolou no seu célebre 14-Bis, subiu a 
uma altura de três metros do solo, voando ao todo um percurso de sessenta 
INTRODUÇÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
4
metros. Assim, o brasileiro conseguiu provar a dirigibilidade do seu invento, 
voando num aparelho mais pesado do que o ar, com propulsão própria. Com 
o 14-Bis, ganhou os Prêmios Aeroclube Archedeacon e foi carregado nos 
braços pela multidão que considerava um milagre a façanha de Santos 
Dumont. 
Os países civilizados passaram a construir fábricas, hangares e 
pistas. Iniciam-se as primeiras linhas postais e de passageiros. Atualmente, 
este meio de transporte é utilizado diariamente por milhões de pessoas em 
todo o mundo. Embora os irmãos norte-americanos Wright e o francês 
Clément Ader tivessem reivindicado a autoria da façanha, no mundo inteiro, 
Santos Dumont foi o pioneiro. 
Em 1998, o então Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, 
reconheceu oficialmente que Alberto Santos Dumont foi o verdadeiro “Pai da 
Aviação”. 
Comemora-se atualmente, em todo o mundo, o Centenário de Santos 
Dumont, em alusão ao prêmio oferecido pelo Aeroclube de Paris, 
conquistado pelo Pai da Aviação – Santos Dumont, que em trinta e um 
minutos no dia 12 de outubro de 1901, deu uma volta completa na Torre 
Eiffel, e retornou a Saint Cloud dirigindo o balão Santos Dumont número 6. 
(Centenário, 2001). 
Considerando este relevante marco histórico, a partir do qual o 
homem vence o tempo entre longas distâncias, com o objetivo de agilizar 
relações comerciais e turísticas, há de se considerar também a 
probabilidade de acontecimentos nefastos como os acidentes aeronáuticos, 
INTRODUÇÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
5
que são provocados por falhas humanas, mecânicas, ou fatores 
meteorológicos, quando inúmeras pessoas perdem a vida. 
A Odontologia Legal contribui para esta difícil missão de 
identificação de corpos carbonizados, que são freqüentes nestes 
acontecimentos. 
 
 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
“Um dos aspectos irônicos do mundo natural é que a dentição 
humana, local de decomposição prevalente e crônica em vida, dura 
mais que todos os outros tecidos após a morte” – SOPHER, 1976. 
 
O incêndio no Bazar de La Charité em Paris, em 04 de maio de 1897, 
levou o Dr. Oscar Amoedo, cubano, naturalizado argentino, ao interesse da 
Odontologia Legal e, subseqüentemente, ele foi condecorado como o 
fundador deste ramo da Ciência Forense. 
O Bazar de La Charité tinha lugar em Paris desde 1885, e, em 1897, 
estava sendo realizado pela 13ª vez. Era um barracão retangular de madeira 
envernizada, com cerca de 72 (setenta e dois) metros de comprimento e 30 
(trinta) metros de largura, com teto de lona. Este barracão era uma réplica 
de uma rua medieval parisiense com fachadas de casas e lojas de ambos os 
lados cobertas por tetos de lonas. Como atração especial, um cinema foi 
instalado na longa galeria, quase em frente de uma das saídas. 
Por volta de 16:00 horas, uma explosão ocorreu na lâmpada de gás 
do cinema e levou o fogo aos panos ao redor e internamente atingindo o teto 
da tenda, e rapidamente todo o seu interior ficou em chamas. Os bombeiros 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
7
iniciaram seus trabalhos às 16:23 horas mas toda a construção ruiu às 16:30 
horas, matando 126 (cento e vinte e seis) parisienses nas chamas.Os registros das investigações feitas pelos Cirurgiões-dentistas 
envolvidos nesta tragédia, permitiram a identificação das vítimas, através 
dos dados odontológicos antemortem, e que formaram a maior parte da tese 
do Dr. Oscar Amoedo para o seu doutorado em 1898, relatou Botha (1986). 
 
2.1 Identidade e identificação 
 
Para França (1995), o conceito de identidade segundo Morais: “É a 
qualidade de ser a mesma coisa e não diversa”. 
Carvalho et al. (1992) confirmaram que “de fato, todo o ser apresenta 
um conjunto de caracteres que o definem, que são a sua identidade. Uma 
cousa, um corpo, um ente só pode ser idêntico, a si mesmo, diferenciando-
se assim o conceito de identidade do de semelhança”. 
Identificação segundo França (1995) “é o processo pelo qual se 
determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa, ou um conjunto de 
diligências cuja finalidade é levantar uma identidade”. 
Buchner (1985) confirmou que a identificação humana de corpos 
desconhecidos é essencial em sociedades modernas por razões jurídicas e 
humanas. Por lei, a maioria dos países requer que o atestado de óbito seja 
emitido para comprovar civilmente a morte de uma pessoa e como 
conseqüência, as questões que envolvem pensões alimentícias, seguros de 
vida, a nova situação civil do cônjuge, a preparação do funerário, que só é 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
8
realizado mediante o atestado de óbito. O sofrimento da família poderá ser 
diminuído, se o corpo é identificado e enterrado formalmente. 
Delattre & Stimson (1999) afirmaram que a percepção da população 
de que a Odontologia Legal é surpreendente e eficaz em sua atuação 
científica nos casos de identificação humana através do exame dos dentes, 
pois atualmente é comum nos jornais e noticiários a divulgação de que em 
acidentes graves quando a identificação das vítimas com a utilização de 
métodos tradicionais como a dactiloscopia, o reconhecimento visual estão 
prejudicados, a utilização dos registros dentais é um método vastamente 
conhecido para a identificação de corpos carbonizados. 
Para Delattre & Stimson (1999), todo o indivíduo merece a dignidade 
de ter um nome e uma identidade, até mesmo depois da morte. No mundo 
que vivemos hoje, existem várias maneiras nas quais nós podemos morrer 
sem a possibilidade de ter nossos corpos identificados por meios visuais ou 
pela comparação de impressões digitais ou até mesmo pela análise do DNA. 
Várias razões conduzem à identificação pelo exame dos dentes, por ser um 
método científico, rápido e de baixo custo. 
Botha (1986) afirmou que no resultado de um acidente aeronáutico, 
após o salvamento dos sobreviventes, a identificação das vítimas é a tarefa 
mais urgente que as autoridades enfrentam. O número de casos nos quais 
a identificação dentária desempenha um papel importante na identificação 
de vítimas de desastres de massa, está crescendo. 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
9
2.2 Aspectos legais para o exercício da odontologia legal 
 
Conforme Silva (1997), “a Lei Federal 5081 de 24 de agosto de 1966, 
que regula o exercício da Odontologia no Brasil, estabelece: 
Art. 6º - Compete ao Cirurgião-dentista: 
IV – proceder à perícia odontolegal em foro civil, criminal, trabalhista e 
em sede administrativa; 
IX – utilizar, na função de perito-odontólogo, em caso de necropsia, as 
vias de acesso do pescoço e cabeça”. 
O Conselho Federal de Odontologia através da Resolução CFO- 22 / 
2001, de 27 de dezembro 2001, estabelece no seu artigo 4º, o elenco das 
especialidades odontológicas, entre as quais a Odontologia Legal, cujas 
atribuições encontram-se definidas nos artigos 27 e 28, nos seguintes 
termos: 
Art. 27. Odontologia Legal é a especialidade que tem como objetivo a 
pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem 
atingir o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios, 
resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis. 
Parágrafo único: A atuação da Odontologia Legal restringe-se a 
análise, perícia e avaliação de eventos relacionados com a área de 
competência do Cirurgião-dentista, podendo, se as circunstâncias o 
exigirem, estender-se a outras áreas, se disso depender a busca da 
verdade, no estrito interesse da justiça e da administração. 
Art. 28. As áreas de competência para atuação do especialista em 
Odontologia Legal incluem: 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
10
a) identificação humana; 
b) perícia em foro civil, criminal e trabalhista; 
c) perícia em área administrativa; 
d) perícia, avaliação e planejamento em infortunística; 
e) tanatologia forense; 
f) elaboração de : 
1) autos, laudos e pareceres; 
2) relatórios e atestados; 
g) traumatologia odonto-legal; 
h) balística forense, 
i) perícia logística no vivo, no morto, íntegro ou em suas partes em 
fragmentos; 
j) perícia em vestígios correlatos, inclusive de manchas ou líquidos 
oriundos da cavidade bucal ou nela presentes; 
l) exames por imagens para fins periciais; 
m) deontologia odontológica 
n) orientação odonto-legal para o exercício profissional; e, 
o) exames por imagens para fins odonto-legais. 
 Delattre (2001) afirmou que o odonto-legista trabalha como parte de 
uma equipe de pessoas dedicadas e talentosas: os peritos. Vítimas de 
incêndios em carros , residências, explosões em fábricas ou de acidentes 
aeronáuticos, que freqüentemente são carbonizadas e apresentam 
deformidades faciais, serão identificadas através de uma avaliação odonto-
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
11
legal com a comparação dos dados do odontograma antemortem e 
postmortem que conduzem a uma identificação positiva. 
 
2.3 Acidentes aeronáuticos 
 
O Decreto Nº 70.050 de 25 de janeiro de 1972, do Ministério da 
Aeronáutica - Brasil, que trata do Regulamento para o serviço de 
investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, estabelece a seguinte 
definição para Acidentes Aeronáuticos: 
Toda ocorrência relacionada com a operação de uma aeronave, 
havida dentro do período compreendido entre o momento em que qualquer 
pessoa entra na aeronave, com a intenção de realizar um vôo, até o 
momento em que todas as pessoas tenham desembarcado, durante o qual: 
a) qualquer pessoa morra ou receba lesões, como resultado de estar 
dentro ou sobre a aeronave ou, ainda, por ter contato direto com a mesma 
ou com qualquer coisa ligada a ela; 
b) a aeronave sofra danos. 
Informou Botha (1986), que o Instituto Britânico Cranefield de 
Tecnologia investigou acidentes aeronáuticos entre 1955 a 1979 e 
descobriu que em mais de 60% destes acidentes, metade das fatalidades 
foram causadas pela fumaça oriunda do fogo. Esta fumaça produzida no 
interior de uma aeronave em incêndio, pode incapacitar passageiros em 30 
(trinta) segundos e uma pequena labareda pode se transformar em uma bola 
de fogo através do revestimento interno do plástico em segundos. A 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
12
Organização Internacional de Aviação Civil concluiu que o fogo é o maior 
assassino em acidentes aeronáuticos, com chance de sobrevivência. 
Concluiu Botha (1986), que Firotex é um material de revestimento de 
cabine capaz de suportar temperaturas de até 1.000º C e foi desenvolvido 
em 1981, mas foi abandonado pelas companhias aéreas, devido ao seu alto 
custo. Felizmente, materiais resistentes ao fogo estão sendo instalados nas 
aeronaves, para permitir a evacuação de um avião em chamas em 2,5 
minutos a mais do que anteriormente. Engenheiros do Instituto Britânico de 
Química, estão desenvolvendo um combustível à prova de fogo que possa 
coagular quando sacudido violentamente na aeronave durante o acidente, 
ao invés de se espalhar pela fuselagem e escapar. 
Muñoz (1999) descreveu a metodologia utilizada para a realização da 
perícia médico-legal domaior acidente aeronáutico ocorrido no Brasil em 
número de vítimas, no dia 31 de outubro de 1996, com o avião Fokker-100 
da TAM (vôo 402), envolvendo 98 (noventa e oito) pessoas identificadas: “A 
companhia aérea informou o nome de 96 (noventa e seis) pessoas que 
haviam embarcado nesse vôo, sendo 90 (noventa) passageiros e 6 (seis) 
tripulantes. A tripulação estava assim discriminada: 1 (um) comandante, 
1(um) co-piloto, 3 (três) comissárias e 1 (um) comissário de bordo. Duas 
pessoas compareceram ao IML informando que seus parentes haviam 
morrido no acidente. Um estava em uma das casas atingidas pela aeronave; 
o outro caiu nas chamas quando tentava sair de sua casa, atingida pelo 
incêndio que se seguiu à queda da aeronave. Este fato foi presenciado e 
descrito pelos seus familiares”. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
13
“Os cadáveres que se encontravam bastante deteriorados pela 
carbonização, impossibilitando o reconhecimento direto e a dactiloscopia, 
foram submetidos ao exame odonto-legal (descrição dos arcos dentários) e 
à averiguação de características físicas não detectadas no exame 
necroscópico, como por exemplo a avaliação da estatura pelos ossos 
longos. 
Uma primeira fase do exame odonto-legal foi efetuada mesmo não 
havendo suspeita que o corpo fosse o de determinada pessoa. Nesta fase 
foi realizada a abertura da boca e a descrição dos arcos dentários. A 
segunda fase – levada o efeito quando se suspeitava que o corpo fosse de 
uma pessoa definida – o procedimento do exame era determinado pelo 
material que se dispunha para confronto. Se houvesse ficha dentária era 
realizado o exame direto dos arcos dentários; havendo radiografias, o 
cadáver era submetido a tomadas radiográficas (oblíqua direita e esquerda) 
de mandíbula – que permite a visualização dos dentes posteriores – e a 
póstero-anterior dos seios da face para análise dos dentes anteriores. Em 
casos especiais os arcos dentários foram removidos para uma análise mais 
minuciosa e tomada de radiografias de diferentes posições, para a 
visualização de elementos especiais, relatou Muñoz (1999). 
 
2.4 O terrorismo na aviação civil 
 
Destacou Visser (2002), que o relatório da Assembléia do Atlântico 
Norte descreve o terrorismo como: “a utilização sistemática de assassinatos 
e destruição, assim como ameaças de assassinato e destruição para 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
14
aterrorizar indivíduos, grupos, comunidades ou governos e fazer com que 
aceitem os objetivos políticos dos terroristas”. 
Para Rocha (2002), “11 de setembro de 2001, uma data que mudou a 
perspectiva de risco da aviação.O uso de aeronaves comerciais em 
deliberados ataques como virtuais mísseis, intencionalmente pilotados para 
a sua auto destruição contra “alvos”, fugiu do que se previa e temia. A ação 
“inominável” daquele dia de 2001 extrapolou o que se previa de pior”. 
Koeing (2002) afirmou que a crescente preocupação com as ameaças 
do terrorismo internacional vem intensificando o debate a respeito da 
adequação de alguns dos atuais sistemas de seguranças doa aeroportos, 
assim como tem levantado questões de privacidade e de legitimidade 
relacionados à utilização de novos equipamentos de alta tecnologia para a 
triagem de passageiros. 
Visser (2002) destacou que “os métodos dos terroristas também 
mudaram com o surgimento do ativista suicida. Se o indivíduo não preza a 
própria vida, ele geralmente preza menos ainda as vidas alheias. A morte 
heróica substitui qualquer sabedoria política disponível no passado. Com 
este tipo de grupo ainda em movimento é impossível garantir um futuro 
pacífico para a aviação civil”. 
Para Koeing (2002) “os especialistas acreditam que a aviação 
provavelmente continuará sendo alvo atrativo para os terroristas durante boa 
parte do futuro próximo. A segurança da aviação é baseada em uma 
cuidadosa mistura de informações de inteligência, procedimentos, tecnologia 
e pessoal de segurança, mas nunca serão a solução completa do problema”. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
15
Para Vinner (2002), “da perspectiva dos terroristas, ataques a 
aeroportos trazem dividendos de várias formas às suas causas. Os 
seqüestros de aeronaves têm um enorme impacto sobre a opinião pública, 
especialmente quando duram vários dias ou semanas. Os seqüestradores 
que têm um aguçado senso do poder da publicidade, permitem que câmaras 
de televisão e fotógrafos de jornais registrem imagens ao vivo”. 
Rocha (2002) apresentou o resumo do Relatório de Segurança de 
2001 do Comitê de Operações da IATA, reunião realizada em Montreal nos 
dias 02 e 03 de outubro de 2001, quando o tema das melhorias na 
segurança dominou a agenda. A discussão veio na esteira dos eventos de 
11 de setembro, que tiveram efeito profundo na indústria da aviação. Um dos 
acordos resultantes deste encontro foi o da formação do Grupo de 
Assessoramento de Segurança na Aviação Mundial (GASAG – Global 
Aviation Security Advisory Group), cujo objetivo é oferecer uma visão 
coordenada da indústria para uma harmonização global de procedimentos 
de segurança. O GASAG, desde sua formação, já emitiu comentários a 
respeito de várias iniciativas relativas à segurança de aeronaves e 
procedimentos de vôo como por exemplo: 
• reforço nas portas e restrição de acesso à cabine da aeronave; 
• agentes de segurança a bordo da aeronave; 
• instalação de câmaras para monitorar passageiros; 
• treinamento sobre manuseio de armamentos e situações de combate 
para a tripulação; 
• manobras agressivas de vôo e de despressurização, e 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
16
• aprimoramento da segurança em solo e nos aeroportos. 
 
2.5 SERAC 4: a segurança é o resultado 
 
Guimarães (2001) afirmou que o Brasil “vem se destacando por 
índices muito bons, nos últimos anos, em todos os segmentos da aviação 
civil. No entanto por estar inserido no cômputo da região Latino-Americana e 
Caribe, passa despercebido o bom trabalho aqui realizado por toda 
comunidade aeronáutica. As grandes empresas brasileiras, operando quase 
que totalmente com equipamentos de última geração, têm buscado a 
excelência dos serviços em todas as áreas e a Segurança de Vôo 
apresenta-se como prioridade em suas diretivas. Na prevenção, é 
fundamental que todos colaborem. A indústria sabe que a perda de uma 
aeronave é fácil de repor, as vidas nela embarcadas, jamais. Continuaremos 
mostrando à comunidade internacional que, além de sermos o berço de 
Santos Dumont e a segunda frota de aviões do mundo, também sabemos 
voar com eficiência e segurança”. 
Rocha (2001) destacou “que a Aviação Civil Brasileira – mormente as 
linhas aéreas- têm motivos para comemorar por esses três últimos anos com 
“Zero-Acidente Fatal / Perda de Casco”. Um dos ditos mais famosos mais 
famosos em Safety: “Se achas que prevenção custa caro; experimente um 
acidente”. O Brasil apresentou uma curva de progresso realmente positiva e 
o esforço integrado operadores-governos-fabricantes influiu nesse processo. 
Para Garcia (1999), o Brasil, país do inventor do avião, e de 
dimensões continentais, é predestinado ao transporte aéreo. Depois da 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
17
Grande Guerra, a aviação comercial se expandiu no Brasil, e o Correio 
Aéreo Nacional foi fator integrador entre o litoral e o vasto interior 
inexplorado. 
Já em 1931 foi necessário criar o Departamento de Aviação Civil 
(DAC), muito antes do Ministério da Aeronáutica. Há quase 25 anos, o DAC 
criou os Serviços Regionais de Aviação Civil (SERAC), para controlar e 
fiscalizar mais de 1.000 (mil) empresas aéreas, aeroclubes, escolas, oficinas 
de manutenção e atividades ligadas à aviação civil, além de fazer o registro 
de mais de 10.000 (dez mil) aeronaves e mais de 75.000 (setenta e cinco 
mil) aeronautas. 
O maior de todos osServiços Regionais de Aviação Civil é o SERAC 
4, que jurisdiciona os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, que 
representam o volume de trabalho de 40% da aviação civil brasileira. Uma 
das áreas do SERAC 4, a Divisão Operacional, trabalha diretamente com a 
segurança, eficácia e modernização dos aeroportos e faz a fiscalização 
destes terminais, das empresas de táxi aéreo, de aviação agrícola e de 
outros serviços aéreos. 
Equipes do SERAC checam as empresas aéreas, suas oficinas de 
manutenção, aplicando padrões rígidos de exigência de qualidade e 
segurança. 
É para o SERAC que a população deve se dirigir em caso de 
denúncia de vôos rasantes, avião operando em pista clandestina, ou ação 
de panfletagem aérea que é proibido porque é perigoso aos demais aviões e 
significa lixo jogado do céu. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
18
Controlador rigoroso da segurança, é o SERAC que licencia pilotos, 
comissários e mecânicos. A habilitação só é conseguida ou revalidada 
depois de rigorosas provas de capacidade profissional. As inspeções 
periódicas de saúde do pessoal de bordo do SERAC 4 são realizadas no 
(HASP) Hospital de Aeronáutica de São Paulo, especializado nesse tipo de 
avaliação médica. 
Talvez isso explique a reconhecida competência dos aeronautas 
brasileiros, aos quais estão entregues milhões de vida a cada ano. É um 
trabalho que o passageiro não vê. Segurança é assim, não se vê, mas se 
sente, ao fim de cada viagem. Enquanto milhões de passageiros são 
transportados em aviões de todos os tamanhos, milhares de outros 
brasileiros estão realizando o seu trabalho silencioso, invisível, mas 
eficiente, para garantir uma boa viagem. 
No espaço aéreo de São Paulo, o mais movimentado do Brasil, 
cresce a responsabilidade do SERAC 4. Realizando sua parte, com outros 
órgãos do Ministério da Aeronáutica, ele supre com valor humano de sobra o 
que muitas vezes falta em meios materiais. E os resultados estão aí, com 
números de segurança comparáveis aos dos países do primeiro mundo, 
finalizou Garcia (1999). 
A partir do mês de novembro de 2002, o SERAC 4 ficou responsável 
pela jurisdição apenas de São Paulo, devido ao imenso tráfego aeronáutico. 
O Mato Grosso do Sul, passou para a jurisdição de Brasília (SERAC 6). 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
19
2.5.1 Excelência do transporte aéreo brasileiro 
 
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos 
(CENIPA) e o Departamento de Aviação Civil (DAC) – Divisão de 
Investigação e Prevenção de Acidentes de Aeronaves (DIPAA) - 2002 , 
através de dados estatísticos demonstram: No ano de 2000 ocorreu um 
aumento nas taxas de acidentes para 0,62 e no ano de 2001 novo aumento 
para 3,24 acidentes por milhões de decolagens, atingindo a média Brasil o 
índice de 0,90. A média mundial é de 1,2 acidentes por milhões de 
decolagens de acordo com a Flight Safety Foundation. 
 
