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O mundo de ponta-cabeça 7 e 8

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O Mundo de Ponta a Cabeça, capítulo 7 e 8.
RESENHA
Sabrina Vitória de Araújo Alves
 Direito UFRN, Turma: 02 (2018.2)
 No capítulo 7, “Levellers e levellers autênticos”, o autor inicia falando sobre toda a destruição deixada pela guerra civil, que gerou uma colheita catastrófica, fazendo com que todos os custos de vida aumentassem, além de baixos salários e um grande aumento de impostos.
Isso gerou uma série de problemas como roubos em que as pessoas se apoderavam de mercadorias que estariam sendo levadas para mercados pois não iriam morrer de fome. Foi uma situação política explosiva, os levellers e os radicais do Exército sentiram que haviam sido enganados nas suas negociações que levou a morte do rei. 
Tudo isso trouxe fome e desemprego generalizado, principalmente entre a classe de soldados que haviam sido desmobilizados. Ocorreram diversos complôs, todavia, nenhum foi uma ameaça efetiva ao regime enquanto o Exército, graças a sucetivos expurgos, manteve-se seguro, sob o controle de seus generais.
Havia uma crise de insegurança tremenda para os proprietários, ricos não viajavam por medo de serem assaltados, sentiam-se inseguros em suas próprias casas.
Os então chamados diggers se consideravam os mais verdadeiros levellers, em que nunca constituíram um movimento unido e disciplinado, sendo, ao contrário, um corpo difuso formado por várias partes distintas.
Apesar, do pensamento levantada pelos levellers, as teorias comunistas voltavam ao foco em razão da liberdade defendida na década de 1640. Hill, desenvolve o argumento do bispo Cooper como ilustração da mentalidade que se fortalecia cada vez mais na época. Segundo o pensamento desse bispo, quando Deus fez o mundo, a princípio, todos os homens eram iguais, ninguém era maior que ninguém. Seguidamente, a crueldade trouxeram à tona as noções de poder superioridade. Ele então, defendeu que enquanto o mundo não voltar a ser simples como Deus fez no início de tudo, a cobiça sempre será o a raiz do mal presente em toda sociedade. É notório que os pensamentos e as ações dos levellers foram muito além das simples pretensões dos dirigentes constitucionalistas e, segundo estes, puseram a questão da propriedade de uma forma embaraçosa.
É mostrado também a teoria de que os diggers da colina de St. George seriam apenas a “ponta do iceberg” do Levellerismo Autêntico. Com a constitucionalização dos levellers, por sua vez, passou a existir uma certa concordância com o tipo de sociedade que estava sendo implantado pela Revolução Inglesa, ao mesmo tempo que aceitavam o caráter sagrado da propriedade privada, embora os desejos de ampliar a democracia não excedessem os limites impostos pelo modo capitalista de governo.
Visualizando o “Exército de Novo Tipo” como uma ligeira escola de democracia política, podemos enxergar de forma muito mais nítida os comunais e as florestas como escolas duradouras de democracia econômica. De acordo Winstanley, mais da metade das terras inglesas não eram adequadamente cultivadas, pois a maioria delas era impedida por ordem dos senhores de serem cultivadas pelos menos favorecidos.
Se todas as terras comunais fossem livres para serem fertilizadas por aqueles que necessitavam dessa atividade, poderia dar fim aos elevados e instáveis preços dos alimentos na Inglaterra. Por conseguinte, teriam fim a mendicância e o crime, além de dar suporte a um crescimento populacional sem precedentes, garantindo um destaque do país frente aos demais.
Winstanley, assim, concluiu que o cultivo conjunto de terrenos comunais fomentava o ponto crucial a partir do qual as pessoas poderiam construir uma comunidade formada por pessoas iguais em todas as partes da Inglaterra. Vale salientar, ainda, que o movimento digger, apesar de se basear numa ocupação ilegal de terras abandonadas por pessoa obrigadas à prática de tal ato devido à escassez, acabou mostrando que o uso dessas terras poderia solucionar diversos problemas enfrentados na época.
