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[EQ 2016.2] MECFLU P2 [prof. Heloísa][por Rafael Ratier] Análise Dimensional e Similaridade Funções de parâmetros adimensionais Teorema Pi de Buckingham Objetivo: • Reduzir o número de variáveis independentes em um fenômeno • Diminuir o número de experimentos para se obter a relação empírica; se testada experimentalmente cada variável, o número de experimentos seria exponencialmente grande. Testando-se grupos adimensionais, as relações entre as variáveis são mais facilmente • Aumentar ou diminuir a escala do experimento Objetivo final: Obter uma função de parâmetros adimensionais cujas relações podem ser mais facilmente testadas à fim de se construir uma lei matemática empírica. Se, por exemplo, quero determinar a queda de pressão em uma tubulação e pra isso devo ver a relação entre este fenômeno e 10 variáveis, agora verei a relação entre esse fenômeno e x < 10 grupos adimensionais, o que torna a medição mais fácil e rápida. Metodologia: Exemplo: Obter os parâmetros adimensionais importantes da queda de pressão do escoamento em torno de uma placa de orifício (um tipo de medidor de vazão)*. 1) Listar variáveis importantes na descrição do fenômeno ∆𝑝 ; 𝜌 ; 𝜇 ; 𝑉 ; 𝑑 ; 𝐷 ∆𝑝 = 𝑓𝑢𝑛çã𝑜(𝜌, 𝜇, 𝑉, 𝑑, 𝐷) 2) Identificar dimensões primárias que descrevem as variáveis acima 𝑀 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝐿 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑇 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 3) Escrever cada em termos de cada dimensão primária ∆𝑝 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 = 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 á𝑟𝑒𝑎 = 𝑁 𝐴 = 𝑘𝑔. 𝑚 𝑠2 . 1 𝑚² = 𝑘𝑔 𝑚𝑠² = 𝑀1𝐿−1𝑇−2 𝜌 = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝑘𝑔 𝑚³ = 𝑀1𝐿−3𝑇0 𝜇 = 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 ∙ 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 = 𝑘𝑔 𝑚𝑠2 ∙ 𝑠 = 𝑘𝑔 𝑚𝑠 = 𝑀1𝐿−1𝑇−1 𝑉 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑚 𝑠 = 𝑀0𝐿1𝑇−1 𝑑 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = 𝑚 = 𝑀0𝐿1𝑇0 𝐷 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = 𝑚 = 𝑀0𝐿1𝑇0 4) Organizar informações acima na forma matricial ∆𝒑 𝝆 𝝁 𝑽 𝒅 𝑫 M 1 1 1 0 0 0 L -1 -3 -1 1 1 1 T -2 0 -1 -1 0 0 5) Escalonar matriz 1 −1 −2 1 −3 0 1 −1 −1 0 1 −1 0 1 0 0 1 0 → 1 0 −2 1 −2 0 1 0 −1 0 1 −1 0 1 0 0 1 0 → 1 0 0 1 −2 2 1 0 1 0 1 −1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 1 −2 0 1 0 1 0 1 0 0 1 1 0 1 1 → 1 0 0 1 −2 0 0 0 1 0 1 0 −1 1 1 −1 1 1 → 𝟐 0 0 0 −𝟐 0 0 0 𝟏 0 1 0 −1 1 1 −1 1 1 6) Realizar a conta da relação “m=n-r” 𝑚 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜𝑠 𝑎𝑑𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠 ; 𝑛 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑖𝑠 ; 𝑟 = 𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑂 𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑠𝑒𝑟á 𝑜 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑟 = 3 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑣ô𝑠 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑛 = 6 𝑚 = 𝑛 − 𝑟 = 6 − 3 = 3 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜𝑠 𝑎𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠 7) Escolher um núcleo formado por “r” variáveis que não contenha proporcionalidade a uma potencia de outra variável do núcleo (exemplo: diâmetro D e área A) 𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑙ℎ𝑖𝑑𝑜 = 𝜌, 𝑉, 𝐷 , 𝑗á 𝑞𝑢𝑒 𝑟 = 3 8) Escrever os “m” grupos adimensionais como uma multiplicação de potências desconhecidas de cada variável do núcleo por uma das variáveis não presentes no núcleo ∏(1) = 𝜌𝑎𝑉𝑏𝐷𝑐. ∆𝑝 ∏(2) = 𝜌𝑑𝑉𝑒𝐷𝑓 . 𝜇 ∏(3) = 𝜌𝑔𝑉ℎ𝐷𝑖. 𝑑 9) Impor as condições que tornam os grupos adimensionais 𝜌𝑎𝑉𝑏𝐷𝑐. ∆𝑝 = 𝑀0𝐿0𝑇0 𝜌𝑑𝑉𝑒𝐷𝑓 . 𝜇 = 𝑀0𝐿0𝑇0 𝜌𝑔𝑉ℎ𝐷𝑖. 𝑑 = 𝑀0𝐿0𝑇0 10) Calcular os valores das potências (𝑀1𝐿−3𝑇0)𝑎 ∙ (𝑀0𝐿1𝑇−1)𝑏 ∙ (𝑀0𝐿1𝑇0)𝑐 ∙ 𝑀1𝐿−1𝑇−2 = 𝑀0𝐿0𝑇0 (𝑀1𝐿−3𝑇0)𝑑 ∙ (𝑀0𝐿1𝑇−1)𝑒 ∙ (𝑀0𝐿1𝑇0)𝑓 ∙ 𝑀1𝐿−1𝑇−1 = 𝑀0𝐿0𝑇0 (𝑀1𝐿−3𝑇0)𝑔 ∙ (𝑀0𝐿1𝑇−1)ℎ ∙ (𝑀0𝐿1𝑇0)𝑖 ∙ 𝑀0𝐿1𝑇0 = 𝑀0𝐿0𝑇0 ∏(1) = (𝑀𝑎𝐿−3𝑎+𝑏+𝑐𝑇−𝑏) ∙ 𝑀1𝐿−1𝑇−2 = 𝑀0𝐿0𝑇0 ∏(2) = (𝑀𝑑𝐿−3𝑑+𝑒+𝑓𝑇−𝑒) ∙ 𝑀1𝐿−1𝑇−1 = 𝑀0𝐿0𝑇0 ∏(3) = (𝑀𝑔𝐿−3𝑔+ℎ+𝑖𝑇−ℎ) ∙ 𝑀0𝐿1𝑇0 = 𝑀0𝐿0𝑇0 𝑀𝑎+1𝐿−3𝑎+𝑏+𝑐−1𝑇−𝑏−2 = 𝑀0𝐿0𝑇0 𝑀𝑑+1𝐿−3𝑑+𝑒+𝑓−1𝑇−𝑒−1 = 𝑀0𝐿0𝑇0 𝑀𝑔𝐿−3𝑔+ℎ+𝑖+1𝑇−ℎ = 𝑀0𝐿0𝑇0 (1) → { 𝑎 + 1 = 0 −3𝑎 + 𝑏 + 𝑐 − 1 = 0 −𝑏 − 2 = 0 → { 𝑎 = −1 𝑏 = −2 𝑐 = 0 (2) → { 𝑑 + 1 = 0 −3𝑑 + 𝑒 + 𝑓 − 1 = 0 −𝑒 − 1 = 0 → { 𝑑 = −1 𝑒 = −1 𝑓 = −1 (3) → { 𝑔 = 0 −3𝑔 + ℎ + 𝑖 + 1 = 0 𝑖 = 0 → { 𝑔 = 0 ℎ = 0 𝑖 = −1 11) Aplicar os valores encontrados e obter a expressão dos grupos adimensionais ∏(1) = 𝜌−1𝑉−2𝐷0. ∆𝑝 = ∆𝑝 𝜌𝑉² ∏(2) = 𝜌−1𝑉−1𝐷−1. 𝜇 = 𝜇 𝜌𝑉𝐷 ∏(3) = 𝜌0𝑉0𝐷−1. 