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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara do Tribunal do Júri da Comarca de São Luís – MA
Autos nº...
MARISA Sobrenome ..., já qualificada nos autos da presente ação penal movida pelo Ministério Público, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado, regularmente constituído conforme procuração acostada aos autos em folhas ..., inconformado com a decisão de folhas ..., interpor, com fundamento no artigo 581, IV do CPP, o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, requerendo que seja o mesmo recebido com as razões e, após apresentadas as contrarrazões ministeriais, seja feito o juízo de retratação, nos termos do art. 589 do CPP. Contudo, caso seja mantida a decisão ora atacada de fls. ..., seja o presente recurso encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado de ...., para regular processamento e julgamento do mérito, onde se espera a reforma da decisão impugnada.
Termos em que pede deferimento.
São Luís, 27 de abril de 2018.
Advogado...
OAB
Razões do recurso em Sentido Estrito
Autos de origem:...
Recorrente: MARISA Sobrenome
Recorrido: Ministério Público do Maranhão
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda câmara,
Ínclitos Desembargadores,
I – Da Síntese Da Demanda
Trata-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público em face da acusada pela suposta prática de crime de homicídio doloso, tipificado no art. 121 do CP, com fundamento no fato de que a mesma, ao ultrapassar veículo automotor em via de mão dupla, não sinalizou com a seta luminosa vindo a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto. Ante o exposto, entendeu o representante do parquet, que essa conduta incidiria dolo eventual.
 Diogo, lamentavelmente, faleceu mesmo após a prestação de socorro que lhe foi dada e diligenciada pela acusada. Diante da denúncia, e, após regular instrução criminal, o douto magistrado deste juízo, proferiu decisão de pronúncia da acusada, que, data venia, deve ser reformada conforme fundamentos abaixo aduzidos. 
II – Das Preliminares de Mérito
Da Ausência de Condições para a Ação Penal 
	Conforme esmiuçado no mérito recursal presente abaixo, trata-se de causa de culpa exclusiva da vítima, que, devido à sua imprudência, agiu com culpa, ao não observar o limite de velocidade previsto para a via em que trafegava, consequentemente, ocasionando um acidente em decorrência de tal inobservância. 
	Acolhida a tese de culpa exclusiva da vítima, a denúncia deverá ser rejeitada conforme artigo 395, II do Código de Processo Penal, já que a recorrente em nada contribuiu para a ocorrência de tal fatalidade, que poderia ocorrer com qualquer um que se encontrasse nas mesmas situações que a mesma.	
	COMPLEMENTEM ESSE TÓPICO AQUI[1: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;]
Da Incompetência do Juízo
	Trata-se de Juízo incompetente pois, em desacordo com o entendimento do Ministério Público, o caso em questão não se trata de crime doloso contra a vida e sim, caso tenha havido crime de fato, haveria o crime de Homicídio de Trânsito, previsto na lei 9.503 de 1997 em seu artigo 302, que possui a modalidade culposa, portanto extrapola a competência do Tribunal do Júri, conforme artigo 74 §1º do Código de Processo Penal.[2: “Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.” ]
Nesse sentindo entende Guilherme de Souza Nucci:	[3: 
 NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 4 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. P. 146]
“Diferença entre a culpa consciente e dolo eventual: trata-se de distinção teoricamente plausível, embora, na prática, seja muito complexa e difícil. Em ambas as situações o agente tem a previsão do resultado que sua conduta pode causar, embora na culpa consciente não o admita como possível e, no dolo eventual admita a possibilidade de se concretizar, sendo-lhe indiferente.” 
Logo, não é cabível a adequação da modalidade dolosa, mesmo que em dolo eventual, pois a acusação em momento algum juntou conjunto probatório que justificasse tal pensamento e já que não há prova, não há como se entender por uma presunção de culpa por parte do réu, que constitucionalmente tem assegurado o contrário, a presunção de inocência, conforme esmiuçasse a seguir na presente peça.
É devido, portanto, o reconhecimento da incompetência do Tribunal do Júri para julgar crime culposo, haja vista que sua competência limita-se a crimes dolosos contra a vida, faz-se necessário ainda, a remessa dos autos ao juízo doravante competente, visto ser o crime de homicídio de trânsito de rito comum ordinário, que deverá ser julgado por uma das varas criminais.
