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Prof: Marlon C. Hoff A outorga é um ato administrativo onde o poder público, dá direito e autoriza O uso dos recursos hídricos por prazo determinado, à alguma empresa ou pessoa física (outorgado); Ela é um instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº 9.433/1997), conhecida como Lei das Águas. O objetivo da outorga é controlar a qualidade e a quantidade dos usos da água e assegurar o direito de acesso aos recursos hídricos por todos; Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: A derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d'água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; Uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; Estão sujeitos a outorga também, outros usos e ações e execução de obras ou serviços necessários à implantação de qualquer intervenção ou empreendimento, que demandem a utilização de recursos hídricos, ou que impliquem em alteração, mesmo que temporária, do regime, da quantidade ou da qualidade da água, superficial ou subterrânea, ou ainda, que modifiquem o leito e margens dos corpos de água; Independem de outorga pelo Poder Público: O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; As derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; As acumulações de volumes de água consideradas insignificantes, tanto do ponto de vista de volume quanto de carga poluente; Consideram-se também usos não sujeitos a outorga: Serviços de escavação e dragagem, em leito de rio ou reservatório, para fins de: desassoreamento; limpeza; conservação de margens; Outros fins que não alterem o regime de vazão dos corpos hídricos; Obras de travessia de corpos d’água, tais como pontes, passagens molhadas e dutos, além de interferências hidráulicas, como diques e soleiras de nível. Porque a necessidade da Outorga? A outorga é um instrumento, através do qual o poder público autoriza o usuário a fazer uso dos recursos hídricos. Através da outorga o Estado exerce, o controle de uso das águas entre diversos usuários, para que se mantenha a qualidade e quantidade de água para todos; As ações de diferentes setores da indústria, agropecuária e até mesmo da população afetam as condições da água para todos, por mais que eles pareçam estar distantes. Essas ações podem gerar grandes conflitos de uso. Temos por exemplo a agropecuária que necessita de grande quantidade de água para irrigação de culturas e dessedentação de animais. O setor industrial que necessita ter segurança para dispor da água com facilidade para a empresa funcione e seja produtiva. Também temos a população que precisa de água para seu dia-a-dia; Esses setores não estão isolados, eles se encontram em diferentes pontos da Bacia Hidrográfica e se conectam; Para conseguir a outorga é preciso cumprir várias exigências e condições que buscam garantir a qualidade e o controle na utilização das águas. Essas exigências são definidas a partir de uma avaliação de cada bacia hidrográfica. Para definir as exigências é levado em conta a disponibilidade hídrica da bacia e as demandas por água; Disponibilidade hídrica é o levantamento do volume de água disponível, e como ele está distribuído. Demanda por água são as necessidades de utilização de cada região. Quem deve solicitar a outorga? A outorga deve ser solicitada por pessoas ou empresas que façam uso da água dos rios ou reservatórios, ou que lancem resíduos – inclusive as empresas de abastecimento e saneamento, que perfuram poços para extração de água, que realizem obras que alterem a quantidade ou a qualidade do corpo hídrico. Como barragens, reservatórios ou desvios de rios ou que realizem atividades como piscicultura em tanques-redes; Quem concede a outorga? A competência de concessão da outorga depende da localização e da natureza da bacia ou do corpo d’água. A outorga é emitida pelos Estados, nos casos de águas subterrâneas, rios, lagos, reservatórios e açudes, que tenham sua nascente e sua foz dentro do território de cada estado. São de domínio da união rios e lagos que fazem divisa entre outros estados e outros países, e as águas armazenadas em reservatórios ou açudes construídos ou administrados pelo poder federal. Nesses casos a outorga é emitida pela Agência Nacional das Águas (ANA); Captação Direta nos Cursos de Água A captação direta no curso de água é quando a água é retirada ou aproveitada diretamente de qualquer corpo hídrico superficial. Pode ser destinada a diversas finalidades como, abastecimento doméstico, irrigação de culturas, uso industrial, dentre outros; Em geral as captações diretas se referem a usos consuntivos da água. Usos consuntivos, são usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente; Desvios de curso de água Os desvios de curso de água são considerados uma alteração do percurso natural do corpo de hídrico para diversos fins. O desvio em corpo d’água pode ser parcial ou total. O desvio parcial ocorre quando parte do curso d’água original é desviado para geração de novos cursos de água artificiais com vazões inferiores ao do curso original. O desvio total consiste em desviar o leito natural completamente. Nesse caso todo o curso d’água muda de percurso. Canalizações e Retificações do curso de água A canalização é toda obra ou serviço que tenha por objetivo dar forma geométrica definida para o curso de água, ou trecho deste, com ou sem revestimento nas margens ou no fundo; Já a retificação do curso de água é obra ou serviço que tenha por objetivo alterar, total ou parcialmente, o traçado ou percurso original de um curso de água, assim como o desvio; A intervenção poderá modificar as condições do meio hídrico, em seus aspectos quantitativos e de regime de vazões, por meio de