Buscar

Elizabeth Mayne AREIAS ARDENTES

Prévia do material em texto

Areias Ardentes Elizabeth Mayne 
Areias Ardentes
Elizabeth Mayne
Clássicos Românticos
N. 99
Página de 1-10 
Capítulo 1
_Caramba, se isso não é igualzinho ao fundo do desfiladeiro Terralíngua, eu engulo o meu chapéu!
Ajeitando o fone de ouvido para ouvir melhor aquela voz, Adriana Bennett olhou para a paisagem árida e rochosa lá embaixo, a centenas de metros.
_É mesmo, papai parecidíssimo com o oeste do Texas.
A única vez em que vi tanta poeira foi quando você levou família toda a acampar. Mamãe ameaçou pedir divórcio se não voltássemos imediatamente à civilização.
_Menina, não é possível que você se lembre disso!
-Quer apostar?_riu-se Adriana, ouvindo o pigarro do velho.
_O que estou dizendo é que não há muita diferença entre esta terra e a nossa, no oeste do Texas.Tão seca, meu Deus, não se vê uma gota de água de Pecos a el Paso.Nem quero pensar em ter de fazer um pouso de emergência num lugar destes.
_Lá está o oleoduto.
_É a nossa referência, vamos segui-lo até o velho “Kuweit Internacional”._disse ele com seu arrastado sotaque texano.-Calculo que estaremos no Golfo Pésico em quinze minutos.
Bocejando, Adriana passou os olhos pelo sofisticadíssimo painel,verificando o nível de combustível, a pressão do motor,a temperatura do ar e o altímetro. Com o piloto automático ligado, não tinha muito que fazer para combater o tédio.
_Não vá dormir, garota_disse a voz do velho pelo sistema de comunicações também de última geração.
Adriana sabia como afastar a sonolência e quebrar a monotonia.Bastava assumir o controle manual.aproando do rumo aos tons dourados do sol do amanhecer, impôs ao Vixen 2000-2 uma trajetória em oito, que passava por baixo, por cima e ao redor da linha perfeitamente reta do curso do jato de seu pai.
_Quem está dormindo?_desafiou._Quer apostar uma corrida até o golfo?
_tenha juízo menina. Não quero nem um arranhão nenhum rebite fora do lugar, nem um barulhinho nestas duas princesas. 
_Ora , não se ouviria sequer um copo de cristal na cozinha_provocou Adriana._Foi tudo projetado com revestimento de espuma aveludada .Nem de propósito agente consegue quebrar alguma coisa aqui dentro.
Sorrindo sob pressão da gravidade que lhe prendia o corpo no banco anatômico, Adriana descreveu uma ampla órbita ao redor do jato idêntico de seu pai.Uma descarga de adrenalina removeu-lhe o último vestígio de enfado.
_Não é horrível ter que entregar estas gracinhas a outra pessoa, papai?_perguntou ela com uma ponta de mágoa na voz.
_Horrível?Não.Quer que eu faça com esta sala de reuniões voadora?Para minhas discussões, basta a mesa da cozinha.
_Ora bem que eu gostaria de ter um brinquedinho destes.
_Brinquedinho?_Jim bufou no microfone_ Já é hora de abandonar os brinquedos e parar de me causar úlceras.Hora de sossegar um pouco e começar a me dar netos.Pare com isso, Adriana!Droga, você me fez derrubar o café!
Adriana executou duas rápidas piruetas, o horizonte girou a sua frente.
_Não me fale em neto.É muito cedo para compromissos.
_Com vinte e quatro anos, já devia estar pensando nisso.
_Ora! _exclamou ela sem conter o riso._Ainda sou uma menina!
Então trate de diminuir a velocidade, menina.Viemos do Texas até aqui sem cometer erros.Não vamos ter tempo para arrumar nada quando aterrissarmos.No instante em que seu padrinho abrir a porta, vão aparecer centenas de xeques querendo passar pente fino nas duas princesas.
_Eu sei, eu sei_ resmungou Adriana com bom humor. Nivelou-se com o jato do pai, submetendo-se a seu comando. 
Os aviões chamariam muita atenção.Nem sequer a Miss Universo seria notada na pista, ao lado do reluzente Vixen 2000 de Adriana.Quando se tratava dos clientes do seu pai, todos adoradores de aparelhos rápidos e ágeis que voassem fácil e majestosamente no céu, ela sabia perfeitamente que qualquer mulher ficaria em segundo plano.Era ter ciúmes.
Houve um tempo em que chegou a pensar que , se fosse extraordinariamente alta e tivesse cabelos dourados, sedosos e até a cintura conseguiria atrair alguma atenção.
Só depois se deu conta de que, para os homens fixados em aviões a jato e na amplidão do céu, para os que não faziam caso dos limites do espaço, as mulheres vinham em segundo ou terceiro lugar às vezes nem mesmo existiam. Ela sofria de idêntico mal. De fato era mesmo raro o homem capaz de seduzi-la a ponto de faze-la renunciar àquelas horas preciosas de vôo, tão necessárias para manter a habilidade a liberdade.
Bastaram-lhe umas poucas incursões no mundo da aviação para perceber que os pilotos de jatos eram tão arrogantes quanto ela.Convencida, mimada e orgulhosa de si, Adriana Bennett era um tipo totalmente diferente de mulher, uma aviadoras_ Sem esquecer que 
Também era a filha caçula de Jim Bennett.
Ter herdado as particularidades do homem que ia pilotando o avião líder lhe dava orgulho.Contudo, essas mesmas particularidades tornavam difícil para ela encontrar um parceiro capaz de adequar a seu mundo. 
O problema era que Adriana nunca poderia se interessar por um homem que não tivesse paixão pela aviação. Era a praga dos Bennett.E ela se rendera a essa maldição aos dezesseis anos, quando recebeu seu primeiro brevê solo, e quando o rapaz que estava namorando vomitou em seu Piper Cub.
Muitas águas tinham rolado naqueles oito anos.O teste do amor verdadeiro naturalmente não deu em nada nas rotas de navegação do céu do Texas. Quem perdesse a cor em áreas turbulência, tempestades ou acrobacias aéreas era riscado da sua lista.
Para piorar as coisas, como seus irmãos e irmãs,ela era capaz de desmontar e montar qualquer tipo de motor inventado por um Homem.A habilidade mecânica estava em seu sangue, muito embora sua mãe não soubesse distinguir um parafuso de um martelo.
Diminuindo a velocidade, Adriana disse:
_Como já estamos chegando, vou por minha cara séria.Qual é a primeira coisa que devemos ao aterrissar?
_Vender os dois Vixen!_afirmou Jim._Quando você me levar para casa na pata choca, quero estar com vinte encomendas no bolso.
_Naquela ratoeira velha?_perguntou Adriana, torcendo o nariz ante a idéia de pilotar o antigo DC-7da empresa. A reverberação do sol no deserto lhe feriu os olhos._Por que não enterram essa velha aí na areia?
_Ah, você sabe muito bem, Jack já deve tê-la abastecido e está ancioso por coloca-la em suas mãos. 
_Não saio sem ter dormido pelo menos doze horas, comido dois bifes e tomado meio barril de cerveja. Eu quero um bom banho e roupa limpa.
_Não vá choramingar por um colchão de penas de ganso.Você está ficando molengona, garota_riu Jim com ternura.Tinha muito orgulho da filha mais nova e com ternura.Tinha muito orgulho da filha mais preciosos designs lhe saíam com espontaneidade, quase esforço.A sua querida Adriana Jane era perfeiccionista, além de teimosa, cabeça-dura e genial.As vezes Jim Bennett tinha de teimosa, cabeça dura e genial. As vezes Jim Bennett tinha de procurar um motivo de queixa, outras, ao contrário,ela cometia de súbito um ato tão impulsivo e irracional, tão deslavadamente feminino, que o fazia explodir de cólera.Como,por exemplo aquela viagem.
James Matthew Bennett Junior, o filho mais velho de Jim, o suposto herdeiro e braço direito das Industrias Bennett, era quem devia levar o Vixen 2000_2 aoKuweit.
Mas isto tinha sido antes que sua irmã caçula, na antevéspera, o desafiasse a uma partida de tênis. \sob o intenso calor matinal do Texas, Matt foi atrás de um saque de Adriana, que qualquer idiota teria percebido que saira do campo. Descansando no terraço dos fundos,que dava para a quadra, foi com horror de Jim Bennett viu seu filho mais velho escorregar e cair no chão de mau jeito.
Teve a absoluta certeza que o saque de Adriana tinha sido intencional.Ela devia até mesmo haver passado graxa na sola dos tênis do irmão, pois a discussão sobre quem levaria o segundo jato Vixen ao sheik Wali Haj Haaris tinha começado no instante em que as plantas saíram da prancheta computadorizada de Adriana.Quando a encomenda do riquíssimo saiu do hangar para as inspeções e os testes de vôo, a polêmica entre osirmãos Bennett já se havia se transformado numa verdadeira guerra. 
Só três membros da empresa dirigida pela família tinham habilitação para pilotar aquela aeronave de primeiríssima classe, Jim, Matt a jovem Adriana.Ninguém se atreveu a sugerir que o rapaz ficasse em casa e deixasse a que a irmãzinha se encarregasse de levar o avião, mas Adriana teve e audácia de exigi-lo.
Semanas antes ,Jim tinha concordado em permitir que a talentosa filha o acompanhasse como co- piloto.Estava cedendo a uma evidente manipulação. Sabia-o, naturalmente, mas pareceu-lhe a única maneira de encerrara briga familiar.Nada era mais difícil que intimidar Adriana.Jim não era capaz disso e muito menos o pobre Matt. 
A moça tinha nas mãos os homens do clã Bennett desde o dia que nascera.
_sabe?_ disse ele._ Eu queria entender por que era tão imporatante pra vpcê entregar estes aviões pessoalmente.
_Digamos que é uma vendeta_ Riu-se Adriana._
Uma rebelião contra o purdah .Papai, fui eu quem projetei estes aviões sozinha.Ninguem senão eu pôs as mãos nos designs pelos quais os riquíssimos príncipes do petróleo se apaixonou. Ele vai pagar uma fortuna por uma frota.
Um avião para cada um de seus filhos machistas.
É isso que a irrita?
_Mais ou menos, Esses xeques não passam de uns pavões que só querem aparecer! 
_Continuo sem entender.
_Estou falando dos filhos do seu sheik, papai.e parece que ele tem vinte filhos.
_E daí? Quem pode pode, não?
-É? Você também podia . Sabe que todos os filhos do sheik Haaris estudaram em Oxford, Harvard e Yale?
_ E daí?
_ Mas nenhuma de suas filhas.
_ É esse o problema , Adriana?
_O Vixen é criação minha!Pode chamar de orgulho de artesão, pode chamar de vaidade pessoal ou mesmo de burrice de primeiro grau.Só quero que um sheik mulçumano conservador seja obrigado a engolir o fato que foi uma mulher que projetou o avião que ele tanto adorou.É por isto que estou aqui.
