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DIREITO EMPRESARIAL I ESBOÇO COMENTADO ABRIL A JUNHO 2017

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Prévia do material em texto

Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
FACULDADE DE BALSAS (UNIBALSAS) – CURSO DE DIREITO. 
DIREITO EMPRESARIAL I – 5º PERÍODO. 
PROF. Ms. EDUARDO MATZEMBACHER FRIZZO1. 
ESBOÇO COMENTADO DAS AULAS DE ABRIL A JUNHO DE 20172. 
 
1 TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Toda a teoria é um conjunto ordenado pela ciência. 
 
Segue, necessariamente, uma ordem de princípios que ordena seu conteúdo, de modo 
que sem os mesmos seria impossível situar a inteligência em suas plagas. 
 
Com os títulos de crédito ocorre o mesmo, de forma que a teoria geral dos títulos de 
crédito, consoante Tarcisio Teixeira, cuida dos princípios e das regras gerais e 
fundamentais dos institutos jurídicos cambiais. 
 
Os títulos de crédito, nesse sentido, constituem-se como um sub-ramo do Direito 
Empresarial conhecido como Direito Cambiário. 
 
Existem leis próprias que regem seu caráter jurídico, podendo-se duas em caráter 
exemplificativo: 
 
a) Lei Uniforme (Decreto nº 57.663/1966) – a qual trata de variados institutos de 
Direito Cambiário, além de trazer as normas aplicáveis à letra de câmbio, à nota 
promissória; 
b) Lei da Duplicata (Lei nº 5.474/1968) – a qual traz especificidade legais acerca 
da duplicata, aplicando-se a Lei Uniforme de forma subsidiária quando somada 
aos princípios gerais do Direito Cambiário. 
 
À parte isso, convém salientar que em todos os casos cabe aplicação subsidiária – frise-
se: apenas subsidiária – do CC, como salienta o art. 903: 
 
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo 
disposto neste Código. 
 
1
 Mestre em Direito, Cidadania e Desenvolvimento (Unijuí – 2009/2011). Especialista em Docência para 
o Ensino Superior (Cnec/Iesa – 2006/2008) e graduado em Ciências Jurídicas e Sociais (Cnec/Iesa – 
2002/2006). Ex-professor em sede de graduação e pós-graduação dos Cursos de Direito e Biomedicina do 
Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (Cnec/Iesa – 2007/2013). Professor em tempo 
integral do Curso de Direito da Faculdade de Balsas (Unibalsas) em sede de graduação e pós-graduação, 
sendo também Coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) da instituição. Advogado. E-mail para 
contato: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
2
 O presente material consiste no esboço comentado das aulas de Direito Empresarial I ministradas para o 
5º período do Curso de Direito da Faculdade de Balsas (Unibalsas) nos meses de abril a junho de 2017. A 
matéria aqui disposta, portanto, em correlação com o que foi trabalhado em aula, pode ser objeto de 
avaliação. Deve-se atinar que seu conteúdo não exclui, para que haja profundidade temática, a leitura das 
obras indicadas quando do início do semestre – e nem comporta necessariamente a totalidade dos 
assuntos tratados em sala de aula. Saliente-se que o conteúdo do presente bimestre que poderá vir a 
ser cobrado em sede de AV5, inicia em concorrência desleal e infração da ordem econômica, tópicos 
que constam no material fornecido para estudos no bimestre passado, mesmo que devidamente 
trabalhados em sala de aula no atual bimestre. Dessa forma, inicie seu estudo pelo caderno e utilize 
este material como algo complementar. 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
Ademais, de se ressaltar que os arts. 887 a 902 do CC trazem alguns tópicos que, em 
razão de vácuos legislativos, são aplicáveis aos títulos de crédito, na senda do que será 
visto no transcorrer desse estudo – o qual irá abarcar preponderantemente os seguintes 
pontos: 
 
a) teoria geral dos títulos de crédito; 
b) institutos do Direito Cambiário; 
c) cheque, duplicata, letra de câmbio, nota promissória e letra imobiliária; 
d) títulos de créditos eletrônico; 
e) noções gerais de contratos mercantis. 
 
Antes de mais, porém, importante analisar o cerne de tudo quanto será visto: o crédito. 
 
A palavra “crédito”, derivada do latim credere, significa “confiar”, “dar voto de 
confiança”. 
 
DESSA MANEIRA, O CRÉDITO OFERECE A POSSIBILIDADE DE CONSUMO 
IMEDIATO PELO SEU TOMADOR EM RELAÇÃO À COMPRA DE PRODUTO 
OU DE SERVIÇO E À ESPERA DO VENDEDOR PARA RECEBER A 
CONTRAPRESTAÇÃO PELO QUE VENDEU – OU SEJA: SEMPRE SE TRATA DE 
UMA TROCA INTERTEMPORAL. 
 
O tomador – aquele que se compromete com determinado pagamento – tem “crédito” 
(ou seja: confiança) com o vendedor (aquele que dá “voto de confiabilidade”) na 
medida em que se compromete em pagar posteriormente pela compra de determinado 
produto ou pela utilização de determinado serviço que consome imediatamente, 
possibilitando, assim, a circulação de riquezas sem a necessidade de um pagamento 
imediato. 
 
Trata-se, no dizer de Paulo Sérgio Restiffe, da troca de uma prestação atual por uma 
prestação futura com base na confiança de uma parte com a outra. 
 
Se couber uma análise de cunho etimológico, poderá mesmo se verificar que a 
consequência do não pagamento de um título de crédito, o “juro”, detém relação com a 
própria palavra “crédito” – a confiança. 
 
Ou seja: se “juro” pagar dívida X em um espaço de tempo W e não procedo com o 
devido pagamento, o credor, com base no “crédito” confiado, cobrará “juros” pela 
ocorrência do não pagamento. 
 
Percebe-se, pois, que ainda que a disciplina dos títulos de créditos seja deveras técnica, 
sua base fundamental se encontra nas palavras “confiança” (“crédito”) e “juramento” 
(“juro”). 
 
1.1 Breve histórico 
 
O dinheiro, via convenção, consiste em uma forma de troca aceita por todos, 
caracterizando-se como o método por meio do qual se pode adquirir mercadorias e 
serviços. 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
Ocorre que, anteriormente, a troca se dava via escambo: in natura – uma coisa por outra 
coisa. 
 
Posteriormente, passou-se a usar o sal como moeda, seguido da moeda-metálica e, por 
fim, o papel-moeda baseado na confiança do Estado emissor, na esteira do entendimento 
de Amador Paes de Almeida. 
 
Houve a passagem, assim, de uma economia natural para um economia monetária, 
restando o papel-moeda como forma de troca plenamente arraigada socialmente. 
 
Com o desenrolar da história, a economia monetária cedeu lugar a uma economia 
creditória, alargando-se o conceito de troca consignada ao dinheiro em espécie e dando 
margem ao surgimento dos títulos de crédito, o que se deu na Idade Média. 
 
Com o passar do tempo, os títulos de crédito assumiram a condição de representar 
valores, contendo, de forma implícita, a obrigação de realizar (pagar) esse valor no 
prazo convencionado. 
 
ECONOMIA NATURAL 
= 
ESCAMBO, TROCA IN NATURA, COISA POR COISA. 
 
ECONOMIA MONETÁRIA 
= 
MOEDA-METÁLICA, PAPEL-MOEDA, DINHEIRO EM ESPÉCIE. 
 
ECONOMIA CREDITÓRIA 
= 
TÍTULOS DE CRÉDITO (COMPRAR HOJE E PAGAR AMANHÃ MEDIANTE 
VOTO DE CONFIANÇA – “DAR CRÉDITO”). 
 
1.2 Conceito 
 
Título de crédito, no ensinamento de Vivante, é o documento necessário para o 
exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado. 
 
Tal conceito clássico, aceito unanimemente pela doutrina, é importante pois do mesmo 
se pode extrair três princípios elementares dos títulos de crédito: 
 
a) carturalidade (a palavra “cártula” significa “papel” – consequentemente, um 
título de crédito necessariamente deve ser firmado em papel). 
 
b) literalidade (a palavra “literal” quer dizer que vale apenas o que está escrito, 
devidamente estampado no título).c) autonomia (a palavra “autônomo” significa “independente” – quando, por 
exemplo, um título de crédito trouxer mais de uma obrigação, as mesmas serão 
consideradas independentes, de forma que a invalidade de uma não acarretará a 
invalidade das demais). 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
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Também de se frisar que o art. 887 do CC traz um conceito de título de crédito 
plenamente aplicável à disciplina: 
 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e 
autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. 
 
1.3 Expressões cambiárias 
 
Em Direito Cambiário existem algumas expressões corriqueiras. 
 
Mesmo que sua contextualização e devido rigor legal fiquem claros apenas com o correr 
da disciplina, importante situar desde já o significado de algumas: 
 
1) SACAR – Significa emitir o título, podendo, ainda, deter o significado de 
abatimento e/ou desconto em conta bancária. Veja-se: quando você “saca” 
dinheiro do caixa eletrônico, o percentual sacado é automaticamente debitado da 
sua conta. Se sua conta, em caso hipotético, encontra-se mergulhada no limite do 
cheque especial, automaticamente há a emissão de uma dívida (um título) sua 
para com a instituição bancária, a qual, se não sanada, implicará no pagamento 
de juros. 
 
