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ARTIGO SOBRE DISCIPLINA DE ESTAGIO

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O ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DOCENTE: da teoria a prática, ação-reflexão 
 
 
Berenice Lurdes Borssoi1 
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE 
bereborssoi@bol.com.br 
 
RESUMO: A formação do professor vem sendo um assunto amplamente discutido nas 
instituições escolares, visto que a formação do educador é um fator essencial para o 
ensino e a aprendizagem dos alunos. Certamente com a existência de profissionais 
qualificados, competentes, compromissados e valorizados, quem ganhará será a 
sociedade, tendo cidadãos criativos e críticos. Para isso, os cursos de formação precisam 
oferecer, além de conhecimentos científicos, atividades práticas sob forma de estágio, 
como também o próprio estágio supervisionado que articule teoria e prática. Portanto, 
este estudo teórico tem por objetivo refletir sobre a questão do estágio e a relação teoria 
e prática na formação do professor. Procurou-se descrever a importância do estágio para 
a formação docente, como meio de conhecer a realidade escolar, a partir de uma visão 
dialética como forma de superar a fragmentação entre teoria e prática, visando à 
formação da identidade profissional através da reflexão, do diálogo e da intervenção. 
Estudou-se bibliografias que possibilitassem acesso a esse conhecimento, restringindo-
se aos conhecimentos vivenciados no âmbito do processo de formação oferecido pelo 
Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – 
UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão. Para tanto, o estágio constitui-se um 
momento de ensino-aprendizagem, pesquisa e investigação, quando direcionados a esse 
fim. 
 
Palavras-chave: Estágio, formação docente, teoria-prática. 
 
 
1
 Professora do Centro de Ciências Humanas, UNIOESTE, Campos de Francisco Beltrão, Curso de 
Pedagogia. Membro do Grupo de Pesquisa Educação e Sociedade – GEDUS - UNIOESTE. E-mail: 
bereborssoi@bol.com.br. 
 
 
O pensamento reflexivo e a 
capacidade investigativa não se 
desenvolvem espontaneamente, eles 
precisam ser instigados, cultivados e 
requerem condições favoráveis para o 
seu surgimento. 
Iraíde Marques de Freitas e Raimunda 
Abou Gebran (2006, p. 36). 
 
 
Introdução 
No sentido de compreender o estágio como via fundamental na formação do 
professor, é essencial considerar que o mesmo possibilita a relação teoria-prática, 
conhecimentos do campo de trabalho, conhecimentos pedagógicos, administrativos, 
como também conhecimentos da organização do ambiente escolar, entre outros fatores. 
Dessa forma, o objetivo central do estágio é a aproximação da realidade escolar, para 
que o aluno possa perceber os desafios que a carreira lhe oferecerá, refletindo sobre a 
profissão que exercerá, integrando - o saber fazer – obtendo (in)formações e trocas de 
experiências. 
O presente artigo, portanto, tem como objetivo de estudo abordar a importância 
do “estágio”, seja o estágio supervisionado ou estágio sob forma de atividades práticas, 
e a importância da “relação teoria e prática” na formação do professor. Contudo, 
restringiu-se aos conhecimentos vivenciados no âmbito do processo de formação 
oferecido pelo Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste 
do Paraná – UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão. 
O Curso de Pedagogia da UNIOESTE traz em sua grade curricular, desde o 
primeiro ano, disciplinas que contam com atividades práticas, a fim de superar a tão 
problemática dicotomia entre teoria e prática, tema de altas discussões, debates e 
pesquisas, sendo um dos grandes desafios de muitos cursos de graduação, de um modo 
geral. Essas atividades têm por objetivo proporcionar aos alunos a realização de estágios 
durante todo o percurso acadêmico, a fim de aproximá-los do contexto escolar e assim, 
trabalhar com disciplinas técnicas e pedagógicas. 
Nesse sentido, percebe-se que os acadêmicos ficam angustiados, mais com os 
estágios supervisionados, do que com as atividades práticas desenvolvidas durante 
curso. Ou seja, reportando-se ao comportamento dos alunos na realização do estágio 
supervisionado, nota-se uma preocupação, além da reflexão sobre a importância do 
 
