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Segunda Guerra Mundial(No Caminho da Guerra)

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Campanha da Polônia 
 
No caminho da guerra
 
 
Às 11 horas da noite de 21 de agosto de 1939, as rádios da Alemanha interromperam repentinamente seus programas e um locutor, com voz solene, leu um transcendental comunicado: “O Governo do Reich e o Governo Soviético resolveram concertar um pacto de não agressão. O Ministro das Relações Exteriores do Reich chegará a Moscou na quinta feira, 23 de agosto, para concluir as negociações”. Hitler e Stalin aliados. A inesperada notícia assusta o mundo. O último obstáculo que impedia o ditador alemão de concretizar os seus planos de agressão contra a Polônia ficava, pois, eliminado. Quatro meses antes, o Fuhrer fizera sua entrada triunfal em Praga e a Tchecoslováquia, cuja independência prometera respeitar na Conferência de Munique, ficava incorporada à “Grande Alemanha”. Desmoronava-se, para não mais se levantar, a ordem européia estabelecida, ao término da Primeira Guerra Mundial, pelo Tratado de Versalhes.
 
O Plano Branco
 
Uns após outros, os negros e compridos Mercedes chegam ao edifício da Chancelaria do Reich. Dos suntuosos veículos descem, apressados, os dirigentes máximos, políticos e militares da Alemanha nazista. Data: 3 de abril de 1939. Este foi o dia em que realmente começou a Segunda Guerra Mundial.
 
Reunidos no gabinete do Fuhrer, os chefes da Wehrmacht recebem das mãos de Hitler as cópias de um projeto ultra-secreto: o “Plano Branco”. O ditador permanece alguns minutos em silêncio. Depois, com voz calma e enérgica, dá início à leitura do decisivo documento: - Senhores, o objetivo será destruir o poderio militar polonês e criar no Leste uma situação que satisfaça às necessidades as defesa nacional. O Estado Livre de Dantzig será proclamado parte integrante do Reich no começo das hostilidades...
 
A sorte está lançada. Um silêncio absoluto reina na sala. Embargados pela emoção, os generais Brauchitsch, comandante-em-chefe do Exército, e Halder, chefe do Estado-Maior Geral, o Almirante Raeder, Comandante da Kriegsmarine e o Marechal Goering da Luftwaffe, compreendem que acabam de receber a ordem definitiva que dará início a outra guerra. Hitler, imperturbável, continua a leitura do longo documento. - A missão da Wehrmacht será destruir as forças armadas polonesas e, com tal fim, deverá dispor-se a realizar um ataque de surpresa... Os preparativos devem efetuar-se de maneira tal, que a operação possa ser levada à prática a qualquer instante... a partir do 1o de setembro de 1939.
 
1o de setembro de 1939! Uma data como tantas outras... Entretanto, nada afastará Hitler da sua decisão. Apelando para todo tipo de manobras, conseguirá, finalmente, dar pontual cumprimento ao fatídico plano. Qual foi o motivo que o levou, afinal a tomar tão tremenda deliberação?
 
Chamberlain, o “homem do guarda-chuva”, o apaziguador de Munique, intempestivamente interpôs-se no seu caminho. Dois dias depois da ocupação da Tchecoslováquia, o político inglês pronuncia, na cidade de Birmingham, um discurso decisivo. “A Inglaterra - anuncia - não caiu tão baixo a ponto de aceitar, de braços cruzados, a hegemonia da Alemanha sobre toda a Europa”. A 30 de março de 1939, o embaixador britânico em Varsóvia, Sir Howard Kennan, comunica ao ministro do exterior polonês, coronel Jasef Beck, que o seu Governo está disposto a garantir, unilateralmente, a independência da Polônia. Perplexo, Beck aceita sem vacilações a extraordinária oferta. No dia seguinte, Chamberlain comunica à Câmara dos Comuns que a Inglaterra comprometeu-se a dar à Polônia plena ajuda militar no caso de ser agredida.
 
Hitler, ao inteirar-se das declarações de Chamberlain, explode num ataque de fúria. Compreende que, daí por diante, terá que apelar para as armas para concretizar os seus planos e conquistar o “espaço vital”, que assegurará “a sobrevida e a grandeza” do povo alemão.
 
Três dias depois, a 3 de abril, distribuiu aos seus generais as diretivas do “Plano Branco”. A Alemanha empreendeu assim o caminho da guerra.
 
 
A hora decisiva
 
Sorridente, Ribbentrop acaba de pôr a sua assinatura ao pé do documento, que sepultará a Europa na morte e na destruição durante seis longos anos. Stalin e Molotov estão a seu lado. É o dia 23 de agosto de 1939. Terminada a cerimônia, o Ministro das Relações Exteriores da Alemanha e o Premier soviético apertam-se as mãos e, depois, dirigem-se a um dos suntuosos salões do Kremlin. Chegou o momento da comemoração. Stalin, segurando uma taça de champanha, exclama com entusiasmo: - Sei quanto o povo alemão ama o seu Fuhrer! Quero, em conseqüência, levantar a minha taça em sua honra... Brindo à saúde do Fuhrer!
 
Naquele mesmo instante, a milhares de quilômetros de distância, Hitler festeja também a assinatura do pacto, que acaba de concertar com o seu odiado inimigo.
 
Com satisfação, o ditador compreende que conquistou, sem derramar uma só gota de sangue, a vitória mais extraordinária de toda a sua carreira. Ao concluir o tratado com Stalin conseguiu, da noite para o dia, alterar radicalmente a ameaçada posição em que se encontrava a Alemanha. Com o apoio da Rússia, poderá agora liquidar definitivamente a Polônia e, ao mesmo tempo, fazer frente a uma guerra contra a Inglaterra e a França, sem preocupar-se com a sua retaguarda.
 
Ao receber, a 19 de agosto, o telegrama do seu embaixador em Moscou, com a notícia de que Stalin concordava em entrar em negociações, Hitler mandou chamar o Almirante Raeder e ordenou que ele fizesse zarpar imediatamente a frota de submarinos e os couraçados Graff Spee e o Deutschland para que alcançassem as suas posições de combate no Atlântico e mar do Norte, na data fixada para o início do ataque à Polônia.
 
Enquanto a Marinha inicia o deslocamento das suas unidades o Exército se preparava para cumprir a sua missão. A 23 de agosto, Hitler fixa a data do ataque: sábado, 26 de agosto, às 4:30 horas da madrugada.
 
Suspendam o ataque!
 
Na tarde de 22 de agosto, realiza-se uma sombria reunião no edifício de Downing Street, sede do Governo britânico. Chamberlain e os seus ministros compreenderam que chegou a hora decisiva. Após uma breve discussão, o Gabinete dá a conhecer um categórico comunicado: “A assinatura do pacto germano-soviético não afetará de forma alguma as obrigações da Inglaterra com a Polônia”. Em Paris, o governo francês, presidido por E. Daladier, adota a mesma atitude.
 
Hitler, entretanto, regressou a Berlim. A 25 de agosto envia a Mussolini uma carta, comunicando que está disposto a atacar a Polônia de um momento para outro. Na tarde desse mesmo dia, manda chamar o embaixador britânico, Sir Neville Henderson, e lhe faz uma última proposta: a Alemanha está disposta a chegara um amplo acordo com a Inglaterra, após resolver seus problemas com a Polônia. Mais uma vez, o Hitler tentava quebrar com falsas promessas a unidade dos seus inimigos.
 
As horas voam. Pelas estradas que conduzem ao Leste, marcham, em intermináveis colunas, as forças da Wehrmacht. No dia seguinte, às 4:30 horas da madrugada, lançam-se ao ataque contra a Polônia.
 
Às 6 da tarde, entrou apressadamente na Chancelaria do Reich, o embaixador italiano, Bernardo Atolico. Nas mãos, levava a resposta de Mussolini à carta que Hitler enviara ao Duce naquela mesma manhã. O ditador alemão tomou a carta e, com surpresa e fúria, inteirou-se do seu insólito conteúdo. Mussolini, simplesmente, anunciava que a Itália não estava em condições de entrar na guerra, pois, até 1942, não poderia completar adequadamente a preparação das suas forças armadas.
 