2) SAQUE – É a expedição do título, sua emissão ou criação. Trata-se do caso 
acima, no qual o cliente do banco gerou uma dívida para com a instituição 
bancária por sacar valores consignados ao cheque especial. 
 
3) ACEITE – É a concordância em pagar. Quando você assina um contrato de 
empréstimo, você “aceita” esse contrato – concorda em pagar (eis o “aceite”). 
 
4) SACADOR – É o emitente, aquele que cria o título, dando a ordem para o 
sacado pagar determinado valor em determinada data. 
 
5) SACADO – É o aceitante, o devedor – “aceitando” e/ou “concordando” com o 
título, o sacado se compromete em pagar a dívida na data do vencimento. 
 
6) TOMADOR – É o credor, o beneficiário, que poderá ser um terceiro – no caso 
do cheque “passado adiante”, por exemplo – ou ser a mesma pessoa que o 
sacador – no caso da duplicata. 
 
1.4 Princípios gerais do Direito Cambiário 
 
a) Cartularidade 
 
Conforme predito acima, carturalidade significa “papel” – o que, por rumo lógico, 
significa que o título de crédito deve ser firmado em papel. 
 
Entretanto, veja-se o art. 889, §3º do CC: 
 
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos 
direitos que confere, e a assinatura do emitente. 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
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§1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. 
 
§2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o 
domicílio do emitente. 
 
§3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio 
técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos 
mínimos previstos neste artigo. 
 
Vê-se, portanto, que o §3º do art. 889 do CC constitui uma exceção ao princípio da 
carturalidade, visto que permite a emissão de título eletronicamente desde que 
observados os requisitos mínimos presentes no próprio dispositivo: 
 
a) data de emissão; 
b) indicação dos direitos que confere; 
c) assinatura do emitente. 
 
Afora tais especificidades que serão estudadas adiante, de se dizer que o exercício dos 
direitos representados por um título de crédito pressupõe a sua posse, visto que 
somente quem exibe a cártula (o papel que representa o título) pode exigir a 
satisfação do direito que está documentado no título – considerando-se ainda que a 
regra geral prediz que quem não tem a posse do título não pode ser presumido 
credor. 
 
APENAS QUEM POSSUI A POSSE DO TÍTULO DE CRÉDITO PODE EXIGIR A 
SATISFAÇÃO DOS DIREITOS EXPRESSOS PELO DOCUMENTO. 
 
Em decorrência disso, a instrução de uma petição inicial de execução deve se dar com a 
exibição do original, não podendo ser cópia autenticada. 
 
Dessa exigência advém a garantia de que quem postula a satisfação do direito é 
realmente o seu titular, legando segurança às operações creditórias. 
 
Veja-se o seguinte: se possível fosse ajuizar uma execução com uma cópia do título, o 
original poderia continuar circulando, prejudicando, assim, terceiros de boa-fé. 
 
Exceção ao princípio da carturalidade, entretanto, ocorre quando o devedor não devolve 
a duplicata que lhe foi enviada para aceitação. 
 
Nessa situação, a execução pode ser instruída com o comprovante da entrega da 
mercadoria, considerando-se que o título original foi retido pelo devedor. 
 
PRINCÍPIO DA CARTURALIDADE 
= 
APENAS QUEM POSSUI O TÍTULO ORIGINAL PODE EXIGIR SEU 
CUMPRIMENTO VIA EXECUÇÃO. 
 
 
 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
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E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
EXCEÇÕES: 
 
A) CASO DE DUPLICATA RETIDA PELO DEVEDOR, OCASIÃO NA QUAL A 
EXECUÇÃO PODE SER INSTRUÍDA COM O COMPROVANTE DE ENTREGA 
DA MERCADORIA. 
 
B) ART. 889, §3º DO CC: TÍTULOS DE CRÉDITO ELETRÔNICO, OS QUAIS 
DEVEM OBSERVAR AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO DISPOSITIVO 
CIVILISTA. 
 
b) Literalidade 
 
Literalidade: apenas o que está escrito, estampado no título – eis o significado 
simplificado desse princípio. 
 
Dessa maneira, somente produzem efeitos jurídico-cambiais os atos lançados no próprio 
título de crédito. 
 
Consequentemente, atos documentados em instrumentos apartados, ainda que válidos e 
eficazes entre os sujeitos diretamente envolvidos, não produzirão efeitos perante o 
portador do título. 
 
Vejam-se dois exemplos de aplicação prática do princípio da literalidade: 
 
1) Se alguém paga parcialmente título de crédito (nota promissória, cheque, etc.), 
deve pedir a quitação parcial na própria cártula. Caso não o peça, não poderá se 
furtar de pagar o valor total se o título de crédito for transferido à terceiro de 
boa-fé. 
 
2) Se pretenso avalista apenas se obrigou em documento apartado do título de 
crédito original, não constando a existência do aval na própria cártula, a garantia 
simplesmente inexiste. 
 
PORTANTO, O DIREITO DECORRENTE DO TÍTULO É LITERAL NO SENTIDO 
DE QUE, QUANTO AO CONTEÚDO E ÀS MODALIDADES DESSE DIREITO, É 
DECISIVO O TEOR DO TÍTULO. 
 
EM SUMA: VALE O QUE ESTÁ ESCRITO NO TÍTULO E NADA MAIS. 
 
Logo: 
 
1) Nenhum credor pode pleitear mais direitos do que os resultantes exclusivamente 
do conteúdo do título de crédito. 
 
2) O titular do crédito pode exigir todas as obrigações decorrentes das assinaturas 
constantes na cártula. 
 
3) Se alguém deve mais do que a quantia escrita na cártula, só poderá ser cobrado, 
com base no título, pelo valor do documento. 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
4) Se alguém deve menos do que a quantia escrita na cártula, não poderá exonerar-
se de pagar todo o montante registrado. 
 
c) Autonomia 
 
A palavra “autônomo” significa “independente”. 
 
Por isso um profissional é “autônomo” na medida em que exerce seu labor por conta 
própria, independente de vínculos empregatícios. 
 
No que tange aos títulos de crédito, a autonomia existe no seguinte caso: quando um 
único título documentar mais de uma obrigação, elas serão consideradas 
independentes,sendo que uma possível invalidade de qualquer uma delas não irá 
acarretar prejuízo às demais obrigações. 
 
Segue um exemplo que descortina a importância do princípio da autonomia: 
 
1) João vende uma casa para Roberto. 
2) Roberto assina uma nota promissória em favor de João. 
3) João, porém, torna-se devedor de Assis, efetuando o pagamento do seu débito 
com a nota promissória assinada por Roberto. 
 
O que se vê? 
 
Três relações jurídicas: 
 
1) João e Roberto: compra e venda. 
2) João e Assis: quitação de dívida. 
3) Roberto e Assis: dívida pendente. 
 
O que se deve ressaltar, é que havendo vício em qualquer relação jurídica – como 
problemas na casa adquirida por Roberto –, este vício não afetará as demais relações – 
como a dívida pendente de Roberto em relação a Assis. 
 
Por esse motivo, o princípio da autonomia é fundamental para a circulação dos títulos 
de crédito. 
 
PELO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DAS OBRIGAÇÕES CAMBIAIS, OS VÍCIOS 
QUE COMPROMETEM A VALIDADE DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA, 
DOCUMENTADA EM TÍTULO DE CRÉDITO, NÃO SE ESTENDEM ÀS DEMAIS 
RELAÇÕES ABRANGIDAS NO MESMO DOCUMENTO. 
 
Também é de se frisar que o princípio da autonomia se subdivide em outros dois 
princípios: abstração e inoponibilidade. 
 
c1) Abstração 
 
A abstração surge quando o título de crédito circula – isto é: “passa para outras mãos”. 
 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
Nessa situação, há uma desvinculação do título de crédito com o negócio jurídico 
que lhe deu origem. 
 
O exemplo acima citado envolvendo João, Roberto e Assis, pode ser utilizado: 
 
1) João vende uma casa para Roberto. 
2) Roberto assina uma nota promissória em favor de João. 
3) Se a compra e venda for desfeita, o título não precisa ser honrado por Roberto. 
4) Se a nota promissória circulou – como na hipótese de João pagar uma dívida 
para com Assis se utilizando da nota promissória – o título terá de ser pago ao 
seu portador – no caso, Assis. 
 
A ABSTRAÇÃO, ASSIM, SOMENTE SE VERIFICA SE O TÍTULO CIRCULA. 
 
QUANDO TRANSFERIDO PARA TERCEIROS DE BOA-FÉ, OPERA-SE O 
DESLIGAMENTO ENTRE O DOCUMENTO CAMBIAL E A RELAÇÃO QUE 
TEVE ORIGEM. 
 
A CONSEQUÊNCIA É A IMPOSSIBILIDADE DE O DEVEDOR EXONERAR-SE 
DE SUAS OBRIGAÇÕES CAMBIÁRIAS PERANTE TERCEIROS DE BOA-FÉ EM 
RAZÃO DE IRREGULARIDADES, NULIDADES OU VÍCIOS DE QUALQUER 
ORDEM QUE CONTAMINEM O TÍTULO COM TAL RELAÇÃO – OU SEJA: QUE 
SEJAM ORIGINÁRIAS DA OBRIGAÇÃO ORIGINAL QUE PROMOVEU O 
SURGIMENTO DO TÍTULO. 
 
c2) Inoponibilidade 
 
O subprincípio da inoponibilidade, em realidade, significa inoponibilidade das 
exceções pessoais aos terceiros de boa-fé, relacionando-se, portanto, com o 
subprincípio da abstração. 
 
