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Questões Cap 2 e 3 Economia Contemporânea Brasileira

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1.Porque a vitória eleitoral de JK em 1955 representou a vitória dos herdeiros do 
getulismo?? (p. 27) 
 
JK foi apoiado pelo partido PTB, antigo partido de Getulio Vargas. Pela mesma legenda, foi eleito 
para vice João Goulart, assegurando a vitória dos partidos herdeiros do Getulismo. 
 
2.Quando JK assume a presidência a maior parcela da população vivia no campo. Qual a 
importância relativa do setor rural no PIB brasileiros? O que dizer da indústria de 
transformação? (p.27 e 30) 
 
 A importância relativa do setor rural se refletia na participação do setor agropecuário no PIB, 
que ainda era 21% em 1956, peso semelhante ao da industria de transformação. Justamente 
esse atraso econômico que JK se empenhou em reverter. 
 
3. Como pode-se aferir o sucesso do Plano de Metas? (p.28) 
 
 O êxito desse plano em termos de aceleração da taxa de crescimento econômico é confirmado 
pelo comportamento do PIB. Após um crescimento modesto (2,9%) em 1956. Em 1957 e 1960 a 
economia brasileira cresceu, respectivamente 7,7%, 10,8%, 9,8% e 9,4%. 
 
4.Porque ao término do mandato de JK a inflação girava na faixa de 30% a 40% ao ano 
(IGP)? (p. 284.) 
 
Para dar visão aos novos níveis de produção houve muita expansão de crédito. O aumento das 
importações para alimentar a indústria automobilística a emissão de moeda para obter 
investimento estatal a pagamento de impostos externos, e o pagamento da divida com o capital 
associado são alguns dos motivos das altas taxas de inflação. 
 
5. O que se pode dizer quanto ao déficit da União, em termos reais, entre 1956-1963? (p. 
28) 
 
 O déficit do governo federal dobrou em termos reais entre 1956 e 1963, sendo equivalente, em 
média, a um terço das receitas totais entre 1956 e 1960, e 50% entre 1961 e 1963. 
 
6. A que podemos atribuir a perda de dinamismo da economia brasileira, com 
desaceleração do PIB, nos governos Jânio e Jango? (p.29)6. 
De fato, essa perda de dinamismo da economia decorreu em grande medida do término do 
grande bloco de investimentos associado ao plano de metas, mas, também, das tentativas de 
estabilização nos dois governos que se seguiram a Juscelino, tentativas essas tornadas urgentes 
a luz do legado inflacionário daquele governo. 
 
7. Faça uma análise da política cambial do período JK. (p. 32) 
 
 Devido as dificuldades de praticar política fiscal e monetária ativas na época, a política cambial 
terminou sendo o principal instrumento de política econômica do governo brasileiro na década de 
1950. Por causa da escassez de dólares foi criado mecanismos muitas vezes engenhoso de 
alocação de dividas escassas. 
 
8. Quais as principais críticas feitas à Instrução 113 da SUMOC? (p. 32) 
 
Mais de 60% do investimento externo direto que ingressou no Brasil entre 1955 e 1960, 
ingressaram no país sob a forma de maquinas, veículos e equipamentos sem cobertura cambial. 
 
9. O que foi o Plano de Metas e quais foram seus resultados? (p. 35 e 36) 
 
 O conselho de desenvolvimento foi responsável pela identificação de setores da economia, que 
estimulados adequadamente poderia apresenta a capacidade de crescimento. 
Foi elaborado 30 objetivos que contemplado as áreas de energia, transporte, indústria de base, 
alimentação e educação. Muitas metas foram alçadas elevando o percentual de realização frente 
ao planejado, com destaque para a construção de rodovias, produção de veículos e geração de 
mais energia elétrica. 
 
