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O CONSELHO TUTELAR E A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

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1 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
CAMILA ANDRESSA ROMANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CONSELHO TUTELAR E A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARINGÁ 
2012 
 
2 
 
 
CAMILA ANDRESSA ROMANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CONSELHO TUTELAR E A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – 
TCC, apresentado ao Curso de 
Pedagogia, Para cumprimento das 
atividades exigidas na disciplina do 
TCC. Coordenação: Profª Aline Frollini 
Lunardelli Lara. Orientação: Profª Dra. 
Ivana Veraldo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARINGÁ 
2012 
 
3 
 
 
O CONSELHO TUTELAR E A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Graduação em Pedagogia da 
Universidade Estadual de Maringá (UEM), como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Pedagoga. 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
_____________________________________ 
Profª Dra. Ivana Veraldo (Orientadora) 
Universidade Estadual de Maringá 
 
 
 
_____________________________________ 
Profª Dra. Leonor Dias Paini 
Universidade Estadual de Maringá 
 
 
 
____________________________________ 
Profª Dra. Leila Pessôa da Costa 
Universidade Estadual de Maringá 
 
 
 
 
Aprovado em 
 
 
 Maringá, 19 de outubro de 2012. 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico esta monografia: 
 
 aos meus pais, Celso e Cidinha, que me deram muito 
apoio nos momentos mais difíceis da vida; 
 
às minhas irmãs, cunhados, sobrinhos e afilhados que 
sempre estiveram ao meu lado; 
 
às minhas amigas e amigos (em especial Mayara 
Pulga) que nunca mediram esforços para me ajudar; 
 
a todos os meus professores e, principalmente, 
 
à Professora Ivana Veraldo que, por ser paciente 
comigo e por me ensinar que por mais que achamos 
que o nosso conhecimento já é profundo, estamos 
enganados, pois o conhecimento é algo que está 
sempre se renovando. Obrigado por tudo! Você vai 
morar sempre no meu coração. 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Passada este período de quatro anos, e agora, fazendo uma retrospectiva 
das várias pessoas que, de alguma forma, me ajudaram na conclusão deste 
trabalho, penso que não daria para nominar a todos, pois ficaria muito extenso e a 
leitura seria cansativa e também porque correria o risco de esquecer alguém. 
Desta forma, prefiro agradecer a todos, de forma generalizada, que de alguma 
forma, direta ou indiretamente me auxiliaram neste trabalho, que para mim foi 
muito importante e difícil. 
E não podendo deixar de lado agradecer a minha orientadora, Dra. Ivana 
Veraldo. Quero te agradecer muito pela paciência, compreensão e ajuda 
incondicional para a conclusão dessa etapa tão importante da minha vida. Você é 
uma pessoa a qual não quero perder contato jamais. 
A todos que, de alguma forma, me ajudaram muito nestes quatro anos de 
faculdade, para alcançar meus objetivos. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
ROMANO, Camila Andressa. O Conselho Tutelar e a violência nas escolas. 
Maringá, 2012. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade 
Estadual de Maringá. 
 
RESUMO 
No Brasil, a partir dos anos 90, as crianças e os adolescentes passam a ter 
maiores garantias e direitos. A criação do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), em 1990, representa esse contexto no qual, internacionalmente, a 
Organização das Nações Unidas (ONU) passa a exigir maior atenção aos casos 
de maus tratos e abusos dos menores. Surge em nosso país o Conselho Tutelar 
(CT) com o objetivo de fiscalizar e garantir os direitos das crianças e dos 
adolescentes. Nessa mesma década, aumenta significativamente os casos de 
violência escolar e o CT assume a função de abordar esses casos. Estudiosos da 
questão atestam a precária formação dos conselheiros no que se refere ao 
tratamento da questão da violência nas escolas e defendem a sua melhoria e 
ampliação como garantia de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. 
Nosso trabalho de conclusão de curso teve a finalidade de realizar uma pesquisa 
de cunho bibliográfico sobre a atuação do CT frente à questão da violência nas 
escolas. 
Palavras Chave: ECA, Conselho Tutelar, Violência Escolar. 
 
 
Abstract 
In Brazil, from 90s, children and adolescents now have more rights and 
guarantees. The creation of the Child and Adolescent (ECA) in 1990, this is the 
context in which, internationally, the Organization of the United Nations (UN) now 
requires greater attention to cases of mistreatment and abuse of minors. Surge in 
our country the Guardian Council (CT) in order to monitor and ensure the rights of 
children and adolescents. In that same decade, significantly increases the cases 
of school violence and CT assumes the role of addressing these cases. Scholars 
attest to the issue of poor training of counselors in regard to addressing the issue 
of violence in schools and defend their improvement and expansion as collateral 
rights of children and adolescents. Our completion of course work aimed to 
conduct a search of bibliographic stamp on the role of CT against the issue of 
violence in schools. 
Keywords: ECA, Guardianship Council, School Violence. 
 
