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TRABALHO DE SAÚDE MENTAL

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
serviço social
NOME DOS ALUNOS
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO
A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL: SUA HISTÓRIA E OS DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE NOVOS PARADIGMAS.
Bom Jesus da Lapa - Bahia
2018
NOMES DOS ALUNOS
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO
A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL: SUA HISTÓRIA E OS DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE NOVOS PARADIGMAS.
Trabalho de Serviço Social, apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, para a disciplina: Homem Cultura e Sociedade, Responsabilidade Social e Amibiental, Psicologia e Políticas Públicas e Metodologia Científica. 
Orientador: Mayra C. Frâncica dos Santos, Patrícia Soares, Luisa Maria Sarabia Cavenaghi, Marcio Gutuzo Saviani.
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Bom Jesus da Lapa-BA
2018
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................04
DESENVOLVIMENTO.....................................................................................05
 A QUESTÃO DA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL AO LONGO DA HISTÓRIA........................................................................................................05
 OS DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL..........................................................................................................09
 AS NOVAS POLÍTICAS SOCIAIS A PARTIR DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.............................................................11
 O ATUAL PROPOSTA A POPULAÇÃO DA SAÚDE MENTAL E SEUS DESDOBRAMENTOS PERANTE A POPULAÇÃO ATENDIDA E SUAS FAMÍLIAS........................................................................................................13
 3 CONCLUSÃO.................................................................................................16
 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................17
1 INTRODUÇÃO
Veremos neste trabalho acadêmico a importância da Política de Saúde Mental no Brasil, contextualizando a questão histórica com os seus desafios e paradgmas. A relevância deste assunto reside na condição social dos portadores de sofrimento psíquico no Brasil, no sentido de serem permanentemente objeto de tratamento desumano e estigmatizante, gerando ou reforçando situações de exclusão social, entre eles com os seus desafios. 
O processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil nas últimas décadas visa superar esse tipo de situação, ao propiciar um amplo processo de reestruturação dos serviços de Saúde Mental. Nesta perspectiva, o trabalho do assistente social surge como mediador aos usuários, que sofrem com transtornos mentais, e nisso realizar os estudos de acompanhamento com os familiares, no caso “a atenção à família”. Segundo Neder:
Os assistentes sociais são os únicos profissionais que tem a família como objeto privilegiado de intervenção durante toda sua trajetória histórica [...] (NEDER 1996).
Considera-se que o Serviço Social se constitui historicamente como uma profissão especializada na divisão sociotécnica do trabalho, atuando na viabilização das políticas sociais, compondo os serviços sociais voltados para a reprodução (material e ideológica) da força de trabalho, que neste caso, seria da atuação sobre as demandas postas pelas pessoas com transtornos mentais.
Mais adiante período a psiquiatria estava organizada conforme o modelo manicomial como foi dito anteriormente neste trabalho, baseado na exclusão do sujeito do convívio social, com meios de internação em hospitais psiquiátricos por longos períodos, nesses períodos os hospitais eram comparados como campos de concentração, pelo motivo de miséria real naquele ambiente que nada tinha de terapêutico, um dos desafios a serem discutidos e solucionados ao longo da história, é o que veremos entre outros diante desse trabalho.
2 DESENVOLVIMENTO
No Brasil, o marco institucional da assistência psiquiátrica foi à criação do Hospital Psiquiátrico Pedro II, em 1852, na cidade do Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, instituições públicas semelhantes foram construídas em São Paulo, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. O discurso médico, representado pela jovem Sociedade de Medicina Brasileira de então, ressaltava a necessidade de um tratamento nos moldes já praticados na Europa.
2.1 A QUESTÃO DA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL AO LONGO DA HISTÓRIA.
No começo em meados do século XIX, o surgimento da história da saúde mental no Brasil começou a ter a preocupação sobre a psiquiatria os transtornos mentais. Era uma época onde o doente mental era visto na sociedade como “um perigo social”, e sim era excluído do convívio social. Com a reforma psiquiátrica, a visão do louco para ser mudada surge novos modelos de assistência em saúde mental. De acordo com Pavão 2006:
“Neste cenário, o Estado assumiu a assistência aos loucos, a partir da proclamação da República legitimado pelo discurso cientifico que começara a surgir no país, havendo assim uma materialização da gestão médica do hospício” (PAVÃO, 2006).