10. Quais os problemas de financiamento do Plano de Metas? Qual foi o papel do Banco 
do Brasil neste financiamento? (p. 37) 
De fato, o principal mecanismo de financiamento do Programa de Metas foi a inflação, resultante 
da expansão monetária que financiava o gasto público e do aumento do crédito, que viabilizaria 
os investimentos privados. O Banco do Brasil cumpria, simultaneamente, funções de banco 
central e banco comercial. Na prática, o Banco do Brasil promovia a expansão primária dos 
meios de pagamentos, ao emprestar ao Tesouro para ajudar a cobrir o déficit de caixa (causado, 
em grande parte, por subsídios dados às empresas de transporte de propriedade do governo 
federal). 
11. Como o governo JK reagiu ao salto da inflação, que variou de 7,0% (1957) para 24,4% 
(1958)? (p.38) 
O governo reagiu mediante o encaminhamento ao Congresso, em 27 de outubro de 1958, do 
Plano de Estabilização Monetária — PEM, elaborado pelo ministro da Fazenda, Lucas Lopes e 
pelo presidente do BNDE, Roberto Campos. 
12. O que foi o Plano de Estabilização Monetária (PEM)? Porque foi abandonado por JK? 
(p. 38 e 39) 
Entre as medidas anunciadas, estava a diminuição dos subsídios à importação de trigo e 
gasolina, com impactos imediatos no custo de vida. Contudo, o acirramento do debate e da 
oposição política ao PEM ao longo do primeiro semestre de 1959 levou Juscelino a romper 
negociações com o FMI em junho daquele anos.30 Entre crescer ou estabilizar, Juscelino optou 
pelo primeiro. 
13. Como se comportaram as exportações brasileiras, a dívida externa e o déficit fiscal da 
União, entre 1956-1960)? 
 De fato, entre 1956 e 1960, as exportações caíram quase 15% e a dívida externa líquida 
aumentou 50%, chegando a US$3,4 bilhões (ou 2,7 vezes as exportações totais em 1960). O 
déficit do governo federal, por sua vez, manteve-se em torno de um terço das receitas totais da 
União no período. 
14. Qual foram as medidas ortodoxas tomadas por Jânio Quadros quando este assume a 
Presidência da República? 
Incluíam uma forte desvalorização cambial e a unificação do mercado de câmbio (Instrução 204 
da Sumoc), a contenção do gasto público, uma política monetária contracionista e a redução dos 
subsídios ainda concedidos às importações de petróleo e trigo. 
15. Como Jânio Quadros tratou da dívida externa brasileira? (p. 40) 
As medidas foram bem recebidas pelos credores do Brasil e pelo FMI, garantindo significativo 
reescalonamento da dívida externa do Brasil que venceria entre 1961 e 1965, bem como a 
obtenção de novos empréstimos nos Estados Unidos e Europa. 
16. Qual era o plano econômico de Jânio Quadros e o que prejudicou seu governo? (p. 41) 
Previa o esforço de estabilização doméstica e a recuperação do crédito externo, ao qual se 
seguiria a retomada, em novas bases, do crescimento, contando com a contribuição decisiva dos 
capitais estrangeiros, oficiais e privados. Sem base parlamentar de sustentação, em um 
Congresso dominado pelo PTB e PSD, Jânio renunciou a seu mandato em 25 de agosto de 1961 
17. Porque houve uma forte oposição à posse de João Goulart, após a renúncia de Jânio? 
(p. 40) 
João Goulart, então em viagem oficial à China comunista. Contudo, logo surgiu forte oposição à 
posse de Goulart entre setores militares e civis. 
18. Como foi o comportamento da economia brasileira no ano de 1961? (p. 41) 
Os resultados econômicos em 1961 foram positivos — em que pese a grave crise política que o 
país atravessara — e certamente influenciados pela maturação de diversos projetos de 
investimentos iniciados ainda na gestão de Juscelino. Assim, o PIB naquele ano cresceu 8,6%, 
embora viesse acompanhado de expressiva elevação do patamar inflacionário, com a variação 
do IGP passando de 30,5% em 1960 para 47,8% em 1961. A taxa de investimento do país 
recuou em 1961, para 13,1% do PIB (seu nível mais baixo desde 1950), num indício de que o 
auge dos investimentos pesados já havia passado. De positivo, o pequeno aumento das 
exportações (de US$1,3 bilhão em 1960 para US$1,4 bilhão em 1961) e a redução da relação 
dívida externa líquida/exportações, de 2,7 para 2,0, em igual período. 
19. O que foi o Plano Trienal, quais os seus objetivos e porque motivo ele foi lançado em 
30/12/1962?O Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado por equipe liderada por 
Celso Furtado, então ministro extraordinário para assuntos de desenvolvimento econômico. seu 
objetivo mais geral era conciliar crescimento econômico com reformas sociais e o combate à 
inflação. A inflação, medida pelo IGP, atingindo 6,3%, ou mais de 100% anualizados, em 
dezembro de 1962. 
20. O que propunha o Plano Trienal para conter a inflação? (p. 42) 
 A fim de conter a escalada dos preços, propunha-se um conjunto de medidas comumente 
presentes em planos de estabilização de cunho ortodoxo, a saber: a correção de preços públicos 
defasados, o realismo cambial, corte de despesas, controle da expansão do crédito ao setor 
privado e aumento do compulsório sobre depósitos à vista. 
21. Qual foi a estratégia desenvolvimentista proposta por Celso Furtado para o governo 
João Goulart? (p. 42) 
Ela dava ênfase ao aprofundamento do processo de industrialização pela via da substituição de 
importações como forma de enfrentar os pontos de estrangulamento da economia brasileira. 
Para Furtado, a crise econômica por que passava o país era, antes de mais nada, uma crise do 
modelo de desenvolvimento, e que só poderia ser superada “com o aprofundamento do próprio 
modelo, ou seja, com a ampliação do mercado interno, através da reforma agrária e de outras 
políticas voltadas à redistribuição de renda” 
 