 
 
Figura 2.1 - Índice mundial de acidentes aeronáuticos, por milhões de decolagens 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
20
No Brasil, os números de acidentes aeronáuticos, de falecidos e a 
frota de aeronaves registradas, sofreram variações anuais: Em 1996 
ocorreram 88 (oitenta e oito) acidentes aeronáuticos com 187 (cento e 
oitenta e sete) falecidos e a frota de aeronaves atingiu 9.503 (nove mil 
quinhentos e três); em 1997 diminuiu para 73 (setenta e três) acidentes com 
94 (noventa e quatro) falecidos e a frota aumentou para 9.786 (nove mil 
setecentos e oitenta e seis); em 1998 novamente diminuiu para 71 (setenta 
e um) acidentes com 80 (oitenta ) falecidos e a frota aumentou para 10.057 
(dez mil e cinqüenta e sete); em 1999 houve uma diminuição significativa 
para apenas 47 (quarenta e sete) acidentes aeronáuticos com 67 (sessenta 
e sete) falecidos e a frota aumentou para 10.282 (dez mil duzentos e oitenta 
e dois) . No ano de 2000 o número de acidentes aeronáuticos sofreu uma 
elevação para 54 (cinqüenta e quatro) com 48 (quarenta e oito) falecidos e a 
frota aumentou para 10.371 (dez mil trezentos e setenta e um); em 2001 
aumentou para 68 (sessenta e oito) acidentes aeronáuticos com 77 (setenta 
e sete) falecidos e finalmente em 2002 diminuiu para 53 (cinqüenta e três) 
acidentes aeronáuticos e com 66 (sessenta e seis) falecidos . (Tabela 2.1). 
[http://www.cenipa.maer.mil.br/] 
 
2.6 Acidentes aeronáuticos e as fases do vôo 
 
É importante destacar a porcentagem de acidentes aeronáuticos 
relacionados com as fases do vôo. Conforme a Figura 2.2, na fase de 
manobra da aeronave detecta -se 2% de acidentes; na fase de decolagem, 
por sua vez, a porcentagem é de 14%; na subida é de 17%, na fase altitude 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
21
cruzeiro é de apenas 5%, na fase de descida é de 6%, a fase de 
aproximação é de 34% e no pouso 22%. 
 
Tabela 2.1 - Número de acidentes aeronáuticos, vítimas fatais e frota da 
aviação civil brasileira no período de 1995 a 2002 – Brasil, 
2003 (DAC 2003. Disponível em URL http:// 
www.dac.gov.br/estatisticas/graficos/estat30.htm). 
 
ANO 
ACIDENTES 
AERONÁUTICOS 
 
FALECIDOS 
 
FROTA 
1995 100 90 9275 
1996 88 187 9503 
1997 73 94 9786 
1998 71 80 10.057 
1999 47 67 10.282 
2000 54 48 10.371 
2001 68 77 10.532 
2002 53 66 10.631 
 
 
Figura 2.2 - Percentual de ocorrência de acidentes aeronáuticos por fase de 
vôo (vôos de 1:30 h em média). (Flight Safety Foudation e 
Boeing Commercial Airplane Group 2002). 
[http://sites.uol.com.br/buzaid/eng/aeroporto.html ] 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
22
2.7 Desastres de massa 
 
Para a Organização Panamericana de Saúde (1996), o desastre de 
massa é o evento que resulta em um elevado número de vítimas, que causa 
uma alteração no curso normal dos serviços de emergência e de atenção à 
saúde. 
Pueyo et al. (1994) descreveram as características mais comuns 
decorrentes do desastre de massa: 
1. Grande repercussão social: isto significa em grande número de 
voluntários, intenso trabalho dos meios de comunicação, comoção e 
envolvimento emocional da coletividade. 
2. Grande destruição com traumatismos em pessoas e residências ou 
apartamentos. 
3. Dificuldades ou até impossibilidade de identificação principalmente 
quando as vítimas são de diferentes nacionalidades, como ocorre 
freqüentemente nos acidentes aeronáuticos. 
4. Ações de saques e furtos de pertences e objetos pessoais das vítimas 
por alguns indivíduos inescrupulosos que estão próximos ao desastre. 
5. Intervenção de múltiplas instituições governamentais e sociais: Polícia, 
Forças Armadas, Defesa Civil, Cruz Vermelha, Peritos do IML, Aviação 
Civil, Corpo de Bombeiros. 
Além destas características gerais dos desastres, Pueyo et al. (1994) 
destacaram algumas características específicas dos Acidentes Aeronáuticos: 
Os traumatismos são extraordinariamente graves: 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
23
1. Por ação do impacto. 
2. Pela queima do combustível da aeronave. 
3. Há uma grande dispersão de partes de corpos e objetos, que em 
algumas vezes ocupam quilômetros quadrados. 
4. As vítimas sempre são de diversas nacionalidades. Não obstante, existe 
a lista de passageiros. 
Meira (1976) esclareceu que o acidente aeronáutico afeta a 
sociedade quando ocorre, além de provocar prejuízos físicos às pessoas a 
bordo e prejuízos materiais, ambos com seus reflexos econômicos. 
Muñoz (1999) descreveu as condições dos corpos recolhidos ao IML quanto 
à ação do fogo: “A maioria apresentava-se com carbonização parcial (49 
casos) ou total (8 casos) ou quase total (31 casos). Consideramos como 
tendo carbonização quase total quando o corpo apresentava mais de 90% 
da superfície corporal carbonizada. Trinta e três cadáveres (33 casos) com 
carbonização parcial tinham mais de 50% de superfície corpórea 
carbonizada. Dez corpos (10 casos) não estavamcarbonizados, porém 6 
(seis) casos apresentavam outros graus de temperatura, conforme 
demonstrado na Tabela 2.2. 
 
 
 
 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
24
Tabela 2.2 - Estado dos cadáveres por ação de agente térmico no acidente 
TAM – Vôo 402. Brasil, 1996 (Muñoz, 1999, p.100) 
ESTADO DO CADÁVER 
Nº de 
casos 
% 
Carbonização total 100% S.C.(*) 8 8 
Carbonização quase total > 90% S.C. 31 32 
Carbonização parcial > 50% S.C. 33 34 
Carbonização parcial de 20% a 50% S.C. 3 3 
Carbonização parcial < 20% S.C. 13 13 
Não carbonizado / com queimaduras > 50% S.C. 3 3 
Não carbonizado / com queimaduras de 20% a 50% SC 1 1 
Não carbonizado / com queimaduras < 20% S.C. 2 2 
Não carbonizado / sem queimaduras 4 4 
TOTAL 98 100 
 (*) S.C. = Superfície Corporal 
 
Todos exibiam traumatismos intensos, a maioria (78 casos) com 
mutilações, isto é, com perda de partes anatômicas. Em um caso o corpo 
estava fragmentado, segundo Muñoz (1999) (Tabela 2.3). 
Segundo a Organização Panamericana de Saúde (1996), o Sistema 
de Atenção às Vítimas de Massa, se refere ao grupo de unidades, 
organizações e setores que funcionam conjuntamente, aplicando 
procedimentos institucionalizados, para reduzir ao máximo as mortes 
decorrentes do desastre, através de utilização de todos os recursos eficazes 
existentes. 
 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
25
Tabela 2.3 - Estado dos cadáveres quanto à ação de agentes mecânicos e 
os locais de perdas anatômicas, acidente tam – vôo 402, brasil 
1996 
Estado do cadáver Nº de casos % 
Inteiro com lesões por agente mecânico 19 19 
Mutilado na cabeça 30 31 
Mutilado na cabeça e membros 9 9 
Mutilado na cabeça e tronco 2 2 
Mutilado na cabeça, tronco e membros 9 9 
Mutilado nos membros 22 23 
Mutilado nos membros e tronco 4 4 
Mutilado no tronco 2 2 
Fragmentado 1 1 
TOTAL 98 100 
 
Este Sistema se baseia em: 
- Procedimentos pré-estabelecidos que devem ser empregados em 
situações de emergência e adaptá-los para atender a desastres de grandes 
proporções; 
- Aproveitamento ao máximo dos recursos existentes; 
- Preparação e respostas multisetoriais; 
- Estrita coordenação, pré-planejada e aprovada. 
Este Sistema é importante para: 
- Agilizar e ampliar os procedimentos diários para aproveitar ao 
máximo os recursos existentes; 
- Estabelecer uma cadeia de socorros multisetoriais bem coordenada; 
· 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
26
- Reestabelecer com rapidez e eficiência as operações normais dos 
serviços de emergência e atenção à saúde que o desastre de massa 
originou. 
 Pretty et al. (2001) afirmaram que os desastres de massa 
representam um desafio significante para a equipe de identificação dental 
que freqüentemente é chamada para trabalhar na identificação das vítimas, 
através de evidências dentais. Que o sucesso deste difícil trabalho está 
alicerçado na preparação prévia e nos treinamentos da equipe de odonto-
legistas, além de destacar os relevantes aspectos emocionais e psicológicos 
que envolvem toda a equipe, durante o trabalho de identificação das vítimas. 
Pretty et al. (2001) confirmaram que o bem estar emocional do grupo 
que trabalha com desastres de massa é fundamental e que nos 
treinamentos prévios sobre este importante tema, um trabalho sobre 
psicologia tem que ser abordado e desenvolvido. 
Relataram Doyle & Bolster (1992), em 23 de Junho de 1985, uma 
aeronave da Air Índia AI-182 que voava de Toronto para Bombay caiu no 
mar e faleceram todos os 329 (trezentos e vinte e nove) passageiros a 
bordo. Foram recuperados no mar apenas 132 (cento e trinta e dois) corpos 
o que significa 39,8% das vítimas. A equipe multiprofissional para trabalhar 
na identificação das vítimas deste acidente aeronáutico, compunha-se de 4 
(quatro) médicos legistas, 7 (sete) patologistas forenses, 4 (quatro) odonto-
legistas. Apenas 1 (um) corpo não foi identificado e após 6 (seis) semanas 
de trabalho, todos os 131 (cento e trinta e um) corpos foram liberados para 
os seus familiares. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
27
Outro aspecto detectado por Pretty et al. (2001) é que como uma 
característica do desastre de massa é a falta de previsibilidade de sua 
ocorrência e que o tempo para o trabalho de identificação de vítimas em 
acidentes aeronáuticos é demorado, demandando na maioria das vezes 
várias semanas de trabalho, um problema muito comum é que o odonto-
legista não está preparado para abandonar todos os seus afazeres e 
obrigações cotidianas, como escritórios de perícias, Universidades, e em um 
espaço curto de tempo, viajar para o local do acidente aeronáutico e 
permanecer por lá por um período indeterminado, não sabendo também de 
antemão sobre as implicações financeiras que sofrerá durante o tempo que 
estiver distante de suas atividades habituais. São fatores importantes que 
devem ser discutidos e elucidados anteriormente ao desastre de massa, 
para que o profissional tenha tranqüilidade de realizar um excelente trabalho 
e que psicologicamente esteja tranqüilo. 
 
2.8 Métodos de identificação 
 
De acordo com, Buchner (1985), podem ser empregados vários 
métodos para estabelecer a identidade de um corpo humano. Alguns desses 
métodos são conhecidos por possuírem caráter científico (impressões 
digitais), enquanto outros métodos empregados têm caráter pouco fiéis 
(reconhecimento visual). Porém a confirmação de dados obtidos por 
métodos pouco fiéis pode elevar a probabilidade de uma identificação 
correta, se somados com os dados obtidos através de métodos científicos. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
28
 Buchner (1985), afirmou que os registros geralmente usados para 
comparação com os resultados do exame são as listas das pessoas 
falecidas, fotografias, impressões digitais, fichas odontológicas, radiografias 
odontológicas e médicas, resultados de exames laboratoriais (grupo 
sangüíneo). Os métodos de identificação incluem: 
1 – reconhecimento visual ; 
2 – roupas e características pessoais; 
 3 – exame da impressão digital; 
4 – exame odontológico; 
 5 – exame médico e radiológico; 
 6 – exame antropológico; 
 7 – exames de DNA; 
 8 – identificação através de exclusão. 
 
2.8.1 Reconhecimento visual 
 
Buchner (1985), afirmou que o reconhecimento visual representa o 
método mais freqüente de identificação. Só pode ser utilizado em casos 
onde o corpo, e especialmente as características faciais estão bem 
conservadas e os parentes ou amigos podem ser localizados rapidamente. 
O valor deste método está limitado pelo fato de que um corpo que sofreu a 
ação do fogo, torna-se muitas vezes, irreconhecível visualmente. Além do 
mais, os parentes e amigos, ao examinarem os corpos visualmente e não 
conseguindo identificá-los, ficarão emocionalmente abalados, pelo fracasso 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
29
desta tentativa esperançosa de identificação. É possível, por estes motivos, 
que uma identificação errônea possa ser feita. Por estes motivos, o 
reconhecimento visual é o método menos fidedigno. 
 
2.8.2 Roupas e pertences pessoais 
 
Buchner (1985), comentou que o exame de roupas e de pertences 
pessoais freqüentemente é muito útil em identificação, baseado em uma 
descrição cuidadosa e exame de cada artigo de roupa e pertences pessoais 
relacionados aos corpos e uma comparação é feita com a lista de pessoas 
falecidas. Placas de identificação de soldados encontradas no pescoço, 
pulseiras com identificação encontradas no pulso, cédula de identidade 
encontrada no bolso da vítima, são muito úteis para estabelecer a 
identidade. Outros pertences úteis incluem jóias gravadas, carteiras com as 
iniciais do nome. 
Buchner (1985), insistiu em afirmar que a identificação através de 
pertences ou roupas não é considerado um método fidedigno, pois, podem 
ser objetosperdidos e soltos ou podem ser trocados. Porém é importante 
como uma pista útil que conduz à identificação através de métodos mais 
científicos como o exame das impressões digitais e das características 
odontológicas. 
 
 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
30
2.8.3 Exame das impressões digitais 
 
O método mais fidedigno para Buchner (1985), de identificação é 
através das impressões digitais. A especificidade deste método não pode ser 
desafiada, pois não existem impressões digitais iguais de pessoas. Quando 
são preservadas as mãos da vítima, o exame das impressões digitais provê 
uma identificação positiva rápida. 
Buchner (1985), afirmou que embora o exame das impressões digitais 
seja o melhor método para a identificação, o fato que a pele é destruída 
depressa após a morte da vítima, causando limitação na utilidade desta 
técnica. Os dentes são os elementos mais duráveis dos tecidos humanos, e 
os materiais utilizados para confeccionar as restaurações nos dentes, 
também são extremamente à destruição por substâncias químicas e por 
elementos físicos. Assim, a identificação odontológica se torna o único entre 
os diversos meios precisos de identificação de corpos quando ambos os 
métodos visual e de exame de impressões digitais são ineficazes, como por 
exemplo nos casos em que houver o estado de decomposição avançado, ou 
carbonizado. 
 
2.8.4 Exame odontológico 
 
Silva (1997) alertou que o Cirurgião-dentista tem um trabalho de 
grande responsabilidade que é o de cuidar da saúde de seus semelhantes e 
implica nesta responsabilidade o cuidado na elaboração da documentação 
do paciente que é o prontuário odontológico que contém todas as fases da 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
31
atuação do profissional como o registro da anamnese, as anotações sobre o 
estado geral bucal do paciente antes do tratamento odontológico (condições 
pré-tratamento), e posteriores ao tratamento (condições pós-tratamento). 
O Código de Ética Odontológica expressa que é dever fundamental 
do profissional em Odontologia: 
 Artigo 4º, Vl : - elaborar as fichas clínicas do paciente, conservando-
as em arquivo próprio, Conselho Federal de Odontologia, (1998). 
Warnick (1987) acentuou a responsabilidade moral e ética do 
Cirurgião-dentista em manter o prontuário odontológico com os dados 
atualizados dos pacientes, pois estas informações são importantes e 
imprescindíveis em casos de necessidade de identificação através dos 
registros odontológicos. 
Conforme Pueyo et al. (1994), a identificação através dos trabalhos 
odontológicos realizados durante a vida do indivíduo, é de grande utilidade 
na Odontologia Legal, principalmente quando o corpo tenha sido queimado 
ou se foi atacado por alguma substância corrosiva. As próteses com coroas 
em ouro são facilmente detectáveis no exame após a morte, como também 
as coroas de porcelana. As próteses fixas (pontes fixas), nos dão por si sós 
dados muito precisos, em primeiro lugar, informam uma boa situação 
socioeconômica da vítima, e uma coroa em ouro nos diz que o trabalho é 
antigo, pois atualmente é mais freqüente que as próteses fixas sejam 
confeccionadas em cerâmica. Em todos estes casos, reconhecer o tipo de 
material utilizado para realizar a restauração, pode dar-nos uma indicação 
da época em que se realizou a restauração e com base no tipo técnica 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
32
utilizada, em alguns casos pode-se suspeitar de qual país foi realizado o 
tratamento. 
Juhás & Melani (2000) destacaram a documentação odonto-legal que 
o Cirurgião-dentista registra os meios utilizados nos atendimentos clínicos 
incluem: ficha clínica, receitas, atestados, radiografias, modelos de gesso. 
Botha (1986) afirmou que a qualidade do tratamento dentário e da 
higiene bucal, podem quase sempre indicar a posição social e financeira de 
um corpo não identificado. Certos tipos de coroas e pontes fixas protéticas 
odontológicas, são típicas de certos países. Na Europa ocidental, teremos 
facilidade de encontrar coroas e pontes fixas de materiais não preciosos. O 
tratamento odontológico similar em dois corpos pode indicar que se tratam 
de marido e mulher. 
Botha (1986) afirmou que as restaurações e próteses odontológicas 
são extremamente resistentes à deterioração físico-química além de que as 
características morfológicas dos dentes humanos garantem uma grande 
individualidade. Às vezes, a recuperação de um único dente ou fragmento de 
mandíbula, é importante para fazer uma identificação positiva, quando os 
registros antemortem são adequados. 
A dentadura adulta completa é composta de 32 (trinta e dois) dentes, 
com 05 (cinco) faces visíveis cada dente ao exame clínico. As combinações 
inumeráveis de dentes extraídos, lesões cariosas, restaurações e próteses 
que envolvem estas 160 (cento e sessenta) superfícies é a base da 
identificação dental. Além destas, numerosas características adicionais 
podem ser identificadas através das radiografias odontológicas que mostram 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
33
o padrão do trabeculado ósseo da maxila e mandíbula, esboço do seio 
maxilar. É importante enfatizar que a recuperação de um único dente ou do 
fragmento de mandíbula é o bastante para fazer uma identificação positiva, 
quando a ficha odontológica da vítima está disponível. Outro método 
especial que a odontologia auxilia na identificação humana é através da 
rugoscopia palatina, que através da morfologia das rugosidades palatinas 
são comparadas com as impressões de rugosidades palatinas presentes em 
modelos de gesso, dentaduras, afirmou Buchner (1985). 
A estimativa de idade através do exame das características 
morfológicas dos dentes é muito importante segundo Buchner (1985), e o 
critério para a determinação da estimativa da idade podem se dividir em 
duas categorias: até 20 anos de idade e outra categoria para maiores de 20 
anos. Os resultados mais precisos sobre o desenvolvimento dos dentes nos 
arcos superior e inferior, concentra-se principalmente na faixa etária do 
nascimento até 14 anos e devem ser observados no estado de calcificação 
da coroa, erupção dos dentes, formação das raízes. Em torno dos 20 anos 
de idade, geralmente os dentes apresentam a formação completa. 
Harris (1981) expressou os sentimentos de odonto-legistas de todo o 
mundo sobre a necessidade de um sistema unificado internacional de 
notação dentária sobre as condições bucais após o término do tratamento 
odontológico. 
Concordou Buchner (1985), que a desvantagem do sistema dentário é 
que não existe um Centro oficial que catalogue as fichas odontológicas para 
sua utilização quando necessário. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
34
Para que a contribuição da classe odontológica seja efetiva na 
identificação humana, Silva (1997) preconizou a necessidade de 
padronização dos registros comumente utilizados pelos Cirurgiões-dentistas, 
para que a transmissão dos caracteres seja eficiente e facilitada. Que a 
notação preconizada pela Federação Dentária Internacional (FDI) , aprovada 
em Bruxelas, em 1970, seja utilizada pelos Cirurgiões-dentistas para 
representar os serviços odontológicos executados e as condições dentárias 
encontradas nos pacientes. Na notação adotada pela FDI, cada dente é 
representado por um número formado por dois dígitos. Estes dígitos, para os 
dentes permanentes, vão de 11 a 48, e para os decíduos de 51 a 85. 
(Figura 2.3). 
 
