Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Materiais Cerâmicos Prof. Celio Costa São todos os materiais sólidos inorgânicos não-metálicos, isto é são todos os materiais que não são classificados como Metais, Polímeros, Elastômeros ou Madeira. Ex.: NaCl, LiF, BeO, MgO, TiC, Y2O3, Fe3C, Al2O3, SiC, Si3N4, SiO2, etc.. H He Li Be B C N O F Ne O QUE SÃO OS MATERIAIS CERÂMICOS? Metal + Ametal ou Semimetal + Ametal Na M g Al Si P S Cl Ar K Ca Sc Ti V Cr M n Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr Rb Sr Y Zr Nb M o Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe Cs Ba La Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn Fr Ra Ac Característica intrínseca dos materiais cerâmicos: Fragilidade. LOGO, processos de deformação não podem ser usados para dar forma à estes materiais! Solução: - Partículas finas são misturadas com um líquido ou ligante, uma COMO OS CERÂMICOS SÃO PROCESSADOS? - Partículas finas são misturadas com um líquido ou ligante, uma combinação que tem propriedades reológicas (plasticidade), possibilitando o processo de “DAR FORMA”. Em seguida, esta mistura é aquecida e as finas partículas ligam-se mutuamente formando um produto útil, rígido. - Fundição (Casting). Este processo é eminentemente usado na fabricação de vidros - Solidificação Unidirecional (ainda em fase de pesquisa) MATÉRIA PRIMA O (50.00%) Al (7.00%) Fe (5.00%) Ca (4.00%) Na (3.00%) K (3.00%) Mg (2.00%) H (1.00%) O (50.00%) Si (25.00%) As matérias-primas dominantes são argilas minerais à base de silicatos e silicatos aluminosos, os quais são sólidos cristalinos formados por processos geológicos complexos. Exemplos de Argilas Minerais Hidratadas (conferem plasticidade): - Kaolinita: Al2(Si2O5)(OH)4 - Mica: Al2K(Si1,5Al0,5O5)2 (OH)2 - Talco: Mg3(Si2O5)2(OH)2 - Asbesto: Mg3(Si2O5)(OH)4 Matérias-Primas AnidrasMatérias-Primas Anidras - Quartzo: SiO2 - Feldspatos: K(AlSi3)O8 - potássio feldspato Na(AlSi3)O8 - soda feldspato Ca(Al2Si2)O8 - lime feldspato - MgCO3 - magnesita - CaMg(CO3)2 - dolomita, etc.. CERÂMICAS TRADICIONAIS: São aquelas que compreendem as indústrias dos silicatos, tais como: produtos de argila primária, cimento e silicatos vítreos. Esta indústria utilizada produtos quase que in-natura. CERÂMICAS AVANÇADAS OU TÉCNICAS: Preparação da matéria–prima (pureza, tamanho de grão e/ou cristalinidade), ou síntese desta, objetivando melhoria expressiva das propriedades desejadas. Estado Físico da Matéria Estado Características Gasoso Forma variável Volume variável Líquido Forma variável Volume invariável Sólido Forma definida Sustentação do peso próprio (rigidez) Estado Físico da Matéria Classicamente, a matéria pode apresentar-se sob três estados físicos fundamentais: - Gás - Líquido - Sólido Estado Gasoso: - As forças de coesão interatômicas e/ou intermoleculares Praticamente não existem; consequentemente, átomos e moléculas estão espacialmente dispersos em rápida movimentação caótica, conforme mostrado na Fig. 1a. - As características do estado gasoso são: forma e volume variáveis. Estado Líquido: - A energia térmica é suficiente para manter os átomos em movimento aleatório, sem ordenação de longo alcance. - A existência de forças de atração interatômicas, mesmo inferiores ao efeito da desordenação causada pela energia térmica, resulta na efeito da desordenação causada pela energia térmica, resulta na condensação da matéria. - As características do estado líquido são: forma variável e volume invariável. Estado Sólido: - A força de atração interatômica é superior à desagregação causada pelos efeitos térmicos; consequentemente, a matéria encontra-se altamente condensada. - As características do estado sólido são: forma definida e sustentação do peso próprio (rigidez). e sustentação do peso próprio (rigidez). - Neste estado, os átomos tanto possuem arranjos periódicos ordenados de longo