 
7 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 
CT Conselho Tutelar 
UEM Universidade Estadual de Maringá 
TCC Trabalho de Conclusão de Curso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução 9
2. O Conselho Tutelar 11
2.1 O Conselho Tutelar: história e funções 11
2.2 O Conselho Tutelar e a nova concepção de infância 14
3. O papel do Conselho Tutelar frente à violência nas escolas 17
3.1 Violência nas escolas 17
3.2 O Conselho Tutelar e a violência nas escolas 21
4. Breves conclusões 27
5. Referências 28
9 
 
1. Introdução 
 
A partir da segunda metade do século XX as crianças e os adolescentes 
passam a ser foco de atenção especial no cenário internacional. Várias 
convenções são realizadas com o objetivo de refletir sobre as formas de garantir 
que esse contingente da população tenha mais acesso aos direitos sociais. Que a 
vulnerabilidade social e econômica atinge com mais evidência exatamente as 
crianças e os adolescentes e, por esse motivo, são eles que precisam de 
proteção especial. Surgem instituições internacionais que se preocuparam com a 
guarda desses direitos, como o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a 
Infância). 
No Brasil, somente após o fim do governo militar é que de fato foi 
desencadeado um movimento em favor da concretização dos direitos especiais 
das crianças e dos adolescentes, em 1990 é criado o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA). 
O ECA estabelece uma estruturação em todas as esferas sociais a fim de 
garantir os direitos da criança e do adolescente, criando assim, na esfera 
municipal o Conselho Tutelar (CT), órgão que protege as crianças e os 
adolescentes e acompanha os casos de maus tratos e abusos dos mesmos. 
Os casos mais frequentes que os CTs acompanham tem sido os de 
violência doméstica e os de violência nas escolas. Nossa pesquisa focou sobre a 
atuação do CT no que se refere aos casos de violência nas escolas. 
Como estamos no último ano do curso de Pedagogia e, a partir do próximo 
ano enfrentaremos o mercado de trabalho, interessa-nos conhecer comoas 
escolas enfrentam esse fenômeno. Sabemos que um dos órgãos que colaboram 
com a escola no combate à violência é o CT. Nesse sentido, procuramos verificar 
de que forma o CT trata o tema. 
Quando iniciamos nossa pesquisa pretendíamos realizar entrevistas com 
alguns Conselheiros de Maringá para verificar na prática quais eram os 
encaminhamentos que esse órgão dava a esses casos; principalmente, tentando 
10 
 
entender se haveria um protocolo único de comportamento entre os conselheiros. 
Contudo, verificamos que alguns dos conselheiros que pretendíamos entrevistar 
haviam se candidatado a vereador em Maringá e isso nos desmobilizou, pois 
ficamos com receio de contaminar nossa investigação com as questões políticas 
da cidade. Além disso, descobrimos também que para realizar entrevistas 
teríamos que seguir uma trajetória burocrática na UEM, o que também cooperou 
para nos desmobilizar. Sendo assim, resolvemos realizar apenas uma pesquisa 
de cunho bibliográfico sobre como os Conselhos Tutelares concebem a questão 
da violência nas escolas. 
Dividimos nosso TCC em dois capítulos. No primeiro, tratamos da gênese 
dos CT, o modo como são constituídos e mostramos as suas funções. No 
segundo capítulo, primeiro apresentamos uma breve reflexão sobre o que é 
violência escolar e depois, a partir de uma revisão bibliográfica, mostramos qual 
tem sido o papel do CT frente à violência nas escolas. 
 
11 
 
2. O Conselho Tutelar 
 
O Conselho Tutelar (CT) é um órgão que assumiu, nas últimas décadas, 
grande importância na sociedade já que é ele que garante a implantação do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Já existem unidades tutelares em 
quase todos os municípios do Brasil e elas são encarregadas de identificar e 
acolher crianças e adolescentes em situação de risco no país. O CT representa a 
ação do Estado frente à vulnerabilidade desse contingente populacional. 
Neste capítulo, na primeira parte vamos contar um pouco da história da 
criação dos Conselhos Tutelares no Brasil, seus objetivos e funções mais gerais; 
na segunda parte vamos mostrar qual contexto internacional e qual paradigma de 
infância explica a criação dos Conselhos Tutelares. 
 
2.1 Conselho Tutelar: história e funções 
 
O Conselho Tutelar surgiu em 13 de julho de 1990 juntamente com o 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). É uma entidade vitalícia, ou seja, 
quando é criado não pode mais ser extinto. É autônomo em suas determinações, 
o que é decidido pelo órgão não recebe interferência de fora e também não julga, 
não faz parte do judiciário, não aplica medidas judiciais. 
Antes de surgir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), existia em 
1927 o Código de Menores, que ficou popularmente conhecido como o Código 
Mello Mattos, pois, em 1923, Mello Mattos foi o primeiro Juiz de Menores da 
América Latina. Esse Código era para a proteção aos menores com alguma 
situação irregular. Essas crianças eram consideradas carentes, infratores ou 
abandonados, na verdade eram vitimas da falta de proteção dos atos antissociais. 
Segundo Martins, (2004) o código se deu pelo fato da mudança dos 
padrões familiares burgueses, porque a educação passou a ser responsabilidade 
da família e da escola e as mesmas passaram a substituir a rua. Caracterizado 
também pelos progressos da vida privada, no qual as crianças e os adolescentes 
12 
 
mais pobres passam a ser disciplinados para o trabalho proletário. Contudo, não 
foi obtido êxito nessa organização, pois começou a ter mais casos de abandono 
de menores e as casas filantrópicas e assistencialistas passaram a prestar 
assistência disciplinares, a fim de tornar os menores em potencial econômico, isto 
é, civilizados e trabalhadores. 
 O Código de Menores de 1927 dispunha sobre a assistência, proteção dos 
menores de 18 anos. Entre 18 a 21 os menores deixariam de ser titulados de 
acordo com as suas situações e passariam a enquadrar o grupo dos menores em 
situação irregular. 
No Brasil, os Códigos de Menores de 1927 e 1979 adotaram, 
progressivamente, políticas eminentemente estatais para o 
atendimento à criança e ao adolescente, concretizando-se um 
processo de institucionalização responsável por uma trajetória 
jurídica que quase sempre levava o “menor” à condição de 
presidiário (Da Silva, 1997; Apud Martins, 2004, p.65). 
 
