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Alegações Finais Carlos Souza da Silva

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�	Dr. Cleomar Coelho Soares - OAB/TO nº 5.252
	 OAB/GO nº 36.487-A
	 OAB/PA nº 19.203-A
EXCELENTISSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE XINGUARA-PA
Processo nº 0008223-47.2018.8.14.0065
RÉU: Preso.
CARLOS SOUZA DA SILVA, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por seu Advogado infra-assinado, com endereço profissional na Avenida Xingu, nº 557, Centro – Xinguara – PA, CEP: 68.555-016 lugar designado para as comunicações de estilo (conforme artigo 106, inciso I, do Código de Processo Civil), com fundamento no Artigo 403, paragrafo 3º do Código de Processo Penal, vem apresentar:
ALEGAÇÕES FINAIS 
Expondo e requerendo o seguinte:
	
DA NULIDADE/ DA FALTA DE OITIVA ESPECIAL DA VÍTIMA MENOR.
Douto Juiz, conforme está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, a oitiva do menor vítima de violência deverá ser colhida de forma diversa da qual se deu em audiência de instrução e julgamento fls. 32/35 dos autos.
Trata-se de uma técnica humanizada para oitiva de menores vítimas ou testemunhas de violência e abuso sexual, obrigatória a partir da edição da Lei n. 13.431, de 4 de abril de 2017, em seu artigo 4º §1º, o qual aduz que:
Artigo 4º (...)
§ 1o Para os efeitos desta Lei, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de escuta especializada e depoimento especial.
	
Portanto a mera conduta de não colher a oitiva da vítima sob o crivo da Lei, dita alhures, deve acarretar a nulidade dos atos praticados a partir dela, devendo ser designada nova audiência de instrução e julgamento para que seja colhida a oitiva da vítima menor sob o crivo do artigo 4º §1º do Estatuto da Criança e do Adolescente, como medida de Justiça.
Dos Fatos
O Réu foi denunciado por supostamente ter cometido o crime previsto no artigo 217-A e art. 14, do Código Penal c/c artigo 1º, inciso VI, da Lei 8.072/90. Cabe destacar Douto Juiz, que o Acusado não estava ciente da acusação, pois, tomou ciência somente no momento de sua prisão.
Segundo consta na denúncia, o réu foi preso na noite do dia 04 de agosto de 2018, por volta das 18:30 horas, sendo acusado de estuprar a sua cunhada, a menor LORRANA DANTAS DA SILVA.
DA BREVE SÍNTESE PROCESSUAL
Foi ofertada a denúncia pelo Mistério Público no dia 18 de agosto de 2018, conforme a fls. 02/04. 
Conforme a decisão interlocutória, fls. 06/07, foi determinada a citação do acusado para responder a denúncia por escrito no prazo de 10 dias, a qual foi ofertada tempestivamente conforme fls.10/13.
Este Juízo recebeu a denúncia designando a audiência de instrução e julgamento para o dia 02 de Outubro de 2018, ás 09h:30min, conforme fls.15.
Em audiência de instrução e julgamento com data e horário, dito alhures, foram ouvidas as seguintes pessoas:
LORRANA DANTAS DA SILVA, vítima. Em sua oitiva disse: que Carlos teria ido na casa da sua avó para chama-la para ir ao supermercado com ele a irmã dela, quando chegaram na casa de Calos, viram que Luana não estava lá e foram para o estádio esperar por ela, ficaram lá por um tempo e retornaram para a residência de Carlos, chegando lá, Lorrana diz que Carlos pediu para que ela varresse a casa, e assim ela fez, e diz que enquanto isso ele trancou a porta e veio em sua direção e a ameaçou dizendo que estava com uma faca, Lorrana relatou que foi nesse momento em que ela segurou a faca e ele puxou de suas mãos causando pequenos cortes em suas mãos, e que ele jogou ela na cama e pediu para que ela tirasse a blusa, ela se negou e então ele mesmo tirou a blusa dela, logo em seguida a sua irmã Luana chegou e ela diz que gritou por socorro dizendo que Calos estava com uma faca e que queria matar ela, sua irmã então foi chamar seu padrasto e nesse momento ela relata que Carlos teria segurado no seu pescoço e quando eles chegaram Carlos soltou ela e ela correu para abrir a porta. Diz também que logo após o ocorrido, Carlos teria pego uma carona com um conhecido que teria o levado para a casa de sua avó.
RAIMUNDO OLIVEIRA REIS, padrasto da vítima (testemunha de acusação) : Disse que estava varrendo sua casa quando a enteada Luana chegou dizendo que Carlos estava tentando estuprar a sua irmã Lorrana. Chegando na casa em que supostamente Carlos estava com a vítima Lorrana, Raimundo diz que tentou arrombar a porta e não conseguiu, a vítima correu para a janela e falou que Carlos estava tentando a estuprar e logo em seguida foi abrir a porta, e a chave estava na mesma. Ele também disse em sua oitiva que Lorrana estava coberta de sangue e sem blusa, e que quando o mesmo entrou na residência perguntou para o réu como que ele poderia ter feito aquilo, que o 	ajudava tanto em casa, que cuidava do seu filho, e Carlos apenas respondeu que não tinha feito nada. Raimundo disse também que Carlos não teria conseguido estuprar Lorrana. Disse que sempre tinha respeito entre Carlos e Lorrana, que nunca viu nada acontecendo entre eles.