22. O que foi a Lei da Remessa de Lucros (Lei 4.131/1962)? (p. 42) 
A Lei limitava em 10% sobre o capital registrado as remessas de lucro ao exterior; considerava 
as remessas em excesso a esse limite como retorno de capital; e determinava que os lucros em 
excesso ao mesmo limite, quando não remetidos, seriam registrados como capital 
complementar, não dando direito à remessa de lucros no futuro. Como resultado da Lei — e da 
própria deterioração da situação política no Brasil — o volume líquido de investimentos externos 
a ingressar no país caiu cerca de 40%, de uma média anual de US$150 milhões no período 
1956-62, para menos de US$90 milhões em 1963. 
 
23. Quais foram as medidas tomadas por Jango ao abandonar a ortodoxia do Plano 
Trienal?(p. 43) 
O presidente decidiu restituir os subsídios ao trigo e ao petróleo (que haviam sido abolidos em 
janeiro de 1963), aumentou em 60% os vencimentos do funcionalismo e reajustou o salário-
mínimo em 56%.45 A taxa de inflação mensal — que em abril atingira 1,6%, bem abaixo dos 
6,3% à época do lançamento do Plano Trienal — tornou a se acelerar em maio (4,0%), 
mantendo se em patamar elevado até o fim de 1963 
 
24. Porque motivos a crise econômica e política se amplia no Brasil, a partir de meados de 
1963? (p. 43) 
Em meados daquele ano, o presidente promoveu reforma ministerial, fazendo com que as contas 
públicas se descontrolassem (com aumento significativo da oferta de moeda a partir de maio) e à 
permanência do déficit do balanço de pagamentos, em meio à já mencionada redução das 
entradas autônomas de capitais. Por fim, teve início uma forte desaceleração da atividade 
econômica, resultante tanto das medidas contracionistas incluídas no Plano Trienal, como de 
fatores estruturais relacionados à perda de dinamismo do processo de substituição de 
importações. 
 
25. Qual era o cenário econômico enfrentado no início de governo Castello Branco? (p. 51) 
Ao longo de 1963 e até o início de 1964, a economia brasileira operou em verdadeiro estado de 
“estagflação” — estagnação da atividade econômica, acompanhada de aumento da inflação. 
Após um crescimento real médio de 8,8% ao ano no período 1957-62, o PIB brasileiro cresceu 
apenas 0,6% em 1963, enquanto a inflação (medida pelo IGP) elevou-se da média de 32,5% ao 
ano naqueles anos para 79,9% em 1963. Esse era o cenário a ser enfrentado pela política 
econômica no início do governo Castello Branco. 
 
26. Quais foram as 4 (quatro) principais medidas adotadas pelo PAEG? (p. 51) 
 Um programa de ajuste fiscal, com base em metas de aumento da receita (via aumento 
da arrecadação tributária e de tarifas públicas) e de contenção (ou corte, em 1964) de 
despesas governamentais; 
 Um orçamento monetário que previa taxas decrescentes de expansão dos meios de 
pagamentos; 
 Uma política de controle do crédito ao setor privado, pela qual o crédito total ficaria 
limitado às mesmas taxas de expansão definidas para os meios de pagamento; 
 Um mecanismo de correção salarial pelo qual “as revisões salariais (...) deverão guiar-se 
pelo critério da manutenção, durante o período de vigência de cada reajustamento, do 
salário real médio verificado no biênio anterior, acrescido de porcentagem 
correspondente ao aumento de produtividade”.Essa regra salarial foi aplicada, 
inicialmente, à administração pública e, a partir de 1966, estendeu-se ao setor privado. 
 
27. Quais foram as metas assumidas para a inflação pelo PAEG? (p. 52) 
O Paeg estabeleceu metas decrescentes de inflação para o período de 1964-66: 70% em 1964, 
25% em 1965 e 10% em 1966. O Plano previa taxas reais de crescimento do PIB de 6% ao ano 
no biênio 1965-66. 
 
