Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A D V O C A C I A LUIS MANOEL F. BELL OAB/MG 175.127 Frutal/MG – Av. 16 de Julho n. 410 – XV de Novembro - Cep. 38.200-000 – Fone: (16) 3818-2942; Planura/MG – Rua Paulo Brinck n. 441 – Vila Paiva – Cep. 38.220-000. E-mail: lmfbell@adv.oabsp.org.br EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE FRUTAL, ESTADO DE MINAS GERAIS. JOSÉ LUIZ GOMES, brasileiro, trabalhador rural/tratorista, portador do RG n. MG-19.429.052-SSP-MG e CPF/MF n. 221.843.504- 78, filho de Antonio Carlos Gomes e Rosalia Luiza Gomes, residente e domiciliado no município de Frutal, Estado de Minas Gerais, na Rua Dr. Claudio Queiroz Maia n. 61 – Bairro Caju – Cep. 38.200-000, vem por intermédio de seus advogados e procuradores bastante ao final assinado (instrumento de mandato incluso), mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO APOSENTADORIA POR IDADE DO TRABALHADOR RURAL (Artigo 48, §1º, da Lei n. 8.213/91) em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, Órgão Autárquico Federal, com Procuradoria Regional em Uberaba, Estado de Minas Gerais, na rua Luiz Soares n. 529 – Bairro Fabrício – Cep. 38.065-260, pelas razões de fato e de direito que a seguir passa a expor para no final requerer: 2 I - DOS FATOS - 1. O Requerente nasceu no dia 23 de dezembro de 1955, estando atualmente com mais de 61 (sessenta e um) anos de idade, tendo efetivamente laborado nas lides rurais, na condição de segurado-empregado por período MUITO superior ao que prevê a legislação que versa sobre a matéria, conforme comprovam parte dos contratos de trabalho anotados em CTPS (docs. inclusos). 2. Trabalhando desde tenra idade, tendo durante sua vida laboral desempenhado as funções de trabalhador rural/serviços gerais da lavoura, conforme comprova parte dos contratos de trabalho anotados em carteira profissional, conforme abaixo transcritos: - Anacibio Agostinho Braz., empresa situada na zona rural do município de Frutal, Estado de Minas Gerais, na função de trabalhador rural, no período de 01 de janeiro de 1984 a 01 de outubro de 1985; 01 de agosto de 1986 a 31 de outubro de 1989; - Irmãos Alves & Cia Ltda, empresa situada no município de Frutal, Estado de Minas Gerais, no período de 08 de outubro de 1985 a 22 de outubro de 1985; - Calixto Miziara, empresa situada na zona rural do município de Frutal, Estado de Minas Gerais, na função de trabalhador rural no período de 01 de março de 1990 a 09 de setembro de 1991; - Sercol Serviços e Administração S/C Ltda, empresa situada no município de Barretos, Estado de São Paulo, na função de trabalhador rural, no período de 27 de maio de 1992 a 03 de junho de 1992; - José Bernache & Cia Ltda, empresa situada no município de Frutal, Estado de Minas Gerais, no período de 01 de agosto de 1992 a 14 de março de 1994; - Louribal Francisco de Souza e Outros, empresa situada no município de Frutal, Estado de Minas Gerais, na função de trabalhador rural, nos períodos de 01 de setembro de 1994 a 04 de abril de 2000; 21 de janeiro de 2012 a 10 de maio de 2012; - Janes César Mateus, empresa situada na zona rural do município de Frutal, Estado de Minas Gerais, na função de trabalhador rural, no período de 01 de outubro de 2000 a 25 de maio de 2001; 02 de janeiro de 2002 a 12 de agosto de 2002; 3 - Laticínios Suiço Holandês Ltda, empresa situada no município de Frutal, Estado de Minas Gerais, no período de 03 de outubro de 2002 a 30 de outubro de 2005; - Sucocitro Cutrale Ltda, empresa situada na zona rural do município de Frutal, Estado de Minas Gerais, na função de trabalhador rural/tratorista agrícola, no período de 14 de novembro de 2005 a 18 de janeiro de 2012; 14 de maio de 2012 até os dias de hoje. 3. O Requerente iniciou a prestação laboral nas lides rurais desde a mais tenra idade, onde desde então trabalha na condição de segurado-empregado prestando serviços em propriedades rurais situadas no município de Frutal e cidades circunvizinhas, tendo trabalhado de forma contínua e ininterrupta, ocorre, porém, que a maioria dos contratos de trabalho não foram efetivamente anotados na carteira profissional, eis que em diversas oportunidades era arregimentado por empreiteiros(“gatos”) que contratavam trabalhadores (“bóias-frias”) para