mesmo na formação docente. Vê-se que muitos acadêmicos desenvolvem as atividades 
do estágio supervisionado com uma facilidade extrema, sem precipitações. Já, outros 
encaram-no como “algo de outro mundo”, “desconhecido”. 
Para tanto, precisa-se levar em conta a diversidade dos alunos, a maioria dos 
acadêmicos egressos do ensino médio e atuando em outras áreas. No entanto, os 
professores/orientadores deparam-se com situações que exigem encaminhamentos 
especiais a fim de que não se frustrem, ou seja, “o desenvolvimento do estágio precisa 
ser orientado por procedimentos definidos que visem ao melhor aproveitamento dos 
momentos destinados a disciplina” (KENSKI, 1991, p.39). 
 Diante disso, faço alguns questionamentos: Será que nossos alunos sabem o que 
querem profissionalmente? Será que eles têm conhecimento do curso? Será que eles 
analisam as disciplinas/ grade curricular antes de nele ingressar? Sabem da importância 
do estágio, ou melhor, qual é o papel do estágio para a sua formação? Caso fizessem 
esses questionamentos saberiam que o curso oferta disciplinas práticas, que deverão ser 
desenvolvidas durante a graduação e os estágios serão realizados no campo de trabalho, 
como acontece com vários cursos de graduação. 
 Ao produzir este artigo, não pretende-se responder a todas essas indagações, mas 
fazer com que os leitores reflitam sobre a importância do estágio na formação do 
professor, sabendo realmente qual é seu papel. KULCSAR considera os “estágios 
supervisionados uma parte importante da relação trabalho-escola, teoria-prática, e eles 
podem representar, em certa medida, o elo de articulação orgânica com a própria 
realidade” (KULCSAR, 1991, p. 63). Considera-se que, além do estágio 
supervisionado, as atividades práticas também contribuem muito no aprendizado dos 
alunos/acadêmicos e em sua formação, pois através de uma observação orientada 
consegue-se obter várias informações do trabalho escolar. Porém, o estágio não deve 
(deveria) “ser constituído de forma burocrática, com preenchimentos de fichas e 
valorização de atividades que envolvem observação, participação e regência, 
desprovidas de uma meta investigativa” (BARREIRO; GEBRAN, 2006, p. 26). (grifo 
meu) 
 
 
Breves reflexões sobre estágio 
Este artigo fundamenta-se no referencial teórico que busca compreender o 
estágio como uma das ações responsáveis pela articulação entre a teoria e a prática, 
 
enquanto relação fundamental na prática docente. Entretanto, para compreender melhor 
o tema aborda-se abaixo algumas reflexões sobre o estágio. 
De acordo com Barreiro e Gebran “o estágio [...] pode se construir no lócus de 
reflexão e formação da identidade ao propiciar embates no decorrer das ações 
vivenciadas pelos alunos, desenvolvidas numa perspectiva reflexiva e crítica, desde que 
efetivado com essa finalidade” (2006, p. 20). Entende-se que no decorrer do estágio é 
importante refletir sobre as vivências e esse espírito reflexivo e crítico são 
proporcionados pelo professor/orientador. 
 Já o Parecer número 21, de 2001, do Conselho Nacional de Educação, define o 
estágio, 
 
Como um tempo de aprendizagem que, através de um período de 
permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a 
prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o 
estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional 
reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário 
[...] é o momento de efetivar um processo de ensino/aprendizagem que, 
tornar-se-á concreto e autônomo quando da profissionalização deste 
estagiário. 
 
 Observa-se como o estágio é fundamental, tornando-se“[...] um momento de 
efetivar um processo de ensino-aprendizagem [...]” (CONSELHO NACIONAL DE 
EDUCAÇÃO, PARECER Nº. 21, 2001), basta indagar e refletir os conhecimentos nele 
providos pelo ambiente educativo. 
 Nessa perspectiva, Fávero (2001) propõe a construção de um conhecimento 
dialético, em que a teoria e prática sejam consideradas como um núcleo articulador no 
processo de formação a partir do trabalho desenvolvido com esses dois eixos de forma 
integrada, indissociável e complementar. 
 Acredita-se que o estágio precisa caminhar nesse rumo, ou seja, numa visão 
dialética, onde professores/orientadores e alunos/acadêmicos possam argumentar, 
discutir, refletir e dialogar as práticas vivenciadas na escola. Pensar na formação 
docente é pensar na reflexão da prática e numa formação continuada, onde se realizam 
saberes diversificados, seja saberes teóricos ou práticos, que se transformam e 
confrontam-se com as experiências dos profissionais. Portanto, é através desses 
confrontos que acontece a troca de experiências e onde o professor reflete sua prática 
pedagógica. Segundo Barreiro e Gebran (2006, p. 22) “a aquisição e a construção de 
uma postura reflexiva pressupõe um exercício constante entre a utilização dos 
 
