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GUIA APTIDAO A URBANIZACAO SOUZA E SOBREIRA 2014.compressed

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GUIA PARA ELABORAÇÃO 
DE CARTAS GEOTÉCNICAS 
DE APTIDÃO À 
URBANIZAÇÃO FRENTE AOS 
DESASTRES NATURAIS 
Leonardo Andrade de Souza
Frederico Garcia Sobreira 
ESTUDO DE CASO DE OURO PRETO – 2013
2 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Autores:Leonardo Andrade de Souza
Engenheiro Geólogo, Doutorando do Programa de 
Pós-Graduação em Geotecnia; Escola de Minas/UFOP. 
Diretor da Empresa Zemlya Consultoria e Serviços.
Frederico Garcia Sobreira 
Professor Associado, Departamento de Engenharia 
Ambiental/ Programa de Pós-Graduação em 
Geotecnia; Escola de Minas/UFOP.
FOTOGRAFIA:
LEONARDO ANDRADE DE SOUZA
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
CARLOS EDUARDO PELICELI DA SILVA
Souza, L. A.; Sobreira, F. G.
 Título: Guia para elaboração de cartas 
 geotécnicas de aptidão à urbanização frente 
 aos desastres naturais / Leonardo Andrade de 
 Souza e Frederico Garcia Sobreira, 2014
 68 pag., il. 210x297mm
 inclui ilustrações 
 Prefixo Editorial: 917793
 Número ISBN: 978-85-917793-0-7
1.Cartografia Geotécnica. 2. Planejamento Urbano. 
3. Aptidão a Urbanização. 4. Ouro Preto.
- 1GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
1a Edição
Brasília, Distrito Federal
Leonardo Andrade de Souza
2014
GUIA PARA ELABORAÇÃO 
DE CARTAS GEOTÉCNICAS 
DE APTIDÃO À 
URBANIZAÇÃO FRENTE AOS 
DESASTRES NATURAIS 
Leonardo Andrade de Souza
Frederico Garcia Sobreira 
ESTUDO DE CASO DE OURO PRETO – 2013
GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS2 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
- 3GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
APRESENTAÇÃO
Este Guia é um dos produtos e parte integrante das atividades realizadas no âmbito do 
projeto “Elaboração de Cartas Geotécnicas de Aptidão à Urbanização Frente aos Desastres 
Naturais no Município de Ouro Preto, MG”, envolvendo uma sub-bacia hidrográfica localizada 
na periferia do distrito sede, de onde foi escolhida uma área de 86 ha para desenvolvimento 
do trabalho em escala de projeto urbanístico (1:5.000). O estudo foi realizado através 
de uma parceria entre a Universidade Federal de Ouro Preto e o Ministério das Cidades, 
visando a discussão de conceitos, desenvolvimento de metodologias e procedimentos para 
a elaboração de cartas geotécnicas nas escalas de planejamento e de projeto com suas 
respectivas diretrizes. 
A metodologia proposta tem por objetivo a geração de produtos cartográficos que possam dar 
subsídio técnico para planos diretores municipais e novos projetos de parcelamento do solo, 
incorporando diretrizes voltadas para a prevenção dos desastres naturais, especialmente 
aqueles associados a deslizamentos em encostas, temática abordada neste guia.
O presente relato descreve de maneira sucinta e didática os procedimentos e materiais 
utilizados e gerados no desenvolvimento do estudo na área piloto, aqui abordados de maneira 
generalizada para servir como elemento orientador de outros trabalhos semelhantes. No 
entanto, reconhecendo a grande diversidade de ambientes geológicos e geomorfológicos do 
território brasileiro, as orientações aqui contidas devem ser adaptadas ou mesmo modificadas 
conforme a área que está se estudando e seu contexto geomorfológico e geológico-geotécnico.
Como a sub-bacia analisada no projeto piloto localiza-se nas cabeceiras do Ribeirão do 
Carmo, os problemas relacionados aos processos hidrológicos são restritos a pequenas áreas 
e não foram abordados detalhadamente, servindo este guia principalmente para enfoque de 
problemas relacionados a encostas (movimentos de massa e erosão). 
A descrição do trabalho desenvolvido em Ouro Preto é apresentada ao final do texto como 
exemplo de aplicação para o contexto do Quadrilátero Ferrífero (rochas metamórficas de 
baixo grau deformadas e alteradas superficialmente). 
- 3GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
SUmáRIO
APRESENTAÇÃO 3 1. INTRODUÇÃO 8 2 CONCEITUAÇÃO 10
2.1. Cartografia Geotécnica 10
2.2. Cartas de aptidão à 
urbanização 11
2.3. Método de Detalhamento 
Progressivo 13
5. REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 60
3. PROCEDIMENTOS 
PARA ELABORAÇÃO DAS 
CARTAS DE APTIDÃO A 
URBANIZAÇÃO 14
3.1 Etapa 1 - Modelo inicial 
orientador 17
3.2 Etapa 2 – Inventário de dados 
e organização das informações em 
ambiente SIG 19
3.3 Etapa 3 - Interpretação dos 
dados e geração de produtos 
cartográficos derivados 19
3.4 Etapa 4 – Integração dos dados e 
diagnóstico do meio físico 24
Para Movimentos Gravitacionais 
de Massa: 24
3.5 Etapa 5 – Análises das 
suscetibilidades e elaboração da 
carta síntese 25
3.6. Etapa 6 – Determinação 
de área de interesse para 
a escala de detalhe 33
3.7 Etapa 7 - Geração de dados
na escala de detalhe 35
Para Movimentos Gravitacionais 
de Massa: 35
Para os Processos de 
Inundação 42
3.8 Etapa 8 – Carta preliminar 
e investigações geotécnicas de 
campo e laboratório 44
3.9. Etapa 9 – Carta Geotécnica de 
Aptidão à Urbanização 47
4. CONCLUSÕES 59
FIGURAS
6 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 1 - Cartas geotécnicas e aplicação em práticas 
de planejamento urbano e ordenamento territorial. 14
Figura 2 - Etapas para elaboração da carta de aptidão a urbanização. 18
Figura 3 - Sistemática para reconhecimento preliminar da área de estudo. 20
Figura 4 - Carta geomorfológica da sede do municípiode Mariana - MG. 23
Figura 5 - Mapa geomorfológico da bacia do rio Maracujá (Ouro Preto - MG). 24
Figura 6 - Procedimentos para a elaboração análise da suscetibilidade. 29
Figura 7 - Exemplo de integração das suscetibilidades para escolha da área
de interesse para expansão urbana do município de Itajubá - MG. 30
Figura 8 - Integração das suscetibilidades na unidade morfodinâmica de interesse em 
Ouro Preto – MG e delimitação da área para análise de aptidão a urbanização. 32
Figura 9 - Fluxograma para determinação da área para os estudos em escala >1:10.000. 34
Figura 10 - Carta de declividade gerada em escala 1:5.000 . 40
Figura 11 - Exemplo de adaptação de mapa geológico para escala de detalhe. 4 2
Figura 12 - Procedimentos para determinação das classes de aptidão a urbanização. 50
Figura 13 - Carta de Aptidão à Urbanização elaborada em área de Ouro Preto - MG. 52
QUADROS
- 7GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Quadro 1 – Descrição da Caracterização Geotécnica das Unidades de Terreno. 54
Quadro 2 - Processos Geodinâmicos e suscetibilidade de ocorrência nas Unidades de Terreno. 56
Quadro 3 – Descrição das indicações de uso para as Unidades de Terreno identificadas. 58
8 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
1. INTRODUÇÃO
Os desastres naturais afetam indistintamente toda a 
humanidade gerando inevitavelmente um sem número 
de vítimas e prejuízos econômicos. A conjunção entre 
especificidades do substrato geológico, características 
geomorfológicas, eventos climáticos e aumento expressivo 
da urbanização tem levado a situações críticas por todo o 
planeta. Uma simples leitura de um jornal diário sempre 
mostra que algum evento ocorreu ou está para ocorrer, seja 
ele deslizamento, inundação, enxurradas, etc.. No Brasil não 
é diferente, sendo que o histórico brasileiro de crescimento 
desordenado nas últimas décadas, e atuais taxas de 
urbanização acima de 80%, só corroboram para o incremento 
da vulnerabilidade de pessoas, infraestruturae instalações 
tornando a questão da prevenção de desastres e acidentes de 
natureza geológica e hidrológica um dos maiores problemas 
nacionais, tanto pelas perdas de vida frequentes, como pelos 
danos e prejuízos causados à sociedade e ao Estado. 
Os cenários de calamidade relacionados aos eventos mais 
recentes ocorridos no País, em especial as inundações e 
movimentos de massa em novembro de 2008 e setembro de 
2011 no Vale do Itajaí em Santa Catarina, as enxurradas de 
junho de 2010 na região Nordeste, o megadesastre ocorrido na 
região serrana do Rio de Janeiro em 2011, as inundações na zona 
da mata mineira em 2012, as inundações em dezembro de 2013 
no Espírito Santo, e as cheias da Região Norte, entre outros, 
têm mostrado a urgente necessidade de desenvolvimento de 
instrumentos eficazes para a prevenção de riscos.
A partir destas premissas, as diretrizes para a elaboração deste 
Guia têm como ponto de partida a Lei 12.608/12, que Instituiu a 
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC e abrange 
as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e 
- 9GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
recuperação voltadas à proteção e defesa civil. Esta Lei delegou 
competências à União de apoiar os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios no mapeamento das áreas de risco, nos estudos 
de identificação de ameaças, suscetibilidades, vulnerabilidades 
e risco de desastres e nas demais ações de prevenção, mitigação, 
preparação, resposta e recuperação.
