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O Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e sua interlocução com o Serviço Social: considerações à luz da prática popular Thaíres Lima da Silva1 Flávia Santos Silva2 Maria de Fátima Leite Gomes3 Déborah de França Silva4 RESUMO O presente artigo tem como objetivo explanar de forma breve as práticas dos Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) enquanto espaços de prática popular articulado à politica de assistência social, levando em consideração o exercício profissional do assistente social nesse ambiente, como também se debruçar no plano teórico. A prática popular concebida como atividade de socialização e conscientização dos direitos da comunidade, estimulando a capacidade de análise da realidade concreta e serem sujeitos ativos politicamente e socialmente. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica pautada em livros, artigos científicos, Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), revistas, dentre outras fontes. Esta pesquisa permitiu a compreensão que o CRAS é uma unidade integrante do aparelho estatal criada como uma forma de responder as demandas colocadas pelos usuários, e através de suas práticas amenizar as manifestações da questão social existentes entre as classes fundamentais, contribuindo para a manutenção da ordem capitalista e a perpetuação da desigualdade social, pois essas unidades 1Bacharela em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Extensionista da Pós-Graduação “Educação Popular e Desenvolvimento Sustentável” (UFPB). E-mail: thaires_lima@hotmail.com 2Bacharela em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Servidora do Hospital Arlinda Marques. E-mail: flavinhajppb@hotmail.com 3 Professora Doutora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail: fatima.l.gomes2016@gmail.com 4 Graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail: deborahfranca07@hotmail.com foram feitas para atender à pobreza de forma paliativa, ou seja, não tem o poder de eliminá-la por estar profundamente inerente e arraigada na cultura capitalista. PALAVRAS-CHAVE: CRAS. Assistência Social. Prática Popular. Serviço Social INTRODUÇÃO O presente artigo discute, de forma sucinta, acerca dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), seu papel diante da sociedade de classes, ou seja, frente às expressões da questão social, apontando a pobreza, extrema pobreza, vulnerabilidade e risco social enquanto focos de intervenção dessas unidades de proteção social básica. Diante disso, os CRAS são unidades públicas estatais responsáveis pela organização e oferta de serviços, benefícios e programas da Proteção Social Básica, e se situam em áreas de maior vulnerabilidade social, o que pode facilitar o acesso de um contingente de famílias à Rede de Proteção de Assistência Social. Como mediação das relações sociais contraditórias, o assistente social, sobretudo, tem um papel imprescindível na manutenção da ordem capitalista, pois é uma estratégia estatal de atender aos interesses do capital, contribuindo para este sistema continuar comandando a riqueza socialmente produzida, ao mesmo tempo esta mesma profissão atende às demandas das classes subalternas, participando da reprodução do antagonismo de classes. 1.1- O CRAS como espaço de prática popular: a assistência social em debate O CRAS é uma unidade pública estatal da Proteção Social Básica, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), e tem por objetivo conhecer, analisar e intervir na realidade de cada família e/ou indivíduos da sua área de abrangência territorial. A mesma busca atender ao princípio da territorialidade e da matricialidade, conforme o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS, 2009), operando de acordo com o número de profissionais, com base em sua população local, com determinação na Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-SUAS/RH). Igualmente, são trabalhadas as famílias em situação de vulnerabilidade e pobreza, como público-alvo de atuação dos técnicos do CRAS para o desenvolvimento destas praticas junto à comunidade; diante disso, o assistente social utiliza-se de instrumentos e técnicas profissionais para conhecer a realidade dos usuários e orientá-los quanto aos seus direitos. O acesso pode se dá pela inserção do usuário em serviço ofertado no CRAS ou na rede socioassistencial, ou por meio do encaminhamento do usuário ao Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), (municipal, do DF ou regional) ou para o responsável pela proteção social especial do município (onde não houver CREAS). A mesma busca atender ao princípio da territorialidade e da matricialidade, conforme o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS, 2009), operando de acordo com o número de profissionais, com base em sua população local, com determinação na NOB- SUAS/RH. Os CRAS são unidades públicas estatais