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5. Uso de acentos gráficos na escrita Na Língua Portuguesa, todas as palavras de mais de uma sílaba têm sílabas pronunciadas de forma mais acentuada – ou mais forte – do que as demais. A gramática classifica as palavras, de acordo com a sua tonicidade em oxítona, paroxítonas e proparoxítonas. Também são considerados tônicos alguns monossílabos. MULTIMÍDIA Antes de continuar seus estudos, reveja agora algumas regras de Acentuação Gráfica: proparoxítonas paroxítonas oxítonas LEITURA Antes de continuar, leia sobre a reforma ortográfica e veja ainda a reforma ortográfica e os quadrinhos. 5.1 Palavras oxítonas Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas nas vogais – a, –e, –o (seguidas ou não de –S): sofá, bebês, pajé, cipó. Acentuam-se as palavras oxítonas com mais de uma sílaba, terminadas em –em, –ens: alguem, parabens, amem. Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em ditongo aberto e tônico –éi, –éu, –ói (seguidas ou não de –S): véu, véus, anéis, céu, chapéus, herói, caubóis. Os monossílabos tônicos seguem as regras das oxítonas terminadas nas vogais –a, –e, –o (seguidas ou não de –S): pá, pés, pó, fé. 5.2 Palavras paroxítonas Não recebem acento gráfico as palavras paroxítonas terminadas por vogais –a, –e, –o, assim como em, ens. As palavras paroxítonas serão acentuadas quando terminarem por: –i, –is, –us: júri, táxi, biquíni, grátis, bônus, Vênus. –l, –n, –r, –x, –ps: hábil, fóssil, abdômen, âmbar, córtex, bíceps, fórceps. –ã, –ãs, –ão, –ãos: imã, imãs, órfão, órfãos, órgão. –on, –ons: íon, elétron, elétrons. –um, –uns: álbum, álbuns, quórum. –ei, –eis: vôlei, pôneis, venderíeis, cantaríeis. MULTIMÍDIA Para reforçar seus estudos, clique aqui e assista a mais um vídeo sobre Acentuação Gráfica. http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=390&evento=6 Os ditongos abertos EI e OI não são mais acentuados em palavras paroxítonas. Os hiatos OO e EE não são mais acentuados. 5.3 Palavras proparoxítonas Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas. EXEMPLO Cômoda, véspera, lívida, álibi, lâmpada, paralelepípedo. Acentuam-se ainda as palavras terminadas em ditongo oral crescente, seguidas ou não de –S, que admitem uma pronúncia com hiato final, como: náusea, história, glória, secretária, rosário, espécies, vácuo, argênteo, amêndoa. CASOS ESPECIAIS Nas palavras oxítonas e paroxítonas, acentuam-se o –i e o –u tônico dos hiatos quando ocorrem sozinhos na sílaba ou seguidos de –S, como Piauí (Pi-au-í), baús (ba-ús), aí (a-í), tuiuiús (tui-ui-ús), juízes (ju-í-zes), saúde (sa-ú-de), balaústre (ba-la-ús-tre). 5.4 Acentos Diferenciais Acentuam-se as formas verbais indicativas de terceira pessoa do plural dos ver-bos ter e vir (e seus compostos), para distingui-las da forma da terceira pessoa do singular: ele tem– eles têm; ele vem – eles vêm. pôr (infinitivo verbal, encontrado também no substantivo composto pôr-do-sol) e por(preposição). pôde(forma verbal de 3ª pessoa do singular, passado) e pode) (forma verbal de terceira pessoa do singular, presente). ATENÇÃO Em fôrma/forma, o acento circunflexo é facultativo. Porquê (substantivo) e porque (conjunção). Quê (substantivo, interjeição, pronome, quando ocorre no final do enunciado) e que (nas demais funções e ocorrências). 1. Não se usam mais os acentos gráficos nos ditongos abertos ei e oi das palavras paroxítonas: ideia, boia, joia, boia (substantivo), boia (forma verbal), assembleia, apoia (forma verbal), apoio (forma verbal). As únicas exceções são estas: gêiser, destróier, Méier. 