𝑑 = 𝑑 𝐷 12) Concluir: ∆𝑝 = 𝑓𝑢𝑛çã𝑜(𝜌, 𝜇, 𝑉, 𝑑, 𝐷) ∆𝑝 𝜌𝑉² = 𝑓𝑢𝑛çã𝑜 ( 𝜇 𝜌𝑉𝐷 , 𝑑 𝐷 ) Grupos adimensionais relevantes na mecânica dos fluidos Número Adimensional Definição Interpretação como razão Número de Reynolds (Re) 𝜌𝑉𝐷 𝜇 Forças de inércia sobre forças viscosas Número de Euler (Eu) ∆𝑝 ( 1 2)𝜌𝑉² Forças de pressão sobre forças de inércia Número de Froude (Fr) 𝑉 √𝑔𝐿 Forças de inércia sobre forças gravitacionais Número de Mach (M) 𝑉 𝐶 Forças de inércia sobre forças relacionadas à compressibilidade *Trata-se da resolução do exercício 5 da lista 5 da professora Heloísa. A mesma questão encontra-se no Fox, número 7.9 e, conforme o solucionário, está correta a resposta. Similaridade geométrica, cinemática e dinâmica Condição de similaridade: Todos os grupos adimensionais, do modelo e do protótipo, são iguais. Efeito: O modelo (sistema em escala de laboratório) terá comportamento similar ao protótipo (sistema em escala industrial) Tipos de similaridade Nome Efeito Esquema Geométrica Razões entre dimensões são constantes. No exemplo ao lado o protótipo é 10 vezes maior que o modelo e qualquer comprimento que se escolha no modelo seguirá essa regra Cinemática Implica similaridade geométrica. As razões entre as escalas de velocidade são iguais. No exemplo ao lado, u2/u1 = v2/v1 = 2x/x = 2. Além disso, v1/u1 = v2/u2. Dinâmica Implica similaridade geométrica e dinâmica. Deve haver constância na razão entre as forças envolvidas na utilização do modelo. Completa Quando há os três tipos de similaridade. Nesse caso, as Condições de similaridade são satisfeitas. Cuidado! Verificar se todas as unidades estão no SI. Caso contrário, converter ou então realizar testes de consistência dimensional. Nesse caso, tudo está no SI portanto os grupos adimensionais estarão corretamente calculados. 𝑅𝑒𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 = 𝜌𝑉𝐷 𝜇 = 𝜌𝑎𝑟𝑉𝑀. (0,152) 𝜇𝑎𝑟 = ~ 1. 𝑉𝑀 . (0,152) 2. 10−5 = 7,6. 𝑉𝑀 . 10 3 𝑅𝑒𝑝𝑟𝑜𝑡ó𝑡𝑖𝑝𝑜 = 𝜌𝑉𝐷 𝜇 = 1025.2,57. (0,305) 0,0016 = ~502,2. 103 𝑅𝑒𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 = 𝑅𝑒𝑝𝑟𝑜𝑡ó𝑡𝑖𝑝𝑜 7,6. 𝑉𝑀 . 10 3 = 502,2. 103 𝑉𝑀 = 5022 76 = ~ 66 𝑚/𝑠 𝐶𝐷𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 = 𝐶𝐷𝑝𝑟𝑜𝑡ó𝑡𝑖𝑝𝑜 𝐹𝑃 (𝜌𝑉²𝐷²)𝑃 = 𝐹𝑀 (𝜌𝑉²𝐷²)𝑀 𝐹𝑃 = 𝐹𝑀 . (𝜌𝑉²𝐷²)𝑃 (𝜌𝑉²𝐷²)𝑀 𝐹𝑃 = 2,7.1025. (2,57)2(0,305)² 1. (66)2(0,152)² = ~ 16,9 𝑁 Adimensionando as equações diferenciais básicas Para usar as equações diferenciais básicas adimensionadas, basta substituir as variáveis por variáveis adimensionais: 𝑥∗ = 𝑥 𝐿𝑜 ; 𝑦∗ = 𝑦 𝐿𝑜 ; 𝑧∗ = 𝑧 𝐿𝑜 ; 𝑢∗ = 𝑢 𝑉𝑜 ; 𝑣∗ = 𝑣 𝑉𝑜 ; 𝑤∗ = 𝑤 𝑉𝑜 ; ∆𝑝∗ = ∆𝑝 ∆𝑝𝑜 Onde o subscrito “o” significa “de referência” e o sobrescrito”*” significa “adimensional”. Como es equações diferenciais usam o valor não adimensionado,por exemplo, “x”, temos que substituir todo lugar que tem “x” por “𝑥∗ ∙ 𝐿𝑜”. Um exemplo: Equação da continuidade tridimensional: 𝜕𝑢 𝜕𝑥 + 𝜕𝑣 𝜕𝑦 + 𝜕𝑤 𝜕𝑧 = 0 𝜕(𝑢∗ ∙ 𝑉𝑜) 𝜕(𝑥∗ ∙ 𝐿𝑜) + 𝜕(𝑣∗ ∙ 𝑉𝑜) 𝜕(𝑦∗ ∙ 𝐿𝑜) + 𝜕(𝑤∗ ∙ 𝑉𝑜) 𝜕(𝑧∗ ∙ 𝐿𝑜) = 0 ( 𝑉𝑜 𝐿𝑜 ) ∙ 𝜕𝑢∗ 𝜕𝑥∗ + ( 𝑉𝑜 𝐿𝑜 ) ∙ 𝜕𝑣∗ 𝜕𝑦∗ + ( 𝑉𝑜 𝐿𝑜 ) ∙ 𝜕𝑤∗ 𝜕𝑧∗ = 0 ( 𝑉𝑜 𝐿𝑜 ) ∙ ( 𝜕𝑢∗ 𝜕𝑥∗ + 𝜕𝑣∗ 𝜕𝑦∗ + 𝜕𝑤∗ 𝜕𝑧∗ ) = 0 𝜕𝑢∗ 𝜕𝑥∗ + 𝜕𝑣∗ 𝜕𝑦∗ + 𝜕𝑤∗ 𝜕𝑧∗ = 0 No caso da equação da continuidade, sua aparência não irá se alterar. Tente fazer com Navier- Stokes e verá que os valores de referência irão agir como fatores multiplicativos Fluidos Reais Escoamento viscoso, incompressível e interno Tipos de escoamento interno Nome Descrição Re Laminar Baixas vazões Sem mistura macroscópica do fluido < 2300 Turbulento Altas vazões Há mistura macroscópica Formação de vórtices ➢ 2300 Em escoamentos turbulentos, a velocidade “u” varia de forma não descritível no tempo em um ponto. Assim, temos: 𝒖 = < 𝒖 > +𝒖′ Onde “<u>” é a velocidade média e “u’” as flutuações. Muitas vezes, em dutos, os escoamentos podem ser viscosos. Em escoamentos viscosos há transformação de energia mecânica em energia térmica ao longo do escoamento. Existirá uma camada limite próxima à superfícies sólidas. A camada limite, em escoamentos externos ou internos, representa uma camada muito fina perto dos sólidos onde os efeitos viscosos são importantes. A camada limite cresce com o percorrer do fluido. O comprimento de entrada (𝑳𝒆) é o quanto, em um escoamento interno, o líquido percorre até que o perfil de velocidades seja completamente desenvolvido. Podemos relacionar o comprimento de entrada com o tipo de escoamento da seguinte forma: 𝑳𝒆 𝑫 = 𝟎, 𝟎𝟔. 