Com a internação de pessoas portadoras de transtornos mentais no Brasil na metade do século XIX, teve uma atenção para a internação em hospitais psiquiátricos especializados (chamados de hospícios ou manicômios). A oferta de atendimento hospitalar concentrou-se nos centros de maior desenvolvimento econômico do país, deixando vastas regiões carentes de qualquer recurso de assistência em saúde mental.
A partir dos anos 70, tem inicio a experiências de transformações da assistência pautadas no começo pela reforma intramuros das instituições psiquiátricas, onde são chamadas de comunidades terapêuticas, e mais tarde a proposição de um modelo centrado na comunidade e substitutivo ao modelo do hospital especializado.
Com a Reforma Psiquiátrica, a visão do “louco” para sê-la resinificada e surgem novos modelos de assistência em saúde mental. O objetivo desde estudo foi de remontar a historia da Saúde Mental perpassando desde seus primórdios até as perspectivas futuras. Assim, foi possível discorrer sobre a temática abordando os primeiros passos da Saúde Mental no Brasil, a eclosão da Reforma Psiquiátrica e a indicação de desafios que este campo almeja superar.
Com a proclamação da Constituição, em 1988, cria-se o Sistema Único de Saúde (SUS) e são estabelecidas as condições institucionais para a implantação de novas políticas de saúde, entre as quais a de saúde mental. Consoante com diversas experiências de reforma da assistência psiquiátrica no mundo ocidental, e as recomendações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) contidas na Carta de Caracas (1990).
 Já o Ministério da Saúde, a partir da década passada, define uma nova política de saúde mental que redireciona paulatinamente os recursos da assistência psiquiátrica para um modelo substitutivo de base comunitária. Incentiva-se a criação de serviços em saúde mental de atenção comunitária, pública, de base territorial, ao mesmo tempo em que se determina a implantação de critérios mínimos de adequação e humanização do parque hospitalar especializado.
O ano de 1978 costuma ser identificado como o de início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), movimento plural formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas, surge neste ano. 
É, sobretudo este Movimento, através de variados campos de luta, que passa a protagonizar e a construir a partir deste período a denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntricona assistência às pessoas com transtornos mentais. 
A experiência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria e sua crítica radical ao manicômio são inspiradoras, e revela a possibilidade de ruptura com os antigos paradigmas, como, por exemplo, na Colônia Juliano Moreira, enorme asilo com mais de 2.000 internos no início dos anos 80, no Rio de Janeiro. Passam a surgir às primeiras propostas e ações para a reorientação da assistência. O II Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), em 1987, adota o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Neste mesmo ano, é realizada a I Conferência Nacional de Saúde Mental (Rio de Janeiro). No período, são de especial importância o surgimento do primeiro CAPS no Brasil, na cidade de São Paulo, em 1987, e o início de um processo de intervenção, em 1989, da Secretaria Municipal de Saúde de Santos (SP) em um hospital psiquiátrico, a Casa de Saúde Anchieta, local de maus-tratos e mortes de pacientes. É esta intervenção, com repercussão nacional, que demonstrou de forma inequívoca a possibilidade de construção de uma rede de cuidados efetivamente substitutiva ao hospital psiquiátrico. Neste período, são implantados no município de Santos Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS) que funcionam 24 horas, é criado cooperativo, residências para os egressos do hospital e associações. A Reforma Psiquiátrica brasileira trata-se da primeira demonstração, com grande repercussão, de que a Reforma Psiquiátrica, não sendo apenas uma retórica, era possível e exequível.
Também no ano de 1989, dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado (PT/MG), que propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país. É o início das lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica nos campos legislativo e normativo. Com a Constituição de 1988, é criado o SUS – Sistema Único de Saúde, formado pela articulação entre as gestões federal, estadual e municipal, sob o poder de controle social, exercido através dos “Conselhos Comunitários de Saúde”.
