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1.3 Viktor Frankl e a Logoterapia 
Segundo Rodrigues e Barros (2009, p.15), Viktor Emil Frankl nasceu em Viena, Aústria, em 26 de março de 1905, no seio de uma família judaica. „‟ Filho caçula, seus irmãos chamavam-se Walter e Estela. Gabriel e Elsa, seus pais, eram Tchecoslovacos, da Morávia do Sul, em Praga. Nessa época, o cenário sócio- político de Viena era o da luta de classes e, aparentemente, havia entre as pessoas uma carência de significado para a vida. (RODRIGUES e BARROS, 2009, p.15) 
Estes autores também descrevem que Frankl cresceu em uma família espiritualista, de valores cultivados e em clima de calor humano. Desde sempre demonstrara o desejo de ser médico. “Com três anos, decidiu ser médico; com quatro, manifestou seu interesse pela pesquisa, “inventando” um remédio para quem queria se suicidar, e nesta idade já o inquietava a ideia de morte, de finitude”. Com cinco anos, quando despertou, mas ainda mantinha os olhos fechados, sentiu uma imensa felicidade e bem- aventurança, sentimento de amparo e proteção. Ao abrir os olhos, seu pai sorria para ele. 
Um fato interessante a ser delineado, conforme Rodrigues e Barros (2009, p.16) apud Bazzi et al (1981) e Xausa (1986), é que ‟aos 13 anos, já no segundo grau, um professor de ciências naturais explicava a vida como um processo de combustão e oxidação, Frankl levantou- se e disse: ‟Professor se é assim, que sentido tem a vida?” De acordo com os autores mencionados, já era possível perceber que Viktor Frankl já, desde aquela época, mostrava-se preocupado com a essência do que hoje chamamos de Logoterapia. Sua formação foi em medicina na Faculdade de Viena, ingressando em 1924 e formando-se em 1930. Diante o sofrimento humano no qual lidava, perguntava-se muito sobre o sentido da vida. ‟Aos 21 anos, estudante de Medicina, faz um discurso sobre o Sentido da vida, sobre o suicídio e sobre sexualidade para a Juventude Obreira Socialista. Participou e foi excluído da Associação de Psicologia Individual de Adler. Foi vice-presidente da Associação Acadêmica para Psicologia Médica, que tinha Freud como assessor. Nesta associação, deu uma conferência em 1926, com 21 anos, falando de Logoterapia pela primeira vez diante de um público acadêmico. (SILVEIRA, 2012, p.117) 
Viktor Frankl teve demais contatos com Freud, que se davam através de cartas. e em 1924, Freud publicou um artigo de Frankl na Revista Científica de Psicanálise, sendo esta sua primeira publicação.
Silveira (2012 p.118) Nos traz que com 24 anos, criou as três categorias de valores, ou seja, as três possiblidades de encontrar um sentido para a vida, que são:
 a) Uma ação que realizamos ou uma obra que criamos;
 b) Uma vivencia ou um encontro de amor; 
c) Dando o testemunho da capacidade mais humana possível: a capacidade de transformar o sofrimento em uma conquista humana, ou seja, mudar nossa atitude diante do sofrimento. 
 A ênfase da logo terapia, do sentido da vida, da humanização das pessoas e dos valores transcendentais, demonstram que essas crenças do judaísmo influenciaram profundamente a filosofia de vida de Frankl e seus princípios educacionais. Essas crenças que trazem a imagem de um Deus idealizado, incorpóreo, místico, de um Deus que não é apenas uma entidade espiritual, mas também onisciente, onipotente e eterno. A imagem de um Deus justo que distribui a justiça às pessoas de acordo com seu moo de vida. O judaísmo que prega a humanização e a paz no mundo. Esses princípios religiosos estão intimamente ligados com o transcendentalismo de Frankl, quando o autor fala de valores transcendentais. (FARIA 2006, p. 20) 
Viktor Frankl tornou-se conhecido em vários países através da difusão da importância do indivíduo buscar o sentido à vida, e veio a falecer no dia 2 de setembro de 1997, aos 92 anos. 
Em seu livro Em Busca de Sentido, um psicólogo no campo de concentração, Viktor Frankl expande sobre sua teoria, explicando os conceitos desta: 
A vontade de sentido 
Segundo Viktor Frankl a busca do indivíduo por um sentido é a motivação primária em sua vida, e não uma "racionalização secundária" de impulsos instintivos. Esse sentido é exclusivo e específico, uma vez que precisa e pode ser cumprida somente por aquela determinada pessoa. Somente então esse sentido assume uma importância que satisfará sua própria vontade de sentido. Alguns autores sustentam que sentidos e valores são "nada mais que mecanismos de defesa, formações reativas e sublimações". Mas, pelo que toca a mim, eu não estaria disposto a viver em função dos meus "mecanismos de defesa". Nem tampouco estaria pronto a morrer simplesmente por amor às minhas "formações reativas". O que acontece, porém, é que o ser humano é capaz de viver e até de morrer por seus ideais e valores.