Após 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) surgiu para 
garantir maior proteção e seguridade para as crianças e adolescentes diante da 
família e da sociedade em que vivem. Segundo Martins: 
O Direito Brasileiro passou ter um novo paradigma em relação à 
infância e juventude: crianças e jovens foram elevados à condição 
de titulares de direitos fundamentais. O ECA revogou o Código de 
Menores que teve vigência até 1989, superando toda uma política 
repressiva e de caráter assistencialista chamada de "Doutrina 
Jurídica do Menor em situação irregular", que, a partir de uma 
óptica exclusivamente jurídica, era incapaz de dar conta da 
realidade como um todo e de acompanhar o complexo movimento 
social (Martins, 2004, p.65). 
 
O ECA vem para garantir os direitos da criança e dos adolescentes e coibir 
as causas de maus tratos e abusos sofridos pelos mesmos. Para isso tornou-se 
necessário a criação de conselhos para que realmente os direitos fossem 
assegurados. Assim surge o Conselho Tutelar, criado com a finalidade de 
fiscalizar as entidades de atendimento e defesa da criança e do adolescente. O 
CT é um órgão autônomo, colegiado, permanente, com participação de 
profissionais especializados e com equipe interdisciplinar (Martins, 2004, p.63). 
Dessa forma o ECA regulamenta o seguinte quanto ao CT. 
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: 
13 
 
I - municipalização do atendimento; 
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos 
direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e 
controladores das ações em todos os níveis, assegurada a 
participação popular paritária por meio de organizações 
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais 
(ECA, 1990, art.88) 
 
Os Conselhos Tutelares são compostos por 10 membros eleitos pela 
comunidade para acompanharem as crianças e os adolescentes e decidirem em 
conjunto sobre qual medida de proteção para cada uso. Devido ao seu trabalho 
de fiscalização a todos os entes de proteção como o Estado, a comunidade e a 
família, o Conselho goza de autonomia funcional, não tendo nenhuma relação de 
subordinação com qualquer outro órgão do Estado. 
O Conselho Tutelar atende às crianças e adolescentes que tiverem direitos 
ameaçados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, omissão ou abuso 
dos pais ou responsáveis, ou em razão de sua conduta. Atende e aconselha os 
pais e responsáveis, a aplicar algumas medidas, tais como encaminhamento a 
cursos ou programas de orientação e promoção a família e tratamento 
especializado. Conforme Neto: 
As crianças e adolescentes são vitimas frágeis e vulneradas pela 
omissão da família, da sociedade e, principalmente, do Estado, no 
que tange ao asseguramento dos direitos elementares da pessoa 
humana (Neto, 2010, p.1). 
 
Segundo a lei, é considerada criança o indivíduo de idade até doze anos 
incompletos, enquanto o adolescente é aquele que estiver entre doze e dezoito 
anos de idade, garantindo que ambos devem desfrutar de todos os direitos 
fundamentais. 
Os casos que podem e devem ser encaminhados para o Conselho Tutelar 
são os de discriminação, exploração, negligência, opressão, violência e crueldade 
que apresentem como vítimas as crianças ou adolescentes. Assim que recebem 
uma denúncia de violação de qualquer direito de uma criança ou adolescentes, oConselho Tutelar passa a acompanhar o caso devidamente, para assim definir a 
melhor maneira de resolver o problema e retornar ao indivíduo o direito de poder 
usufruir de tudo aquilo que está previsto em lei, ou seja, no Estatuto da Criança e 
do Adolescente. Caso os pedidos não sejam atendidos, o Conselho Tutelar tem 
14 
 
como papel também encaminhar o caso ao Ministério Público, para que assim 
sejam tomadas todas as providências jurídicas necessárias. 
Visando à garantia de direitos, algumas atribuições foram incumbidas ao 
Conselho Tutelar, estatutariamente asseguradas às crianças, aos adolescentes e 
às suas famílias; entre elas: atender as crianças e adolescentes nas hipóteses 
previstas e aplicando-a as medidas necessárias, atender e recomendar os pais ou 
responsáveis pela criança ou adolescente as medidas que devem ser feitas, 
encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração 
administrativa ou penal contra os direitos da criança e do adolescente, expedir 
notificações. 
Os conselheiros tutelares, guardiões diretos dos interesses de crianças e 
adolescentes e responsáveis imediatos pela defesa da violação de direitos, 
precisam ser pessoas capacitadas, profundas conhecedoras da realidade com 
que vão trabalhar e sabedora dos instrumentos de defesa que poderão utilizar em 
prol dos tutelados. 
Por isso, mais do que dever legal, é imperativo moral que a sociedade que 
elege diretamente os conselheiros tutelares, que os remunera para que bem 
exerçam o seu dever público, exija qualificação e conhecimento da realidade 
daqueles que se dispõe a assumir este compromisso. 
 