DENTES PERMANENTES 
ARCO SUPERIOR DIREITO 
QUADRANTE 1 
18 17 16 15 14 13 12 11 
ARCO SUPERIOR ESQUERDO 
QUADRANTE 2 
21 22 23 24 25 26 27 28 
ARCO INFERIOR DIREITO 
48 47 46 45 44 43 42 41 
QUADRANTE 4 
ARCO INFERIOR ESQUERDO 
31 32 33 34 35 36 37 38 
QUADRANTE 3 
 
DENTES DECÍDUOS 
ARCO SUPERIOR DIREITO 
QUADRANTE 5 
55 54 53 52 51 
ARCOSUPERIOR ESQUERDO 
QUADRANTE 6 
61 62 63 64 65 
ARCO INFERIOR DIREITO 
85 84 83 82 81 
QUADRANTE 8 
 
ARCO INFERIOR ESQUERDO 
71 72 73 74 75 
QUADRANTE 7 
 
Figura 2.3 - Notação dentária de dois dígitos preconizada pela Federação 
Dentária Internacional – FDI (Silva, 1997, p.332) 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
35
Gustafson (1966) citou estudos que indicam que ao serem expostos a 
temperaturas muito altas, os dentes podem apresentar-se friáveis a 205ºC e 
serem fraturados até reduzirem-se a cinzas aproximadamente a 482ºC. Mas 
os dentes podem estar protegidos de tais temperaturas pelos músculos e 
ossos que os envolvem e é provável que os elementos dentários resistam a 
temperaturas consideravelmente mais altas. 
Conforme Arbenz (1988), “os dentes e os arcos dentários podem 
fornecer em certas circunstâncias, subsídios de real valor para a solução de 
problemas médico-legais e criminológicos, de sorte a constituir mesmo, os 
únicos elementos com os quais pode contar o Perito”. 
Poller (1975) e Saferstein (1981) ressaltaram a existência de vários 
milhões de diferentes combinações das impressões digitais o que resulta 
em, praticamente, uma individualidade. Isto pode ser transportado para a 
cavidade bucal. Se considerarmos um indivíduo portador dos 32 (trinta e 
dois) dentes com cinco faces, visíveis, cada um, teremos um total de 160 
(cento e sessenta) faces e analisando-se a existência de dentes perdidos, 
restaurados, presença de próteses, morfologia radicular, defeitos ósseos, 
teremos vários milhões de combinações garantindo, dessa maneira uma 
individualidade. 
Para Simpson (1980) “há casos em que um único dente isolado pode 
ser suficiente para identificação”, assim, nestes casos, uma única radiografia 
periapical seria suficiente. Como a evidência dentária pode ser o principal 
método para resolver questões vitais de identificação humana, o odonto-
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
36
legista é reconhecido como um membro importante da equipe de 
investigação. 
“No desastre em pauta, 15% das vítimas foram identificadas por 
reconhecimento direto, 26% por dactiloscopia, 8% por exame de DNA e os 
demais 51% pelos exames antropológicos e odonto-legal, geralmente 
associados entre si ou a esses outros métodos. 
Cotejando esses dados com os da literatura, evidencia-se que o 
exame odontológico é o método mais utilizado para a identificação de 
vítimas de desastre de massa”, afirmou Muñoz (1999). 
 
2.9 Efeito do tempo, do terreno e do fogo sobre os dentes e materiais 
utilizados em odontologia 
 
 Pueyo et al. (1994) afirmaram que as condições em que se encontre 
um cadáver, a influência atmosférica, o terreno em que permanece o corpo, 
são fatores importantes que influenciam na maior ou menor rapidez dos 
fenômenos putrefativos. Estes fenômenos são mais rápidos quando se 
combina com o grau de umidade do terreno e sua constituição química. 
Para Pueyo et al. (1994) os dentes e os materiais utilizados para 
restaurá-los, irão sofrer uma série de alterações quando submetidos a ação 
do calor. As estruturas dentárias modificam-se, na dependendo da 
temperatura que são submetidas, o tempo de exposição e a curva de 
elevação da temperatura. 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
37
2.9.1 Efeitos do fogo 
 
Botha (1986) relatou que em um incêndio experimental em Mímico, 
Ontário (EUA), uma casa de dois andares foi queimada e 42 (quarenta e 
dois) minutos foram necessários para se atingir a temperatura máxima de 
1.274º C no andar térreo, enquanto que o segundo andar não atingiu mais 
do que 232º C. Quando o piso do segundo andar caiu, este atingiu 1.004º C, 
mas caiu logo para 870º C. 
Classificação de Queimaduras: 
Tipo I - queimadura da epiderme 
Tipo II - queimadura da epiderme e da derme; 
Tipo III - queimadura profunda 
Essa classificação de Wilson’s é útil para descrever achados 
anatômicos mórbidos em relatórios postmortem. 
Corpos queimados assumem a pose pugilística, que é uma típica 
postura dos boxeadores, onde os braços se posicionam puxados para cima 
e os punhos erguidos em posição de defesa. Isso é causado pela 
coagulação, pelo calor e pelo encurtamento dos feixes de músculos flexores 
mais fortes. 
Danos ao corpo humano: 
As fases de tempo-destruição para um corpo adulto após ultrapassar 
a temperatura de 680º C são: 
• braços seriamente queimados após 10 minutos; 
• pernas seriamente queimadas após 14 minutos; 
• ossos da face e dos braços expostos após 15 minutos; 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
38
• costelas e crânios expostos após 25 minutos; 
• fêmur e tíbula completamente queimados após 35 minutos. 
Chávez (1966) fez uma minuciosa e exaustiva descrição das 
características que apresentam os corpos carbonizados: 
 
1. Ocorre a diminuição de volume causada pela perda de líquido e 
substâncias orgânicas produzidas pela combustão. 
2. Variação do aspecto do cadáver (aspecto “bizzarro”), causado pela 
rigidez muscular produzida pela ação do calor. 
3. A pele se apresenta dura e seca com fissuras regulares, de cor negra e 
quebradiça. 
4. Os músculos podem apresentar todos os graus de “cozimento” como o 
apresentado por “carnes assadas”. 
5. Quando a carbonização é muito avançada, resulta eventualmente em 
abertura da caixa toráxica, do crânio e em algumas vezes até do 
abdômen. 
6. Se o que foi citado anteriormente é produzido, ocorre a carbonização 
do cérebro, e das vísceras toráxicas e abdominais. 
7. Os ossos se separam a nível das articulações apresentando-se 
freqüentemente fraturados e carbonizados. 
8. Os olhos sofrem diferentes transformações; primeiro, mudam sua cor 
natural, a córnea se torna leitosa, o cristalino opalescente, e se a 
temperatura elevada continua, terminam carbonizando-se. 
9. O sangue do coração e dos grandes vasos se transformam em uma 
pasta dura e de cor vermelha viva. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
39
10. Os membros e mãos se encolhem, de duas a três vezes em relação ao 
seu tamanho natural. 
11. O cérebro forma uma pequena massa. 
12. A cabeça de um adulto apresenta-se como a de um menino de 7 a 12 
anos. 
 
Particularmente, o crânio sofre alterações importantes: 
 
1. Os ossos se “fissuram”, “racham” e podem até mesmo apresentar 
perfurações. 
2. A pressão dos vapores abre a caixa craniana e destrói a duramáter e 
forma uma hérnia no cérebro. 
3. A boca pode se fechar e formar uma espécie de caixa forte que 
protege os tecidos do interior da boca da ação do fogo, colaborando ao 
constante estado de umidade em que se encontra a boca. 
4. O palato, de grande importância se levarmos em conta que aí se 
encontram valiosos elementos identificadores (papilas palatinas), que 
podem conservar a sua morfologia anátomo-macroscópica sem sofrer 
alterações pela ação do fogo. 
5. O maxilar , na maioria dos casos, por efeito do violento traumatismo, se 
encontra partido em dois a nível da linha média incisal. 
6. A mandíbula, ao sofrer o impacto, algumas vezes se fratura na altura 
do mento. 
7. Quando isto ocorre, o fogo destrói os tecidos moles da boca e 
carboniza a língua . 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
40
2.9.2 Efeitos do fogo em restaurações e na boca 
 
Botha (1986), relatou as transformações decorrentes da ação do fogo 
nos dentes, ossos, músculos da cavidade bucal e nos materiais 
odontológicos utilizados em dentística e prótese dentária: 
A boca se fecha e forma uma espécie de caixa forte, que protege os 
tecidos internos da ação do fogo, com isto, colaborando com o constante 
estado de umidade em que sempre se encontra a boca; 
A língua se entumesce e protege o palato; 
Os dentes conservam geralmente sua posição original em seus 
respectivos alvéolos; 
No palato, estão as papilas palatinas que geralmente conserva a sua 
morfologiaanátomo-macroscópica, sem sofrer alteração por ação do fogo, o 
que é de grande importância. 
 
2.9.3 Mandíbula e maxila 
 
A maxila na maioria dos casos por efeito do violento traumatismo, se 
encontra dividida e separada a nível da linha média incisal; 
A mandíbula, ao sofrer o impacto, muitas vezes ocorre a fratura na 
altura do mento; quando isto ocorre, o fogo destrói os tecidos moles do 
palato, carboniza a língua, impossibilitando a utilização das papilas rugo-
palatinas. 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
41
2.9.4 Esmalte 
 
Os danos ao esmalte dentário, especialmente na superfície vestibular 
pode variar de um leve chamusco, à completa carbonização ou destruição. 
As coroas de esmalte podem também explodir em fragmentos ou se separar 
como uma concha, a partir do núcleo de dentina subjacente. Este fenômeno 
pode ser explicado pela presença de 8% a 10% de água nos túbulos 
dentinários, que ao alcançar o ponto de ebulição promove pressão 
resultando na separação ou explosão da coroa de esmalte, dependendo da 
exposição gradual ou repentina ao calor intenso. O núcleo de dentina 
subjacente também se contrai por perder seu conteúdo de água. 
As modificações estruturais do esmalte são importantes em altas 
temperaturas: o esmalte composto de 96% de matérias inorgânicas resiste 
bem ao calor devido a sua natureza prismática que torna friável a 
temperaturas superiores a 400º C. 
 
2.9.5 Dentina e cemento 
 
Estes tecidos estão normalmente protegidos pelo esmalte ou osso, 
nas rachaduras multidirecionais que podem ser produzidas à uma 
temperatura de 400º C. A cor da dentina e cemento queimados normalmente 
é preto ou marrom. 
 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
42
2.9.6 Restaurações em amálgama 
 
O amálgama é constituído de prata, estanho, cobre, zinco e mercúrio 
que se derrete a 100º C e ferve a 356º C. Com a perda do mercúrio, a liga 
usualmente começa a se pulverizar em complexos prata-estanho e cobre-
zinco. A prata-estanho derrete a 500º C , porém a prata sozinha derrete a 
960º C e o estanho a 231º C, o complexo se rompe formando um pó preto: 
óxido de prata. Por volta de 500º C a 1000º C, o amálgama perde a forma, 
cor e integridade. As gotículas de mercúrio podem ser absorvidas por 
restaurações de ouro, perdendo sua verdadeira identidade. 
 
2.9.7 Resinas compostas 
 
Trabalho experimental realizado por Botha (1986), em molares 
extraídos e restaurados com resina composta “P-30” e “Occlusin” e 
submetidos à temperatura de 900º C por 90 minutos em um forno 
crematório. Os resultados mostraram a quase completa destruição dos 
dentes com restaurações virtualmente inalteradas. O “P-30”, aquecido à 
temperatura entre 815º C e 900º C mudou consistentemente de uma 
coloração branco-amarelada, para uma cor cinza. 
O “Occlusin” testado similarmente, mudou de branco-amarelado para 
uma cor de papel branco. Conseqüentemente estas restaurações podem 
provir um excelente meio de identificação se as fichas dentárias apontarem o 
uso deste tipo de material. 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
43
2.9.8 Restaurações em ouro, porcelana e próteses 
 
As temperaturas mínimas de fusão para as ligas de ouro variam entre 
870º C a 1070ºC, dependendo da porcentagem presente do metal nobre. 
Ligas de metal não precioso, utilizadas na confecção de próteses parciais, 
derretem entre 1275º C e 1500º C. Trabalho experimental tem demonstrado 
que próteses parciais de cromo-cobalto submetidas à temperatura de 900º C 
por 90 (noventa) minutos, resultou na aparição de mancha na superfície da 
prótese. 
A temperatura de fusão para ligas de metais nobres varia entre 1150º 
C e 1350º C, e a de metais não nobres, entre 1300º C e 1450º C. Dentes de 
porcelana têm fusão variando entre 870º C e 1370º C. Trabalho experimental 
tem demonstrado que os dentes de porcelana não sofrem qualquer dano 
quando colocados em fornalha crematória à 900º C por 90 (noventa) 
minutos. 
Bases de prótese total (dentadura) e de dentes em acrílico polimetil 
metacrilato despolimerizam o monômero a 450º C. 
 
2.9.9 Tratamento de canal 
 
Pueyo et al. (1994) elucidaram que a endodontia (tratamento de 
canal) pode ser demonstrada através de radiografias e possui um valor 
extraordinário para a identificação, pois com as radiografias anteriores do 
Cirurgião-dentista que realizou o tratamento de canal, ficará fácil a 
comparação com a radiografia a ser obtida após o desastre. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
44
Botha (1986) relatou que dentes com suas raízes obturadas com 
cones de gutta-percha foram colocados para experiência em um incinerador 
à 815º C por 90 (noventa) minutos. O material obturador ferveu para fora do 
forâmen apical do dente com canais amplamente abertos. Isto não foi notado 
nos canais de raízes mais estreitas. A comparação das radiografias de pré e 
pós incineração revelou zonas radiolúcidas nos preenchimentos nos 
preenchimentos dos canais dos dentes submetidos ao calor. 
Endometazona e eugenol foram utilizados em uma experiência como 
selador ou como material de preenchimento da raiz. As radiografias de pós 
incineração revelaram radioluscências similares àquelas achadas nos canais 
preenchidos com gutta-percha, submetidos ao mesmo tratamento. 
Um pino de aço cimentado no canal da raiz não mostrou nenhuma 
mudança quando aquecido à 815º C por 90 (noventa) minutos em uma 
experiência. 
O conhecimento da radiopacidade ou radiolucidez dos materiais de 
preenchimento e revestimento é essencial, especialmente dos novos 
compostos e cimentos. 
Os materiais utilizados em restaurações odontológicas e próteses, 
sofrem as seguintes alterações, segundo Pueyo et al. (1994): 
 
1. Porcelana. As porcelanas se classificam em três grupos: alta, média e 
baixa temperatura, com temperaturas de fusão de 1300º a 1370ºC para 
o primeiro; de 1090º a 1260ºC para o segundo; e de 870º a 1065ºC 
para o terceiro grupo. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
45
2. Silicatos. Apresentam o aspecto branco leitoso entre 800º e 1000ºC, 
formando borbulhas a partir de 1000ºC. 
3. Resinas. Desaparecem a uma temperatura entre 500º e 700ºC. 
4. Compósitos. Produzem sua dissolução a partir de 500ºC. 
5. Amálgamas. Aos 200ºC o amálgama se dissocia liberando o mercúrio e 
acima desta temperatura apresenta um aspecto pulverulento. Ao 
amálgamas são as restaurações que resistem menos tempo à ação do 
fogo: em 15 (quinze) minutos a 175ºC formam-se borbulhas gasosas 
voltando ao seu estado anterior depois de esfriar-se. 
6. O comportamento do metal submetido a ação de elevadas 
temperaturas produz diferentes modificações conforme a sua 
composição: 
 O primeiro grupo contém 18% de cromo, 8% de níquel e de 0,02 a 
0,05% de carbono. O intervalo do ponto de fusão está entre 1400º a 1450ºC. 
 O segundo grupo contém 18% de cromo, 14% de níquel e de 
0,03 a 0,08% de carbono. O intervalo do ponto de fusão está entre 1290º a 
1395ºC. 
7. A utilização do cromo-cobalto na confecção de aparelhos de prótese 
dentária removível (roach), apresenta o ponto de fusão no intervalo 
entre 1290º a 1395ºC. Utiliza-se também para confeccionar este tipo de 
aparelho removível, o níquel-cromo que apresenta um intervalo de 
fusão ainda mais alto, entre 1350º a 1400ºC. 
8. Os metais nobres nas suas formas puras são cada vez menos 
empregadas em odontologia devido ao seu elevado preço. O ouro 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
46
puro, que já foi utilizado a alguns anos atrás em confecção de 
restaurações e até mesmo em confecção de pontes fixas, apresenta o 
ponto de fusão em 1063ºC. As ligas de ouro possuem componentes 
que elevam o seu ponto de fusão conseguindo aumentá-lo para 
1420ºC. 
 
2.10 A importância da radiografia dentária 
 
Muñoz (1999) esclareceu que “no material odontológico oferecido,o 
de maior confiabilidade foram as radiografias”. 
Kogon & Maclean (1996) estudaram a validação de radiografias intra-
orais em função do tempo decorrido entre exposições antemortem e 
postmortem. Períodos de até 30 anos foram testados, nos quais houve 
intervenção odontológica, como por exemplo, substituição de restaurações e 
extrações de dentes. Os autores concluíram que após um intervalo de 20 
anos, a acuidade era reduzida significativamente. 
Gruber et al. (2001) ressaltaram que vários métodos são empregados 
na identificação de restos humanos, sendo que a maioria é baseada na 
comparação entre dados antemortem e postmortem disponíveis. Embora a 
técnica da impressão digital seja considerada a mais precisa, em muitos 
casos ela não pode ser utilizada, especialmente quando os corpos foram 
mutilados, decompostos, queimados ou fragmentados. Nestas situações, os 
métodos utilizados pela Odontologia Legal tornam-se extremamente 
valiosos, uma vez que os dentes e as restaurações são muito resistentes à 
destruição pelo fogo, preservando numerosas características individuais. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
47
Assim, oferecem a possibilidade de uma identificação acurada e aceita pelas 
autoridades legais. 
Historicamente, para Gruber et al. (2001), a aplicação da radiologia 
em ciência forense foi introduzida em 1896, apenas um ano após a 
descoberta dos raios X por Roentgen, para demonstrar a presença de balas 
de chumbo na cabeça de uma vítima. 
Em um desastre de massa, Singleton (1951) empregou os raios X no 
trabalho de identificação de vítimas. Desde então, Cirurgiões-dentistas com 
treinamento especial e experiência em Odontologia Legal, têm sido 
freqüentemente requisitados para colaborar no processo de identificação de 
corpos individuais e de desastres de massa. 
A obtenção de radiografias intra-orais de boa qualidade em pacientes 
vivos, em geral, não apresenta grandes dificuldades, para Oliveira et al. 
(1999). Entretanto, quando este tipo de radiografia deve ser realizado em 
dentes de pessoas falecidas, cujos tecidos moles perderam a elasticidade e 
tornaram-se rígidos (rigor mortis), a inserção do filme, bem como sua 
retenção na posição correta entre a língua e a superfície lingual dos dentes, 
oferece, freqüentemente algumas dificuldades. Particularmente complicada 
torna-se esta operação em corpos parcial ou totalmente carbonizados, 
devido à natureza extremamente frágil dos restos dentais. O uso de força 
para a introdução do filme pode acarretar a destruição da dentição, com 
perda subseqüente de informações cruciais. 
As radiografias intra-orais comuns podem fornecer evidências 
importantes quando empregadas em Odontologia Legal devido a grande 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
48
quantidade de informações registradas no filme radiográfico, Gruber et al. 
(2001). Características anatômicas, como o tamanho e formas das coroas, 
anatomia pulpar, posição e forma da crista do osso alveolar são muito úteis. 
O tratamento dos dentes resulta em características únicas e individuais que, 
na maioria das vezes, são bem visíveis nas radiografias comuns. Assim, a 
técnica de identificação consiste essencialmente na comparação entre as 
radiografias obtidas em vida (antemortem), arquivadas nos consultórios 
odontológicos, com as radiografias obtidas após a morte (póstmortem). 
Para Goldstein et al. (1998) a radiologia serve como um dos tipos 
mais objetivos de informação para o diagnóstico de tratamentos clínicos e é 
considerada como evidência definitiva em casos de identificação. 
Goldstein et al. (1998) afirmaram que a comparação entre as 
radiografias odontológicas pré e pós-morte constitui uma base importante 
para a identificação humana. Em casos onde os corpos necessitam de 
identificação utilizando métodos comparativos científicos, a radiografia 
odontológica está sempre presente. Fichas e radiografias odontológicas são 
de importância inestimáveis na identificação humana em desastres de 
massa. As radiografias odontológicas são de alto valor em identificação 
forense pois, reproduzem a condição precisa da anatomia dos dentes e da 
mandíbula. 
Para Oeschger & Hubar (1999), as radiografias odontológicas ante e 
pós-morte, são valiosas provas legais para utili zação na identificação de 
pessoas. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
49
Mailart et al. (1991) afirmaram que a radiografia dento-maxilo-facial 
desempenha um importante papel na odontologia forense, pois a imagem 
radiográfica dos dentes e dos ossos da face é um registro permanente 
destes tecidos. No caso de uma identificação de corpos, basta reproduzirem 
radiografias dos elementos dentários ou da face, e compará-las com as 
radiografias realizadas quando a vítima ainda era viva. 
Para Mailart et al. (1991) dentre os detalhes que devem ser 
analisados entre as radiografias pré e pós-morte estão: o formato dos dentes 
e raízes, formato das restaurações, forramento das restaurações, dentes 
cariados, tratamentos endodônticos, dentes ausentes, dentes inclusos, 
raízes residuais, dentes supranumerários, grau de atrição ou abrasão, 
fraturas coronárias, grau de reabsorção óssea por doença periodontal, 
diastemas, oclusão, próteses, além do padrão do trabeculado ósseo, reparos 
anatômicos (forâmen mentoniano, canal mandibular), patologias ósseas e 
apicais, canais nutritivos e contorno do seio maxilar, orientando-se a análise 
dos aspectos mais para os menos evidentes. 
 
