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48 Morcegos do Brasil uropatágio é bastante reduzido (citado como au- sente por alguns autores; e.g., BARQUEZ et al., 1999) e recoberto por densa pelagem. Incisivos superiores e inferiores como na espécie anterior. Embora seja uma espécie predominante- mente nectarívora, A. geoffroyi pode fazer uso in- tensivo de insetos (e.g., besouros, WILLIG et al., 1993). GOODWIN (1946) reportou que essa es- pécie também visita flores sem secreção de néc- tar, tendo presumido que o objetivo seria a apre- ensão de insetos atraídos pelo odor dessas flores. Consome ainda frutos e pólen (GOODWIN & GREENHALL, 1961; ZORTÉA, 2003), e a lista de plantas visitadas para a obtenção de néctar in- clui bombacáceas (FISCHER et al., 1992), cariocaráceas (GRIBEL & HAY, 1993), bromeliáceas (SAZIMA et al., 1995) e passifloráceas (SAZIMA et al., 1999). O padrão reprodutivo de A. geoffroyi foi estudado no cerrado brasileiro por BAUMGARTEN & VIEIRA (1994) e ZORTÉA (2003), tendo ambos os estudos verificado a ocor- rência de monoestria sazonal. O período reprodutivo, entretanto, mostrou-se variável, com picos de lactação ocorrendo tanto na estação seca (BAUMGARTEN & VIEIRA, 1994), quanto na chuvosa (ZORTÉA, 2003). Parece haver segre- gação sexual no uso dos abrigos durante certas partes do ano (WILSON, 1979; BAUMGARTEN & VIEIRA, 1994; BREDT et al., 1999). A. geoffroyi ocorre em todos os biomas bra- sileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998), e tem sido capturada em áreas de mata primária (BROSSET et al., 1996) e secundária (ESBÉRARD, 2003), pomares e áreas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976; PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1986; ESBÉRARD et al., 1996a), e em meio rural (BREDT & UIEDA, 1996) e urbano (BROSSET et al., 1996). Abriga-se em bueiros, túneis e ocos de árvores (REID, 1997; BREDT et al., 1999; LaVAL & RODRÍGUEZ-H., 2002), mas parece ter forte associação com cavidades naturais (GOODWIN & GREENHALL, 1961; ARITA, 1993), onde pode formar colônias de até centenas de indivíduos (TRAJANO, 1984; BREDT et al., 1999). Encontra-se em baixo risco de extinção (IUCN, 2006). Gênero Choeroniscus Thomas, 1928 Em atenção às considerações de SIMMONS & VOSS (1998), C. intermedius é trata- da aqui como sinônimo júnior de C. minor. Três espécies são, então, reconhecidas: C. godmani (Thomas, 1903), C. minor (Peters, 1868) e C. periosus Handley, 1966. Dessas, apenas a segunda tem registro para o Brasil. Choeroniscus minor (Peters, 1868) Essa espécie tem o Suriname como loca- lidade-tipo e já foi encontrada nas Guianas, Venezuela, Trinidad, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia (SIMMONS, 2005). No Brasil há registro para o AC, AM, BA, ES, GO, MG, MT, PA, PE, RO e RR (ESBÉRARD et al., 2005; TAVARES et al., no prelo). Trata-se de morcego relativamente peque- no, com marcado dimorfismo sexual de tamanho. Nos machos, o comprimento total (cabeça, corpo e cauda) pode variar entre 61 e 68 mm, cauda de 6 a 9 mm e antebraço de 28,6 a 35,7 mm (GENOWAYS et al., 1973; AGUIAR et al., 1995; SIMMONS & VOSS, 1998). Nas fêmeas essas mesmas características medem, respectivamente, de 56 a 71 mm, 4 a 11 mm e 26,5 a 38,4 mm (GENOWAYS et al., 1973; SIMMONS & VOSS, 1998). Quanto ao peso, machos podem variar en- tre 7 e 8,8 g e fêmeas entre 8 e 12 g (SIMMONS & VOSS, 1998). Machos coletados no sudeste do Brasil são consistentemente menores que os pro- cedentes da Amazônia (AGUIAR et al., 1995). O 49 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Capítulo 04 - Subfamília Glossophaginae focinho é longo e estreito e a pelagem é marrom- escura. Os pêlos dorsais são bicoloridos, com a base mais clara (SANBORN, 1943; SOLMSEN, 1998). A asa se insere ao nível dos pés, entre o tornozelo e a base dos dedos. A cauda é curta e a membrana interfemural bem desenvolvida, alcan- çando, em sua porção mediana, o nível dos torno- zelos (HUSSON, 1962; SOLMSEN, 1998). Es- pécie similar a S. ega, da qual pode ser separada por sua coloração mais clara e pelo tamanho rela- tivo das falanges do polegar: distal e proximal apro- ximadamente iguais em C. minor vs. parte distal (não inclusa na membrana) mais longa que a proximal em S. ega (EMMONS & FEER, 1990). Assim como em Anoura, os incisivos in- feriores estão ausentes e os superiores são dimi- nutos e estão deslocados lateralmente. Essa espécie se alimenta de néctar, pó- len, insetos e, possivelmente, frutos macios e su- culentos (GOODWIN & GREENHALL, 1961; GARDNER, 1977a; AGUIAR et al., 1995). Dados obtidos em área de Mata Atlântica sugerem concen- tração da atividade de forrageio nas primeiras horas da noite (AGUIAR & MARINHO-FILHO, 2004). Quanto à re- produção, há registro de uma fêmea lactante carregando filhote em dezembro na Colôm- bia (TAMSITT et al., 1965), e de duas fême- as grávidas em junho no Peru, com nasci- mentos provavelmen- te tendo ocorrido du- rante a estação seca (GRAHAM, 1987). C. minor tem ampla distribuição na Amazônia (VOSS & EMMONS, 1996) e na Mata Atlântica (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; AGUIAR et al., 1995; SOUSA et al., 2004), e recentemente foi reporta- da para o Cerrado (ESBÉRARD et al., 2005). Tem sido capturada em áreas de mata primária e secun- dária (REIS & PERACCHI, 1987; AGUIAR et al., 1995), savana amazônica (BERNARD & FENTON, 2002), plantação de cacau sob vege- tação nativa (FARIA, 2006), pomar em área aber- ta associada a floresta (HANDLEY-JR, 1976) e em meio urbano (BROSSET et al., 1996). No Cer- rado, foi capturada em área de mata ciliar (ESBÉRARD et al., 2005). Abriga-se em cavernas (ESBÉRARD et al., 2005), bueiros (TAMSITT et al., 1965) e sob troncos de árvores caídas (GOODWIN & GREENHALL, 1961; SIMMONS & VOSS, 1998). Adicionalmente, um espécime foi encontrado sob banco erodido no leito de um riacho seco (SIMMONS & VOSS, 1998). Pode haver formação de pequenos grupos (ca. cin- co indivíduos) e também a ocorrência de indiví- duos se abrigando solitariamente (SIMMONS & VOSS, 1998). Encontra-se em baixo risco de extinção (IUCN, 2006). Choeroniscus minor (Foto: Fábio Falcão). Morcegos do Brasil Família Phyllostomidae Cap. 04 Subfamília Glossophaginae Tribo Glossophagini Gênero Choeroniscus
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