E tendo em vista a criação da Política Nacional de Promoção de Saúde, pelo Ministério da Saúde, em 2006, que visa à promoção da qualidade de vida e redução da vulnerabilidade social e riscos à saúde. Entende-se então, a concepção de saúde e doença (físicas e mentais) como processos resultantes do modo de vida cotidiana de pessoas e de suas historicidades. Sendo assim, o objetivo terapêutico não é de curar doenças, mas de “fortalecer sujeitos, produzir saúde e defender a vida” (BRASIL, 2006). 
Assim, os processos que compõem o sofrimento psíquico são produtos da vida em sociedade, incluindo fatores que podem ser sociais, culturais, econômicos, ou até mesmo políticos, e não necessariamente possuem causas físicas e orgânicas. No caso da saúde mental no Brasil, a mudança de concepção e de trabalho com o portador de sofrimento psíquico pode ser considerada recente. No passado a loucura já foi entendida como uma ameaça à paz da sociedade e o seu tratamento foi um mecanismo de exclusão, de segregação, e punição para os que sofriam com esta doença. As primeiras medidas de tratamento sempre foram no sentido de “vigiar e punir” os “loucos” (Foucault, 1991) como se esta situação fosse um problema de conduta. “Tratavam” os indivíduos como se fossem culpados por sua situação.
Os princípios e pressupostos para o processo de desinstitucionalização foi fundamental na Reforma Psiquiátrica brasileira e na construção da política de saúde mental. Essa perspectiva preconiza um tratamento aberto, por meio de serviços substitutivos, que não prive o indivíduo, com transtorno mental e/ou com problemas decorrentes do uso de drogas, do convívio em sociedade. Apreende-se que, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), regulamentada por meio da portaria 3.088 em 2011 no âmbito do Sistema único de Saúde (SUS), compactua com essa perspectiva, pois nela está descrita uma série de serviço de caráter substitutivo ao internamento de longa duração. 
Todavia, nota-se que a RAPS têm passado por um ensinamento econômico e político, marcado fortemente por interesses contraditórios, pois ainda há recursos públicos investido em instituições privadas que estão distantes da perspectiva de desinstitucionalização e ao que está descrito na política de saúde mental, pois violam uma série de direitos e privam os indivíduos do convívio social por meio de internações involuntárias e compulsórias. Dessa forma, esses recursos não têm sido devidamente investidos na assistência da rede pública do SUS, incentivando-se a privatização dos serviços de saúde e/ou de atenção às pessoas que usam drogas. Isto ocorre através de convênios que pagam internações para o usuário do serviço de Saúde Mental por meio de convênios em instituições privadas, a fim de continuar enriquecendo o capital.
Com isso, tem-se nos últimos anos uma disseminação de instituições privadas como as Comunidades Terapêuticas e as Clínicas Involuntárias para tratar os dependentes químicos por meio de internações compulsória e involuntária, com grande investimento de dinheiro público. Em contraposição, vemos pouco investimento da Rede de Atenção Psicossocial no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), que se amplia a passos lentos, permeado pela precarização.
 Essas instituições de natureza privada se apresentam como serviços muito distantes da perspectiva de desinstitucionalização, pois consistem em ações com viés fortemente segregado, de caráter repressivo e higienista, contrárias ao que historicamente foi lutado e conquistado. Nesta direção, a lógica neoliberal além de sucatear os serviços públicos de saúde mental cria uma rede paralela de serviços privados e filantrópicos, que foge aos padrões da universalidade da saúde, caracterizando-se pela sua focalização e seletividade. 
2.2 OS DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL.
Podemos dizer que as Políticas de Saúde Mental, tais como hoje, resultam de uma construção social, na qual marcada por lutas e resistências. E nisto é necessário entender que o contexto econômico, políticos e social são determinantes na sua constituição e operacionalização na atual conjuntura. Entre elas a Reforma Sanitária com seus principios inscritos na Constituição de 1988, e voltado ao mercado e a logíca prevista surgido principalmente na década de 1990, com a influência das orientações neoliberais nas politicas sociais.
O desafio era grande, mas os avanços nas discussões reconheciam que a saúde era parte integrante da questão social, como também a compreensão das dimensões sociais, políticas e econômicas da prática médica, ou seja, a saúde não é mais vista apenas na esfera médica e técnica, acrescenta como fator a ser considerado na compreensão da saúde da população, como também a realidade do povo brasileiro deve se considerada na elaboração de ações da politica de saúde, onde exigiu da saúde uma nova forma de olhar.