alcance, chamados de cristais (sólidos cristalinos), como a ausência destes arranjos ordenados de longo alcance, chamados de amorfos (materiais vítreos). - Existe também a possibilidade dos sólidos possuírem as fases cristalinas e amorfas simultaneamente, caso típico dos cerâmicos. LIGAÇÃO ATÔMICA E ESTRUTURAS CRISTALINAS Estrutura Atômica Simplificadamente, o átomo é constituído de: Neutrons + Prótons + Elétrons. Desenvolvimento do modelo atômico atual:Desenvolvimento do modelo atômico atual: i) Rutherford: demonstrou que o átomo era uma partícula divisível, composta de um núcleo, carregado positivamente, circundado por elétrons girando à sua volta. LIGAÇÃO ATÔMICA E ESTRUTURAS CRISTALINAS Estrutura Atômica ii) Max Plank (1900): introdução da Teoria da Mecânica Quântica. Basicamente, a radiação é emitida de forma descontínua e é dada por uma quantidade elementar de energia chamada quantum (plural quanta), conforme a equação abaixo:(plural quanta), conforme a equação abaixo: E = h.f E = Energia dos quanta (J); h = Constante de Plank (6,623x10-34 J.s); f = freqüência da radiação considerada (s-1). Estrutura Atômica iii) Bohr (1913): postulou um modelo atômico no qual os elétrons poderiam mover-se somente em certas órbitas estáveis (sem emitir radiação). Além disso, como a teoria quântica requer que o momento angular de um elétron seja um múltiplo inteiro de h/2p, Bohr chamou este múltiplo inteiro de número quântico principal (n). iii) Bohr (1913): múltiplo inteiro de número quântico principal (n). A quantidade de energia de cada nível é finita (definindo um nível quântico). Desta forma, o número máximo de elétrons que cada nível pode comportar também será finito, sendo calculado por 2n2. Níveis Número Máximo de elétrons (2n2) Número de elétrons para os elementos conhecidosde elétrons (2n ) os elementos conhecidos K 2 2 L 8 8 M 18 18 N 32 32 O 50 32 P 72 18 Q 98 2 iv) Sommerfeld mostrou que a trajetória dos elétrons era principalmente elíptica, podendo também ser circular em alguns casos particulares. Esta observação o levou a definir o número quântico secundário (l) ou subnível quântico, onde l=n-1 l Os subníveis também admitem um número máximo de elétrons, calculado por 4l+2, tal que: Subnível s (=0) : 4 x 0 + 2 = 2 elétrons Subnível p (=1) : 4 x 1 + 2 = 6 elétrons Subnível d (=2) : 4 x 2 + 2 = 10 elétrons Subnível f (=3) : 4 x 3 + 2 = 14 elétrons Em suma, cada nível comporta um número máximo de elétrons e, dentro de cada nível, cada subnível também suporta um número máximo de elétrons. A representação eletrônica de um elemento é exemplificada abaixo: 1s2 : nível K (1 = K), subnível s com 2 elétrons 2p5 : nível L (2 = L), subnível p com 5 elétrons 4d9 : nível N (4 = N), subnível d com 9 elétrons l Níve l n Número máximo de elétrons Subníveis Possíveis Notação K 1 2 s2 1s2 L 2 8 s2 p6 2s2 2p6 M 3 18 s2 p6 d10 3s2 3p6 3d10 N 4 32 s2 p6 d10 f14 4s2 4p6 4d10 4f14 O 5 32 s2 p6 d10 f14 5s2 5p6 5d10 5f14 P 6 18 s2 p6 d10 6s2 6p6 6d10 Q 7 2 s2 7s2 O modelo até aqui descrito tem como conceito principal o fato de que o subnível foi imaginado como uma linha elíptica ou circular sobre a qual os elétrons se deslocariam. Este modelo ilustra uma concepção simples, mas que não é realista. v) O conceito atual do átomo utiliza o princípio da incerteza de Heisenberg, o qual atesta que "não se pode determinar simultaneamente a velocidade e a posição do elétron". Desta forma, a determinação da posição do elétron é feita de forma probabilística, isto é, o subnível é formado por regiões onde é maior a probabilidade de ser encontrado o elétron. Esta região onde é máxima a probabilidade de se encontrar o elétron é chamada de orbital. A orientação do orbital no espaço é indicada pelo número quântico magnético orbital (m).Este número também indica o número de orbitais em cada subnível, isto é, o número de regiões nas quais