conhecimentos de natureza teórica e prática na ação e a elaboração de novos saberes, a 
partir da ação docente”. 
 Para tanto, a ação-reflexão na formação docente auxilia a compreensão entre 
teoria e prática, pois tendo reflexão na prática haverá a busca de conhecimentos 
teóricos, os quais contribuirão para a prática. 
 Barreiro e Gebran abordam ainda, 
 
A articulação da relação teoria e prática é um processo definidor da qualidade 
da formação inicial e continuada do professor, como sujeito autônomo na 
construção de sua profissionalização docente, porque lhe permite uma 
permanente investigação e a busca de respostas aos fenômenos e às 
contradições vivenciadas (BARREIRO; GEBRAN, 2006, p. 22). 
 
Pimenta e Gonçalves (apud PIMENTA; LIMA, 2004, p. 45) “consideram que a 
finalidade do estágio é propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual atuará” 
[...] as autoras defendem “uma nova postura, uma redefinição do estágio, que deve 
caminhar para a reflexão, a partir da realidade”. 
 A partir destas reflexões, pode-se perceber que os autores têm uma visão ampla 
sobre a importância do estágio, sendo que o mesmo proporciona o elo entre teoria e 
prática e a aproximação da realidade, tendo um papel fundamental para a formação 
docente. Frente a esse embate, pode-se dizer que o estágio é um momento de 
aprendizado que se pode efetivar. 
 
 
O estágio: prática pedagógica e os cursos de formação 
 Pimenta e Lima (2004) abordam que o estágio é a parte prática dos cursos de 
formação de profissionais e que muitos cursos, na sua grade curricular, dão ênfase a um 
aglomerado de disciplinas isoladas entre si, sem articular a teoria e a prática, como 
saberes que se complementam. E mais, para as disciplinas teóricas há uma carga horária 
maior que para as práticas, tornando assim o estágio burocrático - “estágio à distância”. 
Portanto, de acordo com Pimenta e Lima “o estágio tem de ser teórico-prático, ou seja, 
que a teoria é indissociável da prática” (2004, p. 34). Porém, para concebermos essa 
idéia, precisa-se entender o conceito de prática e de teoria a partir do conceito de práxis, 
“que aponta para o desenvolvimento do estágio como uma atitude investigativa, que 
envolve a reflexão e a intervenção na vida da escola, dos professores, dos alunos e da 
sociedade” (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 34). 
 
Antes de seguir, faz-se necessário questionar então: Como os professores 
aprendem a ensinar? Ou, como aprenderam a ensinar? Pela imitação de modelos? Pela 
utilização de técnicas? Pela observação? Apenas com a realização dos estágios? Claro 
que não!!! São vários questionamentos que leva a obter-se alternativas e dúvidas em 
relação ao estágio, argumentando qual é seu papel e sua importância nos cursos de 
formação. 
Diante dessas problemáticas, Pimenta e Lima descrevem duas perspectivas pelas 
quais o estágio pode ser desenvolvido pela prática como imitação de modelos e como 
instrumentalização técnica, quando não refletidos. 
Segundo as autoras o exercício de qualquer profissão é prático, no sentido de 
ação. Nesse sentido, a profissão professor não é diferente, e o modo de aprender a fazer 
algo, seja nessa profissão ou outra, parte da observação, da imitação, reprodução 
daquilo que é visto e observado. No entanto, os alunos/acadêmicos e 
professores/orientadores, a partir da observação, devem elaborar sua própria prática, 
adequando, acrescentando e criando novas idéias, após uma análise crítica e reflexiva do 
modo de agir do professor. Quando aborda-se ser “crítico” supõe-se compreender que a 
sociedade e as pessoas vivem em uma sociedade capitalista. Nesse viés necessitam 
conhecimentos históricos e culturais, para assim serem críticos, conscientes do contexto 
e da realidade social, e não ser crítico no sentindo de baderna. No entanto, a prática 
como imitação de modelo leva os acadêmicos a limitações, não considerando as 
demandas e a realidade do contexto escolar. Nesse sentido, 
 
O estágio, nessa perspectiva, reduz-se a observar os professores em aula e 
imitar esses modelos, sem proceder a uma análise crítica fundamental 
teoricamente e legitimada na realidade social em que o ensino se processa. 
Assim, a observação se limita à sala de aula, sem análise do contexto escolar, 
e espera-se do estagiário a elaboração e execução de “aulas-modelo” 
(PIMENTA; LIMA, 2004, p. 36). 
 