2. O trema foi eliminado – aguentar, sequestro, bilíngue, tranquilo, cinquenta – e só será usado nas palavras estrangeiras e em suas derivadas, como Müller, mülleriano; Bündchen. 3. Não são assinaladas com acento gráfico as formas verbais creem, deem, leem, veem e seus derivados: descreem, desdeem, releem, reveem. 4. Também não recebe acento gráfico o penúltimo o do hiato -oo: voo, enjoo, entoo, perdoo, povoo, zoo. 5. Não são assinaladas com acento gráfico as palavras homógrafas: para (verbo) e para(preposição), pelo (substantivo) e pelo (verbo). Exceção: pôde (pretérito perfeito) e pôr(verbo), polo (s). 6. Não são assinaladas com acento gráfico as palavras paroxítonas cujas vogais tônicas i e u são precedidas de ditongo oral decrescente: baiuca, feiura, bocaiuva, assim como o utônico da forma rizotônica de arguir e redarguir: arguo, arguis, argui. Essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminados em éis e ói(s), como papéis, herói, heróis. 7. Verbos como aguar, apaziguar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins possuem dois paradigmas, a saber: com o u tônico em formas rizotônicas sem acento gráfico, como averiguo, averigue; com o a ou o i dos radicais tônicos acentuados graficamente, como averigúo, enxáguo. ATENÇÃO 1. Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir). Observe: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas. 2. É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Observe mais este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo? 6. Palavras parônimas e homônimas 6.1 Palavras parônimas A Língua Portuguesa apresenta palavras que se diferenciam na grafia e na pronúncia; apresentando sempre significados diferentes. Essas palavras são chamadas de parônimas. Observe: EXEMPLO Antes de continuar seus estudos, clique aqui para ver outros exemplos de palavras parônimas. 6.2 Palavras homônimas A palavra manga pode ser usada para definir um fruto, a parte da camisa que cobre os braços e no sentido de palavra originária do verbo mangar, que significa zombaria, curtição. As palavras homônimas podem ser: Homônimas homófonas; Homônimas homógrafas; Homônimas homófonas homógrafas ou homônimas perfeitas. Mas, em todos esses casos, os significados entre os pares de palavras são sempre diferentes. A palavra manga pode ser classificada como homônima homófona homógrafa ou homônima perfeita. RESUMO Homônimas homógrafas: palavras de mesma grafia e significado diferente. Exemplos: jogo (substantivo) e jogo (verbo). Homônimas homófonas: palavras com mesmo som e grafia diferente. Exemplos: cessão (ato de ceder), sessão (atividade), seção (setor). Homônimas homógrafas e homófonas: palavras com mesma grafia e mesmo som. Exemplos: planta (substantivo) e planta (verbo); morro (substantivo) e morro (verbo). CONEXÃO Para assistir: O filme “Caramuru a invenção do Brasil”, dirigido por Guel Arraes, trabalha as relações semânticas na sociedade, por meio de recursos audiovisuais. O filme traz trechos que explicitam essa relação do significado das palavras, suas definições e propriedades semânticas. 7. Uso do sinal indicativo da crase A palavra crase designa, em gramática normativa, a contração da preposição a com o artigo feminino a. Graficamente, é o acento grave (`) o sinal que indica a presença da crase (a + a = à). A banda Engenheiros do Havaí questiona o fenômeno da crase na letra da música “Às vezes nunca”. 