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Brasília-DF. Higiene do TrabalHo – riscos biológicos no ambienTe de TrabalHo Elaboração Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS ................................................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 COBRAS E SAUROS ................................................................................................................ 15 CAPÍTULO 2 ANIMAIS AQUÁTICOS .............................................................................................................. 20 CAPÍTULO 3 ANIMAIS TERRESTRES VENENOSOS .......................................................................................... 25 UNIDADE II NOÇÕES DE VENTILAÇÃO ................................................................................................................... 28 CAPÍTULO 1 SISTEMAS DE VENTILAÇÃO ...................................................................................................... 33 CAPÍTULO 2 VENTILADORES ...................................................................................................................... 50 UNIDADE III CONTROLE DO AR .............................................................................................................................. 57 CAPÍTULO 1 DOENÇAS ASSOCIADAS À QUALIDADE DO AR INTERIOR ......................................................... 62 CAPÍTULO 2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE QUALIDADE DO AR ............................................................... 67 UNIDADE IV BIOSSEGURANÇA ................................................................................................................................ 82 CAPÍTULO 1 CONTROLE DE INFECÇÃO ..................................................................................................... 88 PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 98 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 99 ANEXO .......................................................................................................................................... 107 SIGLÁRIO .......................................................................................................................................... 107 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Bem-vindo à disciplina Higiene do Trabalho – HT. Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material básico aos conhecimentos exigidos da Engenharia de Segurança do Trabalho – EST. Esta disciplina, em razão do programa, foi dividida em três tomos: Higiene do Trabalho - Riscos Físicos no Ambiente de Trabalho; Higiene do Trabalho - Riscos Químicos no Ambiente de Trabalho e Higiene do Trabalho - Riscos Biológicos no Ambiente de Trabalho. A HT- Físico introduz a matéria no contexto da EST, para na sequência discutir de forma minuciosa fenômenos físicos e seus desdobramentos para saúde do trabalhador. A HT-Químicos aborda os fatores de riscos químicos, definições básicas, gestão do meio ambiente do trabalho, estratégias de amostragem, limites de tolerância e intervenção ambiental. A HT-Biológicos aborda os fatores de riscos biológicos, bem como princípios de ventilação industrial e PMOC e seus desdobramentos para saúde do trabalhador. Há uma iniciação em ventilação industrial suficiente para posicionar o EST quanto à capacidade crítica em HT, pois uma das formas de controlar o fator de risco biológico (e os fatores químicos em forma de aerossóis, bem como os fatores físicos, temperatura, umidade e velocidade do ar) é manipulando variáveis ambientais relacionadas ao ar respirável via pólen dos vegetais (5 a 150 µm), esporos dos fungos (1 a 10 µm) e bactérias (0,2 a 5 µm). Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos. Os ícones servirão de recursos de aprendizagem. Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados! Lembre-se de que, apesar de distantes, estamos muito próximos. Objetivos » Compreender e aplicar conhecimentos relacionados às interações dos micro-organismos ao meio ambiente do trabalho. » Iniciar-se em ventilaçãoindustrial. » Compreender o controle dos fatores biológicos a partir da Qualidade de Ar Interior e Programa de Manutenção, Controle e Operação. » Capacitar-se para emissão de documentos técnicos relacionados a insalubridade, financiamento da aposentadoria especial e biossegurança. 9 UNIDADE IFUNDAMENTOS BIOLÓGICOS Considera-se Risco Biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos, que por sua vez são microrganismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons. A classificação dos agentes biológicos encontra-se no anexo I da NR 32 do MTE, que deve no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPR, conter: I. A identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores, considerando: a) fontes de exposição e reservatórios; b) vias de transmissão e de entrada; c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente; d) persistência do agente biológico no ambiente; e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; f) outras informações científicas. II. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, considerando: a) a finalidade e descrição do local de trabalho; b) a organização e procedimentos de trabalho; c) a possibilidade de exposição; d) a descrição das atividades e funções de cada local de trabalho; e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento. A avaliação dos riscos biológicos no local de trabalho tem se concentrado até agora sobre os agricultores, trabalhadores de saneamento e pessoal de laboratório, os quais apresentam um risco significativo de efeitos adversos à saúde. A coleção de riscos biológicos detalhada por Dutkiewicz et al. (1988) mostra que os trabalhadores em muitas outras profissões também são expostos (Figura 1). Dutkiewicz et al. (1988) realizaram uma classificação taxonômica de microrganismos e plantas (Figura 2) , bem como os animais (Figura 3), que podem representar um perigo biológico no local de trabalho. 10 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS Figura 1. Ambientes de trabalho com exposição potencial dos trabalhadores aos agentes biológicos. Indústria Exemplos Agricultura Cultivo e Colheita. Pecuária. Silvicultura. Pesca. Produtos Agrícolas Matadouros, fábricas de embalagens de alimentos. Armazenamento: silos de grãos, rapé e outros processamentos. Processamento de pelo e couro de animais. Fábricas têxteis. Carpintaria: serrarias, fábricas de papel, cortiça. Cuidado com os animais de laboratório Assistência à saúde Cuidados de Pacientes: Médicos, dentários. Produtos farmacêuticos e de origem vegetal Cuidados pessoais Cabelereiro e podologia. Laboratórios Clínicos e de Pesquisa Biotecnologia Centros de produção. Centros Ambulatoriais Manutenção Predial Edifícios “doentes”. Tratamento de esgotos resíduos e fertilizantes Sistemas industriais para tratamento de resíduos Fonte: Dutkiewicz et ai, 1988. Figura 2. Os vírus, bactérias, fungos e plantas: riscos biológicos conhecidos no local de trabalho. Infecção Infecção zoonosis Resposta Alérgica Toxina Inalável Toxina Cancerígeno Vírus x x Bactérias Rickettsia x Clamídias x Espiroquetas x Bactérias Gram- negativas X x x x(e)² Cocos Gram-positivos x x Bacilos Formadores de Esporas x x x Bacilos gram-positivos sem esporas e corinebactérias x x Microbactérias x x Actinomicetos x Cogumelos Mohos x x x(m)³ x Dermatofitos x x x Fungos geofílicos semelhante à levedura x x Leveduras endógenas x Parasitas do Trigo x 11 FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE I Infecção Infecção zoonosis Resposta Alérgica Toxina Inalável Toxina Cancerígeno Cogumelos x Outras plantas Inferiores Líquenes x Hepáticas x Samambaias x Plantas Superiores Pólen x Óleos Voláteis x x Em pó x x x Infecção zoonoses: a infecção normalmente transmitida por animais vertebrados (zoonoses). Endotoxina. Micotoxina. Fonte: Dutkiewicz et ai. 1988. Figura 3. Animais com grande risco profissional. Infecção Infecção zoonosis Resposta Alérgica Toxina Vector Invertebrados não artrópodes Protozoários x x Esponjas x Celentéreos x Platelmintos x x Lombrigas x x x Briozoários x Tunicados x Artrópodes Crustáceos x Aracnídeos Aranhas x(B)³ Percevejos x x x(B) x Carrapatos x(B) x Insetos Baratas x Besouros x Traças x x Moscas x(B) x Abelhas x x(B) Vertebrados Peixes x x(B) Anfíbios x Répteis x(B) Aves x Mamíferos x Infecção zoonoses: a infecção normalmente transmitida por animais vertebrados (zoonoses). Vírus vetor, bactérias ou parasitas patogênicos. Os toxicos B produzem a toxina do veneno transmitida por mordida ou picada. Fonte: Dutkiewicz et ai. 1988. 