Para Pimenta e Lima (2004) o exercício de qualquer profissão é técnico também, 
pois precisa utilizar técnicas para sua execução; nesse caso, também a profissão 
professor desenvolve habilidades específicas para realizar tal atividade. Todavia, “a 
prática pela prática e o emprego de técnicas sem a devida reflexão podem reforçar a 
ilusão de que há uma prática sem teoria ou de uma teoria desvinculada da prática” 
(2004, p. 37). Aqui vale salientar o que muitos acadêmicos, sem saber ou refletir sobre o 
que dizem contradizem-se quando falam “na minha prática a teoria é outra”. 
 
Na “relação dialógica, a troca de opiniões e experiências contribui para a 
elaboração de novos conhecimentos. A teoria, com efeito, surge a partir da prática, é 
elaborada em função da prática, e sua verdade é verificada pela própria prática” 
(PICONEZ, 1991, p. 29). 
Conclui-se que o professor precisa saber desenvolver habilidades que condizem 
com a prática, conforme as diversas situações em que ocorre ensino, ou seja, traçar 
objetivos do que se pretende alcançar com determinada técnica, articulando teoria, 
prática e habilidades desenvolvidas. O professor precisa ter conhecimento cientifico, 
conhecimento prático e conhecimento técnico. 
Repensar nas perspectivas citadas por Pimenta e Lima (prática como imitação de 
modelos e como instrumentalização técnica) é repensar na formação do professor onde 
os cursos necessitam oferecer conhecimentos práticos e teóricos. Portanto, qualquer 
profissional, como também o professor, aprende sim, pela observação, imitação e 
reprodução daquilo que é observado, através do estágio. Porém, é preciso reflexão 
analítica sobre aquilo que se faz e conhecimento teórico-prático. 
Pimenta e Lima (2004) afirmam que “a profissão professor é uma prática social. 
Como tantas outras, é uma forma de se intervir na realidade social, no caso, por meio da 
educação que ocorre não só, mas essencialmente, nas instituições de ensino. Isso porque 
a atividade docente é ao mesmo tempo prática e ação”. 
Nesse processo, é de fundamental importância o professor ter consciência de sua 
prática e ação pedagógica, pois elas determinam as atividades desenvolvidas no interior 
da escola. Sendo assim, 
 
O papel das teorias é iluminare oferecer instrumentos e esquemas para 
análise e investigação que permitem questionar as práticas institucionalizadas 
e as ações dos sujeitos e, ao mesmo tempo, colocar elas próprias em 
questionamento, uma vez que as teorias são explicáveis sempre provisórias 
da realidade (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 43). 
 
Diante do que foi exposto, percebe-se não ser suficiente apenas uma 
fundamentação teórica bem alicerçada na formação do professor, mas faz-se necessário 
a prática alicerçada com a fundamentação teórica. É imprescindível, na formação do 
professor uma busca constante, não apenas do saber, mas também do fazer, estando 
cada vez mais presente a ação - reflexão no dia-a-dia do professor, para que ele não se 
acomode e avalie sua prática em busca de um melhor saber e de um melhor fazer. 
 