Pouco depois, Hitler recebeu a notícia de que a Inglaterra e a Polônia acabavam de dar forma definitiva à sua aliança mediante a assinatura de um pacto de assistência mútua. Já não poderia ter dúvida alguma de que os ingleses interviriam na guerra. Hitler, abatido pela defecção inesperada do seu principal aliado e a decidida atitude dos ingleses, tomou uma resolução extrema. Depois de permanecersilencioso e pensativo alguns minutos, pôs-se de pé e mandou chamar o marechal Keitel. O submisso chefe da Wehrmacht entrou correndo no seu gabinete. Sem dar-lhe tempo de recuperar o fôlego, Hitler ordenou: - Suspendam o ataque!
 
Keitel, girando sobre os calcanhares, partiu como um raio para o seu escritório e, sem perda de tempo, transmitiu a notícia ao general Brauchitsch, comandante-em-chefe do Exército. Este telefonou, ato contínuo, ao general Halder, chefe do Estado-Maior, e lhe comunicou a ordem do Fuhrer: - Aqui Brauchitsch: nova situação! Hitler exige a imediata suspensão de todos os movimentos. A fronteira não deve ser ultrapassada sob nenhum pretexto... ao que parece por razões políticas. Podemos deter-nos? - faremos todo o possível!
 
Deslocando-se com a precisão de uma gigantesca máquina, 60 divisões alemães convergem, nesse momento, sobre a fronteira polonesa. Halder tenta o impossível! A sua ordem corre com a velocidade do raio entre os desconcertados comandantes: proibido romper as hostilidades! Nas estradas da Silésia, Eslováquia, Pomerânia e Prússia Oriental, as colunas de tanques, caminhões e veículos blindados detém bruscamente a sua marcha.
 
Uma divisão motorizada, entretanto, não recebe o aviso e continua avançando a toda velocidade, para a fronteira. Um oficial parte em um pequeno avião e, à noite, pousa à frente da divisão. Dessa dramática maneira é evitada, no último momento, o início da luta
 
A fracassada manobra de Hitler
 
Na tarde de 26 de agosto, Hitler comunicou ao general Brauchitsch a nova data do ataque: 1° de setembro, de madrugada. Aproximava-se o outono e as chuvas transformariam os caminhos da Polônia em imensos lodaçais.
 
Três dias depois, a 29 de agosto, Hitler comunicou a Chamberlain que estava disposto a negociar com a Polônia sobre Dantzig, caso o Governo polonês enviasse um representante a Berlim, no prazo de 24 horas. Hitler sabia perfeitamente que os poloneses não aceitariam as suas exigências; ao rechaçar as propostas alemães, apareceriam como os responsáveis pelo fracasso das negociações. Dessa maneira, a Inglaterra e a França contariam com uma saída honrosa para retirar o apoio à Polônia. Chamberlain, no entanto, já farto de concessões, não se dispôs a um novo Munique.
 
À meia noite de 30 de agosto, o embaixador britânico em Berlim, Sir Neville Henderson, entregou a Ribbentrop a resposta do seu Governo. Escrita em tom moderado, a nota, entretanto assinalava claramente que a Inglaterra não estava disposta a pressionar a Polônia para que aceitasse o ultimato de Hitler. A manobra do ditador estava completamente fracassada.
 
31 de Agosto: O último dia de paz
 
Às 11:30 da manhã de 31 de agosto, o general Halder recebeu um chamado telefônico urgente da Chancelaria do Reich. Com a voz embargada pela emoção, o general Stulpnagel comunicou-lhe: - O ataque será amanhã, às 4:45 da madrugada! A Inglaterra e a França estão decididas a intervir, mas o Fuhrer resolveu iniciar a campanha...
 
Uma hora depois Hitler assinou a Diretiva n° 1 para a condução da guerra e entregou o funesto documento aos chefes da Wehrmacht.
 
O drama prévio chegou assim ao seu fim. Em Varsóvia, o Comandante-em-chefe do Exército, Marechal Smigly-Rydz, decidiu, depois de angustiosas vacilações, dar o passo decisivo. Às 11 horas da manhã expediu a ordem de mobilização geral.
 
Ao cair da noite do dia 31 de agosto, ocorreram os primeiros “combates” da guerra. Grupos de soldados da SS, disfarçados com uniformes poloneses, realizaram ataques simulados a alguns postos fronteiriços alemães. Imediatamente, as emissoras transmitiram alarmantes comunicados sobre a inesperada “agressão”. A farsa foi utilizada no dia seguinte por Hitler, para justificar ao seu povo e ao mundo o ataque contra a Polônia.
 
Desencadeia-se a “Blitzkrieg”
 
O Alto Comando alemão se aproveitando da vantajosa posição das fronteiras alemães que, pelo norte, sul e oeste, envolviam quase totalmente o território da Polônia, dividiu os seus efetivos em duas grandes massas de ataque.
 
O Grupo de Exércitos “Sul”, comandado pelo general Rundstedt, executaria a manobra decisiva da campanha. Para isso, lhe foram dadas 35 divisões, compreendendo o grosso das forças blindadas: quatro divisões Panzer, três divisões mecanizadas e duas motorizadas. Sua missão seria tomar importante região carbonífera da Silésia polonesa, para, em seguida, avançar rapidamente até Varsóvia e às margens do Vístula, conquistando a Capital e unindo as suas forças ao oeste deste rio com as unidades do Grupo de Exércitos “Norte”. O exercito polonês ficaria, assim, cercado do norte ao sul e não poderia construir uma nova linha defensiva por trás do Vístula. O Grupo de Exércitos Norte, comandado pelo general von Bock, contaria com 25 divisões: uma Panzer, duas mecanizadas e duas motorizadas. Depois de destruir as unidades polonesas no corredor de Dantzig, avançaria ao sul, flanqueando os rios Vístula e Narew, para se unirem com as tropas de Rundstedt.
 
O comandante-em-chefe do Exército polonês, o Marechal Smigly-Rydz, enfrentava um problema insolúvel para a defesa do seu país. As suas forças eram totalmente inferiores, em número e armamento, aos exércitos alemães. Contava apenas com um punhado de ultrapassados tanques franceses e ingleses e a força aérea reduzia-se a cerca de 400 velhos aparelhos. Smigly devia optar entre duas possibilidades: situar os exércitos na fronteira, para defender a região ocidental, onde se concentravam as indústrias, ou colocar-se por trás da barreira fluvial, formada pelos rios Vístula e Narew, com o objetivo de enfrentar a Wehrmacht em forte posição defensiva. No primeiro caso, corria o risco de ver seus exércitos aniquilados nos primeiros dias de luta; no segundo, perderia a fonte de abastecimento e se veria obrigado a render-se em pouco tempo.
 
Jogando o tudo por tudo, Smigly resolveu finalmente enfrentar o choque da Wehrmacht na própria fronteira. Com esta finalidade, dividiu as suas forças em três grandes setores. No norte, frente à Prússia Oriental e à Pomerânia, dispôs três exércitos, integrados por 15 divisões de infantaria e cinco brigadas de cavalaria; no centro, resguardando a rica província de Poznan, situou o grosso das suas tropas, dois exércitos com 9 divisões de infantaria e quatro brigadas de cavalaria, apoiados na retaguarda pelo Exército “Prússia”, integrado por seis 6 divisões de infantaria, uma brigada motorizada e uma brigada de cavalaria; finalmente, no sul, em Cracóvia e nos Cárpatos, destacou dois exércitos: oito divisões de infantaria, duas brigadas motorizadas e uma brigada de cavalaria.
 
Começa a luta
 
Na madrugada de 1° de setembro, o major Sucharski, reuniu os seus homens e anunciou que o ataque alemão poderia desencadear-se a qualquer momento. Os 180 soldados do seu destacamento escutaram em silêncio a terrível notícia. Sabiam que não teriam escapatória, mas, estavam dispostos a venderem caro as suas vidas. Entrincheirados na ilha de Westerplatte, frente ao cais de Dantzig, esse punhado de heróis teria que enfrentar 3.000 soldados alemães.
 