Para sua compreensão, o mesmo exemplo já tracejado por ser utilizado: 
 
1) João vende uma casa para Roberto. 
2) Roberto assina uma nota promissória em favor de João. 
3) João utiliza a nota promissória para quitar dívida com Assis. 
4) A compra e venda realizada entre João e Roberto é desfeita em função de 
Roberto ter descoberto inúmeros defeitos estruturais na casa adquirida. 
5) Assis, porém, desconhece a relação jurídica entre João e Roberto. 
6) Por esse motivo, poderá executar a nota promissória que possui em seu favor, 
visto ter recebido a mesma a título de pagamento. 
7) Na sua defesa, Roberto não poderá alegar problemas com João na compra e 
venda da casa. 
8) No máximo, poderá alegar deficiências do título, como falsidade, nulidade por 
falta de requisito ou prescrição. 
9) Porém, se Roberto conseguir provar que Assis e João tinham uma relação 
pessoal e Assis detinha conhecimento da desfeita da compra e venda realizada, 
Assis será considerado de má-fé. 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
10) Nesse desiderato, Roberto poderá ofertar tal argumento em sua defesa 
(embargos, em se tratando de execução). 
11) Assis, por sua vez, terá de provar a inexistência de vícios. 
 
PELO SUBPRINCÍPIO DA INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS AOS 
TERCEIROS DE BOA-FÉ, O EXECUTADO, EM VIRTUDE DE TÍTULO DE 
CRÉDITO, NÃO PODE ALEGAR EM SUA DEFESA (EMBARGOS) MATÉRIA 
ESTRANHA À SUA RELAÇÃO DIRETA COM O EXEQUENTE (CREDOR), 
SALVO PROVA DE MÁ-FÉ, CONFORME ABORDADO ACIMA. 
 
2 ROL DE TÍTULOS DE CRÉDITOS 
 
Vistos os princípios gerais que dão o norte aos títulos de crédito, bem como predita sua 
cabível conceituação, interessante iniciar a abordagem do rol dos títulos de crédito. 
 
Opta-se por primeiramente realizar a abordagem dos títulos de crédito em si para apenas 
posteriormente ser efetuado o tratamento dos institutos do Direto Cambiário, uma vez 
que de tal modo a compreensão dos mesmos restará facilitada dado o seu caráter 
eminentemente tecnicista do ponto de vista jurídico – considerando-se, porém, que 
alguns pontos referentes aos institutos do Direito Cambiário são comentados do início 
do fim do presente material. 
 
2.1 NOTA PROMISSÓRIA 
 
A nota promissória constitui uma promessa de pagamento. 
 
Especificamente, trata-se de uma 
 
a) promessa do subscritor (aquele que assina e se compromete com tal assinatura 
– o devedor) 
 
b) de pagar quantia determinada 
 
c) ao tomador (aquele para quem o subscritor deve pagar – o credor), ou à pessoa 
a quem esse transferir o título. 
 
Ademais, a palavra “nota” significa “título ou documento”, sendo que a palavra 
“promissória” significa “promessa”. 
 
Constitui-se, portanto, como uma promessa escrita e formalizada em um título no qual o 
emissor assume um compromisso em favor do credor – isto é: confessa que é devedor e 
promete pagar. 
 
O devedor da nota promissória também é denominado como 
a) “subscritor” (aquele que subscreve, que assina) 
ou 
b) “emitente” (aquele que emite a promessa de pagamento de dívida). 
 
Já o credor da nota promissória é denominado como 
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a) “beneficiário” (aquele a quem a dívida beneficia) 
ou 
b) “tomador” (tomador = toma + dor – traduzindo: o credor “toma as dores” do 
devedor e confia em sua promessa de pagamento formalizada por via da nota 
promissória). 
 
OU SEJA: 
 
A NOTA PROMISSÓRIA É UM TÍTULO OU DOCUMENTO QUE TRAZ UMA 
PROMESSA DE PAGAMENTO DO SUBSCRITOR EM RELAÇÃO AO TOMADOR 
OU À PESSOA A QUEM O TOMADOR TRANSFERIR O TÍTULO. 
 
a) Requisitos 
 
A base legal da nota promissória se encontra dispersa entre o Decreto nº 2.044/1908 e o 
Decreto nº 57.663/1966 – a chamada Lei Uniforme (ou simplesmente LU). 
 
Nesse sentido, os arts. 75 e 76 da LU trazem os requisitos da nota promissória: 
 
Art. 75 - A nota promissória contém: 
 
1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e expressa 
na língua empregada para a redação desse título; 
 
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
 
3 - A época do pagamento; 
 
4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
 
5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; 
 
6 - A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 
 
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
 
Art. 76 - O título em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não 
produzirá efeito como nota promissória, salvo nos casos determinados das alíneas 
seguintes. 
 
A nota promissória em que não se indique a época do pagamentoserá considerada 
pagável à vista. 
 
Na falta de indicação especial, lugar onde o título foi passado considera-se como sendo 
o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do subscritor da nota 
promissória. 
 
A nota promissória que não contenha indicação do lugar onde foi passada considera-se 
como tendo-o sido no lugar designado ao lado do nome do subscritor. 
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Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
Vistos tais dispositivos, percebe-se que a nota promissória detém requisitos obrigatórios 
e requisitos facultativos. 
 
Os requisitos obrigatórios são os seguintes: 
 
a) expressão “nota promissória”; 
b) nome do beneficiário; 
c) assinatura do emitente ou do seu mandatário especial; 
d) quantia; 
e) data e lugar da emissão. 
 
Já os requisitos facultativos das notas promissórias são os seguintes: 
 
a) lugar do pagamento; 
b) vencimento. 
 
Com relação ao requisito facultativo do “lugar de pagamento”, é de se dizer que, se 
estiver em branco, o local de pagamento pode ser considerado tanto o domicílio do 
devedor quanto o lugar em que a nota foi emitida. 
 
Se Ribamar, residente em Balsas (MA) emite uma nota promissória em benefício de 
Carlos na cidade de Araguaína (TO), mas deixa em branco o lugar de pagamento no 
corpo da nota promissória, tal local pode ser tanto Balsas (MA) quanto Araguaína (TO). 
 
Quanto ao requisito facultativo do “vencimento”, importante mencionar que o mesmo 
pode ser dar à vista ou a prazo. 
 
Entretanto, se Ribamar emitiu uma nota promissória em benefício de Carlos e não 
preencheu o documento com a data de vencimento, considera-se que a mesma é à vista. 
 
Simplificadamente: se estiver em branco a data de vencimento da nota promissória, 
reputa-se que a mesma é à vista. 
 
LUGAR DE PAGAMENTO EM BRANCO = PAGAMENTO NO DOMICÍLIO DO 
DEVEDOR OU NO LUGAR EM QUE A NOTA FOI EMITIDA. 
 
VENCIMENTO EM BRANCO = SE ESTIVER EM BRANCO, O TÍTULO É À 
VISTA. 
 
No que é pertinente aos requisitos essenciais das notas promissórias, importante 
aduzir que se os mesmos não estiverem presentes, a nota promissória não produzirá 
efeitos, não sendo, portanto, um título executivo extrajudicial. 
 
Importa igualmente referir que as notas promissórias deve ser emitidas em uma única 
via com a intenção de se evitar problemas na circulação. 
 
Para fins de ilustração, veja-se o seguinte exemplo: 
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b) Nota promissória em branco 
 
Veja-se, antes de mais, a Súmula nº 387 do STF: 
 
A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo 
credor de boa-fé antes da cobrança ou protesto. 
 
O que isso significa? 
 
As informações da nota promissória podem ser preenchidas pelo credor, sendo 
indispensável, no momento da emissão, apenas a assinatura do devedor acerca dos 
dados que o qualificam como tal. 
 
A Súmula nº 387 do STF é complementada pela redação do art. 891, caput, do CC: 
 
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido em 
conformidade com os ajustes realizados. 
 
Ocorre que isso é perigoso para o devedor, visto que o credor pode preencher a nota 
promissória em desacordo com aquilo que foi ajustado. 
 
Nessa situação, o que o devedor deverá fazer será honrar seu pagamento caso a nota 
promissória terminar nas mãos de portador de boa-fé, tendo direito de regresso contra o 
credor que agiu de má-fé, a teor do que prediz o parágrafo único do art. 891 do CC: 
 
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Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que deles 
participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao 
adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
 
Em suma: 
 
a) se o terceiro que tomou a nota promissória estiver de boa-fé, não tendo 
conhecimento do que foi feito pelo credor inicial, o devedor deverá arcar com 
sua dívida, possuindo direito de regresso contra o credor inicial; 
b) se o terceiro que tomou a nota promissória agiu de má-fé, o devedor deverá 
comprovar o caso, podendo opor o teor da nota promissória a este terceiro 
envolvido na relação jurídica. 
 
