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Morcegos do Brasil unlocked Parte25

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Morcegos do Brasil
uropatágio é bastante reduzido (citado como au-
sente por alguns autores; e.g., BARQUEZ et al.,
1999) e recoberto por densa pelagem. Incisivos
superiores e inferiores como na espécie anterior.
Embora seja uma espécie predominante-
mente nectarívora, A. geoffroyi pode fazer uso in-
tensivo de insetos (e.g., besouros, WILLIG et al.,
1993). GOODWIN (1946) reportou que essa es-
pécie também visita flores sem secreção de néc-
tar, tendo presumido que o objetivo seria a apre-
ensão de insetos atraídos pelo odor dessas flores.
Consome ainda frutos e pólen (GOODWIN &
GREENHALL, 1961; ZORTÉA, 2003), e a lista
de plantas visitadas para a obtenção de néctar in-
clui bombacáceas (FISCHER et al., 1992),
cariocaráceas (GRIBEL & HAY, 1993),
bromeliáceas (SAZIMA et al., 1995) e
passifloráceas (SAZIMA et al., 1999).
O padrão reprodutivo de A. geoffroyi foi
estudado no cerrado brasileiro por
BAUMGARTEN & VIEIRA (1994) e ZORTÉA
(2003), tendo ambos os estudos verificado a ocor-
rência de monoestria sazonal. O período
reprodutivo, entretanto, mostrou-se variável, com
picos de lactação ocorrendo tanto na estação seca
(BAUMGARTEN & VIEIRA, 1994), quanto na
chuvosa (ZORTÉA, 2003). Parece haver segre-
gação sexual no uso dos abrigos durante certas
partes do ano (WILSON, 1979; BAUMGARTEN
& VIEIRA, 1994; BREDT et al., 1999).
A. geoffroyi ocorre em todos os biomas bra-
sileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998),
e tem sido capturada em áreas de mata primária
(BROSSET et al., 1996) e secundária
(ESBÉRARD, 2003), pomares e áreas
peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976;
PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1986;
ESBÉRARD et al., 1996a), e em meio rural
(BREDT & UIEDA, 1996) e urbano (BROSSET et
al., 1996). Abriga-se em bueiros, túneis e ocos de
árvores (REID, 1997; BREDT et al., 1999; LaVAL
& RODRÍGUEZ-H., 2002), mas parece ter forte
associação com cavidades naturais (GOODWIN &
GREENHALL, 1961; ARITA, 1993), onde pode
formar colônias de até centenas de indivíduos
(TRAJANO, 1984; BREDT et al., 1999).
Encontra-se em baixo risco de extinção
(IUCN, 2006).
Gênero Choeroniscus Thomas, 1928
Em atenção às considerações de
SIMMONS & VOSS (1998), C. intermedius é trata-
da aqui como sinônimo júnior de C. minor. Três
espécies são, então, reconhecidas: C. godmani
(Thomas, 1903), C. minor (Peters, 1868) e C.
periosus Handley, 1966. Dessas, apenas a segunda
tem registro para o Brasil.
Choeroniscus minor (Peters, 1868)
Essa espécie tem o Suriname como loca-
lidade-tipo e já foi encontrada nas Guianas,
Venezuela, Trinidad, Brasil, Colômbia, Equador,
Peru e Bolívia (SIMMONS, 2005). No Brasil há
registro para o AC, AM, BA, ES, GO, MG, MT,
PA, PE, RO e RR (ESBÉRARD et al., 2005;
TAVARES et al., no prelo).
Trata-se de morcego relativamente peque-
no, com marcado dimorfismo sexual de tamanho.