responsáveis pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica, e se situam em áreas de maior vulnerabilidade social, o que pode facilitar o acesso de um contingente de famílias à Rede de Proteção de Assistência Social. Portanto, conforme o (MDS, 2009), os CRAS necessitam de espaço físico, organização, atividades administrativas, recursos humanos e devem manter coerência com a concepção do trabalho social com famílias. De acordo com a NOB/SUAS (2004, p.33), os CRAS devem: [...] prevenir situações de risco por meio de desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários destina-se à população que vive na situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos- relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiência, dentre outras). Assim, o CRAS é considerado a “porta de entrada” para o acesso ao exercício dos direitos do cidadão nele têm programas, serviços e benefícios que são ofertados e operacionalizados pela equipe multidisciplinar. Assim, o Setor Psicossocial possui uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais e psicólogas, conta também com outros profissionais, como: o auxiliar administrativo, cozinheira, auxiliar de serviços gerais, vigilante e estagiárias de graduação em Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e de outra universidade. Essas unidades trabalham no sistema de referência e contrarreferência com os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), encaminhando cidadãos usuários que tiveram seus direitos violados para instituições da Rede de Proteção Social do território. A referência acontece quando a equipe encaminha as demandas oriundas das relações de vulnerabilidade e risco social detectadas no território, aos serviços, programas e projetos, conforme a complexidade da demanda. A contrarreferência é quando a equipe do CRAS recebe encaminhamento do nível de maior complexidade (proteção social especial) para fazer a inserção do usuário na Proteção Social Básica, em serviços, benefícios e programas. Tendo em vista que o assistente social é um profissional imprescindível para a execução das propostas da política de assistência social, pois fica claro o seu protagonismo/destaque na instituição. Fazendo-se presentes em sua atuação os instrumentais e técnicas utilizados pelos profissionais da equipe 5 do CRAS, são: abordagem de rua, busca ativa, acolhida, escuta,visitas domiciliares, reunião, trabalho socioeducativo, atendimento individual, atendimento familiar emergencial, atendimento psicossocial, orientação, palestras, liberação de documentos, preenchimento do Cadastro Único (CADunico), dos prontuários do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e das fichas de pré-inscrições dos cursos da PRONATEC, encaminhamentos as outras políticas públicas, relatórios sociais, etc. Bueno e Silva (2014, p. 8) reforçam a importância que o profissional de Serviço Social tem no CRAS: É um profissional imprescindível para a realização das atividades previstas no CRAS/PAIF, a qual tem a função interventiva junto às famílias e comunidade por meio de metodologias próprias e sistemáticas, tem também um papel fundamental no processo de efetivação da PNAS, a qual tem o discernimento dos objetivos propostos na política e a sua efetivação no município. Levando em conta o cotidiano de seu exercício profissional, o assistente social se depara com muitas dificuldades devido a pouca atenção que a política recebe do governo, o que resulta em muitos obstáculos para a efetivação plena dessa política. Para o Conselho Federal de Serviço Social (CEFESS), um dos problemas é o do desempenho de mais de uma função, desenvolvida 5 Segundo o Parágrafo único da LOAS (2011, p. 10), “a formação das equipes de referência deverá considerar o número de famílias e indivíduos referenciados, os tipos e modalidades de atendimento e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários, conforme deliberações do CNAS.” pelo profissional nos CRAS, pois acaba deixando-os sobrecarregados e dispersos em várias demandas colocadas pela população usuária. Quanto à base metodológica usada nos referidos CRAS, esta é pautada pela reflexão crítica, implicando a participação, o diálogo, a intervenção, tendo o enfoque o projeto societário e a busca por uma sociedade justa e emancipada. Neste contexto, em conformidade com a Politica Nacional da Assistência Social (PNAS), as tarefas que o assistente social exerce na política envolvem diversas dimensões, que de acordo com Almeida (1996 apud BUENO & SILVA, 2014, p. 11-12): [...] As competências específicas dos (as) assistentes sociais, no âmbito desta política, abrangem diversas dimensões interventivas, complementares e indissociáveis, tais como: abordagens individuais, coletivas, de gerenciamento, de controle social, de pesquisas que visem os processos característicos da sociedade capitalista. No que se referem aos seus instrumentais, eles irão se