é máxima a probabilidade de se encontrar um elétron naquele subnível. Os valores de m admitem 2l+1 valores, onde é o número quânticoOs valores de m admitem 2l+1 valores, onde é o número quântico secundário. Para subnível s: Neste caso l=0 e m terá o valor de zero, pois 2x0+1 =1. Isto significa que o subnível s admite apenas um orbital, que é esférico. -Para subnível p: Neste caso l=1 e m terá os valores -1,0,+1, pois 2x1+1 =3. Isto significa que o subnível p admite três orbitais. Para subnível d: Neste caso l=2 e m terá os valores -2,-1,0,+1,+2, pois 2x2+1 =5. Isto significa que o subnível d admite cinco orbitais. -Para subnível f: Neste caso l=3 e m terá os valores -3,-2,-1,0,+1,+2,+3, pois 2x3+1 =7. Dado a estes orbitais estarem muito afastados do núcleo, os mesmo têm uma forma difusa sem representação definida. Até o momento, foi demonstrado que no máximo 2 elétrons podemAté o momento, foi demonstrado que no máximo 2 elétrons podem estar no mesmo nível e descrever o mesmo tipo de trajetória, sendo esta no mesmo plano. Este três números descrevem um movimento de translação do elétron em torno do núcleo. No entanto, estes dois elétrons não são energeticamente iguais. Esta diferença é dada pelo movimento de rotação dos elétrons em torno de si próprio, o qual é chamado de número quântico magnético de spin, que só pode apresentar os valores -1/2 ou +1/2. TABELA PERIÓDICA n IA IIA IIIB IVB VB VIB VII B VIII B IB IIB IIIA IVA VA VIA VII A O 1 H He 2 Li Be B C N O F Ne 3 Na Mg Al Si P S Cl Ar3 Na Mg Al Si P S Cl Ar 4 K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr 5 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe 6 Cs Ba La Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn 7 Fr Ra Ac Período: São as linhas da tabela periódica, onde os elementos estão dispostos na ordem crescente de seus números atômicos. O número do período (n) indica o número de níveis energéticos dos elementos daquele período, tal como exemplificado para alguns elementos do nível 3 na tabela abaixo. Na11 Si14 Ar18 K 2 2 2 L 8 8 8 M 1 4 8 Grupo ou Família: São as colunas da tabela periódica, onde os elementos são agrupados segundo suas propriedades químicas e físicas. IA: Eles são maleáveis, dúcteis e bons condutores de calor e eletricidade. IIA: OS elementos desta família caracterizam-se por serem bons condutores de calor e eletricidade, além de maleáveis.bons condutores de calor e eletricidade, além de maleáveis. IIIB a IIB: Eles são maleáveis, dúcteis e bons condutores de calor e eletricidade. Os três elementos Fe, Co e Ni são notáveis porque são os únicos conhecidos que produzem campo magnético. IIIA: Estes elementos também se caracterizam por serem dúcteis, maleáveis e bons condutores térmicos e elétricos, porém eles diferem dos metais de transição pelo fato de não possuírem estados de oxidação variáveis e seus elétrons de valência só estão presentes na órbita mais externa. Terras Raras IIIB: A denominação terras raras vem do fato dos lantanídeos terem sido encontrados na forma de óxidos e porque acreditava-se que fossem raríssimos. Sabe-se hoje que os lantanídeos são mais abundantes na crosta terrestre do que a prata. IVA a VIA: Eles não são bons condutores térmicos e elétricos e, também, não possuem brilho e não refletem luz. Adicionalmente, os eles formam compostos frágeis ou propiciam a fragilização quando presentes em materiaispropiciam a fragilização quando presentes em materiais dúcteis. IIIA a VIA: Estes elementos possuem propriedades tanto dos metais como dos ametais. Alguns dos metalóides são semicondutores, tais como Si e Ge, significando que eles podem ser condutores de eletricidade sob determinadas condições. VIIA: Eles podem se apresentar, na temperatura ambiente, nos 3 estados clássicos da matéria. O termo “halogênio” significa formador de sal. Gases Nobres: Os gases nobres são ametais e