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Inquerito Policia

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Direito Processual Penal
Prof. Pedro Luis Piedade Novaes
Sistemas processuais penais
Sistema Inquisitivo: ausência de contraditório e ampla defesa. Função acusatória, de defesa e julgadora no mesmo órgão ou pessoa. Investigado = objeto da investigação.
Sistema Acusatório: enaltecimento do contraditório e da ampla defesa. Separação do órgão julgador do acusatório.Investigado = sujeito de direitos
Sistema Misto ou francês: início da investigação pelo Sistema Inquisitivo (sem acusação; sem contraditório); processo criminal instruído pelo Sistema Acusatório (contraditório).
Qual é o adotado pelo Brasil?
Sistema Acusatório: Mirabette, Tourinho, Scarance, Renato Brasileiro de Lima, ...
Sistema Misto ou francês: Hélio Tornaghi, Guilherme Nucci, Mougenot, ...
Doutrina dividida.
Fases da persecução penal
Inquérito Policial: fase investigatória (inquisitiva, sem contraditório).
Processo Penal: ação penal (garantias constitucionais das partes, em especial, do acusado).
Execução Penal: cumprimento da pena, no caso de condenação
* Poder de investigação: autoridade policial (art. 144, §§ 1º, I e 4º, CF)
* Titular da ação penal: Ministério Público (art. 129, I, CF)
* Jurisdição: Poder Judiciário (arts. 2º e 92 a 126, CF)
Órgãos estatais e o ilícito penal
POLÍCIA
Politeia = arte de governar (grego); 
Para os romanos: manutenção da ordem pública.
Funções da polícia:
Polícia preventiva: evitar a ocorrência de crimes e contravenções (patrulhamento ostensivo). 
Ex.: Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal e Polícia Militar (art. 144, §§ 2º, 3º e 5º, CF)
Polícia administrativa: prática de atos administrativos que não se relacionam à persecução penal. Ex. expedição de passaporte pela Polícia Federal.
Polícia Judiciária: consiste na apuração das infrações penais por meio do INQUÉRITO POLICIAL.
Polícia Federal
Art. 144, § 1º, I, CF
Função: apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei.
Polícia Civil
- Art. 144, § 4º, CF
- Função: 
investigação e elucidação dos crimes praticados em seu território; 
elaboração de Boletins de Ocorrência de qualquer natureza;
expedição de Cédula de Identidade e expedição de Atestado de Antecedentes Criminais e de Residência.
PEC 37: o que era?
MP pode investigar?
Histórico: a expressão “inquérito policial” surgiu no BRASIL com a lei 2.033/1871; Decreto 4.824/1871, art. 42: “o inquérito policial consiste em todas as diligências necessárias para o descobrimento do fato criminoso, de suas circunstâncias e dos seus autores e cúmplices”
Inquérito Policial
arts. 4º a 23 do Código de Processo Penal
Natureza Jurídica: procedimento administrativo prévio, realizado pela polícia judiciária para servir de sustentação à denúncia ou queixa, conferindo JUSTA CAUSA à ação penal.
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Inquérito Policial
Finalidade: colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria.
= busca a materialidade delitiva + autoria
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Características
1) Instrumentalidade: instrumento preparatório para eventual ajuizamento da ação penal.
2) Obrigatoriedade (ou indisponibilidade): uma vez iniciado, o IP não pode ser arquivado por iniciativa da autoridade policial (art. 17, CPP)
3) Informativo: não tem a finalidade de punir ninguém, mas a colheita de provas (autoria e materialidade delitiva)
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Características
5) Escrito: art. 9º, CPP.
Aplicação do artigo 405, § 1º, CPP? Sim.
6) Sigiloso: somente se necessário à elucidação do fato ou para preservar o interesse social (art. 20, CPP).
* Vide art. 7º, III e XIV, Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia); Súmula Vinculante nº 14, STF.
4) Discricionariedade: a escolha das diligências investigatórias a serem realizadas no curso do IP é discricionária da autoridade policial. Vide art. 6º e 7º, CPP
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Características
8) Dispensável: art. 12, CPP – se o IP não servir de base à denúncia ou queixa, não há necessidade de a peça acusatória ser acompanhada com a denúncia.
Vide arts. 27, 39, § 5º e 46, § 1º, CPP
Obs.: CPI tem a mesma função do IP (investigação).
7) Inquisitivo: não se submete ao crivo do contraditório ou da ampla defesa (STF/STJ). O suspeito ou indiciado apresenta-se apenas como objeto da atividade investigativa, resguardados, contudo, seus direitos e garantias individuais.
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Características
11)Legalidade: o inquérito policial não pode ser arbitrário, ou seja, deve obedecer à lei.
10) Oficioso: ao tomar conhecimento de notícia de crime, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, independentemente de provocação da vítima ou de qualquer pessoa. Art. 5, I, CPP
9) Oficial: incumbe ao Delegado de Polícia (Civil ou Federal) a presidência do IP (art. 144, §§ 1º, I e IV, CF).
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Formas e instauração do IP
1) De ofício: Art. 5º, I, CPP. Noticia criminis direta.
2) Por requisição do MP ou do Juiz: Art. 5º, II, CPP. 
Requisição = exigência legal. Noticia criminis indireta
3) Por requerimento do ofendido (ou de seu representante legal: noticia criminis indireta. Art. 5º, II, e § 1º, “a”, “b” e “c” CPP. Requerimento = pedido.