2.11 Radiologia digital na odontologia legal 
 
Gruber et al. (2001) destacaram o avanço espetacular da 
microeletrônica e da informática, aliado à redução no custo de equipamentos 
computadorizados, permitiu o desenvolvimento de novas técnicas mais 
poderosas e confiáveis de comparação de imagens radiológicas com 
aplicação em Odontologia Legal. 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
50
Existem inúmeras variações da técnica radiológica digitalizada porém 
a metodologia consiste nas seguintes etapas: 
1. digitalização de imagens radiográficas mediante a utilização de um 
scaner ou câmara de vídeo, ou ainda, mediante aquisição da imagem 
diretamente de um sistema de raios X acoplado a um computador com 
monitor, impressora e gravador de CD-ROM; 
2. manipulação das imagens por um software adequado, permitindo 
comparações, seja por superposição, interposição ou subtração de 
imagens, de acordo com Wood et al. (1999). 
Para Gruber et al. (2001), estas técnicas modernas permitem 
comparar com precisão relações espaciais das raízes e das estruturas de 
suporte dos dentes em imagens antemortem e postmortem. 
Há softwares que apresentam recursos de rotação, translação e 
ajuste de tamanho das imagens, facilitando a correção do posicionamento 
da radiografia postmortem em relação à antemortem, sem que haja a 
necessidade de novas exposições, segundo Hubar & Carr (1999). 
Uma aplicação militar interessante, financiada pela Marinha 
Americana, foi descrita por Southard & Pierce (1986): radiografias 
digitalizadas antemortem, obtidas em diferentes consultórios odontológicos, 
foram arquivadas em computadores portáteis e, após um desastre, 
transmitidas via modem para a localidade do evento para fins de análise 
forense. 
Gruber et al. (2001) concluíram que “pouco tempo após a descoberta 
dos raios X, no fim do século XIX, e ao longo do século XX, a análise de 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
51
registros dentais acompanhados de radiografias antemortem e postmortem 
tornou-se uma ferramenta fundamental no processo de identificação em 
Odontologia Legal. A partir da segunda metade da década de 80 até os dias 
atuais, o grande avanço tecnológico na área de informática culminou em um 
refinamento da técnica, por meio da radiografia computadorizada, 
oferecendo maior acuidade nas identificações”. 
Hanaoka et al. (2001) destacaram a aplicação datecnologia da 
radiografia dentária digital na identificação de dois casos de assassinato. 
Em ambos os casos, a radiografia digital provou que o seu uso é simples, 
rápido e efetivo, permitindo realizar a superposição e ampliação das 
imagens radiográficas. Foram obtidas pela utilização deste sistema no 
necrotério, mais de 20 (vinte) imagens digitais de diferentes ângulos no 
período de 5 (cinco) a 6 (seis) minutos. As principais vantagens do sistema 
de radiografia digital direto são: 
1. A dose de radiação é relativamente baixa; 
2. Somente 2 (dois) a 3 (três) segundos após a exposição da radiação 
são necessários para a obtenção de imagens radiográficas, não 
necessitando de equipamentos adicionais como câmara escura, 
revelador, fixador e demais componentes para a revelação dos filmes 
radiográficos tradicionais; 
3. As imagens obtidas podem ser analisadas facilmente, aumentando-as, 
medindo-as ou colorindo-as; 
4. As imagens eletrônicas podem ser armazenadas; 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
52
5. Receber, enviar e armazenar as imagens de radiografias digitais por 
redes de computadores é muito fácil. 
Estas vantagens são muito importantes e pertinentes na identificação 
pelo exame dos dentes, principalmente para a utilização do método de 
comparação de radiografias anteriores à morte, com as obtidas após a 
morte, a angulagem do aparelho de raios x tem que ser a mesma. Será fácil 
obter com o sistema de radiografia digital esta mesma angulagem e 
principalmente realizar a superposição destas imagens pelo sistema 
computadorizado e obter os pontos coincidentes com maior rapidez. 
 Ressaltaram ainda Hanaoka et al. (2001) que no futuro próximo, este 
sistema de radiografia digital seja utilizado para transmitir dados e registros 
antemortem e postmortem por redes de computadores e esta possibilidade 
abre oportunidades ilimitadas para a identificação dentária em todo o 
mundo. 
 
2.12 Radiografias panorâmicas e sua utilização nas especialidades 
odontológicas 
 
 Brandt et al. (2000) relataram que o conceito dos Raios X extra-
bucais panorâmicos rotatórios foi criado no Japão pelo Dr. Numata em 1933. 
Várias especialidades em odontologia utilizam rotineiramente a radiografia 
panorâmica com variados objetivos. No diagnóstico bucal, a interpretação 
radiográfica combinada às informações do paciente, resulta na elaboração 
do plano de tratamento. Ultimamente a radiografia panorâmica tem sido 
utilizada como referência para se executar exames tomográficos afim de 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
53
determinar a extensão de alguma nosologia que envolva os tecidos do 
sistema estomatognático. O exame radiográfico é primordial em Diagnóstico 
Bucal sendo uma das mais importantes fontes de informações, às vezes a 
única. 
 Segundo considerações de Brandt et al. (2000), ninguém constrói 
uma estrutura nova numa fundação não conhecida. Quando do preparo do 
paciente para uma prótese dentária, o Cirurgião-dentista deve analisar 
radiograficamente as linhas de estruturas da área maxilofacial. Em casos de 
edêntulos e idosos, as radiografias panorâmicas causam menor desconforto 
além de permitir uma melhor visão das estruturas ósseas, da área dentária e 
qualquer patologia como dentes impactados, cistos e tumores intra-ósseos. 
 Os periodontistas necessitam de detalhes e nitidez da região 
periapical e do osso alveolar. A capacidade das radiografias periapicais 
fornecerem estes detalhes e nitidez, tornam-se esta técnica a de escolha 
para esta especialidade. Porém as radiografias periapicais não são 
suficientemente grandes para mostrar os limites das lesões de maiores 
dimensões enquanto as radiografias panorâmicas são excelentes para 
avaliar os ossos do complexo maxilo -facial de forma rápida, porém mostram 
somente perdas ósseas moderadas ou severas. Uma completa avaliação 
periodontal do paciente, requer ambos os tipos de radiografias, periapicais e 
panorâmicas, afirmaram Brandt et al. (2000). 
 A necessidade do exame radiográfico em crianças, no geral, é para 
detectar cáries e patologias. Entretanto, devido a cavidade bucal ser 
pequena, a criança é freqüentemente um paciente difícil para realizar a 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
54
radiografia intrabucal. Já a radiografia panorâmica é notadamente bem 
tolerada pelas crianças, e em casos mais difíceis, é geralmente a única 
técnica radiográfica praticada. A Odontopediatria está interessada na relação 
do crescimento maxilo-mandibular e desenvolvimento da dentição decídua e 
permanente. A radiografia panorâmica é um excelente caminho para obter 
uma visão contínua da área dental em um filme: todos os dentes presentes, 
dentes perdidos, supranumerários e impactados, além de enfermidades que 
afetam o osso podem ser facilmente detectados e acompanhados. A 
radiografia panorâmica é melhor entendida pelos pais da criança e por ela 
própria. A fácil visualização permite ao Cirurgião-dentista explicar e 
exemplificar o objetivo e a necessidade do tratamento, para Brandt et al. 
(2000). 
 A Ortodontia está intimamente relacionada com pacientes onde a 
dentição permanente começa a erupcionar. Em todos estes pacientes, é de 
interesse vital para a ortodontia, o crescimento maxilo-mandibular, o 
desenvolvimento do crânio e o espaço para a dentição. A ortodontia, mais do 
que qualquer especialidade na odontologia, pesquisa estruturas ósseas 
como destacaram Brandt et al. (2000). 
 A importância dos implantes dentários é fato aceito universalmente e 
qualquer Cirurgião-dentista que queira colocar implantes, necessita saber 
sua correta posição. A radiografia panorâmica é muito utilizada para realizar 
o planejamento cirúrgico e protético para a confecção do implante (Brandt et 
al. 2000). 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
55
 As entidades anatômicas devem ser vistas de uma forma ampla, 
geral, possibilitando ao cirurgião buço-maxilo-facial um estudo mais 
detalhado para o planejamento do ato cirúrgico. As radiografias panorâmicas 
são bastante úteis na Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial pela 
abrangência de estruturas que elas captam, com pequena dosagem de 
radiação e fácil execução. Além disso, pacientes com fraturas ou mesmo 
bandados e todos aqueles que apresentam enfermidades que dificultam a 
utilização de outras técnicas radiográficas devido à impossibilidade de 
abertura da boca, podem valer-se desta técnica da radiografia panorâmica, 
segundo Brandt et al. (2000). 
 No entendimento de Brandt et al. (2000), apesar da evolução da 
utilização das radiografias panorâmicas nas diversas especialidades da 
Odontologia, as radiografias intrabucais também são de extrema 
necessidade. Uma completa a outra. 
 “As radiografias panorâmicas (visão geral da cavidade bucal, detalhes 
dos dentes e partes mineralizadas) foram as que ofereceram melhores 
resultados” na identificação, ressaltou Muñoz (1999). 
 
2.13 Exame médico e radiológico 
 
Buchner (1985) afirmou que o exame externo dos corpos pode 
fornecer informações relativo a sexo, estimativa da idade, estatura e peso, 
cor dos olhos e cabelo. As tatuagens da pele, cicatrizes (devido a cirurgias 
anteriores). Nestes casos a fotografia é indicada dos sinais particulares das 
vítimas, que auxiliarão muito na identificação. Ao exame interno, são obtidas 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
56
informações relativo à causa da morte, e evidências de doenças anteriores 
para comparação com registros médicos. A evidência de remoção cirúrgica 
de órgãos como apêndice indica um procedimento cirúrgico anterior e pode 
servir como uma base para comparação. Em casos de corpos severamente 
carbonizados, a distinção entre os sexos, pode ser feita pelo exame dos 
órgãos genitais internos. As radiografias médicas após a morte pode 
demonstrar características do esqueleto comofraturas antigas, parafusos 
cirúrgicos, anomalias ósseas congênitas. O exame radiográfico representa 
um papel muito importante em casos de corpos esqueletizados, queimados 
para a identificação. Através do exame radiográfico podem ser descobertos 
objetos metálicos e materiais externos (projétil) não observados durante o 
exame médico clínico. 
 
2.14 Exame antropológico 
 
Buchner (1985) ressaltou que o esqueleto humano contêm uma 
abundância de informações que pode conduzir à determinação fidedigna da 
idade, sexo, raça, estatura. Pode ser necessário dissecar os ossos longos 
para a determinação da altura em corpos em estado adiantado de 
putrefação, corpos mutilados ou incinerados, ou examinar os ossos pélvicos 
para esclarecimentos sobre sexo, raça e estatura. A pélvis é a parte mais 
importante do esqueleto para determinar o sexo. Uma mina de informações 
está disponível nas medidas dos ossos que caracterizam muitas raças. O 
exame do crânio, pélvis e dos ossos longos são importantes. Os ossos da 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
57
perna, principalmente o fêmur e a tíbia traduzem em estimativas mais 
precisas para a determinação da estatura. 
 
 
2.15 Identificação por exclusão 
 
A identificação por este método de exclusão só é possível em um 
desastre de massa onde está previamente determinado uma lista precisa de 
vítimas que corresponde com o número de corpos encontrados, segundo 
Buchner (1985). 
A identificação de uma mulher em um acidente aeronáutico pode ser 
feita pelo método de identificação por exclusão se é conhecido previamente 
que todos os passageiros à bordo da aeronave eram homens, com exceção 
de uma mulher, e que ao exame médico-legal comprovou a presença de 
características femininas em apenas um dentre todos os corpos 
examinados. Outro exemplo de identificação por exclusão é a identificação 
de várias crianças queimadas em acidente de ônibus. As características 
dentárias habilitam a identificação fundamentada na idade como 
característica de grande diferencial. Este método de exclusão não é muito 
fidedigno, porém em certas ocasiões, às vezes é o único método disponível 
para a identificação. 
 
 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
58
2.16 O odonto-legista no desastre de massa 
 
Muñoz (1999) destacou que “a ajuda de um odontólogo experiente em 
desastres aéreos com muitas vítimas, é de extraordinária valia, 
principalmente porque uma ficha dentária, tecnicamente bem elaborada, 
permite a identificação inequívoca”. 
Pueyo et al. (1994) ressaltaram que a atuação do odonto -legista é 
fundamental na identificação dos cadáveres nos desastres de massa não 
esquecendo que antes que ele intervenha, devem ser empregados todos os 
métodos possíveis de identificação, como a dactiloscopia, exames 
sorológicos e exames médicos legais, nos casos em que estes exames são 
possíveis de serem empregados. Se apesar da prática destes métodos os 
resultados para a identificação são negativos, neste instante o odonto-legista 
entra em ação e inicia o seu trabalho para identificar as vítimas, através do 
exame odontológico, e das características que apresentam os arcos 
dentários da vítima. Os dados anteriores à morte são imprescindíveis para a 
utilização do método comparativo, com os elementos apresentados ao 
exame pós desastre. 
Para Muñoz (1999), “o contato e entrevistas com familiares e com 
outros profissionais, com a finalidade de obter os dados das pessoas 
desaparecidas para confronto deve ser realizado por pessoas treinadas. 
Além disso, deve haver maior número de profissionais (médicos e dentistas) 
treinados para integrarem a equipe de necroidentificação, no caso de um 
acidente de massa. Ainda em termos de pessoal, seria essencial ao bom 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
59
andamento do trabalho, a presença de um grupo de apoio logístico, para 
providenciar todo o material que se fizesse necessário às equipes periciais” 
Pueyo et al. (1994) asseguraram que como uma situação caótica de 
desastre de massa faz necessário uma reação rápida, o melhor momento 
para começar a organizar esta reação é antes que o desastre aconteça. 
Desta forma, parece estar claro que todo país com capacidade de se 
organizar preventivamente ao desastre de massa deveria possuir um grupo 
de odonto-legistas. 
 Os grupos podem organizar-se a nível de estados, regiões 
geográficas ou inclusive a nível federal. O que é importante, é que toda a 
área geográfica do país seja abrangida pelos grupos de odonto-legistas. 
Recomenda-se reuniões programadas regulares e exercícios práticos 
simulados para elaboração de questionários, odontogramas, que auxiliem na 
identificação humana, assim como palestras educativas sobre diversos 
temas em um Programa de Educação Continuada para toda a equipe. 
A experiência em numerosas situações de desastres, sugere certos 
requisitos de organização. Primeiro, deverá haver um Coordenador 
claramente designado com autoridade e responsabilidade para concluir a 
identificação dentária. Este deverá nomear uma ou mais pessoas para atuar 
com ele ou substituí-lo quando precisar de se ausentar. Tanto o 
Coordenador como o seu imediato devem possuir à sua disposição durante 
todo o tempo, o número de telefones do trabalho, residência e do telefone 
celular de todos os membros treinados do grupo de odonto-legistas que 
desejam prestar serviços em casos de desastres de massa. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
60
Todo o membro do grupo deve estar previamente familiarizado com 
os procedimentos que devam obedecer em situação de desastre, 
particularmente os métodos normais de elaboração de odontogramas. Deve 
haver procedimentos escritos que determinem como agirá o grupo e que 
descrevam as tarefas que serão realizadas. O manual deve incluir um 
modelo de odontograma o quadro de desenvolvimento etário dos dentes, e 
dados de Atlas do Crânio e seus anexos. 
Os membros do grupo devem estar dispostos a realizar todas as 
tarefas necessárias, inclusive de fazerem a tomada radiográfica e o dever 
sagrado: os registros odontológicos. 
É absolutamente essencial que este grupo de odonto-legistas tenha 
uma relação de trabalho com os órgãos legalmente encarregados da 
investigação de desastres, para que juntos desenvolvam um trabalho em 
equipe. Quando for notificado um desastre ao Coordenador, ele deverá 
imediatamente contactar todos os membros do grupo e confirmar se estão 
dispostos ao trabalho. Também deve verificar a disponibilidade da equipe e 
dos materiais. 
Entretanto o Coordenador avaliará as exigências de pessoal, espaço, 
tempo. Também deverá certificar-se prontamente de que se consigam os 
dados antemortem dos envolvidos no desastre , pois a falta destas 
informações limitará o sucesso das investigações. 
A qualidade da investigação melhora quando o grupo de odonto-
legistas é enviado ao local do acidente aeronáutico. É mais provável que 
estes peritos identifiquem dentes enegrecidos e pedaços de mandíbulas por 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
61
exemplo, do que as pessoas que não sejam familiarizadas com a 
odontologia. 
No local do acidente, deverá ser realizado uma descrição das 
principais características da cena. Anotação cuidadosa da localização onde o 
corpo foi recolhido e o odonto-legista fará um exame rápido da boca para 
avaliar o estado bucal. Portanto, será capaz de observar se é necessário 
procurar coroas protéticas fraturadas, dentes avulsionados, próteses parciais 
ou totais que estão fora da boca e assim sucessivamente. Logicamente que o 
exame bucal definitivo será realizado no Instituto de Medicina Legal. Tudo o 
que possa recolher, será colocado em bolsa individual e numerada, junto ao 
corpo para que seja levado ao Instituto de Medicina Legal. 
Ressaltou Botha (1986) que a identificação é um trabalho de equipe.Como os patologistas forenses, a polícia e os técnicos têm sua contribuição 
própria para se fazer a identificação, é essencial que o odonto-legista não 
trabalhe sozinho. 
O odonto-legista deve acompanhar a polícia e o patologista forense ao 
local do acidente, e, posteriormente, fazer a identificação em local apropriado. 
O corpo deve ser examinado para se estabelecer o status dental que poderá 
auxiliar na procura de fragmentos na área ao redor do corpo. Estes 
fragmentos podem ser de partes da mandíbula, dentes avulsos, peças 
metálicas, coroas, ponte fixa, aparelho ortodôntico, dentadura parcial ou 
completa. Um saco plástico deve ser colocado ao redor da cabeça das 
vítimas e pode ser seguro por elásticos, como prevenção de perdas de dentes 
ou restaurações no transporte ou na manipulação dos corpos. Os fragmentos 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
62
encontrados deverão ser colocados em um saco plástico devidamente 
identificado e conduzido junto ao corpo da vítima. Chegando no local para 
exames, o patologista e o odonto-legista devem estar presentes quando os 
sacos forem abertos e os conteúdos examinados e identificados. O odonto-
legista deve examinar a boca, língua, esôfago, traquéia e pulmões. 
No incêndio, o gás produzido nos intestinos, pulmões e estômago 
poderá causar a protrusão da língua, resultando uma certa proteção para os 
dentes. A língua deve ser retirada anteriormente, ou pressionada para a 
cavidade oral. O lábio superior se mostra normalmente contraído para cima, e 
o lábio inferior para baixo, com a língua se protruzindo entre os dentes. Os 
dentes anteriores devem ser limpos cuidadosamente com uma escove de 
dentes, algodão, instrumentos manuais e posteriormente, fotografados. O 
mapeamento dos dentes anteriores será completo neste estágio, pois eles 
poderão facilmente esfacelar-se ao toque. Os ossos faciais e mandíbula serão 
examinados em busca de fraturas. 
Para Botha (1986), o exame das estruturas bucais é melhor realizado 
por uma equipe constituída por dois odonto-legistas, um radiologista 
odontológico e um fotógrafo. 
 
