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1 PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA INDISCIPLINAR NAS ESCOLAS 1 SUMÁRIO 1. Caracterizando a violência................................................................................... 04 2- Violência no contexto escolar............................................................................... 06 3. Motivos que geram a violência............................................................................. 08 4. Bullying e seu enfrentamento. ................................................................................ 9 5. Proposta para minimizar e prevenir a violência. .................................................. 12 5.1. Sugestões para um contrato pedagógico. ......................................................... 14 6. Disciplina e indisciplina. ....................................................................................... 16 7. Família x Escola. .................................................................................................. 19 8. Avaliação do projeto. ............................................................................................ 21 9 - O Papel do Gestor na Condução do Enfrentamento a Violência Escolar ........... 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 27 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação.Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. Caracterizando a violência. O termo violência vem do latim = violentia que remete a vis (força, vigor, emprego da força física). Tudo o que age usando a força para vir contra a natureza de algum ser é desnaturar, não remete como violência somente realizada pela força física e verbal, mas também sua manifestação psicológica e social, que pode causar diversos traumas no sujeito. Charlot (2005) ressalta que “violência, agressividade e agressão se diferenciam”. Agressividade é uma disposição biopsíquica racional: a frustração “muitas vezes inevitável, pois não podemos viver sob o princípio único do prazer” leva a angústia e a agressividade. Agressão é um ato que implica uma brutalidade física ou verbal “agredir é aproximar- se, abordar alguém, atacá-lo” a violência remete a uma característica deste ato, enfatiza o uso da força, do poder, da dominação. De certo modo, toda agressão é violência na medida em que usa a força (CHARLOT, 2005, p. 128). Observa-se que um indivíduo ao utilizar de força excessiva inibindo um sujeito e constrangendo a vítima caracteriza como violência. A agressão seja ela moral, física ou institucional contra a integridade de um sujeito constata-se como violência. Charlot (2005) também distingue violência na escola, à escola, e da escola. Charlot (1997) apud Tigre (2010) classifica a violência escolar em três níveis: a) Violência: Golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo (atos enquadrados como crimes). A violência na escola é aquela que se produz dentro do espaçoescolar sem estar ligada a natureza e as atividades da instituição escolar: quando um bando entra na escola para acertar contas de disputas de bairro, a escola é apenas um lugar em que ocorre uma violência que poderia ter acontecido em qualquer outro local (...). A violência à escola, esta está ligada a natureza e as atividades da instituição escolar: quando os alunos provocam incêndios, batem nos professores ou insultam, eles se entregam á violências que visam diretamente instituição e aqueles que a representam, esta violência contra a escola deve ser analisada junto com a violência da escola:uma violência institucional simbólica, que os próprios jovens suportam através da maneira como a instituição e seus agentes o tratam (modos de distribuição das classes, atribuição de notas de orientação;palavras desdenhosas dos adultos atos; considerados pelos alunos como injustos ou racistas, etc.) (CHARLOT, 2005, p.127). 4 b) Incivilidade: humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito (são aqueles atos que não contradizem nem a lei, nem os regimentos dos estabelecimentos, mas as regras de boa convivência). c) Violência simbólica: institucional, compreendida como a falta de sentido de permanecer na escola por tantos anos; o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias, e conteúdos alheios a seus interesses; as imposições de uma sociedade que não sabe acolher os seus jovens no mercado de trabalho; a violência das relações de poder entre professores e alunos;a negação da identidade e satisfação profissional aos professores; obrigação de suportar obsenteísmo e a indiferença dos alunos. Observam-se situações em que educadores, por falta de estrutura psicológica apresentam posturas impensáveis, partindo para violência física, utiliza-se de palavras grosseiras e desrespeito aos alunos. Coloca-se em cheque sua carreira. O problema é caótico. A esse respeito Dubet (1998, p.230) diz que deveria haver curso sobre violência, porque a gente deveria aprender a responder isto como se aprende as matemáticas esta formação deveria ser mais ágil, muito mais longa e muito menos ideológica. Fonte: Google imagens Para Tigre (2013) violência que perpassam (ou podem perpassar) todas as outras: Violência de gênero sexismo; machismo; racismo; homofobia; discriminação e preconceito contra os alunos (as) com deficiência; violência; preconceito ou discriminação (as mais diversas; por ser gordinho, por ser pobre, por não usar o tênis da moda) discriminação por motivos religiosos, pela aparência física, pela condição econômica, elo local de nascimento ou procedência, etc. 5 Para refletir: A VIOLÊNCIA É A TENDÊNCIA À DESTRUIÇÃO DO OUTRO, O DESRESPEITO E A NEGAÇÃO DO OUTRO, PODENDO OCORRER NO PLANO FÍSICO, PSICOLÓGICO OU ÉTICO (CANDAU, 1999). 