_minha querida, nós estamos neste negocio.É assim que ganhamos a vida.Não julgamos as pessoas que compram nossos aviões.Não foi para isso que a educamos.
_Não estou julgando ninguém , papai. Só quero ver a cara do príncipe Wali Haj quando você lhe apresentar A.J Bennett. Não pretendo dizer uma palavra.Vou agüentar a parada até o fim e ainda sorrir para as câmeras.
_Ai de você se provocar um incidente com essa sua língua solta!Estou falando sério, Adriana, vou sair do Kuweit com uma encomenda de outros vinte aparelhos para sheik. 
Se acontecer alguma coisa , juro que você vai acompanhar toda a negociação lá do escritório de contabilidade.acredite!
Adriana começou a rir.
_Pense bem.Talvez algum príncipe do deserto lhe ofereça vinte cavalos em troca da minha língua solta.
_Eu fecho negócio na mesma hora_retrucou Jim sem hesitar.O riso de Adriana pelo rádio era música para ele.
_Reconheça papai, o negócio não vai ficar prejudicado se esses fanáticos por aviões souberem que você tem um punhados de filhos tão bem dotado quanto o pai, os homens e as mulheres.
_Hum_rosnou Jim. Vindo de Adriana, aquele tipo de elogio fazia com que ele se curvasse a qualquer capricho dela.Como se não soubesse que estava sendo manipulado._Trate de tomar cuidado quando chegarmos ao Kuwit.
_Claro papai.Negócio é negócio.
_Exatamente.
_Olhe, temos companhia às nove horas da manhã.
_Já faz uma hora,tagarela.Há uma base de caças perto de Riad. Estão em manobras essa semana. 
_Quer dizer que já nos despedimos do deserto?
_Isso mesmo.O Kuweit é logo ali. Fique com os ouvidos atentos.
Meu rádio esta com estática.Deixe ligado o de curto alcance, OK?Adoro escutar sua respiração.
Ouvindo a gargalhada do pai, Adriana ficou olhando para o pássaro distante no dourado do céu. Evidentemente era um caça , uma patrulha militar.Deixou o rádio ligado quando seu pai entrou em contato.Uma voz falando um inglês perfeito , pediu-lhe que se identificasse,e ela obedeceu.
Aproximando-se do movimentado Aeroporto Internacional do Kweit, começaram a voar em sua volta. Nessas ocasiões era sempre o seu pai que assumia o comando.
Segundo a hierarquia, o mandachuva da empresa era o primeiro a aterrissar.
_Mande Jack tirar os bifes da geladeira assim que eu pousar_pediu ela ._ morrendo de fome.
_Pode deixar o nosso hangar é o único laranja e branco.Fique de olho quando tiver taxiando. Agente se encontra lá gatinha.Esperando as instruções de pouso, Adriana sobrevou a terra parda e água verde e lisa bem ao sul do crescente da Baía de al Kuweit.
Controle, aqui é Bennet Vixen 2000-2. O tráfego está muito intenso.É sempre assim?
_Roger falando,Vixen 2000-2_ respondeu em inglês o controlador._É todo dia assim.Aproxime-se da curva a setenta e cinco metros. 
Adriana olhou as movimentadas rotas de vôo.Acima dela seis 747comerciais e um Concorde circulavam monotonamente.A setenta e cinco metros, ela contou nada menos que doze jatos similares ao Vixen.A tela do radar acusava muitos abaixo do seu.Ia demorar para que tivesse autorização para aterrissar.
Eram quase oito horas da manhã, horário do Kuweit. Adriana bocejou.Fazia mais de quarenta horas que não via uma cama. O generoso cockpit do Vixen agora parecia apertado e cheio.Doze horas sozinha ao manche, percorrendo quase treze mil quilômetros, não tinham parecidos tão difíceis quando decolaram, em San Antônio,no dia anterior.
A espera aumentou o tédio.
Consultando o relógio, Adriana constatou que eram quase onze horas no Texas. Hora de dormir,e ela estava, de fato, com o corpo entorpecido. Doía-lhe o pescoço por estar tanto tempo sentada. Bocejando, pensou no pai.
Sabia que era ele que devia ser ainda pior. Era trinta anos mais velho que seu primeiro filho.
Tinha sido uma loucura não haverem trazido os co- pilotos, que tiveram problemas para obterem o visto.Havia ocasiões em que seu pai simplesmente telefonava para o Departamento de Estado e obtinha o que quisesse, até mesmo um tapete vermelho na pista.em outras, como no dia anterior, nada , absolutamente nada, dava certo.
O plano da viagem original era adorável. De San Antonio a Lisboa a Bagda´, com uma noite de descanso e algumas refeições quentes.
Adriana tinha vontade de conhecer Bagdá e fazer compras naquele mercado sem igual no resto do mundo. Foi pensando nisso que trouxera suas economias. 
Mas tudo fora por água abaixo quando a autorização para trafegar no espaço aéreo do Iraque foi bruscamente cancelada. Não deram explicações alguma. E eles se viram obrigados a alterar o plano previsto. A única rota alternativa, que passasse por um país árabe “amigo”, era a Arábia Saudita, antiga cliente de seu pai.
Valia ter amigos influentes. Contornar a África significava duas vezes mais tempo e combustível.
Adriana teve vontade de rir ao pensar no prazer que seu pai tinha em economizar cada centavo.Ao mesmo tempo,contudo não economizar na construção dos aviões.Nda havia de barato no vixen 2000-2, nem um único componente, da madeira de lei do revestimento ao couro importado do estofamento. A aeronave era compacta sem dúvida projetada para transportar máximo de dez adultos, mas de um luxo que pouca gente seria capaz de imaginar.
O poderoso motor do jato, menina dos olhos de seu irmão Thomas, era capaz do impossível com uma fantástica mistura de combustíveis que ele mesmo descobrira. Consequentemente , ela e o pai haviam decolado na tarde anterior, com a intenção de chegar a seu destino num máximo em quatorze horas. 
O jato tinha demais , a agilidade de uma raposa a driblara matilha de cães de caça .Graças a isto, quando um pesado transporte militar atravessou perigosamente seu curso, bastou-lhe um rápido movimento dos pulsos para se desviar, aproximando de dois aviões comerciais que vinham da baía de Al Kuweit, faziam uma curva pronunciada.
_Ei!-gritou ela ao microfone._Que significa isso?
_Roger falando, Bennett 2000-2. Mantenha a altitude e o s curso determinados.
_Não fui eu que saiu do curso rapaz>Vai haver uma colisão se esta bagunça continuar. Alguma possibilidade de aterrissar mais cedo?
_Roger falando informe o nível de combustível.
Adriana forneceuo dado.Não estava em situação crítica , ainda podia voar mais seiscentos e quarenta quilômetros, se bem que cada volta ao redor do aeroporto lhe consumia até setenta e cinco.
_Bennett Vixen 2000-2, suba a duzentos e dez metros.Aguarde aproximação, pista seis.
_Obrigada , controle._adriana relaxou e se imaginou já caminahndo, sentindo o chão sob os pés.\pela janela viu o Vixen do seu pai aproximando-se da pista seis, para pousar o Vixen com a leveza de um pombo.
Fazendo uma curva, ela perdeu de vista a pista de aterrissagem. Concentrou-se na manobra do Vixen, no vôo. Abrindo o trem de pouso, sorriu satisfeita com o empurrão natural que ele imprimia em sua velocidade.a última parte da curva a conduziu a cabeceira da pista, aproximando-a da cidade do Kuweit numa inclinação de quarenta graus sobre a água azul e a fumaça cinzenta.
Fumaça?
Adriana hesitou.Devia ser neblina.mas não tinham falado em neblina na torre. Sua asa direita encobria a cidade. A pista seis se aproximava do nariz do jato. 
Ela bocejou novamente. Come seria bom ficar de pé espreguiçar-se, sentir o ar quente do deserto na pele refrigerada. A pista foi se tornando mais larga.Ela baixou a cauda do avião, de modo que as rodas traseiras fossem as primeiras a tocar o solo.
Uma espiral de fumaça se erguia no meio da longa pista. A interferência no rádio estalou seus ouvidos.
Seguiu-se de um grito . Era o controlador:
_Bennett, Vixen 2000-2! Cancele a aterrissagem.Volte para setenta e cinco metros.Repetindo!Cancelar a aterrissagem na pista seis!Compreendido, Vixen?
O bocejo de Adriana se interrompeu no meio.Com uma mão ela tornou a puxar o manche, com a outra, tratou de regular o volume de seu fone de ouvido.
_ Controle aqui é Bennett Vixen 2000-2! Cancelando a aproximação da pista seis.Que está acontecendo aí em baixo?Oh meu Deus!
O aeroporto explodiu como um vulcão se estilhaçaram, lançando uma espiral de chamas e fumaça negra sobre as aeronaves junto aos terminais. A torre de controle ruiu em pedaços. O fone emitiu um último grito estridente e silenciou.
Ao outro ouvido chegavam-lhe sucessivas explosões.
Levantando a frente do Vixen, Adriana traçou uma diagonal por cima da extremidade incendiada do terminal.
As vidraças gigantescas se esmigalharam no chão.A sessenta metros uma curva brusca, ela descreveu um círculo completo e retornou. Pouco importava, o que havia caído.
_Papai!_chamou, sintonizando o rádio no canal em que haviam estado em contato durante a viagem._Papai, está me ouvindo?Papai! Responda! Você está bem?
_ Adriana!_ em meio aos ruídos da estática, ouviu-se bombas em toda parte. Não aterrisse.Você ouviu, menina? Dê o fora já! Volte para casa!
Capítulo 2
Ao retirar-se, voando baixo sobre a cidade, Adriana presenciou um pesadelo.Em toda parte da Cidade do Kuweit viam-se grossas colunas de fumaça e poeira.
Adriana procurou ganhar altitude no céu congestionando.Sem controladores de vôo, as rotas aéreas se transformavam num caos.Os demais pilotos compreenderam.
Era cada um por si .Os canais de comunicação estavam tão congestionados quanto o tráfego.Tomando o rumo do mar, Adriana sobrevoou as praças cheias de tanques de guerra.Os caminhões espalhavam comandos armados nas ruas.Nas praias, uma miríade de helicópteros pairava sobre a tropa.Era uma invasão!
Ela chegou a ver os destacamentos especiais apontando as metralhadoras para o alto e dispararem as metralhadoras contra Vixen.Puxando o manche, tratou de subir em linha reta.A força da gravidade a colou no banco.A mil e oitocentos metros, descreveu uma ampla curva para o sul e tratou de examinar os danos.Não detectou mais que alguns buracos na asa esquerda.Atordoada e desorientada, sobrevoou novamente a cidade.Daquela altura, Al Kuweit parecia uma refinaria em chamas.
