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1 RANKING DE CLUBES: OS 12 GRANDES DO FUTEBOL BRASILEIRO BRENO TAVARES NUNES Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 2 DEDICATÓRIA Este livro só poderia ser dedicado a duas pessoas: Joaquim Nunes e Raimunda Tavares, meus pais, pelo amor incondicional, pela incansável fidelidade. Sem a participação deles - dando-me a condição de perceber o peso que o esporte exerce na vida de cada ser humano, sobretudo na dos menos privilegiados financeiramente - não seria possível pôr no papel aquilo que só a sensibilidade adquirida com boas doses de jogos assistidos em companhia paterna é capaz de nos permitir compreender. Isto porque, todos os jogos que vi na infância, até hoje, estão guardados em minha memória afetiva, que registra inúmeros gols de placa das alegrias já vivenciadas, como a que se inicia, já através das primeiras linhas aqui escritas. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 3 AGRADECIMENTOS Não é nada fácil, infelizmente, no Brasil, pesquisar ou estudar o maior elemento de identidade cultural de brasilidade, o esporte bretão e, é ainda mais complicado, ao que parece, escrever livros que tenham o futebol como tema. É por isso que, diante dessa realidade, tenho que dizer o meu muito obrigado aos professores Ruy Alckimin e Ronaldo Neves, cruzeirenses fanáticos; Beto Del Carratore, corintiano roxo; João Bosco de Araújo, alecrinense de carteirinha; Sebastião Faustino, torcedor do Clube Atlético Piranhas – CAP; E, Emanoel Barreto, que torce pelo RN Futebol Clube. Vocês são dignos de aplausos e reconhecimento pela postura dispensada. Enfim, acadêmicos que não se portam indiferentes ao mais que fascinante futebol brasileiro. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO Pág. 5 CAPÍTULO 1 – OS TÍTULOS Pág. 11 CAPÍTULO 2 – AS TORCIDAS Pág.46 CAPÍTULO 3 – A TRADIÇÃO Pág. 68 CAPÍTULO 4 – AS ESTATÍSTICAS Pág. 77 CAPÍTULO 5 – O RANKING GERAL Pág. 95 REFERÊNCIAS ANEXOS APÊNDICES Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 5 INTRODUÇÃO Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O foot-ball não pega, tenham certeza. Não confundamos. Estrangeirices não entram facilmente na terra do espinho. O futebol, o boxe, o turfe, nada pega. A frase acima, do escritor Graciliano Ramos, dava como certa a morte prematura do esporte recém chegado em solo tupiniquim. Ironicamente, embora a história tenha se encarregado de mostrar que o homem letrado estava equivocado quanto à sua previsão, em parte, seu sentimento contrário à difusão do esporte bretão tem, ao longo do tempo, encontrado acolhimento na postura negligente dada, por exemplo, pela Academia no que tange à produção, preservação e propagação dos valores verificados na sociedade sob a influência do futebol. Isto para não falar nos descaso por parte de outros entes relacionados ao assunto. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 6 É notória a carência de publicações na área, que segundo o recente estudo Metaanálise de publicações de futebol no ano de 2009, publicado por Jorge Augusto Silva Santos e Robélius De Bortoli no periódico da Universidade Federal de Viçosa – UFV, está muito aquém da potencialidade acadêmica do país. Além disso, sobre tudo o que é publicado atualmente, percebe-se uma concentração de pesquisas na área de História, em detrimento de outras mais práticas, sobretudo as de cunho técnico – Medicina Esportiva, Psicologia do Esporte, entre outras. Há muito que se explorar em termos de estudos, basta que haja algo que impulsione o interesse sobre o assunto. A Copa do Mundo, por exemplo, tem se mostrado como único estimulante à produção de livros, visto que de 2006 até 2010 – período em que houve disputa da maior competição mundial - houve o maior número de publicações, 146 e 168, respectivamente. Em 2007, tivemos apenas 55 obras postas no mercado, menos que as 93 disponibilizadas em 2008 e as 137 em 2009, segundo dados levantados pelo site especializado Universidade do Futebol. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 7 Como se sabe, em 2014 o Brasil sediará a Copa, o que obrigará o país a ter que evoluir em infraestrutura e, igualmente, em conhecimento sobre o assunto se quiser ampliar suas possibilidades de conquistas, além, é claro, de saber dar ao legado que o evento deixará, a correta aplicação e uso para a população. Não é demais lembrar que cerca de 150 anos se passaram desde a uniformização e completa organização do futebol até que ele se constituísse em um esporte, efetivamente, e o que começou como uma brincadeira para jovens ingleses ganhou ares de empreendimento e tornou- se, atualmente, uma das mais importantes atividades econômicas, conhecida como Indústria Esportiva, que movimenta cerca de R$ 2 trilhões de reais por ano, no mundo – o Brasil responde por apenas 2% desse total (aproximadamente R$ 40 bilhões)1. Os números do esporte no ‘país do futebol’ até são consideráveis, numa perspectiva isolada. Porém, são 1 Disponível em http://pt.scribd.com/doc/19823150/ ESPORTIVO2 Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 8 passíveis de significante crescimento, dado o potencial não explorado. A saber2: Clubes: 29.208 Jogadores registrados: 2,1 milhões Jogadores não-registrados: 11,2 milhões Campeonatos estaduais: 27 Divisões: séries A, B, C, D Jogos profissionais: 5 mil por ano Competições anuais: mais de 100 Árbitros registrados: 61 mil Com um cenário favorável de desenvolvimento, sobretudo em face à realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o Brasil pode alcançar o posto de potencia que é dentro das quatro linhas, também fora de campo, fazendo frente ao Japão, 2 Disponível em http://www.copa2014.org.br/o- futebol-brasileiro/ e http://www.fifa.com/worldfootball/ bigcount/clubs.html Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 9 Estados Unidos e Europa Ocidental, no cenário mundial. Assim sendo, parte do esforço para que o país atinja este objetivo passa pelo investimento em conhecimento, em produção cientifica que venha a aprimorar aspectos técnicos relativos ao esporte, que vão além do talento nato dos jogadores. E que garantam difusão desse conhecimento a todos os brasileiros, dando-lhes a completa consciência do papel que têm ante o esporte, o mais forte traço cultural de brasilidade, e que precisa chegar à casa de cada um amante da Seleção Canarinho. Começando pela Academia. Foi justamente partindo do princípio de que a História é maior que tudo e todos – e pautada por fatos, obviamente –, e sabendo da necessidade de situar o brasileiro que acompanha o esporte quanto ao contexto do futebol – nesseprocesso de ‘Copa-do-mundialização’ por que seremos bombardeados nos próximos anos -, na ânsia de dar a esse brasileiro, trabalhador assalariado ou bem- nascido, que sofre e deixa de fazer uma boa prova no dia seguinte à derrota de seu time ou o que após uma vitória redentora, consegue esquecer, ainda que por um breve espaço de tempo, a condição social de excluído em que Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 10 vive, que aceitei o desafio de, linha a linha, organizar, sistematizar, enfim, escrever este livro. Assim sendo, convido-lhe, amigo, a viajar pelo fascinante sentimento que une povos de culturas diversas, enquanto amantes do futebol. Para todos os gostos e idiomas o resultado é o mesmo. Não Importa se é Soccer, Fútbol, Voetball, Foot-ball, Bundes, Calccio. Todos entendem a linguagem da bola e o que ela representa. Confira seu ingresso que o jogo vai começar... Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 11 OS TÍTULOS Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 12 Taças: é disso que vivem os clubes, no Brasil. Você, torcedor, acaso já parou para pensar por que torce para esse ou aquele time? Se antes não fez esta reflexão, convido-o a fazê-la agora, então. E, para isso, permita-me, contar como o Grêmio FBPA se tornou uma paixão em minha vida. Com seis anos de idade, vivendo numa pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte, seria natural que tivesse escolhido um clube carioca para torcer - ou até um paulista, por serem os times desses estados O futebol está presente na vida das pessoas desde o nascimento Fonte:Google Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 13 privilegiados pela mídia em suas transmissões esportivas. Ao menos, é assim que acontece, via de regra, Brasil a fora. No entanto, em meados da década de 1990, precisamente em 1994, escolhi o Grêmio – ou como dizem os gaúchos, ele é que me escolheu. Você, agora, deve se perguntar, assim como praticamente todas as pessoas com que convivo o fazem, quando revelo por que time torço: como é que alguém de Olho D`água do Borges – RN torce para um time do Sul do país? O questionamento é revestido de uma obviedade que, a meu ver, não é tão óbvia: a idéia percebida e cristalizada na cabeça da maior parte das pessoas de que só existem times no Rio ou em São Paulo, dignos de torcermos por eles - provavelmente, o efeito midiático seja o responsável por esse pensamento. Mas, admito que, como já disse, a minha predileção pelo time gaúcho não é algo comum. Ao menos, não em ‘terra de time algum’ – é assim que nomino estados em que os clubes têm pouca expressão para fazerem frente aos cariocas e paulistas, como é o caso do Rio Grande do Norte. Porém, a decisão que normalmente valerá para a vida inteira, com relação a mim, baseou-se num princípio Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 14 um tanto interesseiro, passional, mas que faz parte do DNA do brasileiro que acompanha futebol: títulos. Eles costumam ser os maiores estímulos para um jovem que precisa se decidir por que time passará a vida devotando parte ou até quase todo o seu tempo. Prosseguindo o raciocínio, com relação ao Grêmio, ele acabara de sagrar-se bicampeão da Copa do Brasil. Naquele momento, a ‘geografia da bola’ pouco importava para mim. Interessava-me poder dizer aos meus amigos que eu, mesmo com a pouca compreensão pela tenra idade que tinha, era torcedor de um time campeão, aliás, mais que isso, era Bi-Campeão. O que poderiam me dizer flamenguistas, vascaínos ou corintianos, clubes com maior número de adeptos na cidade, por exemplo, se era o meu Grêmio que estava em alta, na época? Convenhamos, há sentimento mais arrebatador e satisfatório do que o de olhar e não ver nada à sua frente? Creio que a resposta seja não. Até hoje, também, os amigos de outrora, de quem eu aproveitei para me gabar durante a fase áurea de conquistas do tricolor gaúcho, durante os anos 1990, não perdem uma oportunidade de, igualmente, rirem de mim, Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 15 quando seus times estão bem. Não dá para reclamar. Na verdade, o melhor mesmo é torcer para que o Grêmio volte a ser campeão logo. É natural que seja assim. Afinal, somos todos filhos da terra em que ser o melhor é obrigação, sempre. E ser vice equivale a ser o último, na maioria dos casos. Terra essa que não deixa espaço para ‘espírito esportivo’, tão propalado por desportistas e da mesma forma, ignorado por torcedores. O que impera em solo verde- amarelo é competitividade. É a condição de ser brasileiro, que precisa, historicamente, mais que outros, driblar as adversidades, literalmente. E nada mais justo que termos a sede de vitórias como característica marcante na vida e, por tabela, no esporte. Pudera. A Seleção Brasileira nos fez torcedores mal acostumados com sua história gloriosa. Agora que, através da ilustração com minha história, você já sabe qual é o meu time de coração – julgo isso importantíssimo para que nosso diálogo seja aberto, verdadeiro –, creio seja possível compreender, pensando pela própria história da relação com seu time, o papel e o valor que as conquistas exercem sobre nós, quando vamos escolher um time para torcer. O que, diga-se de passagem, Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 16 é uma decisão tão importante – às vezes, até mais importante – quanto escolher a mulher de nossas vidas, a profissão que exerceremos ou a religião que professaremos, para ficar nítida a compreensão de sobre o que estamos falando, a paixão por um esporte que é luta e arte e que simboliza boa parte do que seja ser brasileiro. Inicialmente, escolhi um parâmetro para demonstrar no que acredito e defendo. Nesse sentido, optei pelo arranjo geográfico de nossos clubes e suas torcidas, pois fica muito fácil perceber a influência dos títulos. É que esse arranjo, de fato, mostra-se como o melhor “termômetro” das torcidas, posto que, independente do modelo de pesquisa que se faça, sabidamente, ele pouco se alterará – os números verificados na loteria federal Timemania são um bom exemplo disso, além, até, do que se verifica em redes sociais como o Orkut. O que me permite dizer tratar-se, assim, de um bom parâmetro de análise, um reflexo coerente da realidade, pois, como demonstram dois exemplos antagônicos abaixo, fica evidente que existe, verdadeiramente, uma forte relação entre a conquista de títulos expressivos e a expansão de uma torcida: Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 17 Em primeiro lugar entre as maiores torcidas brasileiras está o Flamengo, que é do Rio de Janeiro, e concentra naquele estado apenas 20% de toda a sua torcida. Em outras palavras, somente um em cada cinco torcedores rubro-negros vivem na terra do Cristo Redentor. Mais ainda: os outros 80% estão divididos pelo restante do país, com maior predomínio nas regiões Nordeste (25%), Norte e Centro-Oeste (30%) que juntas somam 20 estados, considerando o Distrito Federal. E, dentre estes,em tão somente quatro (Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará), o Flamengo não reina soberano – fato que se explica pela competitividade dos grandes times desses estados. Em consequência disto, nas regiões Sudeste (18%) e Sul (7%), há forte concorrência com clubes tão vitoriosos ou mais que o time da Gávea. No Rio Grande do Sul, em que as forças são polarizadas por dois clubes, Grêmio e Internacional, a representação da nação rubro- negra é irrisória e é justamente onde o Flamengo tem o seu pior percentual em todo o Brasil. Vale dizer que essas duas últimas regiões citadas compreendem apenas sete estados. O mais curioso na disposição da torcida flamenguista é que fenômeno semelhante ocorre com Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 18 Vasco, Fluminense e Botafogo. Ou seja, os clubes cariocas, em média, concentram mais ou menos 20% de suas torcidas no Rio, como que algo padronizado. O mesmo vale para o caso dos paulistas. No entanto, pouco mais de 50% de toda a torcida dos clubes de São Paulo encontra-se no próprio estado. Assim, apenas os cariocas podem ser ditos times de torcidas efetivamente nacionais, com distribuição geográfica mais abrangente, menos concentrada. Na outra ponta da “tabela” está, por exemplo, o Alecrim – RN. Um clube tradicional no estado, campeão Potiguar sete vezes e tido como a terceira força de Natal. Mas que, porém, mesmo com as conquista alcançadas, não conta com expressivo número de torcedores – 68 mil ou algo como 2% dos potiguares. Dentro deste universo de torcedores, é possível notar que estão em Natal, praticamente todos eles, restando uma pequena quantidade que reside na Região Metropolitana da cidade. Basta passar desses limites geográficos, indo em direção ao interior, que será tão fácil encontrar um torcedor alecrinense, quanto é fácil ganhar na Mega-Sena - e nem procure aqui por um tom pejorativo. A ressonância do Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 19 clube é mínima, fruto do distanciamento de seus últimos títulos, conquistados na década de 1980. E que determina o envelhecimento da torcida e sua consequente diminuição. Com os dois exemplos, percebe-se que nos lugares onde não há conquistas relevantes pelos clubes locais - em que estes ficam restritos aos títulos estaduais -, aqueles que, ao contrário, exibem bela lista de títulos, provavelmente, serão os escolhidos pela maioria das pessoas do lugar. Com esse cenário favorável, respaldado por seus históricos de conquistas, fica difícil disputar com grandes times, o coração do torcedor - mas claro, Arte: Placar Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 20 lembrando que há sempre espaço para exceções às regras. Tanto assim, que quinze clubes, ou 0,0005% dos quase trinta mil que existem no Brasil, detém aproximadamente 73% ¾ dos torcedores brasileiros. Apesar desta condição, os maiores times do país, costumam, entretanto, ficar a mercê da chamada “gangorra da bola”. É ela que determina a estagnação ou ampliação da torcida de cada clube, ao sabor da mudança de fases boas ou más - entenda-se gangorra como sendo a oscilação natural do posto de principal time, ora ocupado por paulistas, ora por cariocas, mineiros ou gaúchos, principalmente. Ainda sobre essa gangorra, não há reza de torcedor ou planejamento de dirigente que a controle. No máximo, como tem mostrado Internacional e São Paulo, nos últimos tempos, por exemplo, dá para atenuar seu efeito. São Paulo e Internacional, aliás, são os melhores exemplos para aprofundarmos um pouco mais a discussão sobre o quanto as conquistas são capazes de se reverter em novos torcedores. São esses dois clubes os que obtiveram resultados mais expressivos ao longo da primeira década do Século XXI - como também fora o São Paulo o clube mais vencedor do Brasil na década de 1990. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 21 No entanto, as pesquisas realizadas ao longo da década passada apontam para um crescimento sim, das torcidas de paulistas e gaúchos, só que não ao ponto de merecer destaque. Seria este, portanto, um fato que põe em contradição o que foi dito até aqui? Absolutamente. Acontece que mesmo os títulos, eles têm reflexos retardados, em outras palavras, seus efeitos são devidamente captados pelas pesquisas, em média, dez anos depois. Foi isso que ocorreu com o tricolor do Morumbi, que durante os anos 1990, mesmo já aparecendo como terceira maior torcida do país, apresentava percentuais que oscilavam entre 6% e 7%. Mas que, a partir do primeiro levantamento realizado em 2002, dez anos após a conquista de seu primeiro título Mundial, passou a figurar com valores entre 8% e 8,5%, o que representa um aumento da ordem de 32% em sua torcida, no período. Já no caso do Colorado, como seus grandes triunfos datam da segunda metade da última década, ainda não se notou, em pesquisas recentes, um crescimento acentuado – continua oscilando entre 2,8% e 3%. Natural. Isto se explica pelo fato de os institutos especializados em Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 22 estudos sobre o tema não costumarem entrevistar jovens ou crianças – o padrão dos estudos é entrevistar pessoas com 16 anos ou mais, o que, em certa medida, compromete a precisão dos resultados observados, já que deixa de considerar um estrato populacional significativo, da ordem de 31% da população total do país, segundo números do IBGE – que, normalmente, escolhem um time com idade média de sete anos, conforme estudo recente do diário esportivo Lance! e que por isso, só vão aparecer nas pesquisas dali a mais ou menos uns dez anos, já mencionados, quando terão 16 anos de idade. Perfeitamente compreendido o efeito dos títulos sob a ótica da geografia das torcidas – o próximo capítulo deste livro oferece abordagem específica sobre elas -, podemos falar um pouco sobre outro aspecto da relação, que é a contribuição da mídia esportiva. Se você nasceu durante a segunda metade da década de 1970 ou nos primeiros anos da década seguinte, certamente conhece o biscoito Tostines. Lembra facilmente do slogan que deu fama ao biscoito, lançado em 1982. Mas, se você não nasceu durante o período citado ou por qualquer motivo não lembra, ele trazia a Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 23 seguinte pergunta: “Tostines é fresquinho porque vende muito ou vende muito porque é fresquinho?” À época, a resposta conseguida pelo fabricante foi um sucesso de vendas que virou case no mundo do marketing. Dali em diante, sempre que as pessoas se encontram numa situação em que não se sabe o que é causa e o que é consequência, a metáfora do biscoito é evocada para ilustrar o problema. E, quase sempre, para não dar fim à questão. Por que fiz uma divagação sobre biscoitos, se estamos falando a respeito de futebol? Bem, é que é mais ou menos algo semelhante que se verifica no caso da participação midiática, presente na relação aqui defendida. Contudo, adianto, no caso do futebol, há solução para o questionamento. E é isso que trataremos de ver daqui para frente. Veja só: as maiores redes de televisão brasileiras, sobretudo a TV Globo, reservam o tempo de seus programas esportivos e principalmente o calendário dejogos televisionados, baseadas em audiência. Até aí tudo legítimo e coerente. Acontece que cabe aqui, no caso da Globo, que é a maior difusora de esportes do país, uma indagação ao estilo Tostines: a Globo transmite jogos de clubes cariocas porque estes dão retorno em audiência ou Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 24 dão retorno em audiência porque a Globo transmite seus jogos? Pois bem, a resposta para está pergunta funciona como fio condutor da influência da mídia sobre a questão dos títulos dos times. Vamos a ela? A emissora carioca, como qualquer meio de comunicação, vive da publicidade. Sabe, portanto, que precisa ter apelo massivo na população. No caso do futebol, em particular, aí é que essa lógica se aplica. É tratando esse esporte como prioridade que a TV lucra milhões desde os anos 1970. Mas, aterrissando naquela década, o que a Globo usaria como parâmetro para determinar quais jogos transmitir, obtendo audiência satisfatória, se não havia, até então, pesquisas nacionais tratando do tamanho das torcidas? Simples. Bastava recorrer a algo que apontasse para a predileção da maioria das pessoas. Foi aí que, dentro do contexto histórico do futebol até aquele momento, a emissora escolheu exibir jogos de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, então times de maiores conquistas, ao lado de Santos, Palmeiras e Internacional. Mas você pode perguntar: “Por que os quatro apenas e os outros não?” É que os quatro são cariocas, como a Globo e some-se a isso, o fato de o Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 25 mandatário da TV, Roberto Marinho, ser um flamenguista fanático e aliados dos militares na época da Ditadura3, que a questão estava resolvida. Correram as décadas seguintes até chegarmos aos dias atuais, e outros veículos de mídia seguiram o caminho da Globo, no processo apropriação do futebol como produto comercial. Bandeirantes, Rede TV! e por última a Record, são exemplos notórios disso. Inclusive, a dedicação de parcela relevante de tempo em suas grades, voltada ao futebol, fez com que as três emissoras agora elencadas desempenhassem o papel de equilibrar a influência clubística, dando maior visibilidade aos times paulistas, pelo fato de, a partir da década de 1980 até hoje, esses times terem retomado a hegemonia nacional do esporte. Lembrando que os três canais são do estado de São Paulo. 3 Disponível em http://www.efdeportes.com/efd107 /por-que-flamengo.htm e http://cabecaforte.blogspot.com/20 10/04/rede-globo-e-flamengo-um- amor-eterno.html Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 26 A construção da grandeza dos clubes O amor pelo nosso clube muitas vezes nos leva a atitudes impensadas, como fazer uma loucura para assistir a final de uma grande competição, a ponto de, por um motivo ou outro, pormos em risco nossas próprias vidas. Este é um exemplo extremado da paixão. Mas, ainda mais comum é perdermos a racionalidade diante de uma discussão entre amigos em que, tamanha a empolgação da rivalidade existente entre um time e outro, faz aflorar, na gente, sentimentos radicais de contrariedade ao que nos é dito – quem é que gosta de ouvir alguém provar com argumentos que time A é maior que time B? É difícil ter que silenciar diante dos fatos. Embora seja característica do torcedor ser passional, não se pode usar essa prerrogativa para fechar os olhos para a realidade posta. Nem pegar carona na demagogia vendida pela mídia esportiva em larga escala, pois, como para tudo na vida existe um primeiro lugar – as pessoas creem num único deus, normalmente, por exemplo -, assim também, no futebol, não há como negar Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 27 que há, sim, clubes maiores que outros. Não se deve permanecer eternamente acreditando que são eles, todos iguais em grandeza, porque, de fato, não são. E é bom que haja mesmo uma hierarquia entre os times, para funcionar como motivador à busca pelo crescimento por parte deles. Igualdade é ideia que cai muito bem se aplicada entre pessoas, não entre times. Entre estes, pensar que façam parte de um mesmo nível seria equivocado, visto que causaria distorção da realidade, face às conquistas de cada um deles. Para não ficar na falácia, dentro da lógica aqui descrita, você acha justo que o Atlético Mineiro, que tem como título de maior expressão o Brasileiro de 1971, seja chamado de grande, como grande é o São Paulo, por exemplo, detentor de três títulos Mundiais? Acha que os dois estão num mesmo patamar? Penso que não. E, por favor, atleticanos, não tenho nada contra o clube, de antemão. A ideia é fazer entender que há níveis distintos de grandeza entre os times. Imagino que o exemplo acima deixe claro o abismo que existe no trato da grandeza de nossos clubes, mas que, decerto, o torcedor ainda não parou para discutir. E como nossa proposta é que este livro funcione como um Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 28 diálogo entre torcedores, dentre os quais me