Nos machos, o comprimento total (cabeça, corpo
e cauda) pode variar entre 61 e 68 mm, cauda de 6
a 9 mm e antebraço de 28,6 a 35,7 mm
(GENOWAYS et al., 1973; AGUIAR et al., 1995;
SIMMONS & VOSS, 1998). Nas fêmeas essas
mesmas características medem, respectivamente,
de 56 a 71 mm, 4 a 11 mm e 26,5 a 38,4 mm
(GENOWAYS et al., 1973; SIMMONS & VOSS,
1998). Quanto ao peso, machos podem variar en-
tre 7 e 8,8 g e fêmeas entre 8 e 12 g (SIMMONS &
VOSS, 1998). Machos coletados no sudeste do
Brasil são consistentemente menores que os pro-
cedentes da Amazônia (AGUIAR et al., 1995). O
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Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Capítulo 04 - Subfamília Glossophaginae
focinho é longo e estreito e a pelagem é marrom-
escura. Os pêlos dorsais são bicoloridos, com a
base mais clara (SANBORN, 1943; SOLMSEN,
1998). A asa se insere ao nível dos pés, entre o
tornozelo e a base dos dedos. A cauda é curta e a
membrana interfemural bem desenvolvida, alcan-
çando, em sua porção mediana, o nível dos torno-
zelos (HUSSON, 1962; SOLMSEN, 1998). Es-
pécie similar a S. ega, da qual pode ser separada
por sua coloração mais clara e pelo tamanho rela-
tivo das falanges do polegar: distal e proximal apro-
ximadamente iguais em C. minor vs. parte distal
(não inclusa na membrana) mais longa que a
proximal em S. ega (EMMONS & FEER, 1990).
Assim como em Anoura, os incisivos in-
feriores estão ausentes e os superiores são dimi-
nutos e estão deslocados lateralmente.
Essa espécie se alimenta de néctar, pó-
len, insetos e, possivelmente, frutos macios e su-
culentos (GOODWIN & GREENHALL, 1961;
GARDNER, 1977a; AGUIAR et al., 1995). Dados
obtidos em área de Mata Atlântica sugerem concen-
tração da atividade de forrageio nas primeiras horas
da noite (AGUIAR & MARINHO-FILHO, 2004).
Quanto à re-
produção, há registro
de uma fêmea lactante
carregando filhote em
dezembro na Colôm-
bia (TAMSITT et al.,
1965), e de duas fême-
as grávidas em junho
no Peru, com nasci-
mentos provavelmen-
te tendo ocorrido du-
rante a estação seca
(GRAHAM, 1987).
C. minor tem
ampla distribuição na
Amazônia (VOSS &
EMMONS, 1996) e
na Mata Atlântica (PERACCHI &
ALBUQUERQUE, 1993; AGUIAR et al., 1995;
SOUSA et al., 2004), e recentemente foi reporta-
da para o Cerrado (ESBÉRARD et al., 2005). Tem
sido capturada em áreas de mata primária e secun-
dária (REIS & PERACCHI, 1987; AGUIAR et al.,
1995), savana amazônica (BERNARD &
FENTON, 2002), plantação de cacau sob vege-
tação nativa (FARIA, 2006), pomar em área aber-
ta associada a floresta (HANDLEY-JR, 1976) e
em meio urbano (BROSSET et al., 1996). No Cer-
rado, foi capturada em área de mata ciliar
(ESBÉRARD et al., 2005). Abriga-se em cavernas
(ESBÉRARD et al., 2005), bueiros (TAMSITT et
al., 1965) e sob troncos de árvores caídas
(GOODWIN & GREENHALL, 1961;
SIMMONS & VOSS, 1998). Adicionalmente, um
espécime foi encontrado sob banco erodido no leito
de um riacho seco (SIMMONS & VOSS, 1998).
Pode haver formação de pequenos grupos (ca. cin-
co indivíduos) e também a ocorrência de indiví-
duos se abrigando solitariamente (SIMMONS &
VOSS, 1998).
Encontra-se em baixo risco de extinção
(IUCN, 2006).
Choeroniscus minor (Foto: Fábio Falcão).
	Morcegos do Brasil
	Família Phyllostomidae
	Cap. 04 Subfamília Glossophaginae
	Tribo Glossophagini
	Gênero Choeroniscus

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