Por esses motivos, se a nota promissória estiver em branco, contendo apenas a 
assinatura do devedor, é interessante que a mesma se encontre vinculada a um contrato 
escrito com a finalidade de se comprovar quais elementos foram estabelecidos pelas 
partes para o preenchimento. 
 
c) Prescrição 
 
A prescrição geral da nota promissória é de 3 (três) anos – atentando-se ao fato de que 
ação monitória em face de nota promissória pode ser proposta em até 5 (cinco) 
anos a contar da data do vencimento da mesma, conforme entendimento da 
Súmula nº 504 do STJ –, consoante dispõe o art. 70 da LU: 
 
Art. 70 - Todas as ações contra ao aceitante relativas a letras prescrevem em três anos a 
contar do seu vencimento. 
 
As ações ao portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem num ano, a 
contar da data do protesto feito em tempo útil ou da data do vencimento, se se trata de 
letra que contenha cláusula "sem despesas". 
 
As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em seis 
meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi 
acionado. 
 
De se salientar que o prazo expresso pelo dispositivo citado acima igualmente é válido 
para as letras de câmbio, títulos estes que serão analisados em momento oportuno. 
 
2.2 CHEQUE 
 
Cheque é uma ordem de pagamento à vista, emitida (sacada) contra um banco com base 
na provisão de fundos suficientes. 
 
Assim, já que o cheque é uma ordem de pagamento, surgem três figuras: 
 
a) emitente ou sacador (aquele que emite o cheque); 
 
b) sacado (o banco que recebe o cheque e efetua a ordem de pagamento); 
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c) portador, beneficiário ou credor (aquele a quem é emitido o cheque). 
 
VÊ-SE, DESSA FORMA, QUE O CHEQUE É UMA ORDEM DE PAGAMENTO À 
VISTA EMITIDA POR UM SACADOR EM FAVOR DE UM CREDOR E PAGA 
POR UM SACADO DE ACORDO COM A PROVISÃO DE FUNDOS DO 
EMITENTE – TRADUZINDO: QUEM ARCA COM A DESPESA É O SACADOR E 
NÃO O SACADO, POIS ESTE ÚLTIMO, NA RELAÇÃO ATINENTE AO CHEQUE, 
É A INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. 
 
O regime jurídico do cheque se encontra inscrito na Lei nº 7.357/85 – a chamada Lei do 
Cheque. 
 
Seus requisitos, dessa forma, estão claramente distribuídos e informados no art. 1º do 
referido diploma: 
 
Art . 1º O cheque contêm: 
 
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que 
este é redigido; 
 
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
 
IV - a indicação do lugar de pagamento; 
 
V - a indicação da data e do lugar de emissão; 
 
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. 
 
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes 
especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica 
ou processo equivalente. 
 
Percebe-se, assim, que os requisitos do cheque são: 
 
a) a palavra “cheque”, escrita notexto do título, na língua empregada para a sua 
redação; 
b) a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
c) o nome do banco a quem a ordem é dirigida (sacado); 
d) data do saque; 
e) lugar do saque ou menção de um lugar junto ao nome do emitente; 
f) assinatura do emitente (sacador). 
 
No que pertine ao cheque, é importante salientar que se trata de título de crédito de 
modelo vinculado, só podendo ser eficazmente emitido no papel fornecido pelo 
banco sacado, seja em talão ou avulso. 
 
Dessa maneira, não costuma gerar incertezas a eficácia do documento. 
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Trata-se, portanto, de caso avesso à nota promissória, a qual é título de modelo livre, 
podendo apresentar os mais variados padrões. 
 
Para fins de ilustração, veja-se um exemplo: 
 
 
 
2.2.1 ESPÉCIES DE CHEQUE3 
 
a) Cheque pré-datado 
 
Cheque pré-datado é aquele em que se fixa um vencimento a prazo – ou seja: uma data 
futura para ser levado à compensação ou à quitação. 
 
Contudo, pelo fato do cheque, conceitualmente, tratar-se de uma ordem de pagamento à 
vista, poderá ser apresentado ao banco para compensação antes da data. 
 
Nessa situação, porém, há uma violação de um acordo entre as partes, cabendo ação 
indenizatória na esfera civil – conforme preceitua a Súmula nº 370 do STJ: “caracteriza 
dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. 
 
Entretanto, se houver fundos na conta bancária do emitente, o cheque será compensado, 
pois ao banco não cabe o exame de cláusulas com datas de vencimento a prazo. 
 
Nessa sonância, pelo fato de, conceitualmente, o cheque ser uma ordem de pagamento à 
vista, o cheque pré-datado não é considerado uma espécie efetiva de cheque, consistindo 
apenas em uma prática usual no comércio. 
 
VIA DE REGRA, O CHEQUE É SEMPRE À VISTA. 
 
CONTUDO, POR ACORDO ENTRE CREDOR E DEVEDOR, PODERÁ SER À 
PRAZO – OU SEJA: PRÉ-DATADO. 
 
SE O CREDOR COMPENSAR O CHEQUE ANTES DO PRAZO ACORDADO, O 
DEVEDOR TEM DIREITO À INDENIZAÇÃO NA ESFERA CIVIL, CONFORME A 
SÚMULA Nº 370 DO STJ. 
 
3
 Na questão das espécies de cheque, convém checar as anotações complementares feitas em sala de aula. 
Aliás, essa “checagem” é fundamental para todo o conteúdo aqui disposto, visto que o mesmo não 
reflete com exatidão a maneira como os tópicos foram trabalhados em aula. 
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SE HOUVEREM FUNDOS SUFICIENTES NA CONTA DO DEVEDOR, 
CONTUDO, O BANCO COMPENSARÁ O CHEQUE, VISTO QUE NÃO LHE 
CABE ANALISAR CLÁUSULAS COM DATAS DE VENCIMENTO À PRAZO. 
 
b) Cheque cruzado 
 
O cheque cruzado é aquele que deve ser creditado a uma conta bancária, não podendo 
ser pago diretamente ao credor/portador – isto é: não pode ser descontado em agência 
bancária por dinheiro pelo credor. 
 
Para isso, de acordo com os arts. 44 e 45 da Lei do Cheque, são colocados dois traços 
paralelos na frente do título: 
 
Art. 44 O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois 
traços paralelos no anverso do título. 
 
§1º O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou 
existir apenas a indicação ‘’banco’’, ou outra equivalente. O cruzamento é especial se 
entre os dois traços existir a indicação do nome do banco. 
 
§2º O cruzamento geral pode ser convertida em especial, mas este não pode converter-
se naquele. 
 
§3º A inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como não 
existente. 
 
Art. 45 O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a 
cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento especial só 
pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o sacado, a cliente seu, 
mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado incumbir outro da 
cobrança. 
 
§1º O banco só pode adquirir cheque cruzado de cliente seu ou de outro banco. Só pode 
cobrá-lo por conta de tais pessoas. 
 
§2º O cheque com vários cruzamentos especiais só pode ser pago pelo sacado no caso 
de dois cruzamentos, um dos quais para cobrança por câmara de compensação. 
§3º Responde pelo dano, até a concorrência do montante do cheque, o sacado ou o 
banco portador que não observar as disposições precedentes. 
 
Qual sua finalidade? 
 
Um exemplo: 
 
1) Afonso empresta R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a Ricardo. 
2) Para isso, paga-lhe em cheque. 
3) Contudo, Afonso sabe que não tem fundos suficientes na conta para saldar o 
valor no dia em que passa o cheque para Ricardo. 
4) Afonso, então, cruza o cheque. 
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5) Nesse caso, o cheque será compensado durante a noite e apenas “cairá” na conta 
de Afonso no outro dia, momento no qual o mesmo teria à disposição o valor de 
R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 
 
CHEQUE CRUZADO É AQUELE QUE NÃO PODE SER PAGO DIRETAMENTE 
AO CREDOR/PORTADOR. 
 
O QUE ISSO SIGNIFICA? 
 
O CREDOR/PORTADOR DEVERÁ DEPOSITÁ-LO EM UMA CONTA 
BANCÁRIA. 
 
c) Cheque administrativo 
 
Cheque administrativo é aquele sacado por um banco contra um dos seus próprios 
estabelecimentos ou filiais em favor de terceiro – hipótese na qual sacado e sacador são 
a mesma pessoa. 
 
Qual a sua finalidade? 
 
1) Anchieta tem uma dívida de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) com o fisco. 
2) O preposto da administração fazendária lhe informa que apenas aceita o 
pagamento em dinheiro. 
3) Para não incorrer em risco ao sacar tamanho valor, tanto Anchieta quanto o 
preposto da administração fazendária fazem um requerimento ao banco para 
emitir um cheque administrativo. 
4) Nesse sentido, o beneficiário será o fisco e a operação se dará com maior 
segurança. 
 
O CHEQUE ADMINISTRATIVO É UM CHEQUE SACADO POR UM BANCO 
CONTRA ELE MESMO, FIGURANDO, SIMULTANEAMENTE, COMO 
SACADOR E SACADO, SENDO QUE O BENEFICIÁRIO É UMA TERCEIRA 
PESSOA. 
 
Os cheques administrativos, em virtude da comodidade contemporânea que facilita a 
feitura de transferência bancárias, são pouco utilizados. 
 
d) Cheque visado 
 
O cheque visado é aquele em que o banco declara suficiência de fundos na conta 
bancária do emissor, a pedido do credor ou do próprio emitente. 
 