adequar a cada atendimento que for realizado pelo profissional, expressando assim, a particularidade de cada caso, pois o atendimento deve ser baseado na particularidade de cada realidade, contemplando as extensões trazidas pelos usuários e, assim, levando em consideração o seu projeto ético e político, que se situa enquanto um dos alicerces do exercício profissional do assistente social. Em referência à burocracia que o assistente social se defronta diariamente no campo de trabalho, quanto ao processo de respostas às demandas, “o profissional nem sempre pode responder a todas elas, sendo necessário ir além e atender o usuário na sua totalidade, e tendo que mediar a burocracia e as demandas separando o emergencial, o pontual, indo além das estruturas”. (BUENO & SILVA, 2014, p. 12). Pesquisas confirmam que no exercício profissional há um conflito da teoria com a prática, usando metodologias que requer participação, diálogo e intervenção, acompanhada da avaliação da realidade pelo saber aprofundado que tem do sistema capitalista, capaz de revelar os fatos em sua essência, isso é possível com a junção das três dimensões do Serviço Social, entre eles: o ético-político, o teórico-metodológico e o técnico-operativo, proporcionando uma apreensão plena da realidade concreta. Como alternativa de enfrentar e superar os desafios e obstáculos se faz necessário em cada instituição uma equipe profissional disciplinada, eficaz e bem capacitada para intervir nas expressões da questão social de maneira significativa, esses não são capazes de superar todos os problemas, para sua resolução deve-se incluir maior intervenção estatal nessa área para que se possa investir e gestar a política a fim de desenvolvê-la. Verifica-se que mesmo que o assistente social seja capacitado se vê em algumas situações impossibilitado de viabilizar alguns direitos assegurados legalmente frente a conjuntura neoliberal que, o assistente social deve ter uma capacitação permanente pautada na perspectiva crítica e emancipatória, este profissional às vezes se vê impossibilitado de concretizar algumas garantias previstas legalmente, porque o Estado neoliberal exerce uma força suprema nos mais variados espaços dessa política, impedindo de atender o usuário em sua totalidade, impondo padrões e normas que muitas vezes tiram a autonomia do assistente social, deixando-os submissos às suas ordens de gestão. Desta feita, o assistente social, enquanto profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho, só pode ser compreendida no interior da sociedade de classes, nesta, a profissão participa do processo de reprodução das relações sociais por meio das políticas sociais, possuindo um caráter contraditório, pois em seu exercício profissional contribui para a manutenção da ordem capitalista sendo legitimada por ela, ao mesmo tempo em que defende a transformação do sistema. Diante disso, o projeto ético-político é concebido por Bueno e Silva (2014, p. 13) como “meios para atender a seus usuários de forma efetiva, eficaz e eficiente, pautado em instrumentos adequados para atender o usuário no seu cotidiano [...], a fim de atender às necessidades do usuário, e não do neoliberalismo”. Em relação ao Código de Ética do assistente social, ou seja, o projeto ético-político se exerce no desenvolvimento das atividades desse profissional em seu cotidiano, direcionando sua postura ética e politica diante da reprodução da ordem capitalista, da sua posição a favor da classe trabalhadora e não da ordem do capital. Como resposta da profissão, a Lei de Regulamentação da profissão nº 8.662/1993, que auxilia no exercício profissional esclarece as competências e atribuições do assistente social, tornando o profissional bem informado de suas funções dentro de quaisquer instituições. Apesar do Projeto ético-político defender as propostas do projeto da classe trabalhadora no cotidiano profissional convive-se com a contradição de amortecer conflitos sociais e orientar a busca pela concretização dos direitos sociais. O projeto profissional do assistente social se vincula ao da classe trabalhadora no sentido de defesa de seus direitos, da equidade e da justiça social, a favor de uma nova ordem societária, sem exploração e dominação de classe, etnia, gênero, mas na concretude, acaba por reproduzir o projeto hegemônico da classe burguesa. Assim, esse projeto profissional se configura enquanto uma direção crítica fundamental para dar base ideológica e metodológica ao assistente social, oferecendo a este um suporte de como se deve atuar diante da realidade complexa e contraditória que é posta para este profissional, orientando-o quanto às respostas das manifestações da questão social. Frente a isso, considerando a sua inserção no CRAS e extrema importância que se faz na referida unidade, o assistente social é um profissional indispensável para a execução das propostas do SUAS. No que diz respeito às