12 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS Micro-organismos Os micro-organismos são um grupo grande e diversificado de organismos que existem como células, isoladas ou agrupadas (BROCK e MADIGAN, 1988). Neste aspecto, as células microbianas se diferenciam das células dos animais e das plantas, uma vez que eles são incapazes de viver sozinhos na natureza e apenas podem existir como parte de organismos pluricelulares. São poucas as regiões do nosso planeta que têm falta de vida microbiana, pois os microrganismos têm uma incrível gama de capacidades metabólicas e energia que lhes permitem sobreviver em condições letais para outras formas de vida. As quatro classes principais de microrganismos que podem interagir com os seres humanos são bactérias, fungos, vírus e protozoários. Representam um perigo para os trabalhadores por sua ampla distribuição no ambiente de trabalho. Os microrganismos mais importantes em termos de riscos profissionais estão relacionados nas Tabelas 2 e 3. Existem três fontes principais de tais micróbios: I. aqueles que aparecem como resultado da decomposição biológica de substratos associados a determinadas profissões (por exemplo, terra de feno pode causar pneumonite de hipersensibilidade); II. aqueles que estão associados com certos tipos de habitats (por exemplo, bactérias nas redes de abastecimento de água); III. aqueles que procedem de indivíduos que hospedam um patógeno (por exemplo, tuberculose). O ar do ambiente pode ser contaminado ou transportar níveis significativos de microrganismos potencialmente nocivos (BURRELL, 1991). Os edifícios modernos, especialmente aqueles projetados para fins comerciais e administrativos, são um nicho ecológico único, com um ambiente, fauna e flora próprios (STERLING y COLS, 1991). A água é um importante veículo para a transmissão de infecções intestinais. Através do contato com a água, seja por razões profissionais ou de lazer, mesmo terapêutico, é possivel obter um número de patógenos (PITLIK y COLS. 1987). A natureza das doenças não entéricas transmitidas por meio da água, muitas vezes depende da ecologia de patógenos aquáticos. Existem dois tipos básicos de infecções: infecções superficiais, que afetam as membranas mucosas e as áreas de pele previamente danificadas, e infecções sistêmicas, que muitas vezes são infecções graves que podem ocorrer quando o sistema imunitário está fragilizado. Uma variedade de organismos aquáticos, incluindo os vírus, bactérias, fungos, algas e parasitas 13 FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE I podem invadir o hospedeiro através do trato intestinal, tal como a conjuntiva, mucosa respiratória, a pele e os órgãos genitais. Embora a propagação zoonótica de doenças infecciosas continue a ocorrer em animais de laboratório usadospara investigação biomédica, o número de focos foi reduzido devido à adoção de procedimentos veterinários e de produção animal mais rigoroso, o uso de animais criados para fins comerciais e instituição de programas adequados para proteger a saúde do pessoal (FOX e LIPMAN, 1991). Também é importante para prevenir doenças zoonóticas de pessoal, que os animais tenham modernas instalações estando devidamente protegidos para evitar a entrada de pragas e vetores biológicos. No entanto, nesses lugares podem ser encontrados agentes zoonóticos conhecidos, microorganismos recém-descobertas ou novas espécies de animais até então desconhecidos como portadores de micro-organismos zoonóticos, e ainda há a possibilidade de transmissão de doenças infecciosas de animais para humanos. O Diálogo ativo entre veterinários e médicos sobre o risco de doenças zoonóticas, espécies animais envolvidos e métodos de diagnóstico são essenciais para o sucesso de qualquer programa de prevenção. Ambientes de trabalho com riscos biológicos Os trabalhadores dos serviços de saúde, médicos e laboratoriais e outros, bem como profissões relacionadas com tais atividades estão expostos à infecção por micro-organismos se não adotarem as medidas preventivas adequadas. Entre os muitos riscos biológicos para os trabalhadores expostos em hospitais são o vírus da imunodeficiência humana (HIV), a hepatite B, a herpes, a rubéola e a tuberculose (HEWITT, 1993). O trabalho no setor agrícola está associado a uma ampla variedade de riscos ocupacionais. A exposição à poeira orgânica de micro-organismos no ar e suas toxinas, pode causar doenças respiratórias (ZEJDA y COLS. 1993), incluindo bronquite crônica, asma, pneumonite por hipersensibilidade, síndrome tóxica de poeira orgânica e doença pulmonar obstrutiva crônica. Dutkiewicz y Cols (1988) analisaram amostras de material dos silos para identificar potenciais agentes que causam os sintomas da síndrome tóxica e orgânica. Eles encontraram níveis muito elevados de contagem total de bactérias aeróbias e fungos. O fungo Aspergillus fumigatus foi predominante, enquanto bacilos, organismos gram-negativos (Pseudomonas, Alcaligenes, Citrobacter e Klebsiella) e actinomicetos foram as bactérias mais comuns. Estes resultados mostram que a exposição a material de aerosolizado dos silos acarretam um risco de exposição a concentrações elevadas de microrganismos, dos quais A. fumigatus e bactérias produtoras de endotoxinas são patógenos mais prováveis. 14 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS A exposição durante períodos curtos de tempo para certos pós de madeira pode levar à asma, conjuntivite, rinite alérgica ou dermatite. Alguns microrganismos termofílicos presentes na madeira são patogênicos para os seres humanos, e por inalação de esporos de actinomicetos presentes em aparas de madeira armazenados tem sido associada a doenças humanas (JACJELS, 1985). Aqui estão alguns exemplos de doenças ocupacionais específicos: 1. O fungo Penicillium camemberti var. candidum é usado para fazer certos tipos de queijo. A elevada concentração deste fungo precipitando anticorpos em amostras de sangue dos trabalhadores, em conjunto com as causas dos sintomas clínicos respiratórios indicam relação etiológica entre sintomas respiratórios e alta exposição ao fungo (DAHL y Cols, 1994). 2. Os micro-organismos (bactérias e fungos) e as endotoxinas são agentes potenciais de risco para os profissionais nas unidades de processamento da batata (DUTKIEWICZ, 1994). Ele estabeleceu uma correlação significativa entre a presença de precipitinas contra antígenos microbianos e sintomas gerais e respiratórios relacionados com o trabalho, que tinha 45,9 % dos trabalhadores examinados. 3. Pessoas que trabalham ou visitam museus e bibliotecas são expostos a fungos (por exemplo, Aspergillus, Penicillium) que, em certas condições, poluem os livros (Kolmodin - Hedman y cols. 1986). Os sintomas mais comuns consistem em convulsões febris, calafrios, náuseas e tosse. 4. O uso de microscópios com as mesmas lentes em diferentes turnos de trabalho podem causar infecções oftalmológicas. Entre os microrganismos responsáveis foi identificado Staphylococcus aureus (OLCERST, 1987). Prevenção O conhecimento dos princípios da epidemiologia e transmissão de doenças infecciosas é essencial para os métodos utilizados no controle do organismo causador da doença. Os trabalhadores devem ser submetidos a exames médicos periódicos para detectar doenças ocupacionais de origem biológica. Existe uma série de princípios gerais para realizar exames médicos e detectar efeitos adversos para a saúde devido à exposição no local de trabalho, incluindo o caso de riscos biológicos. Em outros capítulos desta apostila são descritos alguns procedimentos específicos. Por exemplo, na Suécia, a Federação Agricultores iniciou um programa de serviços médicos preventivos no trabalho dos agricultores (HOGLUND, 1990). O principal objetivo deste programa era evitar doenças e lesões relacionadas ao trabalho e prestar assistência médica aos agricultores que sofreram problemas de saúde ocupacional. Quando há surtos de doenças infecciosas não se pode tomar as devidas precauções, se não identificar a doença previamente. Um exemplo disso foi o surto de febre viral hemorrágica da Crimeia e do Congo (FHCC) entre os funcionários do hospital dos Emirados Árabes Unidos (Dubai), Paquistão e África do Sul (VAN EEDEN Y COLS. 1985). 15 CAPÍTULO 1 Cobras e sauros Cobras Nas regiões quentes e temperadas, picadas de cobras representam um perigo mortal para certas categorias de trabalhadores, fazendeiros, madeireiros florestais, trabalhadores da construção civil e obras públicas, pesca, colheita de cogumelos, encantadores de serpentes, os funcionários do jardim zoológico e pessoal de laboratório responsáveis pela preparação de soros antiveneno. A grande maioria das cobras é inofensiva para os seres humanos, mas outras podem causar lesões graves por suas picadas venenosas. As espécies perigosas são encontradas tanto entre as cobras terrestres (Cobras e víboras) quanto entre as aquáticas (hidrofidios) (RIOUX e JUMINER 1983). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS 1995), picadas de cobra causam 30 mil mortes por ano na Ásia, cerca de 1.000 mortes na África e vários na América do Sul. Em alguns países, existem estatísticas mais detalhadas. No México, a cada ano, há mais de 63 mil picadas de serpentes e picadas de escorpião, que juntos originam mais de 300 mortes. No Brasil são constatadas anualmente cerca de 20 mil picadas de cobra e entre 7000 e 8000 picadas de escorpião, com uma taxa de mortalidade de 1,5% para picadas de cobra e entre 0,3% e 1% para picadas de escorpião. De acordo com um estudo realizado em Ouagadougou, Burkina Faso, na periferia de cidades ocorrem 7,5 acidentes ofídicos por 100.000 habitantes e em áreas rurais, mais de 69 por 100.000 habitantes, chegando aqui a taxa de mortalidade de 3%. Picadas de cobra também são um problema em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos a cada ano são registrados 45 mil acidentes ofídicos, embora, devido à facilidade de acesso aos cuidados de saúde, o número de mortes anuais estão entre 9 e 15. Na Austrália, onde existem algumas das cobras mais venenosas do mundo, estima-se que o número anual de ataques de cobra varia entre 300 e 500, com uma média de duas mortes. Mudanças ambientais, principalmente o desmatamento, pode ter causado o desaparecimento de muitas espécies de serpentes no Brasil. No entanto, o número de casos de picadas de cobra não foi reduzido, pois em algumas áreas desmatadas têm proliferado outras espécies, às vezes mais perigosa. (OMS 1995). 