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1 GERMINAÇÃO E QUEBRA DE DORMÊNCIA DAS ESPÉCIES SUCUPIRA BRANCA (Pterodon pubescens. BENTH) OLHO DE BOI (Ormosia arboreal (Vell) Harms), E JATOBÁ DO CERRADO (Hymenaea stigonocarpa Mart.) COSTA, Bárbara Suelma Sousa LEAL, Raene Matos Orientadores: Profº. Cid Tacaoca e Thiago M. de Lazári RESUMO A quebra de dormência de sementes é extremamente importante no que diz respeito à aceleração do processo germinativo, considerando que algumas sementes mesmo em condições favoráveis necessitam de técnicas de quebra de dormência. Objetivou-se na execução deste experimento avaliar a reação das sementes de sucupira-branca (Bowdichia virgilioides H.B.K.), olho de boi (Ormosia arboreal (Vell) e jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.), quando submetidas aos seguintes tratamentos pré-germinativos em laboratório: estratificação térmica a 50º, por 30 minutos, escarificação mecânica (esmeril elétrico) até ocorrer o rompimento do tegumento, e submersão no ácido sulfúrico, por 15 minutos, além das testemunhas. O experimento foi desenvolvido no Campus de Ciências Agrárias da Faculdade Católica do Tocantins, no período de 05 de outubro a 18 de novembro. As avaliações foram feitas diariamente, verificando-se que as sementes de jatobá-do-cerrado germinaram uniforme entre todos os tratamentos, tornando assim dispensável a realização de tais tratamentos, tendo em vista o tempo de germinação ser similar das sementes sem tratamentos. As sementes de olho de boi e sucupira não germinaram. Palavras – chave: sementes; germinação; espécies florestais nativas. Palmas-TO 2010/2 2 1. INTRODUÇÃO. A dormência é um acontecimento essencial para a semente, que elabora um mecanismo natural de resistência a fatores externos imposto pelo meio, que podem apresentar dormência no tegumento, dormência no embrião e, também por desequilíbrio de substâncias inibidoras de germinação. Nas espécies florestais nativas é comum a presença de sementes que necessitam de quebra de dormência para que haja germinação, mesmo em condições ambientais aparentemente favoráveis (BEWLEY & BLACK, 1994). Na maior parte das espécies nativas que são leguminosas, há dormência no tegumento. Este por sua vez, restringe a entrada de água e oxigênio, impedindo crescimento do embrião, apresentando uma resistência física, retardando a produção de mudas (MAYAER & POLJAKOFF-MAYBER, 1989). Desse tipo de dormência a remoção do tegumento, a escarificação química ou mecânica contribuem para a permeabilidade da água, a sensibilidade à luz e temperatura, permeabilidade dos gases, remoção de inibidores ou de promotores da germinação, influenciando no metabolismo e conseqüentemente na dormência das sementes (KHAN, 1977). Por meio da quebra de dormência busca-se a efetividade e eficiência nas implantações dos Programas de Recuperação de Áreas de Degradadas – PRAD, revegetando áreas que foram desmatadas, principalmente matas ciliares, área de preservação permanente e área de reserva legal. Método que visa acelerar o processo de recuperação e restauração, pois algumas espécies mesmo em condições favoráveis de germinação (clima, precipitação, solo e outras), necessitam de técnicas de quebra de dormência. Frente à carência urgente da reposição da vegetação nativa, devido ao grande número de desmatamento, e em conseqüência a degradação ambiental, busca se métodos viáveis de aceleração do processo germinativo de sementes nativas,/ que venham atender principalmente o aspecto econômico-financeiro, levando sempre em consideração as quantidades, que geralmente são grandes e, de variadas espécies a serem implantadas (VIERA, 1997). Este trabalho teve como objetivo avaliar a reação das sementes de sucupira-branca, olho-de-cabra e jatobá-do-cerrado, mediante alguns métodos de escarificação mecânica (esmeril elétrico), submersão ao ácido sulfúrico concentrado, durante 15 minutos, e estratificação térmica a 50º Celsius, visando analisar a viabilidade de tais métodos na quebra de dormência. 3 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Semente e Germinação A obtenção de semente é a parte mais importante no processo de produção de mudas de essências nativas para reflorestamento. Todas as espécies nativas reproduzem por sementes, apesar de algumas também o fazerem por meio vegetativos. Muitas sementes necessitam de preparo e tratamento especial antes da semeadura para aumentaram sua germinação (LORENZI, 2002). A germinação de uma semente é dada através de uma seqüência de eventos fisiológicos influenciada por fatores externos (ambientais) e internos (dormência, inibidores e promotores da germinação) às sementes: cada fator pode atuar por si ou em interação com os demais, que também é considerada um fenômeno biológico que pode ser considerado pelos botânicos como a retomada do crescimento do embrião, com o subseqüente rompimento do tegumento pela radícula (VIERA, 1998). Para potencializar a germinação de algumas sementes, são dotados alguns métodos, para quebra de dormência tais como: escarificação química, mecânicas e estratificação térmica (choque de temperatura), para enfraquecer seu tegumento e permitir a absorção de água. Outras são substancias inibidoras da germinação que precisam removidas para promover sua germinação (LORENZI, 2002). Nota-se que os fatores que causam a dormência das sementes são variados, e que para romper o repouso tem de se observar o fator determinante e, assim excitar o embrião da forma mais adequada, quebrando a dormência. 