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Segunda Guerra Mundial(Ofensiva Italiana na Libia)

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Guerra na África
 
A Guerra na África
 
Ofensiva Italiana na Líbia
Contra-ataque Inglês
Batalha de Sidi-Barrani
Luta na Abissínia e Iraque
 
 
Em fins do mês de junho de 1940, a Inglaterra atravessava um dos piores momentos da sua história. A França tinha capitulado e já não havia no continente europeu força alguma que desafiasse a supremacia de Hitler. O ditador, em conseqüência, tinha as mãos livres para concentrar suas forças na invasão da Inglaterra. Mussolini, por sua vez, tinha resolvido aproveitar a oportunidade favorável e desalojar os ingleses do Mediterrâneo, apoderando-se do Egito. Nada, nesse momento, parecia impedir os seus propósitos.
 
Os ingleses, entretanto, não se renderam. Apesar da situação desesperada, mantiveram-se calmos e conseguiram em curto prazo alterar a seu favor aquele sombrio panorama. Ainda uma vez, sua poderosa esquadra seria o elemento decisivo, que lhes permitiria retomar a iniciativa contra o Eixo.
 
A Operação Catapulta
 
Churchill desferiu o primeiro golpe a 3 de julho de 1940. Nesse dia, ele ordenou à Marinha que pusesse em marcha a Operação Catapulta. Seu objetivo: destruir ou capturar os navios da esquadra francesa leais ao Governo de Pétain.
 
Através de um ataque de surpresa, uma esquadra comandada pelo almirante Sommerville conseguiu afundar, no porto argelino de Oran, o couraçado Bretagne, e avariar seriamente o Dunquerque e o Provence. Em Dacar, os aviões do porta-aviões Hermes atacaram o couraçado Richelieu e o avariaram com seus torpedos. Por sua vez, o almirante francês Godfroy tratou de imobilizar, em Alexandria, pelo resto da guerra, a sua esquadra de 4 cruzadores, 3 destróieres e 1 couraçado. Em Plymouth e Portsmouth os ingleses apossaram-se sem dificuldades de todas os barcos franceses que haviam buscado refúgio nesses portos, logo depois do armistício.
 
Assim, ao fim de poucas horas, Churchill conseguiu reduzir radicalmente a capacidade combativa da frota de Vichy e afastou o perigo que teria representado a sua incorporação às esquadras do Eixo. No Mediterrâneo, entretanto, continuava a grave ameaça da frota italiana, composta de 6 couraçados, 19 modernos cruzadores, 120 destróieres e mais de 100 submarinos. A essa força, era preciso acrescentar também os 2.000 aviões de combate da Real Aeronáutica
 
Em conseqüência, a supremacia aeronaval dos italianos no Mediterrâneo forçou os britânicos a interromperem o tráfego de comboios, no tempo em que os exércitos do Egito precisavam urgentemente de reforço. Continuava, entretanto, aberta a rota do cabo da Boa Esperança, pela qual se poderia alimentar as guarnições do Oriente Médio, ameaçadas pelas forças fascistas instaladas na Líbia e na Etiópia. Por sua vez, a esquadra inglesa, longe de adotar uma atitude passiva, lançou-se desde o primeiro momento à batalha. No Mediterrâneo os ingleses contavam com 5 couraçados, 8 cruzadores, 1 porta-aviões, 31 destróieres e 12 submarinos, agrupados em duas forças de operação, com bases em Gibraltar e Alexandria.
 
A 9 de julho, uma frota comandada pelo almirante Cunningham, chefe do destacamento naval de Alexandria, entrou em luta perto da ilha de Malta com uma poderosa esquadra italiana e conseguiu pô-la em retirada. Dez dias depois, o cruzador australiano Sidney conseguiu afundar o cruzador italiano Bartolomeu Colleoni. Outro cruzador, o San Giorgio, foi afundado no porto de Tobruk pelos aviões da RAF, que desde o primeiro dia da guerra realizaram ataques ininterruptos contra as bases e aeródromos italianos na Líbia.
 
Com isso e apesar da inferioridade numérica de suas forças, os ingleses conseguiram, através da sua agressividade, conservar a supremacia aérea e marítima no Mediterrâneo. Essa circunstância teria influência decisiva no desenvolvimento das operações terrestres contra as forças italianas, na Líbia e na Etiópia.
 
 
Mussolini manda atacar
 
A 29 de julho de 1940, o Marechal Graziani, que ocupava então o cargo chefe do Estado-Maior do Exército italiano, recebeu um urgente chamado telefônico do marechal Badoglio, comandante-em-chefe das Forças Armadas. Badoglio comunicou a Graziani que Italo Balbo, governador da Líbia e uma das figuras mais populares do regime fascista, tinha sido morto no dia anterior, ao ser derrubado o seu avião pelas baterias antiaéreas italianas do porto de Tobruk. Por ordem de Mussolini, Graziani devia transferir-se imediatamente para a Líbia e assumir a governança vaga.
 
No dia seguinte, o avião que conduzia Graziani aterrisou nas pistas do aeroporto de Castel Benito, perto de Trípoli. Ali, esperava-o o General Telera, Chefe do Estado-maior de Balbo, o qual informou a Graziani as ordens de Mussolini ao seu antecessor. O telegrama do Duce continha uma ordem categórica: “O ataque contra o Egito deverá começar impreterivelmente a 16 de julho.
 