Cruzou o céu um mig verde e marrom de fabricação soviética.Adriana olhou boquiaberta para o ameaçador avião de combate, tentando decifrar rapidamente a sua insígnia.
_ que estará acontecendo?
Seu rádio voltou a funcionar.
Atenção!_gritou uma voz gutural._ Aeronave civil nas proximidades do Aeroporto Internacional do Kuweit...Está violando o espáço aéreo iraquiano.
Adriana consultou o programa de localização cartográfica.Seus instrumentos não mentiam. 
_Não , não estou.encontrou-me no espaço aéreo do Kuwet._gritou._E tenho autorização.Você está enganado, amigo.
_Atenção! Todas as aeronaves comerciais
E particulares!_trovejou a mesma voz, sem fazer caso da resposta de Adriana._O aeroporto do Kuweit está fechado.Todos os aviões civis devem abandonar área.O aeroporto está fechado.As aeronaves que estiverem precisando reabastecer devem se identificar imediatamente.Declarem suas necessidades, e providenciaremos escolta até Basra.
Adriana sabia que não receberia ajuda do aeroporto do Kuweit. Principalmente depois de tê-lo visto bombardeado.Estava com as mãos tremulas quando pediu socorro mais próximo.
_ Atenção, Dhahran.Aqui é Bennett Vixen 2000-2.
Jato soviético, prefíxo79-523-1 aproximando-se SOS!Aeronave civil preparando-se para aterrissagem no aeroporto do Kuweit.O nível de combustível é crítico.Dhahan, precisei cancelar aterrissagem>algo muito grave está acontecendo no Kuweit.
Adriana escutara pelo rádio o numero de identificação do Mig. Havia estática em todas as freqüências.Talvez ninguem a tivesse ouvido pedir socorro. \mas a raiva que estava sentindo superava o medo.Era inconcebível que tivesse coragem.de usar caças mig para intimidar aviões civis.Mudando novamente de direção, contornou a cidade incendiada>o piloto do Mig não ousaria disparar.
Era simplesmente inadmissível . Ao ouvir o rádio repetir a advertência, agora em outra língua, Adriana renovou seu SOS. A resposta foi imediata. 
_Vixen 2000-2 .Os pilotos tem iraquianos tem ordem de abrir fogo. Para sua proteção suba a zero-cinco-sete, rumo norte.
_Iraquianos?_surpreendeu-se ela._Droga!Controle , identifique-se.Forneça as coordenadas >Esclareça sua autoridade para invadir a freqüência exclusiva dos vôos comercias.
_Atenção todas as aeronaves nas proximidades do aeroporto do Kuweit..._ameaçou a voz com a mesma indiferença.
Apavorada, Adriana tentava se lembrar do que lera ultimamente sobre o Oriente Médio e de que lado estava cada país da região.
_Onde que diabos , fica Basra?_perguntou, irritada.
_Dê-me coordenadas._Sintonizando o rádio abriu acesso a todas as freqüências de uma vez.
_Vixen 2000-2 sobrevoando o espaço aéreo do Kuweit e pedindo autorização para pouso de emergência no aeroporto internacional>Afastem sua força militar.Atenção força aérea americana !Há alguém em operação no golfo?Aeronave americana particular em situação de emergência SOS!
A atitude desafiadora de Adriana não passava de um blefe.Na verdade, não tinha como saber a nacionalidade das outras aeronaves na região.Talvez, com um pouco de sorte, um avião de combate que se encontrava nas proximidades viessem em seu encontro.
_Repetindo:sou cidadã americana, estou em negócios no Kuweit e meu avião está sem combustível.Se você dispara ficará registrado na caixa preta.Afaste-se camarada!
Adriana apertou com violência o botão do radar, tentando enquadrar o que devia ser o Mig atraz dela. Havia tanta fumaça no ar que mal podia distingui-lo.A tela do computador parecia um vídeo game ensandecido.Os sinais de aceleração nas proximidades da cauda do Vixeng só podiam ser do Mig.Quando Adriana estava sobrevoando a cidade pela segunda vez, eles se intensificaram e ela conseguiu divisar, em meio a fumaça negra, o que parecia ser um lançador de mísseis. 
Alheia ao pdedio de socorro,a voz continuava ordenando a todas as aeronaves comerciais que abandonassem o espaço aéreo do Kuweit. 
De repente, um míssel passou diante dela a uma distancia ameaçadora.O perigo tornara-se real.Acaso o Mig a tinha alvejado?
_Oh,canalhas !_vociferou ela, puxando o manche.
O Vixen rodopiou no ar, descrê vendo uma órbita que teria feito seu pai urrar de preocupação.Dois outros foguetes riscavam o céu antes que ela terminasse a manobra.Torcendo o manche para esquerda, adrianadeu um giro de cento e oitenta graus e desceu.Passou muito perto do cockpit do Mig.
-Vou acerta-lo, bandido!_ameçou Adriana com os dentes cerrados.
Já havia cometido , muitas lucuras no ar, porém nenhuma chegava aos pés da façanha que estava arriscando. Seu desejo era que uma montanha surgisse a frente do nariz do agressor.
Engolindo em seco, tratou de buscar refúgio numa gigantesca nuvem enegrecida pela fumaça.Respirou fundo e procurou controlar a taquicardia.No painel, uma luz alaranjada alertava com insistência para a situação crítica do combustível. Ao sair da nuvem escura, constatou que o sinistro pássaro de aço continuava a seu lado, bem acima de sua cabeça.Não podia acreditar que aquele maluco se atrevesse a se aproximar tanto.Consultando os controles, constatou que estavam a uma velocidade próxima dos novecentos e sessenta quilômetros por hora. Numa das telas, um aviso dizia que sairiam do espaço aéreo do Kuweit em dois minutos. O mostrador de combustível cricrilava como um inseto indesejável.Bip!Bip!Bip! 
_Está bem, eu já sei!_gritou, tirando a os olhos dos mostradores.Olhou a sua volta.
_Malditos!_exclamou com horror. Cinco outros Migs vinham ao seu encontro, enquanto a sombra lúgubre do outro se aproximava cada vez mais, impedindo-a de outra aeronave imediatamente abaixo dela.Com mão trêmulas,Adriana acionou uma vez mais o rádio.A voz lhe saiu cheia de pavor:
_SOS, controle de Dhahran! Aqui, Bennett, aeronave Vixen 2000-2. estou me aproximando do espaço aéreo da arábia Saudita, assediada por dois caças.Outros cinco Migs me perseguem.Sou da aviação civil.Sou cidadã americana.
_Vixen 2000-2.Aqui , controle de Barsa,Iraque , Todas as aterrissagens no Kuweit estão canceladas.Rume para o norte imediatamente, do contrário, será abatido.
_Com os diabos, onde fica Barsa?estou sem combustível, cretino!_gritou ela sem obter resposta._emergência!SOS! SOS! SOS! Está me ouvindo, Dhahran?
Informe imediatamente a área de pouso ,ais próxima.
O jato que voava junto a sua asa direita se aproximou ainda mais, exibindo o lançador de mísseis. Sentindo-se encoberta por sua sombra, Adriana deixou escapar um grito de pavor.Boquiaberta, acompanhou com o olhar os dois disparos desfechados contra os Migs sauditas que guardavam a fronteira.Enquanto isso, indiferente ao seu desespero, o computador de bordo exibia na tela a fria mensagem:Em quarenta e seis segundos adentraremos espaço aéreo saudita.Digitar novo plano de vôo.Nível de combustível alarmante. 
_Droga!
Trêmula como estava, Adriana mal conseguia controlar o manche.O radar emitia sinais incessantes, prevenindo-a da proximidade do avião inimigo.
Os cinco Migs executaram uma previsível manobra, evitando os mísseis disparados pelos iraquianos.Dois desviaram para o leste, o terceiro passou por cima do Vixen, enquanto os dois restantes iam para o oeste.Um dos torpedos foi explodir 
Á sua frente;o outro caiu no deserto.Adriana se voltou em busca dos Migs.Suas insígnas também eram iraquianas.
_Mas afinal, quem são esses dois ao meu lado?_murmurou ao cruzar a fronteira.
Antes que tivesse pronunciado as ultimas palavras diminuiu drasticamente a velocidade.E logo obteve a resposta.A julgar pela configuração da cauda, o jato de combate que acabava de ultrapassa-la era um F-15.O cretino que seguia voando abaixo do seu campo visual, grudado feito carrapato na barriga do Vixen, provocava um funesto bip na tela do radar , anunciando uma iminência de uma colisão. O prefixo do F-15 estava claramente legível agora, porém Adriana não conhecia a escrita árabe nem tinha tempo para identificar a bandeiras e os emblemas pintados na fuselagem.
Quase imediatamente, o jato de combate descreveu uma curva para cima , diminuindo a velocidade e esperando que ela o alcançasse.Desta vez, aproximou-se demais .Tanto que , se abrisse acidentalmente o trem de aterrissagem certamente esmagaria pó pára-brisa do Vixen.
Aterrorizada, adriana viu o fortemente armado caça cobrir por completo a fuzelagem azul e branca d e seu avião.
_Oh, meu Deus!
O intruso abaixo apareceu a sua esquerda, manobrando o F-15 de modo a formarem uma verdadeira gaiola, da qual Adriana não tinham a menor possibilidade de escapar.Não conseguia ficar de olho nas telas do radar, nos monitores e ao mesmo tempo , nos dois aviões que pressionavam.Podia, quando muito, tratar de manter acima dela.Estavam tão próximos que faltava poucos para que se arranhassem mutuamente.
Se esse cara não for um suicida maluco, pensou, é o maior piloto que eu já vi.
Nem mesmo seu pai, treinado na Thunderbird, arriscaria uma manobra daquelas
Adriana não estava dispostas e submeter àquilo!Imprimindo velocidade máxima e gastando o precioso combustível, tratou de fugir.O F-15 se adiantou e , intencionalmente, colocou a as esquerda na frente do nariz Vixen, obstruindo-lhe a passagem.
Numa fração de segundos, Adriana vislumbrou os lançadores de mísseis já vazios e chamuscados em suas asas prateadas.na parte de baixo, viu pintada a bandeira do Kuweit. Reparou também que o outro jato pertencia a força real saudita.E era também fabricação americana.
_afinal, que está acontecendo?
_ resmungou com incredulidade. Mas não pode evitar um grito quando o F-15 diminuindo a velocidade e quase caiu em seu colo.
Era uma mensagem clara .Não toleraria outra tentativa de evasão.
_estou sem combustível, cretino!
As acrobacias que ela costumava praticar no céu do Texas eram totalmente inúteis naquele deserto infinito, com os tanques de gasolina quase vazios.
_ Que você quer afinal? Ligue esse maldito rádio e me diga de uma vez o que está pretendendo!Afastem-se idiotas, antes que acabemos morrendo os três!