2.2 Sucupira- Branca ( Pterodon pubescens. BENTH) Olho-de-boi (Ormosia arboreal (Vell) Harms), e Jatobá-do-Cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.) A espécie Pterodon pubescens (sucupira-branca) é uma essência nativa dos cerrados brasileiros, sendo encontrada em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. Estudos realizados com germinação permitem levantar a hipótese de que as sementes de sucupira possuem dormência causada pela impermeabilidade dos tegumentos ao oxigênio e à água, possivelmente pela existência de inibidores químicos da germinação (REIS, 1976). Segundo Heringer (1971), a propagação por semente do olho de boi apresenta sérios obstáculos aos métodos normalmente utilizados pelo fato de a semente ser coberta com envoltório lenhoso do fruto e ainda ser essa camada pontuada de glândulas oleosas que 4 impedem a penetração d’água. Em condições naturais, a semente necessita de mais ou menos quatro anos para produzir plântulas A Ormosia arborea (Vell.) Harms., também conhecida como olho-de-boi, é uma leguminosa papilionácea característica da floresta latifoliada semidecídua e pluvial atlântica, recomendada para plantios destinados à recuperação de áreas degradadas e que apresenta grande importância ornamental e artesanal (LORENZI, 1998). Segundo Lorenzi, 1999, A Hymenaea stigonocarpa Mart, é um árvore típica do cerrado. Esta espécie também é conhecida, em função disso, por jatobá-do-cerrado. Mas também recebe a alcunha de jutaí, jatobá-capo, jatobá-de-casca-fina, jitaí e jutaicica. Em função da dureza e resistência de sua madeira, ela é muito apreciada na construção civil e naval. Tanto que, no passado, houve até um decreto imperial, em 1.799, determinando que sua exploração só poderia ser com uma finalidade: a construção de embarcações. Hoje,pode-se dizer, pelas características de sua copa e beleza de suas flores, o jatobá tem aplicação ornamental em jardins residenciais e urbanos, sem falar da arborização de vias públicas. Compreende-se que o fato dessa espécie ser típica do cerrado, adotou-se o nome de jatobá do cerrado, na qual deriva - se outros nomes vulgares. Com suas características de madeiras duras e resistentes, tornou – se contemplada na construção civil e naval, pelas suas peculiaridades de sua beleza na copa e flores ele possui função ornamental tanto em jardins como área urbana, além de ser útil para arborizar vias públicas. 3. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada no Campus de Ciências Agrárias da Faculdade Católica do Tocantins localizada nas coordenadas UTM 0797786 e 8832938 e altitude de 230 m. Segundo a classificação internacional de Köppen, o clima da região é do tipo C2wA’a’- Clima úmido subúmido, (INMET, 2010). Para o levantamento dos dados foram realizadas pesquisas de campo e levantamento bibliográfico e descritivo. Os dados primários foram obtidos através da participação direta dos autores do artigo nas fases de implantação e condução de todas as etapas do experimento. Os dados secundários foram levantados através de consultas em livros, periódicos e internet, com o objetivo de elaborar definições e contextos sobre tecnologia aplicada e o estudo de caso. Posteriormente, os dados obtidos foram analisados e sistematizados de forma a fundamentar conceitos e transferir de modo fiel a experiência do estudo de caso com a finalidade de que o leitor possa reproduzir caso necessário. 5 No trabalho de campo utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, com 3 espécies, sucupira branca, olho de boi e jatobá-do-cerrado, com 4 repetições, escarificação mecânica (esmeril elétrico), escarificação ácida (acido sulfúrico), estratificação térmica (estufa à 50ºC) e as testemunhas, resultando em 60 mudas de cada espécie, onde 25% foi submetida a escarificação mecânica com esmeril elétrico; outros 25% foram submergidas por 15 minutos ao acido sulfúrico (H2SO4), com uma concentração a 0,5 molar; outros 25% foi realizado estratificação térmica à 50º, por 30 minutos e; os outros 25% de testemunhas. Na escarificação mecânica, foi utilizado um esmeril elétrico, colocando a lateral da semente de encontro à lixa do esmeril, fazendo ruptura parcial do tegumento. No dia 05 de outubro de 2010, foi realizada a semeadura em sacos de polietileno, 08x15cm, com a utilização de solo orgânico, matéria orgânica e esterco bovino os quais foram misturados na proporção de 2:1:1 respectivamente, acrescido de 500g de calcário. As sementes foram dispostas a uma profundidade de 03 cm. Os sacos plásticos foram acondicionados no viveiro de mudas da instituição, com tela sombrite de 50%, sendo a irrigação realizada alternadamente, levando sempre em conta o tempo chuvoso, utilizando-se regador. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Verifica-se que tanto os métodos de escarificações e estratificação aos quais foram submetidas todas as sementes tiveram reações semelhantes, como se pode observar a seguir: 17,80% 82,20% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Jatobá-do- Cerrado Olho de Boi Sucupira Branca Não germinou Figura 1: – Escarificação mecânica Fonte: pesquisa 2010 Nota-se que as sementes de olho de boi e as de sucupira branca não germinaram quando submetidas ao tratamento de escarificação mecânica (esmeril elétrico), já as Todos os resultados apresentaram um efeito negativo na germinação. 6 sementes de jatobá-do-cerrado germinaram 17,80% do total, quando sujeito ao mesmo tratamento, ressaltando que as testemunhas também germinaram. Figura 2: – Estratificação térmica a 50º, por 30 min. Fonte: pesquisa 2010. Nota-se que as sementes de olho de boi e as de sucupira branca não germinaram quando submetidas ao tratamento de estratificação térmica, em uma estufa a 50 ºC por 30 minutos. Por outro lado, as sementes de jatobá-do-cerrado germinaram 20% do total, quando submetidas ao mesmo tratamento, ressaltando que as sementes utilizadas sem tratamento prévio também germinaram. Figura 3: – Escarificação ácida Fonte: pesquisa 2010. Observa-se que as sementes de olho de boi e as de sucupira branca não germinaram quando submetidas ao tratamento de escarificação ácida (ácido sulfúrico), no entanto as 20% 80% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Jatobá-do- cerrado Olho de Boi Sucupira Branca Não Germinou 2,22% 97,78% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Jatobá-do- cerrado Olho de Boi Sucupira Branca Não germinou O resultado na germinação do jatobá-do-cerrado foi mais significativo, com um aumento de 5%. Mas ainda não representa um resultado tão vantajoso, mostrando assim que a dormência imposta por essa semente ainda não foi alcançado. Foi a que apresentou o resultado mais negativo, provavelmente o ácido danificou o embrião e por isso não ocorreu a germinação. 7 sementes de jatobá-do-cerrado germinaram 2,22% do total, quando submetidas ao mesmo tratamento, ressaltando que as testemunhas da mesma forma germinaram. 7. CONCLUSÃO As sementes de jatobá-do-cerrado germinaram sob todos os tratamentos, bem como as testemunhas, que iniciaram a germinação após 16 dias de semeadura, não havendo implicação diferenciada em relação ao tempo para germinação. As outras não germinaram dentro do espaço de tempo avaliado no experimento. Observa-se que as sementes de jatobá-do-cerrado germinaram uniforme entre todos os tratamentos, tornando assim inviável a utilização dos tratamentos de quebra de dormência ao qual foram submetidas, em vista ao tempo de germinação ser similar as sementes sem tratamentos. As sementes de olho de boi e sucupira branca não germinaram. Isso pode ser explicado pelo fato de a quebra de dormência não ter ocorrido. Isso pode ser provado comparando os resultados do controle que apresentaram o mesmo resultado. 8 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. BEWLEY, J.D.; BLACK, M. Dormancy and the control of germination. In: BEWLEY, J.D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. New York: Plenum Press, 1994. HERINGER, E. P. Flora micológica do Cerrado e suas implicações no ecossistema dessa Flora. Revista Cerrado, Brasília, 1971. INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS - Métodos de Quebra de Dormência de Sementes: disponível em > http://www.ipef.br/tecsementes/dormencia.asp acessado em 22 de novembro de 2010. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA – INMET- Dados meteorológicos, disponível na internet: http://www.inmet.gov.br/ acesso dia 22 de Novembro de 2010. KHAN, A.A. (ed). Seed dormancy: changing concepts and theories. In: The Physiology and Biochemistry of Seed Dormancy and Germination. New York: North – Holland Publishing Company, 1977. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa-SP: Plantarum, 1998. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manualde identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa-SP: Plantarum, 1999 LORENZI, H, 1949 - Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas do Brasil, vol. 1 / 4ª edição - Nova Odessa, SP. Instituto Plantarum 2002. MAYER, A. M.; POLJAKOFF-MAYBER, A. The germination of seeds. Oxford: ergamon, 1989. REIS, G.G. dos. Estudos sobre a dormência de sementes de sucupira (Pterodon pubescens Benth). Viçosa: UFV, 1976. . (Tese – Mestrado em Fisiologia Vegetal).
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