𝑹𝒆 ; 𝒆𝒔𝒄𝒐𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒍𝒂𝒎𝒊𝒏𝒂𝒓 𝟐𝟎 ≤ 𝑳𝒆 𝑫 ≤ 𝟒𝟎 ; 𝒆𝒔𝒄𝒐𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒕𝒖𝒓𝒃𝒖𝒍𝒆𝒏𝒕𝒐 Em dutos cilíndricos, com escoamento completamente desenvolvido e permanente, somente na direção z, além de efeitos gravitacionais desprezíveis, utilizamos a Equação de Poiseuille: 𝑸 = 𝝅∆𝒑𝑫𝟒 𝟏𝟐𝟖𝝁𝑳 Considerações de energia no escoamento em tubos Para se considerar a energia, utilizaremos um conceito novo: o coeficiente de energia cinética: 𝜶 = ∫ 𝝆𝑽²𝒅𝑨 𝑨 �̇�𝑽² As velocidades desse coeficiente são velocidades médias e a integral é uma integral de área. O ponto em cima da letra “m” indica que se trata de uma vazão mássica. Considere agora um escoamento com as seguintes características: • Volume de controle entre os pontos 1 (entrada) e 2 (saída) • Escoamento incompressível • Trabalhos nulos • Energia interna e pressão uniformes ao longo das seções transversais ao longo do escoamento em 1 e 2 A equação da energia fica: ( 𝒑𝟏 𝝆 + 𝜶𝟏 𝑽𝟏 𝟐 𝟐 + 𝒈𝒛𝟏) − ( 𝒑𝟐 𝝆 + 𝜶𝟐 𝑽𝟐 𝟐 𝟐 + 𝒈𝒛𝟐) = (𝒖𝟐 − 𝒖𝟏) − �̇� �̇� Do lado esquerdo, estamos representando a perda de energia mecânica durante o escoamento e do lado direito, o ganho de energia térmica. Chamamos de perda de carga (𝒉𝒍𝑻) a perda de carga mecânica. Assim: ( 𝒑𝟏 𝝆 + 𝜶𝟏 𝑽𝟏 𝟐 𝟐 + 𝒈𝒛𝟏) − ( 𝒑𝟐 𝝆 + 𝜶𝟐 𝑽𝟐 𝟐 𝟐 + 𝒈𝒛𝟐) = 𝒉𝒍𝑻 𝒉𝒍𝑻 = 𝒉𝒍 + 𝒉𝒍𝒎 Onde ℎ𝑙 é a perda de carga distribuída (em trechos retos de tubulação) e ℎ𝑙𝑚 a perda de carga localizada (acessórios como joelhos, válvulas, contrações, etc). O valor do coeficiente de energia cinética, para cada tipo de escoamento, tem valores diferentes: 𝜶𝟏 ≈ 𝟏 → 𝒆𝒔𝒄𝒐𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒕𝒖𝒓𝒃𝒖𝒍𝒆𝒏𝒕𝒐 𝜶𝟐 = 𝟐 → 𝒆𝒔𝒄𝒐𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒍𝒂𝒎𝒊𝒏𝒂𝒓 Algumas simplificações nos levam a resultados interessantes. Vamos calcular uma expressão para a perda de carga distribuída. Considere: • Escoamento incompressível (𝝆 = 𝒄𝒕𝒆) • Escoamento permanente ( 𝒅 𝒅𝒕 = 𝟎) • Escoamento somente na direção z ( 𝒅 𝒅𝒙 = 𝒅 𝒅𝒚 = 𝟎) • Escoamento completamente desenvolvido (𝒖 = 𝒖(𝒓)) • Diâmetro do tubo constante (𝑨𝟏 = 𝑨𝟐 → 𝑽𝟏 = 𝑽𝟐 ∗) • Tubo horizontal (𝒛𝟏 = 𝒛𝟐 e 𝒉𝒍𝒎 = 𝟎) • Escoamento turbulento (𝜶𝟏 = 𝜶𝟐 = 𝟏) • Sem trabalho de eixo (�̇� = 𝟎) • *conservação de massa Realizando todas essas considerações, chegamos à: 𝒉𝒍 = ∆𝒑 𝝆 ; ∆𝒑 = 𝒑𝟏 − 𝒑𝟐 Cuidado! A fórmula acima não é uma definição para a perda de carga distribuída e sim somente resultado de simplificações. Através de um outro exemplo para adimensionamento, é possível chegar à esse resultado que relaciona a queda de pressão em uma tubulação com outros grupos adimensionais: ∆𝑝 𝜌𝑉² = 𝑓𝑢𝑛çã𝑜 ( 𝐿 𝐷 , 𝜇 𝜌𝑉𝐷 , 𝑒 𝐷 ) Substituindo pra expressão encontrada da perda de carga: 𝜌ℎ𝑙 𝜌𝑉² = 𝑓𝑢𝑛çã𝑜 ( 𝐿 𝐷 , 𝑅𝑒, 𝑒 𝐷 ) Observação empírica: ∆𝑝 𝜌𝑉² ∝ 𝐿 𝐷 . A constante de proporcionalidade fica dentro da função. Um fator ½ também sai da função. Logo, fica: 𝒉𝒍 = 𝑳 𝑫 ∙ 𝑽² 𝟐 𝒇 (𝑹𝒆, 𝒆 𝑫 ) Onde “𝑓 (𝑅𝑒, 𝑒 𝐷 )” é um fator de atrito. A expressão final, acima, apesar de ter sido obtida através de simplificações, é sabida ser válida para qualquer situação. Falta, no entanto, saber calcular o fator de atrito. Para escoamentos laminares, através da equação de Poiseuille, chegamos à conclusão que: 𝒇 = 𝟔𝟒 𝑹𝒆 Para escoamentos turbulentos, é obtido através de correlações experimentais, representadas pelo Diagrama de Moody: Vamos aprender à usá-lo fazendo um exemplo: Para calcular a rugosidade relativa, devemos dividir a rugosidade do aço pelo diâmetro da tubulação. • 𝑒 𝐷 = 4,57.10−5 0,62 ≅ 7,3. 10−5 Considerando: • Escoamento permanente, incompressível e turbulento • Trabalho não nulo Simplificamos a equação da energia: • 𝑊 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 • 𝑊 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 Pela conservação de massa: • 𝑉1 = 𝑉2 = 𝑉 • 𝑊 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 • 𝑊 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 • 𝑊 = ∆𝑝 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + ℎ𝑙𝑇 • 𝑊 = ∆𝑝 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + ℎ𝑙 + ℎ𝑙𝑚 ; ∆ = (2) − (1) Há somente perda de carga distribuída, logo • 𝑊 = ∆𝑝 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + ℎ𝑙 + ℎ𝑙𝑚 • 𝑊 = ∆𝑝 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + ℎ𝑙 • 𝑊 = ∆𝑝 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + 𝐿 𝐷 ∙ 𝑉² 2 𝑓 (𝑅𝑒, 𝑒 𝐷 ) Para usar o Diagrama de Moody, valor calcular primeiro o Re: • 𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝐷 𝜇 = 𝐷𝑉 𝜈 • 𝝂 = 𝒗𝒊𝒔𝒄𝒐𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒄𝒊𝒏𝒆𝒎á𝒕𝒊𝒄𝒂 = 𝝁 𝝆 • 𝑅𝑒 = 𝐷𝑉 𝜈 = 𝐷𝑉𝐴 𝜈𝐴 = 4𝐷𝑄 𝜋𝜈𝐷² = 4𝑄 𝜋𝜈𝐷 • 𝑅𝑒 = 4𝑄 𝜋𝜈𝐷 = 4.0,56 𝜋.4,5.10−6.0,62 = ~ 2,5. 105 O valor encontrado comprova a suposição de que o escoamento é turbulento, pois o número de Reynolds é maior que 2300. Analisando o Diagrama de Moody: Para uma reta vertical representando o valor de Re encontrado, temos diversas interseções com as curvas. Cada curva representa um valor diferente de rugosidade relativa. A rugosidade relativa encontrada é uma curva que não está representada no diagrama, porém tem comportamento semelhante e está localizada entre os números envolvidos de rugosidade relativa. Extrapolando para a esquerda de uma possível interseção dessa curva imaginária, temos umfator de atrito imediatamente acima do 0,015. Logo, f=0,016. Temos agora todos os números necessários para calcular o trabalho: • 𝑊 = ∆𝑝 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + 𝐿 𝐷 ∙ 𝑉² 2 𝑓 (𝑅𝑒, 𝑒 𝐷 ) • 𝑉 = 𝑄 𝐴 = 4𝑄 𝜋𝐷² = 4.0,56 𝜋(0,62)² = 1,85 𝑚 𝑠 • 𝑊 = 3.105−1,013.105 810 − 9,81.250 + 2,8.105 0,62 ∙ (1,85)² 2 . 