Segundo Pimenta e Lima (2004), compete aos cursos de formação possibilitar 
aos futuros professores a compreensão da complexidade das práticas e ações praticadas 
pelos profissionais, como alternativa no preparo para a inserção profissional. Isso pode 
ser conquistado se o estágio for articulado a todas as disciplinas, a fim de formar 
professores críticos e analíticos. Nesse sentido, “não é possível que o professor tenha 
uma prática investigativa se sua formação não priorizou a investigação a partir da 
análise, da reflexão, da crítica e de novas maneiras de se educar” (BARREIRO; 
GEBRAN, 2006, p. 25). 
Dessa forma, busca-se, com o estágio, a superação da separação entre teoria e 
prática, e ao mesmo tempo, transformar o estágio em pesquisa e investigação teórico-
prática. Assim, o estágio oferecerá ao acadêmico a aproximação da realidade e 
iniciativas para pesquisa. 
Na realização dos estágios professores/orientadores, atuam e diante do exposto 
acima, caberá a esse profissional questionar seu aluno sobre as práticas vivenciadas no 
ambiente escolar, ou seja, “é preciso que os professores orientadores de estágios 
procedam no coletivo, junto a seus pares e alunos, a essa apropriação da realidade, para 
analisá-la e questioná-la criticamente, à luz de teorias” (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 
45). 
Para haver a interação entre professor/orientador x aluno/acadêmico e uma 
formação docente de qualidade, faz-se necessário formar professores que não saibam 
apenas falar, mas principalmente ouvir. O papel da formação, entretanto, vai além do 
ensino, pois envolve capacidades de abrir e criar espaços de escuta e reflexão, a fim de 
que os acadêmicos apreendam a lidar com as dificuldades e mudanças pelas quais o 
aluno, a escola e a sociedade passam. 
Conclui-se que “o estágio [...] é atividade teórica de conhecimento, 
fundamentação, diálogo e intervenção na realidade [...], ou seja, é no contexto da sala de 
aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá” (PIMENTA; 
LIMA, 2004, p. 45). 
 O estágio também poderá ter outras estratégias positivas para a formação do 
futuro professor, segundo autores. Através dele pode-se realizar pesquisas relacionadas 
ao ambiente escolar, as quais possibilitam a ampliação e análise dos contextos onde os 
alunos realizam os estágios. Outro aspecto é que ele permite desenvolver no aluno 
postura e habilidade de pesquisador, elaborando projetos que permitam compreender e 
problematizar as situações vivenciadas e observadas. 
 
O estágio traz momentos de investigação, e quando bem orientados, gera um 
processo dialético das práticas educativas, compreendendo que o aluno, a escola, seus 
profissionais e a comunidade vivem num ambiente histórico, cultural e social que sofre 
transformações com tempo. Assim, se os cursos de formação conceberem o estágio 
dentro de uma postura reflexiva e dialética, possibilitarão a formação de profissional 
reflexivo e crítico que valoriza os saberes da prática docente, por meio da reflexão e 
análise do saber teórico e prático. 
 
Portanto, o papel da teoria é oferecer aos professores perspectivas de análise 
para compreender os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais 
e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, 
para neles intervir, transformando-os. Daí, é fundamental o permanente 
exercício da crítica às condições materiais nas quais o ensino ocorre 
(PIMENTA; LIMA, 2004, p. 49). 
 
De acordo com Pimenta e Lima (2004), o estágio, por meio da pesquisa e 
investigação abre possibilidades para o futuro professor compreender as situações 
vivenciadas e observadas nas escolas e seus respectivos sistemas de ensino, formando 
assim professores “críticos-reflexivos” e “pesquisadores”. (grifo meu) 
Nessa perspectiva, os cursos de formação, por meio do estágio, devem valorizar 
as atividades que desenvolvem capacidades e habilidades de diálogo, reflexão, pesquisa, 
investigação e análises críticas dos contextos educativos. 
 
O estágio, então, deixa de ser considerado apenas um dos componentes e 
mesmo um apêndice do currículo e passa a integrar o corpo de 
conhecimentos do curso de formação de professores. Poderá permear todas as 
suas disciplinas, além de seu espaço específico de análise e síntese ao final do 
curso. Cabe-lhe desenvolver atividades que possibilitem o conhecimento, a 
análise, a reflexão do trabalho docente, das ações docentes, nas instituições, a 
fim de compreendê-las em sua historicidade, identificar seus resultados, os 
impasses que apresenta, as dificuldades. Dessa análise crítica, à luz dos 
saberes disciplinares, é possível apontar as transformações necessárias no 
trabalho docente, nas instituições (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 54). 
 