Em complementação às ações do Governo no âmbito da 
prevenção de desastres naturais foi lançado em 08/08/2012, 
o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres 
Naturais. O objetivo do plano é prevenir tragédias em regiões 
atingidas por desastres naturais e fenômenos climáticos, por 
meio de um conjunto de ações, compostas por quatro eixos de 
atuação: Eixo Prevenção, com obras estruturantes nas regiões 
prioritárias; Eixo Mapeamento, com o mapeamento das áreas 
de risco; Eixo Resposta, com ações estruturadas de preparação 
e resposta à ocorrência de desastres; e Eixo Sistema de 
Monitoramento e Alerta, com ações de estruturação da rede 
de monitoramento, previsão e alerta.
No eixo Mapeamento, o Ministério das Cidades é o responsável 
pelo apoio aos municípios para a elaboração de cartas 
de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais, 
instrumento de planejamento urbano que visa fornecer 
subsídios para que os novos projetos de parcelamento do 
solo incorporem diretrizes voltadas para a prevenção dos 
desastres naturais, especialmente aqueles associados a 
deslizamentos de encostas, enxurradas, corridas de massas, 
inundações e processos hidrológicos e geológicos correlatos. 
Este apoio se dá no âmbito da Ação 20NN - Ação Planejamento 
e Monitoramento da Ocupação Urbana em Áreas Suscetíveis 
a Inundações, Enxurradas e Deslizamentos do Programa de 
Gestão de Riscos e Resposta a Desastres.
10 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
2 CONCEITUAÇÃO
2.1. CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA
O termo cartografia geotécnica é empregado de uma forma 
genérica para aqueles produtos cartográficos que expressam a 
prática do conhecimento geológico aplicado para enfrentar os 
problemas gerados pelo uso e ocupação do solo (Prandini et al. 
1995) ou que busquem avaliar e retratar as características dos 
componentes e os comportamentos do meio físico frente aos 
diferentes tipos de ocupação, avaliando suas limitações e seus 
potenciais (Zuquette, 1993). Cerri (1990) afirma que as cartas 
geotécnicas devem mostrar a distribuição dos diferentes tipos 
de rochas e solos e suas propriedades geológico-geotécnicas, 
as formas de relevo e a dinâmica dos principais processos 
atuantes e o reflexo destes (naturais e induzidos) nas formas 
do uso e ocupação do solo. Freitas (2000) considera “a 
carta geotécnica como produto resultante da necessidade 
de caracterização dos terrenos, comprometido com uma 
intervenção ou solução para uso e ocupação do solo”, levando 
em conta atributos ou parâmetros de seus componentes 
físicos, os quais induzem ou condicionam o desenvolvimento 
de processos e fenômenos responsáveis pela dinâmica da 
crosta terrestre.
Cerri (1990) classifica as cartas geotécnicas como cartas 
geotécnicas clássicas, cartas de suscetibilidade e cartas de 
risco. Bittar et al. (1992) defendem a subdivisão em cartas 
geotécnicas dirigidas, cartas geotécnicas convencionais, 
cartas de suscetibilidade e cartas de risco geológico. Prandini 
et al. (1995) e Zaine (2000) classificam as cartas geotécnicas 
em cartas geotécnicas (propriamente ditas), cartas de riscos 
geológicos, cartas de suscetibilidade e cartas de atributos 
ou parâmetros. Apesar dos termos distintos, há uma grande 
similaridade entre os tipos de documentos produzidos.
- 11GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
2.2. CARTAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
A aptidão à urbanização pode ser definida como a capacidade 
dos terrenos para suportar os diferentes usos e práticas 
da engenharia e do urbanismo, com o mínimo de impacto 
possível e com o maior nível de segurança. Sua análise parte 
do mapeamento, caracterização e integração de atributos do 
meio físico que condicionam o comportamento deste frente 
às solicitações existentes ou a serem impostas (implantação 
de infraestrutura e acesso a serviços urbanos, melhorias 
habitacionais, reparcelamento do solo, consolidações 
geotécnicas, regularização fundiária e programas de 
desenvolvimento comunitário, etc.). 
As cartas de aptidão à urbanização em escala de projeto 
(>1:10.000) enquadram-se no conceito de cartas geotécnicas 
propriamente ditas, clássicas ou convencionais. Estas cartas 
devem ser entendidas como uma parte fundamental de uma 
abordagem integrada dos diagnósticos dos eixos físico-
ambiental, jurídico-legal e socioeconômico-organizativo 
das áreas destinadas à expansão urbana, onde as análises 
para alcançar os objetivos principais devem ser executadas 
em escala de detalhe e com suporte de dados quantitativos 
sempre que possível ou necessário. O resultado deve estar 
representado cartograficamente de forma direta para os 
usuários (públicos e privados), indicando as potencialidades e 
restrições das áreas no perímetro urbano dos municípios e em 
zonas de futura ocupação quanto à urbanização.
GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS12 -
2.3. mÉTODO DE DETALhAmENTO PROGRESSIvO
Cerri et al. (1996) propuseram o método do detalhamento progressivo com o desenvolvimento 
do mapeamento geológico-geotécnico em três grandes etapas, ou seja, em fases sucessivas, de 
modo que cada fase determina os temas técnicos e o nível de aprofundamento necessário ao 
desenvolvimento da fase subsequente. Zaine (2000) denominou as etapas como: a) geral, com 
escala entre 1:50.000 e 1:25.000, abordando principalmente a caracterização do meio físico; 
b) intermediária, em escala entre 1:25.000 e 1:10.000, para áreas de adensamento e/ou de 
expansão urbana, selecionadas a partir do mapa geológico-geotécnico regional e; c) de detalhe, 
em escalas maiores que 1:1.000, a partir da identificação de eventuais problemas geológico-
geotécnicos selecionados na escala 1:10.000, como suporte a projetos de obras de engenharia 
para sanar problemas já instalados ou para a implantação de novos empreendimentos. 
Sobreira e Souza (2012) propõem que o modelo do detalhamento progressivo seja seguido 
também em práticas de planejamento e ordenamento urbano, com os níveis hierárquicos 
representados pela suscetibilidade (geral), aptidão à urbanização (semi-detalhe ou 
intermediário) e risco (detalhe) (Figura 1).
Figura 1 - Cartas geotécnicas e aplicação empráticas de planejamento urbano e ordenamento territorial.
> 1:25.000
ESCALA
> 1:10.000
ESCALA
> 1:2.000
ESCALA
ORDENAMENTO
TERRITORIAL
PLANEJAMENTO URBANO
PLANOS DIRETORES
PLANEJAMENTO URBANO
PREVENÇÃO E EMERGÊNCIA
CARTAS GEOTÉCNICAS DETALHAMENTO PROGRESSIVO
CARTAS
GEOTÉCNICAS
DE RISCO
CARTAS
GEOTÉCNICAS DE
SUSCETIBILIDADE
CARTAS
GEOTÉCNICAS DE
APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
- 13GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
No detalhamento progressivo, assim como variam as escalas dos níveis hierárquicos, os 
objetivos também apontam para níveis cada vez de maior detalhe. Assim, para cartografia de 
suscetibilidades a processos geológicos e hidrológicos considera-se que escalas menores que 
1:25.000 não possuem precisão gráfica para elaboração de modelos algébricos quantitativos 
ou qualitativos para serem aplicados para fins de planejamento urbano e trazem um grau de 
incerteza maior quanto à delimitação das unidades e representação de processos pontuais. 
Já as análises de aptidão à urbanização são muito mais precisas quando representadas na 
escala 1:5.000 e maiores, mas podem em alguns casos ter escalas de até 1:10.000. Neste nível, 
deve ser grande o rigor na representação dos limites das unidades e dos processos potenciais 
ou ocorrentes. No nível de detalhe, análise de riscos, a menor escala admissível é de 1:2.000, 
pois neste caso o estudo abrange pequenas áreas e deve-se trabalhar buscando soluções para 
as situações de risco num nível conceitual ou, se possível de suporte a projetos (básico e 
executivo).
14 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
3. PROCEDImENTOS PARA ELABORAÇÃO DAS 
CARTAS DE APTIDÃO A URBANIZAÇÃO
A proposta metodológica deste guia em relação a análise da 
aptidão à urbanização envolve dois níveis hierárquicos de 
detalhamento progressivo (escalas 1:25.000 e 1:5.000). No caso 
das cartas em escala 1:25.000 (planejamento), o produto final 
é a síntese das suscetibilidades aos processos naturais ou 
induzidos (movimentos de massa e/ou eventos destrutivos de 
natureza hidrológica) associadas às condições geomorfológicas 
e geotécnicas dos terrenos, enquanto no nível de detalhe ou 
projeto o produto final é uma carta geotécnica de aptidão à 
urbanização propriamente dita, levando em consideração as 
condições geotécnicas, geomorfológicas e possibilidade de 
ocorrência de eventos, com orientações detalhadas quanto 
às formas de ocupação. A delimitação cartográfica se faz 
a partir do conhecimento dos mecanismos dos processos 
geodinâmicos considerados e das características do meio 
físico, condicionantes e indutoras de seu desenvolvimento 
(Freitas, 2000).
Uma análise de suscetibilidade estabelece a indicação de áreas 
mais adequadas para a ocupação e outras com restrições, 
mas a escala de análise não permite o detalhamento que se 
deve ter na orientação da ocupação urbana. Desta forma, em 
uma análise em maior detalhe, nem toda extensão de uma 
área considerada como de baixa suscetibilidade a deflagração 
de processos geológico e/ou hidrológicos está isenta de 
problemas de ordem geotécnica, assim como nem toda 
área com maior suscetibilidade a algum processo apresenta 
situações críticas em toda sua extensão que impeçam sua 
utilização para fins de ocupação.