condições de trabalho dos profissionais, indica-se que as estruturas físicas são qualificadas pelasua falta de adequação, recursos materiais insuficientes e não adequados, pela falta de transporte suficiente para mais visitas domiciliares, que possibilita a aproximação com as famílias e sua ligação com a rede. Esses aspectos revelam os empecilhos para um exercício profissional eficiente, prejudicando a qualidade dos serviços prestados, resultando muitas vezes em usuários desprotegidos, ficando desamparados pela política e correndo o risco de não conseguirem ter seus direitos básicos atendidos. Outra situação identificada se refere à equipe mínima de referência, evidenciada por ter um número insuficiente para atender a grande quantidade de demandas trazidas pelos usuários. Isso acarreta uma sobrecarga de tarefas aos profissionais, deixando-os com uma responsabilidade maior, o que inviabiliza um atendimento de qualidade às demandas. Por isso, percebe-se que no CRAS não é assegurado em grande parcela de atendimentos as garantias previstas em Lei, devido a vários problemas que dificultam a execução das ações. Com o papel de protagonista da Política de assistência social, os CRAS enfrentam por todo o país problemas de implementação e consolidação como é possível observar na análise de Couto (2010, p. 285-286): [...] as ações desenvolvidas nessas unidades encontram-se restritas ao atendimento rotineiro e às demandas espontâneas, revelando a dificuldade de proposição e ampliação do atendimento. Ressalta-se que a trajetória de assistencialismo e filantropia ainda arraigadas nos municípios brasileiros tem se constituído num entrave à capacidade de construção de uma condizente com a implementação do SUAS, prevalece, em muitos casos, o ativismo e a improvisação históricas desta área, mas que no processo em curso se chocam e não se sustentam mais, diante das exigências postas pela efetivação de um sistema complexo de serviços, programas e benefícios que devem dar forma e conteúdo aos níveis de proteção social básica e especial integrantes do SUAS. Diante do exposto, os CRAS baseiam-se em responsabilidades, como: mapear, organizar e coordenar a rede de serviços socioassistencial local, inserir as famílias nestes serviços, prestar informação e orientação à população, manter um serviço de vigilância, produzir, sistematizar e divulgar indicadores sociais, assumir a gestão territorial que compreende a articulação da rede socioassistencial de Proteção Social Básica, a promoção da articulação intersetorial e a busca ativa, todas realizadas no território de abrangência do CRAS, mediante o estabelecido pelo MDS (2009, p.16): Tais estudos e análises contribuem para o planejamento da descentralização da assistência social em cada município ou DF, ou seja, para a definição de quais são os territórios de vulnerabilidade social, onde estão localizados, que serviços dispõem, quantas famílias ali residem, quais suas características, necessidades e potencialidades, quantos CRAS serão necessários no município, que serviços deverão ser ofertados. O Artigo 6º da Lei do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), nº 12.435, retrata que: Artigo 6º-C. As proteções sociais, básica e especial, serão ofertadas precipuamente no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), respectivamente, e pelas entidades sem fins lucrativos de assistência social de que trata o art. 3o desta Lei. § 1o O CRAS é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias. § 2o O CREAS é a unidade pública de abrangência e gestão municipal, estadual ou regional, destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial. § 3o Os CRAS e os CREAS são unidades públicas estatais instituídas no âmbito do Suas, que possuem interface com as demais políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social.” Artigo 6º-D. As instalações dos CRAS e dos CREAS devem ser compatíveis com os serviços neles ofertados, com espaços para trabalhos em grupo e ambientes específicos para recepção e atendimento reservado das famílias e indivíduos, assegurada a acessibilidade às pessoas idosas e com deficiência. (SUAS, 2011, p. 8-9) Nesse contexto, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) ainda indica como ação de Proteção Social Básica o PAIF, sendo este seu serviço principal que abrange projetos de enfrentamento à pobreza e extrema pobreza, serviços de socialização para crianças de 0 a 6 anos, serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens de 6 a 24 anos, programas de protagonismo juvenil e os centros de informação e educação para o trabalho. Artigo 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que integra a proteção social básica e consiste na oferta de ações e serviços socioassistenciais de prestação continuada, nos CRAS, por meio do trabalho social com famílias em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de prevenir o rompimento