As fotografias importantes para identificação deverão possuir, quando 
possível: 
1. face completa; 
2. dentes anteriores em oclusão; 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
63
3. vistas bucais dos dentes em oclusão do lado direito e do lado 
esquerdo; 
4. vistas oclusais mandibulares e maxilares; 
5. close de qualquer característica em especial, como coroas protéticas, 
pontes fixas, aparelhos removíveis, aparelhos ortodônticos, torus 
mandibular, diastema, má-oclusões e dentes supranumerários. O 
número causa e uma escala devem estar em posição em cada 
fotografia. 
6. As fotografias realizadas no local do acidente devem incluir alguns, ou 
preferencialmente, todos os seguintes itens: 
a) filmes de 35 mm coloridos; 
b) filmes de 35 mm preto e branco; 
c) filmes tipo Polaroid; 
Briñon (1982) ressalvou que a identificação de corpos carbonizados é 
uma tarefa muito difícil de se realizar e não se pode improvisar a forma 
correta de atuação, como também a atitude que se deve assumir. A 
minuciosidade e imparcialidade são premissas fundamentais para realizar a 
perícia e não se deve descartar nada por mais insignificante que seja, tão 
pouco devemos formar hipóteses sobre os fatos, para não nos levar a 
conclusões erradas. 
Briñon (1982) recomendou que sejam levadas máquinas fotográficas, 
e um mini gravador por ser esta uma forma rápida de registrar 
audiovisualmente, tudo o que acontece, inclusive os comentários de outros 
odonto-legistas que se encontram no local do acidente, que permitirá uma 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
64
reconstrução quase perfeita dos fatos. Serão ouvidas opiniões às mais 
diversas, porém muitas serão importantes. 
Briñon (1982) destacou: “O primeiro momento de atuação do 
perito é imponderável”, justamente ao recolher o material, este pode 
subdividir-se, romper-se, perder-se, mas, antes que isto aconteça, deve-se 
fazer o registro fotográfico antes da separação total, o que facilitará a 
reconstrução posteriormente. 
Vale et al. (1991) afirmaram que poderia aceitar um fragmento 
queimado da mandíbula como o único resto de um corpo encontrado em 
uma porção de ruínas quase que totalmente destruídas pelo intenso calor. 
O número real dos grupos de odonto-legistas será ditado pela 
magnitude do acidente aeronáutico, a disponibilidade dos peritos, o espaço 
disponível para a realização dos exames postmortem. É importante que 
outro grupo de odonto-legistas seja designado para receber e traduzir as 
informações de registros odontológicos das vítimas do acidente que são 
entregues pela família, para a comparação. Estes registros odontológicos 
deverão ser conservados em ordem e numerados, pois a perda de tempo e 
frustração são grandes, quando acontece o extravio destes registros. 
O Coordenador é o responsável pelas investigações, e pelo fluxo de 
trabalho desenvolvido pelos membros do grupo, devendo eliminar 
dificuldades, informar sobre as descobertas dentárias ao Coordenador Geral 
e obter informações necessárias. A segunda pessoa em autoridade deverá 
substituir o Coordenador principalmente quando for necessário organizar 
dois turnos de trabalho. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
65
 Os grupos de odonto-legistas geralmente se darão conta de que 
devido à carbonização, a rigidez cadavérica dificulta o acesso aos dentes. 
Para separar a maxila da mandíbula, será necessário muita força ou poderá 
ser necessário cortar distalmente desde as comissuras labiais até a borda 
posterior da mandíbula e então cortar através do ramo ascendente da 
mandíbula de cada lado, o que permitirá o acesso aos dentes. 
Jakobsen et al. (1974) recomendaram fazer uma incisão em forma de 
ferradura do ângulo inferior da mandíbula de um lado até o outro lado, 
dissecando os músculos e expondo os dentes. Os músculos após os 
exames serão reposicionados e suturados, preservando o aspecto facial. 
Ao iniciar os exames, não se tem uma certeza de que as radiografias 
postmortem serão encontradas para informação geral sobre a vítima para 
comparação com radiografias antemortem específicas. Portanto, a princípio 
é aconselhável que se obtenha radiografias que possam ser usadas para 
uma futura comparação com dados antemortem. Insistimos em que os 
processos de exames e de elaboração dos odontogramas são mais 
eficazes, e completos, se as radiografias postmortem estiverem à disposição 
dos odonto-legistas para inspecioná-las no momento em que realizam o 
exame. A busca de informações antemortem deve iniciar tão logo os grupos 
de odonto-legistas sejam formados, já que algumas destas informações 
poderão demorar a chegar. Parte da preparação anterior ao desastre de 
massa, deve incluir a educação dos órgãos que cooperem no que seja 
necessário, com a informação da importância dos detalhes e dados 
odontológicos completos das vítimas, com destaque especial para as 
REVISÃO DA LITERATURA 
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radiografias antemortem. Este valioso material é obtido contactando com o 
Cirurgião-dentista da suposta vítima, com o auxílio de seus familiares e 
amigos. Quando não se têm à disposição informações sobre dados 
odontológicos convencionais, os familiares e amigos podem proporcionar 
informações úteis através de fotografias que demonstrem características 
dentais, como espaços, ausência de dentes, protrusão. A fotografia que 
demonstre diastema pode ser a chave necessária para identificar uma vítima 
e fazer uma possível identificação de uma pessoa por exclusão. Pode ser 
necessário fazer-se referência muitas vezes a uma informação sobre a 
mesma vítima, devido que os dados antemortem poderão vir de radiografias 
odontológicas. 
É aconselhável, quando possível, completar a elaboração dos 
odontogramas postmortem de todos os casos,antes de iniciar a identificação 
dos casos individuais. Esta não só é uma intervenção mais ordenada, como 
também assegura que se tenha disponível para posterior comparação, todas 
as evidências postmortem, facilitando a comparação com as evidências 
antemortem que forem conseguidas. 
Os odontogramas postmortem completos devem ser separados por 
sexo, e colocados em pastas etiquetadas. Em um acidente aeronáutico de 
grandes proporções, poderá ser útil separar as vítimas por idade. A 
elaboração de odontogramas postmortem costumam ser concluídos antes 
que se tenha recebido as informações dos odontogramas antemortem. 
Portanto, a comparação deverá ser realizada entre os odontogramas 
antemortem individuais, com todos os odontogramas postmortem de vítimas 
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67
não identificadas. Se foram divididos os odontogramas postmortem por sexo, 
se economiza muito tempo ao comparar o odontograma antemortem 
somente com os do sexo adequado. Se as coincidências não são 
encontradas, deverão ser revisadas com os do sexo oposto, devido a um 
possível erro ao fazer a subdivisão por sexo. 
Mesmo assim, deve considerar- se a possibilidade de erros ao 
preencher os odontogramas, por exemplo: se falta o dente 16 (primeiro 
molar superior direito) com fechamento completo do espaço deste dente 
ausente, os dois molares restantes podem ser denominados erroneamente e 
incluir-se como sendo os dentes 16 (primeiro molar superior direito) e 17 
(segundo molar superior direito) ao invés de corretamente como 17 e 18 
(segundo molar e terceiro molar superior direito respectivamente). Como 
resultado, os odontogramas poderão se apresentar com alguns destes 
equívocos. Em alguns casos, a coincidência será imediatamente evidente 
quando os dois odontogramas corretos são colocados lado a lado. Deve-se 
buscar a confirmação positiva comparando radiografias dentais, ou se estas 
não estão ao seu alcance, revisando em forma cruzada a idade ou 
características físicas como cicatrizes de apendicectomia, cor de cabelo, 
estatura, peso. Em outros casos, a coincidência das formas dará por 
resultado uma lista de “possibilidades” a partir da qual se estabeleceria a 
coincidência correta na forma acima descrita. 
Após a identificação dos casos “fáceis”, deve-se obter informações 
antemortem adicionais dos casos duvidosos. O importante processo de 
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68
associação e exclusão é utilizado para colocar a vítima desconhecida em 
grupos menores, até que resulte na identificação. 
 
2.16.1 Fatores internos e externos que dificultam a identificação odonto-
legal em desatres de massa 
 
Branon & Kesler (1999) analisaram 50 (cinqüenta) desastres de 
massa para detectar a variedade de problemas surgidos que dificultaram o 
trabalho das equipes de identificação dental, e , sugerem que algumas 
atitudes preventivas devem ser consideradas e seguidas para que os 
mesmos insucessos não se repitam, em outros desastres de massa. Embora 
os desastres de massa apresentem características comuns, cada desastre 
de massa apresenta uma peculiaridade diferente do outro desastre. 
Foram classificados os problemas de identificação dental em duas 
categorias: 
1) Os problemas que a equipe de identificação dental normalmente não 
teve nenhuma culpa ou forma de evitá-los, e foram classificados como 
problemas externos, e 
2) Os problemas que tiveram sua origem no local de trabalho da equipe 
de identificação dental e que poderiam ser evitados pela equipe e 
foram classificados como problemas internos. 
 
Problemas externos detectados: 
 
1) falta de recuperação adequada de estruturas dentais no local do 
acidente; 
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69
2) fragmentação e mutilação de crânio e mandíbula; 
3) deslocamento de estruturas dentais para fora dos arredores bucais, e 
para outras partes do corpo; 
4) ausência de odonto-legistas à cena do desastre é um grande obstáculo 
para uma identificação precisa; 
5) registros dentais inadequados com o odontograma preenchido 
erroneamente, ilegível, ou até mesmo a sua inexistência; 
6) passageiros estrangeiros dificultaram a identificação pela demora e 
dificuldade de enviar os dados dos registros dentais; 
7) familiares não souberam informar quem era o Cirurgião-dentista da 
vítima para conseguir os registros dentais; 
8) próteses removíveis e dentaduras que não possuem o nome gravado 
do paciente; 
9) passageiro de avião que utiliza o passaporte com o nome de outra 
pessoa; 
10) falta de equipamentos e instrumentais necessários para que o odonto-
legista exerça o seu trabalho; 
11) imposição de horário rígido e extenso de trabalho do odonto-legista, 
para a conclusão rápida de identificação das vítimas; 
12) a informação prévia da mídia sobre a identificação das vítimas, antes 
da conclusão do trabalho dos odonto-legistas; 
13) a melhoria estética dos materiais restauradores odontológico, muitas 
vezes, dificulta a sua percepção ao exame clínico do odonto-legista; 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
70
Problemas internos detectados: 
 
1) a falta de experiência de profissionais em odontologia e voluntários 
para o trabalho de identificação em desastre de massa; 
2) odontólogos sem experiência forense responsáveis pela transcrição 
dos registros anteriores à morte, caracterizou 40% de erros neste 
trabalho de transcrição; 
3) o trabalho de identificação em 24 horas por dia em equipes divididas 
em turnos, ficou constatado que por não estarem acostumados à 
mudança abrupta de hábitos e mudança do horário biológico, a equipe 
que trabalhou no turno da madrugada, cometeu mais erros na 
identificação. 
Para Brannon & Kessler (1999), infelizmente, muitos problemas que 
acontecem na identificação odontológica em desastres de massa, são 
inevitáveis. 
Morlang (1986) enfatizou que a chave para o sucesso de uma equipe 
de identificação dental está no treinamento, preparação prévia ao desastre 
de massa. 
As informações para a mídia sobre os trabalhos de identificação de 
vítimas de desastre de massa, devem ser transmitidas apenas pelo chefe do 
centro de identificação, segundo Morlan (1982). 
 Brannon & Kessler (1999) concluíram ser importante utilizar todos os 
meios disponíveis para a identificação como as impressões digitais, exames 
antropológicos, exames físicos e exames odontológicos para aumentar a 
possibilidade de uma identificação positiva. Que os erros causados pela 
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71
imposição de uma rapidez no trabalho de identificação, é muito mais danoso 
do que um trabalho realizado com a calma necessária para apresentar 
resultados favoráveis. 
 Brannon & Kessler (1999) alertaram para que a equipe de 
identificação dental devidamente treinados, deve ser proporcional à 
magnitude do acidente aeronáutico, pois um número pequeno de odonto-
legistas em um acidente aeronáutico com dezenas de vítimas, produzirá 
muito desgaste, tensão e conseqüentemente erros no processo de 
identificação, além de demandarem um maior tempo para que todas as 
vítimas sejam identificadas. 
 Barsley et al. (1985) afirmaram que há uma lição muito importante a 
ser aprendida desta calamidade sobre acidente aeronáutico quanto à 
identificação dental: preparação. 
Para Brannon & Kessler (1999), tanto em guerra ou na paz, o 
treinamento avançado e planejamento de toda a equipe de identificação 
dental, podem eliminar a maioria dos problemas que ocorrem na 
identificação de desastre de massa. 
Friedman & Novins (1996) destacaram as pressões psicológicas 
exercidas pela mídia e por políticos objetivando a conclusão rápida da 
identificação das vítimas. 
Vale et al. (1991) acentuaram que é importante a presença do 
antropólogo e do odonto-legista no local do acidente, para supervisionar e 
recuperar qualquer evidênciabiológica e dentária que possa ter sido 
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72
negligenciada pela equipe de resgate, e que são de extrema importância 
para a identificação positiva. 
Warnick (1987) defendeu que a presença do odonto-legista no local 
do acidente é imprescindível porque este profissional é o mais indicado para 
reconhecer partes de mandíbula, dentes ou coroas protéticas que são de 
grande valor para a identificação. 
Brannon & Kessler (1999) relataram que no acidente aeronáutico 
ocorrido em Tenerife com as aeronaves da Panam e KLM, as autoridades 
locais retiraram as próteses odontológicas removíveis das vítimas, e deram 
números às próteses diferentemente dos números dos corpos à que estas 
próteses pertenciam . Todas as próteses odontológicas retiradas foram 
armazenadas em um mesmo local e misturadas. É quase desnecessário 
mencionar a frustração que a equipe de identificação odontológica 
experimentou ao deparar com este fato. 
Titsas & Kieser (1999) salientaram que a identificação de vítimas de 
acidentes aeronáuticos pode ser difícil se os corpos se apresentam 
severamente carbonizados e desmembrados. Que os dentes expostos a 
altas temperaturas carbonizam e ficam altamente frágeis, podendo sofrer 
fraturas ou até mesmo serem perdidos durante o trabalho de resgate dos 
corpos no local do acidente. 
Muller et al. (1998) pesquisaram sobre os efeitos da alta temperatura 
em dentes pré-molares extraídos e levados ao forno com temperaturas de 
150ºC a 1150ºC. À temperatura de 150ºC, o esmalte dentário apresentou 
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rachaduras e a dentina com rachaduras evidentes a 450ºC. De uma forma 
interessante, a dentina manteve sua estrutura tubular até 1150ºC. 
Goldstein et al. (1998) afirmaram que os métodos tradicionais de 
identificação incluem a identificação visual, identificação de roupas e de 
artefatos pessoais, impressões digitais, exame de DNA e dados 
antropológicos, e características dentárias. Apesar da abundância de 
possíveis técnicas, em casos de decomposição de corpos, carbonização, 
provavelmente que a dentição humana é a mais valiosa informação para a 
identificação humana. 
 
2.17 Procedimentos de identificação utilizados pela força de defesa 
de Israel (I.D.F.) 
 
Em Israel, segundo Buchner (1985), a Divisão de Identificação da 
Força de Defesa de Israel desempenha um papel de grande importância nos 
procedimentos de identificação. Para o sucesso deste trabalho, foram 
associadas em 4 (quatro) principais Unidades (Unidade de resgate dos 
corpos, Unidade de identificação, Unidade de investigação e a Unidade 
comparativa) que desempenham as seguintes funções: 
 
1. Unidade de resgate dos corpos – resgata todos os corpos no local do 
desastre. Esta Unidade é formada por profissionais que não possuem 
formação em medicina especialmente treinados e somente em casos 
especiais unem à esta Unidade os patologistas, médicos, odonto-
legistas , antropólogos forenses, que trabalham como consultores. 
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74
Realizam o trabalho de colecionar informações sobre o desastre, 
inclusive em relação ao nome das vítimas envolvidas, a localização, 
data, hora e circunstâncias da morte. Esforçam-se em conseguir duas 
pessoas amigas ou familiares das vítimas para realizarem o 
reconhecimento visual, quando possível. 
2. Unidade de Identificação – também é formado por duas equipes, sendo 
uma equipe de profissionais não médicos e a outra equipe de 
identificação médica que é formada por patologistas, odonto-legistas, 
antropólogos forenses, técnicos de radiologia, fotógrafos. A equipe de 
profissionais não médicos examina a roupa e pertences e examina as 
impressões digitais dos dedos, quando possível. Se os corpos não 
podem ser identificados através dos registros de impressão digital, eles 
são transferidos imediatamente para a equipe médica para exames 
através de métodos científicos. 
3. Unidade Investigativa – recebe a lista das vítimas e investiga os dados 
anteriores à morte que possam ser encontrados, como ficha 
odontológica e radiografias panorâmicas que devem ser obtidas 
através do contato com o Cirurgião-dentista que atendeu a vítima em 
vida. Quando necessário, a equipe de unidade investigativa adquire 
prontuários médicos e radiografias médicas em hospitais como também 
informações do grupo sangüíneo. 
4. Unidade Comparativa – Realiza a análise e compara os dados obtidos 
dos exames realizados em vida, com os dados obtidos após a morte. É 
formado por profissionais da área médica como patologistas, odonto-
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
75
legistas, antropólogos forenses, radiologistas e peritos de impressão 
digital. O sucesso final do procedimento de identificação depende, não 
só da equipe altamente treinada, mas sobretudo de uma devoção 
especial para esta tarefa. 
 
2.18 A identificação de vítimas de desastres de massa pela INTERPOL 
 
Conforme De Winne (2001), quase toda a semana os desastres 
naturais e artificiais causam mortes múltiplas no mundo. Alguns destes 
desastres de massa envolvem passageiros de diferentes nacionalidades, e a 
INTERPOL (Organização de Polícia Internacional) desempenha um papel 
muito importante na identificação destas vítimas. 
Em 1980 durante a 49ª sessão em Manila, a Assembléia Geral 
através de uma resolução, foi aprovada a criação na INTERPOL, do Comitê 
Permanente para a Identificação de Vítimas de Desastres (INTERPOL DVI). 
Esta equipe é composta por policiais, odonto-legistas, patologistas e 
antropólogos forenses e sua formação iniciou com especialistas de 10 (dez) 
países da Europa Ocidental e atualmente abrange peritos de 29 (vinte e 
nove) países de todos os continentes. Foram desenvolvidas cooperações 
com outras Organizações Internacionais como as Nações Unidas para a 
Coordenação de Ações Humanitárias, Organização da Aviação Civil 
Internacional, Associação Internacional de Transporte Aéreo. 
Desde 1994 a INTERPOL DVI reali za reuniões anuais objetivando 
repassar as informações e experiências adquiridas em desastres de massa 
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76
anteriores e padronizar os procedimentos sobre identificação para os 177 
(cento e setenta e sete) países sócios da INTERPOL. 
Em 1986 foi publicado o Manual de Identificação de Vítimas de 
Desastres. A forma de se realizar a necropsia é projetada em anotar todos 
os dados possíveis da vítima que poderão ser de grande utilidade na 
identificação, como no estabelecimento da causa da morte. Toda informação 
que pode ser obtida por parentes, amigos, médicos e Cirurgiões-dentistas, 
sobre a vítima presumida ou pessoa desaparecida é importante para auxiliar 
na identificação através do método de comparação entre as informações 
recolhidas e o exame da vítima. 
A utilização de computadores facilita a troca de informações 
principalmente quando estão presentes no desastre, vítimas de vários 
países. Conforme o número elevado de vítimas, é necessário que se 
aumente o número de peritos, o apoio logístico e conseqüentemente 
necessitará de um tempo mais prolongado para identificar todas as vítimas. 
Este manual descreve de modo prático a filosofia adotada pela INTERPOL 
de aproximação interdisciplinar que considera as diferenças culturais, 
religiosas, morais dos diversos países, com relação à família das vítimas. 
O trabalho de campo é baseado em cinco passos bem conhecidos: 
resgate e numeração dos corpos; exames e anotações de dados pós morte; 
recolhimento e informações da vítima de dados antes do desastre; 
comparação dos dados anteriores ao desastre, com os dados pós desastre e 
identificação. 
REVISÃO DA LITERATURA 
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77
A utilização destes cinco passos simples de modo estruturado e bem 
coordenado, normalmente recompensa a equipe em sua principal meta:a 
identificação de todas as vítimas, porém a realidade deste trabalho é um 
pouco diferente. Vários problemas bastante conhecidos são comuns, isto é, 
uma falta de preparação, a atuação excessiva de vários órgãos sem 
coordenação centralizada, pequeno número de peritos forenses, falta de 
recursos materiais adequados, complexidades inesperadas da situação de 
desastre; fadiga excessiva e tensão, apesar do fato de que os padrões 
internacionalmente de procedimentos são bem estabelecidos, estes fatores 
podem comprometer o trabalho de identificação. 
Nos desastres de massa, o problema de quase todas organizações 
internacionais e provavelmente de todos os trabalhadores de campo 
envolvidos experimentam, é que em regra geral, organizações como a 
INTERPOL podem fazer somente recomendações, não possuindo real poder 
de execução. Por isso, em muitos casos, os parentes das vítimas sofrem 
pela demora na identificação. 
Para facilitar a disseminação dos padrões internacionais de 
procedimentos para a Polícia e Peritos envolvidos em identificação de 
vítimas, a Secretaria Geral da INTERPOL, incluiu no site htpp: // 
www.interpol.int / O Guia para Identificação de Vítima de Desastre. 
Com base na própria experiência e de histórias contadas a ele por 
policiais e peritos que trabalharam no campo em desastres de massa, De 
Winne (2001) ponderou: trabalhando na área de identificação de vítima de 
desastres de massa, ocorreu uma mudança na vida, a forma de ver as 
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78
pessoas, e esta é a razão que envolveram o DVI juntamente com a 
INTERPOL que o Comitê Permanente deve: 
 
1. continuar promovendo e divulgando a filosofia do DVI e dos seus 
procedimentos nos 177 países sócios da INTERPOL; 
2. auxiliar os países interessados na criação de sua própria equipe de 
DVI; 
3. criar as estruturas para que a equipe DVI internacional composta por 
peritos de DVI nacionais possam ser chamadas como uma força tarefa 
pelos países que não possuem condições materiais e econômicas de 
criar a sua própria equipe; 
4. continuar aprimorando os padrões de procedimentos e refinar as 
técnicas através de experiências adquiridas em trabalhos de 
identificação. 
 