Assim sendo, o instrumento cartográfico para dar suporte ao 
uso e ocupação urbana é a carta de aptidão à urbanização 
na escala de projeto urbanístico, que deve trazer informações 
- 15GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
sobre os aspectos geológicos e geomorfológicos locais, 
correlacionando as características do meio físico e os 
processos geodinâmicos que podem ocorrer, sejam de causa 
natural, sejam induzidos pela forma de ocupação, de forma 
a delimitar unidades quanto aos seus comportamentos 
geotécnicos frente à ocupação urbana, gerando unidades de 
aptidão ao uso urbano. O objetivo final deve sempre buscar 
a definição das áreas que são passíveis de ocupação, desde 
que sejam seguidos os critérios técnicos estabelecidos 
para este fim, mas também, as áreas que pelas avaliações 
geológico-geotécnicas possuem baixa ou inexistente aptidão 
a urbanização. Em qualquer situação, estas cartas devem 
sempre indicar as restrições legais e aquelas relacionadas ao 
meio físico existentes. 
O procedimento aqui proposto para a cartografia da aptidão 
à urbanização estabeleceu nove etapas distintas de trabalho, 
que foram executadas sequencialmente, uma vez que o 
desenvolvimento de uma etapa depende quase sempre das 
anteriores (Figura 2):
GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS16 -
Figura 2 - Etapas para elaboração da carta de aptidão a urbanização.
DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE INTERESSE PARA AS AVALIAÇÕES NA ESCALADE 1:10.000 OU MAIOR
GERAÇÃO DE DADOS NA ESCALA DE DETALHE
ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES NAS
ESCALAS DE DETALHE EM AMBIENTE GIS
INTERPRETAÇÃO DOS DADOS E GERAÇÃO DE
PRODUTOS CARTOGRÁFICOS DERIVADOS
INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS DE CAMPO
INTEGRAÇÃO DE DADOS E DIAGNÓSTICO
CARTA GEOTÉCNICA DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
SONDAGENS GEOFÍSICA ENSAIOS DE LABORATÓRIO
6
TRABALHOS DE CAMPO PARA VERIFICAÇÃO DOS DADOS
ELABORAÇÃO DA CARTA SÍNTESE DE SUSCETIBILIDADE
MODELO INICIAL ORIENTADOR
INVENTÁRIO DE DADOS E ORGANIZAÇÃO DAS
INFORMAÇÕES NAS ESCALAS DISPONÍVEIS EM AMBIENTE GIS
INTERPRETAÇÃO DOS DADOS E GERAÇÃO DE
PRODUTOS CARTOGRÁFICOS DERIVADOS
INTEGRAÇÃO DE DADOS E DIAGNÓSTICO
1
CARTA DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO - ETAPAS
2
3
4
5
ANÁLISE DE
SUSCETIBILIDADE
A PROCESSOS
GEODINÂMICOS
APLICAÇÃO DA
LEGISLAÇÃO
EM VIGOR
• DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE
• UNIDADE MORFODINÂMICA DE INTERESSE DO PROJETO (UMIP)
TRABALHOS DE CAMPO
VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS COM TRABALHOS DE CAMPO
7
8
9
BAIXA A INEXISTENTE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
MÉDIA APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
ALTA APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
- 17GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Este procedimento geral, no entanto, pode 
ter sua sequência reduzida ou alterada 
dependendo do tamanho do território 
municipal, do nível de planejamento do 
município a ser mapeado, da escala da base 
de dados cartográficos e conhecimento 
prévio da existência ou não de zonas de 
expansão urbana propostas, bem como a 
extensão destas. Há casos em que existem 
áreas pré-determinadas pelo plano diretor, 
que já podem ser estudadas no nível de 
detalhe (Etapa 7). Por outras vezes, as áreas 
destinadas à expansão urbana pelos planos 
diretores podem ser muito extensas e sem 
detalhamento, e/ou pulverizadas pelo 
território municipal, devendo passar por uma 
análise prévia de suscetibilidades (Etapa 5) 
em escala menor (1:25.000) para determinar as 
zonas com maior potencial para a ocupação, 
que então seriam detalhadas em escalas 
maiores que 1:10.000 (Etapa 7). Há ainda 
municípios que já têm estudos prévios de 
suscetibilidades a processos geodinâmicos, 
que substituem as seis primeiras etapas, 
o que seria mais adequado na ótica do 
detalhamento progressivo. 
No caso de municípios que não têm 
zoneamentos indicando áreas para expansão 
urbana, deve-se proceder a sequência 
de atividades desde os primeiros passos, 
com análise mais geral (suscetibilidades), 
determinação das áreas com maior 
potencial e seu posterior detalhamento, com 
mapeamento integrado e investigações de 
campo e laboratório. Entretanto, dependendo 
da dimensão da área ocupada e não ocupada, 
da população municipal, sem se esquecer 
da tipologia do processo geodinâmico em 
questão, esta análise pode ser feita ainda para 
menores porções territoriais de um município 
(um distrito,localidade) ou em uma região 
determinada (uma sub-bacia ou uma unidade 
morfológica de interesse), selecionando 
várias áreas, no primeiro caso, ou uma área 
específica na segunda hipótese.
A seguir estão descritas as etapas propostas 
para elaboração das cartas de aptidão e suas 
especificidades.
3.1 ETAPA 1 - mODELO INICIAL ORIENTADOR
O reconhecimento preliminar da área de estudo (área de expansão urbana definidas no PDM, 
município e áreas ocupadas, bacia hidrográfica, etc.), deve ser feito a partir de trabalhos de 
campo, para que se possa construir um modelo inicial orientador, de forma a subsidiar tanto 
a definição dos processos geodinâmicos a serem estudados/cartografados e suas respectivas 
metodologias de abordagem, quanto a logística de trabalho para geração de dados das etapas 
posteriores (Figura 3). 
GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS18 -
Figura 3 - Sistemática para reconhecimento preliminar da área de estudo.
Nesta etapa inicia-se a definição das áreas de interesse do trabalho que expressam unidades 
do território com um comportamento independente das unidades adjacentes (divisores de 
águas, linhas de drenagem ou expressões geomorfológicas), aqui denominadas Unidades 
Morfodinâmicas de Interesse do Projeto (UMIP). 
Ainda nesta etapa algumas questões já devem ser esclarecidas, tais como que informações 
existem sobre a área, as escalas das bases disponíveis e suas limitações, os processos 
geodinâmicos que deverão ser estudados, o tempo para execução do trabalho e que informações 
terão que ser geradas, considerando os processos geodinâmicos identificados.
RECONHECIMENTO INICIAL DA ÁREA
AVALIAÇÃO DA
INFRAESTRUTURA EXISTENTE
E CONDIÇÕES DE ACESSO
RECONHECIMENTO
PRELIMINAR DO MEIO FÍSICO
(GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA
E USO DO SOLO)
RECONHECIMENTO INICIAL
DOS PROCESSOS
GEODINÂMICOS JÁ
DEFLAGRADOS E/OU
RECORRENTES
MODELO INICIAL
ORIENTADOR
- 19GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
3.2 ETAPA 2 – INvENTáRIO DE DADOS E ORGANIZAÇÃO DAS 
INFORmAÇõES Em AmBIENTE SIG
O inventário de dados deve recolher todas as informações textuais, numéricas e cartográficas 
existentes. Os dados cartográficos existentes sobre a região devem ser organizados a partir 
de uma conformação em camadas funcionais (shapes ou layers) em ambiente de sistemas de 
informações geográficas, sendo a estas camadas ligadas as demais informações alfanuméricas. 
Nesta etapa, as seguintes informações básicas mínimas de entrada devem compor o projeto: 
• Fotografias aéreas, ortofotos e/ou imagens orbitais com resolução compatível com as 
escalas de trabalho.
• Base topográfica preliminar na escala 1:25.000 ou maior, com hidrografia e vias de acessos 
principais e secundários. 
• Mapa geológico na maior escala disponível.
3.3 ETAPA 3 - INTERPRETAÇÃO DOS DADOS E GERAÇÃO DE 
PRODUTOS CARTOGRáFICOS DERIvADOS 
Com base nas informações básicas 
supracitadas, outras bases cartográficas 
podem ser geradas a partir da interpretação 
de imagens, processamento de dados em 
sistemas de informação e, por vezes, com 
trabalhos complementares de campo para 
sua geração e validação:
• Representação das bacias de contribuição.
• Mapa geomorfológico preliminar 
(unidades morfodinâmicas).
• Mapa litoestrutural em escala compatível 
(1:25.000).
• Mapa de materiais inconsolidados. 
• Mapa de inventário de cicatrizes de 
deslizamento. 
• Inventário de áreas com histórico de 
atingimento por processos hidrológicos.
A partir do mapa topográfico na escala 1:25.000 
é possível a elaboração do modelo digital 
20 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
do terreno, além de análises morfométricas 
importantes (declives, concentração e 
fluxo, curvatura das encostas, hipsometria, 
relevo sombreado entre outros.). A carta de 
declividades deve ter intervalos de classes 
flexíveis, conforme o relevo predominante 
e sua influência nos processos ocorrentes, 
mas nunca deve exceder 6 classes, tanto pela 
limitação da escala, como pelo detalhamento 
desnecessário para o nível da análise. A 
delimitação das bacias de contribuição e 
dos padrões de relevo a partir da análise 
de perfis topográficos possibilita a definição 
das unidades morfodinâmicas e a análise 
preliminar da predisposição à ocorrência de 
processos geodinâmicos locais, que deverá 
ser associada posteriormente aos inventários 
de movimentos de massa e de processos de 
inundação.