dos vínculos familiares e a violência no âmbito de suas relações, garantindo o direito à convivência familiar e comunitária. (LOAS, 2011, p. 14). Com papel essencial no SUAS, os CRAS são as instituições que devem viabilizar para os cidadãos o acesso à assistência social, no âmbito do direito, divulgando conforme Couto (2010, p. 253): [...] O SUAS para a sociedade, [...] tornar este sistema mais um instrumento capaz de viabilizar politicamente a política, utilizando-se dos mecanismos como os CRAS é apostar na ampliação dos serviços para a sociedade e na emancipação política dos sujeitos envolvidos nas reivindicações pela garantia de direitos. Outro fator que tem o papel de propiciar melhor qualidade nos serviços disponibilizados nos CRAS são as equipes de referência. Assim, a consolidação do SUAS se dá, primeiramente, através da expansão dos serviços prestados pelos CRAS enquanto que, as equipes de referência são responsáveis pela oferta dos serviços aos usuários, na intenção de possibilitar o reconhecimento da realidade local buscando estabelecer confiança e aproximação entre os atores sociais envolvidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de todo o exposto, pode-se inferir que os CRAS são unidades públicas localizadas nos territórios em que a pobreza e a extrema pobreza se fazem fortemente presentes, e esta instituição pertence à politica de assistência social, que se depara e responde a reprodução do sistema capitalista, as chamadas expressões da questão social como a pobreza, vulnerabilidade social, desemprego, desestruturação familiar, ou seja, um público-alvo precarizado lidando com profissionais que são também precarizados. Falar em profissionais precarizados, vale ressaltar que eles não conseguem efetivar as disposições legais em sua totalidade devido à má gestão dos recursos da política, resultado da gestão do Estado neoliberal, o Estado mínimo para o social e máximo para o capital, isto é, a ofensiva neoliberal veio para desconstruir os direitos amargamente conquistados e priorizar os interesses da classe burguesa, repercutindo na dinâmica dos técnicos do CRAS na relação com os usuários, prejudicando-os em suaqualidade de vida, deixando-os desamparados e, na maioria das vezes, à margem da cidadania. Considerando a prática popular desenvolvidas pelos profissionais que a integram, na unidade são exercidas atividades de educação dos jovens, que são encontros semanais que os reúnem para socialização dos conhecimentos passados pelo educador social, de extrema relevância para conscientizá-los, potencializá-los e inseri-los no mercado de trabalho, formando profissionais e cidadãos para serem sujeitos conscientes e ativos politicamente e socialmente. Outra prática popular seria as orientações/conscientização que os profissionais fazem dos direitos e deveres dos usuários, em especial o assistente social é o foco desse tipo de tarefa, já que sua formação gira em torno da socialização, conscientização e informação dos serviços, programas e projetos que o órgão trabalha. Assim, essas ações com certeza fazem um diferencial na vida de cada um dos usuários referenciados pela unidade mesmo que pequena, porque o papel de cada um dos técnicos representa elementos para realização da política, embora não seja praticado como idealizado no ponto de vista da legalidade. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS/1993). Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria Nacional de Assistência Social: 2011. BRASIL. Lei de Regulamentação da profissão de Serviço Social. nº 8.662/1993. BRASIL. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único da Assistência Social (NOB-SUAS/RH). 2004. BRASIL. Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Lei 12.435. Organização da assistência social. Ed: Brasília. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12435.htm>. Acesso em: 24 de ago. 2016 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome (MDS). Orientações Técnicas: Centro de Referência da Assistência Social- CRAS, 1. ed. Brasília, 72p, 2009. BUENO, Mônica G. C.; SILVA, Cristiani A. B. da. A atuação do Assistente Social no âmbito do CRAS. Revista Univar, v. 1, nº 11. 2014. Disponível em: <http://revista.univar.edu.br/index.php/interdisciplinar/article/view/252>. Acesso em: 28 jan. 2015. COUTO, B. R. et al (org.). O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2010. SILVA, Flávia Santos. A Política de assistência social e sua efetivação no Centro de Referência de Assistência Social de Cruz das Armas. (Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social). João Pessoa: CCHLA/UFPB/DSS, 2015. SILVA, Thaíres Lima da. A Política de assistência social e o acesso à cidadania: contradição ou realidade no CRAS do Valentina de Figueiredo?. (Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social). João Pessoa: CCHLA/UFPB/DSS, 2015.
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