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CAVIDADE ABDOMINAL

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CAVIDADE ABDOMINAL
O abdome é caudal ao tórax, onde a cavidade se inicia cranialmente com o diafragma e termina caudalmente na linha terminal, a qual delimita a transição para a cavidade pélvica. O espaço caudal do diafragma, mas ainda inserido na caixa torácica, recebe a denominação de porção intratorácica da cavidade abdominal. No interior da cavidade abdominal, situam-se os órgãos do sistema digestório, do aparelho urogenital e as glândulas endócrinas, juntamente com os vasos que as irrigam, os tratos nervosos, mesentérios e ligamentos. O teto da cavidade abdominal é composto pela coluna vertebral e seus músculos. Os rins, as glândulas suprarrenais, a aorta, a veia cava caudal, os troncos linfáticos lombares e os nervos lombares estão todos localizados nas adjacências do teto da cavidade no espaço retroperitoneal. As paredes lateral e ventral da cavidade abdominal são particularmente importantes para acesso diagnóstico e cirurgias, já que os órgãos se projetam em áreas típicas das paredes da cavidade. As regiões dessa porção do corpo são extremamente importantes para o clínico (KÖNIG, LIEBICH, 2016).
A linha alba é a linha branca fibrosa que une as aponeuroses dos músculos abdominais transverso e oblíquos esquerdo e direito. Ela se estende do processo xifoide até o púbis e inclui o umbigo no nível da terceira vértebra lombar. A parede abdominal ventral é suprida por quatro pares de artérias originadas da região esternal e pélvica, respectivamente (DYCE, 2010).
A artéria epigástrica cranial superficial se ramifica da artéria torácica interna e se estende entre os músculos abdominais e a pele. Ela supre a região cranial ao umbigo (é aumentada em cadelas lactantes). A artéria epigástrica cranial se estende profundamente ao reto, entre ele e a sua bainha. A artéria epigástrica caudal superficial, um ramo da pudenda externa, é distribuída subcutaneamente e também supre o prepúcio; a artéria epigástrica caudal é originada do tronco pudendo epigástrico e avança primeiramente pela margem lateral e, em seguida, pela superfície profunda do músculo reto (KÖNIG, LIEBICH, 2016).
Os linfonodos responsáveis pela drenagem da parede abdominal são os linfonodos axilares, os linfonodos esternais, os linfonodos subilíacos e os linfonodos inguinais superficiais (DYCE, 2010).
As paredes abdominais lateral e ventral são separadas em regiões:
 ●Região abdominal cranial; 
●Região abdominal média;
●Região abdominal caudal.
Região abdominal cranial
Essa região se prolonga desde o diafragma até o plano transversal através do último par de costelas e se divide em três regiões:
 ●Região hipocondríaca direita; 
●Região hipocondríaca esquerda;
●Região xifoide.
Região hipocondríaca
Essa região contém a porção da região abdominal cranial que é sustentada pelas costelas, a cartilagem das costelas e o arco costal. A região hipocondríaca compreende as seguintes camadas: 
●Pele e tela subcutânea; 
●As duas camadas da fáscia superficial do tronco e o músculo cutâneo do tronco; 
●Fáscia profunda do tronco; 
●Músculo oblíquo externo do abdome.
Região xifoide
Essa região inclui a área ao redor da cartilagem xifóide do esterno. A região xifoide compreende as seguintes camadas: 
●Pele e tela subcutânea; 
●Fáscias superficial e profunda do tronco; 
●Músculo peitoral profundo e veia subcutânea do abdome; 
●Músculo oblíquo externo do abdome com aponeurose do músculo oblíquo interno profundo do abdome; 
●Músculo reto do abdome; 
●Aponeurose do músculo transverso do abdome; 
●Fáscia transversa; 
●Peritônio.
Região abdominal média
A região abdominal média segue caudal à região abdominal cranial. A margem cranial é uma linha transversal através do último par de costelas. Essa região termina caudalmente no plano transversal pela tuberosidade coxal. 
Essa região se divide em: 
●Região abdominal lateral direita; 
●Região abdominal lateral esquerda; 
●Região umbilical.