O mapa geomorfológico pode ser obtido por 
interpretação de fotografias aéreas, modelos 
digitais de terreno e trabalhos de campo ou 
por processamento digital em plataforma 
SIG com base nos atributos morfométricos, 
com posterior validação em campo. No 
primeiro caso, o resultado final tem grande 
dependência do conhecimento especialista 
da equipe ou pelo nível de informações que 
se tem da área de estudo, principalmente no 
que se refere á determinação das unidades 
com relação aos processos potenciais. Desta 
forma, a abordagem geomorfológica tem um 
caráter de análise integrada, com a associação 
de outros aspectos do meio físico às formas 
de relevo. A Figura 4 ilustra o exemplo de 
uma carta geomorfológica gerada por este 
procedimento.
No caso da geração automática, existem 
diversas propostas metodológicas que podem 
ser seguidas como, por exemplo, a designação 
do relevo adotada por Ponçano et al. (1979), 
que classifica os terrenos em cinco unidades 
de relevo a partir do cruzamento da amplitude 
com a declividade. A Figura 5 mostra um 
mapa geomorfológico elaborado por este 
procedimento, que tem como base os limites 
de 100 m e 15% (8,5°), que podem ser alterados 
de forma a representar mais adequadamente 
a morfologia da área de estudo.
A amplitude local pode ser obtida pela 
aplicação do algoritmo HAND - Height Above 
the Nearest Drainage, por exemplo, que 
permite a normalização da topografia em 
relação aos cursos d’água mais próximos, ou 
seja, a elevação indicada no modelo não faz 
referência ao nível do mar e sim ao ponto da 
rede de drenagem mais próximo (Rennó et al., 
2008; Nobre et al., 2011). 
- 21GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 4 - Carta geomorfológica da sede do município de Mariana - MG. (Fonte: Souza, 2004).
22 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 5 - Mapa geomorfológico da bacia do rio Maracujá (Ouro Preto - MG).
- 23GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
A base geológica deve ser traduzida em 
um mapa litoestrutural. Esta informação é 
importante na identificação dos principais 
lineamentos e estruturas que podem 
condicionar movimentos de massa em 
encostas, fluxos superficiais e corridas de 
detritos/solo passíveis de ocorrência nesta 
escala. Devem ser adicionadas a esta base as 
planícies de inundação recentes e depósitos 
de cobertura que sejam representativos 
nesta escala (depósitos de tálus, colúvios, 
canga, laterita, etc.). As unidades geológicas 
devem ser reclassificadas conforme seu 
comportamento geotécnico perante os 
processos predominantes. 
Nem sempre é possível a geração de um mapa 
de cobertura ou de materiais inconsolidados 
(solos residuais e transportados) pela falta 
de bases pedológicas mais detalhadas e pela 
demanda de tempo que um levantamento 
deste exige. Assim, as informações sobre 
solos devem ser obtidas indiretamente por 
interpretação de imagens ou por meio de 
observações de campo, muitas vezes não 
compondo um mapa propriamente dito. 
Sempre que possível é desejável a estimativa 
das espessuras de solos, mesmo que 
localmente.A análise dos processos geodinâmicos deve ser 
feita nesta etapa e escala, predominantemente 
por trabalhos de interpretação de imagens, 
mas apoiadas, também, por trabalhos de 
campo, com o reconhecimento de feições 
indicativas de movimentos de massa e 
eventos destrutivos de natureza hidrológica, 
abrangendo o local de ocorrência dos mesmos, 
a classificação dos processos, a interferência 
antrópica se existir, e quando possível 
o estado de atividade. A localização das 
cicatrizes em relação ás unidades dos outros 
mapas temáticos é um importante indicador 
do comportamento daquelas frente aos 
processos naturais mesmo não sendo possível 
associar os processo diretamente aos eventos 
causadores, bem como a superposição dos 
mesmos.
24 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
3.4 ETAPA 4 – INTEGRAÇÃO DOS DADOS E DIAGNóSTICO DO 
mEIO FíSICO
A integração dos dados inventariados e derivados é a base para o entendimento dos processos 
geodinâmicos predominantes. A análise dos processos geodinâmicos se dá predominantemente 
pela correlação entre a geologia local, as formas do relevo e suas declividades e pelo 
reconhecimento de feições indicativas de movimentos de massa e eventos destrutivos de 
natureza hidrológica, sempre suportada por trabalhos de campo. No entanto a abordagem é 
distinta para os processos em encostas e os de natureza hidrológica, não abordados neste guia.
Para Movimentos Gravitacionais de Massa:
Para os processos relacionados a movimentos de massa, as seguintes informações 
temáticas básicas devem ser consideradas na geração das cartas de suscetibilidade:
Identificação dos agentes/feições potencializadoras de processos: 
• Variação da inclinação ao longo da área, 
• Espessuras de solo e depósitos de cobertura, 
• Relação de contato com o substrato rochoso e respectivas relações de 
permeabilidade, 
• Sistema de famílias de descontinuidades (falhas, superfície de 
estratificação, foliação, diáclase, clivagem de fratura, xistosidade), 
• Concentração do fluxo superficial a partir da análise da rede hidrográfica 
e relação destas com o substrato. A análise da rede de drenagem possibilita 
a determinação do regime de escoamento da área, possíveis pontos de 
estrangulamento dos cursos, zonas que poderiam ficar temporariamente 
saturadas, processos de solapamento das margens, tomando-se como 
base principalmente a geomorfologia e a rede de drenagem.
- 25GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
• Interferência antrópica através da alteração do regime de escoamento 
superficial com a abertura de vias veiculares, geração de aterros lançados 
de grande porte, principalmente em áreas de baixada, alteração do uso 
do solo com a remoção da cobertura vegetal, etc..
• Identificação de indícios de movimentação do terreno: cicatrizes de 
deslizamento, feições erosivas lineares, feições erosivas e de escavação 
nas margens dos cursos d’água, degraus de abatimento, etc..
• Avaliação dos eventos destrutivos potenciais: deslizamentos (de solo 
residual e transportado, rocha, de aterro), erosão, solapamento, queda /
rolamento de blocos rochosos, inundações e enxurradas.
A análise de suscetibilidades a processos 
geodinâmicos pode ser feita por várias 
técnicas, sendo os principais procedimentos 
heurísticos ou empíricos, determinísticos 
e estatísticos. A escolha do procedimento 
mais adequado vai depender da existência 
e qualidade dos dados necessários para as 
análises, do tempo demandado e dos custos 
envolvidos. Neste aspecto, os métodos 
heurísticos ou empíricos levam vantagem 
sobre os outros, apesar do maior grau de 
subjetividade. 
Os métodos determinísticos têm como 
base o uso de modelos matemáticos (fluxos 
hidrológicos, estabilidade de vertentes, etc.) 
em bases físicas como, por exemplo, a utilização 
de modelos de estabilidade de vertentes 
determinando o perigo de deslizamentos a 
partir do cálculo do fator de segurança. Porém, 
este procedimento exige grande quantidade 
de dados de entrada a partir de ensaios de 
campo e laboratório, e pelos prazos e custos 
demandados para seu desenvolvimento, 
têm aplicação geralmente restrita a estudos 
localizados (taludes e encostas específicas) e/
ou em pequenas áreas.
Dentre os métodos que fazem uso de modelos 
estatísticos para correlação entre evento e 
fatores, os mais utilizados são aqueles de 
caráter probabilístico, nos quais se considera 
3.5 ETAPA 5 – ANáLISES DAS SUSCETIBILIDADES E ELABORAÇÃO 
DA CARTA SíNTESE 
26 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
que os fatores que causaram instabilidade no 
passado causarão no futuro. Os resultados 
refletem o histórico de ocorrência em 
função das características condicionantes 
da área atingida. A partir de várias cartas 
temáticas e do inventário de ocorrências é 
feita análise bivariada (cada tema é avaliado 
separadamente em função dos registros 
encontrados) ou multivariada (possibilidade de 
identificação de uma possível autocorrelação 
entre os temas). Estes métodos têm menor 
subjetividade e maior replicabilidade, porém 
dependem da quantidade e qualidade dos 
dados disponíveis.
O mapeamento heurístico pode ser direto, com 
base em levantamentos de campo e mapas de 
inventário e posterior análise indicando áreas 
com potencial de ocorrência, ou indireto, com 
base na integração de dados de vários mapas 
(condicionantes) com atribuição de pesos aos 
temas e notas às unidades. Pode-se ainda 
aplicar ambas abordagens, dependendo dos 
dados disponíveis. Apesar da subjetividade 
dos julgamentos, que exige um bom nível 
de conhecimento especialista ou da área em 
estudo, e do grau de incerteza, estes métodos 
são amplamente utilizados, sendo esta a linha 
seguida neste Guia.
Dessa forma, independe do método utilizado 
para a geração das suscetibilidades aos 
variados processos geodinâmicos propõem-
se aqui que para cada unidade morfodinâmica 
de interesse (UMIP) as suscetibilidades a 
processos geológicos e hidrológicos devem 
ser integradas, sempre que possível, gerando 
um conjunto de informações que permitam a 
elaboração de uma carta sintetizando todos 
os processos em um único documento. A 
Figura 6 ilustra os procedimentos propostos 
nesta análise.
A integração das análises de cada tema 
e sua influência nos processos pode 
ser feita em ambiente de sistemas de 
informações geográficas por vários métodos e 
procedimentos, com a adoção, por exemplo, de 
pesos para os temas e notas para as unidades 
temáticas. No entanto, os resultados devem 
ser sempre validados pelos trabalhos de 
campo e pelo conhecimento especialista da 
equipe. A Figura 7 retrata um exemplo de carta 
síntese de suscetibilidade para a área total 
de um município como subsídio a definição 
de áreas de interesse para expansão urbana. 