Anos atrás em 1978 costumava ser identificado como o inicio efetivo do “movimento social”, e pelos direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil. Esse Movimento dos Trabalhadores Mental (MTSM), movimento plural formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, composto por:
Associações de familiares;
Sindicalistas;
Membros de associações de profissionais;
Pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas.
O significado desse movimento é através de variados campos de luta, onde passa a protagonizar e a construir a partir deste período de denuncia, (casos de maus tratos com os pacientes, violência dos manicômios, choques, remédios com altas dosagens, e mercantilização da loucura). A hegemonia de uma rede privada de assistência ao construir coletivamente uma crítica ao chamado do saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais, seguindo a influência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria e sua critica radical ao manicômio é inspiradora, e revela a possibilidade de ruptura com os antigos paradigmas. 
“SegundoAmarante, o objetivo da Reforma Psiquiátrica é [...] não só tratar mais adequadamente o indivíduo com transtorno mental, mas o de construir um novo espaço social para a loucura, questionando e transformando as práticas da psiquiatria tradicional e das demais instituições da sociedade”. (AMARANTE 2003, p. 58).
No início do processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil, ocorreu na mesma época do Movimento Sanitário, em 1978, a partir de denúncias feitas por profissionais, ao Ministério da Saúde, a respeito de violações ocorridas nos hospitais psiquiátricos. O objetivo desse Movimento era buscar mudanças no modelo de atenção em saúde mental, visando a superação da violência asilar, e o reconhecimento destas pessoas como sujeitos de direitos. Até esse momento a saúde mental era predominantemente privatizante e hospitalocêntrica. E com a criação do INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), o Estado passou a comprar serviços psiquiátricos do setor privado e, conciliava no setor saúde pressões sociais com os interesses do capital, onde o sistema capitalista se utilizou do modelo privatizante da saúde mental, como uma forma de acumulação.
No ano de 1989, iniciou-se a entra no Congresso Nacional, o Projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado, que propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais, e a extinção progressiva dos manicômios no país. Tal processo emergiu devido às necessidades de mudança nas práticas de saúde, motivado pela crise no modelo de assistência centrado nos hospitais psiquiátricos e pelas lutas dos movimentos sociais em defesa dos direitos dos pacientes com transtornos mentais. A Reforma ocorre no contexto internacional de mudanças relacionadas à superação da violência ocorrida nos manicômios.
Contudo é o início das lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica nos campos legislativo e normativo. Com a Constituição de 1988, é criado o SUS – Sistema Único de Saúde, formado pela articulação entre as gestões federal, estadual e municipal, sob o poder de controle social, exercido através dos “Conselhos Comunitários de Saúde”. No entanto apesar das conquistas relacionadas ao campo da saúde mental, percebe-se que as ações propostas pela Reforma Psiquiátrica ainda não foram implementadas e ampliadas efetivamente pela gestão de saúde. Tendo os serviços existentes ainda não são insuficientes para atender toda a população com o sofrimento psíquico, falta de contratação de profissionais da área, equipamentos médicos e etc.
Observa-se também, que existe uma lacuna entre o que as diretrizes da Reforma preconizam e o que é evidenciado concretamente, no que se refere à prática dos profissionais, pois nem sempre estes tem demonstrado contribuir para a reinserção social e para a não reprodução de estigmas aos usuários dos serviços de saúde mental. O outro desafio que deve fazer parte das prioridades nessa área é a grande parcela de profissionais desta rede assistencial que é composta por jovens que não participaram do processo de lutas políticas e ideológicas que envolveram a origem do movimento antimanicomial. 
Muitos não possuem uma compreensão mais ampla acerca dos objetivos e pressupostos deste modelo que se busca estabelecer, e, portanto, não os colocam em prática, como também não realizam a autocrítica sobre o impacto de suas ações na possibilidade de reabilitação e reinserção social dos usuários. No que faz necessário que sejam trabalhados na formação desses profissionais que atuam na Política de Saúde Mental, temas relativos à interdisciplinaridade, a intersetorialidade, estratégias de cuidado e de responsabilização dos sujeitos, bem como os aspectos clínicos e políticos que envolvem a atenção em saúde mental.