O banco debita da conta bancária do emitente, reservando a quantia para a compensação 
do referido cheque pelo prazo de apresentação, de acordo com o art. 7º da Lei do 
Cheque: 
 
Art. 7º Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, 
no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra 
declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. 
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Como funciona o cheque visado? 
 
1) Antônio passa um cheque de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para Amanda. 
2) Em seguida, Antônio ou Amanda pedem que o banco viste o cheque. 
3) O banco verifica se existe dinheiro na conta de Antônio. 
4) Se existe, ele vistará o cheque com a assinatura do representante do banco. 
5) Assim, o banco retirará o dinheiro da conta de Antônio e colocará em uma conta 
separada. 
6) O dinheiro ficará à disposição de Amanda durante do prazo de apresentação do 
cheque. 
7) Se o cheque for da mesmapraça, seu prazo de apresentação será de 30 (trinta) 
dias. 
8) Se o cheque for de outra praça, seu prazo de apresentação será de 60 (sessenta) 
dias. 
9) O visto certifica que há dinheiro na conta do emitente durante o prazo disponível 
para apresentação. 
10) É apenas uma garantia para se poder fazer a circulação do dinheiro. 
 
CHEQUE VISADO É AQUELE VISADO PELO BANCO NO SENTIDO DE 
GARANTIR QUE EXISTE SUFICIÊNCIA DE FUNDOS NA CONTA DO 
DEVEDOR. 
 
e) Cheque sem fundo 
 
O denominado cheque sem fundo é aquele não pago ou não compensado por 
insuficiência de fundos. 
 
Se o cheque for devolvido por falta de provisão duas vezes, seu emissor será inscrito no 
Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), ficando o banco impedido de 
fornecer novos talões – não estando obrigado, porém, a encerrar a conta bancária. 
 
Se o emitente, ao sacar o cheque, tinha ciência da insuficiência de fundos, estará sujeito 
à condenação por crime de estelionato, de acordo com o art. 171, VI do Código Penal: 
 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo 
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio 
fraudulento: 
 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de 
réis. 
 
§1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a 
pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
 
§2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
 
Fraude no pagamento por meio de cheque 
 
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Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
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VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra 
o pagamento. 
 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade 
de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou 
beneficência. 
 
CHEQUE SEM FUNDO É AQUELE NO QUAL NÃO EXISTE SUFICIÊNCIA DE 
FUNDOS NA CONTA DO DEVEDOR PARA COBRIR O TÍTULO. 
 
SE O CHEQUE FOR DEVOLVIDO DUAS VEZES, SEU EMISSOR SERÁ 
INSCRITO NO CADASTRO DE EMITENTES DE CHEQUES SEM FUNDOS (CCF). 
 
SE O EMITENTE, AO SACAR O CHEQUE, TINHA CIÊNCIA DA INSUFICIÊNCIA 
DE FUNDOS, ESTARÁ SUJEITO AO CRIME DE ESTELIONATO, CONFORME O 
ART. 171, VII DO CP. 
 
f) Cheque especial 
 
Assim denominado porque o banco concedeu ao titular da conta um limite de crédito, 
para saque quando não dispuser de fundos. 
 
O cheque especial é concedido ao cliente mediante contrato firmado previamente. 
 
g) Cheque eletrônico 
 
Trata-se do cartão de crédito/débito. 
 
É trazido pela doutrina como uma espécie de evolução do cheque tradicional. 
 
2.2.2 SUSTAÇÃO E REVOGAÇÃO 
 
De acordo com a Lei do Cheque, é possível a revogação ou a sustação do cheque. 
 
Vejam-se o arts. 35 e 36 do referido diploma: 
 
Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contra-ordem 
dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras 
do ato. 
 
Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o 
prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que 
decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei. 
 
Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado 
podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada 
em relevante razão de direito. 
 
§1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente. 
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§2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. 
 
Conforme os excertos legislativos acima informados, vê-se que a revogação do cheque 
é uma contraordem para que o não pagamento ou compensação do título, a qual deve ter 
razões motivadas (art. 35). 
 
A sustação ou oposição, por sua vez, deve ser fundada em relevante razão de direito, 
como no caso de roubo ou furto (art. 36). 
 
Em consonância com a Circular BACEN n. 2.655 de 17.01.1996, que criou o motivo de 
devolução nº 28, a utilização da revogação ou sustação pelo emissor do cheque fica 
condicionada à apresentação do respectivo boletim de ocorrência policial. 
 
Quando for sustação realizada por portador legitimado do cheque (credor), também 
haverá necessidade do boletim de ocorrência policial. 
 
No cotidiano bancário, os atos destinados a suspender a compensação do cheque são 
denominados indistintamente “sustação”, seguindo os seguintes critérios: 
 
a) Motivo nº 28: roubo ou furto. 
b) Motivo nº 25: cancelamento do talonário, como no caso de roubo de talonários 
em assalto a carro forte ou agência. 
c) Motivo nº 21: para demais casos, como no desacordo comercial, que é o 
desentendimento entre as partes após a entrega do pagamento por meio de 
cheque. 
 
De se frisar que o banco exige do cliente boletim de ocorrência apenas para o motivo nº 
28 (roubo ou furto), sendo desnecessário tal documento nos demais casos. 
 
O que se extrai disso tudo? 
 
+ Sustar o cheque é frustrar seu pagamento, tratando-se de ato feito através do envio de 
uma informação pelo emitente ao banco sacado de que não pague ao tomador. 
 
+ A revogação ou contraordem será utilizada após expirado o prazo de 
apresentação do cheque. 
+ A sustação ou oposição será a via a ser utilizada durante o prazo de apresentação 
do título. 
 
+ Dessa forma, revogação e sustação do cheque são meios utilizados pelo sacador de se 
frustrar o pagamento do título mediante comunicação enviada ao banco sacado 
acompanhada do justo motivo para tanto, motivo este que não poderá ser questionado 
pelo sacado. 
 
REVOGAÇÃO 
= 
O CANCELAMENTO SE DÁ APÓS O PRAZO DE APRESENTAÇÃO DO CHEQUE 
(30 DIAS PARA CHEQUES DA MESMA PRAÇA / 60 DIAS PARA CHEQUES DE 
PRAÇAS DIVERSAS). 
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SUSTAÇÃO OU OPOSIÇÃO 
= 
O CANCELAMENTO SE DÁ DURANTE O PRAZO DE APRESENTAÇÃO DO 
CHEQUE (30 DIAS PARA CHEQUES DA MESMA PRAÇA / 60 DIAS PARA 
CHEQUES DE PRAÇAS DIVERSAS). 
 
Para esclarecimentos, um exemplo: 
 
1) Zilda queria fazer uma reforma em sua cozinha. 
2) Contrata o marceneiro Betão, que compra materiais da madeireira. 
3) A tomadora do serviço, Zilda, paga o prestador (marceneiro) com cheque 
4) Betão não entrega nem um parafuso. 
5) Antes disso, Betão passa o cheque à madeireira, sua parceira de golpes, a 
pretexto de comprar os materiais. 
6) Quando o representante da madeireira vai ao banco trocar o cheque, ele se 
surpreende com a sustação, realizada horas antes pela sacadora, Zilda. 
7) Nisso, é de se retomar a inoponibilidade das exceções pessoais, motivo pelo qual 
o terceiro de boa-fé não poderia ter suas expectativas frustradas por um 
problema pessoal entre credor e devedor originários. 
8) Contudo, no presente caso, admite-se a hipótese de haver conluio entre o 
marceneiro e a madeireira para que, não prestando o serviço, o cheque seja 
descontado, sabendo o representante desta última que teria direito à proteção 
garantida pela inoponibilidade das exceções pessoais – agindo, portanto, de má-
fé. 
9) Zilda, assim, deverá pedir a sustação, sendo este o meio mais fácil de frear o 
pagamento. 
10) A sustação, contudo, exige um justo motivo. 
11) O justo motivo, nesse caso, pode ser confirmado por um boletim de ocorrência 
referindo que Betão não cumpriucom o trato que havia feito com Zilda. 
 
Na prática, percebe-se, assim, que sustação e revogação são utilizados pelo meio 
bancário basicamente com o mesmo significado. 
 
2.2.3 PRAZOS DE APRESENTAÇÃO 
 
O cheque deve ser apresentado, pelo credor, ao banco sacado, para liquidação, dentro do 
prazo assinalado por lei, como informa o art. 33 da Lei do Cheque: 
 
Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no 
prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 
(sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior. 
 
Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, 
considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de 
pagamento. 
 
Assim, 
 
+ para cheques da mesma praça, o prazo é de 30 (trinta) dias, 
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+ sendo que para cheques de praças diferentes, o prazo é de 60 (sessenta) dias, 
 
+ sempre a contar do saque (data de emissão do título). 
 
A definição de uma ou outra categoria de cheque é feita pela comparação entre o 
município que consta como local de emissão e o da agência pagadora. 
 
Se coincidentes, o cheque é considerado da mesma praça. 
 
Caso contrário, de praças diferentes. 
 
MESMO APÓS O TRANSCURSO DOS 30 (TRINTA) OU 60 (SESSENTA) DIAS 
DA LEI, O CHEQUE PODERÁ SER APRESENTADO AO BANCO SACADO PARA 
FINS DE LIQUIDAÇÃO. 
 