Já a Figura 8 retrata um exemplo de carta de 
suscetibilidade a processos geodinâmicos 
da Unidade Morfodinâmica de Interesse do 
Projeto de Ouro Preto - MG.
- 27GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 6 - Procedimentos para a elaboração análise da suscetibilidade.
SUSCETIBILIDADE PROCESSOS GEOLÓGICOS E HIDROLÓGICOS
POTENCIALIZADORES
LITOGOGIA
ESTRUTURAS
SOLOS
DEPÓSITOS
SUPERFICIAIS
ATRIBUTOS
MORFOMÉTRICOS
PERFIL DAS
VERTENTES
NÍVEL
FREÁTICO
ÁREAS DE
INFILTRAÇÃO
CONCENTRAÇÃO
DE FLUXO
AGENTES
INDÍCIOS DE
MOVIMENTAÇÃO
INDÍCIOS DE
ATINGIMENTO
HISTÓRICO DE
PROCESSOS
GEOLÓGICOS
HISTÓRICO DE
PROCESSOS
HIDROLÓGICOS
AMPLITUDE
DO RELEVO
DECLIVIDADE
HIPSOMETRIA
SUSCETIBILIDADE
ALTA
SUSCETIBILIDADE
MÉDIA
ÁREAS
PRIORITÁTIAS
PARA AVALIAÇÃO
DE APTIDÃO À
URBANIZAÇÃOSUSCETIBILIDADEBAIXA À
INEXISTENTE
MATERIAIS
INCONSOLIDADOS
GEOLOGIA
HIDROGEOLOGIA
GEOMORFOLOGIA
INVENTÁRIO
28 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 7 - Exemplo de integração das suscetibilidades para escolha da área 
de interesse para expansão urbana do município de Itajubá - MG.
- 29GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 7 - Exemplo de integração das suscetibilidades para escolha da área 
de interesse para expansão urbana do município de Itajubá - MG.
30 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 8 - Integração das suscetibilidades na unidade morfodinâmica de interesse em 
Ouro Preto – MG e delimitação da área para análise de aptidão a urbanização.
- 31GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
32 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Para cada arcabouço geológico-estrutural 
e os respectivos processos geodinâmicos 
ocorrentes os elementos de análise podem 
ser distintos ou ter pesos diferentes 
conforme sua tipologia. Para deslizamentos 
translacionais a estruturação do substrato 
prevalece, seguida do tipo e características 
do material (solo ou rocha) e a declividade/
inclinação. No caso de quedas e tombamento 
de blocos a estruturação do maciço (famílias 
de descontinuidade e propriedades 
geomecânicas) e a geometria dos taludes 
preponderam sobre o tipo de material. 
Para fenômenos de natureza hidrológica 
(inundações e enxurradas), os principais 
níveis de informação são a geomorfologia, 
inclusive valendo-se de vários parâmetros 
morfométricos da bacia hidrográfica 
(declividade do curso, circularidade das sub-
bacias, densidade de drenagem, grau de 
sinuosidade do curso, etc.) e a geologia, para 
a escala 1:25.000, associando-se a estas para 
a determinação da aptidão a urbanização 
informações na escala de detalhe sobre as 
relações intensidade-duração-frequência 
das chuvas máximas, uso do solo e sobre a 
calha do rio (seções transversais), podendo 
o tipo de material ter maior importância ou 
não (textura dos sedimentos da planície, 
substrato aflorante provocando estreitamento 
da sessão da calha do rio, etc.). 
Se as informações mínimas necessárias para 
a realização de modelagens hidrológicas 
não estiverem disponíveis, a análise da 
suscetibilidade dependerá exclusivamente 
do conhecimento especialista, tomando-
se como base, principalmente, a geologia, 
geomorfologia, hidrogeologia e os níveis 
de atingimento das cheias (inventário) 
ressaltando-se aqui as limitações dos 
resultados em relação a determinação da 
aptidão a urbanização.
- 33GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
3.6. ETAPA 6 – DETERmINAÇÃO DE áREA DE INTERESSE PARA 
A ESCALA DE DETALhE
Figura 9 - Fluxograma para determinação da área para os estudos em escala >1:10.000.
A análise integrada das suscetibilidades aos vários processos é preponderante na definição das 
áreas com menor ou maior potencial para a ocupação urbana, e onde devem ser executados os 
estudos de detalhe. Assim, a integração da suscetibilidade a processos geodinâmicos em um 
único documento, deve subsidiar a determinação das áreas de interesse (Figura 9) conforme 
proposta a seguir.
SUSCETIBILIDADE
BAIXA
SUSCETIBILIDADE
MÉDIA
SUSCETIBILIDADE
A EROSÃO
SUSCETIBILIDADE
A INUNDAÇÃO
SUSCETIBILIDADE
A ENXURRADA
SUSCETIBILIDADE
A MOVIMENTOS
DE MASSA
DETERMINAÇÃO DA ÁREA
PARA ESTUDO DE DETALHE
(1:5.000)
VALIDAÇÃO E AJUSTES DOS
LIMITES DA ÁREA COM
TRABALHOS DE CAMPO
ÁREA MAIS ADEQUADA PARA
AVALIAÇÃO DA APTIDÃO
DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE INTERESSE
34 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
A avaliação da suscetibilidade aos diversos processos em uma unidade morfodinâmica 
possibilita o diagnóstico dos terrenos quanto ao seu potencial para suportar a urbanização 
(ocupação inicial ou consolidação de ocupação pré-existente): 
• setores com características geológico-geotécnicas e geomorfológicas favoráveis à 
urbanização e com pequena possibilidade de desencadeamento de processos geodinâmicos;
• setores nos quais algumas características geológico-geotécnicas e geomorfológicas 
desfavorecem a ocupação, mas que podem ser utilizados mediante intervenções de 
engenharia e práticas de ocupação definidas por estudos mais pormenorizados. 
• setores que por suas características geológico-geotécnicas e geomorfológicas podem 
desencadear ou ser área de atingimento de processos geológicos ou hidrológicos ou de 
suas consequências onde às medidas preventivas e corretivas podem se tornar inviáveis 
pelo alto custo e incerteza do sucesso.
A determinação destas áreas para o estudo de detalhe na escala de projeto (>1:10.000) considera 
a proposta de mapeamento progressivo, na qual as áreas identificadas como de suscetibilidade 
alta na escala 1:25.000 são inicialmente excluídas, ficando as análises de detalhe para as áreas 
de média e baixa suscetibilidade, dentre as quais são selecionadas aquelas em condições mais 
favoráveis, para a progressão dos estudos em escala de detalhe (Figura 8).
Cabe destacar que tal diagnóstico não elimina o uso das áreas de suscetibilidade alta, para 
fins de ocupação, uma vez que nem toda extensão de uma área considerada de média ou baixa 
suscetibilidade está isenta de problemas de ordem geotécnica, assim como nem toda área com 
suscetibilidade alta a algum processo apresenta situações críticas em toda sua extensão. Desta 
forma, a análise de suscetibilidades a processos geológicos e hidrológicos deve ser vista como 
um elemento orientativo de diagnóstico mais geral, servindo de base para o planejamento da 
ocupação do solo, mas não deve ter caráter restritivo ou determinativo de uso definitivo, mesmo 
que toda uma área seja considerada de alta suscetibilidade aos processos em análise. 
Ressalta-se mais uma vez que, para os municípios que já possuírem suas cartas de 
suscetibilidade, a elaboração das cartas de aptidão a urbanização se inicia nesta etapa, com 
a determinação da área de interesse para a geração dos estudos de detalhe. Se as áreas de 
expansão urbana ainda não estiverem sido definidas sugere-se a escolha inicial das áreas com 
menor suscetibilidade. Caso as áreas de expansão urbana já tiverem sido delimitadas e estas 
forem coincidentes as áreas de suscetibilidade alta, devem ser executadas as mesmas análises 
na escala de detalhe propostas neste documento (Etapas 7, 8 e 9).
- 35GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
3.7 ETAPA 7 - GERAÇÃO DE DADOS NA ESCALA DE DETALhE
Esta etapa está diretamente relacionada a coleta, geração e sistematização das informações 
existentes na escala de detalhe proposta, como mapas, fotos e legislação municipal 
relacionada ao planejamento urbano e licenciamento de novos parcelamentos do solo, além 
da pesquisa, análise e sistematização do histórico de ocorrências de movimentos de massa 
e processos hidrológicos. 
Os materiais analógicos devem ser vetorizados e as imagens georreferenciadas em plataforma 
SIG, a exemplo do ocorrido na análise em escala 1:25.000. Caso não haja bases topográficas em 
escala compatível (>1:10.000) para o detalhamento, deve-se proceder o levantamento topográfico 
ou a geração de base topográfica por outro método confiável (aero restituição, etc.). 
Devido aos condicionantes distintos dos processos em encostas e os de natureza hidrológica, 
a abordagem em cada caso tem suas especificidades e objetivos. 
Para Movimentos Gravitacionais de Massa:
A partirda carta topográfica e das imagens disponíveis e/ou geradas, vários 
outros produtos cartográficos podem ser gerados por geoprocessamento, fato 
possibilitado pelas técnicas e procedimentos de análise espacial na plataforma SIG. 
Esta ferramenta, além de ser mais adequado para a integração das informações, 
possibilita a elaboração de uma série de produtos derivados e interpretativos de 
utilidade em análises posteriores, tais como:
• Modelo Digital do Terreno – TIN (visualização 3D);
• Mapa hipsométrico (altitude absoluta);
• Mapa de declividade (inclinação das vertentes);
• Mapa de aspecto (orientação de vertentes);
• Mapa de concentração de fluxo (dinâmica fluvial).