 
2.2 O Conselho Tutelar e a nova concepção de infância 
 
Os Conselhos Tutelares são órgãos criados para garantir os direitos das 
crianças e dos adolescentes. A preocupação com esse segmento da população 
não é uma exclusividade do Brasil, faz parte de um contexto internacional e 
representa um novo paradigma de infância. É sobre isso que vamos tratar nessa 
parte do TCC. 
Os Conselhos Tutelares e o ECA fazem parte de uma teia de relações que 
se constroem no contexto atual em torno dos direitos das crianças; fazem parte 
de um conjunto de medidas que representam uma nova concepção sobre a 
infância, na qual as crianças são concebidas como sujeitos de direito, em 
condição de proteção especial. 
15 
 
A infância não é apenas um período biológico da vida do indivíduo, mas 
também uma condição social, histórica e cultural que é determinada pela forma 
como os homens organizam-se nos diferentes períodos históricos. Infância é uma 
categoria construída socialmente e muda de significado conforme ocorrem 
transformações na sociedade. 
Até o período medieval a criança não era concebida como um ser diferente 
do adulto. No final do século XIX, surgiram instituições voltadas ao atendimento 
da infância, quando esta passa a ter então visibilidade na história. 
Paulatinamente, os tempos modernos vão ressignificando o conceito de infância, 
até chegarmos ao século XX, quando o pesquisador brasileiro Kuhlmann Júnior 
(1988), afirma: 
 
É preciso considerar a infância como uma condição da criança. O 
conjunto de experiências vividas por elas em diferentes contextos 
históricos, geográficos e sociais é muito mais do que uma 
representação feita por adultos sobre essa fase da vida. É preciso 
conhecer as representações de infância e considerar as crianças 
concretas, localizá-las nas relações sociais, etc, reconhecê-las como 
produtoras de história (KUHLMANN JÚNIOR, 1998, p.31). 
 
A forma como Kuhlmann Júnior percebe a infância, como condição 
especial, representa um paradigma internacional. Essa forma de conceber a 
infância nasceu depois do fim da Segunda Guerra Mundial. O marco inicial desse 
paradigma é a Declaração dos Direitos da Criança de 1959, baseada na 
Declaração Universal dos Direitos do Homem (de 1948), ela foi aprovada pela 
Organização das Nações Unidas (ONU). A Declaração afirma ser a criança sujeito 
que deve gozar de proteção e cuidados especiais e deve beneficiar-se de 
oportunidades e facilidades para se desenvolver de maneira sadia e normal e em 
condições de liberdade e dignidade. 
Depois da Declaração de 1959, outro marco importante do novo paradigma 
de infância é a Convenção sobre os Direitos da Criança adotada pela Assembléia 
Geral das Nações Unidas em 1989. 
No Brasil, desde o fim da Ditadura Militar, com o processo de 
democratização, o novo paradigma sobre a infância vem influenciando projetos e 
leis, gerando inclusive a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA-1990). O ECA é uma lei que dispõe sobre a proteção integral da criança e 
16 
 
do adolescente e atribui essa responsabilidade à família, à comunidade, à 
sociedade em geral, mas principalmente ao poder público, ao Estado. 
A Constituição Cidadã de 1988 já resgatara a tese dos direitos dos 
cidadãos em geral e o ECA regulamentou os direitos das crianças e dos 
adolescentes, inspirado pelas diretrizes fornecidas pela Constituição de 1988 e 
por normativas internacionais, como as ditadas na Declaração dos Direitos da 
Criança de 1959 e na Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989. 
No pós-guerra, paralelamente ao crescente processo de democratização, 
construiu-se e espalhou-se em alguns países a noção de direitos sociais, e foi 
nesse período que as crianças começaram a ganhar espaço considerável nas 
decisões que afetam sua vida, sua família e sua comunidade. 
É sob o prisma desse novo paradigma de infância que surge o ECA e os 
CTs. 
 
 
17 
 
3 O Papel do Conselho Tutelar frente à Violência nas Escolas 
Nosso objetivo, nesta parte do TCC, é o de elaborar uma reflexão sobre 
como o Conselho Tutelar tem se posicionado frente à questão da violência nas 
escolas. Primeiro, vamos apresentar o conceito de violência nas escolas que 
adotamos e depois mostrar como alguns autores que pesquisaram a atuação dos 
Conselhos Tutelares analisam a concepção que esse órgão tem desse fenômeno 
que tanto assola as escolas do mundo todo. 
 