7.1 Crase: como usar? O emprego adequado do acento grave, indicativo da presença do fenômeno da crase, e as regras de regência nominal e regência verbal são imprescindíveis para que se possa apresentar um bom desempenho redacional. A crase não é um acento, é a contração de a mais a. Para haver crase, é necessário que existam dois a. O primeiro a é a preposição, e o segundo a pode aparecer em três casos diferentes: A) ARTIGO DEFINIDO:• Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta. = Ele se referiu à carta. • Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras. = Ele entregou o documento às professoras. B) PRONOME DEMONSTRATIVO: C) VOGAL A INICIAL DOS PRONOMES AQUELE, AQUELES, AQUELA, AQUELAS E AQUILO: EXEMPLO Observe os exemplos a seguir: Comprei um lote em Angra dos Reis a perder de vista. A reunião começará a partir das 10h. Maria Antônia começou a chorar. Paulo Elísio prefere sair a ficar em casa. Se a compra é “a prazo”, deveria ser “a vista” sem o acento da crase, pois não haveria o artigo feminino. Há autores, contudo, que defendem a crase para todas as locuções adverbiais femininas, incluindo aí o “à vista” e o “à venda”. Por uma questão até de clareza: “Vender a vista” sem o acento da crase pode parecer que se está vendendo o órgão – “o olho”. Por essa razão, opta-se pelo uso do acento da crase para desfazer a ambiguidade. Sendo assim, muitos estudiosos defendem o uso do acento da crase para todas as locuções adverbiais femininas, como: a) à vista, à toa, às claras – de modo; b) à noite, às vezes, às 14h – de tempo; c) à porta, à mesa, à direita – de lugar. Nos demais exemplos, vê-se também que não há crase, pois antes de verbos jamais haverá artigo, apenas a preposição a. EXEMPLO Na frase “Eu estava contando à minha mãe o quanto somos semelhantes”, o uso do acento da crase é facultativo, em razão do pronome possessivo “minha”. Mas em “Disse à mamãe que estudaria bastante hoje” ocorre, obrigatoriamente, o fenômeno da crase porque o verbo “dizer” exige a preposição a e o substantivo “mamãe” admite o artigo definido a. Se disser, contudo, “Mamãe começou a rir da minha brincadeira” não se usa o acento da crase, porque antes de verbo, como já dito, não há artigo. Observe este exemplo: A verba não utilizada para a reforma deste monumento será revertida à entidades assistenciais. O acento grave indicador da crase está incorreto, porque não existe crase, apenas o uso da preposição a antes de uma palavra feminina no plural. Só haveria o acento da crase se houvesse o artigo definido as: “... às Oficinas de Leitura...”. Logo, não ocorre o fenômeno da crase quando o a estiver no singular, seguido de palavra no plural. ATENÇÃO O acento grave, indicador de crase, é obrigatório diante de palavras femininas determinadas pelos artigos definidos a ou as quando subordinadas a termos que exigem a preposição a. As crianças voltaram à piscina. Ninguém é insensível à dor. Fez uma excursão à cidade de Florianópolis. Crase, portanto, não é acento, mas sim a fusão de duas vogais iguais. 7.1.1 Regras: uso do acento grave, indicador da crase Existe crase quando acontece a contração do a ou as artigo com: A) A PREPOSIÇÃO A: Fomos à cidade e assistimos às festas. B) O PRONOME DEMONSTRATIVO A OU AS: 7.1.2 Emprego de à, à que, às que Quando o a das expressões a que, as que for pronome demonstrativo, elas podem vir regidas da preposição a, caso em que se usam as formas acentuadas à que, às que. Se o aantes de que for apenas preposição, não levará o acento grave indicativo da crase. EXEMPLO Não se referiu à que estava ao nosso lado. (à que = àquela que) Os prêmios foram entregues às que discursavam. (às que = àquelas que) A pessoa a que te referes não veio hoje. (a = preposição) O a inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo. EXEMPLO Refiro-me àquele fato. Vou àquele