2- Violência no contexto escolar. Discussões entre professor e aluno ocorrem com muita frequência nas escolas e muitas vezes se transformam em agressões verbais. As agressões físicas entre alunos são frequentes, tanto dentro quanto fora da escola e o bullying também é fator a ser considerado. Na atual conjuntura, na educação deparamos com necessidades que a escola por si só não encontra meios de sobressair. A falta de respeito, a agressão mútua o bullying, a desordem, os roubos, o vandalismo são formas mais recorrentes de conflitos e assumem diferentes formas. O professor não é mais um transmissor de conhecimentos apenas. De La Taille (1996, p. 10) apud Tigre (2010) faz a seguinte observação: - “Anteontem, o professor falava alunos dispostos a acatar; ontem, há certos alunos pré-dispostos a discordar e propor; hoje, tem auditório de surdos”. Estamos em um contexto social onde os alunos não despertam interesseno que falamos, sendo que nesta fase os educandos encontram-se desmotivados sem encontrar sentido nas normas disciplinares e nas atividades. Desrespeito às diferenças e reagem de forma indisciplinada. Enquanto que os professores ficam inseguros. O professor não está recebendo no decorrer de sua formação, qualificação e capacitação que lhe permita reagir no enfrentamento com a postura desenfreada do aluno. Ensinar não basta, porque o aluno também não quer somente aprender conteúdos na escola. “A violência que se manifesta na escola precisa começar a ser encarada como um problema de cunho pedagógico, passível de ser prevenido e enfrentado pela instituição escolar e não apenas um caso depolícia” (TIGRE, 2010).Acredita-se que a escola com ações isoladas nãoconsegue solucionar a violência, mas não se podem ater advertências orais ouescritas. Aurea M. Guimarães (1996) diz: Temos a dominância de um valor com irrupções regulares e violentas do rejeitado, e não mais organicidades de elementos que se equilibra relativamente de modo harmonioso sem que a crueldade seja excluída. Deste modo a violência pode tornar- se terror, pois é através de sua racionalização que se difundem a criminalidade e a insegurança urbana acentuando a sua instrumentalização. 6 Na escola recorrentemente a manifestação de violência entre professores e alunos, são através de agressões verbais e físicas. Enquanto que entre alunos manifesta-se através do bullying depredação escolar, interferência de grupos externos (gangues). Não adianta deixar a escola resolver sozinha a violência no ambiente escolar. A responsabilidade está na escola na família, no conselho tutelar e no Governo. A união de todos fortalece as ações contra a violência cuja suas causas são múltiplas e complexas. Para que a prevenção da violência seja eficiente, as atitudes devem começar a partir da própria escola por meio de uma equipe gestora, antes do início do ano letivo. Palavras de Santos (2002): Não é desnecessário lembrar que não há como acabar, de uma vez por todas, com o problema da violência, porque ela permanece em aberto sem fornecer a mínima alusão a uma solução definitiva, afinal empreender esforços nesse sentido é o mesmo confinar a violência num espaço oco num lugar vazio. Afirmo isso porque basta estarmos atentos aos que nos contam as historias humanas, para percebermos que a violência não é um fato novo. Ela é claramente perceptível desde as sociedades primitivas até sociedades mais modernas. Portanto pretende-se diminuir a violência e todas suas formas na escola, visto que a partir da citação de Santos (2002) é impossível eliminá-la. Vicente de Paula Faleiros; Eva Silveira Faleiros (2008) dizem que: Desde 1500 á 1822 o Brasil foi uma colônia de Portugal. As leis e as ordens para as crianças também vinham de Portugal. Os cuidados com as crianças índias pelos padres jesuítas tinham por objetivo, batizá-las e incorporá-las ao trabalho. Os padres embora não aceitassem os castigos violentos e a matança de índios. Os escravos eram tratados como mercadoria. A criança escrava mesmo depois da lei do ventre livre em 1871 podia ser utilizada pelo senhor desde oito até 21 anos de idade, se mediante indenização do estado não fosse libertada. Antes dessa lei começavam bem cedo trabalhar, ou serviam de brinquedo para os filhos dos senhores. 7 Percebe-se que o Brasil é um país que não consegue fugir de hábitos autoritários com raízes de violência como a escravidão. Não vamos fechar os olhos para a violência dentro e fora da escola, pois isso só ira dificultar a relação professor-aluno e nossos objetivos sobre aprendizagem serão fracassados. Nenhuma criança ou adolescente será sujeito de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punida na forma da lei, qualquer atentado por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais. ECA (1990). Nota-se que a violência praticada contra crianças tem raízes culturais econômicas e históricas, sendo o Brasil um país com enormes desigualdades econômicas e sociais. O Brasil é historicamente classista, machista, racista e extremamente violento com crianças e adolescentes pobres. Trata-se de uma violência excludente. Por sorte hoje as leis vigentes não apoiam tais condutas como as citadas. Para refletir: O ATO DE INDISCIPLINA: É O DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS FIXADAS PELO REGIMENTO ESCOLAR. É UM PROBLEMA DE CUNHO ESTRITAMENTE PEDAGÓGICO. O ATO INFRACIONAL: ART. 103. CONSIDERA-SE ATO INFRACIONAL A CONDUTA DESCRITA COMO CRIME O CONTRAVENÇÃO PENAL (ESTAUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) 3. Motivos que geram a violência. De acordo com a tese de doutorado de Tigre (2013) em sua pesquisa de campo “as brigas de meninas e meninos ocorrem a partir de maus entendidos e de fofocas”. Para Senetti (2012, p. 189-190) apud Tigre (2013). A fofoca tende a estimular as pessoas dramatizando informações ou acontecimentos triviais; ela capta a atenção sobe tudo quando se transforma em um mini teatrocheio de espanto. “você não vai acreditar?” Além disso, aquele que fofoca parte do pressuposto de que os outros vão “captar”, e continuará explicando até que o faça; não quer ouvintes passivos. Na maioria dos casos, a fofoca tende a ser maliciosa; nossa atenção não costuma ser capturada pelo relato da generosidade de alguém, como acontece quando nos falam de algo horrível, que alguém tenha feito (...) as formas de envolvimento geradas pela fofoca (...) aliviam o tédio do trabalho, o mesmo pode advir da resolução de problemas, que implica lidar com outro tipo de ruptura da rotina. 