16 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS Características clínicas da picada de cobra Dependendoda espécie, certa proporção de pacientes picados por serpentes venenosas (entre 10% e 60%) não desenvolveram sintomas tóxicos (veneno), ou estes são mínimos, quanto às marcas que indicam a penetração na pele de presas da serpente. O medo e os efeitos do tratamento, bem como o veneno de cobra, contribuem para a produção dos sintomas. Mesmo pacientes que não estão envenenados podem sofrer ondas de calor, tonturas e dispneia, com constrição no peito, palpitações, sudorese e acroparestesia. Os torniquetes apertados podem causar congestão e isquemia das extremidades; as incisões locais (local da mordida) podem originar sangramentos e dessensibilização, e os medicamentos à base de plantas, vômitos. Os primeiros sintomas que podem ser atribuídos diretamente à picada é dor local e hemorragia no local da penetração dos dentes, seguido por dor, sensibilidade, inchaço e inchaço do membro, linfangite e dilatação dolorosa dos gânglios linfáticos regionais. Pacientes com picadas de cobras Europeias, Daboia russelii, espécies de Bothrops, elapidos Australianos e Atractaspis engaddensis podem ter síncope precoce, vômitos, cólicas, diarreia, angioedema e chiado no peito. Náuseas e vômitos são sintomas comuns de intoxicação grave. Tipos de mordida Cobras com presas traseiras tais como o Dispholidus tipo e espécie de Thelotornis, Rhabdophis e Philodryas. Produz inflamação local, sangramento nas marcas de presas e, às vezes (Rhabophis tigrinus), desmaios. Mais tarde podem aparecer vômitos, cólicas abdominais, dores de cabeça e hemorragia sistêmica generalizada com inchaço extenso (Cardinals), coagulopatia, hemólise intravascular e insuficiência hepática. Envenenamento pode desenvolver-se lentamente ao longo de vários dias. Atractaspididae (cobras toupeira, serpente negra de Natal) Efeitos locais incluem dor, inchaço, hematomas, necrose e dilatação dos gânglios linfáticos dolorosos. Os pacientes envenenados por A. engaddensis descrevem sintomas intestinais violentos (náuseas, vômitos e diarreia), anafilaxia (dispneia, insuficiência respiratória, choque) e alterações de ECG (bloco a-v, ST, onda T). 17 FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE I Elapídios (cobras, búngaros, mambas, cobras corais e cobras venenosas australianas) As picadas Búngaros, mambas, cobras corais e algumas cobras (por exemplo, a Naja e a N. nivea) produzem efeitos locais mínimos, enquanto as picadas de cobras cuspidoras africanas (N. nigricollis, N.mossambica etc.) e as cobras asiáticas (N. naja, N. kaouthia, N. sumatrana etc.) causam inflamação local dolorosa que pode ser extensa, formar cardeais ou produzir necrose superficial. Entre os sintomas neurotóxicos iniciais, antes que se apresentem sintomas neurológicos objetivos, figuram: vômitos, “peso” das pálpebras, visão turva, contração muscular, parestesia ao redor da boca, hiperacusia, dor de cabeça, vertigens, tonturas, salivação, congestão conjuntiva e pele de galinha. A paralisia começa por ptose palpebral e oftalmoplegia externa, que já aparece em 15 minutos da picada, embora às vezes levasse dez ou mais horas para aparecer. Posteriormente, a face, boca, mandíbula, língua, cordas vocais, músculos do pescoço e os músculos da deglutição sofrem paralisia progressiva. A obstrução das vias aéreas pode causar insuficiência respiratória nesta fase, ou mais tarde, com paralisia dos músculos intercostais, o diafragma e os músculos respiratórios acessórios. Os efeitos neurotóxicos são totalmente reversíveis se o antídoto ou o anticolinesterase forem administrados imediatamente (por exemplo, após a picada de cobra asiática, de algumas cobras corais da América Latina (Micrurus) e cobras da morte australianas (Acanthophis)) ou por remissão espontânea dentro de um a sete dias. O envenenamento causado por serpentes australianas produzem vômitos, cefaleia, síncope, neurotoxicidade, distúrbios hemostáticos e, com algumas espécies, mudanças no ECG, rabdomiólise generalizada e insuficiência renal. A dilatação dolorosa dos gânglios linfáticos regionais indica que a intoxicação sistêmica é iminente, mas os sintomas locais geralmente não existem ou são leves, exceto depois de picada pelas espécies Pseudechis. Oftalmia venenosa causada por elapídeos “cuspidores” Os pacientes “cuspidos” por este tipo de elapídeo experimenta uma dor intensa nos olhos, conjuntivite, blefaroespasmo, edema das pálpebras e secreção. Em mais da metade dos pacientes cuspidos por N. nigricollis observaram erosões na córnea. Raramente, o veneno é absorvido dentro da câmara anterior, causando hypopyon e uveíte anterior. A infecção secundária das erosões da córnea pode produzir opacidades permanentes que dificultam a visão ou panoftalmitis. 18 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS Vipéridos (víboras, cobras cascavéis, víboras com cabeça de lança, mocassins e jararacas) O envenanamento local é relativamente grave. A inflamação pode ser detectada em 15 minutos, embora, em algumas ocasiões, leva horas a aparecer. Ele se espalha rapidamente e pode afetar todo o membro e tronco adjacente. Ocorre dor associada e ternura nos gânglios linfáticos. No dia seguinte pode aparecer cardeal, equimose e necrose. A frequência e gravidade desta última são notáveis após a picada de algumas cascavéis, víboras com cabeça de lança (gênero Bothrops) jararacas asiáticas e víboras africanas (gêneros Echis e Bitis). Quando o tecido é envenenado dentro de uma zona estreita, como o espaço da polpa dos dedos das mãos ou dedos dos pés, ou no músculo tibial anterior, pode ocorrer a isquemia. Caso não ocorra ou se perceba a inflamação durante as duas horas que se seguem a picada de uma cobra, existe uma possibilidade de que não houve envenenamento. No entanto, com algumas espécies o envenenamento fatal ocorre mesmo sem manifestação de sintomas locais (por exemplo, Crotalus durissus terrificus, C. scutulatus e víbora birmana de Russel). Tratamento Primeiros Socorros Os doentes devem ser transportados para o hospital mais próximo tão rapidamente quanto possível e confortavelmente, impedindo o movimento do membro no qual a mordida ocorreu por meio da utilização de uma tala. Os métodos tradicionais de primeiros socorros podem ser prejudiciais e não devem ser usados. As incisões locais e de sucção podem apresentar infecção, danificar os tecidos e causar sangramento persistente, eles não são susceptíveis de extrair a maior parte do veneno da ferida. Os benefícios potenciais de método de extracção de pó não foram testados em pacientes humanos e podem danificar os tecidos moles. O permanganato de potássio e a crioterapia podem intensificar a necrose local. Choques elétricos podem ser perigosos, e não foram provados seus benefícios. Os torniquetes e as ligaduras de compressão podem causar gangrena, fibrinólise, paralisia de nervos periféricos e o aumento do envenenamento local na extremidade ocluída. O método de imobilização por pressão consiste em aplicar uma ligadura de compressão firme, mas não apertada, no membro que ocorreu a picada, com uma faixa de entre 4 e 5 m de comprimento e 10 cm de largura, a partir do lugar da picada e incorporando a tala. Em animais, é um método eficaz para prevenir a absorção sistêmica no caso de elápidos australianos, e outros venenos, mas em seres humanos ainda não foi submetido a testes clínicos. A imobilização de pressão é recomendada para picadas de cobras com venenos neurotóxicos (por exemplo, Elapidae, Hydrophiidae), mas quando a inflamação e necrose forem locais pode ser um problema (por exemplo, Viperidae). Em nenhum caso, recomendamos a caça, captura ou abate da cobra, mas se ela já está morta, deve ser levada junto com o paciente para o hospital. Não se deve tocar com as mãos desprotegidas, pois ela pode atacarcom picadas de reflexos, apesar de estar aparentemente morta. Os pacientes levados para o hospital devem ficar de lado para evitar aspiração de vômito. Os vômitos persistentes se tratam com clorpromazina (25-50 mg em adultos, de 1 mg / kg de peso corporal em crianças). Se o paciente apresentar síncope, choque, angioedema ou outros sintomas anafiláticos (autofarmacológicos) se administra adrenalina a 0,1% por via subcutânea (0,5 ml para adultos e de 0,01 ml / kg de peso corporal para as crianças) e um anti-histamínico como a clorfeniramina por injecção intravenosa lenta (10 mg para adultos , 0,2 mg / kg de peso corporal para crianças). Os pacientes com coagulopatias podem desenvolver hematomas graves após injeções intramusculares ou subcutâneas, razão pela qual a intravenosa deve ser usada sempre que possível. Pacientes com insuficiência respiratória ou cianose se tratam estabelecendo uma via aérea, administrando o oxigênio e, se necessário, com respiração assistida. Se o paciente estiver inconsciente e sem pulso detectado ou o femoral ou carótida, deve-se proceder de imediato a uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP). 