incluo, temos que lançar luz sobre o assunto. Mesmo porque, uma hora ou outra isto teria que ser feito por alguém. Depois de algumas explicações, uma pergunta: será que como torcedor você nunca quis encontrar um ‘documento’ que pudesse mostrar a amigos, atestando que o seu time é maior do que o dele? Pois é. Eu, enquanto fanático torcedor que sou, gostaria de contar com mais este subsídio na hora de uma disputa assim. Afinal, nesses momentos, sempre está em jogo a honra de nosso time. E, cá entre nós, aí ninguém quer perder, porque você sabe, o bom torcedor é também, antes de tudo, um fiel defensor de seu time. No que, aliás, está mais do que correto. O clube é algo que o acompanha por toda a vida. Veja que namoradas aparecem e desaparecem. Empregos, amizades, ideologias políticas. Enfim, tudo passa. Menos o amor pelo seu time de coração. Então dá para esperar do torcedor nato, postura diferente da de protetor, guardião e cúmplice do clube que torce? Impossível. Agora imagine a audácia: alguém tentar, de alguma forma, abalar a sagrada convicção de seu amor pelo clube. Provavelmente essa não fosse uma atitude Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 29 aconselhável, não? De fato, não é. E é essa clareza que espero que você tenha com relação ao que será dito adiante. Por que, de maneira alguma, esperamos pôr em xeque um sentimento tão forte e bonito que, decerto, sequer é capaz de ser mensurado. Longe disto. Se não for possível trazer algo que some ao debate futebolístico, tentar desconstruí-lo é que não faremos. Afinal, o debate, sabemos bem, faz parte da essência do futebol - produzir algo que o esgotasse seria tentar, de certa forma, também assim, esgotar o esporte. E, espero sinceramente que, como escrevo na condição de torcedor, este livro seja questionado por alguns, aplaudido por outros, e, por isso mesmo, que ele possa servir de suporte a tantas conversas quantas forem precisas para acender ainda mais os calorosos bate-papos sobre futebol, onde quer que seja. No momento em que me pus a escrever sobre a grandeza de nossos clubes, sabia que havia escolhido algo extremamente delicado,sensível, para se escrever. Não é tarefa das mais simples, acrescente-se. Algo que ainda não foi posto no papel por grandes jornalistas esportivos, desportistas, dirigentes e/ou acadêmicos até hoje, certamente que demanda muito cuidado, pesquisa, Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 30 ponderação, etc. Senão, obviamente já teria sido feito antes. Para tanto, com a preocupação de não ser enfadonho, parecer um Professor Pardal, achei que deveria escrever como um torcedor o faria. Seria mais fácil de ser compreendido e me daria melhor condição de falar a respeito. Convém alertá-lo, nesse momento, que tratar da mensuração dos times não é uma tentativa de acabar com o argumento da rivalidade, como reiterado logo acima. Pelo contrário. Construir um ranking da grandeza clubística envolvendo apenas os principais times do país é, na verdade, uma tentativa de dar ao torcedor de cada um desses times, ainda mais argumentos para seus embates entre amigos. Com as informações descritas logo mais, você, caso concorde com minha linha de raciocínio, terá bem mais propriedade para, prazerosamente, calar seus colegas de sala, de trabalho, bar ou familiares, quando estes tentarem passa-lo para trás, tentando diminuir seu time. Seu sucesso nos bate-papos esportivos estará garantido, porque os outros passarão a vê-lo com respeito, sabendo que você conhece e sabe debater sobre o futebol brasileiro bem mais que eles - a menos, é claro, que você Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 31 por algum desatino da vida torça por um clube que esteja imediatamente atrás do de seus amigos, na ordem de grandeza. Para sistematizar o ranking, foi preciso estabelecer uma hierarquia entre as competições pontuáveis, respeitando a proporcionalidade de seus valores históricos. Assim, diante da variedade de campeonatos e copas já realizadas e que contaram e contam com a participação de times brasileiros, cinco categorias foram criadas, de modo a facilitar a atribuição de pontos, variando de 100 a 1, em ordem decrescente de relevância, e subdivididas em A, B e C: Mundial, Continental, Nacional, Regional e Estadual. MUNDIAL Dos desdobramentos da criação da UEFA4 Champions League, em 1956, foi criado o Mundial Interclubes, em 1960, endossado e patrocinado, 4 A União das Federações Europeias de Futebol – UEFA foi criada em 1955 e é a entidade gestora do futebol no continente. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 32 inicialmente, pela FIFA5, até meados da década de 1970 e, posteriormente, a partir de 1980, pela montadora de carros japonesa Toyota. A competição reunia até 1979 os campões da Copa Libertadores da América e da Copa dos Campões da UEFA em jogos de ida e volta. Entre 1980 e 2004 passou a ser disputada no Japão, país de origem da Toyota, em jogo único. Desde 2005 é disputado em um país diferente a cada ano e em formato mata-mata, envolvendo os campões dos seis continentes. Por se tratar da principal competição do futebol mundial, disputada há mais de 50 anos, é baseado nele que são atribuídos os pontos das demais competições, observando-se a proporcionalidade de cada uma delas frente ao Mundial. E para que toda e qualquer contabilidade a ser feita tenha uma simples compreensão, a conquista de um Mundial confere ao clube vencedor 100 pontos. 5 A Federação Internacional de Futebol Associado – FIFA foi criada em 1904 para gerir o futebol no mundo Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 33 CONTINENTAL A, B e C: Diante do sucesso da iniciativa europeia de criar a hoje chamada Liga dos Campeões da Europa – UCL, em 1955, os clubes sul-americanos revitalizaram, em 1960, o antigo Campeonato Sul-americano de Campeões, disputado em 1948, agora com o nome de Copa Libertadores da América, em homenagem aos heróis da libertação na América do Sul. O objetivo era realizar uma competição que desse unidade ao futebol praticado no continente. E com uma fórmula de disputa baseada atrativa, que remontava ao espírito guerreiro dos que lhe dão nome, a Libertadores se tornou rapidamente a competição mais cobiçada entre os clubes brasileiros, participantes desde sua primeira edição. Pelo seu valor e por ser até hoje o caminho mais prazeroso à disputa do título de campeão Mundial de clubes, a Libertadores é o mais importante torneio continental, classificado aqui como nível A, e que dá 50 pontos aos seus conquistadores - metade do que vale o Mundial. A partir dela, outras copas surgiram, nos anos 1980, como a Super Copa dos Campeões da Libertadores Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 34 (1989 - 1997), mais tarde substituída pela Copa MercoSul (1998 - 2001), que por sua vez deu lugar à Copa Sulamericana (2002 - atualmente). Todas elas, pelos critérios de seleção de clubes que tiveram ou têm, configuram-se como um nível intermediário entre as competições do continente, sendo, portanto, classificadas como nível B, que confere 30 pontos aos seus campeões. Dessas derivaram a Recopa Sulamericana (1989 - atualmente), Copa Conmebol (1992 - 1999), Copa Master (1992/1995) e Copa Ouro (1993/1995/1996). Para essas copas, que não eram ou são prestigiadas pelos principais times do continente, a pontuação dada foi 20 e são classificadas como de nível C. Houve, ainda, o já citado Campeonato Sulamericano de Campões, que foi realizado apenas uma vez e que por isso, mesmo sendo o precursor da Libertadores, não recebe pontuação integral equivalente à competição de nível A. Foram atribuídos ao torneio 20 pontos, assim como no caso das copas de terceira linha. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 35 NACIONAL A, B e C: Até o final dos anos 1950 a organização do futebol brasileiro era regionalizada, muito voltada para os estados ou, no máximo, para disputas interestaduais, não havendo, assim, competições que reunissem clubes de todas as regiões do país. No entanto, em 1959 a então Confederação Brasileira de Desporto, hoje Confederação Brasileira de Futebol, cria a chamada Taça Brasil, para indicar os clubes que participariam da primeira edição da Copa Libertadores da América, em 1960. A Taça Brasil foi realizada por dez edições, até 1968, disputada em forma de copa, com jogos mata-mata, e que pela pouca quantidade de jogos, é aqui qualificada como sendo de nível B, dando 25 pontos por cada título conquistado. Um ano antes de seu fim, em 1967, nasceu o Torneio Roberto Gomes de Pedrosa ou Robertão, surgido da ampliação do Torneio Rio-São Paulo, juntamente com clubes de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, em sua primeira edição, sendo nas subsequentes composto por clubes de todo o país. O Robertão substituiu a Taça Brasil e foi disputado apenas quatro anos, até 1970. Por exigir Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 36 uma quantidade razoável de jogos para que um clube se sagrasse campeão, e por ter representatividade verdadeiramente nacional- sendo o embrião do Campeonato Brasileiro -, o Roberto Gomes Pedrosa se alinha como competição nível A, que neste caso, reserva 35 pontos aos seus campeões. No ano seguinte à extinção do Robertão, a CBD instituiu a criação do Campeonato Brasileiro, em 1971, agora competição nacional oficial. O Brasileirão é disputado até hoje, mesmo tendo passado por inúmeras mudanças de formatos, e é a mais importante competição nacional. Por esse motivo, confere 35 pontos por taça, nível A que é. Em 1989 a CBF cria um nova competição paralela ao Campeonato Brasileiro, com o atrativo de oferecer uma vaga à Libertadores: a Copa do Brasil. Semelhante à antiga Taça Brasil no formato de disputa, ela congrega clubes de todos os estados do Brasil, sendo a mais nacional, por assim dizer, das competições em disputa atualmente. E como guarda relação de parentesco com a Taça Brasil, igualmente, representa 25 pontos. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 37 Outra competição criada pela CBF, mas que não teve vida longa foi a Super Copa do Brasil. Só houve duas edições em 1990 e 1991, em que disputavam o título os campeões da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro. Por algum motivo ainda desconhecido a entidade maior do futebol brasileiro deixou de realizar essa disputa, que acontece na maioria dos países europeus, por exemplo. Dessa forma, a Super Copa do Brasil é classificada como nível C, valendo 15 pontos, assim como a Copa dos Campeões (2000 - 2002), também de vida curta. Ademais a esses torneios, também são contabilizados aqui os títulos das divisões inferiores do Campeonato Brasileiro - Série B (12 pontos) e Série C (10 pontos). REGIONAL A, B e C: As competições regionais surgidas no Brasil representam os primeiros passos rumo à integração nacional. Mas elas nasceram sem obedecer a uma simultaneidade, como ocorreu com os campeonatos estaduais, nascidos em intervalo de tempo pequeno entre Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 38 eles. Mesmo assim, é inegável o valor histórico dos regionais, visto que em alguns casos, eles serviram para impulsionar o crescimento e valorizar o futebol local, casos do Nordestão, Norte e Centro-Oeste, principalmente. Em 1933, as Ligas Carioca e Paulista se uniram para organizar uma competição com 12 clubes dos dois estados como participantes. Sugestivo, o torneio recebeu o nome de Torneio Rio-São Paulo. Era dada a largada para o fortalecimento da categoria. No entanto, o Rio-São Paulo, por questões políticas, teve que ser abortado nos anos seguintes à sua criação, sendo retomado de forma regular apenas quase vinte anos mais tarde, em 1950. Dali em diante, foi disputado até 1966, ininterruptamente, quando, devido à criação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, foi novamente interrompido. Em 1993 e posteriormente entre 1997 e 2001, o Rio-São Paulo voltou a ser disputado, completando assim, 25 edições. E por toda a história, foi, sem dúvidas, o mais importante regional do país. Isto é nível A e 15 pontos para a conta de cariocas e paulistas campeões do torneio. Em 1962 inspirados pela integração experimentada na Taça Brasil, os principais times do Sul criam a Copa Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 39 Sul. Já no ano seguinte, ela deixou de ser realizada, sendo retomada em 1999 e ampliada no ano seguinte, através da participação de clubes mineiros, passando a se chamar Copa Sul-Minas, disputada até 2002. Como contou com vários dos principais times do país, notabilizou-se como o segundo maior regional, pela ordem. Portanto, 10 pontos para quem conseguiu vencê-lo. Nordeste e Norte estiveram unidos durante boa parte dos anos, compondo a fase de grupos da Taça Brasil, fato que os motivou a criar uma competição entre si, o Torneio Norte-Nordeste, durante os anos de 1968, 1969 e 1970. A partir dali houve a criação, nos anos 1990, de regionais separados. No Norte, o regional foi disputado entre 1997 e 2002. No Nordeste, em 1994 e entre 1997 e 2002. E junto com a Copa Centro-Oeste, também disputada no mesmo período que as últimas, tiveram papel histórico mais acanhado que Rio-São Paulo e Sul-Minas, por reunir poucos clubes de expressão nacional. A pontuação desses regionais é 7. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 40 ESTADUAL A, B e C: Há quem defenda o fim dos estaduais. Certamente, quem partilha dessa idéia desconhece o valor que os certames têm e o que representam para os torcedores dos clubes. Isto porque, é bom lembrar, em pelo menos dez estados brasileiros os estaduais são a única competição disputada pelos times locais. Ou pelo menos a mais importante. Não há como negar a importância histórica desse tipo de campeonato, mesmo que os defensores de seu fim usem o argumento de que só dão prejuízo aos clubes grandes, pois a própria grandiosidade dos clubes se origina na disputa dessas competições. Além do que, embora o foco do nosso trabalho aqui sejam os Grandes, o futebol não é feito apenas por estes. Afinal são quase 30 mil times em atividade no Brasil. Os estaduais se confundem com a própria história dos clubes, pois, em vários casos, eles são anteriores à fundação desses clubes. De modo que merecem atenção de nossa parte – se não tivéssemos os campeonatos estaduais para acompanhar os jogos de Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 41 nossos times, a relação com eles seria bem distante, já que teríamos menos jogos para vê. Como nosso país tem dimensões continentais, contamos com número considerável de estaduais, 27 ao todo - curioso é que ocorre o que se percebe em países europeus, em sua maioria de dimensões geográficas semelhantes aos nossos estados, em que há entre dois e quatro clubes tradicionais. Diante desse elevado número, há alguns que guardam semelhanças entre si e outros diferem-se uma enormidade. Aqui, também dividimos em três níveis de estaduais, como com as outras categorias de competições. São Paulo e Rio de Janeiro, por se destacarem como tendo a maior quantidade de clubes grandes, quatro cada, e por terem criado as primeiras ligas, posteriores estaduais, dando o ponta pé inicial do futebol brasileiro, têm os estaduais mais competitivos, alçando-os ao nível A, com cinco pontos para cada título. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Pernambuco, detentores de ao menos um título brasileiro, todos com dois ou três clubes tradicionais, oferecem três pontos por conquista. Os outros 20 estaduais valem um ponto por cada título. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 42 Em resumo à descrição detalhada sobre as competições acima listadas, segue abaixo uma tabela para ser consultada quantas vezes quiser, caso deseje você mesmo calcular a pontuação do time pelo qual torce: CATEGORIAA B C MUNDIAL 100 Toyota/ FIFA 80 FIFA* CONTINENTAL50 Libertadores30 Supercopa/ Mercosul/ Sulamericana/ 20 Recopa/ Conmebol/ Sulamericano** Copa Ouro/ Copa Master/ NACIONAL 35 Brasileiro/ Robertão 25 Copa do Brasil (1989-...)/ Taça Brasil (1959-1968) 15 Super Copa do Brasil/ Copa dos Campeões/ 12 Série B/10 Série C REGIONAL 15 Rio-São Paulo 10 Sul/Sul-minas/ 7 Centro-Oeste/ Norte/ Nordeste Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 43 ESTADUAL 5 Paulista/ Carioca 3 Gaúcho/Mineiro/ Paranaense/ Baiano/ Pernambucano 1 Outros *Torneio isolado, realizado sem critérios técnicos razoáveis pela FIFA em 2000. Após a completa explicação dos critérios adotados para a elaboração do ranking de títulos que, tudo bem, exigiu um pouco de calma na leitura, espero que você, torcedor-leitor, não tenha se cansado e desistido de ir até o fim, porque está próximo o primeiro de um total de quatro rankings destrinchados ao longo das páginas – você até poderia saltar as páginas e ir direto ao ponto, mas espero que o desejo pelo aprofundamento de seu conhecimento fale mais alto. Para você que foi paciente até agora, como o faz com seu time, peço que atente às próximas linhas. É que aqui está o registro do significado deste primeiro capítulo, Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 44 que é o que dá sustentáculo aos demais elementos de construção da grandeza de um time, já que esta grandeza - se pudéssemos mensurar a importância de cada elemento em sua composição -, ela se firma, diria eu, quase metade, nas conquistas das equipes. Sobre os outros dois elementos, defino o item Tradição como representante de parcela quase semelhante à dos títulos, até porque, ela contribui substancialmente, do ponto de vista subjetivo, para as próprias conquistas clubisticas. E quanto ao elemento Torcida, digo que mostra-se, como veremos adiante, o mais frágil deles, na relação. É que, literalmente, está fora do jogo propriamente. Em suma, é resultado de Títulos e Tradição. E agora, sem mais para o momento, vamos somatório e ao ranking, que é o que interessa: Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 45 RANKING DE TÍTULOS Clube Pontuação Clube Pontuação 1º 875 7º 497 2º 725 8º 497 3º 625 9º 405 4º 533 10º 310 5º 525 11º 285 6º 520 12º 175 *Atualizado até 2010. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 46 TORCIDAS Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 47 As pesquisas sobre o tamanho das torcidas dos principais clubes Nos primeiros vinte anos de prática no país, o futebol esteve encapsulado, gestando seu amadurecimento, experimentando a consolidação de sua profissionalização, alcançada no final da década de 1930. De modo que conhecer a extensão social de cada clube frente à realidade da época não estava entre as prioridades dos envolvidos com o esporte, naquele momento. Assim, o envolvimento do torcedor com seu clube só começou a despertar interesse quando o esporte foi percebido como uma Foto: Google Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 48 oportunidade de fazer bons negócios. Foi nesse contexto que ocorreu a primeira medição do tamanho de torcidas de que se tem notícia, no Rio de Janeiro, no ano de 1927, quando o Jornal do Brasil e a fabricante de água mineral Salutaris instituíram uma espécie de concurso para contabilizar qual era a maior torcida no Rio de Janeiro. Venceria e seria declarado o de maior torcida, o clube que juntasse mais cupons do JB e da Salutaris. A disputa levou meses e o cronista e precursor do jornalismo esportivo, Mário Filho, a definiu como “a luta entre Davi e Golias”, devido ao contraste entre o poderio econômico dos portugueses vascaínos e a torcida flamenguista. Pois bem, já ali, o clube cruz-maltino daria um mostra da freguesia que teria em sua relação com o rubro-negro carioca: numa cidade com menos de um milhão de habitantes, o Flamengo conseguiu reunir mais de 200 mil cupons, ficando à frente do Vasco. Como prêmio, por ter a maior torcida do Rio, o time da Gávea recebeu uma imponente taça, a Salutaris, que está até hoje na galeria de títulos do clube. Anos mais tarde, o esporte já despertando interesses em outros lugares distintos da então capital Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 49 federal, levou o Jornal Estado de Minas, em 1931, a buscar ter uma noção do que o futebol representava no estado mineiro e assim, em sua edição de 26 de março daquele ano, publicou a primeira pesquisa sobre torcidas no estado. Os números apresentados foram os seguintes: Atlético (46,3%), Cruzeiro (35,9%) e América (10,8%). Estava evidenciada a popularidade do esporte, que atingira o gosto de nove em cada dez moradores de Belo Horizonte. Para mostrar como os jornais passaram a dedicar especial atenção ao futebol, quer fossem em suas páginas, quer em suas ações, em 1954, o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro, encomendou ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística – IBOPE, uma pesquisa técnica sobre as torcidas cariocas. Na ocasião, o resultado obtido mostrou-se abaixo do observado entre os mineiros – 9 entre 10 –, contando com a simpatia de oito em cada dez cariocas, assim divididos: 1º Flamengo - 28 % 2º Fluminense - 18 % 3º Vasco - 17 % 4º America - 6 % Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 50 Nos dez anos seguintes, no entanto, saber quais clubes tinham mais torcedores foi algo esquecido. O futebol brasileiro vivia sua época de ouro, durante a década de 1960. Neste período o mundo conheceu, de uma só vez, a seleção canarinho, com seus dois títulos mundiais de 1958 e 1962, e alguns dos maiores jogadores de todos os tempos, dentre os quais, o rei Pelé. Talvez por isso, as pessoas tenham ficado sob o efeito da magia do esporte, que encantara toda aquela geração e assim, esquecido de olhar para os aspectos extra-campo, como o do mapeamento das torcidas. Passadas três décadas após a primeira publicação em Minas Gerais, quando o futebol já era o esporte mais popular no país inteiro, o Estado de Minas, agora em 1965, na edição do dia 2 de julho, trouxe nova pesquisa. O tempo passou e, no entanto, o que não mudou foi o resultado: Atlético (54,1%), Cruzeiro (26,7%) e América (7%). A ordem se manteve, apenas a diferença entre as torcidas é que aumentou, pois o Atlético que tinha pouco menos que as torcidas de Cruzeiro e América juntas, na primeira pesquisa, agora tinha bem mais torcedores que seus rivais somados. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 51 Embora um pouco tardio em relação ao feito por cariocas e mineiros, em 1967 um novo levantamento foi realizado, mas, desta vez, em São Paulo, encomendado pelo jornal Estadão. O futebol paulista já era o mais forte da ex-colônia portuguesa e tinha o Santos, em primeiro lugar, e o Palmeiras, em seguida, como suas grandes forças. Ainda assim, a pesquisa trazia, pela ordem, Corinthians (35%), Palmeiras (27%), São Paulo (23%) e o Santos (10%), apenas em quarto lugar. Tudo bem, já sei: como oSantos sendo o maior clube da época era apenas a 4ª torcida do estado? É que time praiano é da cidade que leva o mesmo nome, no litoral paulista. Uma cidade que tinha população de cerca de 100 mil habitantes e que pela pouca abrangência da mídia paulista, até então, não conseguiu expandir sua torcida proporcionalmente às suas conquistas. Nos quatro anos seguintes, o Estadão encomendou mais duas pesquisas de abrangência estadual, em 1969 e 1971. Em ambas, não houve mudanças nas posições dos quatro clubes. O Corinthians manteve-se em primeiro lugar, com crescimento de sua torcida, agora representante de 40% da população local; O Palmeiras, em Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 52 segundo ainda, com ligeira perda de torcedores, tinha 24%; o São Paulo, em terceiro, assim como o Palmeiras, apresentava queda no número de torcedores, agora com 21% e em quarto, o Santos, que experimentou crescimento considerável, contando, na ocasião, com 12,5% da torcida paulista. Em meio à retrospectiva, amigo futebolista, uma pausa para falar sobre um fato crucial no fomento às pesquisas: em 20 de março de 1970, fora lançada a primeira edição da revista Placar, que rapidamente se tornaria referência esportiva no país, através de proposições como a criação de um campeonato verdadeiramente nacional, ocorrido em seguida, no ano de 1971, mudança de comando das entidades gestoras do futebol, criação da segunda divisão nacional, dentre tantas outras. E em meio às idéias a que se propunha a revista, ela tomou para si a incumbência de dar subsídios aos agentes efetivos do futebol, como a divulgação freqüente de pesquisas sobre as torcidas no país. É aí que o tema passa a ter regularidade de publicações ao longo dos anos e figurar entre os assuntos mais importantes ligados ao mundo da bola. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 53 Menos de dois anos após sua criação, a revista paulista, dando seguimento ao seu papel de contribuinte para o desenvolvimento do esporte, encomendou ao instituto Gallup uma ampla pesquisa sobre o tamanho das torcidas, realizada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, entre os meses de agosto e novembro. No último dia do ano de 1971, a revista trouxe em suas páginas o resultado da pesquisa. Não se tratava, ainda, de um trabalho com abrangência plenamente nacional. Mas foi o primeiro passo para que isso ocorresse. Tivemos um vácuo de doze anos até que um Arte: Panda Books Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 54 novo levantamento fosse feito. E foi a mesma revista Placar que bancou. O ano era 1983, já havia a presença da publicidade estampada nas camisas dos clubes, a tv já exibia jogos, jogadores começam a ser vendidos aos grandes clubes europeus, enfim, o futebol começava a diversificar a geração de receitas. Placar percebe o cenário positivo da época e contrata novamente o Gallup, só que desta vez, a pesquisa seria ampla, atingindo todos os estados do país, apresentando pela primeira vez, resultados verdadeiramente nacionais. Só então o torcedor do Flamengo, que já era tido como o time de maior torcida no país, pode de fato dizer-se membro de uma nação, a rubro- negra, a maior do Brasil - muito em função da influência das rádios cariocas, Nacional e Globo, as primeiras a irradiarem jogos de futebol e respaldado pelos inúmeros títulos conquistados anos antes. Pela ordem, os quinze times mais populares do país eram, na época: Flamengo (31,9%), Corinthians(17,5%), Palmeiras (9,3%), Vasco (9,3%), Santos (7,2%), Atlético MG (7,2%), São Paulo (6,2%), Botafogo (5,1%), Cruzeiro (5,1%), Bahia (5,1%), Grêmio (5,1%), Fluminense (4,1%), Internacional (4,1%), Náutico Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 55 (2%) e Sport (2%). No país inteiro, o futebol era a paixão de mais de 60% das pessoas. O que credenciava o brasileiro a intitular nosso país de ‘o país do futebol’, como já o fazia, em virtude dos três títulos mundiais conquistados. Dez anos depois, em outubro 1993, dando a impressão de seguir a lógica do censo do IBGE, que é realizado a cada dez anos, Placar trouxe novo estudo em suas páginas. Dessa vez o estudo foi feito pelo IBOPE nas regiões metropolitanas de cada estado. Como resultado, chamou a atenção o salto dado pelo São Paulo, sétima maior torcida em 1983, e agora com a terceira maior torcida do país – com a tevê consolidada como veículo de massa, os títulos de campeão Mundial, Libertadores e Brasileiro, no período, certamente explicam a evolução da torcido do clube paulista. Ademais, Flamengo e Corinthians continuavam como primeira e segunda maiores torcidas do Brasil, respectivamente. Rompendo a periodicidade das pesquisas anteriores, em 1998, o diário esportivo Lance! também começa publicar pesquisas, como também o fez anos antes o instituto DataFolha, com divulgação de pesquisa Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 56 encomendada ao IBOPE. O resultado não trouxe novidades, mostrando Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Vasco, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Santos e Botafogo entre os dez primeiros. A partir do ano 2000, as pesquisas ganham uma freqüência ainda maior no noticiário esportivo. Em dez anos, até junho de 2010, vinte levantamentos foram realizados, o que dá uma média de dois por ano. Aqui, de forma mais abrangente, vamos ao resultado nacional e os verificados nos principais estados, da última pesquisa, realizada pelo instituto Análise, a pedido do Lance!: Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 57 Em São Paulo, há uma verdadeira Torre de Babel, devido ao tamanho da população do estado, o mais populoso do país, e a competitividade que têm os clubes locais. Pelo menos vinte times têm quantidade significante de torcedores, sobretudo os quatro maiores, Corinthians (35,2%), São Paulo (20,8%), Palmeiras (11,8%) e Santos (9,2%). Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 58 No Rio de Janeiro, assim como no Rio Grande do Sul, não há espaço para torcidas de clubes de outro estado. Flamengo (45,5%), Vasco (17,8%), Fluminense (10,2%) e Botafogo (9,3%) concentram quase toda a torcida local. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 59 Os gaúchos fazem valer a sua fama de bairristas, abarcando quase 90% das pessoas do estado, com Grêmio (52,1%), Internacional (35,3%) e Juventude (0,9%). É no Rio Grande do Sul que o Flamengo encontra seu menor percentual de torcedores, cerca de 0,2%. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 60 Em Minas Gerais, a força dos clubes locais ofusca o Flamengo (7,7%), que mesmo aparecendo como a terceira maior torcida no estado, apresenta um percentual relativamente pequeno, se comparado aos dos dois primeiros, Cruzeiro (30,5%) e Atlético MG (23,6%). Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 61 No Paraná, verifica-se um predomínio paulistaentre as maiores torcidas, fruto, dentre outras coisas, da localização geográfica do estado, que faz fronteira com São Paulo, seguido pelos times locais. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 62 No estado da Bahia, a briga forte é entre o Esporte Clube Bahia (20,3%) e Flamengo (17,2%), com o Vitória (15,7%) à espreita. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 63 Os cearenses apresentam cenário idêntico ao da Bahia, mas com disputa ainda mais acirrada entre os três maiores, o Fortaleza (16,3%), o Flamengo (16%) e o Ceará (13,7%). Pernambuco é um dos poucos estados em que times paulistas e cariocas não figuram entre as três maiores torcidas, que são ocupadas pelas equipes locais Sport (33%), Santa Cruz (12,8%) e Náutico (9%). Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 64 O resultado desse processo dinâmico que envolve o mapeamento do amor das pessoas pelos times brasileiros, já dura quase 30 anos e aponta para um cenário quase cristalizado, na distribuição das posições ocupadas por cada clube no ranking. Flamengo e Corinthians têm, respectivamente, a maior e a segunda maior torcida do Brasil. Numa escala mais flexível, pode-se dizer também que a seqüência do ranqueamento dos clubes pertencentes ao G-12 (quatro clubes de São Paulo, quatro do Rio de Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 65 Janeiro, dois do Rio Grande do Sul e dois de Minas Gerais) obedece a esta ordem: São Paulo, Palmeiras, Vasco, Grêmio, Cruzeiro, Santos, Internacional, Atlético- MG, Botafogo e Fluminense. Havendo, no máximo, uma ou duas oscilações entre equipes supracitadas, de um levantamento para outro, reflexo de conquistas recentes – até mesmo levantamentos sem o rigor científico, como o da loteria Timemania apresenta disposição semelhante. O Ranking das torcidas Até aqui nossa conversa foi um regaste histórico sobre o papel e o valor do torcedor, de forma conjunta, para clubes e demais agentes envolvidos com o futebol, no país. Tendo agora em mente uma idéia bem organizada sobre o assunto, é possível falarmos sobre o ranking propriamente dito. Dessa forma, começo explicando em detalhes o que foi levado em conta para a confecção do ranqueamento. Se fossemos considerar apenas o aspecto quantitativo, ou seja, o número de torcedores de cada clube, em cada pesquisa, criaríamos uma distorção no trato Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 66 dos valores. Como o objetivo é tentar construir algo que se traduza no mais próximo possível da realidade, lembre-se disso, os pontos atribuídos obedecem à proporcionalidade inversa das posições verificadas em cada pesquisa, de forma decrescente, variando de 12 até 1, como mostra a tabela abaixo: PONTUAÇÃO ATRIBUIDA Pos. Pontos Pos. Pontos 1º 12 7º 6 2º 11 8º 5 3º 10 9º 4 4º 9 10º 3 5º 8 11º 2 6º 7 12º Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 67 RANKING DE TORCIDAS Clube Pontuação Clube Pontuação 1º 284 7º 176 2º 267 8º 157 3º 254 9º 143 4º 233 10º 132 5º 215 11º 113 6º 179 12º 100 Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 68 A TRADIÇÃO Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 69 A percepção sobre os times Este é o capítulo mais importante, depois do de títulos, porém, é curto, breve. Não por não haver o que se abordar. É que o objeto de análise aqui é bem sútil. E, para não corremos o risco de redundarmos em outra questão que seja, a brevidade nos permitirá tratar objetivamente da questão. Qual seja ela? A mensuração da grandeza, da tradição dos times do país. Assim, vamos entender, inicialmente, o que será discutido, para que a compreensão seja simples, adiante, quando for explicada a maneira como a mensuração foi feita. Nelson Rodrigues dizia que “o futebol é a mais útil das inutilidades”. No que, para mim, estava correto. Entretanto, é preciso que se diga que o futebol tem outras características bem próprias, dentre elas, a que talvez seja o fio condutor da paixão clubística, que é a subjetividade. É ela que permite ao esporte, dentro ou fora de campo, não ser algo lógico, previsível. A subjetividade garante a certeza de certeza alguma no futebol - um time será melhor que outro a depender apenas de a quem se questione isso. Talvez isso Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 70 até pareça contraditório, diante do que se defende aqui, mas não é. O futebol, como jogo, não funciona como uma ciência exata, em que basta ter uma determinada atitude para que se obtenha um dado resultado esperado e, também assim, no imaginário dos que fazem parte, de alguma forma, desse esporte, não se pode dizer que as percepções sobre o tema, por exemplo, sigam a lógica do “dois mais dois são quatro”. O futebol se notabiliza