36 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Outros elementos de importância para as análises devem ser derivados de informações 
cartográficas já existentes, trabalhos de campo (mapeamento) e interpretação de imagens e 
fotografias aéreas, tais como:
• Mapa litoestrutural adaptado de escalas menores ou gerado por mapeamento 
(unidades geológicas, lineamentos estruturais, direção e mergulhos de foliações e 
famílias de descontinuidade, etc);
• Mapa de depósitos de cobertura ou de materiais inconsolidados;
• Inventário de processos localizados (deslizamentos, erosões e manchas de inundação 
localizadas);
• Mapa de áreas de proteção permanente, proteção ambiental etc.
O modelo digital de terreno pode ser desenvolvido pela construção de uma malha TIN 
(Triangulated Irregular Network) a partir dos vetores das curvas de nível devidamente cotados. 
Esse modelo é a base para a definição dos diferentes padrões hipsométricos (altitude absoluta), 
geomorfológicos (geoformas) e de declividade (inclinação das vertentes). 
Nesta escala do mapeamento nem sempre há a necessidade de elaboração de uma carta 
geomorfológica, uma vez que as características do relevo podem ser discretizadas em vários 
componentes específicos. Assim, o mapa de declividade é o principal elemento geomorfológico 
nas análises. Porém, vários outros parâmetros geomorfológicos (orientação das vertentes, 
curvatura, concentração de fluxos, etc.) podem ser utilizados em análises mais específicas, 
dependendo do nível de detalhe a que se quer chegar ou de alguma situação particular. 
Pode-se derivar cartas de declividades do modelo digital do terreno (MDT-TIN), compondo uma 
estrutura raster com resolução espacial compatível com a escala de trabalho (>1:10.000). Mais 
uma vez sugere-se que as classes de declividade sejam hierarquizadas em no máximo seis 
faixas, dependendo das características geomorfológicas da área. Recomenda-se que sejam 
aplicados como limites entre as classes de declividades valores constantes em instrumentos 
- 37GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
legais, na literatura técnica ou de uso consagrado, tais como 5% para áreas mais planas, que 
podem sofrer influência direta dos corpos d’água (Dantas, 2010), 30% (17° de inclinação) como 
limite de áreas urbanizáveis sem restrições (Brasil, 1979), 45% (25° de inclinação) como limite 
para áreas com restrições à ocupação (Brasil, 1965; Cunha, 1991; Marsh, 1978) e 100% (45° de 
inclinação), para áreas de preservação permanente (Brasil, 2012). A Figura 10 retrata uma carta 
de declividade com os limites das unidades dentro da sugestão a seguir: 
• 0° a 5° → Englobam terraços fluviais e planícies de inundação e topos de morro 
aplainados. 
• 5° a 15/17° → Áreas onde a inclinação das encostas não significa grande empecilho 
à ocupação. 
• 15/17° a 25/30° → Uso e ocupação condicionados por estudos geológico-geotécnicos. 
• 25/30° a 45° → Áreas muito inclinadas, sem vocação para ocupação urbana.
• > 45° → Áreas altamente inclinadas, inviáveis para outros usos que não a preservação. 
O mapa geológico deve contemplar o arcabouço litoestrutural, mas também os depósitos 
superficiais (alúvios, colúvios, depósitos de encostas e depósitos tecnogênicos). Caso estes 
depósitos sejam mais extensos, justifica-se a elaboração de uma carta específica para estes 
materiais. Como as bases geológicas existentes no Brasil geralmente têm escalas menores que 
1:50.000, é sempre necessário o desenvolvimento de trabalhos de campo para a adaptação 
destas bases à escala e detalhe, e para o mapeamento dos depósitos superficiais e de materiais 
inconsolidados. Estes trabalhos devem ser apoiados pela interpretação de imagens e/ou 
fotografias aéreas disponíveis. Não existindo mapas geológicos em escala adaptável ao detalhe 
das análises, deve ser elaborado um esboço geológico contendo informações do substrato, 
das principais estruturas geológicas e das coberturas superficiais. As planícies aluviais sempre 
necessitam de ajuste, mediante sua importância na análise dos processos hidrológicos. A 
Figura 11 mostra um exemplo de adaptação de mapas geológico para a escala de detalhe.
38 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 10 - Carta de declividade gerada em escala 1:5.000 .
- 39GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
40 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 11 - Exemplo de adaptação de mapa geológico para escala de detalhe. Fonte: Souza, 2004.
- 41GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
A conjugação dos elementos geológicos, principalmente as estruturas e descontinuidades 
(foliação, fraturas, níveis de alteração, contato solo rocha, etc.) com as feições geomorfológicas 
localizadas (geometria e inclinação dos taludes, rampas de colúvio, terraços e planícies aluviais, 
vales encaixados, pontos de estrangulamento das drenagens, etc.) embora seja preponderante 
para a interpretação dos processos geodinâmicos de maior magnitude e abrangência, é 
fundamental, principalmente, para aqueles localizados. Uma análise por integração de dados 
na escala de detalhe é de suma importância neste processo por possibilitar a agregação do 
comportamento de áreas que inicialmente não teriam representatividade cartográfica. 
Os materiais (solos e rochas) presentes devem ter seu comportamento geotécnico e 
hidrogeológico (resistência, consistência, textura, erodibilidade, permeabilidade etc.) 
avaliados qualitativamente, tendo como base observações de campo e/ou o conhecimento 
acumulado em outros trabalhos técnicos. Ensaios e investigações de campo posteriores 
poderão complementar esta avaliação dependendo das especificidades encontradas.
O mapa das áreas de preservação permanente deve ter como base o novo Código Florestal, 
Lei 12.651 (Brasil, 2012), contemplando as categorias de APP e suas especificidades descritas 
a seguir:
• 1/3 de topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 m e 
inclinação média maior que 25°; 
• Largura ≥ 30 m das faixas marginais dos cursos d’agua naturais;
• Raio de 50 m de nascentes, independente de sua situação topográfica;
• Encostas ou partes destas com declividade superior a 45° ou 100%.
Podem ser adicionadas a estas análises as faixas de domínio das rodovias, linhas de transmissão, 
redes ferroviárias etc.
42 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Para os Processos de Inundação
Os processos hidrológicos não foram abordados neste estudo piloto, portanto, não 
foi proposto a determinação de um procedimento específico como no caso dos 
movimentos de massa. No entanto, um roteiro resumido é aqui apresentado como 
elemento orientador geral de estudos desta natureza, sendo necessária a geração 
de guia específico para a abordagem dessa temática.
Para a determinação da aptidão àurbanização em relação a processos hidrológicos 
deve-se considerar necessariamente a necessidade de se executar a simulação dos 
cenários atuais e tendenciais de inundação possibilitando, assim, traçar cenários 
alternativos de planejamento, seja tornando a área inapta a ocupação, seja com 
a proposição de intervenções para que a área seja classificada como apta com 
restrições. A seguir estão elencados alguns dos estudos mínimos necessários:
• Apropriação da equação de chuvas intensas (análises das relações 
intensidade-duração-frequência das chuvas máximas). Os valores diários 
de chuva podem ser obtidos no sítio oficial da Agência Nacional de Água 
(www.ana.gov.br).
• Determinação do tempo de concentração. Conhecer o tempo de 
concentração é essencial para a definição da vazão máxima a que está 
sujeita uma bacia. As fórmulas para o cálculo de concentração são 
obtidas, de modo geral, pelas características da bacia hidrográfica como 
área, comprimento do talvegue, rugosidade do córrego ou canal e a 
declividade dos mesmos.
• Determinação dos limites do canal a ser estudado (considerando as 
área de expansão urbana e as áreas já ocupadas, se for o caso) de forma 
a estabelecer a área de abrangência para formulação dos modelos de 
inundação e a necessidade de geração de dados na escala de detalhe.
• Apropriação dos valores de vazões máximas para as sub-bacias que 
compõem a bacia principal.
- 43GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
• Classificação do uso e ocupação do solo por meio de sistema de informação 
geográfica utilizando-se imagens de satélite ou de ortofotomosaicos com 
confirmação/validação de uso e ocupação do solo na bacia mapeada 
durante visitas de campo.
• Elaboração do mapa de suscetibilidade a inundação com os limites das 
áreas previstas de serem inundadas por cheias com períodos de retorno 
de 5, 10, 20, 25, 30, 50 e 100 anos.
• Modelagem hidráulica do canal com o cenário atual e se possível 
tendencial, para a determinação da área de inundação de rios e medidas 
de proteção contra enchentes. Neste momento que serão necessárias 
análises na escala compatível para a determinação da aptidão a 
urbanização, com a geração de perfis transversais ao longo do canal.
• Determinação dos limites e classes da aptidão a urbanização, com base 
nos períodos de retorno com diretrizes para ocupação.
44 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
3.8 ETAPA 8 – CARTA PRELImINAR E INvESTIGAÇõES 
GEOTÉCNICAS DE CAmPO E LABORATóRIO
A análise e integração das informações do meio físico vão possibilitar o zoneamento preliminar 
das áreas em análise, categorizando os terrenos em relação ao seu comportamento. A integração 
das bases geradas nas etapas anteriores pode ser feita automaticamente, pelas diversas 
metodologias e procedimentos já desenvolvidos e citados na literatura técnica, ou de forma 
heurística/conhecimento especialista, sendo mais recomendada esta última abordagem, tanto 
pela escala de trabalho, como pela extensão de cada área a ser estudada. 
A abordagem geotécnica visa enfatizar a relação entre as propriedades geotécnicas dos 
materiais e o comportamento geral dos terrenos quanto à estabilidade e suscetibilidade aos 
processos erosivos e movimentos gravitacionais de massa.