Às 4:45 horas, abate-se sobre a costa violento bombardeio. O couraçado Schleswig Holstein, navio-escola da Kriegsmarine, que poucos dias antes estivera em Dantzig, em “visita de cortesia”, disparou, com os seus gigantescos canhões de 16 pol, a primeira descarga da Segunda Guerra Mundial.
 
Inicia-se uma luta feroz e sangrenta. Durante todo o dia, a artilharia e os Stukas bombardeiam duramente o reduto de Westerplatte. Os poloneses, com decidida bravura, rechaçam o ataque dos soldados alemães. Ao cair da noite, a luta prossegue com maior fúria. Os nazistas, utilizando lança-chamas, destroem os ninhos de metralhadoras e aniquilam seus defensores. Sucharski reúne os sobreviventes e continua resistindo. Até o dia 6 de setembro, a heróica guarnição rechaça 12 assaltos inimigos. Chega ao limite da resistência. Em 7 de setembro, ao despontaro sol, os canhões alemães desatam um bombardeio demolidor sobre as posições polonesas. Entrincheirando-se nas ruínas dos edifícios, Surcharski e os 60 sobreviventes estão prontos a enfrentar o ataque final. Os SS avançam entre os escombros e travam com os poloneses uma desesperada luta corpo a corpo. Uma hora depois, tudo está terminado.
 
A Batalha do Corredor
 
Em meio à neblina que cobre as planícies da Pomerânia, avançam rugindo os tanques da 3ª Divisão Panzer (DP). À frente, marcha, num veículo blindado, o general Guderian, teórico e mestre da Blitzkrieg. Chegou finalmente, a hora de pôr em prática a sua revolucionária teoria da guerra mecanizada. O chefe alemão tem sob o seu comando o 19° Corpo Blindado, integrado pela 3ª DP e as 2ª e 20ª divisões motorizadas (DM). A sua missão: cercar e aniquilar todas as forças polonesas dispostas no Corredor de Dantzig.
 
No mesmo instante, em que os tanques de Guderian transpõem a fronteira, o general polonês Bortnowski, chefe das forças localizadas no Corredor, passeia nervosamente no seu posto de comando, na cidade de Torun. Seguindo as diretivas do marechal Smigly, o grosso das suas forças estava no centro do Corredor, com a ordem de lançar-se à conquista de Dantzig ao início das hostilidades. Esta manobra condenaria todas as suas divisões ao aniquilamento. Assim, a 31 de agosto, o general ordenou às suas melhores divisões, as 13ª e 27ª divisões de infantaria (DI), retirar-se para o sul.
 
A 1o de setembro, as tropas da 13ª DI conseguem embarcar de trem e fogem para o sul, sob o contínuo fogo dos Stukas. A 27ª, entretanto, não consegue alcançar a ferrovia e tem que empreender a pé a retirada. 
 
Avançando a toda velocidade, Guderian chega às margens do Vístula na noite de 1° de setembro. O cerco está fechado! Para esse rio convergem, do norte, as colunas da 27a Divisão. Na madrugada do dia 2, em meio à escuridão, os poloneses tratam de abrir passagem, através da barreira de tanques. Não alcançam, entretanto, o seu objetivo. Os blindados rompem fogo e detém o avanço. Estabelece-se um caos indescritível nas fileiras polonesas. As unidades, destroçadas, perdem toda coesão e convertem-se em fácil presa dos tanques alemães. Tem lugar, então, um dos mais dramáticos episódios da campanha.
 
Pondo-se à frente dos seus cavaleiros, o general Grzant-Skotnicki, chefe da brigada “Pomerânia”, desembainha a espada e lança-se a todo galope sobre os tanques alemães, numa desesperada tentativa de romper o cerco. Sem titubear, os seus soldados o seguem. Levantando gigantescas nuvens de poeira, a enorme massa de cavaleiros avança velozmente, espada e lança na mão, para os blindados. Horrorizados, os alemães procuram repelir o ataque. O heróico e terrível sacrifício conclui-se em poucos minutos. Um após outro, os esquadrões são esmagados pelo implacável fogo dos canhões e metralhadoras. Alguns cavaleiros que conseguem atravessar a mortífera barreira quebram, impotente, as frágeis lanças contra o aço dos tanques.
 
Ruptura do sul
 
Ao meio dia de 1° de setembro, o general Rundstedt, comandante-em-chefe do Grupo de Exércitos Sul, recebe a notícia de que as suas vanguardas conseguiram franquear o rio Wartha, primeiro obstáculo que se interpõe ao avanço.
 
Sob o fluxo combinado de três exércitos alemães - o 8° de von Blaskowitz, o 10° de von Reichenau e o 14° de von List - toda a frente sul polonesa se desfazer entre 1 e 3 de setembro. A Luftwaffe ataca incessantemente e consegue desarticular totalmente a organização da retaguarda dos exércitos poloneses.
 
Depois de cruzar o Wartha, a 4ª DP, de Reinhardt, avança velozmente, pela estrada que conduz a Varsóvia. A 2 de setembro, uma esquadrilha de bombardeiros poloneses realiza um desesperado ataque, mas, os velhos aviões se chocam com uma intransponível barreira de fogo antiaéreo. Em poucos minutos, os campos ficam iluminados com os restos chamejantes de 14 aviões poloneses. Os tanques alemães continuam o seu avanço.
 
Esmagando todas as forças que se interpõem à sua passagem, na manhã de 3 de setembro os alemães tomaram a cidade de Radomsk e, horas depois, entram em Kamiensk. Com uma fulminante penetração, a 4a DP consegue separar os exércitos poloneses do centro, dos que combatem no sul.
 
Na noite de 3 de setembro, o marechal Smigly ordena que a sua principal força de reserva, o Exército Prússia, se desloque imediatamente para o sul, para bloquear o avanço dos blindados alemães que marcham sobre Varsóvia. O chefe polonês sabe que joga a sua última cartada. No dia seguinte, começa a batalha decisiva. Os tanques de Reinhardt, em violentos combates, esmagam uma após outra, três DI polonesas e, na noite de 6 de setembro, ocupam a cidade de Tomaszow-Mas, situada a 100 km ao sul de Varsóvia. O caminho para a Capital está aberto.
 
Por sua vez, à esquerda da 4ª DP, a 1ª DP, em união com as unidades do 8° Exército do general Blaskowitz, infligem repetidas derrotas às divisões polonesas que defendem a cidade de Lodz. Desesperado, o general polonês Rommel, chefe do referido setor, procura construir uma linha defensiva a poucos quilômetros ao oeste da cidade, mas, os alemães, com incessantes ataques, obrigam-no a empreender a retirada e, na noite de 7 de setembro, apoderam-se de Lodz. Fica, assim, definitivamente aberta a brecha no caminho de Varsóvia.
 
Vársóvia resiste
 
Às 5 horas da tarde de 8 de setembro, os tanques da 1ª DP, chegaram aos subúrbios de Varsóvia. O seu chefe, general Schmidt, estava certo de apoderar-se da velha Capital em poucas horas. Não contava, entretanto, com a heróica resistência que os habitantes lhe ofereciam. Três tanques alemães avançam lentamente pelas ruas desertas. De repente, um grupo de escoteiros lhes sai ao encontro. Surpresos, os alemães não fazem fogo. Dois garotos, tomando um dos fios elétricos da rede de bondes que jazem sobre o solo, aproximam-se correndo de um dos enormes veículos e jogam o fio sobre o motor quente. Ao produzir-se o contato, o tanque se incendeia.
 