Outro exemplo de desafios é no caso: fortalecer políticas de saúde voltadas para grupos de pessoas com transtornos mentais de alta prevalência e baixa cobertura assistencial, consolidar e ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial promotora da reintegração social e da cidadania, implementar uma política de saúde mental eficaz no atendimento às pessoas que sofrem com a crise social, a violência e desemprego e aumentar recursos do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental.
2.3 AS NOVAS POLÍTICAS SOCIAIS A PARTIR DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
A realização da promulgação da Constituição Federal de 1988 surgiu às novas politicas sociais, entre elas a “Seguridade Social”, que foi o fruto das lutas dos trabalhadores e dos movimentos sociais que reivindicam a reestruturação no tratamento as políticas sociais, especialmente as políticas de saúde, previdência e assistência, porém essas três políticas são consideradas o tripé da Seguridade Social. Portanto, iremos ao inicio da histórica no Brasil que atravessou os anos 80 com a força expressiva dos movimentos sociais, buscando um reordenamento do Estado nas políticas.
Começando pela Seguridade Social que consta no seu artigo 194 da Constituição Federal: “A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e a assistência social”. O Brasil atravessou os anos 80 com força expressiva dos movimentos sociais, buscando um reordenamento do Estado nas políticas sociais que correspondesse às necessidades da sociedade. Algumas medidas de política econômica e social foram implantadas pelo governo, entre 1985 e 1988, sobretudo a partir de 1988, buscando responder as reivindicações postas pela sociedade civil organizada, que essas ações adquiriram concretas intenções de expansão da cobertura dos programas e efetivação da universalidade no acesso às politicas, sistematicamente propostas e registradas no texto constitucional de 1988. De acordo Cavalheiro:
A Nova Constituição saudada, no momento de sua aprovação, como Constituição Cidadã, trazia mudanças significativas no que diz respeito à proteção social no Brasil (CAVALHEIRO, 2013).
Primeiramente a saúde um do tripé da Seguridade Social diante a Constituição de 88, lembrando que antes era vinculado ao INAMPS- Instituto de Assistência Médica da Previdência Social, onde os serviços eram somente assegurados a quem contribuísse, ou seja, não era um direito universal. Contudo, com a promulgação da Constituição Federal, a saúde passou a ser um dever do “Estado” e um direito de todos, independentemente de contribuição. Com o Sistema Único de Saúde – SUS, regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde – LOS nº 8.080/1990 (BRASIL, 1990) é fruto da Constituição de 1988, que instituiu a saúde como parte integrante da Seguridade Social 1 , bem como estabeleceu a saúde como um direito universal. 
Tem como elementos centrais a democratização do acesso, a universalização das ações, a descentralização, a melhoria da qualidade dos serviços, adotando-se um novo modelo assistencial que visa à integralidade e equidade. A referida Constituição, no entanto, não foi capaz de efetivar plenamente os direitos à saúde para todos os brasileiros, tendo em vista os interesses das classes dominantes em privatizar os serviços de saúde, através da expansão dos planos de saúde privados. Ressalta-se que o próprio texto constitucional em seu artigo 199, parágrafo 1º, designa que:
As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência às entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos (BRASIL, 1988).
Já o segundo a “Assistência Social”, se refere às pessoas carentes, que não precisa de contribuição para conseguir, como uma forma de assegurar o mínimo existencial, materializando o corolário da dignidade da pessoa humana. Nisto tem o BPC- Benefício de Prestação Continuada, onde no artigo 203 e inciso V relata como: “direito de cidadania, que garante um salário mínimo de benefício mensal a pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por suafamília, conforme requisitos estabelecidos em lei”. Através do BPC aparece na LOAS- Lei Orgânica da Assistência Social, portanto é ressaltado na lei o BPC ao direito do cidadão, naquele que provê necessidade para tê-la.