Nessa perspectiva, “o estágio assim realizado permite que se traga a contribuição 
de pesquisas e o desenvolvimento das habilidades de pesquisa” (PIMENTA; LIMA, 
2004, p. 55). Por isso, é de suma importância desenvolver nos futuros profissionais 
habilidades para o conhecimento e análise das escolas, bem como a comunidade onde se 
insere. 
Vale salientar que o estágio supervisionado e estágio sob forma de atividades 
práticas desenvolvidas no curso de Pedagogia da UNIOESTE, envolvem todas as 
disciplinas do curso, articulando teoria e prática, conforme a proposta político 
 
pedagógica, possibilitando assim a “relação dos saberes teóricos e saberes práticos 
durante todo o percurso da formação, garantindo, inclusive, que os alunos aprimorem 
sua escolha de ser professor a partir do contato com as realidades de sua profissão” 
(PIMENTA; LIMA, 2004, p. 56). 
Deduz-se que os cursos de formação têm como desafio “proceder ao 
intercâmbio, durante o processo formativo, entre o que se teoriza e o que se pratica em 
ambas” (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 56). E ainda, propiciar conhecimentos necessários 
para que o docente considere os contextos sociais, históricos e culturais do ambiente 
que atuará. 
 
 
Algumas considerações 
Pensar no papel do estágio nos cursos de formação de professores é uma tarefa 
difícil, porém deixa-se claro que um bom professor não se faz apenas com teorias, mas 
principalmente com a prática, e mais ainda, pela ação-reflexão, diálogo e intervenção, 
em busca constante de um saber teórico e saber prático. Como também, o saber docente 
não é só formado pela prática, mas nutrido pelas teorias. 
Conclui-se, assim, que “o estágio, nos cursos de formação de professores, 
destaca-se como via fundamental ao possibilitar que os professores compreendam a 
complexidade das práticas institucionais e das ações aí praticadas por seus profissionais 
como alternativa no preparo para a inserção profissional” (BARREIRO; GEBRAN, 
2006, p. 22, apud PIMENTA: LIMA, 2004, p.43). Assim, é de suma importância 
também, os professores considerarem e compreenderem os contextos históricos, sociais 
e culturais de determinada sociedade. 
É essencial que a educação seja vista como fator de desenvolvimento e 
(trans)formação humana. Para tanto, um ponto crucial é que oscursos de formação 
orientem seus professores para que eles convivam com seus alunos, observando seus 
comportamentos, conversando, questionado e indagando suas experiências, a fim de 
auxiliar, orientar para o desenvolvimento e aprendizagem nos momentos de estágio, 
formando um professor comprometido e consciente de sua prática em sala de aula. 
Além disso, os cursos de formação e os professores devem considerar que o 
estágio é um momento de ensino-aprendizagem do fazer pedagógico, possibilitando 
habilidades de pesquisa e investigação do ambiente escolar e conhecimentos 
relacionados à teoria, tendo como fio norteador a “ação-reflexão”. Faz-se necessário 
 
também, o comprometimento por parte dos alunos para que desenvolvam os estágios 
com essa finalidade. 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
BARREIRO, Iraíde Marques de Freitas; GEBRAN, Raimunda Abou. Prática de 
ensino: elemento articulador da formação do professor. IN: BARREIRO, Iraíde 
Marques de Freitas; GEBRAN, Raimunda Abou. Prática de ensino e estágio 
supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006. 
 
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de 
licenciatura, de graduação plena. Parecer CNE/CP 009/2001. Brasília, DF, maio de 
2001. 
 
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 21/2001. 
 
FAVERO, Maria de Lurdes. Universidade e Estágio Curricular: Subsídios para 
discussão. IN: ALVES, Nilda (org.). Formação de professores: pensar e fazer. São 
Paulo: Cortez, 2001. 
 
KENSKI, Vani Moreira. A vivência escolar dos estagiários e a prática de pesquisa 
em estágios supervisionados. IN: FAZENDA, Ivani Catarina Arantes [et all]; 
PICONEZ, Stela C. Bertholo (Coord.). A prática de ensino e o estágio supervisionado. 
Campinas-SP: Papirus, 19991. 
 
PICONEZ, Stela C. Bertholo (Coord.). A prática de ensino e o estágio 
supervisionado: a aproximação da realidade escolar e a prática da reflexão. IN: 
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes [et all]; PICONEZ, Stela C. Bertholo (Coord.). A 
prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas-SP: Papirus, 19991. 
 
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São 
Paulo: Cortez, 2004. 
 
KULCSAR, Rosa. O estágio supervisionado como atividade integradora. IN: 
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes [et all]; PICONEZ, Stela C. Bertholo (Coord.). A 
prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas-SP: Papirus, 19991.

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