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O discurso crítico brasileiro Eneida maria de Souza Foco central do texto: problema da dependência cultural modernização e transculturação Literatura- Crítica literária brasileira Transculturação - Fernando Ortiz (1881-1969): Do fenômeno social da "transculturação" e de sua importância em Cuba Entendemos que o vocábulo transculturação expressa melhor os processo de transição de uma cultura para outra, porque este processo não consiste somente em adquirir uma cultura diferente, o que, a rigor, significa o vocábulo anglo-saxão acculturation, porém o processo implica também, necessariamente, na perda, no desenraizamento de uma cultura anterior, o que se poderia chamar de uma desculturação parcial, e, além do mais, significa a criação consequente de novos fenômenos culturais, que se poderiam denominar neo-culturação. Enfim, como bem sustenta a escola de Malinowski, em todo enlace de culturas ocorre o mesmo que na cópula genética dos indivíduos: a criança sempre tem algo de seus progenitores, mas sempre algo diferente de cada um dos dois. Na sua totalidade, o processo é uma transculturação, e esse vocábulo compreende todas as fases da sua parábola. Ángel Rama (1926-1983) na esteira de Ortiz, aplica o conceito como base para sua reflexão acerca da literatura latino americana. Mabel Moraña: ampliação do conceito para além da área da Literatura Eneida Maria de Souza: não apenas nas questões de ordem moderna e nos problemas vinculados à política. P. 47 Definições e redefinições de Moderno Estão relacionadas às: diferentes relações criadas entre a importação de teorias da vanguarda europeia; construção do conceito de nacional e sua vinculação aos parâmetros ditos universais; passagem do discurso nacional-estatal para o campo da globalização; substituição da hegemonia do Estado pela hegemonia do mercado Mudanças epistemológicas Metáfora espacial Metáfora temporal Metáfora orgânica Metáfora alimentar Metáfora econômica Metáfora comercial Do ponto de vista da produção e da recepção desses conceitos operatórios, deve-se levar em conta a posição da cultura latino-americana frente à modernidade instaurada nos países hegemônicos, especialmente considerada como “periférica”, como “tardia”. As contradições inerentes a essa cultura, que passa por um lento e gradual processo social de modernização com as limitações impostas pelo “subdesenvolvimento”, motivam a reflexão contemporânea sobre os lugares de produção dos saberes locais, bem como a articulação com os outros saberes globais. Transformação das teorias globalização, pós-modernidade, quebra do conceito de linearidade histórica,. Antonio Cândido Roberto Schwarz Modernismo Silviano Santiago Oswald de Andrade Luís Costa Lima Mário de Andrade Roberto Corrêa dos Santos Haroldo de Campos Glauber Rocha Antonio Cândido Consciência amena do atraso Consciência do subdensevolvimento (pós segunda-guerra) esforço de modernização (p. 50) Para Silviano Santiago: posição correlata à Joaquim Nabuco Metáforas orgânicas – as literaturas latino-americanas são galhos das metropolitanas Verticalidade, hierarquização, ordem causalista e cronológica de influências, dependência. Antonio Cândido Para Eneida: um dos teóricos mais sensíveis ao sentimento de dualidade que caracteriza a mentalidade do intelectual vivendo num país periférico. Desde a sua reflexão presente na Formação da Literatura Brasileira (1959) até os mais recentes estudos, persiste a discussão em torno da identidade dialética da cultura brasileira, condenada a oscilar entre local e universal, o mesmo e o outro, a civilização e o primitivismo, o moderno e o arcaico. Paulo Eduardo Arantes: Sentimento de Dialética (1992) Oposição entre Antonio Cândido e Roberto Schwarz A discussão retoma o dilema dos efeitos da transculturação, que se manifesta ora através da “dialética positiva” – Oswald de Andrade e a poética “pau-brasil”, o tropicalismo dos anos 1960 – ora pela “dialética negativa” – Machado de Assis e a lição do descompasso entre a modernização capitalista e a experiência brasileira” Paulo Eduardo Arantes: Sentimento de Dialética (1992) As posições de Cândido e de Schwarz se distinguem quanto à valorização das vanguardas no processo de descolonização nacional. Cândido: desrecalque localista: superação do sentimento de inferioridade Schwarz: considera “a poesia pau-brasil” oswaldiana como representação literária centrada no mito progressista-conservador; Rachel Esteves Lima: Para Schwarz, o desrecalque localista não passa de uma forma de legitimação da cópia de modelos europeus de uma maneira acrítica, em que ‘a interpretação triunfalista de nosso atraso’ acaba se fundando numa ilusão’. Roberto Schwarz As ideias fora do lugar Descompasso Mal-estar Torcicolo cultural ( p. 52 e 53) Silviano Santiago O entre-lugar do discurso latino-americano Parte de um reflexão desconstrutora – instrumental teórico francês e borgiano Desfaz a rigidez das oposições – se inscreve sob o signo na contradição e do paradoxo Relação estreita com a antropofagia oswaldiana e a “traição da memória” de Mário de Andrade – enxerga esses movimentos como um diálogo alegre, sem o peso do descompasso ou do mal-estar, porém sem ignorar que a resolução apresenta conflitos e natureza ufanista. (p. 53) Luiz costa lima A problemática da diferença cultural impõe-se a partir do exame do “controle do imaginário” no pensamento ocidental. Crítico: teorizar sobre as transposições desse pensamento para o espaço colonizado, elaborando-se, para tal formas de interlocução com a cultura estrangeira. Repudia a tradição ensaística, a cultura auditiva, as marcas da oralidade e da improvisação. (p. 53-54) Roberto Corrêa do santos Pensa o projeto modernista na esteira de Silviano Santiago: Segunda colonização – pela vontade livre dos agentes sociais Embaralhamento entre interior e exterior Defesa do indígena desprovido de roupagem europeia – Macunaíma (desconstrução da falsa questão da identidade indígena) (p. 56) A aceitação do descompasso entre modernização e transculturação como uma das condições de serem encarados os conflitos, no lugar de ignorados ou dissolvidos, é compartilhada por escritores que definem o nacional pelo viés da herança modernista de Oswald e de Mário de Andrade . E qual seria esse viés? A questão do nacional no modernismo Conflito e dilema Vanguarda x princípios nacionalistas e universalizantes Posição do escritor x posição de intelectual (p. 57) O estreito vínculo entre a ruptura de modelos estrangeiros e a descolonização de uma tradição cultural do País foi por muito tempo esquecido, ao se privilegiar, no Modernismo, a leitura apenas pelo viés da destruição e da vanguarda, em detrimento dos valores legados pela tradição. Haroldo de campos Poesia concreta Redução estética Tradição oswaldiana – gesto antropofágico e seletivo Arte de exportação Capitalismo em Ascenção Projeto de integração e de planificação da ordem nacional Otimismo Construção de Brasília Poesia concreta, abstracionismo geométrico, nas artes plásticas, bossa nova, Cinema novo: estilo minimalista, linguagem que pudesse ser entendida internacionalmente, embora marcada pelo traço nacional. p. 62 Glauber Rocha Estética da fome – autofagia no lugar de antropografia P. 63
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