+ Indeferimento do pedido: recurso administrativo para o Chefe de Polícia (art. 5º, § 2º, CPP).
** Polícia Civil (Secretário Segurança. Pública); Polícia Federal (Superintendente da PF)
Formas e instauração do IP
5) Pelo auto de prisão em flagrante: noticia criminis coersitiva. Art. 8º, CPP
4) Por requerimento de terceiro: Delatio criminis indireta. Art. 5º,§ 3º, CPP. Requerimento = pedido. 
Denúncias anônimas (ou noticia criminis inqualificada): STJ – são admitidas, desde que contenham elementos idôneos suficientes e sejam observadas as devidas cautelas no tocante à identidade do investigado; STF: vedada, se iniciado o IP exclusivamente em denúncia anônima.
Formas e instauração do IP
Investigação de crime de ação pública incondicionada: delegado inicia a investigação, sem qualquer condição.
Investigação de crime de ação pública condicionada: delegado somente inicia a investigação, se houver a REPRESENTAÇÃO do ofendido (= autorização; Delatio criminis Postulatória) – art. 5º, § 4º, CPP.
Investigação de crime de ação privada: delegado somente inicia a investigação, se houver requerimento de quem tenha qualidade para ingressar com a ação criminal (= ofendido ou seu representante legal) – art. 5º, § 5º, CPP
Como saber se a ação penal é pública (condicionada ou incondicionada) ou privada?
Análise do tipo penal incriminador
Se não há nenhuma referência no tipo penal quanto à necessidade de representação ou requisição ou oferecimento de queixa, trata-se de ação penal pública incondicionada.
Crimes contra a honra
Art. 145, CP - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. 
Crimes de patrocínio infiel
Art. 355, CP - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Crimes contra a dignidade sexual
Art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único.  Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. 
Diligências
Art. 6º e 7º, CPP: rol exemplificativo 
* Vide Lei 12.830/13
Preservação do local do crime (art. 6º, I, CPP): é indispensável para o sucesso do exame pericial.
* Lei 5.970/73:
acidentes de trânsito – pode haver a remoção das pessoas e dos veículos, caso prejudique o tráfego
Apreensão de objetos (art. 6º, II e 11, CPP): que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos.
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Diligências
Colheita de outras provas (art. 6º, III, CPP): que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
Ex.: art. 11, Lei 11.340/06 (Maria da Penha)
 Oitiva do ofendido, se possível (art. 6º, IV, CPP): pode a autoridade policial determinar-lhe a condução coercitiva (art. 201, § 1º). Precedente do STF (HC 107.644/SP. Min. Lewandowski)
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Diligências
Oitiva do indiciado (art. 6º, V, CPP): nos moldes do interrogatório judicial (art. 185 e segs., CPP).
Art. 15 revogado pelo CC/02;
Não é obrigatória a presença do advogado;
Garantia do direito ao silêncio.
Reconhecimento de pessoas e coisas e acareações (art. 6º, VI, CPP): reconhecimento de pessoa (art. 226, CPP), de coisas (art. 227, CPP), acareação (divergências existentes entre os depoimentos) 
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Diligências
Determinação de realização do exame de corpo de delito e quaisquer perícias (art. 6º, VII, CPP): quando infração deixar vestígios – art. 158 e segs. CPP.
 Identificação do indiciado (art. 6º, VIII, CPP): colheita de impressões digitais e fotografias. Folha de antecedentes criminais (vida pregressa)
* Art. 5º, LVIII, CF e Súmula 568, STF (antes da CF/88): civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, SALVO nas hipóteses previstas em lei. (lei nº 12.037/09, art. 3º).
Lei 12.653/07 c/c art. 3º, IV, Lei 12.037/99: colheita de material biológico para DNA. 
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Diligências
 Averiguação da vida pregressa do investigado (art. 6º, VIII, CPP): sob o ponto de vista individual, familiar, social, condição sócio econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele ou qqr outro elemento.
 Reconstituição simulada do crime (art. 7º, CPP): o investigado pode ser obrigado a presenciar o ato, mas jamais fazer prova contra si mesmo
 art. 13, CPP: outras atribuições da autoridade policial
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Indiciamento
Indiciar: atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma pessoa, apontando-a como provável autora ou partícipe de um delito.
Momento: desde o auto de prisão em flagrante ou até o relatório final do delegado de polícia. Indiciamento após o recebimento da denúncia é ilegal (precedentes STF/STJ).
Ato privativo da autoridade policial (art. 1º, § 6º, lei 12.830/13); não pode ser requisitado pelo MP ou juiz
Motivação pelo Delegado: art. 2º, § 6º, Lei 12.830/13 (Elementos da autoria e materialidade delitiva)
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Indiciamento
“Desindiciamento”: Habeas Corpus – visando sanar o constrangimento ilegal.
Sujeito passivo: qualquer pessoa pode ser indiciada pelo Delegado, salvo: 
* Diplomatas estrangeiros (imunidade);
* Ministério Público (art. 41, II, lei 8.625/93), Magistrado (LC 35/79, art. 33, p. único) – submete-se a investigação, respectivamente, ao seus superiores;
 * Deputados federais e senadores (Questão de Ordem suscitada no IP 2.411/MT, STF): deve haver prévia autorização do ministro-relator do InqP. Tal decisão deve ser estendida a todos que detenham foro por prerrogativa da função (Tribunal competente).
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