Para Frankl o homem só se torna homem e só é completamente ele mesmo quando fica absorvido pela dedicação a uma tarefa, quando se esquece de si mesmo a serviço de uma causa, ou no amor a uma pessoa. É como o olho, que só pode cumprir sua função de ver o mundo enquanto não vê a si próprio. O sentido tem um caráter objetivo de exigência e está no mundo, não no sujeito que a experiência. 
Nesse contexto, as noções de “felicidade”, de “prazer” ou de “poder”, como objetos da busca última do homem, são negadas. E essa busca patológica de uma felicidade incondicional foi denominada por Frankl como “princípio auto anulativo”, segundo o qual quanto mais o homem persegue uma ideia acabada de felicidade, prazer ou sucesso, em detrimento da realização de sentido, mais ele se distanciará desse objetivo. Para Frankl, não se deve buscar a felicidade, pois à medida que houver uma razão para ela, então ela decorrerá espontânea e automaticamente. Ele inclusive utiliza a metáfora do bumerangue, o qual apenas volta ao lançador se o seu alvo não tiver sido atingido. Assim, a “auto realização”, se transformada num fim em si mesmo, contradiz o caráter auto transcendente da existência humana” 
Frustração existencial 
A vontade de sentido também pode ser frustrada; neste caso a logoterapia fala de "frustração existencial". O termo "existencial" pode ser usado de três maneiras: referindo-se (1) à existência em si mesma, isto é, ao modo especificamente humano de ser; (2) ao sentido da existência; (3) à busca por um sentido concreto na existência pessoal, ou seja, à vontade de sentido. Frustração existencial também pode resultar em neuroses. Para esse tipo de neuroses a terapia cunhou o termo "neuroses noogênicas", a contrastar com as neuroses na significação habitual da palavra, isto é, as neuroses psicogênicas. Neuroses noogênicas têm sua origem não na dimensão psicológica, mas antes na dimensão "noológica" (do termo grego noos que significa "mente") da existência humana. Este é outro conceito logoterapêutico que designa qualquer coisa pertinente à dimensão especificamente humana.
c) Neuroses noogênicas 
Neuroses noogênicas não surgem de conflitos entre impulsos e instintos, mas de problemas existenciais. Entre esses problemas, a frustração da vontade de sentido desempenha papel central. É óbvio que em casos noogênicos a terapia apropriada e adequada não é a psicoterapia de um modo geral, mas antes a logoterapia; ou seja, uma terapia que ousa penetrar na dimensão especificamente humana. A logoterapia considera sua tarefa ajudar o paciente a encontrar sentido em sua vida. Na medida em que a logoterapia o conscientize do logos oculto de sua existência, trata-se de um processo analítico. Até esse ponto a logoterapia se assemelha à psicanálise. Entretanto, quando a logoterapia procura tornar algo novamente consciente, ela não restringe sua atividade a fatos instintivos dentro do inconsciente do indivíduo, mas se preocupa também com realidades existenciais, tais como o sentido em potencial de sua existência a ser cumprido, bem como a sua vontade de sentido. Qualquer análise, porém, mesmo que se abstenha de incluir a dimensão noológica em seu processo terapêutico, procura tornar o paciente consciente daquilo por que ele realmente anseiana profundidade do seu ser. A logoterapia diverge da psicanálise na medida em que considera o ser humano um ente cuja preocupação principal consiste em cumprir um sentido, e não na mera gratificação e satisfação de impulsos e instintos, ou na mera reconciliação dos reclamados conflitantes de id, ego e superego, ou na mera adaptação e no ajustamento à sociedade e ao meio ambiente. 
Noodinâmica 
Através do conceito de noodinâmica, Frankl também critica as concepções de saúde mental que se valem de um ideal semelhante ao do equilíbrio homeostático, afirmando que, existencialmente, uma certa quantidade de tensão é um pré-requisito indispensável à saúde psíquica: O de que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente 
O de que ele necessita não é a descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafio de um sentido em potencial à espera de seu cumprimento. O ser humano precisa não de homeostase, mas daquilo que chamo de noodinâmica. ‟Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mesmo nas piores condições, como saber que a vida da gente tem um sentido. Há muita sabedoria nas palavras de Nietzsche: Quem tem um por que viver pode suportar quase qualquercomo” Contra a hipótese do caráter vão das realizações de sentido, tão bem defendida pelos existencialistas ateus como, por exemplo, Albert Camus (1913-1960), em seu célebre O mito de Sísifo, Frankl reafirma sua tese sobre a estabilidade do ser-passado: ter-sido é a forma mais segura de se ser. Todas as escolhas que transformaram uma única possibilidade de sentido em ser, condenando todas as outras ao não-ser, constituem um patrimônio inalienável da pessoa humana, salvas da transitoriedade da vida. Essa foi uma das aproximações teóricas de Frankl com Martin Heidegger (1889-1976). Numa visita colega vienense, desejando sublinhar o “parentesco de opiniões” sobre o tema, Heidegger escreveu no verso de uma foto dedicada a Frankl: “O passado se distancia. O que foi se aproxima” [Das Vergangene geht. Das Gewesene kommt] (Frankl, 1981, p. 112). 