2.19 A odontologia legal e o acidente aeronáutico 
 
Nambiar et al. (1997), descreveram o acidente aeronáutico, ocorrido 
em 15 de setembro de 1995 com o Fokker 50 da Malaysian Airlines, durante 
a fase de aproximação da aeronave, ao Aeroporto de Tawau, na Ilha de 
Bornéu, na Malásia oriental onde morreram 34 (trinta e quatro) pessoas. 
Apenas 19 (dezenove) pessoas sobreviveram ao acidente. Este acidente 
criou uma maior consciência nos malaios sobre o importante papel da 
Odontologia Legal nos desastres de massa. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
79
O propósito deste relatório é apresentar a contribuição significante e 
experiências da Equipe de Identificação Dental de Vítimas de Desastres 
(DDVI), equipe que trabalhou em circunstâncias adversas, em uma pequena 
e remota aldeia da Malásia. 
A aeronave, após a queda explodiu em chamas e mais de 50 
(cinquenta) casas da aldeia foram destruídas pelo fogo e nenhum aldeão 
morreu, pois como era uma tarde de sexta-feira, a maioria dos aldeões 
estavam rezando na mesquita. 
A Equipe de Identificação de Vítimas de Desastres (DVI) foi 
coordenada por um patologista forense do Hospital Geral de Kuala Lumpur. 
A equipe incluiu patologistas, odonto-legistas, geneticistas. A equipe de 
Identificação Dental de Vítimas de Desastres (DDVI) incluiu 9 (nove) odonto-
legistas. Estas equipes foram divididas em dois grupos principais: o grupo 
antemortem, e o grupo postmortem. 
O grupo antemortem foi responsável em adquirir toda a informação de 
importância dental ( prontuários, fotografias, radiografias dentárias) e era 
composta por 3 (três) odonto-legistas. A solicitação dos informes do 
prontuário odontológico aos familiares das vítimas, foi realizado através de 
rede de televisão, rádio e de todos os jornais nacionais. Foram recebidos 
muitos registros dentários através de aparelho de fax . Toda informação 
recebida foi transcrita para odontogramas unificados e agrupados de acordo 
com os tipos de tratamento odontológico realizado e disponibilizados para a 
equipe de postmortem. 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
80
O grupo postmortem era formado por 6 (seis) odonto-legistas, que 
examinaram todos os 34 (trinta e quatro corpos). Vinte e dois eram homens 
e doze eram mulheres. Quatro odonto-legistas realizaram os exames 
odontológicos, sempre trabalhando em dupla no exame de cada corpo. O 
quinto odonto-legista anotava exclusivamente no odontograma, os dados 
postmortem obtidos. O sexto odonto-legista auxiliava realizando radiografias 
odontológicas. Cinco corpos não apresentavam qualquer parte de mandíbula 
ou dentes, em 14 (quatorze) corpos os dentes anteriores estavam 
chamuscados pelo fogo. Quinze corpos tinham ossos faciais intactos. A 
identificação dentária foi estabelecida através da comparação dos registros 
odontológicos antemortem com os registros postmortem. Devido ao 
excelente trabalho desenvolvido pela Equipe de Identificação de Vítimas de 
Desastres (DVI), todos os corpos foram identificados. 
Outro acidente aeronáutico de grandes proporções foi relatado por 
Moody & Busuttil (1994), ocorrido em Lockerbie, na Escócia, no dia 21 de 
dezembro de 1988 e morreram 270 (duzentos e setenta) pessoas. Vários 
fatores deste acidente dificultaram a identificação: a aeronave desintegrou-
se a 31.000 (trinta e um mil) pés de altura 9.300 (nove mil e trezentos) 
metros; na noite mais fria do ano; havia apenas 1 (um) policial no momento 
do acidente; a explosão e o impacto das asas cheias de combustível causou 
no solo uma cratera de 90 (noventa) metros de extensão por 9 (nove) metros 
de profundidade, registrando o valor de 1.3 na escala Ricther, pela estação 
geológica em Eskdale Muir a 24 (vinte e quatro) quilômetros de Lockerbie. A 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
81
explosão rompeu as redes de abastecimento de água, gás e de eletricidade 
local. 
Lockerbie é uma pequena cidade rural com aproximadamente 4.000 
(quatro mil) habitantes. Após 24 (vinte e quatro) horas do desastre, mais de 
2.000 (dois mil) pessoas dentre elas, a polícia, forças armadas, equipes de 
identificação formada por médicos e odonto-legistas, defesa civil, 
especialistas em acidentes aeronáuticos, imprensa, chegaram a Lockerbie. 
No dia 28 de dezembro, sete dias após o desastre, a equipe de investigação 
de acidente aeronáutico informou oficialmente que a aeronave foi 
bombardeada. 
Os Cirurgiões-dentistas das vítimas de 21 (vinte e um) 
nacionalidades, enviaram via fax as informações presentes no prontuário 
odontológico das vítimas, além de radiografias, modelos em gesso e 
fotografias, que contribuíram para o sucesso das identificações. 
Dos dados colecionados relativo às 270 (duzentos e setenta) vítimas, 
foram identificadas 253 (duzentos e cinqüenta e três) vítimas. Através dos 
exames odonto-legais foram identificadas 209 (duzentos e nove) casos 
representando 82% de identificação positiva. Foi excelente esta taxa de 
identificação positiva devido as circunstâncias de explosão que envolveu 
este desastre de massa. A dactiloscopia contribuiu com 30 (trinta) casos 
representando 12% e outros métodos como tatuagens, adornos, 
contribuíram em 14 (quatorze) casos, representando 6%. 
 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
82
Tabela 2.4 - Métodos de identificação utilizados no acidente aeronáutico em 
Lockerbie – 1988. (Moody & Busuttil, 1994, p. 67 ) 
MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO NÚMERO / VÍTIMAS IDENTIFICADAS 
SOMENTE ODONTOLOGIA 18 
ODONTOLOGIA E DACTILOSCOPIA 78 
ODONTOLOGIA E OUTROS MÉTODOS 113 
TOTAL 209 ( 82%) 
SOMENTE DACTILOSCOPIA 13 
DACTILOSCOPIA / OUTROS 
MÉTODOS 
17 
TOTAL 30 (12%)OUTROS MÉTODOS ISOLADOS 14 (6%) 
TOTAL 253 (100%) 
 
Na França, em 20 de Janeiro de 1992, ocorreu o acidente com o 
Airbus-320, no Monte Sainte-Odile, e dos 87 (oitenta e sete) mortos, 85 
(oitenta e cinco) foram identificados. A aeronave ficou completamente 
destruída com a separação da cabine do piloto e da cauda da aeronave e 
parte da fuselagem destruída tinha pegado fogo. A equipe de identificação 
incluiu patologistas, odonto-legistas, radiologistas, biólogos e cientistas do 
Instituto de Medicina Legal de Strasbourg – França que dividiram em 
critérios preliminares e critérios conclusivos a metodologia para a 
identificação dos corpos. O primeiro consistiu na análise dos pertences 
pessoais, sexo, altura, cor dos olhos e cabelos. Os critérios conclusivos 
consistiram em pelo menos duas características morfológicas como marcas 
de nascimento, deformidades, cicatrizes, próteses, formação de calos de 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
83
fraturas antigas, osteosínteses, identificação odontológica positiva ou em 
identificação através do exame de DNA. 
 
 IDENTIFICAÇÃO - 253 CORPOS 
DESASTRE LOCKERBIE - 1988 
209
30
14
0
50
100
150
200
250
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
N
º 
D
E
 C
O
R
P
O
S
ODONTOLÓGICO
DACTILOSCOPIA
OUTROS
 
Figura 2.4 - Métodos de identificação utilizados no acidente aeronáutico em 
Lockerbie, 1988. (Moody & Busuttil, 1994, p.67 ) 
Nove casos foram identificados por critérios morfológicos, 44 
(quarenta e quatro) casos através de identificação dentária somado a dados 
morfológicos, 15 (quinze) casos somente através de dados odontológicos, e 
17 (dezessete) casos por exames de DNA. 
Do total de 85 (oitenta e cinco) vítimas identificadas, a odontologia 
contribuiu para a identificação de 59 casos (69%), o exame de DNA com 17 
casos (20%) e a dactiloscopia com 9 casos (11%), relataram Ludes et al. 
(1994). 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
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IDENTIFICAÇÃO - 85 CORPOS 
ACIDENTE SAINTE-ODILE / 1992
9
59
17
0
10
20
30
40
50
60
70
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
N
º D
E
 C
O
R
P
O
S
ODONTOLÓGICO
EXAMES DNA
DACTILOSCOPIA
 
Figura 2.5 - Métodos de identificação empregados no desastre aeronáutico 
em Sainte-Odile (França), 1992. (Ludes et al. 1994, p. 1149) 
 
Reals & Cowan (1979) relataram o maior acidente aeronáutico da 
história da aviação, aconteceu nas Ilhas Canárias ( Aeroporto de Santa 
Cruz de Tenerife), em 27 de março de 1977. O avião americano 747 da Pan 
American World Airways obedecendo as instruções da torre de controle, 
taxiava e de repente, o avião holandês 747 da KLM por razões inexplicáveis 
iniciou a manobra de decolagem, colidindo com a outra aeronave. 
A explosão e o fogo produzido, mataram 577 (quinhentos e setenta e 
sete) passageiros e tripulação das duas aeronaves. Apenas 69 (sessenta e 
nove) passageiros da Pan American World Airways sobreviveram ao terrível 
acidente. Da aeronave holandesa KLM, não houve sobreviventes. Não 
existia em Santa Cruz de Tenerife instalações adequadas para realizar o 
trabalho de identificação de 577 (quinhentos e setenta e sete) corpos, e por 
este motivo, o Governo dos Estados Unidos decidiu transportar os 326 
(trezentos e vinte e seis) corpos que estavam na aeronave americana para a 
REVISÃO DA LITERATURA 
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Base Aérea de Dover localizada em Delaware e uma equipe de 120 (cento e 
vinte) peritos, dentre eles, médicos e odonto-legistas, especialistas em 
dactiloscopia, que em exaustivos 21 (vinte e um) dias de trabalho, 
identificaram 212 corpos. 
 Wolcott et al. (1980) afirmaram que a comparação favorável de 
registros dentários antemortem e postmortem, particularmente através de 
radiografias dentárias, proporcionou o principal meio de identificação de 
vítimas do maior acidente aeronáutico da história da aviação, ocorrido nas 
Ilhas Canárias. 
 
Tabela 2.5 - Métodos de identificação utilizados no acidente aeronáutico 
nas Ilhas Canárias, 1977. (Wolcott et al. ,1980, p. 1035) 
IDENTIFICAÇÃO POSITIVA / MÉTODO UTILIZADO Nº CORPOS 
ODONTOLOGIA ISOLADAMENTE 156 
ODONTOLOGIA E DACTILOSCOPIA 19 
ODONTOLOGIA E RADIOGRAFIA MÉDICA 8 
ODONTOLOGIA E CARACTERES PESSOAIS 3 
ODONTOLOGIA E RESULTADOS MÉDICOS 1 
TOTAL DE IDENTIFICAÇÕES POR ODONTOLOGIA 187 
DACTILOSCOPIA ISOLADAMENTE 5 
RADIOGRAFIA MÉDICA 15 
RADIOGRAFIA MÉDICA E RESULTADOS MÉDICOS 1 
RADIOGRAFIA MÉDICA E CARACTERES PESSOAIS 1 
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS 3 
TOTAL DE CORPOS IDENTIFICADOS 212 
 
 
REVISÃO DA LITERATURA 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
86
IDENTIFICAÇÃO - ACIDENTE NAS ILHAS 
CANÁRIAS - 212 CORPOS / 19771871753
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
N
º 
D
E
 C
O
R
P
O
S
ODONTOLÓGICO
MÉDICO
DACTILOSCOPIA
CARACTERES PESSOAIS
 
 
Figura 2.6 - Métodos de identificação empregados no acidente aeronáutico 
nas Ilhas Canárias 1997. (Wolcott et al. ,1980, p. 1035) 
 
 
 
 
3- PROPOSIÇÃO 
 
O presente trabalho pretende analisar os resultados da pesquisa 
realizada através de questionários direcionados aos Diretores de 18 
(dezoito) Institutos de Medicina Legal, das cidades que apresentaram o 
maior tráfego aéreo de passageiros no Brasil no ano de 2001 e no período 
de janeiro a junho de 2002, considerando: 
• O número de odonto-legistas pertencentes ao quadro efetivo 
do Instituto de Medicina Legal (IML); 
• O número de cirurgiões-dentistas que exercem as funções de 
odonto-legistas e que não pertencem ao quadro efetivo do 
Instituto de Medicina Legal (IML); 
• Os tipos de aparelhos de Raios X odontológicos disponíveis 
no Instituto de Medicina Legal (IML) para auxiliar o odonto-
legista na perícia de identificação humana; 
• A importância da atuação do odonto-legista na perícia de 
identificação humana, em acidentes aeronáuticos. 
O Comitê em Ética e Pesquisa da Faculdade de Odontologia da 
Universidade de São Paulo, através do Parecer Nº 144 / 01, aprovou o 
protocolo de pesquisa desta dissertação (Anexo 2). 
 
 
 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
 
4.1 Amostra 
 
Para a realização deste trabalho foram analisados os resultados 
obtidos da pesquisa de 18 (dezoito) questionários direcionados por carta 
registrada aos Diretores dos Institutos de Medicina Legal (IML) das cidades 
onde localizam os 20 (vinte) aeroportos que apresentaram o maior tráfego 
aéreo de passageiros no Brasil, no ano de 2001 e no período de janeiro a 
junho de 2002 (Tabela 4.1). 
Os 20 (vinte) maiores aeroportos do Brasil em tráfego de passageiros 
de acordo com os dados da INFRAERO (2002), localizam-se em 18 
(dezoito) cidades, porque na cidade do Rio de Janeiro estão localizados 02 
(dois) aeroportos: Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão), e o 
Aeroporto Santos Dumont. 
Na cidade de Belo Horizonte estão localizados 02 (dois) aeroportos: 
Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (Pampulha) e o Aeroporto 
Internacional Tancredo Neves (Confins). 
 
 
 
 
MATERIAL E MÉTODO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
89
Tabela 4.1 - Ranking dos aeroportos segundo tráfego de passageiros. 
Brasil, 2002. (INFRAERO 2002) 
 Passageiros (nº) 
RANKING AEROPORTOS / CIDADE 2001 2002 
 (Jan. / Jun.) 
1 Aeroporto Internacional de São Paulo / Guarulhos 13.048.609 6.191.691 
2 Aeroporto Internacional de Congonhas / São Paulo 11.707.169 5.956.220 
3 Aeroporto Internacional de Brasília 6.205.864 3.297.297 
4 Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro / Galeão 5.987.053 2.724.983 
5 Aeroporto Santos Dumont / Rio de Janeiro 4.946.542 2.763.348 
6 Aeroporto Internacional de Salvador 3.761.724 1.944.514 
7 Aeroporto Internacional Salgado Filho / Porto Alegre 2.879.091 1.459.192 
8 Aeroporto Internacional do Recife / Guararapes 2.820.878 1.502.835 
9 Aeroporto Internacional de Belo Horizonte / Pampulha 2.548.117 1.611.058 
10 Aeroporto Internacional Afonso Pena / Curitiba 2.427.178 1.430.233 
11 Aeroporto Internacional Pinto Martins / Fortaleza 2.155.518 1.010.359 
12 Aeroporto Internacional EduardoGomes / Manaus 1.316.436 618.687 
13 Aeroporto Internacional de Belém 1.178.457 590.689 
14 Aeroporto Internacional de Florianópolis 1.101.085 628.289 
15 Aeroporto Internacional Augusto Severo / Natal 974.166 478.629 
16 Aeroporto de Vitória 944.924 649.920 
17 Aeroporto de Goiânia 905.072 459.967 
18 Aeroporto Internacional de Viracopos / Campinas 769.409 408.769 
19 Aeroporto Internacional Tancredo Neves / Confins / BH 621.832 311.415 
20 Aeroporto Internacional de Maceió / Zumbi dos Palmares 621.590 297.280 
 TOTAL 66.920.714 34.335.375 
 
 
O questionário desta pesquisa foi enviado para os Diretores dos 
Institutos de Medicina Legal das seguintes cidades: 
1. Guarulhos 
2. São Paulo 
3. Brasília 
4. Rio de Janeiro 
5. Salvador 
6. Porto Alegre 
7. Recife 
8. Belo Horizonte 
MATERIAL E MÉTODO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
90
9. Curitiba 
10. Fortaleza 
11. Manaus 
12. Belém 
13. Florianópolis 
14. Natal 
15. Vitória 
16. Goiânia 
17. Campinas 
18. Maceió 
 
Todos os Diretores dos Institutos de Medicina Legal , responderam 
ao questionário. A amostra utilizada foi totalizada em 18 (dezoito) 
questionários respondidos conforme Figura 4.1. 
Pesquisa em 18 Institutos de Medicina 
Legal - Brasil - 2003
100%
0%
 Questionários
respondidos
 Questionários
não respondidos
 
Figura 4.1 - Questionários respondidos pelos Diretores dos Institutos de 
Medicina Legal – Brasil 2003 
 
MATERIAL E MÉTODO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
91
4.2 Coleta de dados 
 
Os 18 (dezoito) questionários estudados foram obtidos em pesquisa 
realizada com os Diretores dos Institutos de Medicina Legal das cidades 
onde localizam os 20 (vinte) maiores aeroportos do Brasil em movimento de 
passageiros, no ano de 2001 e no período de janeiro a junho de 2002. 
O questionário analisado nesta pesquisa está em Anexos. 
As datas de postagem das cartas registradas com os questionários 
devidamente respondidos pelos Diretores dos Institutos de Medicina Legal, 
estão demonstradas na Figura 4.2. 
 
Tabela 4.2 - Relação de data da postagem nos Correios dos questionários 
respondidos pelos Diretores dos Institutos de Medicina Legal 
Brasil 2003 
IML / CIDADE DATA DA POSTAGEM 
Guarulhos 17/01/03 
São Paulo 21/12/01 
Brasília 22/01/02 
Rio de Janeiro 25/02/02 
Salvador 04/04/021 
Porto Alegre 27/05/02 
Recife 24/04/02 
Belo Horizonte 14/12/02 
Curitiba 29/10/02 
Fortaleza 26/08/02 
Manaus 19/09/02 
Belém 12/09/02 
Florianópolis 18/07/02 
Natal 19/07/02 
Vitória 25/07/02 
Goiânia 04/06/02 
Campinas 09/09/02 
Maceió 03/09/02 
1 Recebimento do questionário através da Dra. Sara dos Santos Rocha, 
a pedido do Diretor do IML de Salvador. 
 
 
 
5 RESULTADOS 
 
Terminado o levantamento de dados, foi feita a sua tabulação. Os 
resultados obtidos foram os seguintes: 
 
5.1 Número de odonto-legistas nos Institutos de Medicina Legal 
 
O número total de odonto-legistas que trabalham nos Institutos de 
Medicina Legal das cidades pesquisadas é 102 (cento e dois) (Tabela 5.1). 
 
Tabela 5.1 - Número de odonto-legistas que trabalham nos Institutos de 
Medicina Legal por cidade pesquisada. – Brasil 2003 
IML Cidade Número de odonto-legistas 
 Guarulhos 2 
 Congonhas 3 
 Brasília 2 
 Rio de Janeiro 30 
 Salvador 2 
 Porto Alegre 7 
 Recife 1 
 Belo Horizonte 7 
 Curitiba 3 
 Fortaleza 13 
 Manaus 2 
 Belém 15 
 Florianópolis 3 
 Natal 6 
 Vitória 0 
 Goiânia 2 
 Campinas 0 
Maceió 4 
TOTAL 102 
 
RESULTADOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
93
5.2 Regime de trabalho dos odonto-legistas nos IMLs 
 
De acordo com o regime de trabalho dos odonto-legistas nos 
Institutos de Medicina Legal pesquisados, 79 (setenta e nove) odonto-
legistas são efetivos e 23 (vinte e tres) odonto-legistas são contratados 
(Tabela 5.2 e Figura 5.1). 
 
 
Tabela 5.2 - Distribuição dos Odonto-Legistas nos Institutos de Medicina 
Legal de acordo com o regime de trabalho. – Brasil 2003. 
IML Regime de trabalho 
Cidade Efetivos Contratados 
 Guarulhos 0 2 
 Congonhas 3 0 
 Brasília 0 2 
 Rio de Janeiro 30 0 
 Salvador 2 0 
 Porto Alegre 7 0 
 Recife 0 1 
 Belo Horizonte 5 2 
 Curitiba 0 3 
 Fortaleza 7 6 
 Manaus 1 1 
 Belém 15 0 
 Florianópolis 3 0 
 Natal 3 3 
 Vitória 0 0 
 Goiânia 0 2 
 Campinas 0 0 
Maceió 3 1 
TOTAL 79 23 
 
 
RESULTADOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
94
ODONTO-LEGISTAS EM 18 IMLs 
Brasil - 2003
79
23
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
REGIME DE TRABALHO
N
Ú
M
E
R
O
 
 Efetivos
 Contratados
 
Figura 5.1 - Distribuição do número de odonto-legistas nos Institutos de 
Medicina Legal, quanto ao regime de trabalho – Brasil 2003 
 
5.3 Tipos de aparelhos de raios X odontológicos disponíveis nos 
Institutos de Medicina Legal para a realização de perícia de 
identificação humana 
 
O resultado referente aos tipos de aparelhos de raios X odontológicos 
disponíveis para radiografia periapical e para radiografia panorâmica nos 
Institutos de Medicina Legal para auxiliar os odonto-legistas na perícia de 
identificação humana pode ser visto na Tabela 5.3. 
Esta Tabela demonstra ainda que nos Institutos de Medicina Legal 
pesquisados, 53% (10 IMLs) não possuem aparelhos de raios X 
odontológico para radiografia periapical e não possuem aparelhos de raios 
X para radiografia panorâmica. 
 
 
 
 
RESULTADOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
95
Tabela 5.3 - Tipos de Aparelhos de Raios X odontológicos disponíveis nos 
Institutos de Medicina Legal - Brasil, 2003 
IML 
Cidade 
Aparelho de RX 
Periapical 
Aparelho de RX 
Panorâmico 
 
 Guarulhos 
 
NÃO 
 
NÃO* 
 Congonhas SIM NÃO 
 Brasília NÃO NÃO 
 Rio de Janeiro SIM NÃO 
 Salvador SIM NÃO 
 Porto Alegre NÃO NÃO 
 Recife SIM NÃO 
 Belo Horizonte SIM NÃO 
 Curitiba NÃO NÃO 
 Fortaleza SIM NÃO 
 Manaus SIM NÃO 
 Belém SIM SIM 
 Florianópolis NÃO NÃO 
 Natal NÃO NÃO 
 Vitória NÃO NÃO 
 Goiânia NÃO NÃO 
 Campinas NÃO NÃO 
Maceió NÃO NÃO 
TOTAL 08 01 
 
Apenas 42% (8) dos IMLs possuem aparelhos de raios X odontológico 
para radiografias periapicais. 
 O aparelho de raios X para radiografia panorâmica só é encontrado 
em 5% (1) dos IMLs dentre todos os demais pesquisados. 
A Figura 5.2 demonstra a percentagem de aparelhos de raios X 
odontológicos para radiografias periapicais, panorâmicos disponíveis nos 
Institutos de Medicina Legal, e a percentagem de IMLs que não possuem 
apartelhos de raios X odontológico. 
 
 
 
RESULTADOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
96
 
 APARELHOS DE RAIOS X ODONTOLÓGICO 
EM 18 IMLs - BRASIL - 2003
5%
53%42%
 Não possui
Aparelho RX 
 Possui RX
Periapical
 Possui RX
Panorâmico
 
Figura 5.2 - Panorama dos equipamentos de Raios X odontológicos 
disponíveis nos Institutos de Medicina Legal para o trabalho dos 
odonto-legistas – Brasil 2003 
 
5.4 A importância do odonto-legista para a identificação humana em 
acidentes aeronáuticos 
 
Quanto à importância do odonto -legista para a identificação humana 
em acidentes aeronáuticos, todos os Diretores dos Institutos de Medicina 
Legal foram unânimes em afirmar que a atuação de odonto-legista é de 
grande importância neste trabalho de identificação. 
A figura 5.3 demonstra que todos os 18 (dezoito) Diretores dos 
Institutos de Medicina Legal consideram importante a atuação do odonto-
legista na perícia de identificação humana em vítimas de acidentes 
aeronáuticos. 
RESULTADOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
97
 
Figura 5.3 - Importância do odonto-legista na Identificação Humana em Acidentes 
Aeronáuticos. Brasil 2003 
 
O ODONTO-LEGISTA NA IDENTIFICAÇÃO 
HUMANA EM ACIDENTES AERONÁUTICOS 
100%
0%
 IMPORTANTE
 NÃO IMPORTANTE
 
 
 
6 DISCUSSÃO 
 
 
“Todo País com capacidade de se organizar preventivamente ao 
desastre de massa, deveria possuir uma equipe de odonto-legistas” 
(Pueyo et al., 1994). 
 