3.1 Violência nas escolas 
Para esclarecer as formas de violência que acontecem nas instituições 
escolares, Charlot (2002, p.2) nos traz três definições: a violência na escola, a 
violência da escola e a violência à escola. A primeira, a violência na escola, é a 
que não tem vínculo com a instituição, ou seja, ela acontece no ambiente escolar, 
mas não tem relação com a educação. A segunda, a violência da escola, consiste 
na relação entre a ação e o tratamento que os estudantes suportam dos 
responsáveis pelo corpo da escola. Quanto à violência à escola, a terceira forma, 
tem como intenção de atingir a instituição escolar e as pessoas que a 
representam. 
Schilling (2008) também mostra diferentes formas de violência que 
ocorrem. Primeiro: a violência à escola, realizada por ex-alunos que sentem que a 
escola é inútil. Ela também considera violência contra a escola quando os 
governantes e gestores abandonam o prédio, quando há desvio de verbas, 
salários ruins, a não valorização dos docentes, etc. Segundo: a violência da 
escola, que se apresenta com todas as formas de descriminação, de não ensinar, 
ou seja, uma instituição sem o compromisso com a aprendizagem, ou as ações 
agressivas que podem ocorrer entre os alunos e também com alunos e 
professores. Terceiro: a violência na escola relacionada aos prédios 
abandonados, depredações; professores desmotivados, roubos, furtos, 
agressões, ameaças e brigas. Este tipo de violência vem também de conflitos 
gerados em casa ou na comunidade, no qual as crianças por serem vítimas 
18 
 
acabam sofrendo interferências no dia a dia da escola, assim há necessidadede 
uma conexão, um elo entre professores e alunos. 
Percebe-se que Charlot e Schilling possuem formas parecidas de 
conceituar a violência escolar. 
Vera Candau (2000, p. 6), que também estuda esta temática, afirma que 
quando o bairro tem um índice elevado de violência acaba assustando o corpo da 
escola que vem de fora, de outras localidades. É difícil chegar, entrar na escola, 
permanecer e sair dela. Para Candau “muitas vezes, tais ocorrência associadas 
às agressões [...] às escolas, provocam medo, sentimento de impotência e 
angustia nos(as) educadores(as)”. A autora chama a atenção para a banalização 
da violência propalada pela mídia: 
[...] a banalização da violência pelos veículos de comunicação, 
principalmente a TV, a discriminação sexual, a violência contra a 
mulher e contra a criança na família ou na sociedade e a agressão 
aos semelhantes com palavras e atitudes, por motivos banais do 
cotidiano.(CANDAU, 2000, P. 7) 
O excerto acima mostra que a ênfase dada aos atos violentos nas 
instituições escolares pela mídia reforça a violência. Além disso, os estudantes ao 
perceberem o quanto é valorizado aquele ato, tendem a gostar de aparecer na 
mídia e ficar em evidência. Já os que não estão fazendo parte do noticiário, 
querem fazer, é neste momento que muitos optam por fazer atrocidade com 
outros alunos, professores e também depredando os prédios escolares. Assim, as 
ações passam a ser uma situação de normalidade pela sua frequência. 
Para Sposito (1998, p. 73) a escola tornou-se violenta por não estar 
respondendo mais às necessidades dos alunos. Para a autora: 
 A violência seria apenas a conduta mais visível de recurso ao 
conjunto de valores transmitidos pelo mundo adulto, 
representados simbólica e materialmente na instituição escolar, 
que não mais respondem ao seu universo de necessidades. 
(SPOSITO, 1998, p. 73). 
Sposito (1998) segue dizendo que as crianças não se importam com a 
alfabetização e não conseguem entender porque tem de aprender aqueles 
conteúdos que não são nada interessantes, então “[...] os alunos estão na escola, 
mas são pouco permeável à sua ação” (SPOSITO, 1998, p. 73). 
19 
 
De acordo com Guimarães (1996, apud AQUINO, 1998, p. 10) há um 
acumulo de violência nas escolas, que não são apenas vindas de fora para 
dentro, mas produzidas também pela escola. As instituições se apropriam do que 
a sociedade produz e são transmitem nas escolas, com autoridade e força. “È 
importante argumentar que, apesar dos mecanismos de reprodução social e 
cultural, as escolas também produzem sua própria violência e sua própria 
indisciplina” (GUIMARÃES, 1996). 
Para Aquino (1998) não se pode afirmar que aquilo que acontece no 
interior das escolas é apenas o reflexo do que ocorre fora dela. Para ele a 
violência escolar é uma adaptação da violência fora da escola, uma nova versão. 
Em suas palavras: 
 [...]é mais do que evidente que as relações escolares não implicam 
um espelhamento imediato daquele extra-escolares. Ou seja, não é 
possível sustentar categoricamente que a escola tão-somente 
“reproduz” vetores de força exógenos a ela. É certo, pois, que algo 
de novo se produz nos interstícios do cotidiano escolar, por meio da 
(re)apropriação de tais vetores de força por parte de seus atores 
constitutivos e seus procedimentos instituídos/instituintes (AQUINO, 
1998, p.10). 
Ainda de acordo com Aquino (1998), a escola passou a ser vista como um 
campo de batalhas, no qual os educadores passaram a manifestar sua 
insatisfação, ao invés de transmitir conhecimentos e difundir ideias. Para Aquino: 
A imagem, entre nós já quase indica, da escola como lócus de 
fomentação do pensamento humano – por meio da recriação do 
legado cultural – parece ter sido substituída, grande parte das 
vezes, pela visão difusa de um campo de pequenas batalhas civis; 
pequenas, mas visíveis o suficiente para causar uma espécie de 
mal-estar coletivo nos educadores (AQUINO, 1998, p.08). 
Para o autor quando o indivíduo é forçado a fazer algo ou não fazer, o 
mesmo está sendo violentado, está sendo forçado a contrariar suas vontades 
(AQUINO, 1998, p.14). É inegável que ao executar alguma ação fora de seus 
interesses o sujeito pode fazer, mas é humilhante e causa uma sensação de mal-
estar. A escola esta sempre impondo atitudes comportamentais, porque não 
negociar algumas das normas institucionais com pais e filhos, porque a família 
deve participar da vida escolar de seu filho. 
20 
 
