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Entre o ensinar e o aprender: a antropologia na compreensão de experiências urbanas

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Entre o ensinar e o aprender: 
a antropologia na compreensão de experiências urbanas. 
 
Cristina Maria da Silva (UFC) 
Bruno Duarte Nascimento (UFC) 
 Ananda Andrade do Nascimento Santos (UFRGS) 
Mário Luís Moreira Silva (UFC) 
 
RESUMO: 
Através do trabalho de orientação de estudantes da graduação em ciências sociais na Universidade 
Federal do Ceará, a antropologia tem sido para nós, uma das formas de conhecimento e ao mesmo tempo 
tem nos oferecido caminhos metodológicos para pensar as experiências urbanas, bem como trazer para a 
compreensão das cidades, os elementos culturais e as narrativas que compõem as suas práticas e 
vivências. A partir de três trabalhos de orientação, no Grupo de Pesquisa: Rastros Urbanos, temos 
buscado, através de diferentes perspectivas de investigação, outras referências de acesso às experiências 
urbanas: o texto literário (através de etnografias de ficções), o universo do grafite, com suas grafias e 
narrativas, bem como os trajetos das pessoas em situação de rua e suas práticas alimentares para 
pensarmos a cidade e suas experiências, não a partir das “crises” e desgastes do “urbano”, mas das 
práticas e das narrativas, extraídas e refletidas. O trabalho nos instiga a compor a moldura narrativa das 
circunstâncias dos ensinamentos e aprendizados, diante dos quais buscamos compreender os sentidos da 
educação e dos agentes envolvidos: o docente-orientador e o estudante como pesquisador. Nos universos 
de pesquisa abordados, incluir as referências antropológicas, como campo de articulações teóricas e 
metodológicas, faz-nos refletir os processos de ensino e aprendizagem e das escolhas singulares de 
pesquisas e pensarmos sobre como olhamos para as cidades e como têm sido compostas nossas narrativas 
sobre elas. 
Palavras-Chave: Antropologia, Educação e Experiências Urbanas. 
 
Deixe-me pensar: eu era a mesma quando me levantei hoje de manhã? 
Estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco 
diferente. Mas se eu não sou eu mesma, a próxima pergunta é: ‘ Quem 
é que eu sou?’ Ah, essa é a grande charada! 
Lewis Carrol. 
 
Para discutir e compreender as experiências urbanas na atualidade, através das 
dinâmicas entre os grupos em suas coesões e conflitos, é preciso buscar compreender 
suas narrativas e histórias e como elas garantem a configuração de territórios. Buscando 
compreender os imaginários urbanos, pensamos numa abordagem metodológica 
partindo da perspectiva dos que habitam a cidade e combinações conceituais como 
experiência, trajetórias, encontros e narrativas, que ampliem e nos faça pensar uma 
antropologia nas cidades. 
Para pensar as cidades na contemporaneidade é preciso percebê-las para além de 
sua estrutura urbanística ou a crise de seus projetos civilizatórios, e observá-las em suas 
geografias cotidianas, acompanhar as narrativas que a fazem silenciosamente nas 
diferentes formas de experimentá-la. Partindo de uma concepção de uma antropologia 
nas cidades, propomos abordar etnograficamente as narrativas sobre a cidade, que se 
2 
 