Para Winstanley, não há necessidade de se impor leis que mandam prender, açoitar ou enforcar a fim de conservarem a obediência dos homens, pois a cobiça é a única culpada pelo pecado. No entanto, após o fracasso do regime vigente na colônia dos diggers, Winstanley percebeu que o homem pode praticar crimes quando se deixa levar pelo espírito da ignorância, sem levar em conta a razão. Por isso, previu leis em sua constituição, embora elas devessem ser apenas corretivas e não punitivas.
Aliado a isso, para garantir a eficácia dessas leis no seio da sociedade, é enfatizada a necessidade de um exército que não obedecesse a nenhum Parlamento que não fosse representativo do povo, sendo, portanto, composto de uma milícia popular. A liberdade, assim, seria garantida pelo direito de resistência popular.
Deus e a razão é outro tópico que trata da propriedade fundiária como impedimento à obra da restauração divina: a salvação. Nesse viés, conhecer os segredos da natureza equivale proporcionalmente a conhecer as obras de Deus.
Winstanley defende, mesmo depois de de todas as críticas feitas ao seu pensamento, a existência de um Deus personificado e em lugares determinados e guardados aos momentos de glória ou de pagamento pelos pecados. A partir desse ponto de vista, sua filosofia passa a ser caracterizada por um materialismo panteísta, segundo o qual Deus só pode ser conhecido no homem ou na natureza, sendo a natureza a abstração mais importante.
No último tópico, o autor aborda diferentes pontos de vista a respeito das possíveis interpretações dos textos trazidos pela Bíblia. Não se preocupava diante da veracidade ou falsidade dos fatos narrados pela Bíblia pois, para ele, as escrituras não passam de um registro de mistérios espirituais cuja matéria substancial só pode ser vista pelos olhos do espírito. Por isso, a Bíblia deveria ser utilizada apenas para ilustrar verdades das quais já estivéssemos convencidos.
Capítulo 8, “Pecado e Inferno” Tanto no Catolicismo Medieval quanto em diversas outras religiões tradicionais, a crença de que os fenômenos naturais eram manifestações divinas eram favorecidas pela tecnologia pouco desenvolvida e, consequentemente, pelas formas limitadas de interferência humana no meio natural. Devido a isso, as pessoas raramente se questionavam, a ordem que rege os acontecimentos da sociedade.
Contrariamente, o Protestantismo atribui à consciência individual o papel do papel do sacerdotismo e, assim, estabelece que a salvação predestinada não depende de nenhuma pessoa a não ser de si mesmo, estando no íntimo de cada fiel. Tais fatos, portanto, acabam trazendo certa confiança e um sentimento de liberdade às pessoas. No princípio da formação da doutrina Protestante, havia uma preocupação latente com a separação entre escolhidos X humanidade condenada. Tais ideias permeando profundamente os conflitos ingleses do século XVII, deu às leis a conotação de “necessárias para controlar a massa de ímpios que não se submetem à moralidade divina”.
Ao longo do século XVII na Inglaterra aborda a questão doo pecado como a invenção da Igreja e das classes altas para manter o controle de influência sobre o povo. Para as pessoas que defendem essa máxima, o estabelecimento da propriedade privada representa a quebra de um ideal.
Indiretamente e diretamente há o confronto entre os defensores do ponto de vista supracitado e os apoiadores do conservadorismo (os quais enxergavam o pecado em sua conotação tradicional bíblica) findou provocando tensos embates no contexto social da época, envolvendo perseguições políticas e religiosas na Inglaterra.
A crença na doutrina da predestinação trazia, uma confiança na salvação ou simplesmente indiferença – visto que não era uma crença dotada de valor persuasivo, por outro lado, trazia dúvida e desespero, questionando a verdade de dogmas antes postos como verdadeiros, como a própria existência de Deus.

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