A escola é considerada um espaço de convivência e de formação cidadã, 
contudo também tem se transformado num ambiente de violência. Analisando a 
partir de um ponto histórico, Gonçalves e Sposito (2002), a década de 90 é 
considerada um período em que a escola pública passa por mudanças no padrão 
de violência, deixando de ser caracterizada apenas como vandalismo e partindo 
para as agressões interpessoais entre os estudantes, entre professores, entre 
estudantes e professores. 
Tornam cada vez mais frequentes os chingamentos, as ameaças, os 
constrangimentos. Comportamentos propagados nas cidades de grande, médio e 
até de pequeno porte, incluindo até as regiões menos desenvolvidas do país. 
É nessa época que passa se a ter maior preocupação com a segurança 
dos direitos da criança e do adolescente estabelecidos pelo ECA, fortalecendo 
assim os Conselhos Tutelares ou seja o estado passa a debater uma forma de 
manter a ordem nos municípios pelo fato do inchaço populacional, principalmente 
no espaço escolar que passa a ser cada vez mais frequentado por crianças e 
adolescentes. 
Schmidt e Pereira mostram como a violência nas escolas se constitui num 
problema social: 
Assim quando o estado começa a desenhar uma proposta de 
intervenção pública sobre o fenômeno da violência buscando 
delinear estratégias para a reversão do fenômeno e seu 
enfrentamento. Quando desigualdades e injustiças sociais são 
reconhecidas e assumidas por um dos setores da sociedade, com 
objetivo de enfrentá-las, torná-las públicas e de transformá-las em 
demanda política, podemos dizer que a violência escolar constitui-
se como uma questão social (SCHMIDT e PEREIRA, 2007, p.3) 
Por esta razão, a escola deve considerar a violência escolar como advinda 
do meio social e não somente com um problema interno. Nessa mesma linha de 
raciocínio Candau (2000) afirma que: 
As relações entre violência e escola não podem ser concebida 
exclusivamente como um processo de "fora para dentro", a 
violência presente na sociedade penetra no âmbito escolar 
afetando-o, mas também como um processo gerado no próprio 
21 
 
interior da dinâmica escolar: a escola também produz violência 
(CANDAU, 2000, p.1). 
A prática de ilicitudes por parte de crianças e adolescentes deve sempre 
ser considerada nas condições em que a pessoa se encontra, pois deve se ter o 
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, levando em 
consideração que a conduta dela é uma questão de imaturidade , refletida por 
meio de uma condição bio-psicológica. Para Neto (2010). 
Dentre os direitos fundamentais consagrados à infância e 
juventude, avulta em importância o pertinente à educação, 
observado também que o sistema educacional se constitui - 
juntamente com a família - extraordinária agência de socialização 
do ser humano (isto sem contar com a possibilidade de 
significativa interferência, enquanto aparelho ideológico do 
Estado, na formação do pensamento acerca da própria sociedade 
e do papel que cada um pode nela desempenhar (NETO, 2010, 
p.1). 
Charlot (2002) nos mostra que é necessário analisar a fonte que origina a 
violência nas escolar: 
Quando se analisam os estabelecimentos onde a violência escolaré grande, encontra se uma situação de forte tensão, 
inversamente, quando se analisam aqueles em que a violência 
diminui encontra se uma equipe de direção e professores que 
souberam reduzir o nível de tensão. A questão fundamental é 
esta: Os índices violentos se produzem sobre um fundo de tensão 
social e escolar forte; em tal situação, uma simples faísca que 
sobrevenha (um conflito as vezes menor), provoca a explosão (ato 
violento). É preciso, portanto, dedicar se as fontes dessa tensão 
(CHARLOT, 2002, p.439). 
Perguntamo-nos se os conselheiros tutelares tem conhecimento dessa 
realidade. 
 
3.2 O Conselho Tutelar e a violência nas escolas 
 
Tivemos dificuldade de encontrar material bibliográfico para compor essa 
parte de nossa reflexão. Parece haver pouco interesse científico sobre a atuação 
dos CTs no que se refere à violência nas escolas. Esse hiato pode, inclusive, ser 
22 
 
