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1 UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CURSO DE LETRAS DISCIPLINA: PORTUGUÊ VI PROFA. RÍVIA FONSECA TUTORA: CLÁUDIA VALLADARES AD 1 – ATIVIDADE DE ENVIO ORIENTAÇÕES GERAIS Leia com atenção os textos base, a seguir, e realize a atividade que se pede conforme a orientação. TEXTO BASE 1 Gêneros textuais: definição e funcionalidade Luiz Antônio Marcuschi. (...) Partimos do pressuposto básico de que é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto. Em outros termos, partimos da idéia de que a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual. Essa posição, defendida por Bakhtin [1997] e também por Bronckart (1999) é adotada pela maioria dos autores que tratam a língua em seus aspectos discursivos e enunciativos, e não em suas peculiaridades formais. Esta visão segue uma noção de língua como atividade social, histórica e cognitiva. Privilegia a natureza funcional e interativa e não o aspecto formal e estrutural da língua. Afirma o caráter de indeterminação e ao mesmo tempo de atividade constitutiva da língua, o que equivale a dizer que a língua não é vista como um espelho da realidade, nem como um instrumento de representação dos fatos. (...) (...)(a) Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza lingüística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos,tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. (b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que 2 apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. (...) (c) Usamos a expressão domínio discursivo para designar uma esfera ou instância de produção discursiva ou de atividade humana. Esses domínios não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante específicos. Do ponto de vista dos domínios, falamos em discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso etc., já que as atividades jurídica, jornalística ou religiosa não abrangem um gênero em particular, mas dão origem a vários deles. Constituem práticas discursivas dentro das quais podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que, às vezes lhe são próprios (em certos casos exclusivos) como práticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas. (...) Disponível em: http://www.uems.br/site/nehms/arquivos/53_2014-04-04_12-17- 14.pdf Acesso em: 05/05/2014 TEXTO BASE 2 Sobre os tipos textuais: caracterização Rívia Fonseca Tipo textual é uma noção, um conceito, que se pode abstrair a partir da análise das marcas lingüístico-composicionais de um texto, por isso os tipos existem em número limitado. Um texto sempre apresenta mais de um tipo textual, mas é possível determinar aquele que é predominante. Por exemplo, num artigo de opinião, que do ponto de vista tipológico, se classifica como sendo um texto argumentativo, o autor pode inserir pequenas partes narrativas, pequenas cenas ou histórias, cujo efeito de sentido é a ratificação do argumento. O quadro a seguir apresenta cada um dos tipos textuais com as suas respectivas características: 3 TIPO TEXTUAL CARACTERÍSTICAS Narração Uso predominante de tempos verbais do sistema do passado, no modo indicativo; apresentação de elementos narrativos tais como personagens, tempo, espaço, acontecimentos; utilização da sequenciação e encadeamento de idéias; manutenção da coerência narrativa. Argumentação Uso predominante de tempos verbais do sistema do presente, no modo indicativo; disposição de idéias para sustentar uma tese inicial; sequenciação e encadeamento lógico de argumentos; construção de efeitos de sentido de causa e conseqüência, especialmente, por meio da subordinação. Exposição Uso de tempos verbais dos sistemas do passado ou do presente, no modo indicativo; apresentação de características ou partes constitutivas de um sujeito/objeto/ideia definidos previamente; construção de uma imagem verbal de determinado sujeito/objeto/ideia; Descrição Uso predominante de tempos verbais do sistema do presente, no modo indicativo; apresentação das características de um objeto/ser/cena; uso dos processos de coordenação; presença marcante de verbos de ligação; Injunção Uso predominante de tempos verbais do sistema do presente, sobretudo nos modos subjuntivo e imperativo; uso de sentenças ordenativas ou instrucionais, tendem a incitar à ação. Compreender o funcionamento lingüístico dos tipos textuais