esboçam em narrativas orais, literárias e poéticas, procurando acompanhar os 
imaginários que elas projetam da experiência urbana. 
Pensar em cidades e modos de vidas urbanas é também pensar em cooperação e 
conflito, identidades e diferenças entre os diversos tipos de coletivo e suas interações e 
construções de fronteiras espaciais, culturais e zonas de contato. Múltiplas escalas de 
alteridade e dimensões do urbano se espacializam quando assim problematizamos o 
“desenvolvimento urbano”. Diferentes encontros de contextos sociais fazem com que 
nos envolvamos com diferentes significados sociais, assim, é nas cidades que as 
experiências são narradas e construídas, elas são geografias narrativas. A partir de 
olhares sócio-antropológicos, etnográficos e ficcionais, propomos compreender a cidade 
como espaço privilegiado para pensar espaços transnacionais e locais. Suas cartografias 
desvelam em suas paisagens situações de vulnerabilidade e os paradoxos entre a vida 
individual e coletiva, apontam a vida urbana como experiência e experimento das 
alteridades. Ampliam as dimensões do urbano, e auxiliam-nos a desconstruir a noção de 
“desenvolvimento”, porque nos colocam diante de embates sobre a mobilidade e a 
convivência nestes espaços, um dos grandes desafios contemporâneos. 
Michel Foucault já nos colocou em alerta diante do fato de que a noção de 
desenvolvimento, “(...) permite descrever uma sucessão de acontecimentos como a 
manifestação de um só e mesmo princípio organizador.” (FOUCAULT, 2008, p.87). 
Quando sabemos que lidamos com descontinuidades, com práticas urbanas cotidianas 
que se fazem no falar, no andar pelas cidades. 
Pensar a constituição da cidade associando elementos como a experiência 
individual, os trajetos em suas ruas, as quebras e descontinuidades nela existentes, 
evocá-la para além das planificações e geometrias. Descrever suas paisagens aliando a 
questão da linguagem, das narrativas, das experiências e da etnografia, ampliando 
assim, o enfoque das políticas públicas do ponto de vista teórico-prático, ou melhor, 
ampliamos suas questões para políticas de conhecimentos ou como conhecemos as 
relações sócio-culturais e como elas engendram o que chamamos de cidade. 
Incluir a percepção dos signos, trajetórias e experiências que perpassam o 
cotidiano ao remontamos as configurações na constituição das cidades, repensamos os 
espaços, as noções de territórios, seus agentes, ações e percebemos como esse tecido, 
quando visto de maneira inteiriça, é construído como lugar praticado de ações e trocas, 
sobretudo imaginárias. Para isso, torna-se imprescindível resgatar as “artes de fazer” e 
as grafias da cidade, seja nas narrativas, nos encontros, na prosa, na poesia, no cordel, 
3 
 
nas imagens de postal, nas arquiteturas, o patrimônio local e as intervenções externas 
nas “memórias do social.”1 Tomamos assim, as noções de espaço, lugar, práticas 
cotidianas e narrativas, não como dados, mas como eixos que percorrem os fios 
“entramados”, da vida social, ou seja, os elementos que se dão em forma entrecruzada e 
composto ao mesmo tempo em tramas que tecem a vida cotidiana. 
Como bem lembrou Lévi-Strauss: 
Enquanto a sociologia se esforça em fazer a ciência social do 
observador, a antropologia procura, por sua vez elaborar a ciência 
social do observado (...) tentando então extrair um sistema de 
referência fundando na experiência etnográfica, e que seja 
independente, ao mesmo tempo, do observador e de seu objeto. 
(LÉVI-STRAUSS, 1996: 404). 
 
Ora, o que Lévi- Strauss está ressaltando é que partir do ponto de vista do 
observador “permite extrair propriedades aparentemente mais rigorosas”, do que quando 
se implica ampliar a perspectiva para “outros observadores possíveis”. (LÉVI-
STRAUSS, 1996: 404). Incluir outras referências, experiências e observadores 
possíveis, é de certo modo deslocar os lugares do verdadeiro, do falso e do fictício, 
possibilitando outros acessos à interpretação da realidade social e cultural. A etnografia 
tem caminhando entre as ficções da vida social para se configurar como texto e leitura 
das culturas ou de suas artes de fazer. 
Grafias Ficcionais: 
 
Tomando como campo de investigação o universo literário e suas ficções, busco 
construir uma leitura dos escritos da romancista brasileira Clarice Lispector (1920 – 
1977). Mais especificamente, aqueles cuja trama traz à cena as cidades, seja como 
cenário ou como a grande personagem. Meu interesse em pesquisar o tópico citadino 
que compõe um dos estoques temáticos da produção literária de Clarice Lispector, 
justifica-se pela inquietação que, a primeira vista, simples, mas que implica numa de 
aproximação e compreensão de experiências urbanas: de onde podemos lançar olhares 
sobre as cidades? Como se compõem?Janice Caiafa (2007) remonta as cidades como 
meios heterogêneos, diversos, compostas por estrangeiros de diferentes procedências e 
como “espaço da exterioridade” constituídas por comunicações com (des) conhecidos 
em situações imprevisíveis de encontros e, consequentemente, de circulações (in)tensas 
de trajetos, pessoas e objetos. 
 