encontram-se no grupo 0 da tabela periódica. Até 1960, estes elementos eram considerados inertes. Em suma, os elementos podem ser classificados em função das suas característica macroscópicas, tal que: Metais: Alta conductividade térmica e elétrica, dúcteis e possuem brilho; Ametais: Baixa conductividade térmica e elétrica, frágeis e não possuem brilho; Semi-Metais: Possuem propriedades intermediárias entre os metais e os ametais; Gases Nobres: São praticamente inertes. Outro tipo de classificação é observada pela designação das letras A ou B nas famílias. Todos os grupos designados como A contêm elementos cuja as propriedades se repetem com bastante regularidade dentro do grupo, sendo, por isso, chamados de elementos representativos. Nos grupos designados como B, a variação das propriedades não apresenta a mesma regularidade dos grupos A,propriedades não apresenta a mesma regularidade dos grupos A, sendo, então, chamados de elementos de transição. RAIO ATÔMICO Para o entendimento de como varia o raio atômico é necessário o conhecimento da carga nuclear efetiva (Zef), que é a força com que o núcleo atrai os últimos elétrons. O cálculo da Zef é feito subtraindo a carga nuclear (Z) da carga dos elétrons dos níveis internos (S), conforme a eq. abaixo. SZZ ef −= Para os átomos de uma mesma família, os quais têm o mesmo número de elétrons na camada mais externa, quanto maior for o valor do número quântico principal (n) maior será o átomo, pois Zef é constante para todos. Desta forma, como os níveis de energia principal (n) estão sucessivamente mais distantes do núcleo, a tendência no grupo será do raio atômico aumentar com o número atômico Variação do Raio Atômico no Grupo/Família tendência no grupo será do raio atômico aumentar com o número atômico Nível (n) Metais Alcalinos (ns1) - IA Z S Zef Raio [A] 2 Li 3 2 1 1,22 3 Na 11 10 1 1,57 4 K 19 18 1 2,02 5 Rb 37 36 1 2,16 6 Cs 55 54 1 2,35 30 Na Mg Al Si P S Cl Z 11 12 13 14 15 16 17 Variação do Raio Atômico no Período Para os átomos de um mesmo período, os quais têm o mesmo número quântico principal (n), o tamanho decresce à medida que a carga nuclear efetiva aumenta. Z 11 12 13 14 15 16 17 S 2 8 1 2 8 2 2 8 3 2 8 4 2 8 5 2 8 6 2 8 7 Z-S 11-10 12-10 13-10 14-10 15-10 16-10 17-10 Zef 1 2 3 4 5 6 7 Raio 1,57 1,36 1,25 1,17 1,10 1,04 0,99 Esta diminuição do tamanho atômico com o aumento da carga nuclear acontece em função do aumento da força de atração exercida pelo núcleo sobre a nuvem eletrônica circundante, resultando em contração. A ocorrência deste fenômeno se dá porque os elétrons do mesmo nível não se protegem mutuamente da atração do núcleo. Variação do Raio Atômico no Período mutuamente da atração do núcleo. Aumento do Raio Atômico na Tabela Periódica ELETRONEGATIVIDADE A energia de formação de íons descrita acima (potencial de ionização e afinidade eletrônica) é de fundamental importância para o estudo do comportamento dos elementos no estado gasoso, mas um inconveniente para estudos no estado sólido. Para circundar esta limitação, Linus Pauling propôs o conceito de Para circundar esta limitação, Linus Pauling propôs o conceito de eletronegatividade, que pode ser considerado para elementos em qualquer estado. ELETRONEGATIVIDADE Eletronegatividade é definida como a tendência que um átomo tem para atrair e fixar elétrons e é aproximadamente proporcional a soma da afinidade eletrônica (energia necessária para adicionar um elétron) com o potencial de ionização (energia necessária para remover um elétron). Aumento da Eletronegatividade na Tabela Periódica. Nos períodos, a tendência é da eletronegatividade aumentar da esquerda para a direita. Não faz sentidofalar-se de eletronegatividade nos gases nobres. Nas famílias, o aumento do raio atômico faz com que os elétrons mais afastados fiquem mais livres. Desta forma, o aumento do raio atômicoafastados