Para melhor avaliar a contribuição da odontologia legal na 
identificação humana em acidentes aeronáuticos, a presente discussão será 
conduzida considerando avasta bibliografia referente ao tema, e os 
resultados obtidos pela pesquisa realizada junto aos Institutos de Medicina 
Legal consultados. 
Por outro lado, serão examinados os fatores dificultadores para que 
a identificação humana em acidentes aeronáuticos seja tecnicamente bem 
realizada nos Institutos de Medicina Legal das cidades onde localizam os 
20 (vinte) maiores aeroportos do Brasil, em movimento de passageiros. 
 
6.1 Considerações Gerais 
 
O Brasil, país do inventor do avião e de dimensões continentais, 
possui atualmente a segunda maior frota de aeronaves do mundo. 
Apresentou no ano de 2001 o tráfego de passageiros nos 20 (vinte) maiores 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
99
aeroportos do Brasil valores de 66.920.714 (sessenta e seis milhões, 
novecentos e vinte mil e setecentos e quatorze) passageiros e no período de 
janeiro a junho de 2002, o total de 34.335.375 (trinta e quatro milhões, 
trezentos e trinta e cinco mil, trezentos e setenta e cinco) passageiros. 
O Aeroporto Internacional de São Paulo – Guarulhos é o mais 
movimentado em tráfego de passageiros com 13.048.609 (treze milhões, 
quarenta e oito mil e seiscentos e nove) passageiros no ano de 2001 e 
apresentou 6.191.691 (seis milhões,cento e noventa e um mil, e seiscentos e 
noventa e um) passageiros no primeiro semestre de 2002. 
Seguindo o ranking em número de passageiros, o Aeroporto 
Internacional de Congonhas transportou 11.707.169 ( onze milhões, 
setecentos e sete mil, cento e sessenta e nove) passageiros no ano de 
2001 e 5.956.220 (cinco milhões, novecentos e cinqüenta e seis mil e 
duzentos e vinte) passageiros no primeiro semestre de 2002. 
O Aeroporto Internacional de Brasília no ano de 2001 totalizou 
6.205.864 (seis milhões, duzentos e cinco mil, oitocentos e sessenta e 
quatro) passageiros e 3.297.297 (três milhões, duzentos e noventa e sete 
mil, duzentos e noventa e sete) passageiros no primeiro semestre de 2002, 
conforme dados fornecidos pela INFRAERO (2002). 
O movimento aéreo de passageiros no Brasil é muito intenso e é 
importante que estes elevados números alertem as nossas autoridades 
quanto à importância de treinamentos e capacitação de equipes de 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
100
identificação para que possam atuar com eficiência e rapidez diante de uma 
catástrofe que é o acidente aeronáutico. 
O excelente trabalho desenvolvido pelo Comando da Aeronáutica do 
Brasil, através do CENIPA (Centro de Prevenção e de Investigação de 
Acidentes Aeronáuticos) e pelos SERACs (Serviços Regionais de Aviação 
Civil), na última década, foi fundamental para que a taxa de acidentes 
aeronáuticos do Brasil por milhões de decolagens obtida em 2001 foi de 
0.9, contra a taxa de 1.2 que é a média Mundial por milhões de decolagens. 
No período de 7 (sete) anos compreendido entre 1996 a 2002, o 
maior número de falecidos em acidentes aeronáuticos ocorreu em 1996 com 
187 (cento e oitenta e sete) vítimas fatais. O acidente da TAM, ocorrido 
neste mesmo ano, provocou 98 (noventa e oito) falecimentos. 
 Em 1997 o total de falecidos foi de 94, em 1998 foram 80 falecidos, 
em 1999 foram 67 vítimas fatais, em 2000 foram 48 falecidos, em 2001 o 
total foi de 77 vítimas fatais e em 2002 apenas 66 faleceram. Neste período 
entre 1996 a 2002, felizmente não ocorreram acidentes aeronáuticos no 
Brasil com grande número de vítimas, e sim, acidentes aeronáuticos com 
números pequenos de vítimas fatais. 
 
6.2 Planejamento prévio de desastres de massa 
 
O acidente aeronáutico geralmente causa uma enorme repercussão 
social na mídia, devido à grande destruição de casas ou edifícios e por 
causar inúmeras vítimas. Caracteriza-se como desastre de massa, pois 
provoca uma alteração substancial nos órgãos de emergência como 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
101
hospitais, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Cruz Vermelha, aparato policial 
e serviços de identificação. 
As causas de acidentes aeronáuticos são variadas como: falhas 
humanas, falhas mecânicas, condições meteorológicas desfavoráveis e 
atualmente, por atos de terrorismo. 
Terça-feira, 11 de setembro de 2001, Nova York. Às 8h48, um avião 
atinge uma das duas to rres do World Trade Center. As televisões de todo o 
mundo apontam suas câmeras para o prédio em chamas, no que parecia ser 
mais um trágico acidente aeronáutico. Nesse instante, o inimaginável. Ao 
vivo, a televisão transmite a imagem de um segundo avião acertando a outra 
torre. Os Estados Unidos, a superpotência cuja segurança parecia 
inabalável, estavam sendo alvo de ataques terroristas. E não apenas na 
região mais rica e nobre da cidade mais importante do país. Minutos depois, 
um terceiro avião se espatifaria no Pentágono em Washington, símbolo do 
poderio militar americano. E uma quarta aeronave, cujo alvo seria 
provavelmente a Casa Branca, cairia na Pensilvânia. 
Há a sensação de que a ousadia do terror de atacar o palco mais 
cosmopolita do mundo, Nova York, e o centro nervoso da Defesa dos 
Estados Unidos, o Pentágono, tirou o planeta dos eixos. Aviões civis foram 
utilizados para estes atentados terroristas. 
Estes atentados terroristas com a utilização de aeronaves civis, 
reproduziram na mídia mundial uma grande repercussão e infelizmente 
novos atentados deste porte serão utilizados, o que fatalmente contribuirá 
para o crescimento das estatísticas em acidentes aeronáuticos, sendo 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
102
portanto, mais um motivo para que estejamos previamente preparados, 
porque este suposto atentado a aviões norte americanos, poderá ocorrer 
quando o avião estiver no espaço aéreo brasileiro, ou no solo brasileiro. 
 Para que seja obtido sucesso tanto no socorro das vítimas feridas, 
quanto no resgate das vítimas fatais, é importante que exista um 
planejamento e que treinamentos prévios sejam realizados com toda a 
equipe que atua no local dos acidentes aeronáuticos. 
A identificação é um trabalho de equipe. É essencial que o odonto-
legista não trabalhe sozinho. 
O melhor momento para começar a organizar é antes que o desastre 
aconteça, (Pueyo et al., 1994). 
A presença de odonto-legistas no local do acidente aeronáutico é de 
fundamental importância, pois pedaços de mandíbula , dentes enegrecidos, 
coroas protéticas ou próteses odontológicas, que são dados importantes 
para uma identificação positiva, podem, devido ao impacto do acidente ou 
pela ação do fogo, que é uma característica fundamental do acidente 
aeronáutico causado pela queima do combustível, desprenderem-se e 
localizarem fora da cavidade bucal, próximo ao corpo da vítima.. É mais 
provável que os odonto-legistas identifiquem no local do acidente 
aeronáutico estes dados importantíssimos para a identificação, do que as 
pessoas que não sejam familiarizadas com a odontologia. Os fragmentos 
encontrados deverão ser colocados em um saco plástico devidamente 
identificado e conduzido junto ao corpo da vítima. 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
103
É fundamental que as equipes de odonto-legistas designadas para o 
local do acidente aeronáutico, tenham uma relação de trabalho com os 
órgãos legalmente encarregados da investigação de acidentes aeronáuticos, 
que no Brasil, este órgão é o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção 
de Acidentes Aeronáuticos). 
Os odonto-legistas farão no local do acidente um exame rápido na 
boca das vítimas para observar se é necessário procurar coroas protéticas 
fraturadas, dentes avulsionados, próteses e aparelhos ortodônticos que não 
estão adaptadas dentro da boca. Um saco plástico deve ser colocado ao 
redor da cabeça das vítimas fatais e pode ser seguro com elásticos, como 
forma de prevenção de perdas de dentes ou próteses dentárias durante o 
resgate, transporte e manipulação do corpo. 
Desta forma, está claro que o trabalho dos odonto-legistas se iniciaminutos após a ocorrência do acidente aeronáutico e que deverão ser 
contactados rapidamente pelo CENIPA para realizarem este valioso 
trabalho que pode ser decisivo para uma identificação positiva. 
Um fator importante a ser considerado é que a identificação de 
vítimas de acidentes aeronáuticos, devido ao elevado número de corpos 
carbonizados, demanda várias semanas e em alguns casos, vários meses. 
O número de odonto-legistas disponibilizados para o trabalho de 
identificação deve ser proporcional ao número de vítimas do acidente 
aeronáutico para não sobrecarregar de trabalho os odonto-legistas e como 
conseqüência reduzir os erros provocados pelo cansaço físico e 
psicológico. 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
104
6.3 A identificação de corpos carbonizados em acidentes 
aeronáuticos 
 
A identificação de corpos carbonizados é muito difícil por diversos 
fatores: as cristas papilares das polpas digitais são destruídas pela ação do 
fogo, impedindo a identificação pela dactiloscopia. O reconhecimento visual 
é prejudicado porque o fogo causa o encolhimento dos membros e dos 
músculos, de duas a três vezes o seu tamanho natural, diminuição do 
volume pela perda de líquidos e substâncias orgânicas produzidas pela 
combustão. O exame de DNA em corpos carbonizados é dificultado pela 
ação do fogo pois as proteínas são desnaturadas em altas temperaturas. 
Além do violento traumatismo das vítimas, que é uma característica do 
acidente aeronáutico. 
Um corpo adulto, após ultrapassar a temperatura de 680º C sofre as 
seguintes transformações: braços seriamente queimados após 10 minutos; 
pernas seriamente queimadas após 15 minutos , costelas e crânios após 25 
minutos, fêmur e tíbia completamente queimados após 35 minutos. 
Os materiais utilizados para restaurar os dentes resistem à ação do 
fogo: o amálgama entre 500º a 1000º C perde a forma, resinas compostas 
resistem a temperaturas de 815º a 900º C, trabalhos protéticos em ouro 
chegam a 1070º C, ligas de cromo-cobalto atingem o ponto de fusão entre 
1290º C a 1395º C e o níquel-cromo entre 1350º C a 1400º C. Dentes de 
porcelana atingem temperaturas para fusão entre 870º C a 1370º C. Em 
corpos carbonizados, devido à rigidez dos músculos da face, a boca se 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
105
transforma em uma caixa forte, protegendo os dentes e os trabalhos 
odontológicos realizados, da ação do fogo. 
As próteses removíveis e as próteses totais (dentaduras) deveriam 
possuir o nome do paciente gravado, o que auxiliaria enormemente o 
trabalho de identificação positiva. 
Os tratamentos dos canais dentários submetidos a temperaturas de 
815º C durante 90 minutos e radiografados posteriormente, revelaram 
imagens semelhantes à radiografia anterior ao experimento. Dentes que 
apresentavam canais radiculares amplamente abertos, o material obturador 
ferveu para fora do forâmen apical aberto. 
A notação dentária utilizando-se dois dígitos preconizado pela 
Federação Dentária Internacional, e aprovado em Bruxelas,1970, para 
caracterizar o elemento dental deve ser implementado nos Cursos de 
Graduação e divulgada pela ABENO – Associação Brasileira de Ensino 
Odontológico pois esta padronização facilitará a comunicação entre os 
odonto-legistas ao receberem o prontuário odontológico da suposta vítima, e 
principalmente facilitará a transmissão destes dados importantes via rede de 
computadores, para outras cidades e até países. 
 
6.4 A importância das radiografias dentárias para a identificação 
 
 O cirurgião-dentista clínico geral e os especialistas nas 
diversas áreas da odontologia como periodontia, odontopediatria, ortodontia, 
prótese dentária, implantodontia, patologia bucal, odontogeriatria, cirurgia e 
traumatologia buço-maxilo-facial utilizam rotineiramente na clínica diária o 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
106
prontuário odontológico e as radiografias odontológicas periapicais, bite-
wing e panorâmicas com a finalidade de diagnóstico ou para realização do 
tratamento odontológico. Estas radiografias e o prontuário odontológico são 
documentos odonto-legais importantíssimos na identificação positiva de 
vítimas de desastres de massa, notadamente os acidentes aeronáuticos, 
pois através da comparação de dados antemortem contidos no prontuário e 
nas radiografias previamente obtidos com os dados postmortem, o odonto-
legista estará embasado cientificamente para afirmar que a identificação é 
positiva. 
A radiografia panorâmica em particular é utilizada notadamente pelos 
especialistas em ortodontia para detectar o crescimento maxilo -mandibular, 
o desenvolvimento do crânio e o espaço para que os dentes permanentes 
se posicionem nos arcos dentários superior e inferior. Na odontopediatria a 
radiografia panorâmica se destaca pois é bem mais aceita pela criança e 
caracteriza muito bem o desenvolvimento maxilo -mandibular e as 
dentaduras decídua e permanente. A implantodontia utiliza a radiografia 
panorâmica no planejamento cirúrgico e protético para a colocação do 
implante dentário, pois as entidades anatômicas são bem definidas 
facilitando o trabalho do implantodontista. 
A utilização das radiografias periapicais, bite-wing e panorâmicas é 
uma rotina básica na odontologia e os cirurgiões-dentistas clínicos gerais e 
os especialistas, utilizam frequentemente a radiologia odontológica para o 
diagnóstico e tratamento odontológico. 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
107
Atualmente, a tecnologia da radiografia dentária digitalizada é 
simples, rápida, efetiva e permite realizar a superposição e ampliação das 
imagens radiográficas. Como ilustração, Hanaoka et al. (2001) afirmaramm 
que em um necrotério foram obtidas mais de 20 (vinte) imagens digitalizadas 
em diferentes ângulos no curto período de 5 (cinco) a 6 (seis) minutos. Além 
disto, a dose de radiação é relativamente baixa, somente 3 (três) segundos 
são necessários para obtenção das imagens radiografadas, não necessita 
de câmara escura, substâncias químicas como reveladores e fixadores. As 
imagens obtidas podem ser analisadas facilmente, aumentando-as, 
medindo-as e colorindo-as. O envio destas imagens digitalizadas por redes 
de computadores é muito fácil e importantíssimo em casos de acidentes 
aeronáuticos, pois facilita sobremaneira a identificação positiva. 
A radiologia digital é uma realidade atual e os Institutos de Medicina 
Legal como são centros de Polícia Técnica e Científica, necessitam estar 
devidamente equipados, para que realizem com eficiência e rapidez as 
perícias necessárias, principalmente em desastres de massa proveniente de 
acidentes aeronáuticos, quando normalmente o trabalho de identificação das 
vítimas é mais difícil pelas características que envolvem o acidente 
aeronáutico, e pelo número elevado de vítimas carbonizadas. Este trabalho 
de equipar devidamente os Institutos de Medicina Legal deverá ser realizado 
previamente ao acidente aeronáutico porque uma característica fundamental 
do acidente aeronáutico é a sua falta de previsibilidade. 
Além de sua eficácia, a identificação odonto-legal é economicamente 
viável devido ao seu baixo custo financeiro. É imprescindível que os 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
108
Institutos de Medicina Legal possuam equipamentos de raios X 
odontológicos para que os odonto-legistas realizem a perícia de 
identificação, comparando os dados da suposta vítima antemortem obtidos 
através do prontuário odontológico, radiografias periapicais, bite-wing, 
panorâmicas, modelos em gesso, e efetuarem a comparação através de 
exames radiológicos em odontologia, obtendo uma identificação positiva. 
No acidente aeronáutico nas Ilhas Canárias / 1977 envolvendo duas 
aeronaves – KLM e PANAM -, na pista do aeroporto, os 212 (duzentos e 
doze) corpos das vítimas da PANAM foram identificados utilizando-se os 
métodos: 
• 187 corpos– odonto-legal; (88%) 
• 15 corpos – médicos; (7%) 
• 05 corpos – dactiloscopia; (3%) 
• 03 corpos – caracteres pessoais (2%) 
Em 1988 no famoso desastre aeronáutico em Lockerbie, quando 253 
(duzentos e cinqüenta e três) corpos foram identificados, novamente os 
métodos odonto-legais se destacaram: 
• 209 corpos – odonto-legal (81%) 
• 30 corpos – dactiloscopia (12%) 
• 14 corpos – outros métodos (7%) 
Em Saint Odile / França outro acidente aeronáutico ocorreu em 1992 
com 85 corpos identificados utilizando-se os métodos: 
• 59 corpos – odonto-legal (79%) 
• 17 corpos – exame de DNA (20%) 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
109
• 09 corpos – dactiloscopia (1%) 
No Brasil, no maior acidente aeronáutico em número de vítimas, 
ocorrido em São Paulo, vôo 402 da TAM no ano de 1996, a odontologia 
legal novamente foi importante na identificação humana, de 98 (noventa e 
oito) corpos a saber: 
• 50 corpos - odonto-legal + antropológico (51%) 
• 25 corpos – dactiloscopia (26%) 
• 15 corpos – reconhecimento direto (15%) 
• 08 corpos – exame de DNA (8%) 
Os elevados índice de sucesso na aplicação do método de 
odontologia legal nas perícias de identificação humana em acidentes 
aeronáuticos, no mundo, são surpreendentes. 
 
6.5 Análise dos resultados da pesquisa / odonto-legistas nos 
Institutos de Medicina Legal e equipamentos de raios X 
odontológicos 
 