canalizações, neste caso, passível de outorga; Construção de barramentos do curso de água As barragens ou barramentos são estruturas construídas transversalmente em um corpo hídrico, dotados de mecanismos de controle com a finalidade de obter a elevação de seu nível de água ou criar um reservatório de acumulação de água ou de regularização de vazões; As barragens com regularização são, em geral, construídas para evitar grandes variações do nível de um curso de água, para controle de inundações, para melhoria das condições de navegabilidade ou ainda, para manutenção de fluxos de água perenes a jusante de seu eixo; Travessia Rodo-Ferroviária (Pontes e Bueiros) As travessias são estruturas que permitem a passagem de uma margem à outra de um curso de água de pessoas, de animais, de veículos, de tubulações de água, de gás, de combustível, ou ainda de cabos e condutos de energia elétrica, dentre outros. A intervenção se refere principalmente à interposição de estruturas e/ou seus respectivos apoios no leito do curso de água. A intervenção poderá modificar as condições do meio hídrico, em seus aspectos quantitativos e de regime de vazões sendo, neste caso, passível de outorga; Dragagem, Limpeza e Desassoreamento de Cursos de Água As retiradas de minerais (como areia, pedras, argila, etc.) e materiais diversos do fundo dos cursos de água, com a utilizaçãode dragas, para fins de limpeza e contenção de enchente, fins industriais ou de comercialização, são também intervenções passíveis de outorga; Lançamento de Efluentes Os esgotos domésticos, agropecuários, industriais e demais resíduos líquidos necessitam outorga para serem lançados em cursos de água. Para a concessão da outorga, são analisadas as quantidades de carga poluidora, a capacidade de diluição do curso de água, os tipos de substâncias presentes nos efluentes, bem como a meta de qualidade pactuada para o corpo de água em questão, de acordo com o programa de enquadramento do curso de água em classes. Ocorrência das Águas Subterrâneas As águas subterrâneas são a principal reserva de água doce do planeta, ocorrem em volumes muito superiores aos disponíveis como água superficial. Elas preenchem espaços formados entre as rochas. Esses espaços são denominados aquíferos. Portanto, os aquíferos são formações geológicas constituídas de rochas capazes de armazenar e grandes quantidades de água. Eles são reservatórios naturais subterrâneos que podem ter tamanhos e profundidade variados; Captações em poços manuais e cisternas Um poço manual é, o poço escavado com trado manual ou mecânico, com revestimento protetor, geralmente de alvenaria de tijolo cerâmico ou tijolinho, contendo orifícios abertos por onde afluem as águas do nível freático, bem como pelo fundo do poço. Já as cisternas se constituem em poços de captação de água subterrânea, escavados manualmente e de grande diâmetro (superior a 0,5 metros). A diferença entre o poço e a cisterna está no diâmetro, o diâmetro do poço é menor que o diâmetro da cisterna. Captações em nascentes, olhos d’água e insurgências As nascentes, olhos d’água e insurgências são fontes hídricas naturais de água subterrânea, que brotam nos pontos onde o nível freático se encontra com a superfície do terreno; As águas provindas das nascentes, olhos d’água e insurgências são consideradas águas subterrâneas, numa área compreendida por extensões de até 50 metros (algumas vezes os afloramentos naturais possuem áreas não tão bem definidas); Alguns afloramentos naturais de água, com extensões acima de 50 metros, vão constituir-se em pequenos escoamentos que irão formar pequenos cursos de água, quando então são consideradas águas superficiais para efeito do exame do pedido de outorga de direito de uso de recursos hídricos. Para extrações de água inferiores às vazões e acumulações consideradas pouco expressivas ou insignificantes, ou seja, até 10m3/dia, as captações serão passíveis somente de cadastramento. É necessário observar, entretanto, as captações instantâneas, a capacidade de produção das fontes de recursos hídricos subterrâneos, de forma a não esgotar ou super explorar as nascentes e insurgências. Captações por meio de poços tubulares profundos Também conhecido como poço artesiano, o poço tubular profundo é circular de diâmetro reduzido (no máximo 50 cm), onde a perfuração é feita por meio máquinas perfuratrizes à percussão, rotativas e rotopneumáticas O poço é revestido internamente por tubos de ferro ou plástico a fim de evitar a entrada de água indesejável e não permitir o desmoronamento das camadas do terreno que foram atravessadas, intercalados por filtros onde a água flui. Autorização de perfuração Para a obtenção de outorga de direito de uso dos recursos hídricos para extração de águas subterrâneas por meio de poço tubular profundo, o requerente deverá inserir a autorização de perfuração na documentação, a ser apresentada para a instrução do respectivo processo. A Autorização para Perfuração de poços é necessária para verificar a sua viabilidade, levando-se em consideração a área e a vulnerabilidade do aquífero e ainda a proximidade com corpos d’água e áreas de proteção ambiental. Atividades não relacionadas a usos consuntivos passíveis de outorga Rebaixamento do Nível de Água O rebaixamento de nível de água é um procedimento que tem por objetivo manter o nível d’água em uma determinada cota que permita a continuidade das atividades de lavra em atividades de mineração ou ainda que permita a implantação de estrutura de engenharia, por exemplo, da execução de fundações. Nesses casos, mesmo não havendo uso consuntivo da água, é necessária a obtenção da outorga de direito de uso de recursos hídricos.
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