laborar na zona rural sem exigir maiores formalidades, sendo essa prática muito comum em nossa região, onde se concentra Usinas de Açúcar e Álcool e fornecedores de cana-de-açúcar e de laranja, que fazem uso desse tipo de mão-de-obra, portanto, grande parte dos contratos de trabalho não consta anotação em CTPS. 4. Contudo, apesar das baixas em CTPS, nunca deixou de trabalhar, pois os contratos de trabalho anotados em CTPS, somados aos anos trabalhados sem registro em CTPS, comprovam que o Requerente possui tempo de serviço suficiente para que seja deferido o benefício de Aposentadoria por Idade previsto no artigo 48, §1ºda Lei n. 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social), eis que o período laborado pelo Requerente na função de tratorista também resta caracterizado como atividade rural. 5. Destarte, devido o avanço da idade (61), bem como a falta de instrução cultural ou curso técnico suficiente (semianalfabeto), o Requerente encontra-se ameaçado no atual mercado de trabalho, não podendo mais competir em igualdade de condições com funcionários mais jovens, preenchendo os requisitos que ensejam a concessão do aludido benefício. 6. Trabalhador braçal, não possuindo instrução cultural suficiente (semianalfabeto), sem condições de garantir o próprio sustento, o Requerente prestou serviços nas lides rurais por período muito superior ao que prevê 4 a legislação que versa sobre a matéria, estando atualmente com 61 (sessenta e um) anos de idade, faz jus que seja declarado e reconhecido o tempo de serviço prestado nas lides rurais e em conseqüência que seja concedido o BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE previsto no artigo 48 e seguintes da Lei n. 8.213/91(Lei de Benefícios da Previdência Social) e demais legislação pertinente à matéria, que consistirá numa renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, devido desde a data de entrada do requerimento administrativo do NB 41/173.090.762-5 (14/06/2.016), uma vez que desde então, o Requerente havia preenchido os requisitos exigidos em Lei para a concessão do aludido benefício, devendo tudo ser apurado em regular liquidação de sentença, após o trânsito em julgado. II - DO DIREITO - 1. A aposentadoria por idade será devida ao segurado, desde que observado o disposto no artigo 48 da Lei n. 8.213/91(Lei de Benefícios da Previdência Social), que assim dispõe: ″Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, ou 60 (sessenta), se mulher. § 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11. ...” (g.n.). Corroborando o esposado, deve-se levar em consideração a categoria do empregador do Requerente no caso “sub judice” – que é empresa predominantemente RURAL -, conforme extrai-se do entendimento do próprioSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF através da Súmula 196, senão vejamos: “Súmula 196 do STF. Ainda que exerça atividade rural, o empregado de empresa industrial ou comercial é classificado de acordo com a categoria do empregador.” (g.n.) 5 Não resta quaisquer dúvidas de que a atividade exercida pelo Requerente na função de TRATORISTA AGRÍCOLA se enquadra como atividade especial, até mesmo porque labora em empresa AGROPECUÁRIA, conforme se denota do atual entendimento jurisprudencial do colendo Superior Tribunal de Justiça – STJ, e do brioso Tribunal Regional Federal da 3ª Região – TRF3, não deixam pairar dúvidas quanto ao direito do benefício vindicado: “PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. ART. 475, § 2º, DO CPC/1973. SÚMULA Nº 490 DO STJ. APOSENTADORIA POR IDADE DE TRABALHADOR RURAL. TRATORISTA EM ESTABELECIMENTO AGRÍCOLA. NATUREZA RURAL DA ATIVIDADE. EXERCÍCIO DE LABOR RURÍCOLA QUANDO DO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO. NÃO COMPROVAÇÃO. BENEFÍCIO INDEFERIDO. SENTENÇA REFORMADA. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA. (...). A função de tratorista exercida em estabelecimento agrícola tem natureza rural, conforme Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Em prego. Precedentes. (...).” (TRF 03ª R.; AC 0030424-20.2016.4.03.9999; Nona Turma; Relª Desª Fed. Ana Pezarini; Julg. 13/02/2017; DEJF 02/03/2017) CPC, art. 475 NCPC, art. 98 (g.n.) “PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. DOCUMENTOS DE REGISTRO CIVIL (CERTIDÃO DE CASAMENTO). CARÊNCIA PREENCHIDA. PROVA MATERIAL CORROBORADA POR TESTEMUNHOS IDÔNEOS. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta corte é assente em reconhecer a condição de segurado especial daquele que comprovar o exercício de atividade rural por meio de um início de prova material, corroborado com prova testemunhal que lhe amplie a eficácia probatória. 2. Caso em que o tribunal regional manteve a concessão da aposentadoria por idade rural com base no conjunto probatório, segundo o qual a 6 parte autora teria exercido suas atividades como bóia- fria/diarista até poucos meses antes do ajuizamento da ação. 3. Agravo regimental não provido.” (Superior Tribunal de Justiça STJ; AgRg-AREsp 163.555; Proc. 2012/0077074-1; GO; Primeira Turma; Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima; DJE 19/03/2014) (g.n.) Reforçando o entendimento aqui esposado, se anexa aos presentes autos Acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região – TRF3, através dos autos n. 0031044-95.2017.4.03.9999/SP, proferido pelo D. Desembargador Federal David Dantas, sendo expresso ao dispor que “A FUNÇÃO DE TRATORISTA EXERCIDA EM ESTABELECIMENTO AGRÍCOLA TEM NATUREZA RURAL”(SIC), não restando quaisquer dúvidas quanto ao tema, sendo de rigor a concessão o benefício aqui pleiteado. (doc. incluso) O Requerente preenche os requisitos necessários para a concessão do benefício previdenciário - aposentadoria por idade prevista no artigo 48, §1º, da Lei n. 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social), fazendo jus ao deferimento do benefício nos moldes pleiteados na peça inicial. III - DO PEDIDO - DIANTE DO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência que se digne em determinar a citação do Instituto-Requerido para que, manifestando interesse, conteste a presente ação em audiência de instrução e julgamento a ser designada, sob as advertências legais, devendo, a final, ser declarado e reconhecido o tempo de serviço de mais de 20 (vinte) anos trabalhado nas lides rurais e em conseqüência que a ação seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE concedendo o BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE ao Requerente, condenando o Instituto-Requerido a pagar renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário-de- benefício, em estrita observância ao disposto no artigo 50 c/c artigo 29, I, da Lei n. 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social) e demais legislação pertinente à matéria, devido desde a data de entrada do requerimento administrativo do NB 41/173.090.762-5 (14/06/2016) sendo que as parcelas vencidas deverão ser pagas de uma só vez à época da liquidação de sentença, acrescidas de juros de mora e correção monetária na forma da Lei, despesas processuais, e honorários advocatícios à serem arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor total da 7 soma das parcelas vencidas até à data do implante do benefício ou até o trânsito em julgado da sentença. “Data máxima vênia”, aproveita o Requerente o ensejo, para manifestar seu desinteresse à realização de audiência de conciliação ou de mediação, conforme dispõe o §5º do artigo 334 do Código de Processo Civil. Para comprovar o alegado, protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, tais como: juntada de demais documentos, perícia técnica judicial, juntada e/ou exibição de toda e qualquer documentação que comprove a insalubridade das atividades exercidas, oitiva de testemunhas a serem arroladas oportunamente, e outras provas que se fizerem necessárias para o deslinde final da controvérsia. Por ser pessoa pobre, na acepção jurídica do termo, requer por derradeiro seja concedido os benefícios da assistência judiciária gratuita nos termos do artigo 98 e ss. do Código de Processo Civil, eis que não reúne condições financeiras para custear o processo sem comprometer o sustento seu e de sua família. Dá-se a presente o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais), nos termos do artigo 292, inciso III, do Código de Processo Civil, para efeitos meramente fiscais. N. Termos, P. Deferimento e Juntada. Frutal/MG, 19 de julho de 2.017. LUIS MANOEL FULGUEIRAL BELL OAB/MG 175.127 - ADVOGADO
Compartilhar