Os outros blindados disparam as suas metralhadoras, mas, os escoteiros conseguem escapar. Acelerando a marcha, os tanques dirigem-se para a Praça União de Lublin, uma das principais da Capital. A multidão foge apavorada, mas um chofer, com uma lata de gasolina, corre para um dos tanques e, lançando o inflamável, ateia-lhe fogo. Em poucos minutos, o veículo transforma-se em uma gigantesca fogueira. O outro tanque empreende a toda velocidade a retirada.
 
Episódios semelhantes repetem-se em todos os bairros. Soba a liderança do seu decidido e valente prefeito Stephane Starcynski, o povo de Varsóvia consegue assim rechaçar a primeira investida dos alemães. Atrapalhado com essa inesperada resistência, o general Schmidt decide distribuir as suas forças pelos arredores da cidade e esperar a chegada da infantaria.
 
O aniquilamento do Exército polonês
 
Na noite de 9 de setembro, o General Dab-Biernacki, chefe do Exército Prússia, chega a Brest-Litovsk. Sem demora, procura o Marechal Smigly-Rydz que dois antes, instalara ali o eu QG. Os dois chefes apertam-se as mãos e, durante alguns segundos, permanecem em silêncio. Finalmente, Dab-Biernack comunica ao seu superior a tremenda notícia: - Marechal. Está tudo perdido. Os alemães destruíram esta noite o meu exército, na margem direita do Vístula.
 
Smigly-Rydz, abatido, deixa-se cair em uma cadeira. O aniquilamento do Exército Prússia põe fim às últimas esperanças de constituir uma nova frente defensiva. Nada mais pode deter o avanço alemão para Varsóvia. Dois dias antes, o marechal dera a Dab-Biernacki a ordem de deslocar rapidamente as suas forças para leste do Vístula, mas, em vertiginoso avanço, as divisões motorizadas de Rundstedt envolveram pelo norte e pelo sul as divisões polonesas e as cercaram. A 8 de setembro a batalha terminava. As últimas três divisões do Exercito Prússia foram aniquiladas.
 
A Wehrmacht, dando estrito cumprimento ao seu plano decampanha, empreendeu em seguida a destruição dos exércitos dos generais Bortnowski e Kurtrzeba, cujas unidades, que tinham mais da metade dos efetivos totais do exército polonês, ficaram isolados a oeste do Vístula.
 
Na manhã de 10 de setembro, o general Kurtrzeba, inicia um violento ataque para o sul, para golpear o flanco esquerdo da gigantesca cunha lançada pelos alemães e conter o avanço dos blindados para Varsóvia.
 
A 12 de setembro, o general Kurtrzeba e o general Bortnowski realizam uma conferência às margens do Bzura. Ao sul deste rio, os seus soldados sustentam desesperados combates com as tropas de von Blaskowitz, sob o bombardeio incessante e demolidor da artilharia e dos Stukas. Em poucos minutos, os dois chefes tomam uma resolução extrema. Fracassou o ataque para o sul e, de todas as direções convergem forças alemães. Decidem sustar imediatamente a ofensiva e empreender no dia seguinte a retirada para Varsóvia. Entretanto, já é tarde.
 
O cerco estendido por von Rundstedt fecha-se inexoravelmente. As 1ª e 4ª DP que se encontravam frente à Varsóvia, dão meia volta e dirigem-se a toda velocidade para o Bzura, para cortar pelo leste, a retirada dos poloneses. Do norte, o 4° Exército de Von Kluge avança em marcha forçada e completa a barreira que, pelo oeste e sul, foi levantada pelo 8° Exército de Blaskowistz. Na manhã de 16 de setembro, os alemães iniciam o ataque. Os Panzers atravessam o Bzura e, aniquilando todas as forças que se colocam pelo caminho alcançam a localidade de à Kiernoczie, situada no centro da gigantesca bolsa. A sorte dos exércitos poloneses está selada. No outro dia, os alemães recrudescem a violência da ofensiva.
 
Cai a noite. Pelos caminhos que vão ao leste, marcham, e meio a um caos indescritível, milhares de soldados poloneses. Sobre as margens do Bzura, chocam-se com os alemães e se desenrola uma luta furiosa e sangrenta. Duas brigadas de cavalaria conseguem romper o cerco e evadir-se para Varsóvia, através de espessos bosques. O General Kurtrzeba, acompanhado por um grupo de oficiais, consegue também chegar à Capital. O general Bortnowski cai prisioneiro. Ao despontar do dia 18 de setembro, a Luftwaffe lança todos os seus efetivos ao ataque. Com um rugido ensurdecedor, os Stukas abatem-se sobre as indefesas colunas de soldados, metralhando-os sem piedade. Poucas horas depois a batalha termina. Está destruído o grosso do Exército polonês.
 
O final
 
Enquanto se travam os últimos e sangrentos combates da batalha do Bzura, o 19° Corpo Blindado do general Guderian, avança da Prússia Oriental para o sul e, depois de atravessar o rio Narew e aniquilar as forças polonesas que encontra pelo caminho, flanqueia Varsóvia pela retaguarda. Sem deter a sua marcha, os tanques alemães ocupam a cidade de Brest-Litovsk e, a 16 de setembro, fazem contato com as unidades de von Rundstedt, nas margens do rio Bug. Assim, tal como foi planejado, as forças vindas do norte e do sul fecham finalmente a gigantesca armadilha sobre a totalidade do exército polonês. No dia seguinte, os russos, dando cumprimento às cláusulas secretas do tratado germano-russo, cruzam as fronteiras orientais da Polônia e, avançando rapidamente para oeste, chegam à Brest-Litovsk.
 
No mesmo dia em que os russos entram na Polônia, o marechal Smigly-Rydz foge para a Romênia. Varsóvia, entretanto continua resistindo. Lá se concentra os restos do Exército polonês que, sob o comando do General Rommel, prepara-se para enfrentar a investida final da Wehrmacht.
 
Hitler ordena e, a 25 de setembro, começa o bombardeio aéreo maciço de Varsóvia. Por todo o dia, os Stukas metralham e bombardeiam implacavelmente a indefesa cidade. Ao cair da noite e à luz dos incêndios que se propagam por todos os bairros, os alemães iniciam o ataque decisivo. Combatendo furiosamente, os soldados e civis poloneses recuam lentamente para o centro. As munições e víveres se esgotam. Não há medicamentos para atender aos milhares de feridos e falta água.
 
A 27 de setembro, o general Rommel se rende. Ao meio dia, cessa o fogo e os soldados queimam as bandeiras dos seus regimentos, para que não caíam nas mãos dos alemães. Dois dias depois, as tropas do 8° Exército de von Blaskowitz entram em Varsóvia.
 
Inglaterra e França entram na guerra
 
Na manhã de 3 de setembro de 1939, quando as forças polonesas lutavam desesperadamente contra a Wehrmacht, o embaixador inglês em Berlim, Sir Nerville Henderson, entrou no escritório de von Ribbentrop, ministro das Relações Exteriores do Reich.
 
Na ausência deste, o diplomata foi recebido pelo Dr. Paul Schmidt, intérprete pessoal de Hitler. Henderson saudou-o friamente e, sem maiores formalidades, leu, com voz grave e solene, a nota do seu Governo, que era um ultimato final: Chamberlain comunicava a Hitler que, a partir das 3 horas da tarde desse dia, a Inglaterra entraria em guerra com a Alemanha, se a Wehrmacht não cessasse imediatamente o seu ataque à Polônia e evacuasse os territórios conquistados.
 
Terminada a leitura, Henderson entregou uma cópia do documento a Schmidt e retirou-se. Sem perder um instante, Schmidt dirigiu-se à Chancelaria do Reich e entrou no escritório de Hitler. Este achava-se sentado frente a uma grande janela, acompanhado por Ribbentrop. Schmidt traduziu rapidamente a nota britânica. Ao terminar, a sala ficou em absoluto silêncio. Hitler, finalmente, pôs-se de pé e perguntou a Ribbentrop com voz ameaçadora: - E agora, que mais?
 
O submisso ministro respondeu: Suponho que os franceses entregarão um ultimato semelhante, dentro de uma hora.
 