LUANA DANTAS DA SILVA, irmã mais velha da vítima e esposa do réu (testemunha de acusação) : Em sua oitiva Luana relatou que teria passado a tarde na casa de uma amiga chamada Valéria, e enquanto isso o seu esposo estava na casa de outra amiga do casal chamada Baixinha. Relatou que quando chegou em casa a sandália da sua irmã estava na porta e quando mexeu no trinco, sua irmã falou de dentro da casa que Carlos estava com uma faca e que queria matar ela, Luana chamou um vizinho e o mesmo se negou a ajudar, então estava passando na rua alguém que ela conhecia e pegou carona até a casa do seu padrasto, quando voltaram para a residência ela diz que Carlos estava fingindo que estava dormindo, e Lorrana estava com a mão cortada, sem a blusa e a suposta arma do crime (faca) estava em cima da cama com sangue, Luana afirma que Carlos queria abusar de Lorrana, porém não conseguiu. Disse que Carlos era uma pessoa boa, que nunca tinha visto nada de estranho, nunca tinha acontecido o fato com outra pessoa e nunca teria visto nada entre ele e sua irmã. Era ele quem sustentava a casa e ela não trabalhava.
SGTPM JOSÉ FERREIRA DE SOUZA, sargento da Polícia Militar (testemunha de acusação) : Disse em sua oitiva que Carlos estava na frente da delegacia, na casa de sua mãe, e que o mesmo estava em uma situação complicada devido a embriaguez e não teve reação nenhuma, os policiais chegaram, conversaram com o réu e ele os acompanhou até a delegacia. Disse que Carlos não estava no normal dele, e que estava com sintomas de ter ingerido muita bebida alcoólica. 
LUZIMAR CARDOSO LESSE, (testemunha de defesa): Em sua oitiva disse que não tem nada para falar mal de Carlos, que é um rapaz trabalhador, que ela é vizinha de sua mãe e que nunca ouviu falar de algo feito por ele para prejudicar Luana ou qualquer outra pessoa, que essa teria sido a primeira vez. Que ele trabalha em um lava-jato e que Luana não trabalha, ele é o mantedor da casa, e que eles têm um bebê de quatro meses.
CARLOS SOUZA DA SILVA, Réu: Disse que trabalha no lava-jato do posto de Sapucaia, afirmou que não tentou estuprar Lorrana, disse que no momento em que pegou a faca e pediu para ela tirar a blusa estava inconsciente, que não sabia o que estava fazendo no momento, que não teria feito isso. Disse também que não teve consciência do que fez, que nunca prejudicou ninguém, que é trabalhador honesto e que não queria ter feito isso, que caiu na tentação de beber nesse dia, que não tem costume de beber, só bebe em festas e não é muito. Diz que não lembra de ter chamado a Lorrana, que só se lembra de está na casa da Baixinha bebendo com o marido dela e de acordar no outro dia na delegacia de Sapucaia. Se recorda apenas dos policiais chegarem na casa de sua mãe e de acompanhar eles até a delegacia. Se lembra apenas até a hora que estava consciente, até as 15h:30min. Começou a beber por volta das 11 ou 12horas do dia e que ele e outrapessoa teriam secado um litro de cachaça 51, diz que ficou inconsciente pouco depois de ter bebido meio litro da cachaça. Diz que não sabe se fez ou não o que estão acusando ele, mas se arrepende. 
Douto Juíz é percebível que através da oitiva das testemunhas, tanto as de acusação quanto as de defesa, que trata-se do acusado, pessoa com um bom relacionamento com todos, que esta não se recorda do ocorrido pois estava em estado avançado de embriaguez, uma vez que no dia tomou meio litro de cachaça, também não houve a conjunção carnal e nem outro ato libidinoso.
DO DIREITO / DO CONFLITO APARENTE DE NORMAS.
Para a configuração do crime de estupro, seja ele praticado contra menor ou maior, segundo entendimento do STJ, basta a mera contemplação da lascívia, ou seja, o ser ocupante do polo ativo deve satisfazer a sua lascívia, seja por fotos, vídeos entre outros, não tendo o ocupante do polo passivo anuído de maneira espontânea para aquele ato criminoso, o que de fato não aconteceu no presente caso em tela.