1
 JEUDY; 1990. ASSMANN, 2011; GAGNEBIN 2002. 
4 
 
No universo ficcional construído por Clarice Lispector, percebemos que não por 
acaso, as cidades narradas em seus romances, contos e crônicas, são a mesmas pelas as 
quais a própria escritora circulou. Em sua produção literária, mais precisamente, em sua 
coletânea de contos reunidos em Felicidade Clandestina (1971), dois contos, 
“Felicidade Clandestina” e “Cem anos de perdão”, trazem à cena a cidade de Recife, 
com as marcas das desigualdades sociais, onde Clarice e sua família, imigrantes judeus, 
fugitivos da perseguição durante a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918), 
estabeleceram residência por dez anos. 
Nesses escritos, Recife surge como o cenário onde a narradora-personagem de 
“Felicidade Clandestina” experimenta as tribulações as quais se submetia por conta de 
não possuir recursos para adquirir o seu maior objeto de desejo: o livro. Seu algoz, a 
filha de um dono de livraria, torturava-a sadicamente com seus jogos, fazendo-a “andar 
pulando nas ruas”, que era o seu modo estranho de andar nas ruas de Recife, em busca 
de sua cobiçada peça.A relação entre a protagonista do conto e seu carrasco era 
sustentada pelo fato da primeira desejar algo (o livro) que era “completamente acima de 
suas posses”, o que já era o contrário da segunda. A diferença de classe e da 
disponibilidade de recursos entre as duas garotas, uma filha de um dono de livraria, 
como já foi dito, e a outra de um imigrante judeu mascate, se evidencia ainda mais 
quando o espaço é marcado na narrativa: “No dia seguinte fui a sua casa, literalmente 
correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa.” (LISPECTOR, 
1998, p.10). Nesse sentido, sobre a capital pernambucana da época e seu desenho sócio- 
espacial: 
Convém lembrar que Recife (...) era ainda uma cidade calma, que no 
entanto já exibia as marcas, inclusive arquitetônicas, das grandes 
distâncias que separam as classes sociais. Portanto, a cidade projetava, 
de um lado, a imagem da fartura, da terra fértil forrada de frutas 
variadas e saborosas, que as pessoas simplesmente apanhavam e 
comiam se precisar pagar por elas (...) Por outro lado, o terreno tinha 
demarcações cerradas, ostentando os limites entre as mansões da elite, 
construídas sobretudo com o dinheiro proveniente do açúcar, e as 
pequenas casas pobres, com as dos comerciantes judeus. 
 (GOTLIB, 2013, p. 75) 
 
Em “Cem anos de perdão”, mais um dos seus “contos de memória”, a narradora-
personagem nos conta que “havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas 
por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins” (LISPECTOR, 1998, p.60). Ela 
e a coleguinha caminhavam pelas ruas e brincavam de decidir de quem pertenciam os 
palacetes. Numa dessas brincadeiras de “essa casa é minha”, a narradora depara-se com 
um pomar, onde “estava uma rosa apenas entreaberta cor-de-rosa-vivo” (LISPECTOR, 
5 
 
1998, p. 60). A partir daquele instante, ao contemplar a rosa, nossa protagonista assente 
o desejo: “no fundo do meu coração, eu queria aquela rosa pra mim.” (LISPECTOR, 
1998, p. 60). Contudo, a situação não era simples. Se a menina pedisse uma rosa 
daquela ao jardineiro, ele simplesmente a expulsaria “como se expulsam moleques”. As 
personagens dos contos “Felicidade Clandestina” e “Cem anos de perdão” deparam-se 
de forma pungente com um mundo excludente, tornado evidente através da percepção 
precoce e sagaz de que “uns têm mais dinheiro do que outros”. 
Do mesmo modo que suas narradoras-personagens, Clarice Lispector, ainda 
criança, experimentou durante as décadas de 1920 e 1930, na cidade de Recife, os 
desencontros entre a exclusão social e o projeto modernizador da capital pernambucana 
(FANINI, 2006). Tal marco na trajetória da escritora, a levou a optar inicialmente pela 
carreira de advogada, movida pelo propósito de “defender os direitos dos outros” 2. 
A partir dessa visão panorâmica da produção ficcional de Clarice, ao que 
concerne o tema das cidades e, consequentemente, o da exclusão social, considero seus 
escritos como leituras possíveis do urbano, de seus arranjos sócio-espaciais que forjam 
modos de viver. Escrever a cidade é também uma forma de lê-la, de engendrar uma 
maneira de compreensão dessa realidade sempre móvel. Nessa perspectiva, ao atentar à 
cena escrita elaborada por Clarice, basicamente, o que fazemos é ler textos que lêem as 
cidades, levando em consideração não só as paisagens urbanas e suas personagens, seus 
elementos culturais marcantes, seus costumes, os tipos humanos, mas também a 
cartografia simbólica, a qual é atravessada pelo ficcional, o imaginário e o histórico 
(TEIXEIRA, 2007). 
Se a literatura clariceana nos propicia acesso à leitura e compressão das 
experiências urbanas, o desafio que se põe diante de nós diz respeito ao tratamento dado 
ao texto literário em si, o como estamos “lendo esses textos que lêem as cidades”. 
 Numa possível etnografia ficcional, realizamos uma leitura do texto literário que 
busca captar as alteridades, sobretudo, o que nos é possível refletir destas a partir das 
ficções. As encenações literárias trazem ao centro de suas narrativas personagens e seus 
 