Graziani compreendeu, com amargura, que acabava de herdar uma missão que, a seu juízo, era totalmente irrealizável. Em muitas ocasiões, o veterano marechal havia assinalado a Mussolini a absoluta falta de preparo do Exército italiano e pregara incessantemente a intensificação da produção de armamentos. Seus esforços, entretanto, tinham fracassado. Ao começar a guerra, os italianos contavam com cerca de 1.000 tanques ligeiros, totalmente obsoletos, com fuzis de infantaria modelo 1891 e com canhões da Primeira Guerra Mundial. Durante o mês de julho, receberam apenas 75 tanques médios de construção moderna, veículos que mesmo assim eram bastante inferiores aos modelos ingleses.
 
Mussolini conhecia perfeitamente o estado precário de seus exércitos; mas, estava convencido de que em poucas semanas a guerra terminaria, com a invasão alemã à Inglaterra. Em conseqüência, as minguadas forças britânicas no Egito não poderia receber a tempo o auxílio da metrópole e seriam facilmente derrotados pelos 500.000 soldados italianos, sediados na Líbia e na Etiópia.
 
Churchill, entretanto, não estava disposto a entregar sem luta as posições britânicas no Oriente Médio. Essa zona era vital para a Inglaterra, porque ali se encontravam as jazidas que abasteciam de petróleo as suas indústrias e exércitos. Por isso, no início de agosto, Churchill chamou a Londres o chefe das forças do Oriente Médio, general Archibald Wawell, e traçou com ele um plano defensivo.
 
Wawell chegou a Londres a 8 de agosto, expondo a Churchill e aos chefes militares a debilidade de suas forças. Seus informes alarmantes provocaram a reação decidida dos dirigentes britânicos. No dia 10, o general Dill, chefe do Estado-Maior Imperial, comunicou a Churchill que resolvera enviar imediatamente ao Egito uma força de tanques tipo pesado Mark I, que tinham o apelido de Matilda, além de uma grande quantidade de peças de artilharia, metralhadoras e canhões antitanque. Era uma decisão extremamente temerária, pois significava desfalcar as forças de defesa da Inglaterra em cerca da metade de seus veículos blindados, no momento em que se aguardava de um dia para o outro, o desembarque alemão.
 
Churchill, apesar de tudo, apoiou firmemente a proposta de Dill e Wavell obteve os blindados que, quatro meses depois, dariam a sus soldados uma vitória esmagadora sobre Graziani.
 
Os italianos na ofensiva
 
Seguindo as ordens imperiosas de Mussolini, as forças italianas iniciaram, no mês de julho, as primeiras operações ofensivas na África. Em poucos dias, as tropas do duque de Aosta, vice-rei da Etiópia, tomaram os postos da fronteira do Sudão meridional e do norte do Quênia. A empresa foi fácil, pois, os italianos eram superiores aos ingleses na África Oriental. Havia uns 90.000 soldados italianos e 200.000 combatentes coloniais, apoiados por 63 tanques ligeiros, 994 canhões e 240 aviões.
 
A primeira campanha de envergadura foi feita contra a Somália Inglesa. Sob o comando do General Nasi, três colunas italianas, integradas por 10 brigadas coloniais e alguns batalhões de Camisas Negras, apoiados por tanquese artilharia de montanha, irromperam através da fronteira e avançaram em forma convergente para o porto de Bérbera, Capital da colônia. As forças britânicas, integradas por um batalhão escocês, dois hindus e dois africanos, tentaram resistir em uma linha fortificada sobre as colinas que correm paralelas à costa, mas, os italianos, combatendo encarniçadamente, forçaram-nas a abandonar suas posições e a retirar-se para o mar.
 
Na noite de 15 de agosto, o general britânico Godwin Austen comunicou ao comando do cairo que só a evacuação imediata de suas forças poderia salvá-las da destruição ou da captura. Recebeu então a autorização de embarcar suas tropas a abandonar a colônia, o que foi feito três dias depois, sob intenso bombardeio italiano.
 
A fácil conquista da Somália e os êxitos obtidos no Sudão e em Quênia fortaleceram a decisão de Mussolini de levar imediatamente a cabo a invasão do Egito. A 5 de agosto, chamou Graziani a Roma, para falar-lhe dessa ofensiva. O marechal, entretanto, voltou a expor os argumentos contrários à campanha, assinalando que não contava com os meios necessários para levá-la a bom termo. Para abastecer e transportar mais de 200.000 soldados, através do deserto até Alexandria, só dispunha de 3.000 veículos motorizados.
 
Mussolini, entretanto, apoiado pelo marechal Badoglio, resolveu levar adiante o ataque e fixou como primeiro objetivo a ocupação da localidade egípcia de Sidi Barrani, a 100 km da fronteira líbia.
 
Graziani, desesperado, entrevistou-se três dias depois com o conde Ciano, genro de Mussolini e Ministro das Relações Exteriores, pedindo-lhe que dissuadisse o Duce do seu projeto. Essa gestão também não teve êxito. O marechal voltou, então, a Trípoli, e, a 18 de agosto, reuniu os seus generais para que opinassem sobre a ofensiva. Todos, sem exceção, declararam-se contrários à campanha, considerando que não havia meios suficientes para obter a vitória.
 
A 19 de agosto, Mussolini enviou a Graziani uma ordem terminante. Devia desencadear o ataque contra o Egito logo que recebesse a notícia de que os primeiros soldados alemães tinham desembarcado nas praias da Inglaterra. O Duce assumia pessoalmente a responsabilidade dessa ordem. A sorte do exército italiano na Líbia estava, assim, selada.
 
Cai Sidi Barrani
 
No fim do mês de agosto, Graziani ultimou os preparativos para levar adiante o ataque contra o Egito. As forças do X Exército, encarregadas de iniciar a operação, somavam 80.000 soldados, dos quais 63.000 eram italianos e o resto combatentes coloniais. Esse exército, comandado pelo general Berti, contava com 250 canhões e 120 tanques, dos quais só 75 eram de fabricação moderna.
 
