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Tcc mediação no direito penal I C

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Tcc mediação no direito penal, para os crimes de violência doméstica;
Aluna : Stella Renata Lopes – Orientadora - Cristiane Dupret Filipe Pessoa
Introdução
Desde a antiguidade a violência contra a mulher está presente na sociedade, que sempre atribuiu um papel coadjuvante à figura feminina. Ao longo da história, os registros encontrados sobre a violência de gênero assumem várias formas e são cometidos por diversos agentes. Seja pelo Estado, que em muitas partes do mundo ainda não garante direitos iguais a homens e mulheres, seja pela Igreja, ou ainda pelas Famílias – que reproduzem o modelo patriarcal adotado ao longo dos séculos – o fato é que as mulheres sofrem diariamente a consequência da institucionalização da violência, condicionada ao simples fato do ser humano pertencer ao sexo feminino. As consequências históricas desta disparidade de gênero refletem diretamente na aplicação do Direito, sobretudo nos casos de violência doméstica, como será observado neste artigo.
A violência de gênero, portanto, denota as agressões físicas, psíquicas, sexuais, morais e patrimoniais praticadas pelo homem como um agente agressor que anseia dominar, disciplinar e intimidar a mulher. Isto se observa seja nos espaços privados, fato com o qual nos deparamos geralmente com relacionamentos afetivos, ou até mesmo nos espaços públicos, onde o gênero interfere no gozo dos direitos do cidadão.
Ao longo das últimas décadas o Brasil obteve alguns avanços legislativos no intuito de combater a violência doméstica, principalmente com a aprovação da Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. O principal objetivo do legislador foi o de prevenir e coibir a violência doméstica familiar contra a mulher, adotando medidas como a criação dos Jufam (Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher) e permitindo a prisão preventiva do agressor nas hipóteses abrangidas também pelo art. 312 do Código de Processo Penal.
No ano subsequente a aprovação da Lei Maria da Penha, os índices de violência doméstica e familiar apresentaram uma ligeira redução. Entretanto, o que parecia o início de uma nova era para as mulheres brasileiras têm se tornado em mais uma “lei pra inglês ver”, considerando que desde 2008 os índices de violência contra as mulheres aumentam exponencialmente. O que se observa na prática é a ineficácia das ferramentas legislativas para conter os abusos e opressões, seja pela falta de investimento em criação de mais Jufams e Delegacias de Proteção à Mulher, ou ainda pela falta de monitoramento do poder público.
O fato é que a Lei Maria da Penha não foi suficiente para reduzir e erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher e que devem ser adotadas medidas eficientes para conter o avanço desta violação que atinge os direitos fundamentais do ser humano.
Neste sentido, será verificada a possibilidade da aplicação da mediação penal como forma de resolução de conflitos que surgem no âmbito familiar, e as possíveis consequências de sua utilização em conjunto com as medidas previstas na legislação em vigor.
Conclusão
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseados nos fatos apresentados a justiça restaurativa pode ser um meio alternativo, ou até mesmo secundário de resolução de conflitos, principalmente quando estes estão relacionados a casos de violência contra mulher, onde há exigências de cuidados e atenção ás necessidades da vítima.
Diante da comparação entre justiça comum e justiça restaurativa, verificou-se que esta pode apresentar mais vantagens às vítimas pela forma que ela se sucede, buscando reparar os danos causados à mulher. E, além disso, mostrar ao agressor, a gravidade dos seus atos, fazendo com que ele receba uma efetiva responsabilização e não apenas a punição dada pelo Estado em que grande parte dos casos não soluciona o conflito e somente fomenta o lado desumano do agressor.
Conforme visto, as práticas restaurativas não excluem o processo criminal, tanto que elas podem ocorrer dentro do processo. A intenção é que ela possa ser complementar para que a punição que o agressor possa receber ocasione reações positivas, como reais mudanças nas suas atitudes futuras.
No entanto, não são em todos os casos que há necessidade de usar justiça restaurativa para solucionar a lide. Pois por vezes pode acontecer o inverso do almejado e somente atrapalhar a resolução do conflito. A eficácia da resolução do conflito depende da situação em que se encontram as partes, por isso é preciso averiguar o caso concreto e diante disso optar ou pela aplicação dessa prática, a mediação penal para os casos de violência doméstica poderia ter sucesso depois de grandes alterações culturais na sociedade brasileira, por meio de campanhas, estudos e debates sobre igualdade de gênero promovidas pelo poder público. Porquanto, enquanto persistir a cultura de que o homem pode violar os direitos das mulheres e permanecer sem qualquer punição, como ocorre ainda hoje, a mediação penal não parece ser a solução dos problemas de violência familiar e doméstica.
Não obstante a mediação penal ser um instituto que solucionará diversos problemas do Poder Judiciário, dando modernidade e celeridade ao Processo Penal, sua aplicação para os casos de violência doméstica deve ser vista com cautela, porquanto, a sociedade não pode admitir retrocessos na efetivação dos direitos humanos das mulheres e combate à violência contra a mulher.
Para logra-se êxito, na mediação para crimes de violência doméstica, as partes devem estar de acordo e dispostas a por fim naquele determinado conflito, que provavelmente ocasionou danos físicos e psicológicos aos envolvidos.

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