8 Neste contexto observa-se que a fofoca pode causar danos irreparáveis principalmente entre as meninas, geralmente elas brigam por ciúmes das outras, por competição por namorados, suas agressões chegam a causar escoriações e sangramentos, muitas vezes os meninos que instigam e dificilmente os meninos brigam por meninas. Enquanto que meninos brigam por um olhar torto ou cara feia, isto já é motivo pra agressões, brigam para defender um amigo sem saber da causa que levou a este atrito. Temos outras causas que são de cunho pedagógico, podemos considerar uma delas o professor quando não tem domínio de turma, ou que não prepara bem seus de conteúdos, não usa uma metodologia que motiva seus alunos, a falta de infraestrutura das instalações educacionais, muitas vezes pelo modelo atua da família que sofreu mudanças. Sallas (1999, p.125) apud Tigre (2013). Muitos dos nossos alunos vivem a ausência da família nuclear, moram muitas vezes com tios, avós, avôs, madrastas, padrastos, mas, não podemos afirmar que este novo modelo de família seja responsável pelos conflitos que ocorrem num contexto escolar. O modelo de organização familiar existente em Curitiba revela um tipo de arranjo que permite tanto a existência do modelo de família conjugal dominante em nossa sociedade quanto outra modalidade pelas misturas dos padrões da família conjugal e da família consanguínea. Este modelo familiar híbrido apresenta como característica fundamental o papel de chefe da família desempenhado pelas mulheres (matrifocal) elas passam a gerir toda a vida familiar em todas as instâncias, que envolve a manutenção e educação dos filhos. Por outro lado a esta figura associam-se alguns parentes como avós, irmãos ou irmãs, quer dividem atribuições na orientação dos jovens. Eventualmente algum companheiro (padrasto) que pode vir também a desempenhar o papel do pai em algumas instâncias socializadoras dos jovens. No entanto, a figura do padrasto é, pelo relato dos jovens, um foco privilegiado um foco de situações de conflitos e mesmo de violências domesticas. As madrastas quanto padrastos em alguns casos foram muito mais positivamente avaliados pelos jovens que pai e mãe biológicos.9 Para refletir: A RELAÇÃO QUE O PROFESSOR ESTABELECE COM SEUS ALUNOS DENOMINA-SE RELAÇÃO PEDAGÓGICA E ENGLOBA O CONJUNTO DE INTERAÇÕES QUE SE ESTABELECEM ENTRE PROFESSOR, ALUNOS E O CONHECIMENTO. 4. Bullying e seu enfrentamento. Bullyingé uma das formas das quais a violência se manifesta na escola segundo Fante (2005) “é uma palavra de origem inglesa adotada para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar outra pessoa e colocála sobtensão”. Inexiste um único termo na língua portuguesa para expressar as situações de bullying - bully (substantivo) = valentão, tirano; e como (verbo) = brutalizar, tiranizar, amedrontar. O bullying compreende todas as atitudes agressivas intencionais erepetitivas que ocorrem sem motivação evidente adotada por um ou mais estudantes contra outros, causando dor e angústias, executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima. (FANTE, 2008, p. 33). Os agentes do bullying geralmente são pessoas que tem um referencial negativo em casa. Muitos alunos são testemunhas, alguns riem da situação, como argumento de defesa, outros criticam, mas não interferem, enquanto outros incentivam os agentes, e são poucos que fazem alguma intervenção. 10 ALGUMAS AÇÕES QUE CARACTERIZAM O BULLYNG Lembrando que também caracterizam bullying as ações repetitivas contra a mesma vítima num período prolongado de tempo. O bullying é uma das formas que a violência se manifesta na escola, possui uma gama de propriedade ao ponto de causar traumas irreparáveis ao psiquismo das vítimas comprometendo a saúde mental e física, e principalmente seu desenvolvimento sócio educacional. O bullying pode gerar traumas irreversíveis. As maiores vítimas do bullying são pessoas tímidas, retraídas, passivas, submissas, ansiosas, temerosas com dificuldade de defesa de expressão e de relacionamento, sendo consideradas pelos colegas como diferentes e esquisitas. Com muita frequência as vitimas do bullying passam a perder o prazer nos estudos, migram muito de escola e o seu desempenho escolar tende-se a baixar, às vezes simulam doenças para não comparecer na escola. Infelizmente na maioria das vezes que ocorre na escola alguém sendo vitima do bullying não é resolvido pela equipe pedagógica, por falta de suporte na instituição. Ocasionando revolta das vítimas que querem fazer justiça e acabam reproduzindo os maus tratos através de atitudes explosivas chegam a munir-se de armas matando e ferindo o maior número possível de pessoas e dando fim a própria vida. 11 Fonte: Google imagens. O professor pode sugerir ainda algumas estratégias de defesa para os alunos que estejam sendo molestados que, para Boynton (2008) podem ser: Como o professor pode identificar situações de bullying em sala de aula? Através das observações que faz das relações interpessoais ele pode perceber (Fante, 2008, p.107-108), PARA A VÍTIMA PARA QUEM PRESENCIA • • • • • Diga pare e saia de perto Fique sempre perto de um adulto. Use humor. Concorde com tudo o que o agressor disser. Conte a um professor. • • • • • Não faça parte disso. Não assista. Diga ao agressor para parar Seja legal com a vítima. Encoraje a vítima a sair com você. Chame um adulto. 