19 FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE I Sauria (lagartos) Há apenas duas espécies de lagartos venenosos, ambos pertencentes ao gênero Heloderma: H. suspectum (monstro de Gila) e H. horridum. Um veneno similar ao das víboras penetra nas mordidas produzidas pelas presas curvadas desses lagartos, se bem que as mordidas em seres humanos são pouco frequentes e a recuperação é normalmente rápida. (RIOUX e JUMINER 1983). Prevenção para Cobras e Lagartos As serpentes não costumam atacar seres humanos, a menos que se sintam ameaçadas, se forem perturbadas ou pisadas. Em áreas infestadas com cobras venenosas, os trabalhadores devem proteger as extremidades inferiores e levar soro antiveneno monovalente ou polivalente. Pessoas que trabalham em uma zona de perigo, a mais de meia hora de carro do posto mais próximo de primeiros socorros, são aconselhadas a levar um equipamento antiveneno que contenha uma seringa esterilizada. Em todo caso, os trabalhadores devem saber que as mordidas, incluindo as produzidas pelas cobras mais venenosas, raramente são fatais, porque a quantidade de veneno injetado é geralmente pequena. Alguns encantadores de serpentes conseguem se imunizar mediante repetidas injeções de veneno, mas ainda não foi desenvolvido nenhum método científico para a imunização humana. (RIOUX e JUMINER 1983). Normas internacionais e riscos biológicos A Regulamentação do trabalho em muitos países inclui os riscos biológicos em sua definição de substâncias nocivas ou tóxicas. No entanto, na maioria dos regulamentos os riscos biológicos são limitados principalmente aos micro-organismos ou agentes infecciosos. Alguns regulamentos da Occupational Safety and Health Administration (OSHA), nos Estados Unidos contêm disposições relativas aos riscos biológicos, o mais específico são os que estão relacionados com a vacina da hepatite B e patógenos transmitidos pelo sangue. Os riscos biológicos também são mencionados em dispositivos de aplicação mais amplos (por exemplo, os relacionados com a comunicação de risco, as especificações para sinalética de segurança e diretrizes para o desenvolvimento de planos de desenvolvimento pessoal). Apesar de não ser sujeito a qualquer regulamentação específica, a identificação e a prevenção dos riscos associados aos animais, insetos ou plantas são mencionadas em outros regulamentos da OSHA pertencentes a ambientes de trabalho específicos: por exemplo, as telecomunicações, em campos de trabalho temporários sobre o transporte de polpa de madeira (este último inclui orientações sobre equipamentos de primeiros socorros para picadas de cobra). Uma das normas mais detalhadas para o controle de riscos biológicos no local de trabalho é a Directiva Europeia no 90/679. Ela define agentes biológicos como “micro-organismos, incluindo os geneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos, tudo o que pode causar alguma infecção, alergia ou toxicidade” e classifica os agentes e biológicos em quatro grupos, dependendo do seu nível do risco de infecção. A Directiva abrange a identificação e avaliação dos riscos e obrigações dos empregadores em termos de substituição ou redução do risco (através de controles de engenharia, higiene industrial, a proteção individual e coletiva etc.), informação (dos trabalhadores, os seus representantes e autoridades competentes), vigilância sanitária, vacinação e manutenção de registros. Os anexos contêm informações detalhadas sobre as medidas de controle para os diferentes “níveis de contenção”, dependendo da natureza das atividades, a avaliação do risco para os trabalhadores e a natureza do agente biológico em questão. 20 CAPÍTULO 2 Animais aquáticos Em quase todas as divisões taxonômicas (filos) existem animais aquáticos perigosos para os seres humanos. Os trabalhadores entram em contato com esses animais no curso de várias atividades, como a pesca submarina e de superfície, a instalação e operação de equipamentos para extração de petróleo sob a água, construção submarina e pesquisa científica, e assim por diante, se expondo a riscos para a saúde. As espécies mais perigosas habitam as águas quentes e temperadas. Poríferos A esponja comum pertence a esse filo. Os pescadores que tocam as esponjas (incluindo mergulhadores, mergulhadores com equipamento entre outros), podem contrair a dermatite de contato, o que provoca irritação na pele e caroços ou bolhas. A “doença dos mergulhadores de esponja” na região do Mediterrâneo é causada pelos tentáculos de um pequeno celentéreo (Sagartia rosea), que parasitam a esponja. Dermatite conhecida como “musgo vermelho” ocorre em pescadores de ostras na América do Norte pelo contato com escarlate esponja, encontradas em conchas de ostras. Houve casos de alergia tipo 4. O veneno liberado pela esponja contém a histamina e as substâncias antibióticas Suberitus ficus. Celentéreos Eles são representados por numerosas famílias da classe conhecida como hydrozoan, que inclui corais Millepora (coral ardor, fogo coral), o Physalia (Physalia physalis, vespa do mar, o homem Português), o Scyphozoa (água-viva) e Actiniaria (anemone picadas), estes são encontrados em todas as partes do oceano. A característica comum destes animais é a sua capacidade para produzir urticária por injecção de um veneno potente armazenado em uma célula especial (nidoblasto) com um filamento oco que se rompe quando se encosta o braço e penetra na pele da vítima. As várias substâncias presentes no veneno podem originar sintomas como coceira intensa, congestão hepática, dor e depressão do sistema nervoso central. Entre estas substâncias foram identificadas thalassius, congestina, equinotoxina (contendo 5- hidroxitriptamina e tetramina) e hipnotoxina respectivamente. Os efeitos sobre o indivíduo dependerá do grau de contato com os tentáculos e, consequentemente, o número de agulhas microscópicas que podem atingir vários milhares, e até mesmo causar a morte da vítima em minutos. 21 FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE I Dada a ampla distribuição destes animais em todo o mundo, ocorrem muitos incidentes, embora o número de mortes seja relativamente baixo. Os efeitos sobre a pele são caracterizados por prurido intenso e a formação de pápulas vermelhas brilhantes e aparência mosqueada, que se tornam pústulas e ulcerações. A pessoa sente uma dor aguda como um choque elétrico. Outros sintomas incluem falta de ar, ansiedade generalizada, distúrbios cardíacos, colapso, náuseas, vômitos, perda de consciência e choque primário. Equinodermos Este grupo inclui as estrelas e ouriços do mar. Ambos têm órgãos venenosos (pedicelos), mas eles não são perigosos para os seres humanos. Os espinhos do ouriço do mar penetramna pele e deixam um fragmento profundo, produzindo uma infecção secundária, seguida pela formação de pústulas e granuloma persistente, muito irritante se as feridas estiverem perto de tendões ou ligamentos. Entre os ouriços do mar, só a Acanthaster planci parece ter espinhos venenosos que podem causar distúrbios gerais, tais como vômitos, paralisia e dormência. Moluscos Entre os animais desse filo se encontram os conivalvos, que são os que podem ser perigosos. Vivem em fundos arenosos do mar e parecem ter uma estrutura formada por uma rádula venenosa com dentes em forma de agulha, os quais se projetam para fora da boca e podem atacar a vítima quando a concha é tocada diretamente com as mãos de forma imprudente. O veneno age sobre os sistemas nervosos centrais e neuromusculares. A penetração desse dente na pele produz isquemia temporária, cianose, embaciamento, dor e parestesia à medida que o veneno se espalha pelo o corpo. Outros efeitos posteriores são: paralisia dos músculos voluntários, falta de coordenação, visão dupla e confusão geral. A morte pode ocorrer a partir de paralisia respiratória e colapso circulatório. Foram registrados cerca de 30 casos, dos quais 8 foram fatais. Platelmintos Para esta classe pertencem a Hermodice carunculata e a Eurythoe complanata conhecidos como “vermes espinhosos”. Eles são cobertos por inúmeros apêndices em forma de espinhos contendo um veneno (nereistotoxina) com efeito neurotóxico e irritante. 