III – Do Mérito Recursal
Da Culpa Exclusiva da Vítima e da Atipicidade
Conforme consta nos autos, a vítima Diogo, ao trafegar em sua motocicleta, o fazia em velocidade incompatível com a permitida na via, enquanto a recorrente respeitava os limites legais. Entende-se assim, que a vítima agiu com imprudência em decorrência da velocidade excessiva e que mesmo que a recorrente tivesse dado a sinalização que era devida, em nada mudaria o fato, já que devido à alta velocidade de Diogo, o tempo de reação de ambos foi drasticamente reduzido, impossibilitando assim que o acidente fosse evitado. 
Destarte, entende-se por não haver nexo causal entre a omissão da recorrente quanto a não dar a seta luminosa, e o acidente em tela, especialmente pela omissão ser justificada pela preocupação da recorrente em relação aos seus compromissos profissionais, além de, omissão esta, por si só, ser incapaz de gerar um acidente de tamanha proporção. Contrariamente, entende-se que a velocidade em excesso em via movimentada é ensejadora direta de nexo de causalidade.
Excluída portanto a culpa e o nexo causal entre a conduta da vítima, que em nada pôde evitar tal fato, e o acidente, não há que se falar em Crime, haja vista que o mesmo requer que o fato seja típico, ilícito e culpável, este último que, dada as circunstâncias, não é possível ser atribuído à recorrente.
Assim entende o Tribunal deste estado sobre desrespeito às normas de transito em acidentes:
“APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO. ACIDENTE DE TRÂNSITO COM VITIMA FATAL. ATROPELAMENTO NA PISTA AUXILIAR DA BR 230. ALEGAÇÃO DE CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA EMBASAR A SENTENÇA CONDENATÓRIA. INOCORRÊNCIA. - Vítima atropelada quando se deslocava pela pista auxiliar da BR 230, não é de ser considerada como culpada pelo acidente automobilístico que lhe ceifou a vida, cuja culpa, sem qualquer sombra de dúvida é do motorista do veículo automotor causador do acidente, que imprudentemente desrespeitou as regras de trânsito, dirigindo seu veículo em velocidade excessiva para o local, fazendo manobra para ingressar na pista auxiliar irresponsavelmente, pois deveria ter diminuído a velocidade do citado veículo, já que era previsível encontrar alguém trafegando por aquela pista, inclusive ciclista. -A alegativa de pouca visibilidade no local do acidente e obstrução da pista com resto de material de construção não eximem o réu de culpabilidade pelo evento delitivo, pelo contrário, demonstram a desatenção em dirigir veículo automotor. - Todas as provas coligidas para o processo são firmes e seguras em demonstrar a culpabilidade do réu pelo crime de trânsito que atribui a denúncia. - Recurso improvido. 
(TJ-MA - APR: 5312005 MA, Relator: MARIA MADALENA ALVES SEREJO, Data de Julgamento: 28/08/2006, BALSAS)” (grifo nosso) 
Entende ainda, o mesmo Tribunal, sobre a compensação de culpas, em caso análogo:
“PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO. HOMICÍDIO CULPOSO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO. CULPA CONCORRENTE. OMISSÃODE SOCORRO. QUALIFICADORA. INCIDÊNCIA. 1. Age com imprudência e negligência o condutor de veículo que, não obstante tenha avistado a vítima, prestes a atravessar a via pública, trafega em velocidade superior à permitida, dando causa a atropelamento fatal. 2. A configuração, na hipótese, de culpa concorrente da vítima não exclui, por si só, a culpa do motorista que deixa de observar regra mínima de segurança no trânsito. Pretensão de compensação de culpas inadmissível no ordenamento penal vigente. 3. Não comprovada a existência de risco à vida ou à integridade física do apelante, que injustificadamente deixa o local do sinistro sem prestar socorro à vítima, obrigatória a incidência da qualificadora prevista no art. 302, parágrafo único, III, do Código de Trânsito Brasileiro. 4. Apelação a que se nega provimento.	
(TJ-MA - APR: 6322007 MA, Relator: JOSÉ JOAQUIM FIGUEIREDO DOS ANJOS, Data de Julgamento: 26/04/2007, SAO LUIS)” (grifo nosso)
Logo, demonstrada a culpa exclusiva da vítima, elimina-se o dolo e culpa da conduta da recorrente. Sendo assim, sem a presença de elemento subjetivo, não existe a possibilidade de caracterização de tipificação penal. Consequentemente, é cognoscível que a conduta de Marisa caracteriza-se como fato atípico, sendo incabível a sua pronúncia e devida a absolvição sumária conforme artigo 415, III, do Código de Processo Penal.[4: “Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:
III – o fato não constituir infração penal”]
Do Crime Culposo
Não obstante o já exposto acima quanto ao não cabimento da pronuncia, se melhor juízo o for atribuído, é judicioso a análise da tipificação do crime atribuído à recorrente.