APENAS DEPOIS DE PRESCRITA A EXECUÇÃO – QUER DIZER, 
ULTRAPASSADOS 6 (SEIS) MESES DO TÉRMINO DO PRAZO DE 
APRESENTAÇÃO –, O SACADO NÃO PODERÁ MAIS RECEBER E PROCESSAR 
O CHEQUE. 
 
2.2.4 PRESCRIÇÃO 
 
Para a ação cambiária (execução judicial), não há necessidade de protesto em 
Tabelionato de Notas e Protestos – considerando-se que o mesmo é facultativo. 
 
O prazo prescricional para o ajuizamento da ação, nesse sentido – e conforme aduzido 
acima –, é de 6 (seis) meses. 
 
Esse prazo começa a contar do término da data para apresentação. 
 
Por esse motivo, o prazo para execução de cheque da mesma praça é de 7 (sete) meses e 
de 8 (oito) meses para cheques de praça diferente – embora essa visão não seja 
necessariamente técnica e doutrinária, mas sobretudo prática. 
 
Na execução judicial do cheque, além do valor principal a ser cobrado, podem ser 
incluídos correção monetária, juros e despesas – como honorários advocatícios, por 
exemplo. 
 
Decorrido esse prazo, o exercício do direito de crédito do credor somente poderá ocorrer 
por ação monitória, servindo o cheque como prova. 
 
O que é ação monitória? 
 
Quando você tem um título sem força executiva, você ingressa com uma ação monitória 
com base em prova escrita. 
 
O prazo para ajuizamento de ação monitória contra emitente de cheque sem força 
executiva é de 5 (cinco) anos, a contar do dia seguinte à data de emissão. 
 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
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O entendimento, já pacificado no STJ, foi consolidado na Súmula nº 503: 
 
O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força 
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. 
 
Também é de se comentar o prazo para ajuizamento de ação monitória em face de nota 
promissória sem força executiva, o qual se encontra expresso pela Súmula nº 503 
igualmente do STJ: 
 
O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória 
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. 
 
PRAZO PRESCRICIONAL – CHEQUE DA MESMA PRAÇA – 7 (SETE) MESES = 
30 DIAS + 6 MESES. 
 
PRAZO PRESCRICIONAL – CHEQUE DE PRAÇA DIFERENTE – 8 (OITO) 
MESES = 60 DIAS + 6 MESES. 
 
SE NÃO EXECUTADO O CHEQUE NO PRAZO PRESCRICIONAL, CABE AÇÃO 
MONITÓRIA, CUJO PRAZO É QUINQUENAL. 
 
2.2.5 CHEQUE AO PORTADOR E CHEQUE NOMINATIVO 
 
O cheque só pode ser emitido ao portador (sem a indicação do beneficiário) até o valor 
de R$ 100,00 (cem reais). 
 
A partir de R$ 100,00 (cem reais), o emitente é obrigado a indicar o nome do 
beneficiário (pessoa ou empresa a quem está efetuando o pagamento). 
 
O cheque nominal só poderá ser pago pelo banco mediante identificação do beneficiário 
ou de pessoa por ele indicada no verso do cheque (endosso), ou ainda através do sistema 
de compensação, caso seja depositado. 
 
AO PORTADOR (SEM INDICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO) 
= 
ATÉ R$ 100,00 (CEM REAIS). 
 
NOMINATIVO (COM INDICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO) 
= 
A PARTIR DE R$ 100,00 (CEM REAIS). 
 
2.3 DUPLICATA4 
 
Consoante entendimento de Ricardo Negrão, duplicata é título de crédito causal que 
representa saque relativo a crédito oriundo de contrato de compra e venda 
mercantil ou de prestação de serviços, firmado entre pessoas domiciliadas no 
 
4
 Atente para os organogramas explicativos trazidos em sala de aula em se tratando da duplicata. 
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território nacional, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, a partir de 
discriminação de operações constantes de fatura expedida pelo emitente. 
 
Trocando em miúdos tal conceito, vê-se o seguinte: 
 
1) Duplicata é um título de crédito, pelo qual o comprador se obriga a pagar 
dentro do prazo a importância representada na fatura. 
 
2) A duplicata ou duplicata mercantil é um documento nominal emitido pelo 
comerciante, com o valor global e o vencimento da fatura. 
 
3) A duplicata é uma ordem de pagamento emitida pelo credor, ao vender uma 
mercadoria ou serviço que prestou e que estão representados em uma fatura, 
que deve ser paga pelo comprador das mercadorias ou pelo tomador dos 
serviços. 
 
4) Uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura e deve ser 
apresentada ao devedor no prazo máximo 30 (trinta) dias. 
 
PORTANTO, A DUPLICATA É UM TÍTULO DE CRÉDITO CAUSAL, UMA 
ORDEM DE PAGAMENTO EMITIDA PELO CREDOR CONTRA O DEVEDOR, 
PODENDO REPRESENTAR COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS OU 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, CORRESPONDENDO A UMA ÚNICA FATURA E 
APRESENTÁVEL AO DEVEDOR NO PRAZO MÁXIMO DE 30 (TRINTA) DIAS. 
 
Consequentemente, existem duas espécies de duplicatas: 
 
a) a mercantil, oriunda de contrato de venda mercantil e 
b) a de prestação de serviços, relativa a operações dessa natureza realizadas por 
empresários individuais, sociedades simples ou empresárias e fundações. 
 
Antes de mais, uma pergunta: por que a duplicata é um título de crédito causal? 
 
Simples: sua causa é a expedição da fatura, sem a qual a duplicata não detém 
condição de possibilidade de existir. 
 
O regime jurídico da duplicata se encontra na Lei nº 5.474/1968 – a chamada Lei da 
Duplicata (ou simplesmente LD). 
 
A duplicata, em se tratando de requisitos, segue o disposto no art. 2º, §1º, da LD: 
 
§ 1º A duplicata conterá: 
 
I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; 
 
II - o número da fatura; 
 
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; 
 
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IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; 
 
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; 
 
VI - a praça de pagamento; 
 
VII- a cláusula à ordem; 
 
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser 
assinada pelo comprador, como aceite, cambial; 
 
IX - a assinatura do emitente. 
 
Analisando-se tal dispositivo, chega-se ao seguinte quadro: 
 
DESCRIÇÃO INCISO REQUISITO 
Identificação da duplicata I A denominação 
“duplicata”. 
A data de emissão. 
O número de ordem. 
Identificação da fatura II O número da fatura. 
Vencimento do título III A data certa do vencimento 
ou a declaração de ser 
duplicata à vista. 
Identificação dos 
contratantes 
IV O nome do vendedor. 
O domicílio do vendedor. 
O nome do comprador. 
O domicílio do comprador. 
Valor V A importância a pagar, em 
algarismos e por extenso. 
Lugar de pagamento VI A praça de pagamento. 
Endossabilidade. VII Cláusula à ordem. 
Aceite VIII A declaração do 
reconhecimento de sua 
exatidão e da obrigação de 
pagá-la, a ser assinada pelo 
comprador, como aceite 
cambial. 
Assinatura do sacador IX A assinatura do emitente. 
 
Tais requisitos espelhados nitidamente pela legislação em comento bem como pela 
descritiva tabela acima, chancelados por resoluções do BACEN, são verificados quando 
se analisa um exemplo de duplicata: 
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Visto isso, percebe-se, porém, que alguns pontos ainda se encontram nublados. 
 
Veja-se o art. 1º da LD: 
 
Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no 
território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega 
ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação 
ao comprador. 
 
§1º A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, 
indicará somente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das 
vendas, despachos ou entregas das mercadorias. 
 
Da leitura desse dispositivo, extrai-se o conceito de fatura enquanto documento 
descritivo das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados pelo sacador 
(emitente, credor, vendedor, prestador de serviços) ao sacado (devedor, cliente), 
considerando-se que dessa fatura poderá ser extraída a duplicata, o que se nota pela 
redação do art. 2º da LD: 
 
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para 
circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título 
de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao 
comprador. 
 
 
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OU SEJA: 
 
QUANDO HÁ UMA VENDA DE MERCADORIAS DE UMA EMPRESA X PARA 
UM CLIENTE Y, A EMPRESA, 
 
COM BASE EM UMA NOTA FISCAL QUE CONTENHA A FATURA 
(DESCRIÇÃO DAS MERCADORIAS VENDIDAS), 
 
PODE EMITIR UMA DUPLICATA, A QUAL DEVERÁ CONTAR COM OS 
REQUISITOS EXTRAÍDOS DO ART. 2º, §1º DA LD, 
 
CONSIDERANDO-SE QUE ESSA DUPLICATA, ATÉ SEU PAGAMENTO, 
FICARÁ EM POSSE DO CREDOR. 
 
Dessa maneira, não se fala que a empresa deve emitir uma duplicata com base na fatura, 
mas que a empresa pode emitir uma duplicata com base na fatura, levando-se em conta 
que na atualidade a grande parte das empresas, em vez de emitir duplicata, emite boletos 
bancários, estes sempre baseados na fatura, o que ocorre pelo fato de que a emissão de 
boletos bancários é mais prática para a empresa do que a emissão de duplicatas. 
 
Por que a fatura deve ser frisada? 
 
Porque a duplicata é um título que se extrai a partir da fatura. 
 