12 Se o aluno está constantemente isolado dos demais, especialmenteno horário do recreio, se nos trabalhos em grupo ou jogos em equipe é sempre o último a ser escolhido, se é alvo de apelidos pejorativos em decorrência do seu aspecto físico, psicológico ou cognitivo, se apresenta aspecto triste, deprimido, aflito, ansioso, irritadiço ou agressivo, se no decorrer dos meses há súbita queda do rendimento escolar e desinteresse pelos estudos, se ele falta às aulas com frequência sem justificativas convincentes, se apresenta arranhões, ferimentos ou danificação de seus materiais escolares constantemente, se é intimidado, perseguido ou maltratado fisicamente. Constatação sobre o Bullying segundo pesquisa realizada por Abramovay (2009). O bullying não é fenômeno mais grave que acontece no espaço escolar além da violência física e verbal entre pares, ocorrem agressões verbais entre alunos, ameaças, agressões físicas, discriminações racistas e sexistas, furtos, violência sexual, presença de Ganges e tráfico de drogas. A relação entre alunos e professores é muitas vezes tensa passando pela violência verbal de ambas as partes e por ameaças e discriminações. Para refletir: NOS CASOS DE BULLYING HÁ UM FATOR QUE PRECISA SER CONSIDERADO É O MEDO DA VÍTIMA QUE SE TORNA CONSTANTE DE QUE UM NOVO ATAQUE VOLTE A ACONTECER. A DIFERENÇA ENTRE O BULLYING E OUTRAS FORMAS DE VIOLÊNCIAS É A PROPRIEDADE QUE ELE TEM DE CAUSAR TRAUMAS IRREPARÁVEIS AO PSIQUISMO DA VÍTIMA. ASSITA O FILME “BANG BANG VOCÊ MORREU” 2002 dirigido por Gui Ferland com 93 minutos de duração, classificação 16 anos. 5. Proposta para minimizar e prevenir a violência. Na opinião de alunos entrevistados na tese de doutorado de Tigre (2013) não há como prevenir as brigas, pois elas sempre irão existir, e o que precisa existir é mais respeito e diálogo dentro de uma sala de aula para poder compartilhar e se entender uns com os outros. 13 No início de cada ano os professores juntamente com a equipe pedagógica podem realizar Assembleias estabelecendo um contrato pedagógico com seus alunos. Para Puig (2002, p. 28): As assembleias são momentos institucionais do diálogo: um espaço que a escola destina de maneira exclusiva a promover a participação por meio da palavra. Durante as assembleias a turma reúne-se para refletir sobre si mesma, para tomar consciência de si mesma e para transformar-se em tudo aquilo que seus membros consideram oportuno. Uma assembleia é um momento escolar organizado para que a sala de aula e seus educadores possam falar de quando aquilo que lhes pareça pertinente a fim de otimizar o trabalho, a conveniência e a animação. As assembleias propiciam o desenvolvimento e fortalecimento de atitudes e valores positivos podendo estimular a participação e o exercício da cidadania. Os contratos pedagógicos terão mais sucesso se forem firmados no inicio do ano letivo. Segundo Fernandez (2005, p. 84): Uma das funções das normas é propiciar estrutura à integração social para reduzir a incerteza a confusão e a ambiguidade. As normas pressupõem um código justo e são alterados conforme variam as circunstancias as negociações e as necessidades. De acordo com Fernandez as normas e regras estabelecidas no contrato pedagógico devem ser claras, não necessariamente fechadas, pois as partes envolvidas no processo podem sugerir mudanças no decorrer do ano letivo, que venham a contribuir para melhorar a sua eficácia. 14 Fonte: Google imagens 5.1. Sugestões para um contrato pedagógico. Primeira etapa – Reunir todos os alunos. A direção, a vice-direção, a equipe pedagógica e os docentes. Neste momento alunos, professores, equipe administrativa e de apoio receberão as boas vindas pela equipe de gestão, em seguida será repassado os direitos e deveres dos alunos. A direção apresentará a professora PDE que fará intervenção na escola com a sua proposta de Implementação. Segunda etapa – Cada professor ao entrar na sala entrega um questionário para sua turma (elaborado pela professora PDE) contendo questões sobre sua vida pessoal, assim como suas expectativas no decorrer do ano letivo, e o aluno terá espaço para fazer um feedback sobre sua postura no ano anterior e em que pretende melhorar, e assina para legitimar essa etapa. Terceira etapa – O professorconselheiro da turma deverá observar e acompanhar minuciosamente cada aluno de acordo com proposta do contrato. Sempre que o educador perceber que o educando está se desviando do foco, irá convidá-lo para um contato particular, para rever o contrato, e orientá-lo para retomar e ajudá-lo a permanecer firme em seu objetivo. Quarta etapa – uma vez que na assembleia de classe os professores foram orientados para minimizar os atritos professor/aluno, não fazer uso de palavras grosseiras, e tom exaltado dirigido a alunos, para que tenhamos harmonia. Sem esta postura nosso empenho será em vão. Questões como boné e uniforme (que estão no regimento escolar) será resolvido de forma pacífica, e sem margem para discussões. A escola irá disponibilizar de camisetas para os alunos que não comparecer com uniforme estabelecido no regimento escolar. Assim não irá desgastar a imagem do professor com o referido problema. O aluno representante de turma irá acompanhar os educandos que infligirem as normas até a sala do profissional preparado para essa situação. Quinta etapa – a reincidência no comportamento desregrado do aluno fará com que a presença de seu responsável se faça necessária no ambiente escolar, para que o mesmo possa assistir aulas com a turma. Desta forma evita que a indisciplina deste sujeito, seja reproduzida, contaminando os demais e assim fazendo com que o professor e a escola percam sua autoridade. Como não podemos privar o aluno de direito a