fiquem mais livres. Desta forma, o aumento do raio atômico diminui a eletronegatividade; o que torna os menores elementos mais eletronegativos do que os maiores. O conceito de eletronegatividade permite ampliar a classificação dos elementos baseado na facilidade com que atraem ou liberam elétrons, tal que: Metais: os elétrons estão fracamente ligados e tendem a perdê-los Metais: os elétrons estão fracamente ligados e tendem a perdê-los com facilidade; Ametais: os elétrons estão fortemente ligados e tendem a ganhá-los com facilidade. Tamanho dos Íons Positivos ou Cátions Desta forma, sempre que um átomo cede/perde um, dois ou três elétrons para formar um cátion, este cátion é sempre menor do que o átomo original; de tal forma que quanto maior for o número de elétrons −+ +→+ eCátionXIonizaçãodePotencialEnergiaX )()( RAIOS ATÔMICO x ELETRONEGATIVIDADE átomo original; de tal forma que quanto maior for o número de elétrons cedidos menor será o íon. Este efeito ocorre porque a carga positiva do núcleo exerce uma força de atração maior sobre um número menor de elétrons que o circunda. Tamanho dos Íons Negativos ou Ânions A introdução de elétrons na nuvem aumenta a repulsão Intereletrônica entre os ânions, comparado à do átomo )()( EletrônicaAfinidadeEnergiaÂnionXeX +→+ −− RAIOS ATÔMICO x ELETRONEGATIVIDADE Intereletrônica entre os ânions, comparado à do átomo original; conseqüentemente, esta maior repulsão fará com que os elétrons fiquem mais afastados uns dos outros e do núcleo, causando a expansão da nuvem eletrônica. LIGAÇÕES INTERATÔMICAS Cristais inorgânicos estáveis são eminentemente originados a partir da atração eletroestática entre íons de cargas opostas, a ligação iônica, ou o compartilhamento do par eletrônico entre dois átomos, a ligação covalente. covalente. Outras ligações também contribuem para a formação de tais cristais, porém em muito menor escala. LIGAÇÕES INTERATÔMICAS As ligações atômicas nos sólidos são similares as ligações individuais entre átomos. Porém, um grau de complexidade extra tem que ser adicionado, uma vez que unidades complexas precisam se ajustar numa forma cristalina, cuja periodicidade minimize as forças eletrostáticas cuja periodicidade minimize as forças eletrostáticas repulsivas e permita que os sólidos tenham ligações com ângulos e espaços energeticamente favoráveis. Genericamente, falamos em: Sólidos Iônicos Sólidos Covalentes Sólidos Metálicos Sólidos Moleculares Ligação Iônica A ligação iônica ocorre quando um átomo cede um ou mais elétrons e outro(s) átomo(s) aceita(m) este(s) elétron(s), de tal forma que a neutralidade eletrônica seja mantida e cada átomo alcance uma configuração estável, isto é, completando as suas últimas órbitas. Por exemplo, NaCl: O cloreto de sódio é altamente iônico. Cristais Iônicos NaCl O número de íons ou átomos vizinhos que circundam um íon ou átomo (de carga oposta) é chamado de Número de Coordenação (CN). Cristais Iônicos Nos cristais iônicos, a distribuição de elétrons entre íons é a mesma encontrada numa simples ligação iônica. Entretanto, no cristal, cada íon positivo está circundado por vários íons negativos, e cada íon negativo está circundado por vários íons positivos. Desta forma, a circundado por vários íons positivos. Desta forma, a estrutura cristalina de sólido iônico é determinada pelo número de átomos que cada elemento requer para manter a neutralidade elétrica e o empacotamento ótimo baseado no tamanho relativo dos íons. Característica das ligações iônicas i) Elas estão fortemente associadas com elétrons de valência do nível s, os quais estão distribuídos em uma órbita esférica, isto é, o seu orbital possui uma distribuição de probabilidade esférica. Consequentemente, as Cristais Iônicos de probabilidade esférica. Consequentemente, as ligações iônicas são predominantementes não-direcionais por natureza. ISOTROPIA ! Característica das ligações iônicas ii) Compostos de metais com o grupo VII são fortemente iônicos (NaCl, LiF, etc). Cristais Iônicos iii) Compostos de metais com O2 são bastante iônicos (MgO, Al2O3, ZrO2, etc). iv) Os demais compostos são de caráter menos iônico. Característica dos cristais iônicos: i) Absorvem radiação infravermelha, ii) Transparentes, iii) Baixa conductividade elétrica à baixas temperaturas, iv) Bons condutores iônicos à altas temperaturas. Cristais Iônicos iv) Bons condutores iônicos à altas temperaturas. v) A resistência da ligação iônica aumenta conforme a valência dos íons aumenta. Como uma medida da resistência das ligações interatômicas é caracterizado pelo módulo de elasticidade (E) do composto, verifica-se que: E [NaCl] = 37 GPa e E [Al2O3] = 380 GPa l Ligação Covalente - A ligação covalente (simples ou dativa) ocorre quando dois ou mais átomos compartilham elétrons tal que cada um atinge uma configuração estável, completando os elétrons da última órbita. - A ligação dos átomos de carbono é um bom exemplo - A ligação dos átomos de carbono é um bom exemplo para ilustrar as ligações covalentes encontradas na maioria dos sólidos: C: 1s2 2s2 2p2, resultando em 4 elétrons de valência. - A partir da ativação, o carbono assume a configuração 1s2 2s1 2px1 2py1 2pz1 , possibilitando as hibridizações sp3, sp2, sp. - A hibridização sp3 é a de maior interesse para o estado sólido, pois resulta na formação de quatro orbitais iguais Ligação Covalente sólido, pois resulta na formação de quatro orbitais iguais Com características semelhantes ao orbtial p. -A representação espacial dessa situação é dada pelo Sólido geométrico de quatro vértices, cada um Representando um dos orbitais sp3. -Como os 4 orbitais são iguais, o sólido que os representa deve ser regular. Ligação Covalente representa deve ser regular. Estas duas condições estão reunidas no tetraedro regular, conforme mostrado a seguir. Ligação Covalente Característica das cristais covalentes - Altíssima dureza - Alto ponto de fusão - Baixa conductividade elétrica à baixas temperaturas. Ligação Covalente - Baixa conductividade elétrica à baixas temperaturas. -Elevado módulo de elasticidade -Elevada condutividade térmica A ligação covalente de um átomo de carbono com outros quatro átomos de carbono e assim sucessivamente, forma uma estrutura tetraédrica tridimensional periódica chamada de diamante, que possui a estrutura abaixo. Ligação Covalente - Exemplos de cerâmicas covalentes são: carbeto de silício (SiC), carbeto de boro (B4C) e nitreto de silício (Si3N4), nitreto de boro (BN), etc. Ligação Covalente A natureza das ligações direcionais dos materiais covalentes não permite a formação de cristais de alto fator de empacotamento, resultando em materiais de baixa densidade. Esta característica tem um Ligação Covalente profundo efeito sobre as propriedades, principalmente a expansão térmica. Ligações Intermediárias Existem muitos tipos de ligações intermediárias onde os átomos de um composto apresentam majoritariamente parte de suas ligações iônicas e parte covalentes. Um método de estimar o tipo de ligação presente nos Um método de estimar o tipo de ligação presente nos compostos é através do conceito de eletronegatividade proposto por Linus Pauling, conforme representando na escala de eletronegatividade dos elementos da figura abaixo. Ligações Intermediárias Exemplos de aplicação do caráter da ligação podem ser vistos a seguir: Composto EA – EB Fraçãoiônica Fração covalente MgO 2,3 75 % ≈ 25% Ligações Intermediárias MgO 2,3 75 % ≈ 25% Al2O3 2,0 65% ≈ 35% SiO2 1,7 50% ≈ 50% Diamante 0 0% = 100% SiC 0,3 < 10% > 90% Si3N4 1,2 ≈ 30% ≈ 70% Regras para o Agrupamento de Íons Linus Pauling Propôs 5 Regras Regra #1 Regra #2 Regra #3Regra #3 Regra #4 Regra #5 Regras para o Agrupamento de Íons Regras de Pauling: Regra #1: Um poliedro