A realização do ataque tinha sido projetada em três etapas; para vencer as grandes dificuldades do avanço através do deserto, o qual se estendia da fronteira líbia até a localidade de Marsa Matruh, cabeceira da estrada de ferro que corre ao longo da egípcia até Alexandria. Cruzando a fronteira, as forças italianas marchariam até a localidade de Sollum e, daí, continuariam a avançar até Sidi Barrani, o primeiro objetivo.
 
A 13 de setembro, as tropas de Graziani transpuseram a fronteira egípcia e iniciaram sua penosa marcha através do deserto, suportando um calor infernal de mais de 50º As reduzidas forças motorizadas britânicas, que cobriam os postos de vanguarda se retiravam gradualmente, combatendo sem trégua. No dia 14, os italianos ocuparam Sollum e, três dias depois, se apoderaram de Sidi Barrani, depois de manter um curto tiroteio com os ingleses. O objetivo assinalado por Mussolini havia sido alcançado. Graziani, sem demora, ordenou a construção de uma estrada e de um aqueduto, que assegurassem o abastecimento das tropas.
 
Os ingleses, entretanto, pensavam ser atacados em Marsa Matruh. Ali, estava concentrada a Western Desert Force, integrada pelas unidades incompletas da 7a Divisão Blindada e da 4a Divisão hindu. Seu chefe era o desconhecido general Richard O’Connor. Esse reduzido corpo de exército tinha por missão desfechar um contragolpe de surpresa contra os italianos, no momento em que estes tentassem abrir caminho até Alexandria.
 
A Operação “Compass”
 
O tempo, entretanto, passou sem que Graziani ousasse a ofensiva. Apesar dos seus insistentes apelos, não tinha conseguido que o Alto Comando lhe enviasse os reforços que considerava necessários para atacar as defesas de Marsa Matruh. Essa inesperada trégua permitiu aos ingleses completar o equipamento de suas forças, com os 154 tanques que no fim de setembro chegaram a Port Said, procedentes da metrópole.
 
A 15 de outubro, chegou ao Cairo sir Anthony Eden, ministro da guerra britânico, enviado por Churchill para estudar as necessidades dos exércitos do Oriente Médio. Wavell, sem demora, comunicou a Eden que tinha resolvido efetuar um ataque contra os italianos, pois, a chegada dos blindados pesados - tinha alterado a favor dos ingleses a situação militar no Egito, já que as tropas fascistas não tinham armas antitanques capazes de perfurar a grossa blindagem dos “Matilda”.
 
Seguindo as diretivas de Wavell, o general O’Connor traçou um plano de ataque baseado no emprego maciço das unidades blindadas. As forças sob seu comando, que somavam agora cerca de 30.000 soldados, 120 canhões e 275 tanques, se lançariam ao assalto através de uma extensa brecha que existia nas linhas italianas ao sul de Sidi Barrani. Dessa maneira, os tanques britânicos conseguiriam infiltrar-se e atacar pela retaguarda as divisões de Graziani, que se achavam espalhadas em uma série de acampamentos fortificados, muito distantes um do outro.
 
Conseguida a ruptura, a 7a Divisão blindada avançaria a toda velocidade até a costa, para cortar a ferrovia que une Sidi Barrani com a Líbia. A 4a Divisão hindu, apoiada pelos 50 Matildas do 7o batalhão do Regimento Real de Tanques, se ocuparia de conquistar a cadeia de redutos fortificados e depois marcharia para o norte, a fim de participar do ataque contra Sidi Barrani.
 
A 8 de novembro, Eden voltou a Londres e comunicou imediatamente a Churchill o plano secreto de Wavell, batizado com o nome chave de “Compass”. O primeiro-ministro, sem vacilar um instante deu sua aprovação entusiástica ao projeto que, pela primeira vez, desde o início da guerra, permitiria às tropas inglesas passarem à ofensiva na África.
 
Como prelúdio do ataque e com o objetivo de consolidar a supremacia inglesa nas águas do Mediterrâneo, uma frota, sob o comando do almirante Cunningham e integrado pelo porta-aviões Illustrious, 4 cruzadores e 4 destróieres, realizou uma audaz arremetida contra a base naval italiana de Tarento, na noite de 11 de novembro. Os aviões torpedeiros Swordfish lançaram-se sobre os navios ancorados e conseguiram acertar nos couraçados Cavour, Littorio e Duilio. O Cavour ficou semi-afundado, não voltando a prestar serviços pelo resto da guerra, e os outros dois couraçados permaneceram seis meses em reparos.
 
Na noite de 6 de dezembro, as tropas de O’Connor entraram em seus caminhões e iniciaram o avanço através do deserto, precedidas pelas colunas de tanques. Previamente, o chefe britânico tinha colocado, a meio caminho entre as linhas inglesas e italianas, um depósito de água, combustível, víveres e munições, para abastecer as suas tropas durante os 5 dias que se previa durassem as operações.
 
Ao amanhecer do dia 9 e depois de percorrer 100 km os ingleses chegaram às posições italianas e se lançaram ao ataque. Tudo correu como se tinha planejado. Os aviões da RAF desfecharam um bombardeio arrasador sobre Sidi Barrani e os campos fortificados, a que se somou o fogo da artilharia de campanha e dos canhões da esquadra. Sob a cobertura desse dilúvio de fogo e aço, os Matildas se internaram através da brecha e, acelerando a fundo os seus motores, irromperam nos redutos italianos, destroçando qualquer oposição. Simultaneamente, os velozes tanques médios da 7a Divisão Blindada dirigiram-se rapidamentepara a costa e, à altura da localidade de Buq Buq, cortaram a rota de fuga da guarnição de Sidi Barrani.
 