Pouco depois do meio dia, o embaixador francês Robert Coulondre entregou a Ribbentrop ultimato do seu governo. Assim, 21 anos depois do término da Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra, a França e a Alemanha lançavam-se novamente à luta. A Europa e o mundo não tardariam em se verem envolvidos no conflito.
 
Anexo
 
A Expansão da Alemanha
Principais acontecimentos
11 de novembro de 1918 - Termina a Primeira Guerra Mundial.
Setembro de 1919 - Em Munique, Adolf Hitler, se incorpora ao Partido Alemão dos Trabalhadores.
1° de abril de 1919 - O Partido Alemão dos Trabalhadores converte-se no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães
9 de novembro de 1923 - Adolf Hitler leva a cabo o Putsch de Munique. Depois do fracasso, é preso.
1° de abril de 1924 - Adolf Hitler é condenado à prisão e permanece 9 meses recolhido na prisão de Ladsberg. Ali escreve seu Mein Kampf (Minha Luta).
31 de julho de 1932 - Nas eleições efetuadas na Alemanha, o Partido Nacional Socialista obtém 13.745.000 votos (37% do eleitorado). Os restantes 63% pertencem aos partidos da oposição, cujos principais exponentes são o Partido Comunista e o Social-Democrata.
6 de novembro de 1932 - Em novas eleições, os nacionais-socialistas perdem 2 milhões de votos. Por seu lado, os comunistas ganham 750 mil. No Reichstag, o Partido Nacional Socialista reúne 196 cadeiras, contra 121 dos sociais-democratas e 100 dos comunistas.
30 de janeiro de 1933 - Hitler pactua com grupos conservadores e é designado pelo presidente Hindenburg, Chanceler do Reich
5 de março de 1933 - Data da última eleição democrática na Alemanha. O Partido Nacional Socialista obtém 17.277.180 votos (44%), os sociais-democratas 7.181.629, os comunistas 4.848.058, os partidos do centro e Bávaro do povo 5.500.000 e os nacionalistas 3.136.760.
24 de março de 1933 - Por meio de um decreto-lei, Hitler recebe plenos poderes
14 de outubro de 1933 - A Alemanha se retira da Sociedade das Nações
26 de janeiro de 1934 - A Alemanha e a Polônia forma um tratado de não agressão
30 de junho de 1934 - Os Nazistas assassinam numerosos líderes das SA (Roehm entre estes)
26 de julho de 1934 - Os nazistas assassinam, na Áustria, o chanceler Dollfuss
2 de agosto de 1934 - Morre o presidente do Reich, von Hindenburg, Hitler é nomeado Fuhrer e Chanceler do Reich
13 de janeirode 1935 - A Alemanha ocupa o território do Sarre.
16 de março de 1935 - Hitler implanta o serviço militar obrigatório na Alemanha. Começa o rearmamento.
7 de março de 1936 - A Wehrmacht ocupa a zona desmilitarizada do Reno
25 de outubro de 1936 - Criação do “Eixo” Roma- Berlim
25 de novembro de 1936 - Alemanha e Japão firmam o pacto anti-komintern
4 de fevereiro de 1938 - Hitler afasta do comando militar a von Blomberg e von Fritsch, ministro da Guerra e comandante em chefe do Exército, respectivamente. O Fuhrer assume o comando da Wehrmacht
12 de março de 1938 - A Alemanha ocupa o território da Áustria
29 de setembro de 1938 - Assinado o tratado de Munique. O território sudeto passa ao poder da Alemanha.
16 de março de 1939 - A Alemanha cria os protetorados da Boêmia e Morávia. A Wehrmacht ocupa esses territórios.
23 de março de 1939 - A Wehrmacht ocupa a região do Memel
22 de maior de 1939 - Firmada a aliança militar ítalo-alemã ( Pacto de Aço)
1° de setembro de 1939 - Às 4:45 h a Wehrmacht invade a Polônia
 
 
A Guerra Relâmpago
A Wehrmacht surpreendeu o mundo com uma revolucionária concepção da guerra. O ataque à Polônia permitiu aos exércitos alemães provar sobre o terreno a arrasadora superioridade dos elementos mecanizados. Com efeito, as divisões Panzer, apoiada pelos Stukas, envolveram facilmente os regimentos de infantaria e as brigadas de cavalaria poloneses. O heroísmo empregado pelos combatentes poloneses nada pôde ante o furacão de aço e fogo dos blindados e da aviação alemã.
A maior parte das operações ofensivas levadas a cabo pela Wehrmacht na campanha da Polônia foram cumpridas seguindo as seguintes determinações:
1 - Um corpo do exército enfrenta a posição inimiga ao largo de uma frente de aproximadamente 3Km por divisão. O ataque pode ser levado a cabo com tanques ou sem eles. A artilharia nunca oferece grande apoio. A aviação por seu lado, bombardeia intensamente as linhas inimigas.
2 - Se o ataque lançado fosse rechaçado, as forças alemães não insistem; pelo contrário, retrocedem. Tal procedimento compreende também os tanques, que não procuram forçar a passagem. O objetivo, que não é outro senão descobrir os pontos fracos ou fortes da linha inimiga, foi alcançado.
3 - Depois de alguns movimentos de reconhecimento, inicia-se o ataque, com meios muito poderosos; trata-se, neste caso, de uma divisão blindada ou de uma divisão ligeira, apoiada por tanques ou por uma unidade de tanques. Além disso, a artilharia e a aviação dão o máximo apoio. A artilharia, principalmente, dispara não somente sobre alvos importantes mas também sobre o alvo que puder afetar psicologicamente as tropas inimigas, ao ser incendiado ou destruido.
4 - As divisões que não participaram do rompimento atacam, por sua vez e ocupam a posição, aproveitando a confusão e o desconcerto do inimigo.
Em linhas gerais, o ataque alemão caracteriza-se por uma série de incursões de ensaio, às quais se segue uma investida realizada com todos os meios disponíveis. No ataque final emprega-se a fundo todos os elementos blindados.
Emprego tático das diferentes armas.
Infantaria
O infante alemão revelou-se excelente soldado. Algumas unidades deverão cumprir, combatendo, de 25 a 30 Kms por dia. Etapas de 50 Kms foram freqüentes.
Artilharia
Empregou basicamente o obus calibre 10.5. Atuou em forma preponderante na preparação e apoio dos ataques, realizando concentrações de fogo breves mas extremamente violentas.
Cavalaria
Muito útil nas missões de reconhecimento e perseguição
Engenharia
Cumpriu papel importante. Assegurou a travessia dos cursos de água, integrou pelotões de assalto e utilizou lança-chamas e explosivos de demolição.
Aviação
Atacou as tropas terrestres, regulou o tiro da artilharia, abasteceu de combustível as unidades blindadas e lançou pára-quedistas. Atuou, também no reconhecimento e exploração.
Blindados
Demonstraram algumas falhas. A blindagem foi perfurada pelo fuzil antitanque Mauser. Nenhum modelo pôde resistir ao impacto do projétil do canhão de 37mm polonês. O canhão dos tanques demonstrou ser eficaz a distancias de 500 a 1000 metros, contra armas automáticas localizadas em abrigos de cimento armado, somente quando o projétil atingia as troneiras. Nas operações de rompimento os tanques foram sempre empregados em massa.
 