de coordenação de ânios (-) é formado envolta de cada cátion (+) na estrutura. O número de coordenação (número de ânios envolta do cátion) é determinado pela razão do raio dos dois íons. Regras para o Agrupamento de Íons A máxima estabilidade de uma estrutura está associada à razão entre os raios iônicos e ao maior número de coordenação possível, uma vez que a energia eletroestática dentro do arranjo é reduzida conforme aumenta-se o número de vizinhos de carga oposta. O limites dados acima são baseados no modelo de esferas rígidas, não sendo esta a realidade. Desta forma, os limites dados Íon Radio (NC = 6) [] NC Calculado NC Observad o Resistência da Ligação Eletroestática B+3 0,16 3 3, 4 1 ou ¾ Be+2 0,25 4 4 ½ Li+ 0,53 6 4 ¼ Si+4 0,29 4 4, 6 1 Al+3 0,38 4 4, 5, 6 ¾ ou ½ Ge+4 0,39 4 4, 6 1 ou 2/3 Mg+2 0,51 6 6 1/3 limites dados acima não são sempre seguidos. Mg 0,51 6 6 1/3 Na+ 0,73 6 4, 6, 8 1/6 Ti+4 0,44 6 6 2/3 Sc+3 0,52 6 6 ½ Ar+4 0,51 6 6, 8 2/3 ou ½ Ca+2 0,71 6,8 6, 7, 8, 9 ¼ Ce+4 0,57 6 8 ½ K+ 0,99 8, 12 6, 7, 8, 9, 10, 12 1/9 Cs+ 1,21 12 12 1/12 Regra #2: Numa estrutura estável, a resistência total (soma) das ligações alcançando um (1) ânion dos cátions que o circundam deve ser igual à carga do ânion. Aplicação da regra: Uma estrutura estável precisa ser Regras para o Agrupamento de Íons Aplicação da regra: Uma estrutura estável precisa ser eletricamente neutra tanto à nível macroscópico quanto à nível atômico. Assim, define-se a resistência de uma ligação iônica doada de um cátion para um ânion como a carga formal do cátion divida pelo seu número de coordenação. Regra #2: Exemplo 1 - O silício tem valência 4 (Si+4) e se a coordenação é tetraédrica (4 vizinhos), logo a sua resistência é dada por 4/4 = 1. -O Al+3 com coordenação octaédrica (6 vizinhos) tem a Regras para o Agrupamento de Íons -O Al+3 com coordenação octaédrica (6 vizinhos) tem a resistência de ligação de 3/6 = ½. Note que a resistência da ligação depende unicamente da carga do cátion e do seu número de coordenação. Regra #2: Exemplo 2 - Sílica (Si + O). Cada átomo de silício tem a resistência de ligação iguala 1. Como a carga do ânion oxigênio é igual a 2, isto significa que no máximo 2 Si podem estar ligados a um oxigênio. Regras para o Agrupamento de Íons Regra #2: Exemplificando para o MgAl2O4. - O Mg+2 possui coordenação tetraédrica, resultando na resistência da ligação de 2/4 = ½. - O Al+3 possui coordenação octaédrica, resultando na Resistência da ligação de 3/6 = ½. Regras para o Agrupamento de Íons Resistência da ligação de 3/6 = ½. - Como cada O-2 é circundado por 1 Mg+2 e 3 Al+3, resulta que: ½ +3 ½ = 4/2 = 2, a carga do oxigênio. Regra #2: Exemplificando para o MgAl2O4. Regras para o Agrupamento de Íons Regra #3: Numa estrutura estável, os poliedros de coordenação são preferencialmente compartilhados pelos vértices (cantos), depois pelas arestas e, finalmente, pelas faces. Regras para o Agrupamento de Íons Regra #3: -No caso das arestas serem compartilhadas, elas tenderão a serem encurtadas. -A separação dos cátions entre os poliedros diminuiu conforme o poliedro sucessivamente compartilha vértices, Regras para o Agrupamento de Íons arestas e faces, aumentando, da mesma forma, as forças repulsivas entre os cátions. Regra #4: Poliedros formados envolta de cátions de baixo número de coordenação e alta carga tendem a ser ligados pelo compartilhamento dos vértices. Regras para o Agrupamento de Íons compartilhamento dos vértices. Regra #5: O número de elementos (íons) constituintes de uma estrutura tende a ser pequeno. Esta regra é originária da dificuldade encontrada em empacotar eficientemente íons de diferentes tamanhos, o que resultaria na Regras para o Agrupamento de Íons íons de diferentes tamanhos, o que resultaria na natural dificuldade de agrupar poliedros de de tamanhos também diferentes.
Compartilhar