Depois de esmagar a resistência dos campos fortificados de Neibeiwa e Tummar, os Matildas e as tropas hindus dirigiram-se a Sidi Barrani para apoiar o ataque à fortificação. O assalto começou na manhã do dia 10, em meio a uma terrível tempestade de areia. Os italianos ofereceram, de início, uma tenaz resistência, com um fogo violento e certeiro que produziu muitas baixas entre as forças de infantaria. Intervieram então os Matildas e as posições italianas desmoronaram. Às 16 horas, começou o ataque final contra Sidi Barrani e, na mesma noite, os ingleses eram donos do forte. No dia seguinte, foram levados a cabo as últimas operações de limpeza e a batalha chegou ao fim. As forças de O’Connor tinham capturado 38.000 soldados italianos, 73 tanques e muitos canhões.
 
O objetivo da ofensiva inglesa estava cumprida. Em três dias de combate, tinha sido aniquilada a metade do 10o Exército italiano e as tropas fascistas sobreviventes batiam em retirada para a Líbia. Os ingleses perderam apenas 600 homens, entre mortos e feridos.
 
Nessas condições, o General Wavell enviou um telegrama urgente a O’Connor, ordenando-lhe que enviasse sem demora a 4a Divisão hindu para Alexandria, a fim de lutar na frente da Etiópia. O’Connor reuniu então seus oficiais e, depois de transmitir-lhes a ordem de Wavell, anunciou-lhes que decidira lançar-se em perseguição ao inimigo, com as forças que lhe restavam
 
Foi assim que o ataque limitado planejado por Wavell, converteu-se, em virtude da decisão audaz de O’Connor, em uma das mais brilhantes campanhas militares da Segunda Guerra.
 
Vitória no deserto
 
A 12 de dezembro, a 7a Divisão Blindada, com o apoio de uma brigada de infantaria motorizada, lançou-se em perseguição aos italianos. A metade dos seus tanques seguiu a toda velocidade pela costa escarpada, a fim de adiantar-se às forças fascistas que fugiam pela estrada para a Líbia. Dois dias depois, os blindados ingleses alcançavam a estrada perto do porto fortificado de Bardia, onde ficaram detidos 45.000 italianos.
 
O êxito da manobra de O’Connor fez com que Wavell lhe entregasse como reforço a 6a Divisão de Infantaria australiana. A 18 de dezembro, os australianos incorporaram-se às forças de O’Connor, que, a partir desse momento, receberam a denominação de 10o Exército. Durante duas semanas, os ingleses trabalharam febrilmente, consertando seus veículos e tanques, terrivelmente desgastados pela marcha vertiginosa, através de 250 km de deserto.
 
Finalmente, às 5:30 horas de 3 de janeiro, a infantaria australiana lançou-se ao ataque, apoiada por um violento fogo de artilharia e pelos bombardeios da RAF. Uma hora depois, os australianos tinham conseguido abrir duas brechas, através das fortificações e campos minados, e os Matildas irromperam no interior. Durante dois dias, australianos e italianos mantiveram uma luta feroz, nos arredores de Bardia. A cidade caiu, finalmente a 5 de janeiro, e os ingleses apossaram-se de uma imensa presa: 400 canhões, 128 tanques, 700 caminhões e. o que era mais importante, grandes depósitos de combustível e de água potável.
 
Enquanto a 6a Divisão australiana travava os últimos combates em Bardia, a 7a Divisão Blindada avançou velozmente para oeste e, a 6 de janeiro, envolveu pela retaguarda o porto de Tobruk. Mais de 30.000 italianos ficaram cercados na cidade.
 
O’Connor, sem demora, iniciou os preparativos para conquistar Tobruk. Nessas circunstâncias, chegou a QG do Cairo um urgente telegrama de Churchill. O primeiro-ministro, alarmado com a concentração de tropas alemães nos Balcãs, ordenava a Wavell que, logo que os Balcãs, enviasse parte das forças de O’Connor para a defesa da Grécia.
 
A 15 de janeiro, Wavell viajou para Atenas, com o propósito de oferecer ao primeiro-ministro Metaxas o envio de tropas inglesas. Metaxas, entretanto rechaçou a proposta, pois, considerava que a presença, na Grécia, de um reduzido continente inglês não teria qualquer utilidade militar e só serviria de pretexto para que os alemães desencadeassem uma invasão. Nesse momento, por outra parte, os gregos estavam lutando com extraordinário êxito contra as forças italianas que, em fins de outubro, tinham invadido a península grega.
 
Fracassando a sua gestão, Wavell autorizou O’Connor a prosseguir com todo ímpeto em suas operações na Líbia. A 21 de janeiro, os australianos atacaram Tobruk e, depois de 24 horas de luta encarniçada, apoderaram-se da cidade, capturando toda a guarnição. O porto foi rapidamente reparado e converteu-se em centro de abastecimento do exército de O’Connor.
 
Sem dar trégua aos italianos, que ainda permaneciam nas cidades de Derna e Bengasi, os ingleses continuaram sem eu avanço para oeste. O’Connor decidiu, então, realizar uma manobra audaz para cortar a retirada das forças fascistas. As tropas australianas atacaram frontalmente ao longo da estrada da costa e a 7a Divisão Blindada partiu em uma extraordinária marcha através do deserto, até colocar-se por trás das colunas italianas que, comandadas pelo general Tellera, tentavam desesperadamente evadir-se, em direção a Trípoli.
 