escola, este permanecerá na instituição em uma sala apropriada para reflexão. Esta postura será adotada para casos de 15 gazear aula, brigas, e ouras atitudes que sejam indisciplinares ou se caracterizem como violência. Sexta etapa - no final de cada bimestre cada professor conselheiro fará um relatório sobre os possíveis avanços, que detectaram em suas turmas através de um novo questionário (elaborado pelo professor PDE). Assim poderemos fazer um feedback para aprimorar e atingir o nosso objetivo. Sétima etapa – como no primeiro dia de aula os alunos tiveram ciência de toda essa trajetória, que a escola iria percorrer no ano letivo, e que foi firmado por um contrato pedagógico onde todos assinaram para este desafio. Os educandos serão comunicados que a turma que se destacar no cumprimento de regras, irá ganhar uma viagem patrocinada pela escola. Oitava etapa – o professor conselheiro da turma homenageada receberá um certificado de professor destaque do ano, por conduzir uma turma com disciplina exemplar e sem violência, podendo viajar com a turma. 16 Importante – duas vezes por bimestre, ou seja, durante as reuniões pedagógicas propiciaremos momentos para que os professores conselheiros reflitam sobre os avanços da disciplina das turmas acompanhadas, fazendo avaliação do projeto de intervenção. Acredita-se que com essa postura e empenho de todos, assumindo um compromisso com a educação, os resultados de nossa intervenção serão surpreendentes e bem sucedidos. 6. Disciplina e indisciplina. O professor pode contribuir com a disciplina, assumindo a responsabilidade da situação de sua sala de aula moderando os conflitos, afim que a dinâmica da sala de aula preserve um equilíbrio indispensável para a aprendizagem (GOTZENS, 2003). Disciplina é o conjunto de normas e procedimentos dos quais dependem a ordem e harmonia de que a sala de aula necessita para poder trabalhar e conviver. Consiste em um enfoque global da organização e da dinâmica, do comportamento da escola e na sala de aula coerente com o propósito de ensino. Para Fernandez (2005), A disciplina é imprescindível, não apenas para estabelecimento da ordem em sala de aula, mas também para a efetivação em termos de otimização dos processos de ensino e de aprendizagem. Considera-se a disciplina como sendo uma importante variável mediadora e facilitadora do êxito no ensino. Para que se efetive a contento o ensino aprendizagem baseado na disciplina é imprescindível que se crie e estabeleça um código comum por parte dos docentes. Não isentando a família a sociedade e a escola, mas a responsabilidade na manutenção da disciplina na sala de aula é do professor. Segundo Tigre (2013) compartilhado com Fernandes (2005, p.14): qualidade de ensino e eficácia da aula colocam em evidencia que um requisito imprescindível é conseguir um clima em classe que permita os alunos concentrarem-se no aprendizado. Todo o tempo empregado na escola para ensinar Existe uma ideia errônea e certa resistência dos professores em se dedicarem a organização social da classe, achando que isso reduz o tempo de ensino de seus “conteúdos”. Entretanto todos os estudos sobre a 17 os alunos a se comportarem de maneira construtiva é solidaria e a se organizarem socialmente desde pequenos não é perdido, mas constitui um quesito importante para poder ensinar e aprender. Segundo Gotzens (2003), O valor sentimental e funcional da disciplina na escola. Além deste aspecto a disciplina propicia o desenvolvimento de comportamentos de interação entre as pessoas, coerentes com os padrões de ralação com e de interação humana que a sociedade considera desejáveis e cujo acesso a aprendizagem pretende facilitar aos individuas mediante sua passagem pela escola (é o valor socializador dadisciplina). Além destes dois aspectos, ainda existe o caráter interativo da disciplina uma vez que as atitudes e ações de um dos agentes afeta, em maior ou menor grau, os demais membros do grupo, gerando assim, o que se conhece como dinâmica de sala de aula. O autor enfatiza a responsabilidade do educador para instrumentalizar a moderação desta dinâmica, na qual o professor deve assumir a responsabilidade da situação e moderá-la de acordo com as normas vigentes no grupo, a fim de qual a dinâmica da sala de aula preserve ou recupere o equilíbrio desejado. Portanto a aprendizagem só se efetiva através de clima harmônico e disciplinado. Sabe-se que comumente a aprendizagem ocorre em um ambiente, quando a disciplina é controlada de forma que permita o raciocínio fluir, principalmente quando que se fala em matéria que envolve cálculos. Se a manutenção da disciplina em sala de aula é essencialmente de responsabilidade do professor então sua gestão deve contemplar ações como o planejamento da ordem e o estabelecimento de ajustes e adaptações, amparado por um contrato pedagógico, previamente elaborado. A intervenção e resolução de problemas deve-se desenvolver no decorrer do ano letivo. O feedback se faz necessário para as modificações oportunas para que se possa aproximar dos resultados esperados ou aplicar a sanções previstas no contrato pedagógico. O professor deve tomar muito cuidado nas primeiras semanas de aula que é o período que os alunos avaliam a competência disciplinar do educador. 