0,016 • 𝑊 = 245,31 − 2452,5 + 12365,2 • 𝑊 = 10158 𝐽 𝑘𝑔 Para calcular a potência: �̇� = 𝝆𝑸𝑾 �̇� = 810.0,56.10158 = 4,6. 106 𝐽 𝑠 Perda de Carga Localizada Já vimos a perda de carga distribuída. Vamos agora ver um pouco sobre a perda de carga localizada, que representa a perda de carga mecânica em acessórios de tubulações como válvulas, joelhos, expansores,contrações de área, etc. Esse termo da perda de carga total é válido para toda parte da tubulação que não for reta. O cálculo da perda de carga localizada é feito de forma semelhante: 𝒉𝒍 = 𝑳𝒆𝒒 𝑫 ∙ 𝑽² 𝟐 𝒇 (𝑹𝒆, 𝒆 𝑫 ) A diferença é que agora usamos o comprimento equivalente. Por falta de forma direta de calcular a perda de carga localizada, costumamos considerar o comprimento equivalente adimensional ( 𝐿𝑒𝑞 𝐷 ) como uma constante: 𝑳𝒆𝒒 𝑫 = 𝑲 ; 𝒉𝒍 = 𝑲 ∙ 𝑽² 𝟐 𝒇 Se a perda de carga, por exemplo, em um joelho, é 10, e em um tubo de mesmo material é 10 também somente se o tubo tiver 5 metros, então o comprimento equivalente desse joelho é 5 metros. Logo o comprimento equivalente adimensional representa uma constante que, para perda de carga localizada, é igual à razão comprimento/diâmetro em uma tubulação reta de um tubo de comprimento específico. O valor de K pode ser calculado através do seguinte gráfico: Como ler esse gráfico: • O gráfico com a seta apontando pra direita representa um gráfico de expansão na tubulação. • O gráfico com a seta apontando pra esquerda representa um gráfico de contração da tubulação • O eixo Y representado à direita é referente ao gráfico com seta pra direita, o de expansão. • O eixo Y representado à esquerda é referente ao gráfico com seta pra esquerda, o de contração. • Todos os valores no gráfico são adimensionais • A razão das áreas é sempre da área menor sobre a maior • Cada curva no gráfico tem sua própria razão de área correspondente • O “V” que entra na equação é sempre o V maior em módulo. A velocidade maior é sempre do tubo menor* • *Essas conclusões forem tiradas com o balanço de massa Para outros acessórios, o valor de K ou é dado ou é pedido para se obter através da fórmula. Outros acessórios: Quando a contração ou expansão é mais suave, a perda de carga é menor (K menor) Suposições e considerações: • Escoamento incompressível (𝝆 = 𝒄𝒕𝒆) • Escoamento permanente ( 𝒅 𝒅𝒕 = 𝟎) • Diâmetro do tubo constante (𝑨𝟏 = 𝑨𝟐 → 𝑽𝟏 = 𝑽𝟐 = 𝑽 ∗) • Peça horizontal (𝒛𝟏 = 𝒛𝟐) • VC engloba somente o acessório (𝒉𝒍 = 𝟎) • Escoamento turbulento (𝜶𝟏 = 𝜶𝟐 = 𝟏) • Sem trabalho de eixo (�̇� = 𝟎) • *conservação de massa Assim: • 𝑊 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 = ℎ𝑙 + ℎ𝑙𝑚 • ( 𝑝1 𝜌 ) − ( 𝑝2 𝜌 ) = ℎ𝑙𝑚 • ℎ𝑙 = 𝐿𝑒𝑞 𝐷 ∙ 𝑉² 2 𝑓 (𝑅𝑒, 𝑒 𝐷 ) • ∆𝑝 𝜌 = 𝐿𝑒𝑞 𝐷 ∙ 𝑉2 2 𝑓 ; ∆= (1) − (2) • ∆𝑝 𝜌 = 200 ∙ 𝑉2 2 𝑓 • ∆𝑝 𝜌 = 100. 𝑉2. 𝑓 • 𝑉2 = ∆𝑝 100.𝜌.𝑓 • 𝑉 = √ ∆𝑝 100.𝜌.𝑓 • 𝑉 = √ 50000 100.900.𝑓 • 𝑉 = √ 5 9.𝑓 (𝐼) • 𝑄 = 𝐴.√ 5 9.𝑓 • 𝑄 = 𝜋𝐷2 4 . √ 5 9.𝑓 • 𝑄 = 0,01𝜋. √ 5 9.𝑓 Como calcular “f” se não conhecemos “V” ? Um procedimento iterativo será necessário. Calcular rugosidade relativa: • 𝑒 𝐷 = 0,025.10−3 0,2 [ 𝑚 𝑚 ] = 0,000125 = ~0,0001 A partir desta, determinar o fator de atrito quando a curva com essa rugosidade relativa está completamente turbulenta (Após linha tracejada no diagrama de Moody, isto é, na região de platô) O fator de atrito encontrado é de ~0,0120. Com esse fator de atrito, a partir da fórmula (I), calcular a velocidade: • 𝑉 = √ 5 9.𝑓 = √ 5 9.0,012 = 6,8 𝑚/𝑠 Com essa velocidade, calcular o valor de Re • 𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝐷 𝜇 = 900.6,8.0,2 0,01 = 122400 Com esse valor de Reynolds, voltar ao diagrama de Moody e à curva correta da rugosidade relativa e chutar um novo valor para f. Pelo Diagrama de Moody, f=0,018. Repete-se, daí, o processo desde o início até o valor de “f” convergir. • 𝑉 = √ 5 9.𝑓 = √ 5 9.0,018 = 5,55 𝑚/𝑠 • 𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝐷 𝜇 = 900.5,55.0,2 0,01 = 999000 = ~105 𝑓 para Re = 105 na curva de 𝑒 𝐷 = ~0,0001 é aproximadamente 0,018 Valor convergiu Logo a velocidade correta é a calculada com f=0,018. Continuando a questão: • 𝑄 = 0,01𝜋. √ 5 9.