22 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS Polyzoos (Bryozoos) Este grupo é composto por animais que formam colônias com aspecto de plantas, semelhantes a musgos gelatinosos que se encrostam em rochas e conchas. A variedade conhecida como Alcyonidium, produz uma dermatite irritativa nos braços e no rosto dos pescadores ao retirar este “musgo” de suas redes. Ele pode também causar um eczema alérgico. Seláceos (Chondrichthyes) Entre os animais desse filo estão os tubarões, raias e mantas. Os tubarões vivem em águas rasas, onde eles buscam suas presas e podem atacar as pessoas. Muitas variedades de Seláceos têm um ou dois espinhos largos venenosos na frente da nadadeira dorsal, que contêm um veneno fraco ainda não identificado. Os espinhos produzem uma ferida que causa dor imediata e intensa irritação, inflamação e edema. Outro grande perigo desses animais é a sua mordida, pois a disposição dos seus dentes afiados em várias linhas pode causar graves lacerações que produzem choque imediato, hemorragia aguda e afogamento da vítima. O perigo representado por tubarões tem sido objeto de intenso debate e todas as variedades parecem ser particularmente agressivas. É muito difícil prever o seu comportamento, mas acredita-se que eles são atraídos pelo movimento e a cor da luz dos nadadores, bem como sangue e as vibrações que produzem peixes ou outra presa depois de terem sido presas. As raias e as mantas são corpos grandes, planas com uma longa cauda coberta com um ou mais espinhos ou serras que podem ser venenosos. O veneno contém serotonina, 5- nucleotidase e fosfodiesterase, e pode causar vasoconstrição generalizada e paragem cardíaca. As raias e as mantas vivem em regiões arenosas e águas costeiras, onde podem se esconder bem, sendo fácil de banhistas pisarem sem se dar conta. A raia reage levantando a cauda e projetando o espinho contra a vítima. Isto pode causar feridas profundas em um membro ou órgão interno, como o peritônio, pulmão, coração ou fígado, especialmente no caso das crianças. A lesão também pode causar dor, inflamação, edema linfático e de outros sintomas, tais como choque primário e colapso circulatório. Lesões de órgãos internos pode causar a morte em poucas horas. Incidentes com raias e mantas estão entre os mais frequentes, ocorrendo cerca de 750 a cada ano nos Estados Unidos. Estes animais também são perigosos para os pescadores, recomenda-se que cortem a linha, logo que o venham a bordo. Algumas espécies de raias, como o torpedo e narcine possuem órgãos elétricos na parte traseira que, quando eles são estimulados por simples contato, descargas 23 FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE I elétricas ocorrem entre 8 e 220 volts, o suficiente para temporariamente atordoar e imobilizar a vítima, embora esta geralmente se recupere sem complicações. Osteíctios Muitos peixes deste filo possuem espinhos peitorais, caudais e anais, ligados a um corpo venenoso, cujo objetivo principal é a defesa. Se o peixe é perturbado, ou pisado, ele eriça os espinhos que podem penetrar a pele e injetar veneno. Eles costumam atacar os mergulhadores que estão à procura de peixe por contato acidental. Foram registrados inúmeros incidentes deste tipo, porque os peixes deste filo são generalizados, dentre eles pertencem o peixe-gato, presente tanto em àguas salgadas quanto doces (América do Sul, África Ocidental e dos Grandes Lagos), o peixe Scorpion (Scorpaenidae), o peixe Traquino (Trachinus), o peixe-sapo, peixe cirurgião e outros. Os ferimentos produzidos por estes peixes são geralmente dolorosos, especialmente no caso do peixe-gato e peixe Traquino que causam vermelhidão ou palidez, inchaço, cianose, embaciamento, edema linfático e propagação hemorrágica em tecidos circundantes. Pode ocorrer gangrena ou infecção e neurite periférica com a ferida. Outros sintomas são: tonturas, náuseas, queda, choque primário, asma e perda de consciência. Eles representam um sério risco para os trabalhadores subaquáticos. No peixe-gato foi identificado veneno neurotóxico hemotóxico, e, no caso de traquino várias substâncias foram isoladas, tal como 5-hidroxitriptamina, histamina e catecolaminas. Alguns peixes-gato e peixes astrônomos, bem como a enguia elétrica (Electrophorus), possuem órgãos elétricos (ver Seláceos seção). Hidrofidios Este é um grupo (serpentes do mar) localizado principalmente nos mares da Indonésia e Malásia, onde foram identificadas cerca de 50 espécies, incluindo Pelaniis platurus, Enhydrina platurus schistosa e Hydrus. O veneno de serpentes é muito semelhante ao da cobra, embora seja entre 20 e 50 vezes mais tóxica, é formada por uma proteína básica, de baixo peso molecular (eurobotoxina), afetando conexões neuromusculares, bloqueando acetilcolina e causando miólise. Felizmente, serpentes marinhas geralmente não atacam e mordem, apenas quando alguém pisa, irrita ou quando recebe um golpe, também pouco ou nenhum veneno é injetado com suas presas. Os pescadores são os mais expostos a este risco, respondendo por 90% de todos os incidentes relatados, a maioria deles produzidos por pisar a serpente no fundo do mar ou que estão presas nas redes. As cobras são, provavelmente, responsáveis por milhares de acidentes de trabalho atribuídos a animais aquáticos, mas raramente têm consequências graves e 24 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS apenas uma pequena percentagem de acidentes são fatais. Os sintomas são geralmente ligeiros e pouco dolorosos. Os efeitos são muitas vezes sentidos depois de duas horas e começa com dor muscular, rigidez do pescoço, desorientação e tétano, e por vezes, náuseas e vômitos. Dentro de algumas horas aparece mioglubinúria (presença de proteínas complexas na urina). A morte pode ocorrer a partir de paralisia dos músculos respiratórios, necrose tubular renal e parada cardíaca devido à hipercalemia. Prevenção Devem ser feitos todos os esforços para evitar o contato com os espinhos desses animais quando eles são manuseados, a não ser usando luvas grossas. Além disso, muito cuidado deve ter a percorrer ou caminhar na areia do fundo do mar. Diversos equipamentos oferecem proteção contra medusas e outros celenterados e contra picadas de cobra. Nunca se deve tocar nesses animais perigosos e agressivos que devem ser evitados e onde há áreas de água-viva também, já que elas são difíceis de ver.Se uma serpente do mar está presa no lugar, ele deve ser cortado deixando a cobra ir. Na presença de tubarões, há uma série de princípios a serem observados: as pessoas devem manter os pés e as pernas para fora da água e, lentamente, trazer o barco para a praia e deixa-lo imóvel, os banhistas não devem permanecer na água com um peixe morrendo ou sangrando, e também atrair a atenção do tubarão, tanto com cores brilhantes ou jóias, ruídos ou explosões, luzes brilhantes ou movimentos da mão. Um mergulhador nunca deve mergulhar sozinho. 25 CAPÍTULO 3 Animais terrestres venenosos Todo ano milhares de pessoas morrem por causa de picadas de escorpião e reações anafiláticas a insetos. Na Tunísia são registrados anualmente entre 30.000 e 45.000 casos de picadas de escorpião que causam entre 35 e 100 mortes, a maioria delas crianças. O envenenamento (toxicidade) é um risco ocupacional para as populações que trabalham na agricultura e silvicultura nessas regiões. Entre os animais que podem causar danos aos seres humanos devido ao seu veneno estão os invertebrados, como os aracnídeos (aranhas, escorpiões, aranhas do deserto), ácaros (insetos e carrapatos), quilópodos (centopeias) e hexápodos (abelhas, vespas, borboletas e mosquitos). Aracnídeos (aranhas-Aranea) Todas as espécies são venenosas, mas, na prática, apenas um pequeno número delas atacam seres humanos. O envenenamento por picada de aranha pode ser de dois tipos: 1. Envenenamento pela pele, que ocorre quando a picada produz depois de algumas horas um edema ao redor da marca cianótica e, posteriormente, forma uma bolha; também pode aparecer uma extensa necrose local. A cura de picadas de aranha como o género Lycosa (por exemplo, a tarântula) pode ser um processo lento e difícil. 2. Intoxicação neurológica causada por veneno neurotóxico exclusivamente de tarântulas (Ctenus Latrodectus), que causa lesão grave e de início rápido, tétano, tremores, paralisia dos membros e por vezes choque mortal, este tipo de intoxicação é relativamente comum entre trabalhadores da silvicultura e agricultura e particularmente grave em crianças. Na Amazônia, o veneno de aranha “viúva negra” (Latrodectus) é usado para flechas envenenadas. Prevenção Em áreas onde há perigo de aranhas venenosas, o lugar onde as pessoas dormem deve ser forrado com mosquiteiros e os trabalhadores devem usar calçados e vestuário de trabalho que lhes dão a proteção adequada. Escorpiões (Escoriónidos) Eles são aracnídeos que têm um acentuado ferrão venenoso no final do abdómen que acarreta numa picada dolorosa, cuja gravidade varia de acordo com as espécies, a quantidade de veneno injetado e da estação (o mais perigoso é o final do período de hibernação dos escorpiões). Na região do Mediterrâneo, América do Sul e México, existem mais vítimas de escorpiões do que de cobras venenosas. Muitas espécies são 26 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS noturnas e menos agressivas durante o dia. As espécies mais perigosas (Buthidae) são encontradas no neurotrópico árido e tropical, e seu veneno é altamente tóxico. Em todos os casos, a picada de escorpião produz imediatamente sintomas locais intensos (dor aguda, inflamação), seguidos por manifestações sistêmicas como tendência