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Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia 
Psicologia: de onde viemos, para onde vamos?
Universidade Estadual de Maringá ISSN 1679-558X
___________________________________________________________________________
O PROCESSO DE CRESCIMENTO PESSOAL NA LUDOTERAPIA CENTRADA NA 
CRIANÇA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Glaucia Karina Danner
O presente trabalho foi realizado no ano de 2010 e está pautado na teoria de Carl 
Rogers, a Abordagem Centrada na Pessoa. Assim, o intuito foi facilitar o desenvolvimento do 
potencial dos clientes, partindo do pressuposto da tendência atualizante. Esta, conforme 
Rogers (2003), pode se expressar por meio de uma ampla série de comportamentos e como 
resposta a uma grande variedade de necessidades. Ela implica em um desenvolvimento em 
direção à diferenciação dos órgãos e das funções. Pode ser frustrada ou desvirtuada, mas não 
pode ser destruída sem que se destrua o organismo, entendendo que a tendência atualizante é 
inata e faz-se presente em todos os seres humanos, onde a responsabilidade pelo processo de 
crescimento é exercida pela própria pessoa.
 Este trabalho é um relato do processo de psicoterapia individual realizado com uma 
criança de 08 anos onde havia queixas de agressividade, desorganização e relação ruim com a 
avó materna. Os principais objetivos do trabalho foram oferecer um espaço, onde a criança 
pudesse se sentir compreendida, acolhida e livre de julgamentos ou preconceitos; auxiliá-la no 
fortalecimento de suas energias de crescimento, facilitando a jornada rumo a sua tendência 
atualizante.
 O processo foi realizado em 26 sessões, dentre as quais, 06 foram realizadas com a 
mãe para fazer orientações sobre sua relação com o filho. Os atendimentos com a criança 
foram realizados semanalmente e com a mãe quinzenalmente, tendo ambos duração de 50 
minutos. No decorrer dos atendimentos o único material utilizado foi a Caixa Lúdica que 
continha muitos brinquedos e materiais pedagógicos Dentre os recursos, os mais utilizados 
foram os desenhos que permitiram o acesso a vários conteúdos que a criança não conseguia 
expressar verbalmente. O referencial teórico utilizado nas intervenções e discussão do caso foi 
a Teoria Humanista – Centrada na Pessoa, focando os aspectos da Ludoterapia Centrada na 
Criança.
Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia 
Psicologia: de onde viemos, para onde vamos?
Universidade Estadual de Maringá ISSN 1679-558X
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Durante sua vida a criança passou por algumas situações de abandono. Segundo 
relatos da mãe, quando estava grávida de 02 meses o pai de seu filho foi embora e não voltou 
sequer para registrar o bebê. Quando a criança completou 04 meses, ela foi embora para o 
Japão com um novo marido deixando o filho com os avós maternos, retornando ao Brasil após 
02 anos. O padrasto e a criança eram muito apegados. Contudo, após 05 anos de convivência, 
ele foi embora para o Japão, se casou com outra mulher e não deu mais notícias. De acordo 
com Justo (1987), toda criança nasce munida de um dinamismo que a levará a um 
crescimento positivo, entretanto, para que isso ocorra de forma saudável ela necessitará da 
consideração positiva, que se dará primeiramente pela relação com pais. Neste caso, a criança 
foi afastada do convívio de seus pais na primeira fase de seu desenvolvimento, fato este que 
pode ter gerado sentimento de abandono e não aceitação. Outro fato importante é que a 
criança não conhecia sua verdadeira história, acreditava que seu pai biológico era o homem 
com quem conviveu por 05 anos e a mãe não aceitava contar a verdade para o filho, pois 
afirmava não estar preparada. No decorrer das sessões com a criança, foi perceptível a 
dificuldade da criança para entrar em contato com sua história, seus desenhos pareciam 
representar sua própria vida e seus sentimentos: confusos, agressivos, sem regras. 