2Sobre esse aspecto, o excerto da crônica a seguir é elucidativo: “O que eu gostaria de ser era uma 
lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu sempre quis. (...) 
em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava 
acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la. E eu sentia o drama social com tanta intensidade 
que vivia com o coração perplexo diante das grandes injustiças a que são submetidas as chamadas classes 
menos privilegiadas. Em Recife, onde morei até os doze anos de idade, havia muitas vezes nas ruas um 
aglomerado de pessoas diante das quais alguém discursava ardorosamente sobre a tragédia social. E 
lembro-me de como eu vibrava e de como eu me prometia que um dia esta seria a minha tarefa: a de 
defender o direito dos outros. (LISPECTOR, 1999, p. 150) 
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embates consigo mesmas, ou a partir do encontro com o outro que é também 
personagem. Além disso, a construção da própria voz do narrador traz consigo as 
marcas das alteridades presentes narrativas literárias, quando o escritor encarna esse 
outro, o narrador(a), a fim de dar vida a trama vivida por outros. 
Como exemplo, em “Cem anos de perdão”, além do tópico urbano, há ainda no 
enredo a tensão transgressora. Lembramos que o conto se inicia com um contundente 
parágrafo: “Quem nunca roubou não vai me entender. E quem nunca roubou rosas, 
então é que jamais poderá entender. Eu, em pequena, roubava rosas” (LISPECTOR, 
1998, p. 60). Do desenrolar da trama, a narradora-personagem vê-se envolta nesse 
conflito: o incontrolável desejo de transgredir, o intenso desejo de roubar. A narradora 
nos conta que queria poder pegar a rosa, tomar pra si, “queria cheirá-la até sentir a vista 
escura de tanta tonteira e perfume.”. Contudo, ela hesita, estabelece-se o dilema. 
Adiante, porém, admite: “não pude mais”. O plano para roubar a rosa se engendra 
rapidamente e sua mente e o ela o põe em prática. Parece-nos que subjacente a esse 
desejo de roubo, há o desejo também de se conhecer, de se saber quem se é, de se pôr a 
prova. Aquilo que move a humanidade a violentar, a deflorar, em busca da saciedade de 
seu instinto, de sua paixão, o de possuiralgo ou mesmo de se ter a si mesmo. 
Nesse conto, vemos também como Clarice já adulta, a partir de narradoras-
personagens crianças, vai tecendo suas ficções. Desse modo, fica claro como, ao 
rememorar sua infância, Recife, torna-se a cidade da memória da escritora ao mesmo 
tempo em que pode desvelar as memórias da cidade. Nesse jogo entre a cidade da 
memória ou a memória da cidade, compreendemos como encontramos os trajetos dos 
escritores pelas cidades inscritos em suas ficções. Seja nos romances ou contos, as 
cidades são imaginárias, admitimos. Contudo, o que nos interessa são os sentidos dados 
a partir dessas leituras dos mapas urbanos. Quanto aos embates das personagens, merece 
atenção o contraponto com a figura do jardineiro que aparece em “Cem anos de 
perdão”. Nossa narradora encara-o com receio, mesmo que a presença dele não seja 
detectada no lugar, pois “não havia jardineiro à vista, ninguém.” Entretanto, sua 
possível presença ali parece lembrar-lhe das demarcações das desigualdades sociais: 
aquela casa não é sua, ou não era para ela estar naquele lugar. Clarice parece jogar essa 
figura na narrativa, representando esse discurso ordenador que configura os espaços e 
suas práticas, forjando diferenças. Desse modo, narrar alteridades, é de certo modo 
repensar a prática antropológica, etno(grafar) ficções. A própria antropologia seria uma 
ficção da realidade cultural? 
7 
 