ao desfalecimento, salivação, espirros, lacrimejamento e diarréia. O resultado é fatal em crianças pequenas. As espécies mais perigosas do gênero são Androctonus (Africa subsahariana), Centrurus (México) e Tituus (Brasil). O escorpião não ataca o homem espontaneamente, ataca apenas quando detecta o perigo, quando encurralado ou quando alguém o aperta ao colocar botas ou roupas que lhe servem de abrigo. Os escorpiões são altamente sensíveis a pesticidas halogenados (por exemplo, o DDT). Aranhas do deserto (Solpúgidas) Esta ordem de aracnídeos é encontrada principalmente nas estepes e áreas semidesérticas do Saara, a Cordilheira dos Andes, na Ásia Menor, México e Texas, e não é venenosa. No entanto, as aranhas do deserto são extremamente agressivas, podem chegar ao tamanho de até 10 cm de diâmetro e seu aspecto é terrível. Em casos excepcionais, se forem muitas, as feridas produzidas por estes animais podem ser graves. As aranhas do deserto são predadores noturnos e podem atacar uma pessoa durante o sono. Percevejos e carrapatos (Acorinas) Os carrapatos são aracnídeos que chupam sangue em todas as fases de sua vida e sua saliva injetada através de seus órgãos de alimentação podem ter efeitos tóxicos. O envenenamento é por vezes grave especialmente em crianças (paralisia do carrapato), e às vezes acompanhado pela supressão dos reflexos. Em casos excepcionais, a morte ocorre por paralisia bulbar (particularmente quando o carrapato se agarra ao couro cabeludo). Percevejos chupam sangue apenas na fase larval e sua picada provoca inflamação pruriginosa da pele. A incidência de picadas de percevejos é elevada em regiões tropicais. Tratamento e prevenção: os carrapatos devem arrancados depois de serem anestesiados com uma gota de benzeno, éter etílico ou o xileno. A prevenção baseia-se na utilização de pesticidas ou repelentes. Centopéias (Quilópodos) As centopéias se distinguem dos milípedes (Diplopoda), por terem apenas um par de pernas em cada segmento do corpo e os apêndices do primeiro segmento de dentes são venenosos. As espécies mais perigosas são encontradas nas Filipinas. O veneno das centopéias tem apenas um efeito localizado (edema doloroso). Tratamento: as 27 FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE I picadas e as mordidas devem ser tratadas com aplições tópicas de loções à base de amoníaco diluído, hipoclorito ou permanganato. Podem também ser administrados os anti-histamínicos. Insetos (Hexápodos) Os insetos podem injetar veneno por meio de suas extremidades bucais (Simuliidos, borrachudos, mosquitos, moscas Phlebotomo de areia) ou através da picada (abelhas, vespas, marimbondos, formigas carnívoras). Eles podem causar urticária com seus cabelos (lagartas, borboletas) ou produzir feridas com sua hemolinfa (castaridae, mosca vesicante, besouro bum). As picadas de moscas pretas podem produzir lesões necróticas, algumas vezes com distúrbios gerais; picadas de mosquito produzem lesões pruriginosas difusas. Picadas de Hymenoptera (abelhas etc.) produzem dor intensa local, eritema, edema e às vezes necrose. Acidentes gerais podem ocorrer como resultado da sensibilização ou múltiplas picadas (calafrios, náusea, dispneia, extremidades frias). As mordidas no rosto ou língua são particularmente graves e podem causar a morte por asfixia quando ocorre edema de glote. As lagartas e borboletas podem causar lesões pruriginosas generalizadas na pele (angioedema), algumas vezes acompanhada de conjuntivite. Não é incomum surgir uma infecção sobreposta. O veneno das cantharides produzem lesões vesiculares ou bolhosas na pele (hoederus). Existe também o perigo de leishmaniose visceral (nefrite tóxica). Alguns insetos, tais como as lagartas e as Hymenoptera são encontrados em todas as regiões do mundo, ao passo que outros são subordens mais localizados. As borboletas são em sua maioria perigosas na Guiana e na República Centro-Africana; as cantharides se encontram no Japão, América do Sul e no Quênia; as moscas negras que vivem em regiões tropicais e na Europa Central e as moscas da areia estão no Oriente Médio. Prevenção A primeira medida preventiva é o uso de mosquiteiros e aplicação de repelente e inseticida. Os trabalhadores com um alto risco de exposição a picadas de insectos podem ser imunizados nos casos de alergia mediante a aplicação de doses crescentes de extrato do corpo do inseto. 28 UNIDADE IINOÇÕES DE VENTILAÇÃO Esta unidade é apenas uma iniciação. O suficiente para posicionar o EST quanto à capacidade crítica em HT, a partir de vídeos, links e principalmente do livro textodo Professor Macyntire - Ventilação Industrial e Controle da Poluição (2a edição). Ao final desta Unidade há referências. A inserção desse tópico se dá pelo fato de que uma das formas de controlar o fator de risco biológico (e os fatores químicos em forma de aerossóis, bem como os fatores físicos, temperatura, umidade e velocidade do ar) é manipulando variáveis ambientais relacionadas ao ar respirável via pólen dos vegetais (5 a 150 µm), esporos de fundo (1 a 10 µm) e bactérias (0,2 a 5 µm). Nesta Unidade, discorre-se sobre a ventilação, assim entendida a movimentação de ar natural ou por meio artificial. A natural ocorre pelo vento, sendo responsável pela troca de temperatura e umidade, dependendo do clima da região. A movimentação do ar por meios não naturais constitui-se no principal objetivo dos equipamentos de ventilação, ar condicionado e aquecimento, transmitindo ou absorvendo energia do ambiente, ou mesmo transportando material, atuando num padrão de grande eficiência sempre que utilizado em equipamentos adequadamente projetados. Para todos os elementos contaminantes tem-se que identificar a fonte e avaliar sua concentração através de medição, objetivando assim qual o método e mecanismo de ventilação apropriados para o sistema, ou seja, qual o sistema de controle apropriado. A forma pela qual se processa a transferência de energia e que dá ao ar capacidade de desempenhar determinada função. A velocidade, a pressão, a temperatura e a umidade envolvem mudanças nas condições ambientais, tornando-as impeditivas da vida de microrganismos maléficos ao trabalhador, ou, mitigadas quanto aos efeitos humanos. A ventilação industrial tem sido e continua sendo a principal medida de controle efetiva para ambientes de trabalho prejudiciais ao ser humano. No campo da higiene do trabalho, a ventilação tem a finalidade de evitar a dispersão de contaminantes no ambiente industrial, bem como diluir concentrações de gases, vapores e promover conforto térmico ao homem. Assim sendo, a ventilação é um método para se evitar doenças profissionais oriundas da concentração de pó em suspensão no ar, gases tóxicos ou venenosos, vapores etc. Ventilação industrial refere-se ao conjunto de 29 NOÇÕES DE VENTILAÇÃO │ UNIDADE II tecnologias usado para neutralizar e eliminar a presença de calor, poeira, fumaça, gases, condensação, odores etc. no local de trabalho, que pode ser prejudicial para a saúde dos trabalhadores. Muitas destas partículas dissolvidas na atmosfera não devem ser evacuadas para o exterior, pois podem danificar o meio ambiente. A seguir, um diagrama esquemático que mostra a ventilação utilizada naturalmente no edifício Eastgate em Harare. Os projetos similares poderiam ser usados em complexos subterrâneos também. Figura 4. Esquema de Ventilação Natural para Arranha-Céus. Fonte: <http://insuflador.com.br/ventilacao.html> Os agravos aos trabalhadores decorrem certamente do fracasso das medidas de prevenção que traz como consequência um aumento dos custos humanos e materiais. Técnicas preventivas devem ser efetuadas por especialistas ou peritos de forma a garantir condições aceitáveis em ambientes de trabalho. Em muitas ocasiões, há condições de trabalho (industrial ou em um único escritório) com ar poluído ou calor, fatores que notavelmente afetam o trabalhador. Aberturas devem permanecer longe de 30 UNIDADE II │ NOÇÕES DE VENTILAÇÃO fontes de poluição e desencontrado da direção predominante do vento. Se as aberturas estão alinhadas aos escapes, será necessário planejar o sistema de ventilação, para que haja uma pressão de ar positiva nessa área, a fim de evitar o retorno do ar evacuado, como você pode ver na figura a seguir: Figura 5. Finalidade e Classificação dos Sistemas de Ventilação. Fonte: Enciclopédia OIT (1983). O ar atmosférico é insípido, inodoro, incolor, transparente e assim constituído: Figura 6. Composição do Ar Seco e Puro. Substância % em volume Oxigênio 20,97 Nitrogênio, gases raros e hidrogênio. 79,00 Dióxido de Carbono 0,03 Figura 7. Composição do ar UR 50% a 21ºC. Substância % em volume Oxigênio 20,69 Nitrogênio, gases raros e hidrogênio. 78,00 Dióxido de Carbono 0,06 Vapor d’água 1,25 Curiosidade: O ar seco é mais pesado que o ar úmido em virtude do peso molecular - PM de seus componentes: PM O2= 32 g, PM N= 28 g e PM do Vapor d’água 18 g (O peso de uma molécula de vapor d’água é = 5/8 do peso de uma molécula de ar seco). A percentagem dos componentes da atmosfera diminui com o acréscimo de vapor d’água. O ar saturado (4% de vapor d’água) possui cerca de: Nitrogênio 75 %, Oxigênio 20 % e Argônio 0,90%. 