cinema. Não irás àquela festa. Não dei importância àquilo. Para haver crase é necessário, pois, que existam dois a. O primeiro a é preposição, o segundo, como visto, pode ser: artigo definido (a/as), a vogal a inicial dos pronomes demonstrativos aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo, e a e as quando pronomes demonstrativos. ATENÇÃO 1. Embora os pronomes demonstrativos femininos a, as tenham a mesma forma dos artigos definidos, não há que confundi-los, pois quando forem pronomes demonstrativos, virão acompanhados de preposição, geralmente, de ou do e do pronome relativo que(oração subordinada adjetiva). A capitania de Minas Gerais estava unida à de São Paulo. Refiro-me à que você namora. Falarei às que quiserem me ouvir. 2. O pronome indefinido outra(s), quando estiver empregado de modo determinado, referindo-se à restante de duas coisas, pessoas ou animais, precedido do artigo definido a: “Paz e guerra, senhores, são duas ideias que se contrapõem naturalmente em nosso espírito, como as expressões antagônicas uma à outra do bem e do mal”. (Rui Barbosa, Antologia, 1955, 106.) 3. Pronomes indefinidos que admitem o artigo feminino, dando ensejo à crase: Não fale nada às outras colegas. Estavam atentas umas às outras. 7.1.3 Locuções: adverbiais, prepositivas e conjuntivas Acentua-se, geralmente, o a ou as de locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas formadas de substantivo feminino (expresso ou elíptico/oculto). Locuções adverbiais Locução prepositiva Locuções conjuntivas Constam geralmente de preposição combinada com substantivo, ou de preposição combinada com substantivo e mais um adjetivo ou termo determinante. Das locuções formadas de preposição, substantivo e adjetivo, muitas há em que se suprime o substantivo. Diz-se indiferentemente à direita, à esquerda ou à mão direita, à mão esquerda; mas deixa-se de mencionar o substantivo (modo, moda, maneira) em expressões, como as seguintes: à francesa, à portuguesa, às boas, às cegas, às ocultas, às claras. ATENÇÃO Nas locuções prepositivas e adverbiais, só haverá o acento grave com palavras femininas: à custa de, à procura de, à mercê de, à moda de. CURIOSIDADE 7.1.4 Casos inaceitáveis Por não haver artigo definido a/as, é impossível ocorrer crase, nos casos a seguir: ANTES DE PALAVRAS MASCULINAS Não assisto a filmes de guerra ou de violência. Isto cheira a vinho. Admirei os quadros a óleo. Escreveu um bilhetinho a lápis. Fomos a São Lourenço, onde passeamos a pé, a cavalo, de charrete. Amar a Deus. ANTES DE ARTIGOS INDEFINIDOS Ele chegou a certa hora. Ele disse que chegaria a uma hora qualquer. Referia-se a uma velha história. Chegamos à cidade a uma hora morta. ANTES DE VERBOS Prefiro isso a aceitá-lo na empresa. Estamos dispostos a colaborar. Entra em vigor a partir de hoje a nova legislação. O Estado deveria estar sempre disposto a resolver os problemas sociais. Quando me dispunha a sair, começou a chover. ANTES DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS ESTA, ESSA, ISSO Estamos atentos a essa tendência. Ofereceu o prêmio a esta aluna aqui. Entregou a essa secretária tudo que ela pediu. ANTES DE PRONOMES PESSOAIS Recorreram a mim. (a nós, a ela, a você) Ele se referiu a ti. Tudo foi entregue a ela. Eu me referia a você. ANTES DE PRONOME DE TRATAMENTO Solicito a Vossa Senhoria o obséquio de anotar nosso endereço. Não me referi a Vossa Excelência. Hei de pedir licença a Sua Majestade, e espero alcançá-la. Cedeu o documento de propriedade a V. Sª. Quando a expressão de tratamento só se refere à mulher, pode ocorrer a crase. Falou à senhora (= Falou ao