18 Portanto esses primeiros encontros devem ser planejados, deve refletir uma autoridade impregnada de clareza e afirmação para que a primeira impressão seja de um profissional com domínio de turma. Sua organização de trabalho, metodologia deve permitir uma expectativa na aprendizagem de forma que o aluno possa visualizar de imediato, deixando a reação do educando evidente. O professor irá detectar se o grupo acata com simpatia e a partir desse comportamento já se percebe qual a intervenção eficaz para atingir seus objetivos, no decorrer do ano letivo. Segundo (AQUINO, 2002): A indisciplina aparece sobre todas as formas de conflito que incorporam uma capacidade de resistência ao trabalho com o conhecimento e uma dificuldade em respeitar as normas e regras da escola, quer sob uma aparente submissão quer através de excessos de todos os tipos: depredação, pichações, zombarias, risos, ironia, tagarelice, maus comportamentos, tumulto, atitude de desrespeito,de intolerância aos acordos firmados e a incapacidade do aluno ou grupoem se ajustar às normas e padrões de comportamento esperados, capazes de pautar a conduta de um indivíduo ou grupo. Principais problemas que causam violência por parte do aluno: a falta de motivação, ou desinteresse pela aprendizagem, fracasso escolar associado à baixa auto-estima, falta de motivação, falta de comunicação, alunos que interrompem continuamente a aula e impedem o aprendizado dos demais. Por parte do professor: conteúdos e metodologias pouco atraentes, pouca sensibilidade no tipo de relacionamento que mantém com os alunos, dificuldades no controle de grupos, de comunicação e de autoridade. Modelo do professor segundo Fernandez (2005, p. 60): Comportamento conforme os descritos impedem que a aprendizagem do educando se efetive. Portanto a intervenção nesses casos é de cunho estritamente pedagógico. A indisciplina é o não cumprimento de regras, o desrespeito aos princípios de convivência sem uma justificativa viável. A primeira figura de identificação é o professor que representa omodelo a seguir, tanto na forma de se expressar, de se mover e de comunicar expectativas positivas, como na realização de tarefas. Chegar a tempo para as aulas, devolver os trabalhos corrigidos com correções, a saída ao toque do sinal, o interesse consistente pelo conteúdo da matéria são procedimentos não expressados, mas que o aluno capta assimila e reproduz. A frase “faça o que digo e o que faço” é um exemplo estimulante que demarca os passos a seguir com clareza. 19 A escola deve focar na aprendizagem do aluno, esta é a sua função primordial, quando a indisciplina começa a interferir no ensino aprendizagem é o momento da equipe pedagógica entrar em ação, para evitar problemas maiores no final do ano letivo. Resultando em uma ação negativa que poderia ser solucionada se a intervenção fosse ao momento oportuno. Acredita-se que sendo professor o agente mais próximo do aluno e que presencia toda transformação no decorrer de suas aulas, pode intervir em tempo real aos praticados ou manifestados pelo educando impedindo que os fatos e atitudes do mesmo ganhem força e possa ser reproduzida. Percebe-se que a indisciplina na escola pode ser resolvida na própria escola. Os atos da indisciplina devem ser regulamentados nas normas que regem a escola e constar no regimento escolar. 7. Família x Escola. A família já não se encontra mais com as mesmas possibilidades e funcionalidades de antes, houve um deslocamento da mesma para a escola, compartilhando os estudos de (ENGUITA, 2004, p. 63) quando ele afirma que “para o bem e para o mal essa forma de vida tradicional se foi para não voltar” a mudança mais importante, sem dúvida, é a ida da mulher para o mercado de trabalho e que mesmo tendo uma jornada pequena de trabalho o tempo disponível em casa não coincide muitas vezes com o horário que o filho está fora da escola. Ainda segundo Enguita (2004), percebe-se na fala dos professores, muitas criticas com relação a transferências de responsabilidades por parte da família (querem ficar livres das crianças o maior tempo possível; veem na escola uma creche ou um albergue, etc.) Mas na verdade as políticas educacionais fazem com que as famílias se obriguem a matricular seus filhos na escola cada vez mais cedo de acordo com a Lei nº 12.796 de 04 de abril de 2013 p. 01- 021. Observa-se que quanto mais tempo na escola, menos a criança fica coma família, neste sentido a escola assume uma maior responsabilidade também pela moralização, além da educação. Conforme o autor Enguita (2004, p. 67), A escola é a primeira instituição pública a qual as crianças têm acessode modo sistemático e prolongado, isso por si só, indica com lugar de aprendizagem de forma de convivência que não se cabe aprender na família, na qual elas são estruturadas pelos laços de afeto e de dependência pessoal. A família pode educar eficazmente para a convivência doméstica, mas é constitucionalmente incapaz de fazê-lo para a convivência civil, visto que não pode oferecer um marco de experiência. Nisso, pode cooperar com a escola, mas não pode entregar-lhe o trabalho feito. 20 Sabe-se que a função principal da escola não é apenas ensinar conteúdos propostos pelas políticas vigentes, mas educar para a vida, conforme Enguita, (2004, p. 69). A crescente sensibilidade social com respeito às condições daescolarização, aos direitos e âmbitos da liberdade das crianças, etc., leva a uma limitação da autoridade dos professores de todos os níveis dos funcionários em todos os âmbitos, mas perante as crianças tudo prece permitido, mas ao mesmo tempo em que a retração de outras instancias e controle de crianças adolescentes e jovens e as carências da família possibilita que os alunos cheguem às salas de aula por assim dizer, mais domesticados. Nota-se que a família tem suas limitações quanto à educação e imposição de limites de seus filhos em virtude da própria legislação vigente, enquanto que a escola também é refém das mesmas leis, Constituição, Estatuto da Criança e do Adolescente, fica um impasse neste sentido de quem é responsável por quem. Propostas de atividades para a implementação TEMAS METODOLOGIA DE TRABALHO 01 Conceito escolar de violência Vídeo “Violência na escola” UNIVESP TV Texto do autor Fernandes (2005); Slides. “Pro dia nascer Feliz”. De 2006, com duração de 21 02 Disciplina, Indisciplina e incivilidade 88 min. Slides sobre: “Indisciplina, disciplina e incivilidade”. 