De acordo com o ordenamento jurídico pátrio, é incabível a presunção de dolo eventual pois tal presunção se depararia com um dos axiomas mais importantes do Direito, qual seja, o in dubio pró réu. Dito isso, é consequência lógica que para que reste comprovado o dolo eventual, exista a necessidade de robusto lastro probatório presente nos autos que justifiquem tal tese, o que não ocorre no caso em questão.
Presumir que a recorrente agiu em dolo eventual é atribuir a ela a intenção premeditada da omissão de não dar a seta luminosa e realizar tal ultrapassagem indevida já adentrando os atos preparatórios do Iter criminis referentes ao elemento subjetivo do tipo do artigo 121 do Código Penal, com o intuito de atingir alguém e causar-lhe a morte. O que, data vênia, aparenta ser um absurdo e uma presunção completamente inconstitucional de in dubio pró societate.
Além do citado acima, é indevida a aplicação da majorante do emprego de arma de fogo, haja vista que a mesma não possuía munição alguma, ou seja, o agente utilizou-se deste meio apenas para poder efetuar a consumação do delito, e não para causar uma potencialidade lesiva extraordinária a qual justificaria tal majorante.
Em caso de extrema semelhança, decidiu este Tribunal:
 “Penal. Processual. Recurso em Sentido Estrito. Acidente de trânsito. Homicídio doloso. Ausência de dolo eventual. Configuração de culpa stricto sensu. Desclassificação. Imposição. I - Não está por configurar o anímico na modalidade dolo eventual, em crimes de acidente de trânsito, o simples alegar de se encontrar o agente, ao tempo do fato, por desenvolver velocidade excessiva, notadamente se incomprovado o agir com animus dolandi. II - Assim, em inexistindo elemento capaz de relacionar à conduta do agente, pelo menos, o anuído risco de produzir o resultado e em pronunciado sendo por crime doloso contra a vida, a desclassificação é de se lhe impor, por imperativo ao corolário contido no art. 410, do Código de Processo Penal. III - Recurso a que se lhe dá provimento para o fim de desclassificar o crime de homicídio simples para um outro, que não da competência do Tribunal Popular. Unanimidade.	
(TJ-MA - RSE: 121342002 MA, Relator: ANTONIO FERNANDO BAYMA ARAUJO, Data de Julgamento: 28/02/2003, SAO LUIS)” (grifo nosso)
Entende-se portanto, que a mera alegação de dolo eventual, sem corroboração nos autos, dá-se por insuficiente, sendo a desclassificação do crime previsto no artigo 121 do Código Penal para o do artigo 302 da Lei 9.503/1997 devida, além do reconhecimento da incompetência do Tribunal do Júri para julgar a questão, haja vista tratar-se de crime culposo e não doloso contra a vida, devendo portanto, ser realizada a remessa dos autos ao juízo competente, conforme exposto em sede de preliminar. [5:  “Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.”]
III – Dos pedidos
Ante o exposto, requer-se perante Vossas Excelências a admissibilidade e conhecimento do presente recurso, bem como o provimento no sentido de:
a)	Entender pela atipicidade da conduta e conceder a absolvição sumária conforme artigo 415, III do Código de Processo Penal; ou
b)	Acolher a tese de culpa exclusiva da vítima, acarretando assim, manifesta atipicidade da conduta, e por conseguinte, a ausência de pressuposto ou condição para a propositura da ação penal, com fundamento no art. 395, II do Código de Processo Penal; 
c)	Desclassificar o crime de homicídio doloso, previsto no art. 121 caput do Código Penal, imputado na denúncia à acusada, para o crime de homicídio culposo, previsto no art. 302 do CTB e a consequente remessa dos autos ao Juízo competente nos termos do artigo 419 c/c artigo 74 §1º do Código de Processo Penal. 
Nestes termos,
 Pede deferimento
São Luís, Maranhão,
 27/04/2018
Advogado
OAB –Seccional ... nº ...

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