Grafando a cidade: imagens, trajetórias e narrativas no grafite 
 
A pesquisa “Grafando a cidade: imagens, trajetórias e narrativas no grafite em 
Fortaleza” teve elaboração atravessada pelas discussões fomentadas no grupo Rastros 
Urbanos: Experiências, Encontros, Narrativas e Trajetórias. A pesquisa consistiu em 
discussões acerca da utilização das grafias urbanas que se fazem presentes na cidade de 
Fortaleza como estímulos para aqueles que atravessam a cidade e da própria trajetória3 
dos indivíduos responsáveis por estas como dispositivos e rastros que nos possibilitam 
etno-foto-bio-grafar a cidade contemporânea em sua efemeridade. 
 Busquei pensar a produção do espaço urbano à luz dos percursos e experiências 
dos grafiteiros, investigando de que maneira interpretam o afetar e o ser afetado na 
cidade. A partir da trajetória de dois interlocutores e seus acervos de fotografias de 
Fortaleza, desenhos em cadernos e narrativas desencadeadas a partir destes, foram 
construídos arranjos fotobiográficos4 da memória dos grafiteiros como resultado de 
tradução da experiência de pesquisa, associando-se biografia, fotografia e relatos como 
elementos sensíveis do fazer etnográfico. 
A investigação foi pautada nas sutilezas da razão sensível, tomada de 
empréstimo do sociólogo francês Michel Maffesoli, que propondo outro modelo de 
operação da ciência, aponta para algo contrário à Razão racionalizante, sua grade 
tradicional de compreensão e seus conceitos altissonantes que se propunham a caber (e 
empobrecer) na vida dos indivíduos. 
O autor afirma que o sensível não é mais apenas um fator secundário na 
construção da realidade social ou um momento que se poderia ou deveria superar no 
quadro de um saber que progressivamente se depura, mas sim algo a ser considerado 
como elemento centro no ato do conhecimento. O sensível, segundo Maffesoli, é um 
“elemento que permite, justamente, estar em perfeita congruência com a sensibilidade 
social difusa de que se tratou.” (MAFFESOLI, 1998: 189). É partindo disso que eu, 
sendo afetada e afetando a realidade vivenciada pelos meus interlocutores, busquei 
nessa aventura do encontro extrair um projeto de conhecimento e, nos rastros do 
 
3Pensei trajetória a partir da obra da pesquisadora Suely Kofes, que aponta esta como um “processo de 
configuração de uma experiência social singular” (KOFES, 2001: 27) 
4
 Faço referência à proposta metodológica da antropóloga Fabiana Bruno (2003) de reunir reflexões a 
partir de conjuntos de fotografias pessoais, escolhidos e montados por cinco pessoas idosas – homens e 
mulheres numa faixa etária de 80 anos. Nessa pesquisa, os resultados oferecidos pelos informantes foram 
representativos de suas histórias de vida e constituíram espécies de arqueologias existenciais. 
8 
 
antropólogo Tim Ingold5, um estudo não de objetos ou “de” indivíduos, mas “com” 
pessoas, numa relação dialógica que trouxe maior sensibilidade à ciência que me 
proponho a construir sobre a cidade que me proponho a problematizar. 
Uma das principais motivações dessa pesquisa consistiu em algo que penso que 
une todas as investigações daqueles que compõem o Grupo Rastros Urbanos: apontar a 
partir de que lugar estou construindo meu olhar para a cidade e as teias da vida cotidiana 
constituídas em seu cenário, buscando compreender seus movimentos e tempos, suas 
ficções e distinções, sem a pretensão de capturá-la ou cristalizá-la. Nesse sentido, me 
foi cara a ideia de Michel de Certeau da degradação da cidade-conceito e o outro 
caminho apontado pelo autor como escapismo da cidade totalizadora: analisar as 
práticas microbianas, singulares e plurais, que um sistema urbanístico deveria 
administrar ou suprimir e que sobrevivem a seu perecimento. Acompanhar o grafite é, 
para mim, acompanhar os procedimentos multiformes, resistentes, astuciosos e teimosos 
apontados por Certeau que, segundo ele, escapam à disciplina sem ficarem mesmo 
assim fora do campo onde se exercem e que “deveriam levar a uma teoria das práticas 
cotidianas, do espaço vivido e de uma inquietante familiaridade da cidade.” 
(CERTEAU, 1999, p. 175) 
Ao confrontar os arranjos de sua memória, elaborados por mim a partir de seus 
relatos e imagens selecionados, o principal interlocutor da pesquisa me disse que se 
estranhou ao observá-los: 
Sei lá eu achava que quase nunca tinha manifestações de 
sentimentos. A parte mais sentimental da minha vida foi aquilo. 
Acho que minha vida é mais violenta. Uma coisa mais “não sei se vou 
acordar amanhã”. Mas tem coisas que não se podem ser escritas. 
Tem coisas que já mas [sic] podem ser ditas em algo que fique 
registrado. Nunca piso em falso. (A.S.) 
 