2.4 A ATUAL PROPOSTA DA SAÚDE MENTAL E SEUS DESDOBRAMENTOS PERANTE A POPULAÇÃO ATENDIDA E SUAS FAMÍLIAS.
Podemos dizer que a Política Nacional de Saúde Mental surgida pela lei de nº10. 216/02 procura consolidar uma modelo de atenção à saúde mental, com esta mudança de tratamento como: lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade. A proposta para beneficiar a população, oferece a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, comunidade e cidade, e oferece cuidados com base nos recursos que a comunidade oferece. Umas das propostas de redes de serviços e equipamentos variados para a população são:
Centros de Atenção Psicossocial- CAPS;
Serviços Terapêuticos – STR;
Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (a exemplo de Hospitais Gerais, nos CAPSIII).
	A família sendo base possui “uma forma de organização ou disposição de um número de componentes que se inter-relacionam de maneira específica e recorrente” Pode-se, então, afirmar que a estrutura da família é composta por indivíduos com posições reconhecidas socialmente. A família nuclear é formada por um homem, uma mulher e pelos filhos, sejam eles biológicos ou adotivos. No entanto existem cada vez mais novos arranjos familiares, com características bem distintas umas das outras. A atenção à família já faz parte da história do assistente social, uma vez que, segundo Neder (1996)
“os assistentes sociais são os únicos profissionais que têm a família como objeto privilegiado de intervenção durante toda sua trajetória histórica, ao contrário de outras profissões que a privilegiam em alguns momentos e, em outros, não a levam em consideração” (NEDER 1996). 
O modelo para Saúde Mental no Brasil é diferenciado por setores: público, privado, conveniado ou não, consultórios particulares e planos de saúde. O Serviço Social em Saúde Mental faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS), e atua com outras profissões da área, no trabalho realizado junto aos pacientes portadores de transtornos mentais. Os assistentes sociais atuam na reintegração social dos usuários nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS); Residências Terapêuticas e Hospitais Psiquiátricos. Suas ações nesses espaços referem-se à natureza da profissão, atuando junto à equipe interdisciplinar na efetivação dos direitos dos portadores de transtorno mental, no acolhimento, na orientação, nos encaminhamentos, e na mediação entre o usuário e sua família. 
É comum perceber, principalmente no membro que se apresenta como cuidador, as consequências resultantes do preconceito, despreparo e desinformação, que se manifestam pelo próprio isolamento, distanciamento de amigos e familiares, enfim, comprometem-se as relações sociais, muitas vezes por opção do indivíduo que prefere evitar possíveis situações e/ou comentários vexatórios que venham a ocorrer.
Diante disso se relaciona as fragilidades descritas pela família cuidadora do Portador de Transtorno Mental e a atuação que o assistente social deve ter diante dessa questão: É importante que os profissionais da área de saúde mental, de modo especial os assistentes sociais em sua intervenção junto à família, atentem para esta realidade, para que propiciem àquela, possibilidades de superar as dificuldades vividas no convívio com o membro portador de transtorno mental, dividindo com eles o tempo de cuidar, através da oferta de serviços de atenção psicossocial diário, oferecendo-lhe o apoio necessário dos serviços para lidar com o estresse do cuidado e convidando-o a participar da elaboração dos serviços e de sua avaliação (e aqui não só a família, como também os próprios usuários).
O trabalho do assistente social junto às famílias dos Portadores de Transtornos Mentais deverá estar direcionado ao fortalecimento dos laços para com o membro que necessita de atenção e cuidados especiais e também na luta contra o estigma social pelo qual os portadores de transtornos mentais e suas famílias são submetidos, e no campo de Saúde Mental é basicamente necessário ao assistente social reconhecer seu próprio valor, saber o que está fazendo, criar um discurso profissional, publicar ideias, lutar por seus princípios, fazer alianças, se expor profissionalmente em Saúde Mental. 
É claro que o profissional de campo precisa contar com a colaboração de seus colegas de academia: a universidade também deve desenvolver esse discurso profissional com pesquisas, aulas, extensão, publicações, conferências entre outros recursos. O assistente social deve também se disponibilizar as famílias dos portadores de transtornos mentais, para escutá-las, demonstrando interesse e levando em consideração a importância para com os seus problemas. 
No podemos esquecer que o profissional trabalha em cima das normas do Código de Ética entre eles:
Art. 4°  ‐  O assistente social no desempenho das tarefas inerentes a sua profissão deve respeitar a dignidade da pessoa humana que, por sua natureza é um ser inteligente e livre.
