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Pressupostos epistemológicos de Vygotsky e materialismo historico e dialetico

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Pressupostos epistemológicos – Lev Vygotsky / Materialismo histórico e dialético
Para Vygotsky e Luria e Leontiev, a formação do psiquismo humano é o resultado de um processo de apropriação singular da experiência sócio histórica que se dá durante todo o curso da vida e é determinado por todas as circunstancias do desenvolvimento ontogênico dos indivíduos na sociedade. Portanto, o psiquismo deixa de ser compreendido como produto natural e universal do desenvolvimento humano e passa a ser entendido como algo constituído no decorrer da ontogênese do ser. 
“O desenvolvimento do homem, da sua vida, exige evidentemente uma interação constante do homem com o meio natural, uma troca de substancia entre eles. ” (Leontiev, 2004, p 184). Leontiev, afirma que é atividade a forma do homem em se relacionar com o mundo, traçando e perseguindo objetivos de forma consciente e intencional por meio de um conjunto de ações planejadas. 
	Atividade: categoria fundamental na constituição do psiquismo. Leontiev, propõe a atividade como uma categoria fundamental do psiquismo humano, sistematizando e articulando com outras duas categorias: consciência e personalidade. Para ele, atividade não é uma simples ação, mas uma categoria que deve ser compreendido dentro da perspectiva teórica do materialismo histórico e dialético. Atividade é a forma de transações recíprocas entre o sujeito e o objeto e que através dela, pode-se subjetivar o objeto e objetivar o sujeito. Portanto, atividade, é o que vai permitir a unidade dialética da consciência e materialidade do mundo. 
Livro – Psicologia Sócio Histórica: uma perspectiva critica em Psicologia
Capítulo 5 – Consciência e Atividade: categorias fundamentais da psicologia sócio histórica. 
Aguiar elucida as categorias da consciência e atividade como pontos centrais para a compreensão da forma pela qual o indivíduo interioriza o mundo em sua materialidade, construindo seu psiquismo e, ao mesmo tempo, empreendendo uma atividade transformadora desse mundo sensível que o engendrou.
	A consciência e atividade permite que nomeie a relação do homem com o mundo expressando e contendo o processo de construção do fenômeno psicológico. O homem se insere em um universo sociocultural e através das relações e experiências que mantem desenvolvimento junto com o mundo psicológico ou registro. O homem atua interferindo no mundo (atividade) e ao mesmo tempo é afetado por esta realidade, constituindo seus registros.
Para a Psicologia Sócio Histórica, a Psicologia não se limita ao psicológico, mas abrange a totalidade de como as pessoas vivem suas vidas. Vygotsky, constitui uma concepção de psiquismo como um sistema integrado de funções entre si, ao corpo biológico, mediadas pela cultura e contexto social, sem hierarquia e relação causal, defendendo que é sobre esta união, sobre os nexos que a promoveu e seu caráter mediático que a Psicologia deve se debruçar, pois é essa unidade que qualifica nossa condição humana. 
A humanidade é necessária para que o homem se torne humano com auxílio da cultura, nas coisas construídas pelo homem que se objetivaram na cultura, nas relações sociais e nos outros e nas formas de vida, no meio, que é o meio humano, por que construindo pela atividade humana, pelo trabalho. O homem a construir seus registros (psicológico) o que faz na relação com o mundo, objetivando sua subjetividade e subjetivando sua objetividade. 
O psicólogo se constitui, não no homem, mas na relação do homem com o mundo sociocultural, estudando a dimensão pessoal que tem. As dimensões do psicológico refletira diversidades de imagem, palavra, emoções e pensamento. Dessa forma, cabe a psicologia compreender o indivíduo em sua singularidade, internalizando e expressando sua condição histórica e social, sua ideologia e relações vividas. Por isso é possível o resgate da sua singularidade, de seu processo particular e social da construção da consciência (subjetividade). 
Portanto, as contribuições de Vygotsky, além de possibilitar as descrições e a explicação das funções psicológicas superiores. Pensamento, linguagem, consciência e vontade. A psicologia deveria guiar-se também pelo princípio da gênese social da consciência. O autor afirma que o sujeito é resultado das formas derelação e só dessa forma pode ser compreendido. Vygotsky na discussão sobre a consciência, critica os reducionistas, tanto os objetivistas como os subjetivistas. 
O sujeito não se constitui a partir de fenômenos internos nem se reduz a mero reflexo passivo do meio. Como afirma Leontiev “o reflexo da realidade objetiva pela consciência não se produz passivamente, mas de maneira ativa, criativa sobre a base no decorrer da transformação pratica da realidade”. Não é cópia fiel da realidade. 
A consciência deve ser vista como um sistema integrado, numa processualidade permanente, determinada pelas condições sociais e histórica, que num processo de conversão se transforma em produção simbólicas, em construções singulares. Contudo, o plano individual não constitui uma mera transposição do social, pois o movimento de apropriação envolve a atividade do sujeito, contém a possibilidade do novo, da criação. 
O reflexo deve ser compreendido como algo que se dá desde o sujeito, considerando sua possibilidade subjetiva de produção e transformação, a partir da relação com a realidade social (exigindo a busca de significado dentro do sujeito que não são diretamente observado). Contudo, é através da atividade externa, portanto, que se criam as possibilidades de construção de atividades internas. 
Assim, é importante frisar que a atividade de cada indivíduo é determinada pela forma como a sociedade se organizar para o trabalho (transformação de natureza para a produção da existência humana). Nesse processo o homem estabelece relações com a natureza e com outros homens, determinando-se mutuamente. 
Pensamento este que se opõe ao pensamento tradicional: “o desenvolvimento do homem é natural e suas funções superiores resultam inicialmente da maturação”. Vygotsky, afirma que o psiquismo representa o agregado de relações sociais internalizada que se tornaram para o indivíduo, funções e forma de sua estrutura. O desenvolvimento das funções psíquicas superiores processa-se pela internalização dos sistemas de signos produzido socialmente, o que nos leva a conduz que as mudanças individuais (desenvolvimento) têm origem na sociedade, na cultura, mediados pela linguagem. 
A consciência, como afirma Bakhum, não pode ser reduzida a processos internos, só pode ser compreendida a partir do meio ideológico e social. A natureza psicológica é o conjunto das relações sociais transferidas (convertidas) para o plano interno e que, nesse processo, se torna funções da personalidade e forma de sua estrutura. Conversão: processo semiótico, em descobrir/assumir uma significação nova das coisas. É transformar materialidade concreta em produções simbólica. Portanto, a conversão de algum elemento da realidade social em algo que mesmo permanecendo “quase social”, se transforma em elemento constitutivo do sujeito. 
A linguagem é elemento fundamental no processo das relações sociais no qual o homem se individualiza, se humaniza, apreende e materializa o mundo das significações que é construído no processo social e histórico. O sentido dependera da história de cada um, das emoções vividas. O pensamento não nasce de si mesmo, nem do outro pensamento, mas da esfera motivadora de nossas consciências, que abarca nossas inclinações e nossas necessidades, nossos interesses, nossos afetos e emoções. 
Internalização não é, pois, a transferência do externo para o plano da consciência, mas os processos mediante os quais esse último plano é formado. A consciência, como um processo, abriga o aspecto psicológico, ou seja, a realidade social transformada em psicológica. Esse processo, sempre em elaboração, redirecionada em forma pensar, agir e sentir que estão, também, sempre em construção. Dessa maneira, o homem, ao internalizar alguns aspectos da estrutura da atividade, masuma atividade, mas uma atividade com significado, como um processo social, que, como tal, é mediado semioticamente ao ser internalizado.

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