As mãos de Adriana vibravam agarradas aos controles , mas ela não tinha coragem de solta-los nem mesmo para fazer um gesto furioso ao troglodita ao seu lado.Bastava um movimento brusco,um espasmódico puxão de sua parte, e o elegante nariz do Vixen, assim como seu cockpit moldado em fibra de vidro, se espatifaria na sólida asa de aço do F-15.Não lhe restava sequer a possibilidade de saltar de par-queda.
Adriana sentiu a garganta seca.
_Um a zero pra você ,Omar!
O piloto apontou para o sul, para o outro lado do deserto saudita.Em silêncio, ela fez um gesto de aquiescência.Segurando firmemente o manche, tomou o rumo indicado.A ponta enorme e assustadoramente próxima da asa do avião militar se ergueu diante dela.Só então Adriana percebeu quanto aquele homem devia ser louco.
Um doente, um fanático, um assassino...Estava disposto a morrer só porque um avião particular havia se intrometido em sua guerrinha insana!
O aparelho se afastou a uma distância razoável quando Adriana se submeteu à escolta.Ela estava com o pescoço tenso e úmido de suor, seu coração batia os olhos.Independentemente do que pudesse acontecer quando aterrissassem_ se aterrissassem_ havia de dizer poucas e boas àquele jóquei de camelo.
Suas trêmulas mãos mantiveram o Vixen numa rota que ambos os truculentos aviões pareciam aprovar.Uma olhadela nas telas e nos mostradores, no entanto, a fez suar ainda mais.Apesar da redução da velocidade, seu tanque continha gasolina para menos de cento e sessenta quilômetros.Nervosa, ela consultou o monitor em busca de uma área de pouso, um campo particular qualquer. Nada!Passou então a procurar um trecho de asfalto. 
O F-15 do Kuweit oscilou a asa fazendo-lhe um sinal.Adriana olhou para cima e deu com os olhos do piloto, tão próximos estava. O sol forte lhe iluminava o rosto, tornando bem visíveis , apesar da viseira do capacete, o seu olhar intenso e as suas sombrancelhas negras.Ele lhe fez sinal para que se descesse a cento e cinqüenta metros.
Ótimo! o cara está querendo que eu me arrebente numa duna.
Adriana sacudiu a cabeça, recusando-se a obedecê- lo.
O piloto apontou mais uma vez para baixo e , com outro gesto, indicou aterrissagem.
_Não tenho a menor intenção de enterrar meu avião na areia, amigo_ rosnou ela, e continuou procurando no radar algum tipo de civilização num raio de oitenta quilômetros.A lógica do cérebro eletrônicocontinuava informando que o aeroporto do Kuweit era a opção mais favorável.
_Grande ajuda!
Olhando para cima , ela constatou que estava sendo novamente pressionada pelo que desta vez, não se limitou a violar o seu espaço físico.Parecia mesmo disposto a obriga-la a descer a cento e cinqüenta metros ou faze-la cair. Não havia como resistir a tamanha ferocidade.
Oito ou dez quilômetros adiante, a sombra de três aviões se projetava claramente na ondulada extensão do deserto. O Vixen parecia um passarinho disputado por dois abutres.Pela primeira vez desde que começara aquele pesadelo, Adriana lembrou-se que sua aeronave não possuía nenhum sinal externo que a identificasse como pertencente a uma negociante norte- americana .O número de registro V-2000-2 podia ser lido em qualquer lugar do mundo, porém as grossas letras estampadas na fuselagem diziam, em árabe, Al Haaris. Ela mesma tinha pintado a bandeira do Kuweit na cauda do jato.Coisa que podia causar confusão, pensou ao mesmo tempo em que examinava mo marcador de combustível. 
_ Ei, Omar ! Está me ouvindo?_ gritou ao microfone_ Estou sem gasolina.
_Fantástico!
O homem lhe fez um sinal para que baixasse noventa metros . Ela sacudiu a cabeça contrariada , mas obedeceu.
O sujeito não tinha cara de assassino. Adriana procurou não pensar, queria concentrar-se unicamente no vôo.
Dentro em pouco , nada mais importaria.
O piloto apontou para alguma coisa a sua frente.Ela esfregou os olhos cansados, mas não viu senão a areia parda.De súbito , no entanto, divisou uma mancha escura no horizonte, que pouco a pouco, foi se tornando mais nítida, até tomar forma de um aglomerado de habitações.Uma caixa d´água, um oásis, talvez uma miragem.
Adriana não tardou a compreender que no primeiro momento parecera ser uma caixa d´água era, na verdade um alto minarete.
A baixa altitude e incrivelmente devagar, os três jatos sobrevoaram, camelos, tendas e tamareiras.Bem a frente do nariz do Vixen, num desfiladeiro entre duas dunas estendia-se uma enorme pista de concreto, orlada de construções baixas.Tendo sobrevoado uma montanha de areia, Adriana avistou nada menos que uma base militar, com muitas pistas de pouso espalhadas na profunda garganta.Escapou-lhe um suspiro de alívio.Seu rádio continuava em silêncio.Todavia, era evidente que os dois sheiks do ar queriam que ela aterrissasse. Abrindo o trem de pouso ela inclinou em dois graus as asas do aparelho a fim de corrigir sua linha de aproximação.O Vixen desceu trinta metros em pouco mais de um quilômetro, aproximando-se da larga pista.
O sinistro falcão continuava acompanhando-a.estava a milímetros dela quando as suas rodas tocaram o solo.E Adriana não pode conter um grito de pavor ao compreender que o F-15 pretendia aterrissar ao seu lado.
_Meu Deus! Que está fazendo esse doido? 
Nenhuma aeronave era capaz de manobrar durante o pouso.Ou avançava em linha reta, até para,ou batia.
Suas rodas traseiras tocaram o solo a uns quatrocentos quiloômetros por hora.devido à alta velocidade e ao calor que subia do concreto, o nariz do Vixen.se recusoua baixar.Violando todas as regras de pouso, Adriana ultrapassou as marcas pintadas no centro da pista.
O F-15 desceu como um garanhão empinado.Suas rodas traseiras soltaram fumaça quando a borracha tocou o solo. Com o nariz ainda voltado para cima, por pouco não se chocou com a traseira do Vixen.se a colisão fosse muito violenta, ele simplesmente a atropelaria.
_ Eu mato esse cara!
Adriana com tanta força o manche que chegou a cravar as unhas nas palmas das mãos. Abriu os flaps, e o nariz do Vixen baixou, as rodas finalmente tocaram a pista; ela acionou, desacelerando devagar.com pouco espaço a sua frente, fechou os olhos, apertou os dentes e pisou nos freios.sentiu o corpo todo tenso, esperando o impacto
por trás.
Não houve colisão.O Vixen deslizou lentamente, sem choques nem explosões.
Adriana abriu os olhos.estava viva! Com precisão profissional, acionou os diferentes comandos do painel, fechando o reverso, acendendo as luzes de terra , nivelando os flaps, destravando o manche de solo. O avião finalmente parou, tinha uns vinte metros de comprimento a sua frente.
O jato do Kuweit continuava à sua calda.O saudita pousou bem depois .fazendo tudo trepidar, havia passado por cima dela em vôo rasante.Adriana interpretou a manobra como um modo de assegurar que ela não se atreveria a tentar escapar novamente.
Se tivesse combustível, bem que tentaria.Com tanques vazios, não lhe restava senão taxiar. 
Era evidente que tinha aterrissado em instalações militares fortemente armadas.
Os hangares semi- enterrados na areia abrigavam aviões e helicópteros equipados com bombas e foguetes.
O ruído dos motores dos aparelhos prestes a decolar fazia vibrar o ar do deserto.ali se encontrava uma variedade de aviões que ela nunca tinha visto juntos:Hanrier e Tornado ingleses, F-14 e F-15 americanos e Mirage franceses.O dinheiro dos saudita era capaz de comprar tudo, pensou.
Um balizador fez sinais com sas bandeirolas , orientando-a a rumo às vagas de estacionamentos curiosamente marcadas.A fuselagem azul e branca do Vixen contrastava com a multidão de jatos de combate com camuflagem para o deserto.Os dois palmos do horizonte, o sol ainda alongava as sombras.
Quando ela finalmente estacionou, o balizador travou suas rodas com blocos de madeira.Adriana relaxou o corpo na poltrona e deixou os braços caírem flacidamente. 
O relógio digital estava marcando 8:27 da manhã.
Omar, o Fantástico, se aproximou e deteve o terrível F-15 bem a sua frente, nariz com nariz.O jato de guerra era três vezes maiores que o dela.Por sorte, os lançadores de foguetes estavam apontados para o céu, bem acima de seu cockpit.Adriana sentiu vontade de saltar para fora e arrancar o piloto do seu banco, esbofeteá-lo, chuta-lo ,moê-lo.
Ele a fitou através do pára-brisa em forma de bolha e sorriu.
_Ora seu grandíssimo ...!_ Todo o medo tinha se transformado num ódio corrosivo.Condicionada por anos de treinamento, desligou todos os sistemas mas continuou olhando pra ele._Você e eu, Omar sozinhos, a dez passos um do outro, a arma que você escolher.Aqui mesmo, agora,em plena luz do dia.Você me deve satisfações. 
Duvidava que o arrogante brutamontes estivessem compreendendo as suas palavras, mas decerto imaginava o que ela estava pensando.Já não sorria.
O ar condicionado ainda estava circulando quando a porta do cockpit do Vixen foi aberta.Uma baforada de ar quente invadiu a cabina.Um soldado se aproximou para tira-la do assento. Detendo-se de súbito, voltou-se e gritou para alguém atrás dele que o piloto era uma mulher, uma loura.Innaeho gaemil ash’er.
Nem mesmo aquela intrusão fez com que ela tirasse os olhos do piloto.
Um enxame de invasores entrou precipitadamente pela porta de passageiro, e rosnando ásperas e incompreensíveis palavras, pôs a revistara aeronave.
Por via das dúvidas, Adriana tomou medidas de segurança, ou seja, codificou os programas antes de desligar todos os sistemas.O sofisticado computador que monitorava cada função do Vixen podia ser acionado com um a senha. O avião estava seguro. Podia ser rebocado ou erguido com um guindaste, , mas voar, não voaria.
Por isso, Adriana Bennett pôde sair tranquilamente do cock pit e descer ao tumulto da pista. Antes porém tirou um lenço colorido do pescoço e com ele prendeu o cabelo à nuca.O vento estava forte e quente.Ela não queria que o cabelo atrapalhasse quando estivesse tentando descobrir o que estava acontecendo ali e negociando combustível.
Instalada a desembarcar, finalmente obedeceu, levando consigo a pasta de couro e um dicionário de bolso inglês -árabe. 
Mal conseguia endireitar a espinha, passara muito tempo sentada.Estava quase desidratada e como corpo dolorido.Tinha se esquecido da fome e do cansaço uma hora antes, no aeroporto do Kuweit. O calor lhe fez bem depois de tanto tempo a atmosfera rarefeita do Vixen 2000-2.Alheia se voltou para observar o piloto que também desembarcava.Um deles teve a audácia de lhe tocar o cabelo. O olharfrio e severo que ela lhe endereçou fez com que o rapaz afastasse a mão como se tivesse sofrido uma queimadura.