Art. 5° ‐ No exercício de sua profissão, o assistente social tem o dever de respeitar as posições filosóficas, políticas e religiosas daqueles a quem se destina sua atividade, prestando‐lhes os serviços que lhe são devidos, tendo‐se em vista o princípio de autodeterminação.
Art. 6°  ‐ O assistente social deve zelar pela família, grupo natural para o desenvolvimento da pessoa humana e base essencial da sociedade, defendendo a prioridade dos seus direitos e encorajando as medidas que favoreçam a sua estabilidade e integridade.
3 CONCLUSÃO:
Por fim, vimos anteriormente o começo histórico da Psiquiátrica no Brasil marcado por diversas lutas e resistências onde o contexto econômico e politico, e a parte institucional da assistência psiquiátrica na criação do primeiro Hospital Psiquiátrico Pedro II em 1852 no Rio de Janeiro como um grande marco na historia na evolução da saúde mental. De uma maneira geral, é preciso dar ênfase na tendência que visa reverter o modelo hospitalar, ampliando significativamente uma rede de cuidados extra-hospitalares e de base comunitária. 
Mas, mesmo tendo ocorrido significativos avanços referidos à rede de serviços em Saúde Mental, com os desafios citados no trabalho anteriormente a questão da loucura, a forma de tratamento dos pacientes e o surgimento da Constituição Federal de 1988, as partes politicas e o surgimento do CAPS, sendo assim enfatizando o trabalho interdisciplinar e as práticas em grupo, onde será necessária uma avaliação constante do processo em construção, levando em conta as limitações e os desafios impostos cotidianamente.
Diante das questões levantadas, apreende-se que a Reforma Psiquiátrica representou um avanço, no campo dos direitos, para as pessoas com transtornos mentais. Todavia nota-se que os interesses privatizantes característicos da sociedade capitalista incidem sobre essa questão sempre em nome dos interesses do capital, incidindo num processo de precarização dos serviços.
Verificamos que o Serviço Social, assim como todas as profissões que se inserem nesse contexto, tem sido atingido pela lógica neoliberal, requisitando ações focalizadas, seletivas, fiscalizatórias dentre outras que vão de encontro ao que foi lutado e conquistado no processo de Reforma Psiquiátrica. Assim, novos desafios são posto ao mercado de trabalho do Serviço Social que se vê permeado de contradições, na qual o sistema capitalista e os avanços.
Desta forma, o trabalho do assistente social encontra-se diretamente envolvido no processo de formulação, execução e acompanhamento de ações que visem à promoção de saúde, levando em consideração os determinantes envolvidos no processo de saúde/adoecimento, e ainda, o objeto da profissão que é a questão social em suas expressões, apreendidas no cotidiano da prática profissional.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMARANTE. Paulo (Coord.). Loucos pela vida: A trajetória da reforma Psiquiátrica no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocrruz, 1995. 
BISNETO, José Augusto. Serviço Social e Saúde Mental: uma análise institucional. São Paulo: Cortez, 2007. 
BRASIL. Lei nº8080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção proteção e recuperação da saúde, a organização e a funcionamento dos serviços correspondente e da outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF.
BRAVO, M. I. Políticas brasileiras de Seguridade Social: Saúde. In. Capacitação em Serviço Social e política social. Módulo 3. Brasília: UNB-CEAD, 2000, p. 103-116.
Constituição Federal de 1988.
CAVALHEIRO, Andressa Fracaro. O sistema de saúde no Brasil: considerações a partir do sistema de seguridade social. Tempus Actas de Saúde Coletiva, v. 7, n. 1, p. Pág. 333- 348, 2013. Disponível em: http://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/viewFile/1300/1129 Acesso em: Mar. 2013.
NEDER, G. Trajetórias Familiares. Florianópolis, Mimeo, 1996.
PAVÃO, Silvia Rodrigues. Louco e a Ciência: a construção do discurso alienista no Rio de Janeiro do século XIX. Estudos e Pesquisa em Psicologia (Revista Eletrônica). v. 6, n. 2, 2006.

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