A 6 de fevereiro, os tanques ingleses, apoiados por unidades de infantaria motorizada e por um grupo de artilharia, bloquearam a estrada ao sul da localidade de Beda Fomm, no momento em que convergiam para esse ponto as forças de Tellera. Durante todo o dia, os italianos realizaram repetidos ataques, procurando inutilmente abrir caminho. Protegidos pelas ondulações do terreno, os blindados ingleses ofereceram um fogo mortífero e, em poucas horas, destruíram 40 tanques italianos. No dia seguinte, somou-se à luta a vanguarda da 6a Divisão australiana que, pelo norte, completou o cerco. As forças fascistas realizaram um último e desesperado esforço para escapara da ratoeira, mas, foram rechaçados e sofreram perdas sangrentas. Às 9 horas, tudo estava terminado. Mais de 20.000 italianos caíram prisioneiros. Seu chefe, o general Tellera, tinha morrido na batalha.
 
O’Connor dispôs-se então a completar a vitória, lançando sua forças sobre Trípoli e aniquilando, assim, os últimos restos do exército de Graziani. Toda a Líbia cairia, então, na mão dos ingleses. Mas, Churchill já tinha resolvido enviar o grosso das tropas de O’Connor para a Grécia e, a 12 de fevereiro, enviou uma ordem terminante ao general Wavell, proibindo a continuação do avanço. Essa decisão infeliz teve conseqüências trágicas para os ingleses.
 
No mesmo dia em que Wavell recebeu o telegrama de Churchill, chegava a Trípoli o general Erwin Rommel. O chefe alemão compreendeu imediatamente que a situação era desesperada e incitou energicamente ao general Garibaldi, sucessor de Graziani, a que detivesse a retirada de suas tropas, e formasse uma frente defensiva. A qualquer preço, era necessário ganhar tempo. As unidades da vanguarda do Afrika Korps, já tinham zarpado dos portos italianos e levariam algum tempo para chegar às costas da Líbia. A ordem de Churchill, portanto, veio facilitar milagrosamente os planos de Rommel.
 
A 14 de fevereiro, as primeiras tropas alemães desembarcaram em Trípoli e forma logo reforçadas por novos contingentes. Um mês depois, Rommel tinha completado a concentração de suas forças e deu início à fulminante ofensiva, que culminou com a primeira grande derrota inglesa no norte da África.
 
O fim de um Império
 
Enquanto as forças de O’Connor desenvolviam o seu vitorioso avanço através das areias da Líbia, no sul, na África Oriental, os ingleses alcançavam também sucessivos triunfos sobre os italianos.
 
A 2 de dezembro de 1940, no momento em que O’Connor se preparava para lançar o ataque contra Sidi Barrani, o general Wavell manteve, no cairo, uma conferência com os generais Platt e Cunningham, chefes respectivamente, das forças inglesas no Sudão e em Quênia. Nessa reunião, decidiu-se levara caboquanto antes a invasão das colônias italianas de Eritréia e Somália, com o fim de isolar as tropas fascistas que, sob o comando do duque de Aosta, se encontravam na Abissínia. Uma vez ocupados os territórios da costa, Platt e Cunningham, avançando pelo norte e pelo sul, marchariam sobre Addis-Abeba, Capital do Império italiano na África Oriental.
 
Para poder executar esse plano, foram entregues a Platt duas divisões hindus e alguns batalhões ingleses. Cunningham, por sua vez, recebeu duas divisões de fuzileiros do oeste da África e uma divisão motorizada sul-africana. Uma reduzida força, integrada por 800 soldados sudanenses, 300 etíopes e 50 oficiais ingleses, comandada pelo major Wingate, se internaria em território abissínio, escoltando o imperador Hailé Selassié, e , assim, provocaria a rebelião da população indígena contra os italianos.
 
A 19 de janeiro de 1941, Platt iniciou o seu avanço sobre a fronteira da Eritréia, e apoiado por 6 esquadrilhas da RAF, conseguiu por em retirada as forças italianas. No dia seguinte, Wingate e o imperador Selassié penetraram na Abissínia e deram início à rebeldia.
 
A 6 de fevereiro, as tropas de Platt chocaram-se com as unidades italianas, entrincheiradas no agreste maciço montanhoso de Keren, e, durante sete semanas, tiveram de lutar para abrir o caminho de Asmara, Capital da Eritréia. Finalmente, a 27 de março, a resistência dos italianos foi vencida. Na cruenta batalha, Platt tinha perdido 3.000 soldados. Asmara foi ocupada a 1o de abril e, sete dias depois, os ingleses se apossaram do porto de Massaua, sobre a costa do Mar Vermelho. Toda a Eritréia caiu, então, nas mãos de Platt, que, imediatamente, começou a marchar para o sul, em direção a Addis-Abeba.
 
O general Cunningham tinha obtido, enquanto isso, uma rápida vitória sobre os italianos na Somália. A 24 de fevereiro, ocupou Modagiscio, a Capital da colônia, avançando então para o interior da Abissínia, para unir suas forças com as colunas de Platt. Paralelamente, os ingleses completaram sua ofensiva. Com a reconquista da Somália. A 17 de março, uma força proveniente de Aden desembarcou no porto de Bérbera e conseguiu desalojar sem dificuldades os italianos.
 
Em Addis-Abeba, o duque de Aosta compreendeu que o fim estava próximo. De todas as direções, convergiam para a Capital as forças inglesas. A 25 de março, as tropas de Cunningham capturaram a cidade de Harrar e cortaram a ferrovia que une Addis-Abeba com a costa do Mar Vermelho. O duque então resolveu abandonar a cidade e, à frente dos restos do seu exército, empreendeu, a 5 de abril, a marcha para o reduto montanhoso de Amba Alaghi.
 