O método de zoneamento do terreno proposto neste guia é denominado “terrain evoluation” 
(avaliação de terreno), e se baseia na possibilidade de reconhecimento (por meio de trabalhos 
de campo) das formas de terreno e de suas associações espaciais, e seu posterior zoneamento 
considerando a premissa de que estas unidades básicas do terreno (desde que evoluindo sob 
as mesmas condições ambientais) devam se constituir em unidades básicas de materiais. De 
acordo com Lollo (1995), considerando as dimensões que a unidade básica apresenta e de 
acordo com o enfoque que se pretende dar à análise, são costumeiramente utilizados três níveis 
hierárquicos: 1 - sistemas de terreno (ou “land system” que corresponde à uma associação de 
formas, por exemplo um relevo composto por colinas e vales); 2 - unidade de terreno (ou “land 
unit” que são formas individuais como uma colina por exemplo); e 3 - elemento de terreno 
(“land element”, porção que compõe uma forma, como o topo ou um trecho de uma colina por 
exemplo).
Especificamente em relação a esta abordagem e escala adota-se o terceiro nível hierárquico 
(Elemento de Terreno) que corresponde à uma subdivisão da unidade de terreno e pode ser 
entendido como “parte de uma forma individual do relevo distinguível das demais partes em 
termos de inclinação ou forma da vertente, posição topográfica, ou forma topográfica, e que 
deve refletir condições diferenciadas de espessura de materiais inconsolidados ou variações 
laterais no perfil destes materiais”. O levantamento de elementos de terreno com relação aos 
outros níveis hierárquicos permite o diagnóstico de problemas específicos, em consonância 
com a proposta da definição de unidades de aptidão à urbanização. Para tal, porém, requer uma 
amostragem mais densa, além de incluir às vezes a abordagem paramétrica (uso de medidas 
das formas de terreno) e de ensaios de campo e laboratório (dependendo do problema em 
- 45GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
estudo) visando uma caracterização o mais precisa possível da área estudada.
Nessa perspectiva, a delimitação de unidades do terreno deve levar em consideração as 
diferenças de atributos ou parâmetros, o que exigi a análise dos condicionantes e fatores 
deflagradores dos processos do meio físico ressaltando-se em importância, entre outros:
• a identificação das causas do desenvolvimento de processos ou situações geradoras 
de problemas previamente detectados, estabelecendo as características fisiográficas de 
interesse para a ocupação (geologia, geomorfologia e parâmetros geotécnicos locais); 
• as solicitações e transformações inerentes às formas de uso do solo, incluindo questões 
do meio biótico e; 
• a compartimentação homogênea, segundo a probabilidade de ocorrência de problemas, 
ou as características de interesse, ou as homogeneidades quanto à aptidão a determinadas 
formas de uso e ocupação, bem como à minimização de possíveis efeitos. 
Considerando a diversidade de metodologias relacionadas à aplicação do critério de Sistemas 
de Terreno para a compartimentação das unidades homogêneas nas diversas escalas, o 
46 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
termo aqui adotado final foi o de Unidade Geotécnica, caracterizadas pelo comportamento 
homogêneo, independente da variação litológica, de solos ou estruturas.
De forma complementar e considerando o contexto do Quadrilátero Ferrífero e seu arcabouço 
geológico – estrutural específico, para o conhecimento sobre as características dos terrenos, 
principalmente em relação ao subsolo, são necessárias investigações de campo por métodos 
diretos e/ou indiretos. 
No contexto das investigações de campo, as sondagens de reconhecimento à percussão (SPT) 
são corriqueiras, de baixo custo e atingem bons resultados, uma vez que, além de possibilitar 
a determinação da estratigrafia superficial do subsolo, fornece uma boa ideia da capacidade 
de suporte dos terrenos. As sondagens a trado manual ou mecânico também são de grande 
utilidade para a investigação inicial e complementação/extrapolação dos dados das sondagens 
SPT, podendo por vezes ser o único método de investigação direta. 
Os levantamentos geofísicos (sísmica, eletrorresistividade, radar de penetração no solo) são 
importantes na delimitação de corpos diferenciados do substrato, determinação da extensão 
e profundidade de horizontes de solo e condições da superfície freática,além de possibilitar a 
avaliação do comportamento mecânico e hidráulico do subsolo. Estas informações são também 
de grande utilidade e de baixa relação custo/benefício, pois possibilitam a interpretação de 
forma rápida em áreas mais extensas em relação às investigações diretas.
Não deve descartar-se uma possível necessidade de realização de ensaios de caracterização 
geotécnica dos materiais das unidades em laboratório. Estas investigações geotécnicas de 
campo e laboratório vêm auxiliar no conhecimento das condições geológicas, hidrogeológicas 
e geotécnicas das unidades delimitadas anteriormente, embora nem sempre estes dados 
sejam determinantes para a definição das unidades, levando em conta seu caráter pontual. 
Este detalhamento das unidades é mais desejável em trabalhos de maior pormenor, em nível 
de análises numéricas e de projetos executivos.
Deve-se entender, entretanto, que estas investigações geotécnicas têm caráter de 
reconhecimento, cujo objetivo é subsidiar a caracterização das unidades geotécnicas e a 
determinação de diretrizes técnicas para o uso do solo para fins urbanos, pois ainda não se 
conhece nesta etapa o projeto urbanístico a ser executado, bem como as estruturas necessárias 
para a sua implantação.
- 47GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
As unidades geotécnicas finais são delimitadas 
considerando-se basicamente a geologia 
local (substrato e depósitos superficiais), a 
geomorfologia e atributos morfométricos 
(forma individual do relevo distinguível das 
demais partes em termos de inclinação 
ou forma da vertente), o comportamento 
geotécnico dos materiais (caracterização e 
cinemática) e a possibilidade de ocorrências de 
algum processo geodinâmico. A nomenclatura 
e classificação das unidades devem ser 
ajustadas gerando uma carta de aptidão a 
urbanização final que permita uma leitura 
direta pelos gestores e técnicos municipais. 
A Figura 12 mostra o fluxograma proposto 
para a elaboração da carta final de aptidão à 
urbanização através da representação de três 
classes principais:
3.9. ETAPA 9 – CARTA GEOTÉCNICA DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
1 – Alta aptidão - áreas sem restrições à 
urbanização ou já consolidadas do ponto 
de vista geológico-geotécnico,
2 – Média aptidão - áreas com restrições 
geotécnicas, mas que podem ser ocupadas 
segundo determinados critérios técnicos 
e diretrizes (áreas consolidáveis com 
intervenções estruturantes), 
3 – Baixa a Inexistente aptidão - áreas 
com severas restrições para a ocupação. 
e/ou áreas caracterizadas como 
não consolidáveis do ponto de vista 
geológico-geotécnico, às quais se deve 
dar outro tipo de uso devido ao alto 
custo para a urbanização. 
48 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Figura 12 - Procedimentos para determinação das classes de aptidão a urbanização.
CARTA GEOTÉCNICA DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO
DELIMITAÇÃO DA ÁREA
DE INTERESSE
INVESTIGAÇÕES
GEOTÉCNICAS DE CAMPO
ALTA APTIDÃO À
OCUPAÇÃO URBANA
MÉDIA APTIDÃO À
OCUPAÇÃO URBANA
BAIXA À INEXISTENTE
APTIDÃO À
OCUPAÇÃO URBANA
DIRETRIZES PARA
OCUPAÇÃO COM BASE
NAS INVESTIGAÇÕES
GEOTÉCNICAS
DETERMINAÇÃO DE
OUTROS USOS
PARA A ÁREA
EXCLUSÃO INICIAL
DAS ÁREAS COM
SUSCETIBILIDADE
ALTA
QUANDO POSSÍVEL
1
2
3
- 49GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
A Figura 13 mostra a carta de aptidão à 
urbanização desenvolvida como projeto piloto 
em Ouro Preto - MG para exemplificação do 
método. Neste exemplo as classes foram 
subdivididas de forma a melhor discretizar 
que processos podem ocorrer, ou quais as 
limitações impostas a determinado setor do 
território mapeado e, consequentemente, 
as orientações gerais para o uso e ocupação 
de cada unidade. Este procedimento deve 
ser executado sempre, pois possibilita um 
melhor nível de informação sobre as porções 
do território e sua classificação.
Na carta de aptidão à urbanização em 
escala >1:10.000, além do zoneamento do 
território em classes e subclasses, deve 
ser inserido um quadro legenda onde deve 
constar informações sobre as características 
geotécnicas de cada unidade, os processos 
geodinâmicos a que as unidades podem 
estar sujeitas e as indicações ou intervenções 
necessária para o uso e ocupação urbana 
daqueles locais. 
O exemplo de descrição das classes, a 
caracterização geotécnica, os processos 
geodinâmicos ocorrentes e as indicações para 
o uso e ocupação do estudo desenvolvido em 
Ouro Preto - MG encontram-se nos quadros 1, 
2 e 3 a seguir:
Figura 13 - Carta de Aptidão à Urbanização elaborada em área de Ouro Preto - MG.
52 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Quadro 1 – Descrição da Caracterização Geotécnica das Unidades de Terreno.
CLASSE TIPOS CARACTERIZAÇÃO GEOTECNICA
Baixa a 
Inexistente 
Aptidão à 
Urbanização
I
(Ia) - Exposições rochosas alteradas e solo residual com 
espessuras variáveis (filito preto dolomítico). Engloba 
uma porção específica da área referente a uma faixa 
adjacente a crista de um talude verticalizado com altura 
superior a 30,0m e extensão de 800,0m.
(Ib) - Sedimentos quaternários. Engloba um depósito 
de várzea com espessuras de até 5,0m e nível d’água 
próximo a superfície que recebe as contribuições 
de toda a Bacia do Córrego Passa Dez. A alteração 
nas capacidades de vazão nesta drenagem, seja em 
decorrência do assoreamento pelas atividades de 
mineração e garimpo nos séculos passados, seja pela 
diminuição das planícies de inundação por motivos 
de ocupação e execução de aterros, podem tornar 
mais frequentes as inundações, mesmo para níveis de 
precipitação menores.