 
Cartas trocadas entre Hitler e Stalin
De Hitler a Stalin
Berlim, 20 de agosto de 1939
Senhor Stalin. Bem vindo o convênio comercial russo-germânico. É o primeiro passo na aproximação das relações germano-soviéticas. A conclusão de um pacto de não agressão com a Rússia me permitirá fixar a política alemã por muito tempo. A Alemanha, assim, assegurará o progresso político que beneficiará a ambos os Estados por séculos. Aceito a proposição do pacto de não agressão feita pelo seu Ministro das Relações Exteriores, sr. Molotov, mas considero que é urgente esclarecer os assuntos relacionados com ele. O protocolo suplementar desejado pela Rússia poderá, estou convencido, esclarecer no menor tempo possível se os estadistas alemães puderem ir negociar pessoalmente. A tensão entre a Alemanha e a Polônia tornou-se intolerável. A situação piora dia a dia. A Alemanha, em conseqüência, está disposta a defender os interesses do Reich por todos os meios disponíveis. Na minha opinião, é necessário, em vista da intenção dos dois Estados de iniciar novas relações, não esperar mais tempo. Proponho que o Senhor receba meu Ministro das Relações Exteriores na terça-feira 22, ou no máximo, na quarta, 23. O Ministro das Relações Exteriores do Reich está autorizado a firmar o pacto de não agressão e também o protocolo. Uma permanência do Ministro em Moscou de mais de um ou dois dias é impossível pela grave situação internacional. Receberei com satisfação a sua resposta. Adolf Hitler
 
 
De Stalin a Hitler
Moscou, 21 de agosto de 1939
A Chanceler do Reich alemão, Adolf Hitler: Agradeço a sua nota. Deseja a concretização do pacto de não agressão russo-germânico, porque melhorará as relações entre os dois países. Os povos das duas nações necessitam de relações pacíficas mais que nenhum outro. O assentimento do Governo alemão à assinatura de um pacto de não agressão contribui para eliminar a tensão política e ajuda a estabelecer a paz e a colaboração entre os dois países. O Governo da União Soviética informa que espera o sr Von Ribbentrop em Moscou a 23 de agosto. Josef Stalin
 
 
Comando-Supremo da Wehrmacht
Berlim, agosto de 1939
Diretiva de Guerra n° 1
1.        As possibilidades pacíficas para solucionar os problemas surgidos na fronteira do oeste, onde a situação da Alemanha é intolerável, fracassaram. Portanto, decidi solucioná-la pela força.
2.        O ataque à Polônia se realizará d acordo com os planos já fixados. Levar-se-ão em conta as alterações que resultem, no que respeita ao Exército do estado atual de preparação do mesmo. A indicação das tarefas e a ordem das mesmas são as previstas. Data do ataque: 1o de setembro de 1939. Hora: 4:45 horas. As indicações correspondem à operação em Gydnia, baía de Dantzig e ponte Dirschau.
3.        No oeste é importante que a responsabilidade pelo começo das hostilidades recaia sobre a Inglaterra e a França. A neutralidade da Holanda e Bélgica, Luxemburgo e Suiça dever ser escrupulosamente respeitada. Por terra: a fronteira do oeste não deve ser cruzada sem minha expressa permissão. No mar: igual ordem
4.        Se a Inglaterra e a França iniciarem as hostilidades contra a Alemanha, a tarefa da Wehrmacht no oeste consiste em conservar as suas forças até a conclusão da vitória da campanha da Polônia. Dentro destes limites, as forças inimigas e os seus recursos militares e econômicos devem ser golpeados até onde seja possível. A ordem de ataque será dada por mim pessoalmente, em qualquer caso. O exército deverá estar pronto para defender a muralha do oeste e prevenir qualquer manobra de flanco por parte daspotências do oeste, caso violem o território da Bélgica e Holanda. Ao levar a guerra à Inglaterra, a direção dos ataques da Luftwaffe se concentrará na interrupção do transporte de tropas para a França. Os ataques contra Londres serão decididos por mim pessoalmente.
Adolf Hitler
 
 
A “agressão” polonesa
As primeiras sombras da noite começavam a cair sobre um povoado alemão, próximo à fronteira com a Polônia. Era Gliwitz, pequena cidade limítrofe. Um pouco afastada da população, levantava as suas instalações uma estação transmissora de rádio. O relógio marcou 20 horas. Um estranho silêncio tudo envolveu. Um silêncio carregado de tensão...
O ataque
Juntamente com as batidas que assinalaram a hora, rápido roças de botas indicou a presença de um grupo de homens. Eram 8 ou 10 soldados. A frente um oficial. Os uniformes, poloneses. Irromperam bruscamente na sala e se deslocaram em silêncio. O oficial levantou o braço. Os soldados preparam as armas automáticas. Com um gesto brusco o braço desceu. Uma ensurdecedora descarga estremeceu as paredes do pequeno edifício. A seguir, com a mesma rapidez com que chegaram, os soldados atacantes se retiraram. Mais adiante, porém, movimentaram-se com menos pressa, de tal modo que os habitantes que acorreram às janelas das suas casas puderam observar claramente os seus uniformes poloneses e escutaram as sua vozes gritando as ordens em idioma polonês. Estranha demora aquela. Todo o povoado foi testemunha, dessa maneira, do criminoso ataque que soldados poloneses efetuaram contra aquele pacífico posto alemão.
Mas, nem tudo havia terminado ainda. No interior da estação transmissora, manipulando rapidamente os aparelhos, um soldado polonês leu ante o microfone uma breve declaração em que dizia haver chegado o momento da guerra entre a Polônia e a Alemanha. Depois, o silêncio.
Sobre o chão da sala, um cadáver era a muda testemunha daquele ataque polonês. Simultaneamente, em diversos lugares na fronteira germano-polonesa, efetuaram-se ataques semelhantes.
A trapaça
O grupo de soldados poloneses retirou-se para o território da Polônia e, após percorrer um breve caminho, voltou sobre seus passos, re-ingressando em território alemão. O oficial “polonês” que os comandava era Alfred Naujoks, oficial alemão das SS. Os soldados “poloneses” que o seguiram na ação eram homens pertencentes à sua própria seção da SS. O “soldado” morto no ataque era um prisioneiros dos nazistas, vestido com uniforme polonês e adormecido com drogas.
O plano fôra confiado ao SS Naujouks, no dia 10 de agosto de 1939. A ordem de pô-lo em prática fôra dada na manhã de 31 de agosto. O ataque devia produzir-se nessa mesma noite, às 20 horas.
No dia seguinte, 1o de setembro, o Fuhrer declarava no Reichstag: “Pela primeira vez, esta noite, tropas regulares polonesas abriram fogo contra o território do Reich. A partir das 5:45 horas, respondemos ao fogo e, de agora em diante, às bombas replicaremos com bombas”.
A sinistra trapaça urdida pelo Alto-Comando Alemão convertia o agredido em agressor.
 
 
As Forças Polonesas
Por volta de 1939, o exército polonês contava com 18.000 oficiais e 35.000 suboficiais em atividade. Após o inicio das hostilidades, o total de efetivos mobilizados, às ordens desses oficiais chegou a 1.700.000 homens.
A constituição das forças polonesas era a seguinte:
Infantaria
39 divisões - 5 brigadas independentes - 1 regimento independente - 7 batalhões de caçadores - 7 de metralhadoras - 9 de guarnição e 40 de “defesa nacional”
Cavalaria
11 brigadas - 1 regimento independente
Artilharia
10 Estado-Maior de Comando de Artilharia - 31 regimentos de artilharia de campanha (3 grupos de 3 baterias cada um) (cada bateria, 4 peças) - 3 grupos de campanha, independentes - 10 regimentos de artilharia pesada - 6 grupos de artilharia pesada, independentes - 1 regimento de artilharia motorizada - 1 regimento de artilharia pesada motorizado - 11 grupos de artilharia - 1 grupo e 1 bateria, independentes de reconhecimento
Tropas blindadas
2 brigadas motorizadas - 1 companhia blindada por cada brigada de cavalaria - 3 agrupamentos de tanques (11 batalhões no total) - 20 trens blindados (11 de verdadeiro valor militar)
Total de elementos blindados: 169 tanques 7TP, 50 tanques Vickers, 67 tanques Renault, 693 carriers, 100 autos blindados, 146 caminhões-oficina, 71 tratores e 110 transportadores de tanques, 552 reboques-cisterna, 22 locomotivas (11 blindadas), 33 vagões blindados de combate, 22 plataformas para artilharia e 90 vagões especiais.
Artilharia antiaérea
31 baterias de 40mm - 11 seções de 40mm - 20 baterias de 40mm, semimotorizadas - 8 grupos de 75mm - 86 companhias de metralhadoras antiaéreas
Engenheiros
33 batalhões - 54 companhias independentes - 23 seções de parque - 20 trens de pontes leves - 4 trens de pontes pesadas - 1 batalhão motorizado - 6 companhias motorizadas - 3 de projetores - 2 batalhões de ferroviários - 1 de eletrotécnico e 1 de exploração de usinas elétricas
Comunicações
1 regimento de radio - 4 batalhões telegráficos, independentes - 6 companhias de reserva - 30 telegráficas - 12 esquadrões de comunicações.
 