31 NOÇÕES DE VENTILAÇÃO │ UNIDADE II Não há dúvida quanto à importância de ter ar limpo no ambiente de trabalho. Hoje, um número crescente de produtos químicos, alguns de alta toxicidade, exigem diferentes processos, cujas concentrações excedam os níveis de segurança, sob a forma de névoas, gases, vapores ou partículas de tamanhos diferentes. Ambientes de trabalho desconfortáveis e inseguros também são gerados por uma carga térmica alta ou muito baixa. Para conseguir a proteção do trabalhador é necessário um projeto apropriado e ventilação eficaz. O conforto necessário para a realização da tarefa, que sem dúvida será refletida no desempenho final. O objetivo, portanto, é compreender as condições ambientais, determinando-se os riscos relativos às condições ambientais do trabalho e se as medidas de prevenção estão em conformidade. Cada substância no ar é associada com um risco potencial para o trabalhador, que é estabelecida por seu limite ou limite de valor. Diferentes são os nomes utilizados pelos países para se referir a eles como sendo a Concentração Máxima Permissível (CMP), Limite de Valor de Tolerância (TLV) etc. Para adotar uma abordagem comum, usa-se o conceito de TLV estabelecido pela ACGIH (Conferência Americana de governamentais higienistas industriais) nos Estados Unidos desde que se pode considerá-lo como uma referência mundial nesta matéria. A ACGIH anualmente realiza correções para tabelas em vigor, com o objetivo de manter reduzidas ao máximo as concentrações. Por que deve ser assim? Porque os TLV são feitos para serem usados na prática como guia de higiene ou recomendação sobre o controle dos riscos potenciais à saúde, não são uma linha de demarcação entre as concentrações seguras e perigosas ou índices relativos de toxicidade. Essa distinção é fundamental e deve estar presente em cada momento. Os sistemas de ventilação podem produzir fatores de riscos biológicos ao fornecer albergue para germes patogênicos, pois em algumas situações criam um ambiente propício para seu crescimento. Essses fatores podem surgir da umidificação oriunda do ar, ou via aerossóis produzidos na reciclagem do ar interior. Consequências à saude humana são apresentadas: » Alergias (asma, rinite etc.). » Doença do legionário. » Tipo de gripe, benigno. » Tipo pneumônico, mais grave, até mortal. 32 UNIDADE II │ NOÇÕES DE VENTILAÇÃO A prevenção pode ser feita mediante: » Evitar a reentrada de aerossóis produzidos em torres de resfriamento. » Manter a pressão no interior do edifício, ligeiramente elevado. » Fornecer suficiente ar fresco. » Quantidade e a qualidade de filtros adequados, ajustados periodicamente. » Evitar a acumulação de água por meio de drenagem apropriada. » Umidificadores de vapor seco. » Manter o URA abaixo de 70%. » Manutenção contínua. Em resumo, tem-se que ventilar é produzir vento ou deslocar o ar com algum propósito, qual seja promover a retirada ou fornecimento de ar de modo a: promover conforto e saúde para o ser humano e outros seres vivos e conservar materiais e equipamentos. 33 CAPÍTULO1 Sistemas de ventilação Em linhas gerais, a classificação dos sistemas de ventilação é a seguinte: 1. Natural (não são utilizados recursos mecânicos): a. aproveita o efeito dos ventos dominantes para renovar o ar; b. aproveita a convecção térmica efeito chaminé – para renovar o ar; c. combina (a) e (b) para maior eficiência da renovação. 2. Forçada (utilizam-se equipamentos): a. exaustão com entrada natural; b. insuflação com saída natural; c. insuflação e exaustão combinadas; d. localizada ou especial. Os sistemas de ventilação são separados didaticamente: Ventilação Natural (VN), Ventilação Geral (VG) e Ventilação Local Exaustora (VLE). Em linhas gerais o esquema em termos de fluxo é o seguinte: Figura 8. Fluxo com as Variáveis Presentes em uma Ventilação – Regra Geral. Fonte: próprio autor. Neste caderno estão sintetizados as definições e conceitos do Prof Macyntire1, que neste curso é adotado como livro texto, obra base, a partir da qual os leitores deverão, caso precisem, consultar memórias de cálculos, ábacos, tabelas, bem como gravuras, figuras e ilustracões, além de uma rica listagem com referências bibliográficas. 1 Macintyre. Archibald Joseph. Ventilação Industrial e Controle da Poluição (2a edição). LTC. 2013. 403p. 34 UNIDADE II │ NOÇÕES DE VENTILAÇÃO Figura 9. Finalidade e Classificação dos Sistemas de Ventilação. Sistema de Insuflação Finalidade Itens Integrantes Sistema de Insuflação Alcançar um lugar confortável (refrigeração ou ventilação). Trocar o ar extraído do lugar. Sucção Filtros Equipe de Refrigeração Ventilador Dutos Grelhas Sistema de Insuflação Classificação Finalidade Sistema de Exaustão Sistema de Extração Geral Controle do Ambiente Térmico Eliminação dos contaminantes gerados em uma área com grandes quantidades de ar (diluição). Sistema de Extração Localizada Capturar o contaminante próximo à fonte geradora. Fonte: Fonte: Enciclopédia OIT (1983). Figura 10. Finalidade e Classificação dos Sistemas de Ventilação. Elemento Função De captação Apreende o contaminante em uma corrente de ar. Dutos Transporta ar contaminado. Depurador Separa o ar do contaminante. Ventilador Vencer as perdas de cargas existentes. Fonte: Enciclopédia OIT (1983). É comum classificar a ventilação a partir dos meios (mecânico ou natural). Em relação à ventilação mecânica (ou forçada) o ar é extraído ou injetado no local de trabalho por ventiladores, (ou seja, por meios mecânicos). Ventilação natural das instalações é efetuada por meio de uma renovação do ar produzido pela circulação através de aberturas, lareiras, paredes, rachaduras etc. O movimento de ar é produzido por diferenças térmicas e pressão de natural ou do processo que está sendo executado. No momento de decidir o sistema de ventilação para usar, existem inúmeros fatores que devem estar presentes para seu projeto2. Ao mesmo tempo a ventilação natural pode ser geral ou localizada. Comumente localizada natural é usada em lareiras. Ventilação mecânica geral é através de drivers ou extratores de ar com ou sem dutos de aspiração ou distribuição. Quando a extração geral para sistemas de controle térmico é utilizada, o ar deve ser apropriado para a temperatura esperada e recirculado, enquanto a diluição é executada, para que a quantidade de ar usada ajuste a concentração da mistura de contaminantes a valores permitidos. 2 Guidelines for Ventilation Requirements in Buildings. Luxemburgo: CE. 199. 35 NOÇÕES DE VENTILAÇÃO │ UNIDADE II O ar extraído é capturado na atmosfera. Há dois aspectos: o ambiente e as condições de trabalho nesta área de ventilação; e segundo os poluentes ambientais. Por exemplo, para depuração do fluido que retem contaminantes e levá-lo para os valores que sejam compatíveis com a legislação ou níveis de poluição. Como esperado, os sistemas de extração localizada baseiam-se na necessidade de captar o contaminante na fonte de geração. Ventilação natural A ventilação natural é o movimento de ar num ambiente de trabalho, provocado por ventos externos e que pode ser controlado por meio de aberturas, como portas, janelas etc. Infiltração é o movimento do ar não controlado, de fora para dentro e de dentro para fora de um ambiente, através de frestas de janelas e portas, de paredes, pisos e forros, e por outras aberturas existentes. O fluxo de ar que entra ou sai de um edifício por ventilação natural ou infiltração depende da diferença de pressão entre as partes interna e externa e da resistência ao fluxo fornecido pelas aberturas. A diferença de pressões exercidas sobre o edifício, pelo ar, pode ser causada pelo vento ou pela diferença de densidade de ar fora e dentro do edifício. O efeito de diferença de densidade, conhecido como “efeito de chaminé”, é frequentemente o principal fator. Quando a temperatura no interior de um determinado ambiente é maior que a temperatura externa, produz-se uma pressão interna negativa e um fluxo de ar entra pelas partes inferiores, o que causa uma pressão interna positiva, e um fluxo de ar sai nas partes superiores do edifício. As janelas têm a vantagem de iluminar, bem como de ventilar, quando abertas. As partes móveis dessas aberturas permitem, até certo ponto, o controle da quantidade de ar que está sendo movimentada; defletores podem ser usados para controlar a distribuição das correntes. As aberturas no telhado são geralmente protegidas por uma cobertura, para impedir a entrada de chuva e reversão do ar que sai. A quantidade de ar que passa através da abertura depende da diferença de temperatura interna e externa. Em resumo, os efeitos da corrente de ar num ambiente dependem dos seguintes fatores:Movimento devido aos ventos externos. » Movimento devido à diferença de temperatura. » Efeito de aberturas desiguais. 