Partindo disso, percebo e sinto na pele e na pesquisa aquilo que Clifford Geertz 
dizia em A Interpretação das Culturas: aquilo que o antropólogo inscreve (ou tenta 
fazê-lo) não é o discurso social bruto, ao qual não somos atores, não temos acesso direto 
a não ser marginalmente, ou muito especialmente, mas apenas àquela pequena parte que 
 
5
 Essa ideia se faz presente no artigo “AnthropologyisNotethnography”, uma conferência proferida pelo 
autor primeiramente na Universityof Edinburgh em 12 de março de 2007 e depois publicada pela The 
British Academy em 2008. 
9 
 
nossos interlocutores nos podem levar a compreender. É nesse sentido que Geertz 
aponta que: 
Fazer a etnografia é como tentar ler (no sentido de “construir uma 
leitura de”) um manuscrito estranho, desbotado, cheio de elipses, 
incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos, escrito 
não com os sinais convencionais do som, mas com exemplos 
transitórios de comportamento modelado. (GEERTZ, 1978, p. 20) 
 
Geertz, ao mesmo tempo, nos aponta que isso não deve parecer tão fatal como 
soa, uma vez que não é necessário conhecer tudo para poder entender uma coisa. O 
autor se pergunta, nessa mesma obra, o que a escrita pode fixar. Penso que é necessário 
questionar não só o que a escrita, mas o que as imagens, as narrativas, o grafite e 
diversas outras formas de deixar cicatrizes na vida cotidiana podem fixar. 
Nessa pesquisa, atravessada por lacunas e faltas do jogo entre lembranças 
eesquecimentos inerente à construção da memória, busquei os rastros da prática do 
grafite a partir da trajetória dos meus interlocutores e do limiar de signos que elesme 
permitiram conhecer. Mas como fixar os silêncios, as lacunas e ausências da produção 
da experiência subjetiva das práticas urbanas? O que pode mesmo narrar um processo? 
O que pode mesmo narrar um silêncio? 
Busquei a arqueologia a partir de várias grafias, pensando essa experiência não 
como traduzível, mas como rastreável, sendo afetada por essa prática móvel e buscando 
transformá-la em meu projeto de conhecimento. Acredito que as histórias de vida, as 
imagens e os próprios grafites dos atores são complementares, uma vai revelando o que 
a outra esconde. As pequenas informações, as minúcias, as práticas e as táticas revelam, 
além das interpretações individuais, o rosto da cidade que infecta, sufoca e alegra. 
 