 
Com posição de uma divisão de infantaria polonesa
Setembro de 1939
Ao começar a Segunda Guerra Mundial, uma divisão de infantaria polonesa constituía-se de três regimentos, divididos cada um em três batalhões, perfazendo um total de nove batalhões.
A constituição de um batalhão era a seguinte: 3 companhias de atiradores; 1 companhia de metralhadoras; 1 seção antitanque (3 peças); 1 fuzil antitanque para cada secção de atiradores.
A artilharia da divisão compreendia: 1 regimento de artilharia leve, integrado por 3 grupos de 3 baterias cada um (4 peças por bateria); 1 grupo de artilharia pesada, compreendendo 1 bateria de canhões de 105 mm e 1 bateria de obuses de 155 mm (cada bateria estava integrada por 3 peças)
Além disso, a divisão era composta de: 1 destacamento de exploração (1 esquadrão de cavalaria e 1 companhia de ciclistas); 1 batalhão de sapadores; 1 bateria antiaérea (calibre 40 mm); 1 seção de aviação de observação; 1 companhia de comunicações (3 seções telegráficas e 1 de rádio); 1 companhia de saúde. Abastecimentos e serviços
Uma brigada de cavalaria compreendia: 3-4 regimentos de cavalaria
1 regimento de cavalaria era composto de: 5 esquadrões de combate; 1 esquadrão pesado; 1 esquadrão de engenheiros; 1 grupo de artilharia montada (3-4 baterias leves); 1 companhia de tanques leves. Abastecimentos, comunicações e serviços.
 
 
Primeiro comunicado oficial alemão
Berlim, 1o de setembro de 1939
“No curso das operações militares na Silésia, Pomerânia e Prússia Oriental, firam conquistados todos os objetivos do primeiro dia. A aviação alemã, atuando com o maior entusiasmo, bombardeou com completo êxito, os aeroportos de Rahmel, Quiztig. Graudenz, Poznam, Loos, Tomaszow, Buda, kattowitz, Cracóvia, Lemberg e Brest, destruindo todas as bases militares desses lugares. As tropas do sul, que avançam através das montanhas, chegaram a uma linha entre Neumarket, Sucha, ao sul da Maerich, e o rio Olsa foi atravessado perto de Puschen. Na zona industrial de Sude, as tropas avançaram até Kattowitz. Vários contingentes de tropas, que operam na Silésia, avançaram para o norte, em direção a Pschenstaochau. As tropas que operam no “Corredor”, desde Brahe, chegaram ao Rio Netze, perto de Nakelin, nas proximidades de Grausentz.
 
 
As primeiras horas da guerra em Berlim
Pode-se dizer que a capital do Reich não foi afetada pelas atividades bélicas. Durante o discurso de Hitler em frente ao Reichstag, um reduzido grupo de pessoas aglomerou-se ante a chancelaria, na Wilhelmstrasse. Hitler foi aclamado quando passou rapidamente e, minutos depois, ocorreu um incidente embaraçoso: vários guardas alinharam-se em frente à chancelaria e começaram a gritar: “Queremos ver o nosso Fuhrer”, mas a multidão não os imitou. Os semblantesgraves dos presentes iluminaram-se por um momento, quando chegou um carro equipado com câmaras fotográficas e levando fotógrafos, que faziam às vezes de animadores, para que as fotos fossem mais espontâneas. Entre risos, muitos respondiam com heils, embora não houvesse ali ninguém para ser aclamado, exceto os fotógrafos.
Em geral, acalma foi total entre a população, que recebeu a notícia do início das hostilidades quase com apatia.
 
 
Guderian
- Creia-me. Nunca veremos rodar os tanques alemães. A sua utilização não é mais que um projeto irrealizável.
Um entrechocar de botas e duas leves inclinações precederam o aperto de mão que selou a despedida do General Joachim Stulpnagel, chefe da 3a divisão de infantaria, e do chefe do 3o Grupamento de Automóveis
Corria a primavera do ano de 1931 e ainda faltava muito caminho a percorrer para a novíssima arma blindada. Na realidade, repetindo as palavras do General Stulpnagel, podia considera-se que aquilo não era mais do que um projeto irrealizável. “Um projeto irrealizável. Não estou certo disso”. Provavelmente, essa foi a conclusão que aquela conversa provocou no espírito do jovem interlocutor de Stulpnagel. “Não estou tão certo disso”. Na realidade, intimamente estava convencido do contrário.
De fato, estava cegamente convicto do valor das unidades blindadas, pelas quais lutava sem descanso aquele jovem Comandante, Heinz Guderian. A 17 de junho de 1888, o Primeiro-Tenente Frederico Guderian, do 2o Batalhão de Caçadores da Pomerânia, foi surpreendido pela ansiada notícia: o nascimento do seu primeiro filho. O jovem tenente Guderian não imaginava, então, que aquele pequenino rebento seria o homem que, muitos anos depois, revolucionaria a concepção clássica da guerra.
Seguindo a tradição paterna, o jovem Heinz entrou na carreira das armas a 1° de abril de 1901, aos 12 anos, vestiu o uniforme da Escola de Cadetes de Karlsruhe, da qual saiu em fevereiro de 1907, para servir, como aspirante a oficial, no Batalhão de Caçadores Hannoveriano n° 10, de guarnição em Bitsch, Lorena, cujo chefe, até maio de 1908, foi seu pai. A Guerra Mundial o surpreendeu ostentando os galões de tenente. Em outubro de 1914, foi promovido a primeiro-tenente e em dezembro de 1915 a capitão. O fim da guerra chegou para Guderian, após haver prestado serviço no Estado Maior do 5° Corpo de Exército, no EM da 4ª Divisão de Infantaria, no Comando Geral do Corpo de Exército da Guarda, na CG do X Corpo de Exército da reserva, no EM do Corpo de Exército “C”, e, por fim, no EM do 38° Corpo de Exercito de reserva.
O período entre as duas grandes guerras mundiais não deu descanso a Guderian e as suas atividades o levaram a comandar diversas unidades de fronteiras e intervir para sufocar agitações nas comarcas do Ruhr, em Dessau e Bitterfeld
Os Panzer em marcha
Em janeiro de 1922, Guderian foi transferido para a Inspeção das tropas de circulação, seção automóveis. Previamente, a fim de proporcionar-lhe a possibilidade de familiariza-se com a sua nova arma, foi-lhes confiado o comando da Unidade de Automóveis n° 1, acantonada em Munique. Aquela experiência seria vital para ele e para o destino da futura guerra. Livros, artigos, experiências alheias e pessoais, tudo orientou-o para uma nova concepção da guerra. Manuais franceses e ingleses foram lidos e estudados minuciosamente. A escassa experiência de combate recolhida pelos carros blindados alemães foi analisada em detalhe. Confrontaram-se opiniões e fatos concretos. E como o próprio Guderian declarou uma vez, “em terra de cegos, quem tem um olho é rei”. Frente à ignorância quase total dos chefes e oficiais alemães sobre o problema, Guderian converteu-se na autoridade máxima em matéria de tanques, em toda a Alemanha. As suas aspirações, porém, iam mais longe do que as dos seus chefes imediatos. Ele queria fazer dos tanques uma arma independente da infantaria e não a sua auxiliar. O tempo demonstraria o acerto das suas idéias.
 