O número total de odonto-legistas que atualmente trabalham nos 18 
(dezoito) Institutos de Medicina Legal das cidades onde localizam os 20 
(vinte) maiores aeroportos do Brasil em movimento de passageiros é 102 
(cento e dois) sendo 79 (setenta e nove) odonto-legistas efetivos e 23 (vinte 
e três) odonto-legistas contratados. 
O problema do regime de trabalho através do contrato, é que a 
qualquer momento, estes odonto-legistas contratados podem ser demitidos 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
110
devido a dificuldades financeiras dos Estados, o que não aconteceria com o 
odonto-legista efetivo. 
Nos Institutos de Medicina Legal de Guarulhos, Brasília, Recife, 
Curitiba, Goiânia todos os odonto-legistas são contratados. 
O Aeroporto Internacional de São Paulo – Guarulhos é o mais 
movimentado do Brasil em tráfego de passageiros totalizando no ano de 
2001, 13.048.609 (treze milhões, quarenta e oito mil, seiscentos e nove) 
passageiros e no período de janeiro a junho de 2002, apresentou 
6.191.691(seis milhões, cento e noventa e um mil, seiscentos e noventa e 
um) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Guarulhos possui apenas 2 (dois) 
odonto-legistas para realizarem todo o trabalho necessário; 1(um) odonto-
legista é efetivo pela Prefeitura Municipal de Guarulhos e está cedido para 
exercer a sua função no IML, mas não é efetivo do IML e 1 (um) odonto-
legista é contratado.O IML de Guarulhos não possui aparelhos de raios X 
odontológico para realizar radiografias periapicais e não possui aparelhos de 
raios X para radiografias panorâmicas, o que certamente inviabiliza a 
realização de perícia para identificação humana em acidentes aeronáuticos, 
em caso de necessidade. 
Devido ao enorme tráfego aeronáutico no Aeroporto Internacional de 
São Paulo - Guarulhos, o Instituto de Medicina Legal de Guarulhos, além de 
não possuir odonto-legistas efetivos no seu quadro de funcionários, não está 
equipado adequadamente para realizar identificações humanas em vítimas 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
111
de acidentes aeronáuticos, o que é muito preocupante e também muito 
grave. 
A capital do Brasil, Brasília, cidade da força política do nosso país, 
ocupa o terceiro lugar no ranking de movimento de passageiros com 
6.205.864 (seis milhões, duzentos e cinco mil oitocentos e sessenta e 
quatro) passageiros no ano de 2001 e com 3.297.297 (três milhões, 
duzentos e noventa e sete mil, duzentos e noventa e sete) passageiros no 
período de janeiro a junho de 2002. 
O Instituto de Medicina Legal de Brasília possui apenas 2 (dois) 
odonto-legistas contratados para efetuar todo o trabalho do IML em 
odontologia legal e não possui aparelhos de raios X odontológicos para 
radiografias periapicais e não possui aparelhos de raios X para radiografias 
panorâmicas, o que também inviabiliza a realização de perícias de 
identificação em vítimas de acidentes aeronáuticos, o que é um absurdo. 
Em Recife, no Instituto de Medicina Legal apenas 1 (um) odonto-
legista contratado para efetuar todo o trabalho no IML. Possui aparelho de 
raios X odontológico para radiografias periapicais e não possui aparelhos de 
raios X para radiografias panorâmicas. 
 O movimento de passageiros no Aeroporto Internacional de Recife – 
Guararapes, foi no ano de 2001 de 2.820.878 (dois milhões, oitocentos e 
vinte mil, oitocentos e setenta e oito) passageiros e no período de janeiro a 
junho de 2002, apresentou 1.502.835 (um milhão, quinhentos e dois mil, 
oitocentos e trinta e cinco) passageiros. 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
112
O Aeroporto Internacional Afonso Pena – Curitiba ocupa o décimo 
lugar no ranking do Brasil em movimento de passageiros com 2.427.178 
(dois milhões, quatrocentos e vinte e sete mil, cento e setenta e oito) 
passageiros no ano de 2001 e apresentou no período de janeiro a junho de 
2002, o movimento de 1.502.835 (um milhão, quinhentos e dois mil, 
oitocentos e trinta e cinco) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Curitiba possui apenas 3 (três) 
odonto-legistas que são contratados. Não possui aparelhos de raios X 
odontológico para radiografias periapicais e não possui aparelhos de raios 
X para radiografias panorâmicas, o que também inviabiliza a identificação 
humana em acidentes aeronáuticos. 
O Instituto de Medicina Legal de Goiânia possui apenas 2 (dois) 
odonto-legistas contratados. Quanto aos aparelhos de raios X odontológico, 
não possui para radiografias periapicais e não possui aparelhos de raios X 
para radiografias panorâmicas. 
O Aeroporto de Goiânia ocupa o décimo sétimo lugar no ranking do 
Brasil com o movimento de 905.072 (novecentos e cinco mil e setenta e dois 
passageiros) no ano de 2001 e no período de janeiro a junho de 2002 obteve 
459.967 (quatrocentos e cinqüenta e nove mil, novecentos e sessenta e 
sete) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Vitória e o Instituto de Medicina Legal 
de Campinas não possuem odonto-legistas. Não estão equipados com 
aparelhos de raios X odontológicos para realização de radiografias 
periapicais e não possuem estes dois Institutos de Medicina Legal aparelhos 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
113
de raios X odontológicos para radiografias panorâmicas. Em caso de 
acidente aeronáutico em Vitória e Campinas, será necessário que odonto-
legistas e equipamentos de raios X odontológicos sejam providenciados 
para realizarem o trabalho de identificação das vítimas. 
 O Aeroporto de Vitória apresentou no ano de 2001 o movimento de 
944.924 (novecentos e quarenta e quatro mil, novecentos e vinte e quatro) 
passageiros, e no período de janeiro a junho de 2002, o movimento foi de 
649.920 (seiscentos e quarenta e nove mil, novecentos e vinte) passageiros. 
Ocupou o décimo sexto lugar no ranking de movimento de passageiros. 
O Aeroporto Internacional de Viracopos – Campinas apresentou no 
ano de 2001 o movimento de 769.409 (setecentos e sessenta e nove mil, 
quatrocentos e nove) passageiros e no período de janeiro a junho de 2002, 
408.769 (quatrocentos e oito mil, setecentos e sessenta e nove) 
passageiros, ocupando o décimo oitavo lugar no ranking de movimento de 
passageiros. 
O segundo colocado no ranking de movimento de passageiros do 
Brasil com 11.707.169 (onze milhões, setecentos e sete mil, cento e 
sessenta e nove) passageiros no ano de 2001 e com 5.956.220 (cinco 
milhões, novecentos e cinqüenta e seis mil e duzentos e vinte) passageiros 
no período de janeiro a junho de 2002, é o Aeroporto Internacional deCongonhas – São Paulo. 
O Instituto de Medicina Legal de São Paulo possui apenas 3 (três) 
odonto-legistas efetivos para efetuar todo o trabalho de odontologia legal. 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
114
Possui aparelho de raios X odontológico para radiografias periapicais e não 
possui aparelhos de raios X para radiografias panorâmicas. 
A cidade maravilhosa abriga dois aeroportos que ocupam o quarto e o 
quinto lugares no ranking de movimento de passageiros, respectivamente: O 
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro – Galeão que no ano de 2001 
apresentou o movimento de 5.987.053 (cinco milhões, novecentos e oitenta 
e sete mil, e cinqüenta e três) passageiros e no período de janeiro a junho 
de 2002 com 2.724.983 (dois milhões, setecentos e vinte e quatro mil, 
novecentos e oitenta e três) passageiros, e a seguir o Aeroporto Santos 
Dumont – Rio de Janeiro que no ano de 2001 contabilizou o movimento de 
4.946.542 (quatro milhões, novecentos e quarenta e seis mil, quinhentos e 
quarenta e dois) passageiros e no período de janeiro a junho de 2002, 
obteve 2.763.248 (dois milhões, setecentos e sessenta e três mil, duzentos e 
quarenta e oito) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal do Rio de Janeiro possui o maior 
número de odonto-legistas efetivos dentre os 18 (dezoito) Institutos de 
Medicina Legal pesquisados, contabilizando o total de 30 (trinta) odonto-
legistas efetivos. Possui aparelho de raios X odontológico para radiografias 
periapicais e não possui aparelhos de raios X para radiografias 
panorâmicas. 
O Aeroporto Internacional de Salvador ocupa o sexto lugar no ranking 
de movimento de passageiros com 3.761.724 (três milhões, setecentos e 
sessenta e um mil, setecentos e vinte e quatro) passageiros no ano de 2001 
e no período de janeiro a junho de 2002 apresentou o movimento de 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
115
1.944.514 (um milhão, novecentos e quarenta e quatro mil, quinhentos e 
quatorze) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Salvador possui apenas 2 (dois) 
odonto-legistas efetivos para realizarem todo o trabalho de odontologia legal. 
Possui aparelho de raios X odontológico para radiografias periapicais e não 
possui aparelhos de raios X para radiografias panorâmicas. 
O Aeroporto Internacional Salgado Filho / Porto Alegre ocupa o sétimo 
lugar no ranking de movimento de passageiros no Brasil com 2.879.091 
(dois milhões, oitocentos e setenta e nove mil, e noventa e um) passageiros 
no ano de 2001 e no período de janeiro a junho de 2002 apresentou o 
movimento de 1.459.192 (um milhão, quatrocentos e cinqüenta e nove mil, 
cento e noventa e dois) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Porto Alegre possui 7 (sete) odonto-
legistas efetivos. Não possui aparelhos de raios X odontológico para 
radiografias periapicais e não possui aparelhos de raios X para radiografias 
panorâmicas. 
Belo Horizonte, da mesma maneira que a cidade do Rio de Janeiro, 
abriga 2 (dois) aeroportos que ocupam respectivamente o nono e o décimo 
nono lugares no ranking de movimento de passageiros: O Aeroporto 
Internacional de Belo Horizonte – Pampulha, no ano de 2001 apresentou o 
movimento de 2.548.117 (dois milhões, quinhentos e quarenta e oito mil, 
cento e dezessete) passageiros e no período de janeiro a junho de 2002, 
contabilizou 1.611.058 (um milhão, seiscentos e onze mil, e cinqüenta e oito 
passageiros), enquanto o Aeroporto Internacional Tancredo Neves – Confins 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
116
no ano de 2001 obteve 621.832 (seiscentos e vinte e um mil, oitocentos e 
trinta e dois) passageiros e no período de janeiro a junho de 2002, 
apresentou o movimento de 311.415 (trezentos e onze mil, quatrocentos e 
quinze) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Belo Horizonte possui 7 (sete) 
odonto-legistas, sendo 5 (cinco) odonto-legistas efetivos e 2 (dois) odonto-
legistas contratados. Possui aparelho de raios X para radiografias periapicais 
e não possui aparelhos de raios X para radiografias panorâmicas. Na 
Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais não existe o cargo de 
odonto-legista, apenas o cargo de perito criminal, o que deveria ser alterado 
para que o profissional em odontologia legal seja devidamente enquadrado 
no cargo que representa a sua especialidade. 
O Aeroporto Internacional Pinto Martins – Fortaleza ocupa o décimo 
primeiro lugar no ranking em movimento de passageiros no Brasil, com 
2.155.518 (dois milhões, cento e cinqüenta e cinco mil, quinhentos e dezoito) 
passageiros no ano de 2001 e no período de janeiro a junho de 2002, 
apresentou 1.010.359 (um milhão, dez mil, trezentos e cinqüenta e nove) 
passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Fortaleza possui 13 (treze) odonto-
legistas, sendo 7 (sete) odonto-legistas efetivos e 6 (seis) odonto-legistas 
contratados. Possui aparelho de raios X odontológico para radiografias 
periapicais e não possui aparelho de raios X para radiografias panorâmicas. 
O Aeroporto Internacional Eduardo Gomes – Manaus, ocupa o décimo 
segundo lugar no ranking em movimento de passageiros e no ano de 2001 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
117
com 1.316.436 (um milhão, trezentos e dezesseis mil, quatrocentos e trinta e 
seis) passageiros e no período de janeiro a junho de 2002 apresentou 
618.687 (seiscentos e dezoito mil, seiscentos e oitenta e sete) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Manaus possui 2 (dois) odonto-
legistas, sendo 1(um) odonto-legista efetivo e 1(um) odonto-legista 
contratado. Possui aparelho de raios X odontológico para radiografias 
periapicais e não possui aparelho de raios X para radiografias panorâmicas. 
O Aeroporto Internacional de Belém, ocupa o décimo terceiro lugar no 
ranking de movimento de passageiros no Brasil e no ano de 2001 
apresentou 1.178.457 (um milhão, cento e setenta e oito mil, quatrocentos e 
cinqüenta e sete) passageiros e no período de janeiro a junho de 2002 com 
590.689 (quinhentos e noventa mil, seiscentos e oitenta e nove) 
passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Belém é o segundo colocado com o 
maior número de odonto-legistas com o total de 15 (quinze) efetivos. É o 
único Instituto de Medicina Legal que possui aparelho de raios X 
odontológico para radiografias periapicais, como também possui aparelhos 
de raios X para radiografias panorâmicas. O Instituto de Medicina Legal de 
Belém é o IML que está mais bem equipado dentre todos os pesquisados, 
além de possuir um número considerável de odonto-legistas em seu quadro 
efetivo. 
O Aeroporto Internacional de Florianópolis ocupa o décimo quarto 
lugar no ranking de movimento de passageiros, com 1.101.085 (um milhão, 
cento e um mil, e oitenta e cinco passageiros) no ano de 2001 e apresentou 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
118
no período de janeiro a junho de 2002 o total de 628.289 (seiscentos e vinte 
e oito mil, duzentos e oitenta e nove) passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Florianópolis possui apenas 3 (três) 
odonto-legistas efetivos para realizar todo o trabalho de odontologia legal. 
Não possui aparelhos de raios X odontológico para radiografias periapicais 
e não possui aparelho de raios X para radiografias panorâmicas. 
O Aeroporto Internacional Augusto Severo – Natal , ocupa o décimo 
quinto lugar no ranking de movimento de passageiros e no ano de 2001 
contabilizou 974.166 (novecentos e setenta e quatro mil, cento e sessenta e 
seis) passageiros e no período de janeiro a junho de 2002, apresentou 
478.629 (quatrocentos e setenta e oito mil, seiscentos e vinte e nove) 
passageiros. 
O Instituto de Medicina Legal de Natal possui 6 (seis) odonto-legistas, 
sendo 3 (três) odonto-legistas efetivos e 3 (três) odonto-legistas contratados. 
Não possui aparelhos de raios X odontológico para radiografia periapical e 
não possui aparelho de raios X para radiografias panorâmicas, o que 
inviabiliza a realizaçãode perícias para identificação humana em acidentes 
aeronáuticos. 
O Aeroporto Internacional de Maceió – Zumbi dos Palmares, ocupa o 
vigésimo lugar no ranking de movimento de passageiros e no ano de 2002 
contabilizou 621.590 (seiscentos e vinte e um mil, quinhentos e noventa) 
passageiros, e no período de janeiro a junho de 2002, totalizou 297.280 
(duzentos e noventa e sete mil, duzentos e oitenta) passageiros. 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
119
O Instituto de Medicina Legal de Maceió possui 4 (quatro) odonto-
legistas, sendo 3 (três) efetivos e 1 (um) contratado. Não possui aparelhos 
de raios X odontológico para radiografias periapicais e não possui aparelhos 
de raios X para radiografias panorâmicas, o que dificulta muito a realização 
de perícias para identificação humana em acidentes aeronáuticos. 
Esta visão panorâmica quanto ao número de odonto-legistas efetivos 
nos Institutos de Medicina Legal pesquisados, em grande parte é 
preocupante. Destacam positivamente os Institutos de Medicina Legal do Rio 
de Janeiro com 30 (trinta) odonto-legistas efetivos, e Belém com 15 (quinze) 
odonto-legistas efetivos. 
 
6.6 Da importância do odonto-legista na identificação humana em 
acidentes aeronáuticos 
 
Todos os Diretores dos 18 (dezoito) Institutos de Medicina Legal do 
Brasil pesquisados foram unânimes em afirmar que é importante a atuação 
do odonto-legista na perícia de identificação humana em vítimas de 
acidentes aeronáuticos. Está reconhecido o valor do odonto-legista neste 
importante trabalho de identificação de vítimas de acidentes aeronáuticos. 
 
6.7 Considerações finais 
 
No Brasil, ao contrário dos países desenvolvidos, não existem 
equipes de identificação dentária, que são de grande importância para a 
identificação em acidentes aeronáuticos. Munõz (1999) alertou com 
DISCUSSÃO 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
120
bastante propriedade e responsabilidade: “No Brasil inexiste um programa 
ou planejamento sistematizado para a identificação de vítimas de desastre 
de massa.” 
Atualmente (em 2003), 4 (quatro) anos após a conclusão da brilhante 
Tese do Professor Doutor Daniel Romero Muñoz, e após quase 7 (sete) 
anos do maior acidente aeronáutico em número de vítimas ocorrido no 
Brasil – Acidente da TAM / 1996 – vôo 402, o Brasil não se preparou 
através de um programa ou planejamento sistematizado para a 
identificação das vítimas, e não possui equipes de identificação dentária e 
médica previamente treinadas e preparadas para atuar de forma 
coordenada e eficiente nestes trágicos acidentes. 
O que as autoridades estão esperando? O que será feito quando uma 
aeronave com 400 (quatrocentos) passageiros sofrer um grave acidente no 
Brasil? 
Deve-se esperar ocorrer o acidente aeronáutico para que depois as 
providências necessárias sejam tomadas? A literatura mundial responde 
negativamente a esta indagação. O planejamento prévio é o mais salutar. 
Ainda há tempo para se iniciar um planejamento e treinamento sério e com 
responsabilidade, pois uma característica básica do desastre de massa e 
particularmente o acidente aeronáutico é a falta de previsibilidade de sua 
ocorrência. 
 
 
 
7 CONCLUSÕES 
 
 
A análise dos resultados e a revisão da literatura especializada 
permitiram as seguintes conclusões: 
 
1. A odontologia legal é fundamental na perícia de identificação em 
acidentes aeronáuticos, devido à resistência dos elementos dentários, 
restaurações e próteses odontológicas, à ação do fogo e de altas 
temperaturas, características marcantes dos acidentes aeronáuticos. 
2. Os equipamentos de raios X odontológicos para radiografias 
periapicais e os aparelhos de raios X odontológicos para radiografias 
panorâmicas são essenciais para realização de uma identificação 
positiva das vítimas de acidentes aeronáuticos; 
3. A radiologia odontológica digitalizada facilita sobremaneira o trabalho 
de uma perícia de identificação humana e os dados obtidos podem ser 
enviados através de rede de computadores; 
4. Grande parte dos Institutos de Medicina Legal pesquisados (10 casos), 
não estão equipados com aparelhos de raios X odontológicos para 
radiografias periapicais e com aparelhos de raios X para radiografias 
panorâmicas, para a realização de perícia de identificação humana em 
vítimas de acidentes aeronáuticos; 
CONCLUSÕES 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
122
5. O número de odonto-legistas efeivos nos Institutos de Medicina Legal 
pesquisados é muito pequeno, com exceção do IML do Rio de Janeiro 
e do IML de Belém. 
6. Os Institutos de Medicina Legal de Vitória e de Campinas não possuem 
odonto-legistas e não possuem equipamentos de raios X odontológico 
para perícias de identificação humana; 
7. Por unanimidade, todos os 18 (dezoito) Diretores dos Institutos de 
Medicina Legal que participaram desta pesquisa, afirmaram que o 
trabalho do odonto-legista é de fundamental importância para a 
realização de perícias de identificação humana em vítimas de 
acidentes aeronáuticos; 
8. Urge que sejam formadas e capacitadas equipes de identificação 
humana, com participação de odonto-legistas, médico legistas, 
antropólogos, patologistas forenses, radiologistas odontológicos e 
médicos, para atuação imediata quando da ocorrência de desastres de 
massa (acidentes aeronáuticos), através de um plano pré desastre, o 
que inexiste no Brasil. 
9. Realizar parceria com a INTERPOL para a implementação desta 
capacitação e treinamento destas equipes de identificação brasileiras. 
10. A situação atual da Odontologia Legal em grande parte dos Institutos 
de Medicina Legal para a realização de perícias de identificação 
humana em caso de acidente aeronáutico, é deficiente em recursos 
humanos e em equipamentos de raios X odontológicos. Isto é muito 
grave. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
ANEXOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
124
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OFÍCIO E QUESTIONÁRIO 
ENVIADOS 
AOS DIRETORES DOS 
INSTITUTOS DE MEDICINA 
LEGAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
125
 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA SOCIAL 
MESTRADO EM DEONTOLOGIA E ODONTOLOGIA LEGAL 
 
 
ORIENTADOR: Prof. Dr. Moacyr da Silva 
MESTRANDO: Rodrigo Miranda Pereira 
 
 Prezado Senhor, 
 
 
Tenho a grata satisfação de comunicar-lhe que estou cursando o 
Mestrado em Deontologia e Odontologia Legal na Universidade São Paulo, e 
a minha dissertação é sobre "A contribuição da odontologia legal na 
identificação humana em acidentes aeronáuticos". 
O Comando da Aeronáutica está apoiando este trabalho científico e 
prontamente forneceu-me dados das cidades brasileiras que possuem o 
tráfego aéreo intenso, e a cidade a qual pertence este Instituto de Medicina 
Legal está entre as indicadas pela Aeronáutica. 
Em anexo estou encaminhando a V.Sª. um questionário e o envelope 
selado para resposta. Informo-lhe que V.Sª. não está obrigado a prestar 
estas informações, mas a sua colaboração será de fundamental importância 
para o desenvolvimento e êxito desta dissertação de mestrado. 
Após a coleta dos dados de todos os Institutos de Medicina Legal 
indicados nesta pesquisa pelo Comando da Aeronáutica, coloco-me à sua 
disposição para fornecer as conclusões obtidas. 
Certo de poder contar com a sua valiosa colaboração, agradeço-lhe 
antecipadamente. 
 
Atenciosamente, 
 RODRIGO MIRANDA PEREIRA, C.D. 
 Mestrando em Deontologia e Odontologia Legal/USP 
 
 
 
 
ILUSTRÍSSIMO SENHOR 
Dr. 
DIRETOR DO INSTITUTO DE MEDICINA LEGAL 
 
 
 
 
ANEXOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
126
 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA SOCIAL 
MESTRADO EM DEONTOLOGIA E ODONTOLOGIA 
LEGAL 
 
 
ORIENTADOR: Prof. Dr. Moacyr da Silva 
MESTRANDO: Rodrigo Miranda Pereira 
 
 
IDENTIFICAÇÃO DO INSTITUTO DE MEDICINA LEGAL 
 
NOME:_________________________________________________________________DIRETOR:______________________________________________________ 
QUESTIONÁRIO 
 
01. O Senhor possui Odontolegistas no quadro efetivo deste IML? 
 � sim � não 
 
02. Quantos Odontolegistas pertencem ao quadro efetivo deste IML? 
 Resposta:___________________________________________ 
 
03. O Senhor possui Cirurgiões-Dentistas que não pertencem ao quadro 
efetivo deste IML e que exercem as funções de Odontolegistas? 
 � sim � não 
 
04. Quantos Cirurgiões-Dentistas exercem a função de Odontolegistas e 
não pertencem ao quadro efetivo deste IML? 
 Resposta:_______________________________________________ 
 
05. Quais os tipos de aparelhos de Raios X disponíveis aos 
Odontolegistas para auxiliar na Perícia de Identificação Humana pelo 
exame dos dentes? 
 � Para Radiografias Periapicais � Para Radiografias 
Panorâmicas 
 � Não possui os aparelhos de Raios X acima discriminados 
 
06. O Senhor considera importante a atuação do Odontolegista na 
Identificação Humana em vítimas de acidentes aeronáuticos? 
 � sim � não 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
127
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA 
EM PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA 
128
Anexo 2 
 
 
 
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∗ De acordo com o Estilo Vancouver. Abreviatura de periódicos segundo Bases de dados 
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SUMMARY 
 
FORENSIC ODONTOLOGY IN THE HUMAN DENTAL IDENTIFICATION IN 
AIRCRAFT ACCIDENTS (MASS DISASTERS) 
 
The objective of this research was to test the importance of Forensic 
Odontology (FO) in the human dental identification (ID) in aircraft accident 
and to detect the situation of the Forensic Odontology and the X-Ray 
Odontology equipment as well, at the IML (Legal (Forensic) Medicine 
Institute) of the cities where the 20 (twenty) biggest crowded airports in Brazil 
are situated during the year of 2001 and throught January to June, 2002. 
Revising the specific literature and analyzing 18 (eighteen) questionnaires 
answered by the directors of the above mentioned IMLs it was confirmed 
that: the total of the odontolegists who works in such IMLs is 102 (one 
hundred e two), 79 (seventy-nine) effective odontolegists and 23 (twenty-
three) hired ones. There are no X-Ray Odontology equipment for peripicais 
X-Ray in most of these IMLs (in fact, in 10 of them), as well as no X-Ray for 
panoramic one, esencial equipment for an accurate proceding of human ID. 
There are no odontolegists at the IMLs of the cities of Vitória and Campinas. 
All of the 18 IMLs directors were unanimous in affirming that the 
odontolegists work in aircraft accident is very important for the ID of the 
victims. At present, the situation of Forensic Odontology in most of the 
studied IMLs is in deficit, not only as to the number of the odontolegists but 
also due to the lack of adequate equipments to make an identification work 
with safety, especially in aircraft accidents, in which the main characteristics 
is unforesseable. Most serious is that in Brazil there are no specialized and 
capable teams for the work of ID of the victims of aircraft accidents. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE 
RODRIGO MIRANDA PEREIRA

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