𝑓 • 𝑄 = 0,01𝜋. √ 5 9.0,018 • 𝑄 = 0,01𝜋. (5,55) • 𝑄 = 0,17 𝑚3 𝑠 Cálculo e seleção de bombas As máquinas de fluxo podem ser entendidas da seguinte forma: Por muitas vezes, não é interessante alterar a vazão do sistema. Portanto, bombas e turbinas agem como máquinas que aumentam ou diminuem, respectivamente, a pressão do fluido, adicionando ou retirando energia do mesmo, também respectivamente. Dois parâmetros importantes do desempenho de bombas são: Carga líquida [m] 𝑯𝒃𝒐𝒎𝒃𝒂 = 𝑾𝒔𝒃𝒐𝒎𝒃𝒂 𝒈 Eficiência [adimensional] 𝜼𝒃𝒐𝒎𝒃𝒂 = 𝑾𝒔𝒃𝒐𝒎𝒃𝒂 𝑾𝒎𝒐𝒕𝒐𝒓 A eficiência mede o quanto da energia do motor é convertida para o propósito devido. Nem todo trabalho que o motor realiza é convertido em trabalho de eixo da bomba. Parte se perde na forma de calor. A eficiência tem, portanto, valores entre 0 e 1. Para vazões muito grandes, a bomba não consegue dar conta de fornecer energia. Sua carga líquida irá diminuir com o aumento da vazão. Fazendo as considerações de balanço de energia: 𝑊𝑠 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 Se delimitado entre a entrada e saída de uma bomba somente, supondo escoamento permanente, turbulento, incompressível, alturas desprezíveis entre entrada e saída, diâmetros de entrada e saída iguais e bomba em funcionamento (sem perda de carga), teremos: 𝑊𝑠 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 𝑊𝑠 + ( 𝑝1 𝜌 ) − ( 𝑝2 𝜌 ) = 0 𝑊𝑠 = ∆𝑝 𝜌 𝑊𝑠 𝑔 = ∆𝑝 𝜌𝑔 𝐻𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = ∆𝑝 𝜌𝑔 Por correlações experimentais entre vazão e delta de pressão, chegamos à curva característica da bomba: Essa curva é fornecida pelo fabricante. Dois pontos dela notáveis são: ➢ { 𝑄 = 0 𝐻 ≠ 0 → Primeiro ponto; carga de fechamento. É a carga máxima capaz de se fornecer ao fluido. Trata-se de um resultado de extrapolação, ou seja, não é mensurável. ➢ { 𝑄 ≠ 0 𝐻 = 0 → último ponto; vazão de fornecimento livre. É a vazão máxima que a bomba pode manter, no entanto, sem fornecer carga alguma ao fluido. Fazendo as considerações de balanço de energia para um sistema de tubulações agora: 𝑊𝑠 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 𝑊𝑠 = ℎ𝑙𝑇 + ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) − ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) 𝑊𝑠 𝑔 = ℎ𝑙𝑇 𝑔 + ( 𝑝2 𝜌𝑔 + 𝛼2 𝑉2 2 2𝑔 + 𝑧2) − ( 𝑝1 𝜌𝑔 + 𝛼1 𝑉1 2 2𝑔 + 𝑧1) 𝑯𝒔𝒊𝒔𝒕𝒆𝒎𝒂 = 𝒉𝒍𝑻 𝒈 + ∆𝒑𝝆𝒈 + ∆(𝜶𝑽²) 𝟐𝒈 + ∆𝒛 ; ∆ = (𝟐) − (𝟏) Perceba que a carga do sistema é uma função quadrática de V e, portanto, é também de Q (Q e V são diretamente proporcionais). Isso explica a aparência da curva do sistema: A bomba trabalha em seu ponto de operação, que é aquele quando: 𝑯𝒃𝒐𝒎𝒃𝒂 = 𝑯𝒔𝒊𝒔𝒕𝒆𝒎𝒂 Este ponto é representado no gráfico pela interseção das curvas. A que desce é a da bomba e a que sobe, do sistema. Se a bomba é adequada, a vazão de operação é próxima àquela requerida no projeto. Na imagem acima, temos: ➢ Vazão de Operação = 70 m³/h ➢ Altura Manométrica de Operação = ~ 41m O fechamento de válvulas diminui a vazão de operação, aumentando a perda de carga. A seta aponta na direção do fechamento: É desejável que a vazão de operação da bomba esteja próxima ao ponto de melhor eficiência (BEP) Podemos unir as curvas de H da bomba, do sistema e de eficiência em um único gráfico, que represente uma família de bombas como, por exemplo, uma família de bombas centrífugas com mesmo diâmetro de carcaça e diferentes diâmetros de rotor. O gráfico abaixo representa essa família de bombas. Na interpretação, considere que as curvas de eficiência são como se fossem curvas de nível: O esquema é algo nesse estilo: Não foi dito qual líquido, então vamos supor água. A bola preta é a bomba. Da equação de energia: 𝑊𝑠 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 Supondo reservatórios abertos, as duas pressões são iguais à atmosférica, logo os termos de pressão são cortados: 𝑊𝑠 + (𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − (𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 Supondo reservatórios muito grandes em relação ao diâmetro da tubulação, a velocidade em que o nível de água diminui em um e aumenta na outra é muito pequena. Os termos de velocidade são cortados: ➢ 𝑊𝑠 + (𝑔𝑧1) − (𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 ➢ 𝑊𝑠 = ℎ𝑙𝑇 + 𝑔∆𝑧 ; ∆= (2) − (1) ➢ 𝑊𝑠 𝑔 = ℎ𝑙𝑇 𝑔 + ∆𝑧 ➢ 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = ℎ𝑙𝑇 𝑔 + ∆𝑧 Como o tubo é reto, a perda de carga tem termo hlm nulo, logo ➢ 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = ℎ𝑙 𝑔 + ∆𝑧 ➢ 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 𝐿𝑉² 2𝑔𝐷 . 𝑓 + ∆𝑧 Escrevendo em função da vazão: ➢ 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 𝐿𝑄² 2𝑔𝐷𝐴² . 𝑓 + ∆𝑧 ➢ 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 16𝐿𝑄² 2𝑔𝐷5𝜋² . 𝑓 + ∆𝑧 ➢ 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 8𝐿𝑄² 𝑔𝐷5𝜋² . 𝑓 + ∆𝑧 Substituindo por valores numéricos 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 8.300.𝑄² 9,81. (0,4)5𝜋² . 𝑓 − 15 𝐻𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = ~ 2421𝑓𝑄² − 15 Supondo tubulação de ferro fundido e água como líquido: { 𝜌 = 1000 𝑘𝑔/𝑚3 𝜇 = 0,001 𝑃𝑎. 