_ Se você me tocar outra vez, garoto, eu lhe quebro uma costela.
Todos a examinavam como se estivessem vendo um extraterrestre.Com um misto de reverência, medo e surpresa ante ao seu modo de se vestir, deram-lhe passagem.
Ela tornou a olhar para o pilotodo F-15, intuindo que seu destino repousava nas mãos dele.Oxalá falasse inglês.Com um pouco de sorte, era possível que tivesse sido treinado nos Estados Unidos.
Adriana encarava os pilotos militares como homens feitos sob medida, selecionados segundo padrões preestabelecidos, para caber nos cockpits cada vez menores.Raramente passavam de um metro e sessenta e cinco.Além disso, eram todos empertigados e arrogantes.Com um metro e noventa cada um , seu pai e seu irmão mais velho fugiam os moldes da força aérea.E o mesmo se podia dizer do homem de um uniforme de campanha que acabava de descer ao asfalto. Tinha pelo menos vinte e cinco centímetro a mais que os nanicos a sua volta.E seus ombros eram largos do tipo que qualquer garota da altura dela sonharia encontrar numa pista de dança. 
Adriana reparou imediatamente em seu rosto com barba por fazer, em seus olhos escuros e na marcante combinação de traços que compunham suas feições inquestionavelmente belas .A boca era o que mais chamava a atenção.Uma boca sensual e generosa que , naquele momento, se dilatavam num sorriso.
Nenhum dos soldados que a cercavam era capaz de olha-lo nos olhos.Não passavam de arraia miúda.Sem fazer caso deles, ela se concentrou exclusivamente no sr. Arrogância, que vinha em sua direção.
O homem tinha alta patente.Quando se aproximou, todos bateram continência e se afastaram. Ela notou a s estrelas de ouro em seus ombros.E ficou tensa ao ver que a uma voz de comando dele, os soldados recuaram prontamente, abrindo-lhe caminho. Ele se deteve a meio metro dela e a fitou nos olhos.Uma faísca de surpresa brilhou fugazmente em seu olhar, mas não tardou em desaparecer atrás de uma expressão imutável.
Depois, com insolência, mediu-a da cabeça aos pés.Mais de uma vez, seu olhar viajou em seu corpo ao belo avião atrás dela e vice-versa . Adriana viu um ligeiro rubor tingiu-lhe a pele, ao tempo em que suas narinas se dilatavam, como se ele acabasse de sentir o seu perfume. 
Todo o corpo dela reagiu à inesperada avaliação de seus atributos.Adriana não costumava levar desaforo para casa. E antes, que aquele homem voltasse a fixar os olhos escuros nos seus, ela lhe desferiu uma sonora bofetada .
_seu porco!Você quase destruiu meu avião!Quase me matou na aterrissagem!
Ele lhe agarrou o pulso com violência.
Pode ser que eu ainda tenha esse prazer_disse em inglês.Chamou um oficial que acabava de descer do compartimento de passageiros do Vixen. Sem solta-la , teve com ele um breve diálogo em árabe.Depois, voltou a atenção para Adriana novamente.A pressão em seu pulso se intensificou._Onde está o sheik Haj Haaris?
_Como vou saber?_ retrucou.
_Não brinque comigo mulher. Não vou cair nessa a vida de meu pai esta em jogo.Onde estão os passageiros?
_Que passageiros?Eu não tenho passageiro nenhum.
Adriana engoliu em seco , sentindo-se em grande perigo quando entregou seus documentos ao ordenança que acompanhava o piloto.
Naquele momento, outro jato decolou com um ruído ensurdecedor. Durante algum tempo, ela não conseguiu ouvir o que o homem estava gritando. Só viu as veias se dilatarem em seu pescoço e em suas têmporas.
_Quando você saiu do Kuweit, o bombardeamento já tinha começado.Onde está o sheik Wali Haaris?Você o abandonou no aeroporto?
Ela falou entre os dentes:
_Se quer uma resposta, é melhor soltar-me.
Ele aproximou o rosto do rosto do dela e lhe apertou o pulso com mais força. 
_Vai responder sim.como se apossou do avião de meu pai? Seduziu algum de meus irmãos para que o dessem de presentes?
Adriana perdeu o controle.
_Quê?_ Tentou se livrar do punho de aço que a prendia._Escute aqui, Omar, acontece que ,por acaso fui eu quem projetou este avião.ainda não foi entregue ao sheik Haj Haaris.eu acabava de chegar ao Kuweit para entrega-lo.Meu pai ficou lá, e as bombas estão caindo por toda parte.Não consegui pousar.a torre de controle e o terminal explodiram na minha frente quando eu estava me aproximando da pista.Por enquanto, o Vixen continua sendo meu, pois pertencem à minha empresa. Quanto a seduzir seu irmão, você quer que eu lhe diga aonde sua família pode ir?
_Qual é o seu nome?
_ Adriana Bennett. E seu , Omar?
_O jovem tenente vasculhou os documentos que Adriana trazia na carteira_ passaporte, cartões de crédito, declaração de bens.Só dois outros documentos faziam parte de sua bagagem:o da propriedade do Vixen 2000-2 e a licença de exportação em favor das industrias Bennett._Os documentos da mulher estão em ordem general Haaris.No passaporte, não há carimbo de entrada no Kuweit.Talvez ainda não tivesse aterrissado.
_Foi o que eu disse.
_Tire-a da minha frente_ ordenou o árabe._ Deve ficar confinada.
_Ei, espere um pouco!_gritou Adriana, ainda tentando livra-se._Você não pode me prender!Sou cidadã americana, seu bárbaro!
_Mulher, srt.Bennett_disse ele_, você é uma mulher .Não tenho tempo para o seu desafio.Há problemas militares,e meu país precisa de mim.Você e seu aviãozinho vão ter que esperar. Mas garanto que não vou me esquecer do nosso duelo.
_É mesmo?_Adriana finalmente conseguiu safar.
O piloto a percorreu uma vez mais com os olhos quando ela deu meia volta e se afastou.Olhando para os longos cabelos louros que lhe desciam quase até a cintura, gritou em árabe par o jovem oficial:
_Leve a srta. Bennetta Anaiza de helicóptero imediatamente.Diga a al-Dia-Allah que ela vai ficar isolada conforme a lei do Islã.Nenhum homem deve tornar a ver seu cabelo solto ou descoberto.Compreendido?
_Sim, senhor!
Adriana se voltou sem compreender uma palavra , mas não teve tempo de fazer perguntas, pois um jipe lotado de soldados armados até os dentes parou a seu lado.
O tenente se sentou ao volante, e adrana foi conduzida ao banco de passageiro.Um soldado jogou no assento traseiro a sacola com seus objetos pessoais.O veículos arrancou.
General voltou com passos largos para junto do F-15 ao mesmo tempo em que a equipe de solo começava a recarregar os lançadores de mísseis.
Adriana nada mais viu quando o jipe passou por trás de um muro de arrimo.Pouco além do banco de areia seguinte, uma esquadrilha de helicópteros levantou vôo e se dirigiu para o norte.
Outros jatos sacudiram o ar, levantando areia.Ela toldou a vista e concluiu que os sauditas estavam dispostos a empregar naquela guerra todas as armas de que dispunham.
O jipe freou com um gemido agudo ao lado de um antigo helicóptero Huey.Adriana compreendeu que seria levada a algum lugar e protestou por ter subir a bordo de outra aeronave sem haver podido usar as instalações do aeroporto.
A resposta do tenente comprovou seu domínio do inglês. 
_Não temos instalações para mulheres aqui.é um grande insulto para os soldados tolerarem a sua presença entre nós.Uma mulher não deve mostrar seu rosto nem o cabelo em público. Estamos na Arábia saudita, gaemil. 
Capítulo 3
Adriana fez um grande esforço para se controlar, pensar e acalma-se.estava cansada,assustava, desidratada cercada por incontáveis homens armados e hostis, cujo idiota ignorava. Aqueles árabes a olhavam com...bem, era difícil dizer o que significavam tantos olhares duros e perturbadores.
O que ela fazia sobre a Arábia Saudita cabia num dedal.Fizera um estudo genérico da arte islâmica, com objetivos de produzir designs mais ao gosto dos clientes do Oriente Próximo.À parte isso, tudo que sabia da região era o que divulgavam os jornais e a televisão sobre terroristas e suas bombas, as intermináveis guerras intestinais, os golpes de Estado, os atentados.Mesmo assim, nunca dera atenção a tais cosias.Não se lembrava de haver conhecido um só árabe em seus vinte e quatro anos.
Sim , o sheik Haaris em San Antonio uma vez fechar o negóciodos Vixen, mas ela não participara das reuniões.Seu pai e Matthew, com seus dotes de sedutor, tinham se encarregado das negociações.aliás, no dia em que o sheik vestido de branco visitou a loja Bennett, as seis mulheres que trabalhavam tiveram folga.
Do mesmo modo, ela e suas duas irmãos, também empregadas da empresa do pai, não precisaram viajar os oito quilômetros até a fábrica.Margaret,Katie e Adriana morreram de rir e fizeram piadas das astutas manobras do pai para conseguir o contrato altamente vantajoso.Só Adriana manifestara a sua contrariedade com aquele ato repressivo posterior em pilotar o Vixen até o Kuweit.
Agora, desejava nunca haver se ocupado daquele projeto.Estava preocupadíssima com pai.Que lhe teria acontecido?Acaso o 2000-1 tinha explodido, pegado fogo ou sido atingido por uma bomba? E o tio Jack, e o hangar, e o material de solo? Que teria acontecido com a pata choca , o velho DC-7? 
Um milhão de perguntas lhe crivaram a mente enquanto o helicóptero atravessava o deserto, rumando para o oeste.Que pretendiam os sauditas?Será que ela e seu pai seriam reféns em algum jogo político idiota?
Seu pai tinha clientes importantes naquela parte do mundo, no entanto, por mais que se esforçasse, ela não conseguia se lembrar de um único nome.Que fazer?
A impossibilidade de dar respostas a suas próprias perguntas só fazia intensificar a dor de cabeça que a atormentava.Adriana fez boa parte da viagem como os olhos fechados e os dedos pressionados na testa.
Depois, endireitando subitamente o corpo, arregalou os olhos e se pôs a olhar para quanto se podia ver\-as cabeças cobertas com fones de ouvido do piloto e do navegador do helicóptero e, Além do pára-brisa, o ondulado do deserto de areia parda.
Tarde demais, percebeu. Devia ter procurado pontos de referencia desde o começo, anotando as direções, preparando um plano de fuga antes de se tornar prisioneira.
E olhando para a paisagem uniforme que se desdobrava ante seus olhos, deixou escapar um gemido.