03 Bullying Filme “BangBang você morreu”. Texto sobre bullying (fragmento); Propor aos professores que realize junto a seus alunos um “Teatro” referente ao Bullying, suas manifestações e consequências no cotidiano escolar. 04 Contrato pedagógico e Assembleias de classe Slides, Fragmento do texto da autora Tigre (2013). Elaboração de um contrato pedagógico e realização de uma assembleia de classe. 05 Juventude Oficina Oficina com os professores; Slides. 06 Família x escola Slides; Texto do livro “Educar em Tempos incertos” Autor: Mariano F. Enguita. 07 Palestra com os pais Palestra aos pais com objetivo de discutir sobre a problemática da violência e da indisciplina na escola. 08 Avaliação e finalização do projeto Elaboração coletiva de um projeto de intervenção para dar continuidade às ações do ano vigente. 8. Avaliação do projeto. O professor pesquisador fará um “feedback” com todos os envolvidos através de um questionário na intenção de verificar até que ponto a intervenção realizada na escola foi útil quanto a assimilação dos filmes, palestras e reflexão propostas se houve realmente um avanço qualitativo no tocante ao enfrentamento da violência na escola. 22 9 - O Papel do Gestor na Condução do Enfrentamento a Violência Escolar A pesquisa de Abramovayet al (2003), dedica especial atenção ao processo de gestão no êxito das escolas inovadoras. Com referência ao papel do gestor, a pesquisa aponta que uma gestão aberta à mudança constitui traço comum às escolas inovadoras, uma vez que ela transforma os modos convencionais de administração, adotando uma nova forma de atuação, que privilegia e valoriza os alunos e o diálogo como instrumento para a resolução de problemas. Desse modo, como forma de repressão à violência, o que emerge são ações e estratégias planejadas tendo como base os conceitos e princípios que norteiam uma gestão escolar democrático/participativa, ou seja, um processo coletivo e totalizante, cujo requisito principal éa participação efetiva de todos. Cabe lembrar que somente a prática cotidiana, reiteradamente vivenciada, demonstrará o conteúdo de uma gestão dessa natureza. O primeiro passo para enfrentar o problema é aquilatar a sua real dimensão, sugerem Abramovay e Rua (2004), ou seja, avaliá-lo tal como ele se manifesta cotidianamente. Mas como abordar a repressão e o combate à violência com eficácia? Faz-se necessária a presença marcante e eficiente do gestor educacional como mobilizador eracionalizador de ações, visto que da sua forma de atuação como uma das peças chave do processo educativo da escola, resultará o sucesso ou o fracasso dessa instituição e de seus membros. Suas experiências pessoais influenciarão nas experiências e nas ações coletivas. Mas, apesar do gestor escolar ainda não contar com um conjunto teórico ajustado e consolidado para realizar suas atividades de administração, as políticas educacionais o favorecem por meio de duas leis principais, que tratam da reorganização dos sistemas de ensino e direcionam as mudanças que se fazem necessárias na educação. Em primeiro lugar, o gestor tem o apoio da Constituição Federal de 1988, a qualavançou no sentido de garantir uma gestão democrática no ensino público (206, VI) eviabilizar a adoção de critérios para a participação da população no processo educacional, dentro das escolas. Neste sentido, o gestor poderá contar com o apoio de membros externos à escola, com suas experiências e vivências pessoais e sociais, não menos importantes que experiências e vivências dos educadores, para alcançar com sucesso os objetivos estabelecidos, neste caso específico, o combate à violência escolar. Em segundo lugar, o gestor pode contar com apoio legal das disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Conforme o artigo 14 da referida lei, os sistemas de ensino públicos definem as normas dessa gestão na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; 23 II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Assim, analisando esse apoio legal, pode-se inferir que quando se trata de democratizar a gestão, os objetivos das políticas governamentais se dirigem para uma concessão maior de autonomia e poder ao gestor educacional, para que ele possa buscar pessoas e parcerias em prol da realização dos objetivos escolares. Contudo, para compartilhar ou abrir espaço para uma gestão participativa, faz-se necessário que o gestor sensibilize a toda a comunidade escolar, mostrando que o bem-estar de todos e a busca de resultados satisfatórios e soluções viáveis e efetivas para o que se propôs, necessita do envolvimento e do apoio coletivos. No final da década de 70, conforme Lucket al (2001) educadores e pesquisadores de todo o mundo voltaram sua atenção para o impacto que uma gestão participativa pode causar no que se refere à eficácia das escolas como organizações. Observou-se que sozinho o gestor não pode dar conta de todos os problemas e questões que envolvem a escola. Adotou-se, então, uma abordagem participativa cujo princípio estipula que para ter sucesso, é necessário que o gestor busque o conhecimento específico e a experiência de seus companheiros de trabalho. Dessa forma, a gestão da escola assume uma “autoridade compartilhada” onde se delega poder aos representantes da comunidade escolar, que por sua vez assumem responsabilidades em conjunto. Para compartilhar a gestão deve-se envolver a comunidade escolar interna e externa, as diversas associações do bairro, o comércio, entre outros. As parcerias constituem um apoio importante na transposição de barreiras, as mais diversas e divergentes que se apresentam cotidianamente ao longo da trajetória pelo alcance dos objetivos. Nesta perspectiva, Carneiro (2000, p. 77) destaca que: “[...] as decisões centralizadas no diretor cedem lugar a um processo de