Situações e Trajetos 
 
Quando busco enxergar as práticas alimentares das pessoas em situação de rua 
estou a concentrar meus esforços em uma prática que pode ser considerada fim 
(alimentar-se é o fim de um ritual que tem o intuito de buscar ingerir alimentos para 
conceder elementos nutricionais ao corpo), mas, no entanto, é o inicio de um processo 
que visa conhecer suas estratégias para realizar a ingestão de alimentos, e 
consequentemente, reconhecer quais são os mecanismos utilizados por estas pessoas 
para promoverem sua própria sobrevivência nas ruas. 
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O antropólogo Claude Lévi-Strauss foi um dos pioneiros a se aventurar a olhar 
com vigor para a alimentação (O Cru e o Cozido, 1964), postulando que o homem 
através da utilização do fogo para realizar o cozer dos alimentos obteve grande saltos 
culturais. 
Observar o que o homem se alimenta não implica somente em enxergar a forma 
e a hora que este come, é necessário ter ciência onde este sujeito está inserido e qual o 
significado que a palavra comer tem para sua existência. O valor simbólico que uma 
pessoa adepta de práticas veganas dar para uma refeição preparada somente com 
vegetais e que foram cultivados sem a utilização de agrotóxicos, pode não ser o mesmo 
que uma pessoa que foi educada a comer alimentos de fonte animal, ou até mesmo, uma 
pessoa que já está acostumada a comer lanches rápidos de grandes redes de fastfoods. 
Ao focar minha investigação nas práticas alimentares das pessoas em situação de 
rua, não estou a observar o conteúdo nutritivo dos elementos ingeridos – é algo que 
você também tem a oportunidade de evidenciar e refletindo sobre -, mas me concentrei 
em ter contato com suas estratégias para aquisição de alimentos, as táticas que estes tem 
possuem e realizam para conseguir não somente alimentos, mas também as providências 
para outras necessidades físicas do ser humano: higiene, descanso, lazer, etc. 
Ao realizar o esforço de entender o cotidiano dos moradores de rua (categoria 
nativa que não se restringe as pessoas que estão em situação de rua, e sim a todos os 
grupos de pessoas que ficam na rua (caso dos mendigos e flanelinhas, por exemplo), 
que estão na rua(catadores de papéis e de latinhas), e as pessoas que são da rua (são 
aqueles que já estão por um tempo já na rua e, em função disso, foram sofrendo um 
processo de debilitação física e mental, especialmente pelo uso do álcool e das drogas, 
pela alimentação deficitária, pela exposição e pela vulnerabilidade à violência)), tenho 
contato com os “miasmas sociais” que a sociedade contemporânea, dinâmica, veloz e 
ativanão conseguiu se apoderar. Os moradores de rua são os resquícios de políticas e de 
programas sociais que não deram certo. 
Manguiá (categoria êmica identificada dentro da categoria nativa moradores de 
rua) é uma das estratégias identificadas durante a pesquisa que explicita as táticas de 
sobrevivência e de aquisição de alimentos. Manguiá é ato de pedir, praticar a 
mendicância, mas com ênfase no uso da fala para reforçar sua condição de 
miserabilidade, e consequentemente, o convencimento do ouvinte. 
Os vendedores de tapiocas assadas em carrinhos informam que uma das 
“manguiadas” que as pessoas em situação de rua realizam é o mexerico, e é feita nas 
11 
 
primeiras horas do amanhecer – o pedido é realizado preferencialmente ao amanhecer, 
mas estes informam que há oscilação no horário do pedido. Mexerico,são osrestos da 
confecção de tapiocas feitas em carrinhos de tapioca, são os flocos e migalhas da goma 
que não ficaram unidos na tapioca ao ser assada. 
Os moradores de rua precisam se alimentar, precisam de nutrientes para manter o 
funcionamento do corpo humano, fato comum a todo ser humano. No entanto, com a 
escassez de recursos financeiros e de possibilidades para a confecção de algum elemento 
(natural) em comida (cultura), este utiliza com sagacidade a opção de conseguir e nutrir-
se de algo que seja funcional (nutricional) e que seja de seu alcance, tanto financeiro 
(custo zero) como social (ninguém comerá, basta pedir). 
Podemos perceber e refletir que as sobras de comidas de outros seres humanos, de 
outros grupos de pessoas, são as fontes alimentares de muitas pessoas, e que estas 
também são as sobras de uma sociedade que exclui quem não se adequa ao seu sistema 
espúrio e hostil. As pessoas em situação de rua são excluídas por muitas classes sociais e 
por muitos governos que as colocam como cânceres de uma sociedade em evolução e que 
progredi a cada dia. 
Pesquisar um grupo estigmatizado (Goffman, 1988) por uma sociedade que 
também o exclui, e o coloca como grupo desviante (Becker, 2008), não é um exercício 
fácil, e quando utilizamos a observação participante como ferramenta de uma pesquisa 
etnográfica, esta atividade pode se tornar ainda mais difícil. 
Evans-Pritchard (Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, 1978) já pontuou 
que não existe receita pronta para a realização de uma pesquisa de campo, e que os 
fatores e o sucesso dependem do pesquisador, dos pesquisados e das condições em que a 
pesquisa é realizada. 
Meu ingresso nesta pesquisa teve início e interesse coletivo, inicialmente 
pesquisávamos moradores de rua, e de forma ampla, mas tão logo se iniciou, 
imediatamente foi suprimida por questões técnicas e pessoais. Depois por razões 
pessoais, sozinho voltei a pesquisar a biografia e a trajetória de uma pessoa em situação 
de rua, mas com o passar do tempo, este desapareceu e fui compelido a realizar uma 
modificação estrutural, metodológica e epistêmica da pesquisa, meu foco passou a ser 
uma sopa que é oferecida de forma gratuita diariamente em uma praça no centro da 
cidade. Passei mais de um ano intensamente pesquisando moradores de rua e realizando 
visitas durante a entrega da sopa, mas senti a necessidade de dar um tempo no campo 
por questões acadêmicas. 
12 
 