28. Explique o que é o conflito distributivo. (p. 53) 
A aceleração da inflação é, em geral, acompanhada de um processo de desajuste de preços 
relativos, sendo particularmente penalizados aqueles preços fixados em contratos de longo 
prazo (um ano ou mais), como salários, aluguéis, tarifas públicas e, em regimes de câmbio 
administrado, esse desajuste é, em si, uma fonte realimentadora da inflação, porque gera um 
conflito distributivo causador de contínuas demandas por correções de preços defasados. 
29. Qual o objetivo da correção das tarifas públicas e da taxa de câmbio? (p. 53) 
 
A correção das tarifas públicas e da taxa de câmbio era apontada como uma medida duplamente 
necessária, pois, além de eliminar (ou atenuar) as distorções de preços relativos, contribuiria 
também, respectivamente, para o ajuste fiscal e para o ajuste do balanço de pagamentos 
 
30. O que foi o mecanismo da correção monetária e por que implantado no início do 
governo militar? (p. 53) 
Tanto o Paeg quanto as reformas estruturais do período de 1964-66 estão fundamentados no 
diagnóstico apresentado pelo ministro Roberto Campos ao presidente Castello Branco em fins 
de abril de 1964. Esse mecanismo foi implantado duas linhas principais de ação para a 
superação da crise: o “lançamento de um plano de emergência destinado a combater 
eficazmente a inflação”, que veio a ser o Paeg, e o “lançamento de reformas de estrutura” 
 
31. Quais foram as 7 (sete) principais medidas implementadas com a reforma tributária? 
(p. 54 e 55) 
 
Para tanto, as principais medidas implementadas foram: 8 
(1) instituição da arrecadação de impostos através da rede bancária; (2) extinção dos impostos 
do selo (federal), sobre profissões e diversões públicas (municipais); (3) criação do ISS (Imposto 
Sobre Serviços), a ser arrecadado pelos municípios; (4) substituição do imposto estadual sobre 
vendas, incidente sobre o faturamento das empresas, pelo ICM, incidente apenas sobre o valor 
adicionado a cada etapa de comercialização do produto; (5) ampliação da base de incidência do 
imposto sobre a renda de pessoas físicas; (6) criação de uma série de mecanismos de isenção e 
incentivos a atividades consideradas prioritárias pelo governo à época — basicamente, 
aplicações financeiras, para estimular a poupança, e investimentos (em capital fixo) em regiões e 
setores específicos; e (7) criação do Fundo de Participação dos Estados e Municípios (FPEM), 
através do qual parte dos impostos arrecadados no nível federal (no qual se concentrou a 
arrecadação) era repassada às demais esferas de governo. 
 
32. Quais foram as consequências da reforma tributária? (p. 55)Esse conjunto de medidas resultou em significativa elevação da carga tributária do país, que 
passou de 16% do PIB em 1963 para 21% em 1967. Do ponto de vista distributivo, a reforma 
tributária do governo Castello Branco foi regressiva, beneficiando as classes de renda mais alta 
(os poupadores) com os incentivos e senções sobre o imposto de renda. Assim, a maior parte do 
aumento de arrecadação. Foi obtida através dos impostos indiretos, que, em termos relativos, 
penalizam mais as classes de baixa renda. Outra característica da reforma tributária foi o seu 
caráter centralizador, do ponto de vista federativo. Foi limitado o direito dos estados e municípios 
legislarem sobre tributação. Esses direitos ficaram restritos ao imposto sobre transmissão de 
imóveis (de baixa arrecadação) e ao ICM. 
 
33. Qual foi o objetivo central da reforma do Sistema Financeiro Brasileiro? Quais suas 
principais medidas? (p. 56) 
 
As reformas de 1964-67 tiveram por objetivo explícito complementar o SFB, constituindo um 
segmento privado de longo prazo no Brasil. A carência dessas instituições e instrumentos tinha 
ficado patente durante o Plano de Metas, cujo financiamento teve como fontes predominantes a 
emissão de moeda, algumas fontes fiscais ou parafiscais e o capital externo. A precariedade 
daquele segmento do SFB determinava ainda que a emissão de moeda se tornasse uma fonte 
de financiamento inflacionária, na medida em que os recursos novos criados pelo governo não 
retornavam ao sistema sob a forma de poupança financeira, mas, sim, de depósitos à vista 
(disponíveis para gasto imediato). O objetivo central da reforma financeira foi dotar o SFB de 
mecanismos de financiamento capazes de sustentar o processo de industrialização já em curso, 
de forma não inflacionária. Para tanto, era necessário, em primeiro lugar, reorganizar o 
funcionamento do mercado monetário, o que foi feito com a criação de duas novas instituições: o 
Banco Central do Brasil (Bacen), como executor da política monetária, e o Conselho Monetário 
Nacional (CMN), com funções normativa e reguladora do SFB. 
 