mobilizador da elaboração de um futuro projeto de pesquisa a ser apresentado 
para a seleção do mestrado. Dos poucos textos que encontramos extraímos o 
que segue. 
Digiácomo (2007) escreveu um interessante artigo sobre os “Conselhos 
Tutelares: alguns aspectos (ainda) controvertidos” e nele relata o seguinte: 
Com efeito, o combate à violência deve buscar 
primordialmente suas raízes, que obviamente se encontram 
além dos limites da escola, que acima de tudo precisa 
assumir sua missão legal e constitucional de promover, junto 
aos educandos, “o pleno desenvolvimento da pessoa” e “seu 
preparo para o exercício da cidadania” (art. 205, caput da 
Constituição Federal verbis/omissis), e não se tornar em 
mais um foco de opressão e desrespeito aos direitos 
fundamentais de crianças e adolescentes (DIGIÁCOMO, 
2007; Apud MUCHINSKI, 2009) 
Nessa passagem deixa claro que a escola deve cumprir sua função social 
sem desrespeitar os direitos das crianças e dos adolescentes. Mas, além disso, o 
que é mais importante, ele reconhece que as causas da violência tem raízes fora 
da escola. 
Charlot (2002) ressalta a importância do diálogo na solução dos problemas 
de violência, enfatizando que deve haver uma interação entre a escola e seus 
agentes. Isso fica bem claro na afirmação seguinte: 
O problema não é fazer desaparecer da escola a 
agressividade e o conflito, mas regulá-los pela palavra e não 
pela violência, ficando bem entendido que a violência será 
bem mais provável na medida em que a palavra se tornar 
impossível. De sorte que fica logo bem claro que a questão 
da violência na escola não deve ser enunciada, somente em 
relação aos alunos: o que está em jogo é também a 
capacidade de a escola e seus agentes suportarem e 
gerarem situações conflituosas, sem esmagar os alunos sob 
o peso da violência institucional e simbólica (CHARLOT, 
2002, p.436). 
 
23 
 
Obviamente, os conselheiros tutelares estão entre esses agentes dos quais 
trata Charlot. 
Azevedo e Guerra, (1995); Apud De Souza, Da Silva Teixeira et al., (2003) 
consideram que os professores denunciam pouco os maus tratos e que talvez 
isso ocorra porque não há concientização dos profissionais que lidam com 
crianças e adolescentes. Para os autores: 
A freqüência de denúncias de maus tratos sofridos pelos 
alunos, por parte dos profissionais que trabalham com 
crianças e adolescentes, seja da área de saúde, seja da de 
educação ou do bem-estar social, é baixa, o que indica o 
pouco envolvimento ou desconhecimento destes 
profissionais sobre a questão. Sendo assim, consideramos 
que o fato de o CT não estar registrando estas ocorrências 
não pode ser analisado isoladamente. Por isso, quando o 
ECA determina que a escola deve denunciar ao CT os casos 
de maus-tratos envolvendo seus alunos, torna-se necessária 
a realização de um trabalho de conscientização de seus 
profissionais - bem como de todos aqueles que trabalham 
nesta área - acerca desta questão, para que estes estejam 
aptos a enfrentá-la (Azevedo e Guerra, 1995; Apud De 
Souza, Da Silva Teixeira et al., 2003, p.78). 
Os conselheiros conhecem profundamente o ECA, mas também pautam 
sua atuação segundo seus preceitos e suas convicções pessoais. Por esse 
motivo é primordial que se ofereça a eles mais formação para que qualifiquem 
melhor o discurso e a prática. Eles devem possuir maior conhecimento dos 
princípios contidos no ECA e uma maior convivência com a população atendida, 
neste caso a escola. Essa é a opinião de De Souza, Da silva Teixeira et al (2003): 
A formação dos conselheiros precisa ser continuada, na 
direção do aprimoramento de uma visão crítica e 
atualizada dos mecanismos e contextos da escola, 
considerando principalmente as necessidades da parcela 
da população mais excluída do acesso aos direitos 
sociais. A concepção de educação do ECA é 
emancipatória, busca diminuir a desigualdade social e 
melhorar a qualidade de vida do cidadão. Cabe 
principalmente ao poder público, que tem a prerrogativa da 
justiça social, responsabilizar-se pela formação do 
24 
 
conselheiro de forma que esta perspectiva política 
emancipatória seja contemplada (De SOUZA, Da SILVA 
TEIXEIRA et al., 2003, p.80). 
Por outro lado, a escola espera o CT apenas como um órgão punidor das 
crianças e adolescente que causaram problemas os quais ela não pode resolver. 
Muitas vezes, os agentes da educação acabam vendo o CT como ameaçador. 
Por isso, a formação dos agentes da educação também é necessária, desde o 
conhecimento das leis é até mesmo no trabalho da interação entre escola e CT. 
Isso poderia evitar muitos conflitos. 
Para Bastos (2010) os problemas entre os Conselhos Tutelares e os 
Agentes da Educação não passam de equívoco em relação à interpretação do 
ECA, havendo também uma falta de compreensão pelo fato dos mesmos 
demonstrarem interesse em estudar as leis. 
Quando a indisciplina da escola gerar violência tendo como 
consequências agressões verbas e físicas; se o violador for 
uma criança deverá ser encaminhando para o Conselho 
Tutelar, pois por de traz de uma criança violenta pode estar 
uma família negligênte. Mas esta intervenção do conselho 
não visa dar punição para a criança. Além de se detectar 
uma possível negligência por parte de sua família, que o 
leva aquelas atitudes, poderá determinar que a família 
conduza aquela criança para algum programa específico, 
como disciplina os artigos 98 e 101, Incisos do I ao VII, do 
ECA. Existindo ato infracional cometido por adolescente, a 
situação será tratada pela delegacia policial, que fara os 
devidos encaminhamentos à Promotoria Criminal, que 
noticiará ao Juizado da Vara da Infância e Juventude da 
Comarca onde o fato aconteceu (147 § 1°, ECA), que poderá 
aplicar-lhe medidas sócio-educativas. Ou seja, o Conselho 
Tutelar não aplica medida sócio-educativa em adolescente 
infrator (Bastos, 2010, p.4). 
 