𝑠 𝑒 = 0,26 𝑚𝑚 ; 𝑒 𝐷 = ~ 0,0006 Calcular Re em função da vazão: 𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝐷 𝜇 = 4𝑄𝜌 𝜇𝜋𝐷 = 4.1000.𝑄 0,001. 𝜋. 0,4 = ~3,2. 106𝑄 Pelo diagrama de Moody pegar pontos interessantes para a construção do gráfico. Cavitação e análise de carga de sucção líquida positiva Dentro da bomba, a pressão do fluído pode diminuir até a sua pressão de vapor. Se isso acontecer, o líquido pode entrar em ebulição, formando bolhas. As bolhas dentro da bomba tendem a se aglomerar e se colapsar em regiões onde a pressão está maior que a pressão de vapor, o que pode acabar gerando danos à bomba. Chamamos de cavitação o ruído, as vibrações, a erosão e a modificação da curva característica de uma bomba. A cavitação pode levar à quebra da bomba. Para evitar cavitação, devemos garantir que 𝒑 > 𝒑𝒔𝒂𝒕 (pressão maior que pressão de vapor), especialmente no olho do rotor, o local mais sensível, pois é onde o líquido está com menor pressão na bomba (pois ele está ainda na iminência de receber energia). Considere o VC acima. O lado (2) representa o olho do rotor. Na iminência de cavitação, 𝑝2 = 𝑝𝑠𝑎𝑡.Também em (2), o fluido começa a girar, logo deve-se adicionar à equação da energia uma componente de energia cinética de rotação. 𝑊𝑠 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝𝑠𝑎𝑡 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝜆 𝑉𝑟 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 ➢ 𝜆 → 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 à 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 ➢ 𝑉𝑟 → 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑒 𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 Para as contas: considere diferença de altura desprezível, escoamento turbulento e que, até o olho, nenhum trabalho foi realizado ainda: ( 𝑝1 𝜌 + 𝑉1 2 2 ) − ( 𝑝𝑠𝑎𝑡 𝜌 + 𝑉2 2 2 + 𝜆 𝑉𝑟 2 2 ) = ℎ𝑙𝑇 Dividindo a equação inteira pela gravidade: ( 𝑝1 𝜌𝑔 + 𝑉1 2 2𝑔 ) − ( 𝑝𝑠𝑎𝑡 𝜌𝑔 + 𝑉2 2 2𝑔 + 𝜆 𝑉𝑟 2 2𝑔 ) = ℎ𝑙𝑇 𝑔 Rearranjando os termos: 𝒑𝟏 𝝆𝒈 + 𝑽𝟏 𝟐 𝟐𝒈 − 𝒑𝒔𝒂𝒕 𝝆𝒈 = 𝒉𝒍𝑻 𝒈 + 𝑽𝟐 𝟐 𝟐𝒈 + 𝝀 𝑽𝒓 𝟐 𝟐𝒈 𝑵𝑷𝑺𝑯𝑫 = 𝑵𝑷𝑺𝑯𝑹 Essa separação foi feita de forma que os termos à esquerda todos sejam de valores controláveis, isto é, são informações sobre o sistema e o fluido que são conhecidos. Do lado direito, o contrário. NPSH significa “Net positive suction head”. Do lado esquerdo, temos o NPSH Disponível, que depende do fluido e do sistema em questão, e do lado direito o NPSH Requerido, que depende da bomba e é medido pelo fabricante. No gráfico anterior, o NPSH Pump é o da bomba (NPSHR) e o NPSH System o do sistema (NPSHD). A interseção das curvas de NPSH disponível e requerido são pontos de iminência de cavitação. Quando NPSHD < NPSHR, ocorrerá cavitação. O aumento da vazão: ➢ Diminui NPSHD ➢ Q▲ ,V▲,perdas de carga ▲, p1▼ ➢ Aumenta NPSHR ➢ Q▲ ,V2▲,hlT▲ Assim, para se evitar cavitação, deve-se garantir: 𝑸 ↓ 𝑫 ↑ 𝑻 ↓ 𝒛𝟏 ↓ No esquema acima temos 3 posições pra uma bomba. A bomba do meio, mesmo que à uma altura igual à bomba de baixo, terá sempre um comprimento de tubulação maior (pode ser a hipotenusa de um triângulo retângulo, enquanto o outro seria a altura). Na bomba de cima, a pressão é a menor que se tem (efeito da gravidade). A bomba do meio terá pressão menor que a de baixo porque a maior tubulação faz com que haja maior perda de carga. Conclusão quanto mais baixa a bomba estiver e quanto mais colada ao reservatório, maior a pressão que o líquido chegará na bomba e, portanto, menor o risco de cavitação. Rugosidade relativa = 0,00169 Nesse exemplo, considera-se que a distância horizontal da bomba é irrelevante. Do balanço de energia: 𝑊𝑠 + ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝜆 𝑉𝑟 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙𝑇 Escolhendo o VC da figura, temos que o trabalho é nulo, assim como a energia cinética de rotação. A perda de carga será também equivalente à de um tubo reto. ( 𝑝1 𝜌 + 𝛼1 𝑉1 2 2 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝛼2 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙 Como o escoamento é turbulento, 𝛼1 = 𝛼2 = 1. Além disso, por se tratar de um reservatório, comumente muito grande, a velocidade de entrada no VC é muito pequena para ser considerada. Assim: ➢ ( 𝑝1 𝜌 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙 A pressão em 1 é a mesma da atmosférica, logo: ➢ ( 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝜌 + 𝑔𝑧1) − ( 𝑝2 𝜌 + 𝑉2 2 2 + 𝑔𝑧2) = ℎ𝑙 ➢ (𝑝𝑎𝑡𝑚− 𝑝2) 𝜌 − 𝑔∆𝑧 − 𝑉2 2 2 = ℎ𝑙 ; ∆ = (2) − (1) ➢ ( 𝑝2− 𝑝𝑎𝑡𝑚) 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + 𝑉2 2 2 = −ℎ𝑙 ➢ 𝑝2 𝜌 + 𝑉2 2 2 = −ℎ𝑙 − 𝑔∆𝑧 + 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝜌 Dividindo a equação por g ➢ 𝑝2 𝜌𝑔 + 𝑉2 2 2𝑔 = − ℎ𝑙 𝑔 − ∆𝑧 + 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝜌𝑔 Subtraindo por 𝑝𝑠𝑎𝑡 𝜌𝑔 ➢ 𝑝2 𝜌𝑔 + 𝑉2 2 2𝑔 − 𝑝𝑠𝑎𝑡𝜌𝑔 = − ℎ𝑙 𝑔 − ∆𝑧 + 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝜌𝑔 − 𝑝𝑠𝑎𝑡 𝜌𝑔 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = (𝑝𝑎𝑡𝑚 − 𝑝 𝑠𝑎𝑡) 𝜌𝑔 − ℎ𝑙 𝑔 − ∆𝑧 A tabela acima da o diâmetro interno do tubo (pois o dado pelo enunciado é nominal). Para Schedule 40, o diâmetro interno é de 1,049 in = 0,0266 m. ➢ ℎ𝑙 = 𝐿 𝐷 𝑉2 2 𝑓 = (200𝑓𝑡+ ∆𝑧)𝑉2 0,0266.2 𝑓 = (60,7+ ∆𝑧)𝑉2 0,0532 𝑓 Calculando a velocidade: ➢ 𝑄 = 𝑉𝐴 → 𝑉 = 4𝑄 𝜋𝐷² = 4.1,89.10−3 𝜋.0,0266² = ~ 3,40 𝑚 𝑠 ➢ ℎ𝑙 = (60,7+ ∆𝑧)(3,4)2 0,0532 𝑓 = 217,3. (60,7 + ∆𝑧). 