Quando retornei a pesquisa utilizei meu esporte como forma de ser aceito no 
campo, sempre que ia ao encontro dos moradores de rua eu utilizava meu skate como 
forma de ser aceito pelas pessoas que se encontravam na rua e nas praças, pois 
acreditava que os skatistas também são vistos como pessoas da rua, skatistas são vítimas 
de estigmas e também são considerados atores sociais de práticas desviantes. 
Guilherme Magnani (De Perto e de Dentro, 2002) pontua como método a 
experiência de conviver com o grupo pesquisado como uma das mais eficazes, pois com 
esta é possível conhecer as múltiplas performances que o pesquisado contemporâneo 
exerce, e se tratando de antropologia urbana, nada melhor que fica perto e dentro do 
grupo pesquisado, ter a possibilidade de sentir as mesmas dificuldades e usufruir dos 
mesmos momentos de conforto. 
Retomo a pesquisa de campo e de forma mais intensa, pois intensifiquei as 
buscas pelos diversos tipos de pessoas que compõem a classe de pessoas em situação de 
rua, e por coincidência, também meu antigo informante chave reaparece, mas 
novamente, com o passar de meses este volta a desaparecer. 
Conheço e entrevisto vários tipos de moradores de rua, dependentes químicos, 
ex-moradores de rua, travestisque estão em situação de rua, dependentes químicos em 
recuperação e em fase de reabilitação, foram muitos os atores encontrados, algumas 
entrevistas, algumas conversas gravadas e outras foram até muito rápidas sem a 
possibilidade de saber o nome. Entretanto, diante de vários avanços na investigação algo 
foi se concretizando com o passar do tempo e na medida em que mais atores sociais eu 
encontrava: o imediatismo que muitos vivem, ou seja, nada é possível de ser 
programado. 
Várias entrevistas foram programadas e não realizadas, atores foram se 
evidenciando como efêmeros, ensaios fotográficos e entrevistas filmadas foram poucas 
as que deram certo, as programações ficaram mais difíceis de serem realizadas e com o 
passar do tempo ficou mais evidente pra mim o quão imediato eram as ações dos 
moradores de rua. 
Atento para este fato, que esteve presente desde o meu primeiro ingresso nessa 
pesquisa, observei que as adversidades não eram frutos de erros cronológicos cometidos 
por mim, não eram faltas graves metodológicas da investigação e do meu trabalho de 
campo, nem por intempéries climáticas, as falhas ocorridas durante o percurso da 
pesquisa são adversidades que o correm com o meu objeto de estudo. 
13 
 
Pontuei como “Intempéries Sociais”, as passíveis e possíveis adversidades que 
possam ocorrer com os meus atores, seres humanos que são estigmatizados, são 
considerados desviantes e que estão em situação de risco, por isso, seu único 
compromisso, sua ética e sua moral, é com sua própria estratégia de sobrevivência. 
Para não ter problemas com as “intempéries sociais” dos meus atores 
observados, eu preparo meu próprio manguiá, ou seja, quando algo programado não 
ocorre como planejado, aproveito a inserção ao campo e uso outra tática de 
sobrevivência na pesquisa, saio com sobras de incursões, mas não fico com ausência de 
conteúdo de meu campo. 
Nos três trabalhos apresentados encontramos deslocamentos dos autores em 
relação a cidade, estão todos em movimentos em relação ao próprio sentido de grafar 
(marcar com estilo), ou seja, de que modo grafamos a vida cultural, auto, bio, foto, 
etnograficamente. Por outro lado, como pensamos as trajetórias (o que atravessa) as 
vidas, as cidades, as experiências individuais e coletivas que a grafam, as narrativas que 
ampliam as suas geografias cotidianas de ações, bem como redimensionam seus 
territórios, e os olhares sobre as cidades e as caminhadas que por ela fazemos. Uma 
Antropologia de Las Calles (como insinua Manuel Delgado), trazendo a importância da 
urbs, a cidade usada, passeada por linguagens, trajetos e corpos que comunicam e 
grafam as experiências e as práticas urbanas que compõem as cidades e as narrativas 
que tecemos sobre elas. 
 
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