senhor) À senhorita (= ao jovem) À doutora (= ao doutor) À madame (= ao cavalheiro) À senhora Maria Antônia (= ao senhor) Daqui a uma hora estarei de volta. Daqui a duas horas entrego-lhe o trabalho. Entreguei a chave da casa a Dona Olga. Contei tudo à D. Carminha. ANTES DE PRONOMES INDEFINIDOS O letreiro pode despencar a qualquer hora. Estamos a pouca (ou a certa) distância da fronteira. Começou a toda força. ANTES DE QUALQUER NOME FEMININO TOMADO EM SENTIDO GENÉRICO OU INDETERMINADO, ISTO É, SEM ARTIGO DEFINIDO Tudo cheirava a velhice. Dedicas o trabalho a homem ou a mulher? Não fui a reunião nenhuma. (Não fui a encontro nenhum.) O tormento maior era não poder confiar a pessoa alguma os seus cuidados. ANTES DE PALAVRAS NO PLURAL (QUANDO O A ESTIVER NO SINGULAR) Conferiu prêmios a pessoas que se destacaram na firma.Não atendem a reclamações. Não vai a festas nem a reuniões. Não dê atenção a pessoas suspeitas. ANTES DE SUBSTANTIVO REPETIDO, NAS LOCUÇÕES ADVERBIAIS Tomou o remédio gota a gota. Estavam frente a frente. Foi de cidade a cidade. Entravam uma a uma. Dia a dia, a empresa foi crescendo. Com as expressões daqui a, dali a, daí a, não ocorre a crase. Em adjuntos adverbiais de tempo introduzidos por essas expressões, a partícula a é simples preposição. Daqui a uma hora estarei de volta. Daqui a duas horas entrego-lhe o trabalho. 7.1.5 Casos especiais a) Palavras casa e terra Não se usa crase antes da palavra casa no sentido de lar, domicílio, quando ela não vem acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva que a caracterize: Quando a palavra casa não significa lar, domicílio, e sim estabelecimento comercial, hospitalar, residência oficial de chefe de Estado, dinastia, torna-se obrigatório o uso da crase. • Voltamos a casa tristes. • Chegou Pedro a casa, e atirou-se a chorar sobre a cama. • Fui à Casa Olga comprar um presente. • O presidente americano regressou à Casa Branca. Se a palavra casa vier acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva, ocorrerá o acento da crase. • Voltou à casa paterna. • Fiz uma visita à velha casa de meus avós. • Fui à casa de meu amigo. • Dirigi-me à casa da Lívia. Como a palavra terra, no sentido de terra firme, chão (em oposição a bordo, a mar), não recebe artigo definido, não haverá crase: • Os marinheiros tinham descido a terra para visitar a cidade. • Vendo o tubarão, o nadador voltou logo a terra. • Depois de tantos meses no mar, chegamos a terra. Observação: Quando a palavra terra equivaler à pátria ou região determinada ocorrerá a crase. • Vou à terra dos meus avós. • Retornei à terra natal. • Chegamos à terra prometida. b) Pronomes possessivos O uso do artigo antes dos pronomes possessivos fica a critério de quem escreve. Daí a possibilidade de ser facultativo o emprego da crase. • A minha viagem é certa. • Minha viagem é certa. • As minhas colegas vêm. • Minhas colegas vêm. • Referiu-se à minha viagem. • Referiu-se a minha viagem. • Fiz um apelo às minhas colegas. • Fiz um apelo a minhas colegas. Observação: Ocorrendo a elipse do substantivo, o a será obrigatoriamente acentuado. • Ele se referia à desgraça do amigo e não à sua. • Eu fui à formatura dele, mas ele não compareceu à minha. É, também, facultativo o fenômeno da crase, antes de pronomes possessivos femininos, mesmo seguidos de nomes de parentesco. • Recorri a minha mãe. • Peço desculpas a sua irmã. • Fizemos uma visita a nossa tia. • Nunca saio satisfeito das visitas que faço a minha mãe. • Arrependi-me de ter falado a minha prima. c) Numerais Antes de numerais cardinais, referentes a substantivos não determinados