No dia seguinte, as tropas de Cunningham ocuparam Addis-Abeba e, um mês depois, o imperador Selassié fez a sua entrada na cidade, em meio às jubilosas aclamações da população.
 
Depois disso, as forças de Platt e Cunningham atacaram pelo norte e pelo sul o reduto de Amba Alaghi. As tropas italianas, que não chegavam a 3.000 homens, ofereceram uma resistência obstinada, até 17 de maio. Nesse dia, o duque de Aosta decidiu por fim ao sacrifício de seus soldados e rendeu-se aos ingleses. Comovidos pela valorosa resistência dos italianos, os ingleses aceitaram a capitulação e renderam-lhes honras.
 
Em vários pontos do interior da Abissínia, grupos dispersos de tropas italianas prosseguiram na luta. O general Nasi, entrincheirado em Gondar, foi o último a render-se. A 27 de novembro, ele depôs as armas, e seus extenuados soldados forma feitos prisioneiros. O efêmero império fascista da Abissínia chegava ao fim.
 
Luta no Iraque
 
Paralelamente aos acontecimentos narrados, outros episódios, que tiveram por cenário o Oriente Médio, forçaram a intervenção britânica. Efetivamente, em março de 1941, assumiu o poder no Iraque, Rashid Ali, adversário declarado da Inglaterra. Este fato ameaçou diretamente a segurança da Inglaterra no Oriente Médio, por causa da estratégica localização do Iraque. Por um tratado assinado em 1930, os ingleses haviam obtido o direito de estabelecer bases aéreas nas proximidades do porto de Basra, no golfo Pérsico, e na localidade de Habbaniya, na região central do Iraque. Haviam recebido também autorização para o deslocamento de tropas através do território do Iraque e, no caso de guerra, utilizar as ferrovias, portos, aeródromos e estradas do país.
 
Rashid Ali, convencido da iminente vitória das forças do Eixo no Mediterrâneo, resolveu não cumprir o pacto com a Inglaterra.
 
Decidiu, portanto, lançar-se na luta. Imediatamente concentrou em torno da base aérea de Habbaniya, uma força, integrada por 9.000 homens. Na madrugada de 2 de maio, as forças de Rashid Ali iniciaram o ataque contra o aeródromo, mas forma contidas pela encarniçada resistência da guarnição inglesa. Simultaneamente, as unidades inglesas abandonaram suas posições e se lançaram ao ataque. Na noite de 5 de maio, ante o ataque, os homens de Rashid Ali, tiveram que retirar-se. Novos contingentes de reforço tentaram alcançar Habbaniya mas foram rechaçadas pelos aviões ingleses, que os metralharam e obrigaram a recuar. Entretanto, os alemães tinham enviado aviões de combate, que chegaram ai aeroporto de Mosul, ao norte do Iraque, no dia 13 de maio. Sua intervenção, no entanto, não mudou o curso das operações. Cinco dias depois chegou a Habbaniya uma brigada motorizada, procedente da palestina e, com o apoio da guarnição da base, empreendeu a marcha para Bagdá, sede do governo de Rashid. Os ingleses romperam a débil resistência dos iraquianos e, no dia 30 de maio, ocuparam Bagdá e todos os pontos estratégicos do país. Assim, ficou frustrada a intenção do líder Rashid.
 
Anexo
 
A campanha na África Oriental
Forças italianas: 291.000 homens (200.000 nativos e 91.000 italianos).
Material bélico:
Fuzis modelo 1891
994 canhões
93 tanques ligeiros
5.300 veículos
240 aviões
3 de agosto de 1940: ataque italiano em três frentes: Sudão Anglo-Egípcio, Quênia e Somália Britânica.
12 e 13 de agosto de 1940: violentos combates.
15 de agosto de 1940: Na Somália, o general inglês Godwin Austem decide retirar suas tropas.
19 de agosto de 1940: o comandante-em-chefe inglês no Oriente Médio, general Wavell, autoriza a evacuação das forças inglesas. Os italianos entram em Bérbera, Capital da Somália Britânica (paralelamente, forças italianas penetram no território do Sudão Anglo-Egípcio e no Quênia).
As forças italianas, com poucos víveres, munições e remédios detêm-se sem eu avanço. Os ingleses, enquanto isso, aumentam o seu poderio. Finalmente, a Inglaterra toma a iniciativa.
11 de novembro de 1940: o general Platt reconquista Gallabat, no Sudão.
17 de janeiro de 1941: começa a retirada italiana.
20 de janeiro de 1941: o general inglês Cunningham ataca no Quênia e penetra na África Oriental Italiana. Os italianos abandonaram Chisimaio. Os ingleses tomam Mogadir e logo se dirigem para o norte, em direção a Harrar e Addis-Abeba. A África Oriental Italiana fica cortada em dois pelas forças inglesas.
15 de abril de 1941: o vice-rei, duque Amadeo de Aosta, entrincheira-se em Amba Alaghi, onde resiste até terminarem suas munições. Por fim, capitula.
Os britânicos rendem-lhe honras e às suas tropas. Conduzido prisioneiro para Quênia, morre em março de 1942.
27 de novembro de 1941: os ingleses tomam Gondar. Termina a campanha.
 