Muitas vezes o CT assume funções que seriam da escola, como a 
disciplinarização. Pois, não há uma delimitação clara de quais seriam, de fato, as 
prioridades de atendimento do CT com relação aos encaminhamentos 
escolares, fazendo com que haja uma demanda significativa de questões 
25 
 
disciplinares que seriam, em princípio, tarefa da escola (De Souza, Da Silva 
Teixeira et al., 2003, p.77). 
Em estudos sobre o papel do CT frente às queixas de violência nas escolas 
De Souza, Da Silva Teixeira et al., (2003) relatam que não há um procedimento 
comum entre os conselheiros: 
Não foram mencionadas pelos conselheiros diretrizes de 
uma ação do CT em relação ao atendimento à queixa 
escolar, pelo menos no momento da realização da 
pesquisa. Pelos relatos apresentados, osencaminhamentos 
e ações a esse respeito acabam sendo assumidos 
individualmente pelos conselheiros, cada qual com sua 
prática. Por exemplo, quando informados sobre brigas que 
aconteceram na escola, os conselheiros costumam 
chamar todos os envolvidos, sejam eles alunos, 
professores ou funcionários da escola. Mas, se o 
problema envolve ameaça de violência e agressão, pode-se 
abrir um boletim de ocorrência e encaminhá- lo ao ministério 
público (De SOUZA, Da SILVA TEIXEIRA et al., 2003, p.77) 
. 
O CT deve ser informado de todos os casos em que as crianças e os 
adolescentes sejam vítimas da família, da sociedade e do Estado, principalmente 
nos casos em caso o aluno seja vítima, assegurando seus direitos, tal como 
Souza (2010) cita abaixo. 
Todas as vezes que uma escola encaminha um caso 
envolvendo uma criança ou adolescente, na qualidade de 
vítima, é fundamental que, além do atendimento pelo CT, o 
Município possua todos os programas e diretrizes fixadas 
pelo ECA em perfeito funcionamento. Lamentavelmente, na 
prática, os municípios brasileiros ainda não criaram os 
programas e medidas legais para garantir a proteção dos 
novos direitos infanto-juvenis e os conselheiros tutelares 
acabam sendo responsáveis pela má qualidade e/ou 
insuficiência dos serviços públicos municipais, 
principalmente nas sensíveis áreas médica e social. Ora, a 
proteção integral do aluno-vítima exige o cumprimento do 
ECA por todos os municípios brasileiros. Enfim, espera-se 
que com a forte atuação do Conselho Tutelar, ao lado das 
famílias e do Poder Público e, se necessário, exigindo-se 
correção de atitudes ilegais, por parte de todos que violem 
direitos infanto-juvenis, consiga-se reverter e/ou minimizar 
26 
 
os problemas, sendo que restará completado o terceiro 
passo na proteção do aluno-vítima (SOUZA, 2007, p21) 
 
Bem, como vimos, seria mais objetivo afirmar então que o Conselho Tutelar 
não possui uma única concepção de violência nas escolas e nem ao menos um 
único protocolo sobre como resolver os casos. Depende da capacidade de cada 
conselheiro de conhecer a lei, de defender os direitos das crianças e dos 
adolescentes, de conhecer a escola, suas funções etc. 
Constatado isso, seria fundamental que cada conselheiro passasse por um 
processo de capacitação sobre essa questão tão importante. 
Portanto, as relações entre escola, agentes e CT são essenciais para o 
combate à violência escolar considerando sempre que o aluno é um ser social e 
que seus direitos devem ser garantidos. 
 
 
 
27 
 
4 Breves Conclusões 
 
Apesar de termos tratado da atuação do CT no que se refere à violência 
nas escolas, queremos chamar a atenção nessa breve conclusão para o fato de 
que o CT é chamado a atuar depois que o fenômeno da violência já ocorreu, mas, 
especialistas nessa temática tem defendido a tese de que seria mais significativo 
adotar medidas preventivas para evitar as ocorrências do que apenas se 
preocupar com as punições. 
Além disso, é óbvio que aquele que comete violência na escola precisa 
também ser tratado com atenção e não somente a vítima. 
Não basta instalar câmeras de segurança nas escolas, estabelecer regras 
para evitar o abuso, manter uma caixa de sugestões e de queixas, colocar os 
monitores ou vigilantes na cantina, no recreio e em outras zonas de risco; é 
necessário fazer campanhas de prevenção, organizar grupo de estudos, realizar 
palestras, levando informações para a comunidade escolar no sentido de prevenir 
a violência. 
A violência na escola é um tema complexo, multifatorial, que só pode ser 
enfrentado com um trabalho em rede e a atuação do CT em parceria com a 
escola é fundamental. 
Nossa pesquisa nos faz concluir pela necessidade de formação dos 
conselheiros para que eles possam lidar com maior capacidade e competência 
esses casos. É preciso que conheçam o ECA, a escola, as formas de violência, e 
as possibilidade de tratamento da questão, dos agressores e das vítimas. 
Caso venhamos a realizar a seleção para o mestrado pretendemos 
perseguir essa temática, possivelmente realizando um estudo de campo. 
 
 
 
 
28 
 
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