resgate da efetiva função social da escola, através de um trabalho de construção coletiva entre todos os agentes da escola e, destes com a comunidade”. Vale lembrar que as expectativas com relação ao que se espera daqueles com os quais se compartilha a gestão devem ser bastante positivas, pois conforme Gomes (2005), muitos estudos demonstraram que aquilo que se espera de alguém tende a influenciar no seu comportamento, e consequentemente, no resultado de suas ações. Cremos poder depreender que, para se colocar em prática uma gestão democrática existem algumas condições a se levar em conta, a saber: transparência das informações que devem originar de fonte fidedigna; controle e avaliação compartilhada do processo educativo; tomada de decisão de forma coletiva; as normas de gestão devem ser regulamentadas e\ou legitimadas pela maioria; deve haver coerência da gestão com o processo democrático mais amplo da sociedade; e vigilância e controle da efetividade das ações. Outros caminhos podem ser sugeridos para se abrir a porta para uma gestão democrático/participativa, são eles: passar da fragmentação para uma visão integradora e mais abrangente da relação escola/indivíduo/sociedade; da ação 24 episódica para um processo contínuo, ou seja, ter atitude pro-ativa; da hierarquização para a coordenação e da limitação da responsabilidade para sua expansão. Diante das características da gestão democrática e participativas aqui expostas, acredita-se que essa forma de ação se configura como uma estratégia eficaz de prevenção e combate à violência na escola. Contudo, a instituição por si só, por mais que esteja aparelhada e sua equipe movida pela melhor das intenções, não será capaz de fazer frente a um problema que tem suas raízes extra-muros, seja na forma da violência física, seja na da simbólica, alimentada por hábitos e preconceitos disseminados no meio mais amplo que a circunda. Boa parte dos recursos necessários à implementação de uma proposta efetiva de enfrentamento da violência deve provir da comunidade externa por duas razões. A primeira, pelo fato de que nem todas as escolas, aliás, a maioria integra um programa que as apoie e subsidie nas ações necessárias à almejada integração com a comunidade. A segunda se refere ao fato da comunidade externa também ser vítima da violência, talvez em graus até mais elevados que a escola, fato que a leva a perceber que os interesses da escola são os seus e, desse modo, apoie as iniciativas de combate à violência, contribuindo, de todas as formas, para que a escola alcance seus objetivos. Mas se a gestão democrática visa à participação efetiva e imprescindível de todos aqueles que integram a escola, é necessário fortalecer, com base em seus princípios, grupos como os conselhos de direção, de classes e de segurança e as equipes pedagógicas e de apoio administrativo. Esse fortalecimento é indispensável para que esses grupos tenham condições de organizarem, mobilizarem e articularem todos os recursos materiais e humanos necessários para o avanço dos processos sociais e educacionais dos estabelecimentos de ensino. Criar um ambiente participativo é condição essencial para que as pessoas assumam e controlem o próprio trabalho, se sintam partes do processo e se envolvam com mais afinco, determinação e empreendimento na busca por resultados satisfatórios. Valorizar cada função exercida no espaço escolar - professores, orientadores educacionais, secretárias, psicólogos, entre outros - é imprescindível para que se obtenha o apoio, o envolvimento e o comprometimento dos profissionais com as tarefas que devem desempenhar no exercício de suas funções. Além disso, Abramovayet al (2003) salientam, que apesar de suas particularidades os sujeitos que integram a escola carregam o potencial gerador de um conhecimento global, capaz de colaborar para a diminuiçãoda exclusão e para a promoção de uma maior integração social. A ação conjunta no combate a violência escolar é indispensável, uma vez que levantamentos realizados em diversos países pela UNESCO (2002) revelam que esse fenômeno social não se restringe ao Brasil ou países em desenvolvimento, mas é um problema globalizado, que se manifesta em diversas partes do mundo. Pesquisas da UNESCO-Brasil (2002) revelam ainda que a violência cria um ambiente desfavorável ao aprendizado, prejudicando o desempenho do aluno e desmotivando professores e dirigentes. Contudo, as pesquisa também mostram que é possível superar esta realidade e avançar no sentido da construção de uma cultura pela paz, onde a escola seria como 25 o vetor e espaço de difusão e consolidação do novo modelo de relacionamento social. Estudos também mostram que as escolas não são obrigatoriamente violentas, mas que elas passam por situações de violência que podem ser ou não superadas. Diante do exposto, percebe-se que prevenir e superar a violência dentro da escola demanda um esforço muito grande, mas não é um objetivo inalcançável. Algumas perspectivas que aos poucos começam a ganhar terreno no plano das políticas públicas no Brasil são: o avanço no que se refere à garantia de escola para todos; a expansão do ensino médio, criando maiores oportunidades para a juventude brasileira; e o combate às drogas e à AIDS nas escolas, cujos resultados já se tornam transparentes. Referências ABRAMOVAY, M.et al. Gangues, Galeras, Chegados e Rappers. Rio de Janeiro, Garamond, 1999. ABRAMOVAY, M. Violências no cotidiano das escolas. In: Escola e Violência. Brasília: Unesco, UCB, 2002. ABRAMOVAY, M. ET AL. Escolas Inovadoras: experiências bem-sucedidas em escolas públicas. ABRAMOVAY, M. (org). Brasília: UNESCO, 2003. ABRAMOVAY, M ; RUA, M. G. Violência nas escolas. Brasília: UNESCO. Instituto Ayrton Senna. UNAIDS. Banco Mundial. USAID. Fundação Ford. CONSED. 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