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PIRIRIS E tem a história do Nascimento, que um dia quase brigou com o garçom porque chegou na mesa, cumprimentou a turma, sentou, pediu um chope e depois disse: E traz aí uns piriris. O quê? – disse o garçom. Uns piriris. Não tem. Como não tem? “Piriris” que o senhor diz é... Por amor de Deus. O nome está dizendo. Piriris. Você quer dizer – sugeriu alguém, para acabar com o impasse – uns queijinhos, uns salaminhos... Coisas para beliscar – completou outro, mais científico. Mas o Nascimento, emburrado, não disse mais nada. O garçom que entendesse como quisesse. O garçom, também emburrado, foi e voltou trazendo o chope e três pires. Com queijinhos, salaminhos e azeitonas. Durante alguns segundos, Nascimento e o garçom se olharam nos olhos. Finalmente o Nascimento deu um tapa na mesa e gritou: Você chama isso de piriris? E o garçom, no mesmo tom: Não. Você chama isso de piriris! Tiveram que acalmar os ânimos dos dois, a gerência trocou o garçom de mesa e o Nascimento ficou lamentando a incapacidade das pessoas de compreender as palavras mais claras. Por exemplo, “flunfa”. Não estava claro o que era flunfa? Todos na mesa se entreolharam. Não, não estava claro o que era flunfa. A palavra está dizendo – impacientou-se Nascimento. – Flunfa. Aquela sujeirinha que fica no umbigo. Pelo amor de Deus! Luís Fernando Veríssimo
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