 
Smigly-Rydz
- Creio que será interessante fazer uma análise do jogo. Vejamos. Se o declarante houvesse jogado, inadvertidamente, por exemplo, primeiro duas voltas de trunfo. Os três homens escutavam, em silêncio, as palavras do quarto jogador. Sobre o pano verde, em desordem, as cartas de bridge punham uma nota colorida. Um coro de murmúrios aprovou aquelas palavras. Lentamente , os quatro jogadores levantaram-se. Dois deles de aproximaram de uma das grandes janelas e observaram o céu aberto de nuvens. O terceiro, cantarolando entre os dentes uma canção da moda, começou a ajustar o cinturão do uniforme. O outro, um homem alto, espigado de cabelos brancos e aspecto juvenil, encheu os copos com legítimo uísque escocês. Em seguida, dirigindo-se ao companheiro de jogo, que terminava de arranjar o impecável uniforme, ofereceu: - Um uísque, caro Goering? Um amplo sorriso precedeu a resposta. Depois, com uma leve inclinação e batendo os calcanhares, o nomeado exclamou: - Será um prazer recebê-lo das suas mãos, Marechal Smigly-Rydz...
Os demais jogadores, Moscicki, Presidente da Polônia, e o General Sosnkowski, segundo chefe das forças armadas polonesas, aproximaram-se deles. Aquelas partidas, de que costumavam participar o Marechal Goering e o chefe de polícia da Alemanha, Himmler, eram freqüentes no pavilhão das terras de caça do presidente da Polônia.
O Marechal Smigly-Rydz era um assíduo participante; o seu companheiro de jogo era, inevitavelmente, o Marechal Goering, com quem se entendia às maravilhas. Setembro de 1939 ainda estava longe.
Um destino marcado
Varsóvia, 1904. Academia Imperial de Belas Artes
Um ruidoso grupo de alunos abandona o imponente edifício, perturbando com seus risos e brincadeiras os tranqüilos transeuntes. Após eles, silencioso, desce a ampla escadaria um jovem alto, delgado, de prematura gravidade no andar. É Eduardo Simgly-Rydz, um adolescente que sonha ser pintor. O seu verdadeiro destino começa a delinear-se no ano de 1908, apenas ultrapassando os 20 anos. A pintura ficou para trás, desalojada por um novo ideal: a liberdade da sua pátria. Naquele ano, Pilsudski, o célebre caudilho polonês, lidera a luta ativa pela libertação da sua pátria da dominação russa. Smigly-Rydz, sem vacilar, une-se à cruzada do chefe indiscutível e lança-se à luta. Os anos passam, assinalando a vida do futuro marechal com o que será o seu destino: o combate, sem descanso. Entre 1914 e 1920, as suas funções na Legião Polonesa fazem-se mais e mais importantes. Por último, nos fins da segunda década do século, Pilsudski confia-lhe o comando de uma das frentes de batalha, na guerra contra a Rússia.
Nesse momento crucial, Pilsudski, após negar-se a entregar aos alemães a famosa Legião Polonesa, é encarcerado. A máquina militar da Polônia parece jogada à sua sorte e condenada ao desaparecimento, quando alguém se coloca na liderança da organização: Smigly-Rydz.
O seu destino está arcado. A paz, talvez a suprema ambição do heróico marechal, parece fugir ante ele. A guerra, ao contrário, reclama-o insistentemente. E chega o dia 1o de setembro de 1939. Eduardo Smigly Rydz, marechal e general-em-chefe das forças armadas polonesas, enfrenta, mais uma vez, o seu destino.
 
 
Ultimato aliado
Berlim, 1o de setembro de 1939
A França e a Inglaterra enviaram nesta noite ao Governo do Reich notas que eqüivalem a um ultimato, exigindo que a Alemanha ordene a imediata retirada das tropas alemães que invadiram a Polônia
O texto oficial da nota britânica é o seguinte:
“Nas primeiras horas de hoje o chanceler alemão fez uma proclamação ao Exército alemão, na qual se indicava claramente que era iminente um ataque à Polônia.
“As informações recebidas pelo Governo de Sua Majestade e pelo Governo francês mostram que as tropas alemães já cruzaram a fronteira polonesa, o que foi seguido por ataques às cidades polonesas.
“Sob tais circunstâncias, os Governos do Reino-Unido e da França crêem que o Governo alemão, por esta ação, criou uma condição que sepode qualificar de agressiva e de atos de força contra a Polônia, ameaçando a independência desse país, que solicita a ajuda do Reino-Unido e da França, pedindo-lhes que empreguem todas as suas forças em defesa da Polônia.
“Por tal razão, devo informar a Vossa Excelência que, a menos que o Governo alemão suspenda a sua ação agressiva contra a Polônia, e que esteja disposto a retirar suas forças do território polonês, o Governo de Sua Majestade no Reino-Unido cumprirá, sem vacilações, as suas obrigações para com a Polônia”
Os embaixadores britânico e francês confirmaram este ultimato no dia 3 de setembro de 1939
 
 
Declaração de Chamberlain
Londres, 1o de setembro de 1939
Em sensacional declaração na Câmara dos Comuns, o Primeiro-Ministro Chamberlain, expôs com toda firmeza a posição da Inglaterra ante o fato consumado do ataque alemão à Polônia e expressou que a Inglaterra cumpriria os seus compromissos para com esse país ao pé da letra. Disse Chamberlain:
“Não tenho o propósito de empregar muitas palavras esta noite. Chegou a hora da ação (aplausos), em vez de limitar-nos a falar.
“Não deixamos passar por alto nenhum meio de fazer ver ao Governo alemão, tão claro como a água, que se insistisse em empregar de novo a força como fez anteriormente, opor-nos-íamos pela força, segundo havíamos resolvido.
“Agora, que todos os documentos mais importantes se fizeram públicos, apresentar-nos-emos perante a História sabendo que a responsabilidade desta terrível catástrofe recai sobre os ombros de um só homem (grandes aplausos)
“Não temos nenhuma queixa contra o povo alemão (aplausos). Exceto que permite ser dirigido por um Governo Nazista. Enquanto existir esse governo e utilizar os métodos de que se vangloria nos últimos anos, não haverá paz na Europa (aclamações).
“Estamos resolvidos a pôr fim a esses métodos e se na luta pudermos restabelecer no mundo as normas de boa fé e da renúncia à força, os sacrifícios que estamos chamados a realizar encontrarão a sua melhor justificativa”.
 
 
Declaração de Hitler
Berlim, 1o de setembro de 1939
Hitler pronunciou o seguinte discurso no Reichstag, em sessão extraordinária, convocada pelo Marechal Goering:
“Membros do Reichstag alemão: Durante meses temos sofrido a tortura que o tratado de Versalhes, para melhor dizer o ditado de Versalhes, nos deixou, problemas que, com a sua evolução, tornou-se insuportável para nós.
“Pelo que diz respeito aos nossos objetivos, primeiramente, estou resolvido a solucionar o problema de Dantzig; em segundo lugar, o problema do “Corredor”; em terceiro, conseguir que mudem as relações germano-polonesas de tal forma que tornem possível a convivência pacífica. Por isto, estou resolvido a lutar até que o Governo polonês se mostre disposto a facilitar esse estado de coisas ou até que outro Governo polonês se mostre disposto a isso.
“Portanto, vesti novamente o uniforme que me outra ocasião foi para mim o mais sagrado e querido. Só o despirei depois da vitória, ou nunca chegarei ao fim.
“Portanto, quero assegurar ao mundo inteiro que novembro de 1918 não voltará a repetir-se na história alemã.
“... E quero terminar com a declaração que fiz uma vez, quando comecei a lutar pelo poder. Disse então que quando a nossa vontade fosse tão forte que nenhuma calamidade a amedrontasse, nossa vontade e nosso aço poderiam impor-se a qualquer situação de constrangimento.
“No caso de em ocorrer algo durante a luta, meu sucessor será o camarada do partido, marechal Goering; seu sucessor será Rudolf Hess. A eles prometereis a mesma lealdade cega e a mesma obediência que me prometeram. No caso de suceder algo a Hess farei que o Senado, por meio de uma lei, eleja seu sucessor entre os mais bravos”.

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