Após algumas sessões com a mãe, observei que a família não possuía diálogo e que 
apresentava dificuldade de relacionamento. A avó brigava com a mãe e era agressiva com o 
neto, além do segredo que havia entre mãe e filho, fatores que influenciavam diretamente no 
comportamento do mesmo. Em algumas sessões o cliente brincou de guerra, nesses momentos 
ele se jogava no chão e gritava expressando toda sua ansiedade e sua raiva, sentimentos que 
eram proibidos e reprimidos em sua casa. Oaklander (1980), diz que é brincando de situações 
que a criança experimenta seu mundo e aprende mais sobre o mesmo, portanto o brincar é 
algo essencial para seu desenvolvimento sadio. Conforme Castelo Branco (2001 como citado 
em Landreth 1993, p. 21), o processo da Ludoterapia leva a criança lidar com suas questões 
emocionais, liberando sua energia para absorver o que está sendo ensinado para ela no dia-a-
dia de sua vida. Percebendo a necessidade que a criança apresentava de extravasar suas 
emoções, ofereci a ela um clima de permissividade onde pode expressar seus sentimentos de 
forma completamente livre, sem deixar de estabelecer as limitações necessárias para que a 
criança tomasse consciência de suas responsabilidades em seus relacionamentos. 
Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia 
Psicologia: de onde viemos, para onde vamos?
Universidade Estadual de Maringá ISSN 1679-558X
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Houve uma sessão em que a criança quis brincar com maquiagem, perguntou se 
poderia maquiar-me e assim o fez, deixou-me toda colorida, fez sombras nos olhos de várias 
cores, passou blush vermelho e batom roxo. Esta brincadeira permitiu um contato mais 
próximo entre psicoterapeuta e cliente, e pode ser compreendida como um dos motivadores 
para o bom estabelecimento do vínculo. Já em outra sessão, utilizando pequenas peças de 
mobílias e a família terapêutica, a criança simulou a vivência de uma família e novamente 
apresentou bastante confusão. Primeiro o pai era bom e protegia os filhos, logo após o pai 
passou a ser ruim e a castigar. Quanto à mãe, o cliente não conseguiu dar nome a ela e mais 
uma vez demonstrou a dificuldade na relação com a mesma. Todas essas vivências 
influenciaram no crescimento da criança e no desenvolvimento de sua autorrealização. Em um 
atendimento com a mãe, a mesma disse que o filho era preguiçoso, pois não ajudava cuidar da 
casa, falava para ele que deveria cuidar da mãe e que deveriam ser amigos, revelou que 
dormiam juntos e reclamou de sua mãe que não ajudava educar e cuidar do neto. Neste 
momento, pude observar que a mãe necessitava de algumas orientações sobre a relação mãe-
filho. Segundo Corrêa (2009), mesmo os pais querendo a felicidade dos filhos, algumas vezes 
acabam se tornando dificultadores do processo de crescimento e desenvolvimento do mesmo 
por meio de atitudes contraditórias. Por esse motivo o terapeuta precisa estar atento e 
compreender as dificuldades da relação entre pais e filhos, incluindo, caso necessário, o 
atendimento aos pais no processo da criança. Portanto, o intuito de trabalhar com os pais é 
esclarecê-los sobre suas funções, vislumbrando as possibilidades de se tornarem potentes para 
cuidar do filho de modo mais amoroso. Enquanto fazia orientações à mãe, sentia como se 
minha fala não estivesse atingindo a mesma, ela não tomava para si e exteriorizava as funções 
maternais. 
A partir do que já foi descrito, pode-se perceberque a criança estava inserida em um 
ambiente desfavorável para o crescimento de sua tendência atualizante. Foi abandonada pelo 
pai, pelo padrasto e algumas vezes pela mãe que cobra dele funções que não são de sua 
responsabilidade, desta forma, seu caminho para a maturidade e autorrealização foram sendo 
desvirtuados. No entanto, um espaço favorável para o crescimento da criança pode ser 
vivenciado no seu processo de psicoterapia, por meio das atitudes facilitadoras providas por 
mim, fato que pode ser observado em uma fala da criança: “Eu gosto de você e eu gosto de vir 
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Psicologia: de onde viemos, para onde vamos?
