Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A maior parte dos fármacos é administrada via oral e sofre absorção no intestino delgado. Uma vez que o fármaco foi administrado, uma parte dele é absorvida e é, portanto encontrada na corrente sanguínea. Contudo, nem todo fármaco administrado consegue ser totalmente absorvido. Ocorrem “perdas” pelo caminho. A razão entre a quantidade administrada e a encontrada no sangue é chamada de biodisponibilidade. Isto é, se um fármaco é administrado a uma quantidade X, somente uma parte intacta desse X é encontrada no sangue. Por definição, portanto, temos: biodisponibilidade é a fração da dose oral que chega à circulação sistêmica na forma intacta. A biodisponibilidade de um fármaco administrado via oral pode ser baixa se esse fármaco for inativado por enzimas na parede do intestino ou se ele sofrer intenso metabolismo pelo fígado, antes de alcançar a corrente sanguínea. Esses fatores irão diminuir a quantidade de fármaco intacto que alcança o sangue. Alguns fatores físicos podem alterar a absorção das drogas; vejamos: Vascularização - A vascularização da região onde é administrada a droga. Quanto maior a vascularização, maior a absorção. Por exemplo: se uma droga for administrada no músculo deltoide ou no glúteo, ela será absorvida mais rapidamente no deltoide, pois este é mais irrigado. Área disponível para absorção (superfície de absorção) - Quanto maior a superfície, maior será a absorção. Isto é válido para os fármacos administrados via oral e absorvidos no intestino. Neste, encontramos as microvilosidades – estruturas na forma de dedos que são projeções da superfície da membrana plasmática das células epiteliais do intestino. Essas estruturas aumentam a superfície de absorção. Quanto maior o número de microvilosidades, maior será a absorção. 2/4 Tempo de contato do fármaco com a superfície de absorção - Quanto maior o tempo de contato do fármaco com as superfícies, maior será a absorção. Isto também é válido para fármacos administrados via oral. A presença de gordura no intestino causa paralisação dos movimentos peristálticos e prejudica o contato do bolo alimentar e do fármaco com a mucosa, prejudicando a absorção. Por outro lado, o excesso de peristaltismo, como a diarreia e alguns casos de vômito, também prejudica a absorção. Após sofrer absorção, o fármaco deverá ser distribuído por todos os líquidos e tecidos do corpo. Quem se encarrega dessa distribuição é o sangue. Ali, uma parte da dose absorvida é transportada livre, enquanto que a outra parte da dose é transportada ligada às proteínas do plasma ou proteínas plasmáticas. São elas: albumina (mais abundante), beta-globulina e glicoproteínas ácidas. A fração livre do fármaco será a primeira parte a sair do sangue para agir nos tecidos e aos poucos a fração ligada às proteínas irá se desprendendo e se difundindo para os tecidos (figura 7, à direita). Pode ocorrer de a ligação do fármaco às proteínas plasmáticas ser muito forte – ligações covalentes. Dizemos então que o fármaco fica “sequestrado no sangue”, isto é, a concentração dele no sangue é alta, contudo, sua ação observada é pequena (figura 7, à esquerda). 3/4 Os fármacos não são distribuídos igualmente por todos os tecidos do corpo. Cada tecido possui características que dificultam ou facilitam a penetração dos fármacos. Por exemplo: apesar de o sistema nervoso central ser um órgão bastante vascularizado, seria de se esperar que recebesse boa quantidade de fármacos. Contudo, o que se observa é que, pelas características dos vasos sanguíneos que irrigam esse órgão, ocorre o oposto. Pois bem, os capilares dessa região são contínuos, ao contrário dos capilares do restante do corpo, que apresentam pequenas aberturas, permitindo as trocas entre o tecido e o sangue. A lâmina basal (Camada de proteínas que envolve os vasos sanguíneos) dessa região é mais densa, mais espessa. E por último, os astrócitos (Tipo de célula da glia que pertence ao SNC) emitem prolongamentos que envolvem esses vasos sanguíneos. Todas essas estruturas juntas formam a barreira hematoencefálica que protege o SNC do contato com o sangue e com as diversas substâncias que nele circulam (figura 8). Figura 7: Ligação às proteínas plasmáticas. Extraído de LULLMANN,H., Atlas de Farmacologia 4/4 Figura 8: Barreira hematoencefálica.
Compartilhar