é importante para ler, redigir e interpretar textos, pois a tipologia diz respeito ao modo como se organizam as idéias. Agora que você compreendeu a distinção entre gênero textual, tipo textual e domínio discursivo, que tal colocar o conhecimento teórico em prática analisando alguns textos? Atividade: Você deverá escolher (02) dois textos diferentes e realizar a análise dos aspectos que caracterizam o gênero textual nele materializado. Para isso, disponibilizamos uma ficha de leitura e análise. Veja o exemplo a seguir e, depois, complete a sua própria ficha. (Para enviar 4 as suas fichas de análise utilize o arquivo disponibilizado na Plataforma denominado “Ficha de leitura e análise para envio”) FICHA DE LEITURA E ANÁLISE TEXTUAL – GÊNERO, TIPO E DOMÍNIO TEXTO ANALISADO Pai Nosso Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém. (Mateus 6: 9-13) CONTEÚDO SEQUÊNCIAS LINGUÍSTICAS FUNCIONALIDADE ESTILO COMPOSIÇÃO Fé religiosa na vontade e na bondade divinas. Uso do tempo presente, nos modos imperativo e subjuntivo; Predomínio de orações coordenadas. Realizar um pedido de proteção e perdão. Laudatório e, sobretudo, invocatório, com o uso de linguagem formal. Texto curto com enunciados também curtos, em prosa. GÊNERO TEXTUAL Em geral, o texto é caracterizado como uma Prece ou Oração, dadas as características que lhe são peculiares, como a tom de conversa entre dois interlocutores, em que um se coloca como “solicitante” diante de um ser considerado superior e poderoso que pode vir em auxílio nas situações difíceis. Aqui aparece na modalidade escrita, mas comumente se registra na modalidade oral. Pode apresentar mais ou menos formalidade conforme as circunstâncias contextuais. TIPO TEXTUAL PREDOMINANTE Injunção é a tipologia predominante no texto, pois se observam as marcas lingüísticas que indicam as ações de pedir, solicitar e instruir em que medida um dosinterlocutores pode ajudar a quem precisa no momento de dificuldade. DOMÍNIO DISCURSIVO É no domínio discursivo religioso que se pode encontrar mais facilmente esse gênero, pois ele demanda do interlocutor a crença em um ser superior, dotado de poderes sobrenaturais inexplicáveis do ponto de vista da realidade física. Note-se que esse domínio, não se restringe ao que concerne às religiões cristãs, mas em todas as outras se observa a produção desse genro. Orientações para o preenchimento: 5 O texto escolhido como exemplo de análise é um trecho da Bíblia, mais especificamente do Evangelho de Mateus, em que o autor transcrever a oração transmitida por Jesus. Escolhemos este texto para exemplificar que a análise pode ser realizada em qualquer texto, contanto que ele esteja inserido numa situação de comunicação estabelecido. Não importando, ainda neste momento, se oral ou escrito. Procure desenvolver bem a sua análise. O exemplo está reduzido aqui, até mesmo pelas características do trecho escolhido, mas você poderá ampliar a sua análise, inserindo diferentes elementos conforme o texto escolhido. Então, que textos você selecionou? Um trecho de conversa, um bilhetinho, uma carta? Você poderia escolher um texto inteiro ou mesmo um trecho que fosse e aplicar os procedimentos da ficha de leitura e análise. Você pode estar se perguntando: “mas, se eu já sei que o texto escolhido é uma carta, é um conto, é uma conversa, pra que realizar esta atividade?” Aí é que está ‘pulo do gato’! A ficha é um recurso metodológico e te permite conferir e, inclusive, confirmar ou não a sua idéia inicial sobre a classificação do gênero, do tipo e do domínio discursivo do texto escolhido. A partir do instrumental oferecido pelo método de análise fica mais fácil argumentar a favor da sua classificação, pois você consegue visualizar os elementos que estabilizam o gênero em questão. Como a escolha dos textos é sua e é livre, não existe uma resposta comentada padrão para esta atividade. O ideal é treinar bastante o seu olhar analítico. E lembre-se: os gêneros textuais são ilimitados! Se você tiver alguma dúvida, pode conversar com seu tutor ou debater com seus colegas de turma. Recorra à ficha modelo e também aos textos base 1 e 2, sempre que precisar lembrar de algum conceito. ATENÇÃO: este arquivo é apenas para orientar a atividade! Para enviar as suas fichas, baixe o arquivo correspondente na Plataforma.
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