O vazio existencial 
Frankl diz que o vazio existencial é um fenômeno muito difundido no século XX. Isto é compreensível; pode ser atribuído a uma dupla perda sofrida pelo ser humano desde que se tornou um ser verdadeiramente humano. No início da história, o homem foi perdendo alguns dos instintos animais básicos que regulam o comportamento do animal e asseguram sua existência. Tal segurança, assim como o paraíso, está cerrada ao ser humano para todo o sempre. Ele precisa fazer opções. Acresce-se ainda que o ser humano sofreu mais outra perda em seu desenvolvimento mais recente. As tradições, que serviam de apoio para seu comportamento, atualmente vêm diminuindo com grande rapidez. Nenhum instinto lhe diz o que deve fazer e não há tradição que lhe diga o que ele deveria fazer; às vezes ele não sabe sequer o que deseja fazer. Em vez disso, ele deseja fazer o que os outros fazem (conformismo), ou ele faz o que outras pessoas querem que ele faça (totalitarismo).
Não são poucos os casos de suicídio que podem ser atribuídos a este vazio existencial. Fenômenos tão difundidos como depressão, agressão e vício não podem ser entendidos se não reconhecermos o vazio existencial subjacente a eles. O mesmo é válido também para crises de aposentados e idosos. Existem ainda diversas máscaras e disfarces sob os quais transparece o vazio existencial. Às vezes a vontade de sentido frustrada é vicariamente compensada por uma vontade de poder, incluindo a sua mais primitiva forma, que é a vontade de dinheiro. Em outros casos, o lugar da vontade de sentido frustrada é tomado pela vontade de prazer. É por isso que muitas vezes a frustração existencial acaba em compensação sexual. Podemos observar nestes casos que a libido sexual assume proporções descabidas no vácuo existência.
O Sentido da Vida 
Para Viktor Frankl, nossa liberdade é limitada, pois nunca estamos completamente livres das circunstâncias, sejam elas de ordem biológica, psicológica ou sociológica. A liberdade plena, no entanto, está sempre ao nosso alcance. É a liberdade de enfrentar quaisquer condições adversas e a maneira como reagiremos às condições imposta é uma decisão nossa. “Se não pudermos mudar a situação, ainda resta-nos a liberdade de mudarmos nossa atitude frente a essa situação”. 
Uma vez que cada situação na vida representa um desafio para a pessoa e lhe apresenta um problema para resolver, pode-se, a rigor, inventar a questão pelo sentido da vida. Em última análise, a pessoa não deveria perguntar qual o sentido da sua vida, mas antes deve reconhecer que é ela que está sendo indagada. Em suma, cada pessoa é questionada pela vida; e ela somente pode responder à vida respondendo por sua própria vida; à vida ela somente pode responder sendo responsável. Assim sendo, a logoterapia vê na responsabilidade (responsibleness) a essência propriamente dita da existência humana.
 
g) A Essência da Existência 
Para Frankl, a responsabilidade se reflete no imperativo categórico da logoterapia, que reza: "Viva como se já estivesse vivendo pela segunda vez, e como se na primeira vez você tivesse agido tão errado como está prestes a agir agora”. Parece-me que nada estimula tanto o senso de responsabilidade de uma pessoa como esta máxima, a qual a convida a imaginar primeiro que o presente é passado e, em segundo lugar, que o passado ainda pode ser alterado e corrigido. Semelhante preceito a confronta com a finitude da vida e com o caráter irrevogável (finality) daquilo que ela faz de sua vida e de si mesma 
A logoterapia procura criar no paciente uma consciência plena de sua própria responsabilidade; por isso precisa deixar que ele opte pelo que, perante “que” ou perante “quem” ele se julga responsável. Por isso é o paciente quem decide se deve interpretar a tarefa de sua vida como pessoa responsável perante a sociedade ou perante a sua própria consciência. De acordo com a logoterapia, podemos descobrir este sentido na vida de três diferentes formas: 
1. Criando um trabalho ou praticando um ato; 
2. Experimentando algo ou encontrando alguém; 
3. Pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento inevitável. 
A primeira, o caminho da realização, é bastante óbvia. A segunda e a terceira necessitam de uma melhor elaboração. A segunda maneira de encontrar um significado na vida é experimentando algo, como a bondade, a verdade e a beleza, experimentando a natureza e a cultura ou, ainda, experimentando outro ser humano em sua originalidade própria amando-o.

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