O helicóptero estava descendo num heliporto claramente demarcado no alto de um aglomerado de construções, no flanco rochoso de uma montanha. Os declives eram fortes e áridos .Ela não viu nenhum outro sinal de civilização nas proximidades daquele posto avançado à beira do nada
Ao que tudo indicava, estava numa prisão.
Quatro homens subiram correndo uma escada externa e se aproximaram de uma escada externa e se aproximaram do helicóptero.Todos com vestes largas que lhes chegavam ao tornozelo.Dois deles vinham armados de fuzis de assalto AK-47.Para grande alívio de Adriana, o terceiro parecia mais gentil.Curvou-se com toda reverência diante dela e lhe ofereceu a mão longa e magra para que desembarcasse.O quarto se encarregou de sua bagagem e da pasta de couro.Inclinando-se sob as lâminas da hélice, os quatro a acompanharam a escada abaixo e uma espécie de pátio cercado.Com suas silenciosas 
Chinelas , o carregador ia diante , abrindo e fechando pesadas portas entre os quintais.A roupa listrada se sacudia junto a seus tornozelos ossudos, porém Adriana só conseguia se concentrar no turbante preto com uma cauda de seda que lhe caia no centro das costas.
Passaram por uma séries de portões.Os dois grandalhões de fuzil não diziam uma palavra; Fitavam nela seus vigilantes olhos negros com a mesma desconfiança dos soldados. O terceiro se mostrava visivelmente preocupado e ia fazendo muitas perguntas, as quais Adriana não podia responder porque não conseguia ouvir com o barulho do rotor do helicóptero que tornava a levantar vôo.
Ela vasculhava na mente em busca de cada partícula de conhecimento para defesa e a sobrevivência que acumulara em muitos anos diante do televisor .Sabia que iria para prisão e nada podia fazer para evita-lo.
Sentiu-se ainda mais atordoada ao entrar num salão ladrilhado e ornado de belas colunas, cuja as vastas proporções lembravam os imponentes prédios governamentais.Uma ampla escadaria balaustrada levava ao frescor do andar superior.Tendo percorrido um longo corredor forrado de tapetes persas e adornado com vasos de plantas exóticas, sem parar para falar seu inglês sofrível, o homem abriu uma porta de duas folhas que dava para um aposento particular. 
Adriana, que esperava um a cela austera, ficou boquiaberta naquela suíte que merecia aparecer em qualquer revista de decoração.
No caminho, os dois guarda-costas armados tinham desaparecido atrás das volutas.O ágil carregador deixou a bolsa de lona e a pasta de couro e desapareceu.O homem alto e magro, que tão valentemente se confrontava com a língua inglesa, abriu outro par de portas, mostrando-lhe um dormitório tão ostensivamente luxuosos, que Adriana ficou sem palavras.
_ Isto... fique à vontade...lala, sim?_disse ele desajeitadamente.
_Vou ficar aqui?
O homem se curvou três vezes e fez um gesto , tocando a cabeça , os lábios e o peito,Depois, com um sorriso nos lábios, voltou a endireitar o corpo.
_ Aqui , sim! Aqui vai comer, dormir, tomar banho, descansar. _com ar desanimado , levou a mão a testa.
_Perdoe-me o ...meu inglês ...por favor, mademoiselle.Há muitos anos não falo estou enferrujado.Por favor, fique `a vontade.A senhora deve estar cansada.Descanse.Tome um banho, lave a areia da viagem.O almoço estará pronto quando sair do banho._Quer uma mulher para ajudar?
Adriana olhou para a mesa baixa aonde o carregador tinha deixado a bagagem.
_Não tenho tudo que eu preciso.Obrigada.
Talvez isso seja uma espécie de hotel, pensou ela quando o homem saiu, deixando fechadas as portas externas.
Pareceu-lhe difícil acreditar em tal hipótese quando mergulhou o corpo exausto numa gigantesca banheira de água quente, que borbulhava e lhe envolvia deliciosamente os membros entorpecidos.Nunca estivera num hotel equipado com tanto luxo e abundância.Se não estivesse com tanta fome, dormiria ali mesmo, arriscando afogar-se. 
Refrescada com o banho e vestindo calças compridas de algodão que trouxera,Adriana voltou à sala de estar. Ali tinha disposto um verdadeiro banquete numa mesa redonda, de tampo de vidro, grande o bastante para acomodar oito pessoas.Ela sentou sem menor cerimônia e com água na boca , contemplou as frutas geladas, a verdura fresca, a carne m diferentes molhos e as travessas de arroz, tudo servido como para um rei.
Primeiramente, provou um forte aperitivo de abricó.Seu estomago se contraiu agradecido.Lembrando-se das boas maneiras estendeu no colo o fino guardanapo de linho e olhou para o homem.
_Posso lhe fazer uma pergunta?
Mas é claro, mademoiselle Bennett. _ respondeu co uma mesura solene empregado.
_Onde estou?
_No palácio de inverno sheik Zayn Haji Haaris.
_Na Arábia saudita?
_Em Anaiza,Arábia.O deserto é igual em todas as partes mademoiselle.
_Não quero entender nada mal , compreende?Esse sheik Zayn Haji Haaris é filho do sheik Wali Haj Haaris?
_O filho mais velho, senhora, com sua primeira esposa,Yaella.Esta era a casa de sua família.O jovem príncipe herdou , é o costume.
Adriana deduziu muitas coisa da explicação simples do árabe.Primeiro e mai importante ela estava em segurança...tanto quanto possíveis naquelas circunstancias.
Erguendo uma sobrancelha em muda aceitação voltou-se para comida.Concentrou-se numa porção d arroz com carne de cordeiro deliciosamente temperada.
Com a fome parcialmente aplacada voltou a pensar nas perguntas.
_ Ali você sabe o que aconteceu no Kuweit?O jornal chegou?Ou melhor , há um canal de televisão em inglês?
O homem a mirou intrigado, e ela chegou a pensar que tinha falado muito depressa, abusando de seus limitado inglês.Logo porém, alterando o olhar perplexo, ele respondeu claramente: 
_Não mademoiselle.Não temos essas coisas.Em Riad, a senhora poderia ter notícias, mas aqui, em Anaiza, quase não sabemos o que se passa pelo mundo.
Adriana não conseguiu dissimular a decepção.
Riad murmurou, imitando a pronúncia do árabe.A que distancia fica Riad? Em quanto tempo eu chego lá?
Ele a olhou de um modo que Adriana só pode interpretar como paternal.Bastaria uma estola verde em sua veste clara e longapara que passasse por um sacerdote.E apesar do básico mal-estar que ela sentia ali, os modos calmos e afáveis daquele homem contribuiu muito para amenizar suas preocupações.As palavras nem tanto.
Não é a distância que importa, lala, nem o tempo da viagem à capitalA senhora não pode ir.
Por que não?Adriana soltou o grafo no prato.Estava alarmada.Sua calma, depois de tudo por que passara, devia-se ao seu estado de choque.A qualquer momento era capaz de perder o controle> Mas preferiu engolir o medo e não deixar transparecerem as emoções .
_ A senhora é americana , não
_Sou.
_Nunca esteve na Arábia?
_Não , nunca .É minha primeira visita.
Ele abriu as mãos num gesto de resignação.
_Aqui as mulheres não podem viajar sem autorização do pai. Seu pai está no Kuweit, não?
_Creio que sim.
_Pois então , mademoiselle.Quando seu pai chegar,a senhora pede autorização e , se el a der, pode viajar à vontade.
O raciocínio a deixou estupefata.
Sabe como cheguei aqui? Perguntou com certa maldade.
_Sei o sheik Zayn a mandou para cá.
Era a simplificação mais exagerada que Adriana tinha ouvido.
Só para que você saiba Ali ela murmurou com mais simpático dos sorrisos._Eu vim pilotando meu avião no meio da guerra na cidade do Kuweit.
_Guerra no Kuweit, mademoiselle?Não quero corrigir uma hóspede,seria uma grosseria, mas a senhora deve esta enganada.Não é possível.
_Não queria ser portadora de más notícias, mas que nome se pode dar a uma infinidade de bombas caindo em toda parte e a um terminal de aeroporto explodindo diante dos nossos olhos? 
Não sei mademoiselle.Trabalho há muitos anos para o Hji Haarisd.É um homem corretíssimo, fiel as suas convicções.Ele jamais recusaria a sua proteção a uma mulher mesmo sendo estrangeira.Mas não se preocupe, aconteça o que acontecer no Kuwiet, a senhora estará em segurança aqui em Anaiza.
Adriana hesitou ante a maneira sutil como o empregado eludira suas preocupações.Quis discutir, argumentar que ela presenciaria nada tinha a ver com as corrétissimas convicções do homem cujaa hospitalidade era temporariamente obrigada a aceitar.
Você não me entendeu disse com calma._Não posso ficar aqui parada, enquanto meu pai está correndo sabe-se lá que perigos.
Eu entendo.O solene Ali fez um lento gesto afirmativo, como se estivesse refletindo sobre o que acabava de ouvir._Mas vejo que a senhora está cansada da viagem.Precisa repousar.Quando o sheik Haji Haaris voltar deve conversar com ele sobre essas coisas a que preocupam.Eu não tenho como responder suas perguntas sobre o Kuweit.
Ali começou a tirar a mesa.Adriana compreendeu que era inútil discutir.Ele tinha razão quanto a seu cansaço.
A verdade era que estava a ponto de cair ali mesmo.A cama opulenta que tinha visto no quarto a atraía como um imã.Mesmo assim, como conseguiria dormir com tantas preocupação?E o conselho de reservar todas as perguntas ao sheik Zayn Haaris estava longe de tranqüiliza-la.
No estado em que se encontrava , não era capaz de imaginar como haveria de se entender com o protótipo do porco chauvinista que ela esbofeteara na pista.A idéia regou com ácido sulfúrico a magnífica refeição que acabava de comer. 
Adriana olhou para a porta de duas folhas que Ali tinha fechado ao sair com o carrinho de chá. Ouvira o clique da fechadura? Estava presa?Estremeceu ao imaginar que havia um homem de sentinela do outro lado do pau-rosa talhado , com uma submetralhadora Uzi no ombro.Devia levantar-se e verificar?Preferiu não faze-lo e esfregou levemente os olhos.Mesmo esse contato foi doloroso.Fazia muito tempo que estava sem dormir.
Teria muito trabalho para sair daquela situação,concluiu.Mas sabia que estava exausta demais para lidar com problema no momento.
O quarto era fresco, escuro e deliciosamente silencioso, a cama, macia como uma nuvem e os travesseiros aceitavam o peso da sua cabeça e lhe aliviavam a tensão das costas e do pescoço.
Assim que fechou os olhos se viu diante de um dos aviões mais bem projetados que já existiu.À sua frente, encontrava-se o homem mais arrogante do mundo.
Seu olhar cobiçoso não estav no Vixen, mas voltado para ela.