34. Porque podemos afirmar que as reformas do período 1964-1966 ampliaram a abertura 
da economia brasileira ao capital externo? (p. 58) 
 
Outro aspecto importante das reformas de 1964-66 foi a ampliação do grau de abertura da 
economia ao capital externo, de risco (investimentos diretos) e, principalmente, de empréstimo. 
Os principais expedientes criados para atrair esses recursos foram os seguintes: (1) 
regulamentação de alguns tópicos da Lei n 4.131 (de 1962), de forma a permitir a captação 
direta de recursos externos por empresas privadas nacionais; (2) Resolução 63 do Bacen, que 
regulamentou a captação de empréstimos externos pelos bancos nacionais para repasse às 
empresas domésticas; (3) mudança na legislação sobre investimentos estrangeiros no país, de 
modo a facilitar as remessas de lucros ao exterior — o objetivo era tornar o mercado brasileiro 
mais competitivo na captação de investimentos diretos. 
 
35. Porque o PAEG não cumpriu as metas estabelecidas para a inflação? (p. 59 e 61) 
 
Esse foi exatamente o caso quando da implementação do Paeg, que escolheu os dois anos 
anteriores às datas de reajuste como referência. Dependendo do mês de reajuste da categoria, 
esse período se distribuía entre parte de 1962, o ano de 1963 e os primeiros meses de 1964. 
Como esse foi um período de aceleração inflacionária, a política salarial do Paeg penalizou os 
salários reais, em favor dos lucros. 
 
36. Porque a política salarial do PAEG penalizou os salários durante todo seu período de 
vigência? (p. 61) 
 
Como esse foi um período de aceleração inflacionária, a política salarial do Paeg penalizou os 
salários reais, em favor dos lucros. Essa perda, vale notar, não ficou restrita aos reajustes 
salariais de 1964, mas estendeu-se por todo o período de vigência do Paeg, porque: (1) em 
1965, a média dos dois anos anteriores incluía o ano de 1964, que ainda manteve a tendência 
de alta da inflação; (2) a partir de 1966, um Decreto Lei (no 15) determinou que as correções 
salariais fossem calculadas com base na inflação prevista pelo governo (10% em 1966), que foi 
superada pela inflação efetiva naquele ano (39,1%); (3) o aumento devido à produtividade não 
era integral, mas equivalente a dois terços da taxa de crescimento da produtividade estimada 
pelo próprio governo, sempre de forma conservadora. Esse efeito distributivo negativo sobre os 
salários foi também, em parte, a contrapartida das correções de preços relativos (incluindo 
impostos e câmbio) consideradas necessárias para estancar o processo inflacionário na época. 
 
37. O que se pode dizer sobre o balanço de pagamentos no período 1964-1966? (p. 61 e 
62) 
 
O nível adequado da taxa de câmbio real, aliado ao fraco crescimento econômico no biênio 
1964-65 (média anual de 2,9%), permitiu o aumento dos saldos comerciais, explicado tanto pela 
expansão das exportações (24% acumulados no período de 1964-66), quanto pela retração das 
importações (27% no biênio 1964-65). Estas últimas voltaram a crescer a partir de 1966, 
acompanhando a recuperação da atividade econômica. O saldo do balanço de pagamentos (BP) 
foi favorecido também pelo ingresso de capitais voluntários (investimentos diretos, basicamente) 
e de empréstimos de regularização no período. Esses empréstimos, aliás, explicam o único 
superávit do BP no período de 1964-67, já que, sem eles, o ano de 1965 seria de déficit. Nesse 
caso, porém, é difícil separar a contribuição das medidas econômicas e a do cenário político do 
período. 
 
 
 
38. Qual foi o principal efeito de curto prazo da reforma financeira? (p. 62) 
 
Em relação à reforma financeira, os efeitos do Paeg foram mais lentos, só se fazendo sentir ao 
longo dos anos seguintes. O principal efeito visível a curto prazo — e, talvez, o maior mérito da 
reforma — foi a efetiva criação de um mercado de dívida pública no país, viabilizando, de forma 
permanente, o financiamento não monetário dos déficits do governo. A partir de 1965, esses 
déficits passaram a ser, predominantemente, financiados com dívida pública — cerca de 55% 
em 1965 e de 86% em 1966.

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