pela máxima de que ele “é uma caixinha de surpresas”. Ideia que resume bem o que acontece dentro ou fora das quatro linhas e que mostra o quanto é delicado atribuir valores, estabelecer verdades nesse campo. Como tudo é intangível, é preciso saber se cercar de bons parâmetros. A essa altura, por exemplo, deve estar se perguntando: porque o livro se refere a 12 grandes times? Por que não 15 ou 20 ou 30? É que desde a década de 1970, portanto há mais de quarenta anos, é admitida a ideia de que existem no Brasil 12 times “grandes”. Convencionalmente, claro. E são eles: Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, do Rio de Janeiro; Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, de São Paulo; Grêmio e Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 71 Internacional, do Rio grande do Sul; Cruzeiro e Atlético Mineiro, de Minas Gerais. Quais critérios foram usados para estabelecer isso? Tecnicamente, nenhum. A não ser o fato de os quatro estados mencionados (Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais) serem as praças hegemônicas no esporte, à época em que isso foi estabelecido. Talvez, você não concorde com essa “lógica”, mas, como já dito antes, o futebol não segue uma lógica matemática. Se podemos chamar de lógica o que o esporte bretão segue, ela é muito própria dele. E discutir se isso está certo ou errado, bem como quais times deveriam figurar na lista dos maiores, será tarefa de um novo livro, a ser escrito em breve. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 72 Com a palavra os especialistas Como se trata de um tema bastante subjetivo, já reiterado no início, as verdades postas que gravitam ao redor do futebol são frágeis e, por isso, requerem o máximo de conhecimento,quando se deseja pô-las em cheque. Nesse sentido, estabelecer quais sejam os doze grandes times do país, historicamente, pela ordem hierárquica de grandeza, é tarefa das mais complexas e pergunta a ser feita para quem tem propriedade no assunto – e não estou me referindo a jogadores -, que são aquelas pessoas que vivem o dia a dia do esporte há décadas: os jornalistas que cobrem o futebol – essa definição cabe mais do que a comum adjetivação “jornalistas esportivos”, que de esportivos, na maior parte dos casos, não têm nada. Tentar definir só, a hierarquização entre os times, seria, no mínimo, pretencioso da parte de quem assim o fizesse. Mesmo que fosse alguém experiente, profundo conhecedor do futebol. Isto porque um pensamento individual provavelmente distorcesse a realidade ou, talvez, ficasse no plano da visão passional, até, própria de um torcedor. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 73 Para que não houvesse problema quanto à proximidade com o real, não haverá aqui a opinião minha, sua, caro “leitor-cedor”, nem de outro amigo nosso qualquer. Para a gente, deixo a tarefa de, após ler o livro inteiramente, discutirmos o futebol com ainda mais propriedade e, melhor, defendermos nossos times com mais argumentos que outras pessoas. Coube a jornalistas notáveis, locais e do resto do país, no total de doze – como a quantidade de times grandes e como o elemento posterior aos onze jogadores de um time -, a primazia de estabelecerem o ranqueamento deste capítulo. Mas, não individualmente. O resultado é a soma das opiniões dos doze jornalistas, configurando uma opinião grupal, contemplando o pensamento de Sul a Norte, da mídia esportiva brasileira, impressa, radiofônica, televisiva e digital. Para tanto, foi preciso “escalar” um time de jornalistas à altura da responsabilidade atribuída. Foi então que, diante do desafio, convidei um time vencedor, mesclando juventude e experiência e, acima de tudo, autoridade no assunto. Vamos à “escalação”: Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 74 Juca Kfouri – Editor do Blog do Juca, 37 anos de profissão, foi editor de Placar por 25 anos, escreve para a Folha de S. Paulo, é comentarista da ESPN Brasil e da CBN, além de já ter trabalhado na Globo, no SBT e na Cultura. Sérgio Xavier Filho – Editor-chefe da Revista Placar há 11 anos, com 23 de profissão, trabalhou no jornal Valor Econômico, no Zero hora e na RBS TV – RS. José Renato Sátiro – Editor do Blog do Renato, 11 anos de profissão, pesquisador de futebol com ênfase na história de times, já trabalhou na ESPN Brasil e Folha de S. Paulo. Celso Dário Unzelte – Comentarista da ESPN Brasil, 21 anos de profissão, blogueiro, Professor da Faculdade Cásper Líbero, pesquisador de futebol com ênfase na história de times, escreve para o site Yahoo! Esportes. Itamar Ciríaco – Editor de esportes do jornal Tribuna do Norte, 15 anos de profissão, é também comentarista esportivo da Band – RN. Rubens Lemos Filho – Editor de Esportes de O Jornal de Hoje, 20 anos de profissão, trabalhou no jornal Diário de Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 75 Natal, Tribuna do Norte, na TV Ponta Negra e então TV Cabugi. Lupércio Luiz Azevedo – Comentarista Esportivo da 98 FM, 18 anos de profissão, foi apresentador do TVU Esporte, comentarista da Rádio Globo e da TV União. Edmo Sinedino – Editor do Blog No Ataque, 16 anos de profissão, comentarista esportivo na 96 FM, na TV Assembléia e TV União. Fernando Amaral – Diretor do programa TVU Esporte, na TVU, 15 anos de profissão, foi comentarista esportivo na Rádio Globo e na TV Ponta Negra. Marcos Lopes – Apresentador do Arena, TV Ponta Negra, 15 anos de profissão, narrador esportivo da Rádio Globo e editor do Blog do Marcos Lopes. Pedro Neto – Comentarista esportivo na Rádio Globo, 18 anos de profissão, apresentador do Esporte União, na TV União. Everaldo Lopes – Colunista da Tribuna do Norte, 34 anos de profissão, pesquisador de futebol com ênfase na história do futebol potiguar, há 31 anos. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 76 RANKING DE TRADIÇÃO Clube Pontuação Clube Pontuação 1º 131 7º 72 2º 127 8º 66 3º 101 9º 64 4º 97 10º 39 5º 88 11º 35 6º 85 12º 24 Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 77 ESTATÍSTICAS Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 78 O contexto Há vários fatores que envolvem o futebol, como forma de torná-lo ainda mais atrativo. Um dos principais são os números. Talvez, o mais instigante. Ao menos, para os torcedores. São os números que dão, na maior parte dos casos, sustentação à rivalidade clubística. Afinal, o que é que um torcedor iria usar como argumento para brincar com um amigo que torce por outro time, além da conquista de determinados títulos, senão dados?! É por isso que jornalistas adoram dar informação como curiosidades, durante as transmissões de jogos. É o que suscita a discussão. Sabendo disso, é pertinente reservar um capítulo ao trato desse aspecto pouco estudado, embora, como já dito, muito atrativo. Os números, se bem lidos, podem ser úteis não apenas aos torcedores, mas aos próprios times. É que eles refletem características, apontam tendências e servem como base para a execução de planejamentos. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 79 Para você, torcedor, as próximas páginas reservam informações que vão confirmar algumas verdades já sabidas, desmentirão outras tantas, servirão como argumentos para acalorar futuras discussões suas com amigos, torcedores de times rivais, dentre outros usos que dependerão exclusivamente da ‘leitura’ que você fizer dessas informações. Além do que, é bom ressaltar que, por tratar-se de um levantamento inédito – jamais alguma obra reuniu dados estatísticos de times nacionais -, você será uma das primeiras pessoas a ter acesso a essas informações, no Brasil. Vale lembrar, ainda, que todos os dados presentes nesse capítulo são oficiais, doados generosamente pelos pesquisadores da história de cada um dos 12 grandes times brasileiros. Para levantar os dados, são considerados por esses pesquisadores todos os jogos realizados por cada time ao longo do tempo, sejam amistosos ou jogos ditos oficiais, ressaltando que são levadas em contas regras para a definição do que sejam considerados como amistosos válidos ou não para a inserção no somatório geral de jogos das equipes. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) 80 O ranking Para tornar mais agradável sua leitura, as estatísticas (desempenho, jogos, vitórias empates, derrotas, gols marcados e gols sofridos) foram dissecadas separadamente, trazendo além de cada resultado específico – o ranqueamento dos 12 times para cada item -, informações adicionais, em forma de comentários: Espírito esportivo, aqui não! TIME Internacional 64,9 Grêmio
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