𝑓 Calculando o número de Reynolds e a rugosidade relativa: ➢ 𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝐷 𝜇 = 1000.3,4.0,0266 0,001 = 90440 realmente, é turbulento Pelo Diagrama de Moody, achamos o fator de atrito, sabendo a rugosidade relativa: ➢ 𝑅𝑒 = ~9. 104 ; 𝑒 𝐷 = 0,00169 → 𝑓 = 0,025 Logo: ➢ ℎ𝑙 = = 217,3. (60,7 + ∆𝑧). (0,025) = 5,4325 (60,7 + ∆𝑧 ) = ~ 329,8 + 5,43∆𝑧 Dividindo pela gravidade g=9,81 ➢ ℎ𝑙 𝑔 = 33,54 + 0,55∆𝑧 Substituindo na fórmula do NPSHD: ➢ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = (𝑝𝑎𝑡𝑚− 𝑝 𝑠𝑎𝑡) 𝜌𝑔 − ℎ𝑙 𝑔 − ∆𝑧 ➢ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = (𝑝𝑎𝑡𝑚− 𝑝 𝑠𝑎𝑡) 𝜌𝑔 − 33,54 − 0,55∆𝑧 − ∆𝑧 ➢ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = (𝑝𝑎𝑡𝑚− 𝑝 𝑠𝑎𝑡) 𝜌𝑔 − 33,54 − 1,55∆𝑧 ➢ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = (101,3− 2,49).103 1000.9,81 − 33,54 − 1,55∆𝑧 ➢ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = 98,81 9,81 − 33,54 − 1,55∆𝑧 ➢ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = 10,07 − 33,54 − 1,55∆𝑧 ➢ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = −23,47 − 1,55∆𝑧 Como 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑅 = 8𝑓𝑡 = 2,44𝑚, temos: ➢ 25,91 = −1,55∆𝑧 ➢ 25,91 = 1,55 (𝑧1 − 𝑧2) ➢ (𝑧1 − 𝑧2) = 16,72𝑚 Escoamento externo e camada limite Historicamente o conceito de camada limite foi definido por Prandtl (1906), quando a análise de escoamentos através da equação de Euler (hidrodinâmica teórica) era possível em muitos casos, mas contradizia evidências experimentais (por exemplo: não prevê forças de arraste do fluido sobre superfícies sólidas nem a condição de não deslizamento). A análise de escoamentos reais, especialmente aqueles em que havia a influência de superfícies sólidas, baseava-se em modelos empíricos desenvolvidos por engenheiros (hidráulica). As equações de Navier-Stokes eram conhecidas, mas havia diversas dificuldades matemáticas para a sua solução em casos mais complicados. A camada limite é a região, de espessura muito fina, adjacente à fronteira do sólido, em que tanto as forças viscosas como as de inércia são relevantes. Já vimos anteriormente a influência da camada limite em escoamentos externos e internos. O conceito de camada limite une os conceitos da teoria e da prática: ➢ Longe de fronteiras sólidas, considera-se o fluido como invíscido. ➢ Próximo das fronteiras sólidas, utilizam-se as equações da camada limite (originadas em N-S) e a condição de não deslizamento. Quando um sólido está imerso em um fluido em movimento, ele está sujeito à forças de atrito sobre a superfície e forças de pressão. O arraste é resultante das forças na direção do escoamento, causadas pelo movimento do fluido e é composta por contribuições viscosas e de pressão: 𝐹𝐷 = 𝐹𝐷𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑜 + 𝐹𝐷𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 O subscrito “D” significa “drag”. Abaixo, um exemplo de força de sustentação (𝐹𝐿). O subscrito “L” significa “lift”. Os caminhos que as linhas de corrente de ar percorrem em cima são maiores do que os caminhos em baixo do exemplo de asa de avião acima. Como as linhas devem passar pela asa e chegar ao mesmo tempo no final dela, a velocidade do ar na parte de cima deve estar maior. Isso acaba diminuindo as forças de pressão na parte de cima. A resultante total então é de cima pra baixo, gerando sustentação. Em asas de avião, a camada limite tem cerca de 1cm de espessura. Definir espessura da camada limite, no entanto, é um pouco complicado. Existe 3 formas de medir e definir: 1) Espessura de perturbação (δ(x)) Distância que vai da superfície sólida até o local onde u=0,99 U, o que é um tanto difícil de medir. “U” é a velocidade máxima (velocidade do perfil uniforme) 2) Espessura de deslocamento (δ*(x)) Distância pela qual a superfície sólida seria deslocada para cima em um escoamento hipotético com perfil uniforme, tal que compense a diminuição da vazão mássica causada pela existência da camada limite. 