 
Guerra no Egito
Londres, setembro 14
Com a notícia vinda do Cairo de que as tropas inimigas cruzaram a fronteira egípcia, ocupando o povoado de Sollum, parece que se inicia oficialmente a tão anunciada “ofensiva Graziani” contra o Egito.
Sollum é a primeira povoação egípcia que cai em poder dos italianos, mas ela não tem qualquer importância militar. Recorda-se a esse respeito que a 3 de agosto, o comandante-em-chefe das forças inglesas anunciou que a evacuação da região de Sollum tinha começado e que tinham sido retiradas as forças da fronteira, que se encontravam nesse setordurante a primeira semana de guerra contra a Itália.
Desde então os quartéis situados no promontório que domina Sollum foram defendidos por pequenas companhias de infantaria e por alguns tanques e carros blindados. Contra esse contingente, afirmou-se “os italianos tinham concentrado duas divisões completas, com um corpo de tropas e artilharia da sua 3a Divisão”. O boletim oficial do Ministério de Informação diz o seguinte, sobre a ocupação de Sollum: “Sua possessão nem sequer facilitará o avanço dos italianos pelo caminho da costa que leva a Marsa-Matruh, porque o promontório sobre o qual se encontram os quartéis é virtualmente uma penedia perigosa e os únicos caminhos para a costa apropriados para o trânsito de automóveis foram por nós destruídos, devendo levar muito tempo para serem consertados”
O Ministério de Informação explica que Sollum foi eliminada como base militar, pela falta de abastecimento de água, e acrescenta que, além da guarnição que se encontrava ali, os ingleses retinham uma força móvel do deserto composta de alguns tanques e carros blindados, um número reduzido de canhões e algumas companhias de infantaria.
 
 
“Em qualquer instante...”
16 de agosto de 1940
Diretivas para o Oriente Médio
1.        Devemos esperar a invasão do Egito para qualquer momento. É necessário dispor da maior quantidade possível de forças ao largo da fronteira ocidental. Qualquer consideração de caráter político ou administrativo deverá ser subordinada a essa necessidade.
2.        A evacuação da Somália nos foi imposta pelo inimigo; não obstante ela é estrategicamente oportuna. Todas as forças estacionadas na Somália devem ser enviadas a Aden ou ao Egito, segundo se considere oportuno.
3.        A defesa do Quênia deve passar a segundo plano, diante da do Sudão. Quando se tenha superado a crise do Egito e no Sudão, então se reforçará o Quênia por mar e por terra, antes que o Corpo Expedicionário italiano chegue ao rio Tana. Poderemos reforçar o Quênia antes que os italianos possam transferir tropas da Abissínia ou da Somália italiana.
4.        Em conseqüência, devem ser transferidas para Cartum ou as duas brigadas da África ocidental ou as dos Fuzileiros Reais da África. Pedimos ao general Smuts que a Union Brigade ou uma grande parte dela passe para a zona do canal ou do Delta, por motivos de segurança interna. Deve-se continuar com o adestramento. Pedimos ao Almirantado um informe acerca da possibilidade de navegação no Oceano Índico e no Mar Vermelho.
5.        Em vista dos crescentes ataques aéreos que se podem prever no Mar Vermelho, como conseqüência da conquista da Somália britânica, é importante que a área de Aden seja reforçada.
Winston Churchill
 
 
“Os ataques aumentarão...”
15 de julho de 1940
Passaram-se três semanas desde quando me opus à evacuação do Mediterrâneo Oriental e à transferência da frota do almirante Cunningham para Gibraltar. Espero que não se volte àquele projeto. Qualquer um pode ver o risco de ataques aéreos que corremos no Mediterrâneo central. Este risco, entretanto, deverá ser enfrentado. Os navios de guerra foram feitos para combater. A situação seria muito diferente se se tivesse apoiado, em outubro, o meu desejo de reconstruir a classe Royal Sovereing com maciças couraças antiaéreas, embora à custa de um pouco de velocidade. Tivéssemos feito isso e poderíamos agora bombardear a costa italiana com relativa impunidade. Em várias reuniões no Almirantado, anteriores à guerra, tirou-se importância ao perigo dos ataques aéreos e falou-se sobre a possibilidade das naves de guerra superá-los. Hoje, tende-se a exagerar sem sentido oposto e a considera-se um erro colocar em perigo as naves de Sua Majestade, aproximando-as dos lugares de combate, ao alcance dos bombardeiros... Podemos estar seguros de que a proporção dos ataques aéreos inimigos aumentará com a intervenção dos alemães... Torna-se, então, de fundamental importância criar uma poderosíssima defesa antiaérea em malta e fazer da ilha a base de numerosas esquadrilhas dos nossos melhores aviões de caça... No Mediterrâneo, devemos passar à ofensiva contra a Itália...
 
 
“Tanques de papelão
Situação em Malta
O mais urgente é reforçar as defesas da ilha, mediante:
1.        Envio de mais Hurricanes, na medida do possível.
2.        Envio da maior quantidade possível de armas antiaéreas.
3.        Envio de um ou dois batalhões que poderiam ser retirados da zona do Canal ou da palestina, onde atuam como polícia, para levá-los a malta, apenas a esquadra saia de Alexandria. O último informe do general Dobbie assinala a necessidade de reforçar a guarnição. Deve-se fazer qualquer esforço para satisfazer o seu pedido.
4.        Seria importante dispor em malta de tanques, ainda que não fossem mais de três, não tanto pela defesa como pelo efeito moral. Podia-se inclusive distribuir tanques de papelão, para enganar a aviação inimiga.
Algumas visitas da esquadra de guerra, como todo o seu efetivo, seriam úteis, periodicamente, para aplacar as veleidades de ataque inimigo.
Churchill
 