II
Exposições rochosas com solo residual alterado com 
espessuras variáveis, declividades acima de 30° e 
estruturas desconfinadas.
III
Exposições rochosas com solo residual alterado com 
espessuras variáveis declividades acima de 30° e 
estruturas confinadas.
GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS - 53
Média 
Aptidão à 
Urbanização
IV Exposições rochosas com solo residual alterado 
com estruturas desconfinadas (foliação dos filitos e 
quartzitos é a família de descontinuidade principal), 
espessuras inferiores a 2,0m e declividades entre 20° 
e 30°.
V Depósito de várzea (areia argilosa fofa) com espessura 
até 5,0m e nível d’água próximo à superfície. 
VI Exposições rochosas com solo residual alterado com 
espessuras inferiores a 2,0m, estruturas confinadas e 
declividades entre 20° a 30°.
Alta 
Aptidão à 
Urbanização
VII Exposições rochosas com solo residual alterado com 
espessuras inferiores a 2,0m e declividades inferiores 
a 20°. Maciços desconfinados (foliação dos filitos e 
itabiritos é a família de descontinuidade principal) 
com diferenças de permeabilidade no contato entre as 
unidades geológicas.
VIII Exposições rochosas com solo residual alterado com 
espessuras inferiores a 2,0m, estruturas confinadas 
e declividades inferiores a 20°. Maciços confinados e 
semiconfinados.
54 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Quadro 2 - Processos Geodinâmicos e suscetibilidade de ocorrência nas Unidades de Terreno.
CLASSE TIPOS PROCESSO GEODINÂMICO
Baixa a 
Inexistente 
Aptidão à 
Urbanização
I
Possibilidade de ocorrência de movimentos 
gravitacionais de massa naturais (tombamentos de 
solo e rocha) e processos erosivos nas vertentes (Ia) e 
enxurradas e inundação na área de várzea (Ib).
II
Possibilidade de ocorrência de movimentos 
gravitacionais de massa naturais e induzidos de grande 
porte (processos erosivos nasvertentes, tombamentos 
de solo, deslizamentos planares e em cunha).
III
Possibilidade de ocorrência de movimentos 
gravitacionais de massa naturais e induzidos (processos 
erosivos nas vertentes, tombamentos de solo e 
deslizamentos em cunha).
Média 
Aptidão à 
Urbanização
IV
Possibilidade de ocorrência de movimentos 
gravitacionais de massa naturais e induzidos devido ao 
desconfinamento do maciço (processos erosivos nas 
vertentes, deslizamentos planares e em cunha).
V
Possibilidade de ocorrência de pequenas inundações. 
Depósito de várzea (areia argilosa fofa) com espessura 
até 5,0m e nível d’água próximo à superfície. Trata-se 
de um trecho na porção central da Bacia do Ribeirão do 
Funil com pequena área de contribuição a montante.
VI
Possibilidade de ocorrência de movimentos 
gravitacionais de massa naturais e induzidos (processos 
erosivos nas vertentes, tombamentos de solo e 
deslizamentos em cunha).
- 55GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Alta 
Aptidão à 
Urbanização
VII
Possibilidade de ocorrência de movimentos 
gravitacionais de massa naturais e induzidos devido ao 
desconfinamento do maciço (processos erosivos nas 
vertentes, deslizamentos planares e em cunha).
VIII
Baixa possibilidade de ocorrência de movimentos 
gravitacionais de massa naturais (processos erosivos 
nas vertentes e tombamento de solo e rocha).
56 - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Quadro 3 – Descrição das indicações de uso para as Unidades de Terreno identificadas.
CLASSE TIPOS INDICAÇÃO
Baixa a 
Inexistente 
Aptidão à 
Urbanização
I Não devem ser aprovados lotes para ocupação permanente nestas áreas. 
II Não devem ser aprovados lotes para ocupação permanente nestas áreas. 
III
Pavimentação e sistema de drenagem de águas pluviais 
devem ser executados até no máximo 30 dias após a 
abertura de vias.
O solo superficial e a cobertura vegetal dos lotes só podem 
ser retirados no início da construção das edificações.
Necessidade de apresentar estudo de estabilidade 
global dos taludes na área do loteamento, com base em 
investigações geológico-geotécnicas, de maneira a indicar 
as condições de segurança e a eventual necessidade de 
implantação de obras de estabilização.
Necessidade de apresentar estudo geotécnico para simples 
reconhecimento dos terrenos (sondagem a percussão).
Expedição do alvará de construção condicionada à 
apresentação de projeto de estabilidade de taludes da 
edificação projetada, apoiado em sondagens do subsolo e 
em análises de estabilidade.
Obras de contenção ou estabilização de taludes devem ser 
iniciadas no prazo máximo de 30 dias após a execução dos 
cortes ou aterros.
- 57GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
Média 
Aptidão à 
Urbanização
IV
Pavimentação e sistema de drenagem de águas pluviais 
devem ser executados até no máximo 30 dias após a 
abertura de vias.
O solo superficial e a cobertura vegetal dos lotes só podem 
ser retirados no início da construção das edificações.
Expedição do alvará de construção condicionada à 
apresentação de projeto de estabilidade de taludes da 
edificação projetada, apoiado em sondagens de simples 
reconhecimento do subsolo e em análises de estabilidade, 
sempre que houver a previsão de cortes ou aterros com 
altura superior a 1,5 m.
V
Para loteamento necessidade de apresentar estudo 
geotécnico para simples reconhecimento dos terrenos 
(sondagem a percussão) e elaboração de recomendações 
para o projeto geotécnico das edificações (fundações).
Exigido estudo hidráulico com definição das cotas de 
inundação para período de retorno mínimo de 25 anos e 
áreas sujeitas a erosão fluvial.
Projeto de loteamento deve prever que a cota mínima de 
implantação dos lotes esteja acima dos níveis máximos de 
inundação (TR>25 anos).
VI
Pavimentação e sistema de drenagem de águas pluviais 
devem ser executados até no máximo 30 dias após a 
abertura de vias.
O solo superficial e a cobertura vegetal dos lotes só podem 
ser retirados no início da construção das edificações.
Expedição do alvará de construção condicionada à 
apresentação de projeto de estabilidade de taludes da 
edificação projetada, apoiado em sondagens de simples 
reconhecimento do subsolo e em análises de estabilidade, 
sempre que houver a previsão de cortes ou aterros com 
altura superior a 3,0 m.
GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS58 -
Alta 
Aptidão à 
Urbanização
VII
Pavimentação e sistema de drenagem de águas pluviais 
devem ser executados até no máximo 30 dias após a 
abertura de vias.
O solo superficial e a cobertura vegetal dos lotes só podem 
ser retirados no início da construção das edificações.
Expedição do alvará de construção condicionada à 
apresentação de projeto de estabilidade de taludes da 
edificação projetada, apoiado em sondagens de simples 
reconhecimento do subsolo e em análises de estabilidade, 
sempre que houver a previsão de cortes ou aterros com 
altura superior a 2,0 m.
VIII
Não há restrições de ordem geotécnica para a aprovação 
de lotes para ocupação permanente nestas áreas.
Expedição do alvará de construção condicionada à 
apresentação de projeto de estabilidade de taludes da 
edificação projetada, apoiado em sondagens de simples 
reconhecimento do subsolo e em análises de estabilidade, 
sempre que houver a previsão de cortes ou aterros com 
altura superior a 3,0 m.
- 59GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS - 59GUIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTAS GEOTÉCNICAS DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO FRENTE AOS DESASTRES NATURAIS
A elaboração de cartas de aptidão à urbanização deve ter como base a análise de suscetibilidade 
dos terrenos aos processos da geodinâmica externa, constituindo-se assim, em um importante 
instrumento na prevenção de desastres naturais a ser considerado no planejamento do uso e 
ocupação do solo pelo poder público.
O conceito de mapeamento com detalhamento progressivo pode ser adaptado nas práticas 
de cartografia geotécnica para o planejamento urbano, determinando estudos mais gerais e 
regionais (cartas geotécnicas de suscetibilidades), estudos locais e orientadores para o uso e 
ocupação do solo urbano (cartas geotécnicas de aptidão à urbanização) e estudos e projetos 
pontuais que busquem a mitigação ou erradicação dos riscos já existentes (cartas geotécnicas 
de risco geológico). 
Este guia descreve de maneira sucinta os procedimentos e materiais utilizados e gerados no 
desenvolvimento de um mapeamento de aptidão à urbanização desde o nível de planejamento 
(escala 1:25.000) ao nível de projeto urbanístico (escalas > 1:10.000), de forma a servir 
como elemento orientador de outros trabalhos semelhantes. No entanto, a base para seu 
desenvolvimento foi um projeto piloto em um local específico no município de Ouro Preto 
na região do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais (rochas metamórficas de baixo grau 
deformadas e alteradas superficialmente). 
Assim, os procedimentos aqui descritos foram aplicados com sucesso no contexto geológico 
local, mas considerando a grande diversidade de ambientes geológicos e geomorfológicos do 
território brasileiro, as orientações aqui contidas devem ser adaptadas ou mesmo modificadas 
conforme a área que está se estudando e seu contexto geomorfológico e geológico-geotécnico.
Por vezes, o nível de informação básica, as peculiaridades de cada estudo e os próprios recursos 
técnicos e financeiros disponíveis poderão levar à eliminação de algum passo, a junção de 
etapas ou a adaptação destas.
4. CONCLUSõES 
60 - GUIA PARA ELABORAÇÃO

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