Abriu os olhos.
_Isso é absurdo._disse para deslumbrante opulência que a cercava.
Viro-se de lado, aninhou o crânio latejante nas mãos frias .olhou para o entalhado das venezianas que obstruíam o sol ardente.Que hei de fazer?Por que Omar tinha que ter um nome tão bonito? Zayn. Sacudiu a cabeça no fofo travesseiro.Que fazer?Que fazer?
A resposta àquela e a todas as outras perguntas lhe escapava.Os pensamentos rodopiavam em sua cabeça.Seus bocejos se tornaram mais longos, e Adriana dormiu um sono sem sonhos, do qual só acordaria muitas horas depois.
O destino o colocara nas rotas do Kuweit, a fazer piadas com os dois primos pelo rádio sauditas envolvidos em manobras similares.O destino quase lhe provocara um ataque cardíaco quando o ato de guerra foi confirmado ele viu no céu de Al Kuweit o mais novo brinquedinho a jato de seu pai perseguido por um Mig iraquiano.O destino lhe oferecera uma americana que sabia percorrer os céus como um relâmpago.E o destino não lhe avia negado presença de espírito de manda-la a Anaiza.
Naquele dia, naquele exato momento, ele dava graças a Alá por lhe haver concedido aquele refúgio.E, se Alá fosse misericordioso, em breve, todos os membros de sua família estariam a salvo entre os pacíficos muros de Anaiza.
No harém, o fresco silêncio o recebeu.A porta do quarto estava entreaberta.Seua sapatos de couro não faziam barulho na lã do tapete persa.Uma cálida luz se filtrava pelas antigas treliças de pau-rosa.Os raios oblíquos do sol incidiam sobre as cobertas armafanhadas na cama vazia.Ele inclinou a cabeça tentando escutar.Mas nada ouviu.
Entrou no quarto à procura da mulher que deveria estar lá.
Haviam uma sacola, seu conteúdo se espalhado no banco junto aos pés da cama.As portas do enorme banheiro estavam escancaradas, porém só a escassa luz do dia o iluminava.Zayn apertou o passo ao se aproximar.Não era possível que a mulher tivesse saído dali.Maari acabava de lhe dizer estava dormindo, indiferente a qualquer esforço para desperta-la.
_Quem está ai?_perguntou uma voz vinda do banheiro.
Zayn acendeu a luz.Adriana Bennett se levantou no ultimo degrau da profundo banheira e , apanhando um curto robe de seda , tratou de cobrir rapidamente a pele úmida.Atras dela, a parede espelhada, embora embaçada ,refletia o outro lado se sua tentadora postura.O longo cabelo molhado torcido escorria em suas costas.Com uma careta, ela s inclinou a cabeça.
_Quer você quer? 
Capítulo 4
Uma jovem foi ver Adriana de hora em hora, até o anoitecer, e passou a noite numa esteira junto a cama.
De manhã , Maari informou Ali que a hóspede do sheik continuava dormindo.Ao meio dia a única novidade era que Adriana tinha mudado de posição.Porém, às seis horas da tarde Maari foi chamada a presença do amo e lhe falou do longo sono da estrangeira, o sheikZayn mostrou-se contrariado.
_Quer que eu vá acordá-la, meu Senhor?
_Não. Eu mesmo cuido disso.
_Como quiser , senhor.
Maari voltou a seus afazeres. Alheio ao jantar para ele preparado, Zayn dispensou Ali com um gesto e subiu aos aposentos reservados a Adriana.
No caminho deteve-se para examinar aqueles cômodos que não eram usados desde a morte de sua mãe, dez anos antes.estavam limpos e em ordem, quase todos escassamente mobiliados.Fazia setenta anos que uma concubina não alegrava o palácio de inverno.O harém continuava ali, no entanto, um oásis particular e recluso continuava ali, em meio à enorme construção.Zayn achava um grande desperdício tanto espaço para pouco uso de um homem.Nos séculos anteriores, eram os eunucos que administravam o harém, mas ele não tinha essa gente a seus serviços.Isto não significava que não houvesse guardas bem treinados ali.Para qualquer sheik, seria uma imprudência hoje em dia,tanto no tempo de seu bisavô.
Zayn entrou na ante-sala.Modernizara-a anos antes , como passava a maior parte do tempo viajando,entre o Kuweit , Londres e Paris, raramente visitava Anaiza. Oritmo dos negócios modernos o mantinha voando a jato de um lado para outro.
Nunca nem sequer nos mais desvairados sonhos, imaginava-se com a farda da força aérea, defendendo seu país.Se não tivesse sido obrigado a voltar ao Kuweit para as duas semanas de reciclagem dos oficiais da reserva, estaria passando férias no Cairo como a maioria dos seus conterrâneos. 
Mesmo trajando roupas tradicional ,o kuffiah e o iqual bordado de ouro, Zayn esperava ser reconhecido.
_Já nos conhecemos srta.Bennett.
_Você!¬exclamou Adriana com surpresa.Oh, como ele é alto!Esse rosto emoldurado pelo tecido, como é bonito!_Costuma invadir a privacidade do banho de seus Hóspedes?
Zayn quase riu ante a reação .Ela não tinha consciência de seu esforço para cobrir a parte da frente do corpo com inadequado robe de seda não io impedia de apreciar as belas formas de suas costas e pernas gloriosas.Contendo-se, no entanto, ele a fitou com seriedade nos olhos.
_Você é uma privilegiada, srta.Bennet. Raramente uma hóspede recebe tanta atenção pessoal nesta casa.
_Ora quanta gentileza_ resmungou Adriana ao mesmo tempo que procurava amarra o cinto.Estremeceu ao se dar conta de quanto vulnerável e nua sob o robe.E diante dele!
_Meus criados ficaram muito preocupados paorque você não acoradava.S´vim ver se ainda estava viva, se não estava doente ou ferida.
Adriana ruborizou.a primeira coisa que lhe ocorrera ao despertar tinha sido desfrutar daquela deliciosa banheira novamente.Ainda bem que já havia terminado o banho quando ouviu abrirem as portas do quarto sem bater.Só teve tempo de cobrir o corpo com o robe que ali se encontrara antes que o intruso aparecesse.
_Estou perfeitamente bem_ respondeu ela um pouco tensa, apertando o nó do cinto.
Sem fazer menção de retira-se, o árabe continuou onde estava, admirando ostensivamente as curvas de suas pernas nuas, só achava esquisito faze-lo diante de um homem com mais roupa que um monge.
_Algum problema ?_perguntou.
_Claro que não.Que problema poderia haver na exposição de uma verdadeira obra de arte? Seu corpo é lindo. 
Adriana recebeu o elogio com desconfiança.
-É mesmo?Obrigada.A dona da academia de ginástica que eu freqüento ficará contente.
Indiferente a ironia,Zayn respondeu:
_UM corpo como o seu é uma dádiva de Alá,srta.Bennett, não de uma academia.
_ E você já esta passando dos limites.Que está fazendo aqui?
_Só fiquei preocupado porque você não acordava.
_Culpe as muitas horas de viagem, o estresse , ter voado numa zona de guerra, com um maldito avião caça no meus calcanhares.Mas já estou acordada.Se você me conceder um pouco de privacidade para me vestir, podemos conversar... lá fora.
_Como quiser.Vou espera-la na ante-sala._Zayn se curvou com elegância saiu do banheiro e fechou as portas.
_Caramba! Isto é que é sentir-se vulnerável!_suspirou Adriana.
Correu ao gabinete e tateou no tampo de mármore em busca das lentes de contato que ali tinha deixado.Vestiu-se apressadamente, trocando o robe pela calça de linho e a blusa.Passou a escovar nos cabelos molhados e os prendeu num coque.Preferiu ficar descalça.Era uma características texana.Sempre que possível, renunciava aos calçados.Por outro lado,Omar estava a sua espera lá fora, se pudesse as botas, provavelmente se sentiria tentada a lhe dar um pontapé.
Fechando a porta atrás de si,Adriana foi para a espaçosas ante-sala.Zayn havia acendia todas as luzes.
Ela teve a estranha sensação de que o cômodo tinha encolhido durante seu sono, ou seria a presença dele?
O jovem sheik estava de pé e se voltou quando ela entrou. 
Adriana se recusou a olhar diretamente para ele.Quando finalmente se dispôs a erguer a vista para aquele belo homem, notou uma sombra de contrariedade em seu olhar.
Em seu primeiro encontro, ela tivera a impressão de que Zayn tinha o rosto de pedra, incapaz de mostrar o que estava sentindo.Agora, no entanto, parecia sentir-se bastante livre para deixar transparecer alguma coisa.A desaprovação era evidente.Por que?
No banheiro, mesmo sem as lentes de contato, ela notara o brilho de aprovação em seus olhos negros e sensuais.Mais importante:sentira-o .A súbita mudança a desconcertava.
_Venha, sente-se.Vamos conversar_pediu ele num tom formal.
_Mandei trazerem chá.
_Algo mais forte._Adriana se ajoelho e abriu a porta de baixo do carrinho.Encontro duas latas de refrigerante.
_Esta procurando uísque?
_Adriana se levantou.Tinha notado um tom de censura em sua voz , mas não estava disposta a tolerar tal atitude.
Já tinha passado da idade.
_Não acabo de acordar, Omar.Prefiro um café.
_Café _repetiu ele.Foi até o interfone e, em ríspido árabe, mandou trazerem a bebida.
Enquanto esperava, Adriana se serviu de água e gelo.
Queria adiar o confronto com aquele homem.Obviamente não sairia enquanto não tivessem conversado.Ela depositou o copo vazio na bandeja e se voltou e se voltou para ele.
_Muito bem, E agora sheik Haaris?
_Venha sentar-se.por favor.Temos vários assuntos a tratar.Não precisa ter medo de mim.Afinal nossos pais estão fazendo negócio, não?
_Tecnicamente sim, _respondeu Adriana evasiva.
Tornou a encher o copo de água evitando aproxima-se de Zayn, que de algum modo, a atemorizava.Não.Era mais que isso.Havia alguma coisa que desequilibrava o ar entre eles, uma espécie de corrente ou estranha vibração que a arrastava para aquele homem.Adriana oferecia a resistência que podia, pois não sabia o que eu fazer. Por outro lado, Zayn era tão atraente que a fazia simplesmente desejar abandonar-se, deixar-se falar por aquela coisa... fosse o que fosse.
Ali não haviam poltronas isoladas, apenas modernos sofás modulados.Já que tinham de se sentar, ela escolheu o módulo do canto de um deles, instalou-se e encolheu as pernas junto ao peito.
O sheik ficou em pé ainda um momento, observando-a.