 
“Para que serve o domínio do mar...?”
1o de agosto de 1940
General Wavell:
Agradeço suas explicações sobre a situação no Egito e na Somália. Devemos, entretanto, examinar as do Quênia e da Abissínia. Refiro-me às forças que você tem no Quênia; isto é, à Union Brigade, de 6.000 africanos de raça branca, provavelmente os que melhor se adaptam à guerra nessas vastíssimas regiões; aos colonos da África ocidental, que devem somar uns 2.000 homens, bem aclimatados; às duas brigadas da África ocidental, transportadas com tanto sacrifício desde a costa do oeste, com um total de 6.000 homens; às duas brigadas de Fuzileiros Reais da África (Kings Africam Rifles); o total somará uns 20.000 homens ou mais. Porque essas forças devem permanecer ociosas no Quênia, esperando uma invasão italiana, enquanto o destino do Oriente Médio pode, enquanto isso, decidir-se em Alexandria? Parece-me razoável reter no Quênia os colonos e os Fuzileiros e retardar qualquer avanço italiano rumo ao sul, dado que nos resultará muito mais fácil transportar tropas por mar do que aos italianos abrir caminho por terra. Poderemos assim reforçar rápida e inesperadamente as nossas forças. Isso permitiria levar ao Delta a Union Brigade e as duas brigadas da África ocidental, reforçando assim aquele setor em um momento decisivo. Para que serve o domínio do mar, se não para transportar rapidamente as topas de um lado para outro? Estou seguro de poder convencer ao general Smuts com respeito à transferência da Union Brigade. Rogo-lhe ter a gentileza de comunicar-me seu ponto de vista a respeito com o maior rapidez, porque o tempo urge
Churchill
 
 
O armamento italiano na África Oriental
Fuzis: modelo 1891
Armas automáticas: fuzis-metralhadoras e metralhadoras Fiat (modelo 1914) e Schwarzlose (cedidas à Itália no fim da I Guerra).
Canhões de 75: usados na campanha de 1896 (declarados fora de serviço desde 1910). Canhões de 75/15: fora de serviço recondicionados - de 75/13: Krupp (cedidos à Itália em 1918) - 75/18: modelo 1938, de fabricação italiana - de 100/17: 105, 120 - de 100/3: uma bateria - de 149/45: uma bateria.
Alcance máximo da artilharia italiana: 7.000 metros (Alcance dos 88 e 152 ingleses: 14.000 metros)
Canhões anti-tanque: 465 peças de 47/32 e 65/17.
Tanques: 15 L3 - I e II Companhias de tanques L3 com 12 tanques cada. 321o e 322o Companhias de tanques M11, com 12 tanques cada. Total: 63 tanques
Aviação: algumas esquadrilhas de S79, S73 e CA 133 (estes últimos desenvolvendo 190 km/hora no máximo). Alguns aviões de reconhecimento e alguns caças.
Defesa antiaérea: Algumas metralhadoras de 20 mm.
Durante o curso das hostilidades as forças italianas na África oriental foram reforçadas com 39 bombardeiros S79 e 32 caças CR 42. Além disso, chegou do Japão um barco carregado de gasolina e pneus para caminhões.
 
 
Ofensiva Aérea
Oataque inglês às colônias italianas da África oriental foi apoiado por aviões com bases no Sudão, Quênia e Aden. Além disso, intervieram na operação aparelhos provenientes do porta-aviões Formidable, que operou nas águas do Mar Vermelho e do Índico. O Grupo da RAF 203, sob o comando do Comodoro Slatter, secundou o avanço das forças que, pelo norte, invadiram a Eritréia. Seus aviões de bombardeio realizaram repetidos ataques contra os aeródromos italianos de Asmara e Gura e conseguiram destruir em terra a maior parte dos aparelhos inimigos. Dessa forma a ação das forças de terra inglesas desenvolveu-se praticamente sem oposição da aviação italiana. Aviões torpedeiros Swordfish e bombardeiros Blenheim conseguiram por seu lado, afundar três destróieres italianos no Mar Vermelho.
 
 
“De homem para homem...”
Ao serem derrotadas suas forças, o marechal Graziani enviou a Mussolini a seguinte carta:
14 de dezembro de 1940
“Duce. Expressões de extrema confiança em minha pessoa podem me comover, mas não bastam para fazer-me esquecer que essa confiança deveria ter sido dada integralmente antes, quando por todos os meios procurei fazer-lhe compreender a verdade. V.S. não me escutou. Não me permitiu falar-lhe diretamente. Quando o fiz, através do conde Ciano, que se dizia autorizado por V.S. para escutar minhas idéias, ele fez com que eu fosse chamado à atenção pelo chefe do Estado-maior-geral. Depois, V.S. me dirigiu a carta de 26 de outubro, pela qual me oferecia uma saída que eu não tive a baixeza moral de seguir e continuei permanecendo no meu posto de extrema responsabilidade. Tachou-me de incapaz e de inepto. No momento da suprema responsabilidade, à frente da história da Pátria, sinto agora a extrema necessidade de lhe falar de homem para homem. V. S. me ignorou depois de meu regresso do Império. Depois me chamou para ocupar o cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército, sem dar-me a possibilidade de exercê-lo livremente... Depois V.S. me enviou para cá (Líbia), sem ao menos dar-me a oportunidade de falar-lhe. Esqueceu-se de que eu lhe servi durante 20 anos com devoção e fé. De que a vitória na Etiópia foi possível, deveu-se ao fato que V.S. me permitiu falar-lhe francamente... Agora, Duce, não há mais que um árbitro: o Destino, contra cujas forças superiores não posso opor mais que as minhas até o final”.

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