3) Espessura de momento (θ) Distância pela qual a superfície sólida seria deslocada para cima em um escoamento hipotético com perfil uniforme, tal que compense a diminuição no fluxo de momento através de área transversal , causada pela existência da camada limite. Escoamento sobre placas – Equação de Prandtl Seja um escoamento de um fluido Newtoniano sobre placa plana de comprimento L: 𝑑𝑝 𝑑𝑡 + 𝑑 𝑑𝑥 (𝜌𝑢) + 𝑑 𝑑𝑦 (𝜌𝑣) + 𝑑 𝑑𝑧 (𝜌𝑤) = 0 (𝐶𝑂𝑁𝑇𝐼𝑁𝑈𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸) 𝜌 ( 𝑑𝑢 𝑑𝑡 + 𝑢 𝑑𝑢 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑢 𝑑𝑦 + 𝑤 𝑑𝑢 𝑑𝑧 ) = − 𝑑𝑝 𝑑𝑥 + 𝜌𝑔𝑥 + 𝜇 ( 𝑑2𝑢 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑢 𝑑𝑦2 + 𝑑2𝑢 𝑑𝑧2 ) 𝜌 ( 𝑑𝑣 𝑑𝑡 + 𝑢 𝑑𝑣 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑦 + 𝑤 𝑑𝑣 𝑑𝑧 ) = − 𝑑𝑝 𝑑𝑦 + 𝜌𝑔𝑦 + 𝜇 ( 𝑑2𝑣 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑣 𝑑𝑦2 + 𝑑2𝑣 𝑑𝑧2 ) 𝜌 ( 𝑑𝑤 𝑑𝑡 + 𝑢 𝑑𝑤 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑤 𝑑𝑦 + 𝑤 𝑑𝑤 𝑑𝑧 ) = − 𝑑𝑝 𝑑𝑧 + 𝜌𝑔𝑧 + 𝜇 ( 𝑑2𝑤 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑤 𝑑𝑦2 + 𝑑2𝑤 𝑑𝑧2 ) (𝑁 − 𝑆 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) Hipóteses: • Fluido incompressível e newtoniano (𝝆 = 𝒄𝒕𝒆) • Escoamento permanente ( 𝒅 𝒅𝒕 = 𝟎) • Escoamento nas direções x e y somente (w=0) • Efeitos gravitacionais desprezíveis (g=0) 𝑑𝑢 𝑑𝑥 + 𝑑𝑣 𝑑𝑦 = 0 (𝐶𝑂𝑁𝑇𝐼𝑁𝑈𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸) 𝜌 ( 𝑢 𝑑𝑢 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) = − 𝑑𝑝 𝑑𝑥 + 𝜇 ( 𝑑2𝑢 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑢 𝑑𝑦2 + 𝑑2𝑢 𝑑𝑧2 ) 𝜌 (𝑢 𝑑𝑣 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑦 ) = − 𝑑𝑝 𝑑𝑦 + 𝜇 ( 𝑑2𝑣 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑣 𝑑𝑦2 + 𝑑2𝑣 𝑑𝑧2 ) 0 = − 𝑑𝑝 𝑑𝑧 (𝑁 − 𝑆 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) • U,v não são funções de z ( 𝒅𝒖 𝒅𝒛 = 𝒅𝒗 𝒅𝒛 = 𝟎) • A variação de pressão na direção y é muito pequena (− 𝒅𝒑 𝒅𝒚 ≈ 𝟎), ou a pressão é aproximadamente uniforme através da camada limite. Assim, a pressão na camada limite é “imposta” pelo escoamento externo a ela. 𝑑𝑢 𝑑𝑥 + 𝑑𝑣 𝑑𝑦 = 0 (𝐶𝑂𝑁𝑇𝐼𝑁𝑈𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸) 𝜌 (𝑢 𝑑𝑢 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) = − 𝑑𝑝 𝑑𝑥 + 𝜇 ( 𝑑2𝑢 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑢 𝑑𝑦2 ) 𝜌 (𝑢 𝑑𝑣 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑦 ) = 𝜇 ( 𝑑2𝑣 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑣 𝑑𝑦2 ) 𝑑𝑝 𝑑𝑧 = 0 (𝑁 − 𝑆 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) Devemos agora analisar as ordens de grandeza. O que for muito pequeno, cortaremos. Algumas aproximações grosseiras: Supondo que: 𝜌 (𝑢 𝑑𝑢 𝑑𝑥 + 𝑣 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) ≈ 𝜇 ( 𝑑2𝑢 𝑑𝑥2 + 𝑑2𝑢 𝑑𝑦2 ) Então temos: 𝜌 ([ 𝑈2 𝐿 ] + [ 𝑈2 𝐿 ] ) ≈ 𝜇 ([ 𝑈 𝐿 ] + [ 𝑈 δ² ] ) Os termos em colchetes são ordens de grandeza [ 𝑈 δ² ] ≫ [ 𝑈 L ] 𝑝𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 δ ≪ L Logo, temos: 𝜌𝑈2 𝐿 ≈ 𝜇𝑈 δ2 𝛅 = √ 𝝂𝑳 𝑼 Considerando outras simplificações: • 𝑣 ≪ 𝑢 • 𝑑𝑢 𝑑𝑥 ≪ 𝑑𝑢 𝑑𝑦 • 𝑑²𝑢 𝑑𝑥² ≪ 𝑑²𝑢 𝑑𝑦² As equações de N-S e da continuidade ficam: 𝑑𝑢 𝑑𝑥 + 𝑑𝑣 𝑑𝑦 = 0 (𝐶𝑂𝑁𝑇𝐼𝑁𝑈𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸) 𝜌 (𝑢 𝑑𝑢 𝑑𝑥+ 𝑣 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) = − 𝑑𝑝 𝑑𝑥 + 𝜇 ( 𝑑2𝑢 𝑑𝑦2 ) 𝜌 (𝑢 𝑑𝑣 𝑑𝑥 + 𝜌𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑦 ) = 𝜇 ( 𝑑2𝑣 𝑑𝑦2 ) 𝑑𝑝 𝑑𝑧 = 0 (𝑁 − 𝑆 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) Solução de Blasius para o perfil de velocidades na camada limite laminar Considere o escoamento em uma camada limite de uma placa plana, com gradiente de pressão zero na direção x, acompanhando as condições de contorno à seguir: Blausius, em 1908, propôs a seguinte transformação de variáveis: Distância adimensional (variável de similaridade) 𝜼 = 𝒚√ 𝑼 𝝂𝒙 Perfil de velocidades adimensional 𝒇′(𝜼) = 𝒖 𝑼 Com essa transformação, a componente x das equações de N-S é transformada em uma EDO de 3ª ordem e não linear. As condições de contorno também são transformadas: { 𝟐. 𝒇′′′ + 𝒇. 𝒇′ = 𝟎 𝒇(𝜼 = 𝟎) = 𝟎 𝒇′(𝜼 = 𝟎) = 𝟎 𝒇′(𝜼 → ∞) = 𝟏 Uma tabela mostra a solução numérica para essa EDO e um gráfico pode ser construído com base nessa tabela, mostrando o perfil de velocidades u/U: Segundo o gráfico e a tabela, quando u/U = 0,99 η = 4,91. Segundo a definição de espessura de perturbação • 𝜂 = 𝑦√ 𝑈 𝜈𝑥 • 4,91 = 𝛿√ 𝑈 𝜈𝑥 • 𝛿 𝑥 = 4,91 √𝑅𝑒𝑥 Onde 𝑅𝑒𝑥 é o Reyolds Local 𝑹𝒆𝒙 = 𝑼𝒙 𝝂 . Ele varia com a posição x. A tensão de cisalhamento na placa é dada por: • 𝜏 = 𝜇 𝜕𝑢 𝜕𝑦 ] 𝑦=0 = 𝜇𝑈 𝜕( 𝑢 𝑈 ) 𝜕𝑦 ] 𝑦=0 = 𝜇𝑈 𝜕𝑓′ 𝜕𝑦 ] 𝑦=0 = 𝜇𝑈 ( 𝜕𝑓′ 𝜕𝜂 ∙ 𝜕𝜂 𝜕𝑦 )] 𝑦=0 • 𝜏 = 𝜇𝑈 (𝑓′′(𝜂 = 0) ∙ √ 𝑈 𝜈𝑥 )] 𝑦=0 • 𝜏 = 0,332. 𝜇𝑈.√ 𝑈 𝜈𝑥 • 𝜏 = 0,332. 𝜌𝑈2 √𝑅𝑒𝑥 Ou, em sua forma adimensional, chamado de coeficiente de atrito superficial: • 𝐶𝑓,𝑥 = 𝜏 1 2 𝜌𝑈² = 0,664 √𝑅𝑒𝑥
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