Destaca-se que o Ministério Público ao editar a denúncia e ratificá-las em audiência de instrução e julgamento, na forma de alegações finais orais, não se ateve que as condutas de ameaçar e lesionar ora praticadas, tinham uma mesma finalidade que era a satisfação da lascívia mediante ato de conjunção carnal, ou seja, foram meios utilizados para na fase de execução do crime de estupro, que só de fato não se consumou por circunstancias alheias à vontade do Réu, pois a irmã e o padrasto da vítima impediram do crime se consumar.
Logo cabe aqui invocar o princípio penal da consunção, uma vez que tal princípio é utilizado quando a intenção criminosa é alcançada pelo cometimento de mais de um tipo penal, devendo o agente, no entanto, por questões de justiça e proporcionalidade de pena (política criminal), ser punido por apenas um delito.
Essa mesma percepção foi registrada por Damásio de Jesus, cujo autorizado magistério assim apreciou o tema:
Ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal na fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele crime. Nestes casos, a norma incriminadora que descreve o meio necessário, normal a fase de preparação ou execução de outro crime, ou a conduta anterior ou posterior, é excluída pela norma a este relativa. Lex consumens derrogat levi consumpatae. 
No presente caso, a ameaça e a lesão corporal, ambos crimes perpetrados pelo Réu em face da vítima, foram condutas típicas que se consubstanciaram para que o mesmo pudesse chagar até a conduta típica final que é o crime de estupro, devendo àqueles serem absorvidos por este, uma vez que não configuram condutas autônomas da finalidade e vontade do agente.
É pacifico o entendimento dos Tribunais ao decidirem pela aplicação do princípio da consunção em casos aparentes a este em tela, senão vejamos:
TJ-RJ - APELAÇÃO APL 00125598020118190007 RIO DE JANEIRO BARRA MANSA I J VIO E ESP CRIM (TJ-RJ)
EMENTA. APELAÇÃO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. LESÃO CORPORAL. AMEAÇA. TORTURA. AUTORIA. PALAVRA DA VÍTIMA. ABSORÇÃO. PRINCÍPIO DA CONSUÇÃO. TORTURA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. 1. As declarações da vítima dão a medida exata dos atos de violência física, sexual e psíquica a ela infligidos pelo réu no dia dos fatos, valendo reiterar que os crimes sexuais são geralmente cometidos às ocultas, a coberto de testemunhas, por necessidade de seu êxito, sendo esta a razão pela qual a palavra da vítima assume importantíssimo valor probatório. 
2. O estupro é crime complexo (protege bens jurídicos diversos - liberdade sexual e integridade física). A lei descreve como meios de execução deste delito a violência e a grave ameaça. No caso em exame, como a violência, aqui caracterizada pelas lesões, e as ameaças foram infligidas à vítima no contexto da prática do crime de estupro, sendo ações indestacáveis deste, não há como se reconhecer a existência de delitos autônomos, devendo ser aplicado o princípio da consunção. 
3. O inciso I, alínea ¿a¿, do artigo 1º da Lei 9455 /97 se caracteriza quando o agente, mediante violência ou grave ameaça, submete alguém a intenso sofrimento físico ou mental, assim agindo como forma de obter informação. Ou seja, há um especial fim de agir. Ausente a comprovação deste, a conduta é atípica. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
Segundo a jurisprudência do STJ:
"A jurisprudência desta Corte admite que um crime de maior gravidade, assim considerado pela pena abstrata mente cominada, possa ser absorvido, por força do princípio da consunção, por crime menos grave, quando utilizado como mero instrumento para consecução deste último, sem mais potencialidade lesiva. Inteligência da Sumula 17 (STJ, AgRg. No REsp. 12 1428 1/PR, Reiª. Minª Ma ria Thereza de Assis Moura, 6ª T., Dje 26 /3/ 20 13 )."
Portanto Douto Juiz, os crimes de lesão corporal e ameaça não caracterizam condutas autônomas e sim condutas necessárias à execução do crime de estupro, devendo àqueles crimes serem absorvidos por este, como medida da mais Pura Justiça.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
O recebimento das alegações finais por memoriais para deferir o alegado em preliminar; se deferido, Requer a revogação da prisão preventiva do Réu, uma vez que este não contribuiu para a delonga processual.
b) 	Se porventura, Vossa excelência entenda por não deferir o alegado em preliminar, que então absolva o réu dos crimes de lesão corporal e ameaça, pois estes são crimes necessários para a execução do crime estupro, não caracterizando condutas autônomas ao caso em tela, devendo ser absorvidos por este, com fundamento no Princípio da Consunção, para que somente o Réu, responda pelo crime de Tentativa de Estupro de Vulnerável.
c)	Que seja diminuída a pena do Réu no patamar de 2/3 por se tratar de crime tentado, haja vista que os fatos apurados até então permitem esta diminuição.
Nesses termos, 
Pede deferimento.
Xinguara- PA, 10 de Outubro de 2018.
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____________________________________________________________ Av. Xingu, nº 557, Centro – Xinguara – PA; CEP: 68.555-016 – Cel. (94)-9199-6382; e-mail: coelho.acad@hotmail.com

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