Existe a obrigação de se expedir uma fatura quando houver compra e venda de 
bens e serviços cujo prazo de adimplemento da obrigação seja maior que 30 
(trinta) dias, sendo que a partir dessa fatura é extraída a duplicata. 
 
Exemplo: 
 
1) Se desejo comprar um automóvel, já sabendo que tenho dinheiro suficiente para 
evitar um financiamento, caso o vendedor aceite posso pagar a prazo. 
2) O vendedor, sabendo que o financiamento seria evitado, aceita fazer em três 
vezes: uma parcela a ser paga em 30 (trinta) dias, outra para daqui a 60 
(sessenta) dias e outra para 90 (noventa) dias. 
3) Trata-se, portanto, de uma compra e venda a prazo superior a 30 (trinta) dias 
4) O que o vendedor pode fazer? 
5) Extrair duplicatas que serão enviadas para mim. 
6) No caso, prestarei o aceite e pagarei as duplicatas, considerando-se que tais 
títulos foram extraídos da fatura. 
7) Entretanto, o caso pode ser diferenciado. 
8) Digamos que quero efetuar uma compra e venda diferida – isto é: diferida no 
tempo, de forma que pagarei o automóvel no futuro. 
9) Além disso, estipulo com o vendedor que pagarei esse automóvel em 45 
(quarenta e cinco) dias. 
10) O que o vendedor pode fazer? 
11) Pode efetuar, em nome da concessionária, o desconto de título. 
12) O que é o desconto de título? 
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13) O vendedor apresenta a duplicata ao banco no qual tenho conta corrente e 
endossa esse título à instituição financeira. 
14) Dessa maneira, visto que realizei o aceite da duplicata e sei que em 45 (quarenta 
e cinco) dias terei dinheiro para pagar o automóvel, o banco pagará o valor à 
vista ao vendedor, descontada uma taxa para a realização da operação. 
15) No prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, assim, a instituição financeira irá me 
procurar para reaver o valor pago à concessionária. 
16) Existe aí uma vantagem, visto que, em se tratando de nota promissória ou 
cheque tal desconto não é possível. 
 
Deve-se frisar que emitir duplicata em dissonância com a fatura é crime, previsto no art. 
172 do CP: 
 
Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria 
vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 
8.137, de 27.12.1990) 
 
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 
8.137, de 27.12.1990) 
 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a 
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) 
 
A vantagem da emissão de duplicatas, enfatizando-se tudo o quanto já foi dito, também 
está para o fato de que as mesmas são títulos executivos extrajudiciais, no sentido de 
que não necessitam de uma ação monitória para que possam ser levadas a juízo no 
caso do seu não pagamento – dessa forma, pode-se ingressar com execução 
diretamente com base na duplicata. 
 
A propositura da ação de execução, para a cobrança de duplicata ou triplicata, pode 
se dar nos seguintes cenários: 
 
1) duplicata ou triplicata (a triplicata é um título de crédito que existe para 
substituir a duplicata perdida ou extraviada, conforme art. 23 da LD: nada 
mais) aceita, e; 
 
2) duplicata ou triplicata não aceita, mas que esteja protestada, acompanhada de 
documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria, e 
ausência de comprovante de recusa do aceite em razão de vícios, defeitos, 
avaria, divergência nos prazos ou preços ajustados. 
 
Verifica-se, assim, que para o caso de duplicata ou triplicata aceita, não existe a 
necessidade do protesto em cartório, visto que a simples assinatura do 
comprador supre a necessidade de apresentação de qualquer outro documento 
capaz de comprovar a relação comercial. 
 
Para todos os demais casos, o protesto torna-se indispensável à propositura de ação 
de execução, além da apresentaçãodos demais documentos mencionados. 
 
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Mas se pergunta: por que emitir uma duplicata se existe uma nota fiscal? 
 
A resposta é simples: as notas fiscais não são títulos de crédito, embora sejam 
documentos representativos de crédito, sendo necessário, assim, um lastro que 
possibilite a execução do crédito por parte do credor – o que resta configurado 
justamente pela duplicata. 
 
Dito isto, necessária uma diferenciação clara entre nota fiscal, fatura, nota fiscal-fatura e 
boleto bancário para que se possa continuar. 
 
1) Nota fiscal: 
 
Nota fiscal é o documento que comprova a entrada ou saída de mercadorias de 
estabelecimento empresarial e acompanha sua entrega ao destinatário, contendo 
dados que identifiquem, para fins fiscais, a operação realizada, tais como nome e 
identificação fiscal do emissor e do destinatário da mercadoria, data de 
realização do negócio, base de cálculo, valor, alíquota, valor tributável, etc. 
 
Trata-se, pois de documento comprobatório de realização de um fato sujeito à 
fiscalização tributário, relativo a coisas móveis ou semoventes, sendo, assim, um 
documento de interesse dos órgãos de arrecadação tributária que comprova a 
ocorrência de fato sujeito a recolhimento de imposto. 
 
2) Fatura: 
 
Também denominada como “conta de venda”, a fatura se refere a contratos de 
compra e venda mercantil e de prestação de serviços entre partes domiciliadas 
no território nacional. 
 
Sua emissão, conforme retrata o art. 1º da LD, é obrigatória para operações 
com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, devendo ser apresentada ao 
comprador a relação de mercadorias entregues ou despachadas ou, ainda, 
dos serviços prestados, contendo os valores que lhe são cobrados e as 
condições de pagamento. 
 
Nem sempre uma nota fiscal gerará uma fatura – como ocorre em operações à 
vista ou com prazo inferior a 30 (trinta) dias para o seu pagamento, por exemplo. 
 
3) Nota fiscal-fatura: 
 
É possível a emissão de nota fiscal simultânea com a fatura, sendo que é isso 
que comumente ocorre – primeiro pela necessidade de recolhimento tributário, 
segundo pela necessidade de apresentação da fatura ao comprador. 
 
É isso que refere o convênio assinado entre o Ministério da Fazenda e as 
Secretarias Estaduais da Fazenda de 14 de dezembro de 1970, adotando-se o 
Sistema Nacional Integrado de Informações Econômico-Fiscais (SINIEF). 
 
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No ajuste SINIEF nº 3 de 1994, especificamente no art. 19, §7º, reside a 
possibilidade da emissão simultânea de nota fiscal em conjunto com fatura: 
 
Art. 19. A nota fiscal conterá, nos quadros e campos próprios, observada a 
disposição gráfica dos modelos 1 e 1-A, as seguintes indicações: 
 
§ 7º A nota fiscal poderá servir como fatura, feita a inclusão dos elementos 
necessários no quadro "FATURA", caso em que a denominação prevista nas 
alíneas "n" do inciso I e "d" do inciso IX, passa a ser Nota Fiscal-Fatura; 
 
4) Boleto bancário: 
 
É um documento emitido pela empresa em que se deve através do computador 
via internet ou emitido pela própria empresa responsável da cobrança. 
 
Deve ser pago em agências bancárias e lotéricas – daí seu nome: “boleto”, isto é, 
título de cobrança pagável em qualquer agência bancária do território nacional, 
levando em conta determinações específicas contidas no próprio documento. 
 
O boleto só pode ser emitido para concluir uma compra – como no caso de você 
comprar uma passagem aérea, emitir boleto e ter de pagá-lo para que a compra 
reste confirmada. 
 
2.3.1 SUJEITOS NA DUPLICATA 
 
a) Sacador ou emitente 
 
Trata-se, basicamente, do comerciante responsável pela criação do título. 
 
O sacador também pode ser chamado de tomador ou beneficiário, uma vez que é ele 
quem se beneficia do saque. 
 
O sacador ou beneficiário, por sua vez poderá transferir o título por endosso, mas ficará 
sempre obrigado da garantia do pagamento – o que significa que se o devedor 
principal não honrar sua dívida, a mesma poderá ser cobrada do endossante 
(aquele que endossa, “transfere”) pelo endossatário (aquele que aceite o endosso, a 
“transferência”), tendo o endossante, contudo, direito de regresso contra o credor 
original que não arcou com a sua responsabilidade ao não pagar a dívida 
originária. 
 
b) Comprador ou sacado 
 
É a pessoa que recebe o título. 
 
Quem compra e, estando de acordo com a mercadoria recebida, não declara 
expressamente a sua não aceitação na duplicata. 
O aceite não é necessário para a validade do título. 
 
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Com ou sem ele, não opostos os motivos do art. 8º da LD, a duplicata poderá circular, 
produzindo, dessa maneira, seus efeitos como título de crédito, sublinhando-se que uma 
das principais características de todo e qualquer título de crédito é a sua circulação: 
 
Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: 
 
I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues 
por sua conta e risco; 
 
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, 
devidamente comprovados; 
 
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
 
Lembre-se que, para que a duplicada possa sacada, é preciso que haja prova de 
entrega da mercadoria – ou seja: é preciso que tenha sido extraída a nota fiscal-
fatura que comprove realmente que a mercadoria chegou ao comprador. 
 
A DUPLICATA DEPENDE DA NOTA FISCAL-FATURA PARA QUE POSSA SER 
EMITIDA, VISTO QUE APENAS NESSE CASO EXISTE A COMPROVAÇÃO DE 
QUE A MERCADORIA CHEGOU AO COMPRADOR, CONSIDERANDO-SE QUE, 
CONFORME JÁ VISTO, A EMISSÃO DE DUPLICATA SEM A RESPECTIVA 
FATURA CONSTITUI CRIME PREVISTO PELO CP. 
 