Não gostava dos seus cabelos retorcidos num coque.Também pouco lhe agradava aquela calça moderna e aquela blusa solta duas vezes maiores que ela.Adriana ergueu um pouco mais o queixo firme e , mesmo sem nada dizer deixou claro o seu desafio.As sobrancelhas erguidas e a expressão da boca diziam que estava disposta a lutar muito antes de abrir mão de qualquer coisa que considerasse importante.Seus lábios carnudos sugeriam uma mulher de natureza apaixonada.Uma conquista seria doce e compensadora para os dois, pensou Zayn e ,sorrindo interiormente, sentou-se no sofá da frente. 
Adriana observou com cuidado.As bordas de sua veste bordada de ouro se separaram, expondo-lhe a calça escura e evidentemente feita sob medida.Suas pernas eram longas e esbeltas.ela tento manter mos olhos fitos nos dele, muito embora achasse difícil não percorrer aquele esplêndido exemplar de homem.Que além de tudo, pilotava jatos como poucos.
Reparou em seus finos sapatos feitos a mão, no levíssimo perfume de sua loção de barba exclusiva, em seus dedos e nas unhas bem cuidadas, Afinal , não era todo dia que agente topava com um sheik de verdade... o equivalente ao um príncipe.
Zayn achou curiosa aquela calada avaliação.Viera preparado para ouvir um interminável bla, bla, blá.Onde estavam os medos?Por quê, depois de haver ostentado por duas vezes o corpo magnífico diante dele , esforçava-se tanto pra ocultar a cintura fina, os seios generosos e as pernas longas e bem torneadas? E o cabelo... ela tinha estragado tudo prendendo-o num coque. Que jogo era aquele?
_Pois bem_ disse Adriana bruscamente, olhando para sua boca escultural._Você quer conversar, não?Tem notícias?
_Notícias, você quer notícias?
_Claro que sim.Que aconteceu no Kuweit?Foi um ataque terrorista, uma revolução ou um golpe de estado?
_Pior que isso_ respondeu Zayn._O Kuweit foi invadido por um país vizinho com um exército muito numeroso.
Adriana franziu a testa.
_O país inteiro? Meu pai está a salvo?
_Ninguém esta a salvo no Kuweit neste momento, srta. Bennett.O aeroporto foi um dos primeiros alvos do Iraque está controlando as três fronteiras.Fora isso, não tenho mais informação a lhe dar.Ninguém tem.
O que lê acabava de dizer não podia ser mais atordoante,Adrianao encarou.Não conseguia acreditar.
_Isso é impossível, não?
_É a pior notícia, que eu e meu país já recebemos.Mas se for possível, srta. Bennett, o impossível aconteceu.Um ato de agressão já denunciado por todas as entidades políticas, mas não impossível.
_Por quê? 
_Os motivos da invasão não estão claro, mas se relacionam com o petróleo e a renda que ele produz. Afinal , todos se baseiam na ambição e riqueza, não?
_Não sei_disse Adriana, engolindo em seco.__Em meu pai?Onde está?Será que reabasteceu o Vixen e saiu do país?Estaria aqui na Arábia Saudita a minha procura?
_Não sei onde seu pai se encontra neste momento.Mas duvido que tenha conseguido sair do aeroporto.
_Meu Deus!_Adriana tornou a engolir em seco.Apertou os dedos nas têmporas, tentando pensar._Eu não deveria ter dormido.Preciso telefonar imediatamente pra casa e saber o que querem que eu faça.Se papai ainda estiver no Kuweit preciso ir busca-lo.Pode me levar ao telefone internacional mais próximo?
_Não srta.Bennett.Lamento, mas não posso.Meu tempo aqui é muito limitado.Na verdade, estou a disposição do emir do Kuweit para assuntos militares.Você compreende, estamos em guerra.
_Sim claro, eu entendo.Mas preciso telefonar para saber do meupai.
Seu pai está como qualquer outra pessoa no Kuweit.
_ E se tiver sido seqüestrado por um grupo de fanáticos?
_Todas as pessoas do Kuweit foram detidas pelos militares iraquianos.Não houve esclarecimento específico sobre a situação dos cidadãos americanos no país.
_Que quer dizer isso?
A resposta do sheik foi adiada pela chegada de Ali com o café.Zayn Haaris serviu uma xícara para ela dizendo:
_Você vai achar nosso café bem mais forte que dos Estados Unidos.
Adriana sentiu o aroma primeiro.era bom, prometia anima-la .O sabor era diferente.Ela tomou com prazer pensando enquanto bebida ajudava a pensar com clareza e sentir-se alerta.Era tão forte que ela não precisou tomar sua três xícaras habituais.
_ É muito melhor_ disse
O sheik inclino, notando o suspiro de alívio em suas palavras.Era uma mulher lindíssima, apesar da roupa e do cabelo preso sem cuidado.Ele achava agradável observa-lhe os tímidos movimentos, examina-la.Não era capaz de lhe adivinhar a idade. 
_O café é muito bom._Ela se encostou no respaldo do sofá, a xícara e os pires na mão, e olhou para o homem a sua frente._Agora, vamos ao que interessa.Preciso voltar ao meu avião imediatamente.Imagino que você possa providenciar isso para mim.Evidentemente, não tenho visto na Arábia Saudita, mas tenho certeza de que o Departamento de Estado e seu governo compreenderão como vim para aqui.
A afirmação caiu como uma bomba na sala silenciosa.Adriana ficou tensa.
_estou presa?
_Estes não são os aposentos de um prisioneiro, srta.Bennett, pode ter certeza.
_Bandido!_gritou Adriana._Você está ameaçando fazer de mim uma refém.
_Eu repito:estes não são aposentos de um refém nem de uma pessoa detida.Não me insulte.
_Então eu estou livre para ir embora?
_Não.Lamento informa-la que não está livre para ir a lugar nenhum.Estamos na arábia Saudita,srta.Bennett.Aqui as mulheres não dirigem automóveis nem pilotam aviões.
_Preciso lembra-lo que sou uma cidadã americana?
_A cidadania é irrelevante no deserto.aqui, você continuará sendo uma hóspede de honra.Será bem tratada e ficará em segurança até que possamos providenciar para que saia do país.
_Eu não vou ficar aqui!
_Senhorita Bennett_Zayn relaxou nas almofadas do sofá_, você está na Arábia Saudita.Aqui as mulheres cobrem as cabeças, usam véu e não vão a lugar sem a companhia de um homem.Infelizmente você não tem parentes aqui.Portandto,como filha de um homem que tem relações comerciais com o seu pai ausente, a responsabilidade pela sua segurança é minha.
Você só precisa permanecer em Anaiza. A lei que proíbe as mulheres viajarem sozinhas é cumprida com rigor.
_Não quero que venha a ter mais dificuldades que o necessário.agora, sugiro que solte o cabelo e relaxe.
_Deixe meu cabelo em paz. 
_Eu gostaria que nossa conversa prosseguisse numa atmosfera menos carregada de desconfianças.
_Oh!é mesmo? Sabe de uma coisa,Omar, tire os sapatos e e relaxe como eu, talvez então pense em soltar o cabelo.
_Você não tem nada a ganhar falando comigo nesse tom.
_Está querendo dizer que , se eu usar meus encantos femininos, soltar meu cabelo e fizer um ostensivo esforço para seduzi-lo , você vai se tornar maleável como plastilina em minhas delicadas mãos?
O sheik se esforçou para não rir.
_Cara srta.Benntett, eu não estou querendo dizer nada disso. Nem me ocorreria descrever suas mãos como delicadas.acho que não há nada delicado em você.Isto não significa que eu não me deixaria seduzir. Um pouco alta para meu gosto, mas seu cabelo poderia compensar esse defeito se o soltasse e me deixasse vê-lo.
Adriana ficou tensa, os músculos de seu maxilar se retesaram .
_Olhe vamos examinar os fatos, ok ? Eu quero voltar ao meu avião.Você precisa de dez segundos para dar uma ordem e providenciar um transporte.Tenha a bondade.Eu estarei fora da sua vida no momento em que eu ligar o motor do Vixen.
O sheik fitou em Adriana um olhar curiosamente vazio e perturbador.Tomou seu café e disse brandamente:
_Escute, eu não estou aqui por necessidades,não por minha vontade.Certamente os governos envolvidos compreenderão.
_Os motivos de sua presença não importam.Você não tem escolha senão obedecer as leis do país em que se encontra.Se desprezar os costumes ,garanto que terá que enfrentar conseqüências que não serão do seu agrado.
Como posso deduzir que conformar-se é a ultima coisa que você pretende fazer, vai permanecer em Anaiza.em segurança e a salvo, até que eu possa entrgá-la asua família nos Estados Unidos.
Adriana tentou relaxar. 
_Se for absolutamente necessário, eu posso me adaptar aos costumes.Não quer dizer que eu tenha gostado deles. No entanto, estou dizendo que não vou voltar aos Estados Unidos sem meu pai e meu tio Jack.Se isto significa que terei de ir ao Kuweit com véu , tudo bem!Posso manter intactos os seus costumes e tradições.Mas não volto sem meu pai e meu tio.
Pela primeira vez, Adriana detectou um brilho de ternura no olhar do árabe.Um leve sorriso lhe passou pela boca sensual._Admito a sua determinação.tanta coragem diante de tanto perigo é louvável,embora impraticável.Mas tampouco posso deixa-la fazer isso.Você não compreendeu bem o perigo.Eu não conseguirei conviver com minha conciência se lhe acontecer algo que eu possa evitar.Tenha certeza que durante todo o tempo em que ficar reclusa em Anaiza, você estará sob minha proteção.
_Reclusa!_Adriana quase se levantou de um salto ao repetir a palavra._Olhe, como você que quer que eu me reúna a meu pai e conclua o negócio que viemos fazer no Oriente Médio?
_Enquanto não se resolveram os problemas no Kuweit, nenhum negócio será concluído.Foi um erro você ter vindo pilotando o segundo aparelho.Em erro que sua família deve estar lamentando agora.Estive examinando os documentos referentes aos Vixen que meu pai encomendou.Nenhum deles fala numa mulher como piloto.Sei que em seu país, algumas mulheres exercem essa profissão.Mas aqui é outra latitude.Suas escolhas são extremamente limitadas.
_Eu me oponho totalmente a essa história de purdah.Não me submeterei a isso.Preciso encontrar meu pai.Viemos aqui a negocio.Tenho um trabalho a fazer e quando terminar, voltarei diretamente para casa.
_Não quero que esta nossa conversa se transforme numa disputa de vontades, stra.bennett.Você é minha hóspede.O Kuweit se transformou num caos.Você permanecerá em Anaiza.
_Um momento, sheik Haaris.Temos um problema muito grave.E não quero ficar em Anaiza.Quero sair da sua casa imediatamente. 
Se não posso viajar livremente devido à situação delicada do Kuweit, prefiro ir para a capital para a embaixada mais próxima.
_Antes, você....
_Oh, não!_ela não sem ter dito tudo que queria._Eu posso pagar minha estadia neste país e em qualquer lugar do mundo.Não preciso de um novo tio ou muito menos de um irmão mais velho.
Os dois que tenho em casa são mais

Continue navegando