pelo artigo, não há crase: • Chanceler inicia visita a oito países africanos. • Assisti a duas sessões (ou a uma só sessão). • A fazenda ficava a três léguas da cidade. • Daqui a quatro semanas tudo terá mudado. • O número de candidatas aprovadas não chega a vinte. Observação: Usa-se, porém, o acento grave nas locuções adverbiais que exprimem hora determinada e nos casos em que o numeral estiver precedido de artigo, pois há crase. • Chegamos às oito horas da noite. • Assisti às duas sessões de ontem. • Entregaram-se os prêmios às três alunas vencedoras. • A aula começa sempre às 7h. • A reunião será às 10h. • A sessão só começará às 17h. • A próxima reunião será à uma hora da tarde. Observação: Se houver a presença de outra preposição, significa que não há a preposição a, logo não haverá crase. • Após as 18h, o leilão será encerrado. • Romário fez o gol com a mão. • A reunião ficou para as 16h. • Ele teve de comparecer perante a justiça. • Ele ficará aqui até as 18h. (facultativo) d) Palavras masculinas Só ocorre o fenômeno da crase diante de palavras masculinas quando, antes delas, estiverem em elipse as expressões moda de, maneira de ou estilo de: • Calçados à Luís XV. • Cabelos à Sansão. • Estilo à Machado de Assis. • Magníficas perucas à Luís XIV. • Bife à milanesa. • Filé à francesa. e) Nomes próprios Facultativo é também, na linguagem familiar, o uso do artigo diante de nomes próprios personativos: • Mandamos um convite à (ou a) Antonella. • Escrevi à (ou a) Solange. • Entreguei a carta à (ou a) Maria Teresa. Observação: Haverá crase, se o nome vier acompanhado de um termo determinante (de um adjunto). • Refiro-me à Epitácia do Dr. Leite. • À querida Neida (nas dedicatórias). Antes de nomes próprios (pessoa célebre ou lugar) que repelem o artigo, não ocorrerá a crase: • Rezo a Nossa Senhora. • Dedicaram templos a Minerva e a Júpiter. • O guerreiro falou a Iracema. • O historiador referiu-se a Joana d’Arc. • Fiz uma promessa a Santa Teresinha. • Iremos a Curitiba e depois a Londrina. • Fomos a Paquetá. Observação: Haverá crase quando o nome próprio admitir o artigo ou vier acompanhado de adjetivo ou locução adjetiva. • Fomos à Bahia. • Chegamos à Argentina. • Referiu-se à Roma dos Césares. • Cheguei à histórica Ouro Preto. Observação: Não se emprega o artigo diante de nomes próprios quando os adjetivos São, Santo ou Santa aparecem como parte integrante do nome. • Santa Bárbara sempre foi invocada nas horas de tempestade. RESUMO Há ocorrência da crase: • Quando se pode trocar o a por ao; • Antes da palavra casa, quando especificada; • Antes da palavra terra — no sentido de “terra natal” (no sentido de chão não haverá crase); • Antes da palavra distância — só quando determinada; • Diante de palavra feminina subentendida — ocorrendo troca de a por ao; • Antes de aquele, aquela, aquilo trocados por ao; • Antes de localidade, na troca de a por da ou na, e ainda para a. NÃO ocorre o fenômeno da crase: • Antes de palavra masculina; • O a no singular seguido de palavra no plural; • Antes de pronome de tratamento; • Depois das preposições para, ante, perante, após, sob, entre, contra; • Nas locuções formadas por palavras repetidas (cara a cara, frente a frente, costa a costa e outras); • Com o pronome relativo cuja e flexões; • Com o pronome relativo quem; • Com pronome relativo que, quando o a que o precede for antes uma preposição; • A pessoa a que me refiro estuda nesta Instituição; • Quando a preposição a estiver precedida por outra preposição. Crase é facultativa • Antes de pronome possessivo (minha, sua); • Antes de nomes próprios femininos.