36 UNIDADE II │ NOÇÕES DE VENTILAÇÃO As regras gerais para construção de edifícios são: I. Edifícios e equipamentos, em geral, devem ser projetados para ventilação efetiva. II. Independente das direções de vento. III. Aberturas como portas, janelas etc., não devem ser obstruídas. IV. Uma quantidade maior de ar por área total. V. Aberturas iguais de entrada e saída. Várias medidas podem ser tomadas para se evitar a exposição de pessoas a condições de alta temperatura. Por exemplo, enclausuramento e isolamento de fontes quentes, vestimentas, barreiras protetoras, diminuição do tempo de exposição etc. A seguir, são indicadas as relações de espaço ocupado e vazões necessárias para várias situações: Figura 11. Critérios sugeridos para projetos gerais de ventilação de ambientes (ASHRAE - American Society of Heating Refrigerating and Air Conditioning Engineering, Guide an Data Book). Área Funcional Taxa de Renovação (Troca por hora) Ft3/min por pessoa Hospitais (sala de anestesia) 8-1 - Salas de animais 1-16 - Auditórios 10-0 10 Hospitais (salas de autopsia) 8-1 10 Padaria e confeitaria 0-60 - Boliches 15-30 30 Igrejas 15-5 5 Hospitais (salas de citoscopia) 8-10 0 Salas de aula 10-30 40 Salas de conferencia 5-35 - Corredores 3-10 - Hospitais (salas) 8-1 - Leiterias -15 - Lavagem de pratos 30-60 - Lavagem a seco 0-40 - Fundições 5-0 - Ginásios 5-30 1,5 por pé quadrado Garagens 6-10 - Hospitais (salas hidroterapia) 6-10 - Hospitais (salas de isolamento) 8-1 - Cozinhas 10-30 - Lavanderias 10-60 - Bibliotecas 15-5 10 Bibliotecas 15-5 10 Salas de deposito -15 - Pequenas oficinas 8-1 - Hospitais (suprimentos) 6-10 - 37 NOÇÕES DE VENTILAÇÃO │ UNIDADE II Área Funcional Taxa de Renovação (Troca por hora) Ft3/min por pessoa Berçários 10-15 - Escritórios 6-0 10 Hospitais (salas de operação) 10-15 - Radiologia 6-10 - Restaurantes 6-010 Lojas 18- 10 Residências 5-0 - Equipamentos telefônicos 6-10 - Salas de controle de tráfego aéreo 10- 10 Toaletes 8-0 - Soldas a arco voltaico 18- - Fonte: Macyntire (013). Nessa indicação foi prevista a remoção de odores corporais, nível de atividade do indivíduo, bem como remoção de calor. As trocas de ar de até oito vezes por hora são suficientes para remover contaminantes emitidos por ocupantes. O limite superior da faixa é recomendado para remover calor e vapor em zonas temperadas. Em climas quentes ou se ocorrer o uso do fumo, sugere-se o dobro dos valores da tabela. Não se prevê uso de equipamento de limpeza de ar. O espaço não deve ser inferior a 150 Ft³/pessoa ou 15 Ft²/pessoa. O limite inferior é o mínimo e o limite superior é o recomendado (mesma referência). Para que se possa tirar proveito do vento, deve-se projetar as aberturas de entrada de ar do lado do vento dominante (maior pressão positiva). As saídas de ar devem ser colocadas nas zonas de menor pressão (paredes opostas ou laterais ao vento). O regime de ventos varia em função da época do ano, tornando esta solução pouco uniforme, sendo recomendada apenas para onde não houver poluentes. Conhecendo-se a velocidade média do vento e a área de abertura das entradas do edifício, pode-se calcular a vazão de ar que entra no ambiente: Qv = Ф . A . v, sendo: Qv - vazão de ar; Ф - coeficiente de direção do vento (0,5 a 0,6); A - área líquida das janelas de entrada de ar; v – velocidade do vento (adota-se a metade da velocidade real). Ventilação geral Todo sistema de ventilação tem de prever: a. A retirada do ar poluído do ambiente. b. A destinação adequada do ar retirado. c. Fonte segura de ar puro para reposição da retirada. 38 UNIDADE II │ NOÇÕES DE VENTILAÇÃO Usa-se ventilação por sistema de diluição para proteger a saúde do operador que tenha que lidar com as seguintes limitações: » A geração de poluentes: desde que não implique grandes vazões de diluição. » Fontes de poluição remota, o suficiente para manter baixas concentrações, conforme TLV de difusão de contaminantes. » A toxicidade do contaminante deve ser baixa. » A contaminação deve ser uniformemente distribuída. » Ventilação geral › Para conforto térmico. › Diluidora. · Por insuflamento. · Por exaustão. Figura 12. Finalidade e Classificação dos Sistemas de Ventilação. Substâncias Ligeiramente Tóxicas TLV > 500 ppm Substâncias Moderadamente Tóxicas TLV 100 a 500 ppm Substâncias Altamente Tóxicas TLV < 100 ppm Fonte: Enciclopédia OIT (1983). Em geral podemos dizer que, na presença de vapores orgânicos, este sistema é sua melhor aplicação, especialmente para aqueles cujo TLV excede o 100 ppm. Daí a necessidade de dados reais de geração de poluentes. Quando é introduzido ar no ambiente de trabalho, estamos supondo que é limpo. Assim, podemos estabelecer que: Acumulação de contaminantes = geração velocidade - velocidade de eliminação. O que se busca é o fluxo de ar necessário para manter os níveis de contaminantes na zona de segurança. Mas se pensarmos um pouco, não podemos dizer que a mistura está completa, mas há maior e menor concentração (um gradiente do prefeito menor do ponto de entrada do ar limpo), isso exige a introdução de um fator de segurança, K-factor, e que corrige o TLV para cada substância. Esse fator K, que varia de 1 a 10 e é muito levado em conta pelos especialistas para projetar o sistema, varia de acordo com o seguinte: » Distribuição do ar introduzido e a eficiência de mistura. » Toxicidade do contaminante gerado. 39 NOÇÕES DE VENTILAÇÃO │ UNIDADE II » O trabalhador em relação ao local de origem. » Número e localização das diferentes fontes do setor. » Desempenho de equipamentos de ventilação forçada. Outro problema que nos é apresentado, quando buscamos determinar o fluxo de ar limpo para manter os níveis de contaminantes abaixo o TLV, é o fato de que praticamente em quase todas as oportunidades são mistura deles e não um único contaminante. Isto representa um problema, por quê? Confronta-se com o conceito de aditividade ou não um do outro. Ou seja, se eles são efeitos aditivos na saúde podem ser aproveitados, e considero este detalhe muito importante, caso não sejam deve-se considerar seus efeitos individuais. O cálculo das técnicas de fluxo varia dependendo se os poluentes são aditivos ou não. Na ausência de informação devo considerar o mais prejudicial, ou seja, aditivos. Figura 13. Configurações de Entradas e Saídas de Ar para Sistemas de Ventilação. Fonte: Enciclopédia OIT (1983). 40 UNIDADE II │ NOÇÕES DE VENTILAÇÃO Há situações em que a característica do produto químico que está sendo usado apresente propriedades tais como a volatilidade, combustibilidade etc. que torna-o favorável à ocorrência de explosões e incêndios. Em geral é solvente, amplamente utilizado em diversas atividades industriais. A diluição geral da ventilação é para diminuir a concentração de gases do contaminante, de forma a alcançar 5% do valor definido como um limite inferior de inflamabilidade (LII) determinada para cada substância e que pode ser encontrado na literatura abundante mediante Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos - FISPQ 3. Os seguintes critérios são razoáveis: como o TVL são mais baixos para o LII, se há pessoas presentes, deve-se primeiro corrigir para esse parâmetro, depois a questão de incêndios e explosões, mas para locais fechados ou isolados, o LII é fundamental, e em geral, será aplicado nesta situação. Não só nas instalações deve verificar determinados valores do LII para substâncias utilizadas ou geradas nos diversos processos, mas também nos dutos de ventilação, chaminés, secagem fechada etc. Não se deve negligenciar este detalhe crucial, porque as consequências humanas e materiais que adstritas a um incêndio ou explosão podem se tornar muito graves. Quando se faz o cotejamento entre TLV e LII deve considerar que o primeiro é expresso em ppm (partes por milhão) enquanto os segundos são expressos em percentagem (partes por 100). Um exemplo é o seguinte: o LII de xileno é de 1% (seria 10.000 ppm) enquanto o TLV da mesma substância é de 100 ppm. Detalhe importante é manter em mente que o LII de misturas de vapores no ar diminui em temperaturas elevadas (de 10° C), portanto, modifica o valor na ordem de 30%. Se há situação que o risco térmico é importante no trabalho, ventilação geral diluição como ferramenta válida para reverter essa situação. Lembre-se que risco térmico pode estar excedendo a calor ou frio. Busca-se principalmente alcançar um conforto na situação de trabalho, eliminando aborrecimentos e possíveis riscos à saúde. Quando o operador estiver em uma situação na qual o corpo perde sua capacidade de defesa contra a carga térmica existente, é inserido no risco de stress de calor e, portanto, a ocorrência do acidente, perda de produtividade e o risco de doenças agudas ou crônicas. 3 Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos FISPQ são de uso obrigatório nas embalagens de produtos químicos como tintas, solventes entre outros, cuja finalidade é a de informar sobre os procedimentos de segurança, riscos a integridade física, saúde, acidentes. Formas armazenar, transportar, combate ou neutralização a intoxicação ao fogo ou ações de emergências. FISPQ contém informações diversas sobre um determinado produto químico, quanto à proteção, à segurança, à saúde e ao meio ambiente. Em alguns países, essa ficha é chamada de Material Safety Data Sheet - MSDS. A norma brasileira NBR 14725, válida desde 28/1/2002, apresenta informações para a elaboração e o preenchimento de uma FISPQ. Apesar de não definir um formato fixo, esta norma estabelece que as informações sobre o produto químico
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