2.3.2 ACEITE 
 
O aceite pode se dar em três situações: 
 
a) Aceite ordinário 
 
Quando se dá pela assinatura do aceitante (comprador). 
 
b) Aceite por comunicação 
 
Quando o aceitante (comprador) retém o título, mas efetua uma comunicação 
avisando. 
 
c) Aceite por presunção 
 
Quando não há causa para a recusa do aceite. 
 
Trata-se do caso em que o comprador assina o canhoto da nota fiscal-fatura 
referente ao recebimento das mercadorias. 
 
2.3.3 PROTESTO 
 
O protesto da duplicata pode ocorrer 
 
a) pela falta de pagamento, 
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b) falta de devolução do título ou 
c) falta de aceite. 
 
Trata-se do que preceitua o art. 13 da LD: 
 
Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou 
pagamento. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 436, de 27.1.1969) 
 
§1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme 
o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples 
indicações do portador, na falta de devolução do título.(Redação dada pelo Decreto-Lei 
nº 436, de 27.1.1969) 
 
§2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite 
ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento. (Redação 
dada pelo Decreto-Lei nº 436, de 27.1.1969) 
 
§3º O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título. (Redação dadapelo Decreto-Lei nº 436, de 27.1.1969) 
 
§4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo 
da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso 
contra os endossantes e respectivos avalistas.(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 436, de 
27.1.1969) 
 
Consoante o que preceitua o §4º do referido dispositivo, o credor que não efetuar o 
protesto no prazo de 30 (trinta) dias, perde o direito de regresso contra os coobrigados, 
os quais são os endossantes ou avalistas. 
 
Para o protesto, é necessário o título de crédito original. 
 
Entretanto, se o comprador devolveu o título, poderá ser feito protesto por indicação, o 
que significa que o cartório efetuará o protesto com base nas 
indicações/informações fornecidas pelo credor – como pelo canhoto de recebimento 
das mercadorias assinado, além de outros elementos constantes na fatura. 
 
Nessa situação, existe uma exceção ao princípio da carturalidade – é dispensada a 
apresentação do título. 
 
2.3.4 LIVRO DE REGISTROS DE DUPLICATAS 
 
O livro de registros de duplicatas é obrigatório para o empresário que emite duplicatas, 
visto que nele devem ser escrituradas as duplicatas emitidas, a teor do art. 19 da LD: 
 
Art. 19. A adoção do regime de vendas de que trata o art. 2º desta Lei obriga o vendedor 
a ter e a escriturar o Livro de Registro de Duplicatas. 
 
§1º No Registro de Duplicatas serão escrituradas, cronologicamente, tôdas as duplicatas 
emitidas, com o número de ordem, data e valor das faturas originárias e data de sua 
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expedição; nome e domicílio do comprador; anotações das reformas; prorrogações e 
outras circunstâncias necessárias. 
 
§2º Os Registros de Duplicatas, que não poderão conter emendas, borrões, rasuras ou 
entrelinhas, deverão ser conservados nos próprios estabelecimentos. 
 
§3º O Registro de Duplicatas poderá ser substituído por qualquer sistema mecanizado, 
desde que os requisitos dêste artigo sejam observados. 
 
Sua importância está para o fato de que a emissão de triplicata (aquela que é emitida 
pelo sacador no caso de perda ou extravio da duplicata) se dá com base nesses registros, 
intelecção a qual se chega pela soma do art. 19 com o art. 23, ambos da LD: 
 
Art. 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que 
terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela. 
 
2.3.5 TÍTULO CAUSAL E VINCULADO 
 
A duplicata é um título causal porque sua causa é a fatura, conforme já explicado. 
 
Além disso, porém, trata-se de um título vinculado, visto que é padronizado por lei e 
por resoluções do BACEN, o que se percebe pela redação do art. 27 da LD: 
 
Art. 27. O Conselho Monetário Nacional, por proposta do Ministério da Indústria e do 
Comércio, baixará, dentro de 120 (cento e vinte) dias da data da publicação desta lei, 
normas para padronização formal dos títulos e documentos nela referidos fixando prazo 
para sua adoção obrigatória. 
 
2.3.6 PRESCRIÇÃO 
 
O prazo prescricional da duplicata é de 3 (três) anos para o sacado e seu avalista. 
 
Para endossantes e demais coobrigados, o prazo é de 1 (um) ano. 
 
Veja-se, para respaldo, a redação do art. 18 da LD: 
 
Art. 18 A pretensão à execução da duplicata prescreve: (Redação dada pela Lei nº 
6.458, de 1º.11.1977) 
 
I - contra o sacado e respectivos avalistas, em 3(três) anos, contados da data do 
vencimento do título; (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977) 
 
II - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do 
protesto; (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977) 
 
III - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da data em 
que haja sido efetuado o pagamento do título. (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 
1º.11.1977) 
 
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§1º A cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou contra todos os coobrigados, 
sem observância da ordem em que figurem no título. (Redação dada pela Lei nº 6.458, 
de 1º.11.1977) 
 
§2º Os coobrigados da duplicata respondem solidariamente pelo aceite e pelo 
pagamento. (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977) 
 
Conforme entendimento do STJ, contudo, o prazo prescricional para cobrar duplicatas 
prescritas é de 5 (cinco) anos. 
 
2.4 LETRA DE CÂMBIO 
 
Para a compreensão da letra de câmbio, convém iniciar com um exemplo. 
 
JOAQUIM EM RELAÇÃO A JOSÉ = JOAQUIM É DEVEDOR E JOSÉ É CREDOR. 
 
JOAQUIM EM RELAÇÃO A JOÃO = JOAQUIM É CREDOR E JOÃO É 
DEVEDOR. 
 
JOAQUIM EMITE UMA LETRA DE CÂMBIO, DANDO ORDEM PARA QUE 
JOÃO, SEU DEVEDOR, PAGUE DETERMINADO VALOR A JOSÉ, SEU 
CREDOR. 
 
Nesse ínterim, vê-se que Joaquim é o sacador, João é o sacado e José é o tomador. 
 
Portanto, a letra de câmbio implica em três figuras distintas: 
 
a) Sacador (aquele que emite a letra de câmbio), 
 
b) Sacado (aquele que paga a letra de câmbio) e 
 
c) Tomador (aquele que recebe a letra de câmbio e é seu beneficiário). 
 
Trata-se, enfim, da seguinte situação: 
 
a) Sou devedor de Renato. 
b) Por outro lado, sou credor de Atílio. 
c) Emito uma letra de câmbio para que Atílio pague determinada importância a 
Renato, do qual sou devedor. 
 
Assim, novamente as três figuras da letra de câmbio aparecem. 
 
Dessa maneira, nota-se que a letra de câmbio é a ordem que o sacador dá ao sacado 
para que pague determinada importância ao tomador. 
 
Emitido o título pelo sacador, o mesmo é entregue ao tomador, o qual deverá procurar o 
sacado normalmente duas vezes: 
 
1ª) para consultá-lo sobre se aceita ou não cumprir a ordem; 
 Prof. Ms. Eduardo Matzembacher Frizzo. 
Curso de Direito. Faculdade de Balsas (Unibalsas). 
 Direito Empresarial I. 5º período. 2017. 
E-mail: eduardo7frizzo@hotmail.com. 
2ª) para receber o pagamento. 
 
O saque de letra de câmbio, consequentemente, é ato de criação de título de crédito, pois 
se sou devedor de alguém e credor de outra pessoa, posso, em relação ao meu devedor, 
emitir uma letra de câmbio para que este pague determinada quantia ao meu credor. 
 
CONCEITUA-SE A LETRA DE CÂMBIO, PORTANTO, COMO UMA ORDEM DE 
PAGAMENTO QUE UMA PESSOA (SACADOR) EMITE CONTRA ALGUÉM 
(SACADO) EM BENEFÍCIO DE UMA TERCEIRA PESSOA (TOMADOR). 
 
Em tempo, de se dizer que a letra de câmbio foi criada pelos mercadores na Idade 
Média com o objetivo de evitar que carregassem grandes recursos financeiros durante 
suas viagens – correndo riscos com assaltos. 
 
Os mercadores, assim, vendiam suas mercadorias em outras cidades, sendo que em vez 
de dinheiro recebiam os títulos para serem trocados posteriormente em suas cidades de 
origem, os quais correspondiam à quantia pecuniária. 
 
Mesmo nesse senso histórico, mais uma vez aparecem as figuras acima tratadas: 
sacador, sacado e tomador. 
 
No Brasil, atualmente, a letra de câmbio é pouquíssimo utilizada, tendo em vista o fato 
de que, por exemplo, é proibida sua emissão diante de compra e venda mercantil ou 
prestação de serviços. 
 
Pergunta: qual o motivo dessa proibição? 
 
Nítido: em se tratando de compra e venda mercantil ou prestação de serviços, o 
título adequado é a duplicata, uma vez que da fatura (ou nota fiscal-fatura), 
apenas posso extrair duplicata, conforme já trabalhado. 
 
Em sede legislativa, a letra de câmbio é disciplinada basicamente pelo Decreto nº 
57.663/66 (LU), considerando-se, porém, que alguns dispositivos do Decreto nº 
2.044/1908

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