Universidade Estadual de Maringá ISSN 1679-558X
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aqui! Aqui eu posso brincar do que eu quero” (SIC). Assim, observa-se o quanto o processo 
de psicoterapia era importante para o mesmo, pois lhe era oferecido um espaço de respeito, 
aceitação e permissividade, aspectos que, de acordo com as falas da mãe, não era 
experienciado pela criança nas suas relações diárias e familiares, seus comportamentos 
agressivos e sua ansiedade estavam diretamente ligados à falta de consideração positiva, de 
respeito de seus sentimentos e direitos, de amor e de atenção oferecidas pela família. Tendo 
como base todo o processo de psicoterapia percebi que a estrutura do self se forma a partir do 
resultado da interação do indivíduo com o ambiente e é organizada de acordo com as 
percepções das características do “eu”. É por meio de seus relacionamentos que os conceitos 
do ambiente, dele mesmo e de sua relação com ambiente vão se formando.
Segundo Corrêa (2009) atender uma criança é um trabalho árduo e único, pois é 
necessário estar atento não só ao contexto familiar, mas também a outros grupos de referência 
que ela possa estar inserida. Tanto os pais quanto as crianças, contribuem para a instalação, 
manutenção e eliminação de dificuldades. Uma criança pode estar sofrendo por precisar 
satisfazer as vaidades, os desejos e as expectativas dos pais, fato que pode ser observado 
várias vezes durante todo o processo. 
No início do processo de psicoterapia, a criança apresentava dificuldade de aceitar as 
normas tanto do local de psicoterapia – Centro de Psicologia Aplicada – quanto do próprio 
processo, não queria guardar os brinquedos e não aceitava os dias que não havia sessão (férias 
e feriados). Sempre se apresentou muito inquieto, não demonstrou dificuldade de criar vínculo 
com a psicoterapeuta e as queixas iniciais da mãe puderam ser confirmadas no decorrer dos 
atendimentos, porém o que se pode perceber foi que o comportamento agressivo e as 
dificuldades da criança estavam diretamente ligados a desorganização familiar, e 
principalmente, sua relação com a mãe, que de acordo com os relatos da mesma, sempre foi 
conturbada. Em grande parte das sessões, o cliente se apresentou comunicativo, no entanto, 
demonstrava rigidez e dificuldade de expressar verbalmente seus sentimentos. Sendo assim, 
por meio das brincadeiras que pode-se conhecer, compreender e realizar intervenções com a 
criança. Quando o término das práticas de estágio estava próximo e informei isso a criança, 
começou a apresentar-se mais quieta, sentia dores e não queria conversar e interagir. Por fim, 
concluí que o cliente não estava preparado para receber alta e foi encaminhado para 
Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia 
Psicologia: de onde viemos, para onde vamos?
Universidade Estadual de Maringá ISSN 1679-558X
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psicoterapia no ano seguinte. Contudo, possui dentro de si vastos recursos para desenvolver-
se plenamente, basta que lhe seja proporcionado um clima positivo de aceitação e amor. 
Referências
Castelo Branco, T. M. (2001). Histórias infantis na Ludoterapia Centrada na Criança. 
Tese de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica – PUC, Campinas, PR, Brasil. 
Recuperado em: 28 de março, 2010 de 
<http://www.gruposerbh.com.br/textos/dissertacoes_mestrado/ dissertacao05.pdf>. 
Corrêa, D. de L. (2009). Ludoterapia Centrada na Pessoa. In:, F. C. de S, Klöckner 
(org.). Abordagem Centrada na Pessoa: a Psicologia Humanista em diferentes contextos. 
(pp. 29-50). Londrina: Unifil.
Justu, H. Cresça e faça crescer (5a Ed). Canoas: La Salle.
Oaklander, V. (1980). Descobrindo crianças: a abordagem gestáltica com crianças e 
adolescentes (13a ed). São Paulo: Summus Editorial.
Rogers, C. R. (2003). Um jeito de ser (5a ed). São Paulo: EPU.

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