Região abdominal lateral
A margem dorsal é formada pelos processos transversos das vértebras lombares. A margem ventral é uma linha horizontal através da patela. A fossa paralombar (fossa paralumbalis) se encontra na porção dorsal dessa área. A fossa é delimitada cranialmente pelo último par de costelas, dorsalmente pelos processos transversos das vértebras lombares e caudoventralmente pela borda dorsal do músculo oblíquo interno do abdome. Essa margem forma o chamado pedúnculo costocoxal (KÖNIG, LIEBICH, 2016).
●Pele e tela subcutânea; 
●Fáscia superficial do tronco, cujas duas camadas envolvem o músculo cutâneo do tronco;
Fáscia profunda do tronco
●Músculo oblíquo externo do abdome (as fibras correm no sentido craniodorsal para caudoventral); 
●Músculo oblíquo interno do abdome (as fibras correm no sentido caudodorsal para cranioventral); 
●Músculo transverso do abdome (as fibras correm verticalmente), nervo ilio-hipogástrico (carnívoros: nervos ilio-hipogástricos cranial e caudal), nervo ilioinguinal, nervo genitofemoral e artéria e veia circunflexas ilíacas profundas; 
●Fáscia transversa; 
●Peritônio.
Região umbilical
A região umbilical se situa ventralmente às paredes abdominais laterais e inclui a área ao redor do umbigo. Essa região termina dorsalmente nos dois lados em linhas horizontais traçadas através de cada patela (KÖNIG, LIEBICH, 2016).
A região umbilical compreende as seguintes camadas: 
●Pele e tela subcutânea; 
●Fáscia superficial do tronco, cujas duas camadas envolvem o músculo cutâneo do tronco;
●Fáscia profunda do tronco; 
●Aponeuroses dos músculos oblíquos externo e interno do abdome, os quais formam a bainha externa do músculo reto do abdome; 
●Músculo reto do abdome com veia e artéria epigástricas cranial e caudal; 
●Músculo transverso do abdome (as fibras correm verticalmente); 
●Fáscia transversal; 
●Peritônio.
Região abdominal caudal
Essa região se situa caudalmente à região abdominal média e se prolonga até a linha terminal. Divide-se em duas sub-regiões: 
●Região púbica, cranial ao pécten do púbis; 
●Regiões inguinais pares, situadas à direita e à esquerda entre as coxas.
Apesar do intestino delgado dominar a topografia abdominal, ele normalmente não é visível de imediato ao se abrir a cavidade abdominal, pois está separado do assoalho abdominal pelo bem desenvolvido omento maior. Os órgãos que são normalmente expostos com a remoção do assoalho abdominal são: a parte ventral do baço, que se projeta além do arco costal esquerdo, uma parte do fígado atrás do processo xifoide e a bexiga urinária, logo antes do púbis. O omento maior é extremamente bem desenvolvido e se dobra sobre si próprio para formar um saco com lâminas superficial e profunda que separam a massa intestinal do assoalho abdominal. A lâmina superficial passa caudalmente à sua inserção, em contato direto com a parede abdominal, para alcançar a bexiga urinária, onde é refletida dorsalmente para se tornar a lâmina profunda. Essa lâmina profunda percorre a lâmina superficial e as dobras jejunais; na extremidade cranial do jejuno, ela passa dorsalmente, de encontro à superfície (visceral) caudal do estômago, para alcançar o lobo esquerdo do pâncreas, envolvendo-o e, com isso, alcançando o teto da cavidade abdominal. A parte do omento que se estende entre o pilar do diafragma e o hilo esplênico também é conhecida como ligamento frênico-esplênico; a parte mais generosa entre o estômago e o hilo forma o ligamento gastroesplênico (DYCE, 2010).
O omento maior sempre contém gordura. Primeiramente, ela é depositada ao longo de pequenos vasos omentais, proporcionando uma aparência de rede à estrutura; entretanto, em cães obesos (menos frequentemente em gatos), ela forma uma camada mais ou menos contínua. O omento menor é consideravelmente mais largo do que o curto espaço que precisa cobrir entre a curvatura menor do estômago e o fígado. Ele se une à direita ao mesoduodeno, sendo o ducto biliar o limite entre eles. O processo papilar do fígado é envolvido frouxamente pelo omento menor. A parte do omento menor entre o fígado e o duodeno tambémé denominado ligamento hepatoduodenal; entre o fígado e o estômago, ele é denominado ligamento hepatogástrico (DYCE, 2010).

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