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Artigo 155.
 Nomen iuris: Furto
 Conceito: é a subtração de coisa alheia móvel com o fim de assenhoramento definitivo.
 Elementos do tipo:
 - subtrair: é o tirar coisa de alguém (o agente recebe a coisa em posso ou detenção, de forma vigiada, e leva a coisa mesmo assim - é o que difere da apropriação indébita, pois neste crime a posse é desvigiada).
 - para si ou para outrem: é o elemento subjetivo do tipo (elemento subjetivo do injusto), ou seja, a finalidade do agente de tomar posse da coisa com ânimo de assenhoramento definitivo (é o animus rem sibi habendi). Caso o agente não tenha a finalidade de assenhorar-se em definitivo da coisa, estaremos diante do furto de uso, e, como não há descrição típica neste caso, o fato será atípico.
 - coisa alheia móvel: é o objeto material.
 Coisa alheia é o que pertence a terceiro (a res nullius e a res derelicta não acarretam em furto, pois a coisa ,nestes casos, não pertence a ninguém ou está abandonada - agora, quando se tratar de res desperdicta, em que a coisa está perdida, estaremos diante da apropriação de coisa achada e não furto, pois não há subtração. A coisa de uso comum não pode ser objeto de furto, salvo quando for destacada de seu ambiente natural e esteja sendo explorada por alguém (dois requisitos: ex// água encanada - foi destacada do seu ambiente natural e está sendo explorada). O ser humano não pode ser objeto de furto, pois não é coisa, e muito menos alheia. Por outro lado, a subtração de cadáver é possível, mas não será furto por haver crime próprio (artigo 211), em que a objetividade jurídica tutelada é o respeito aos mortos - excepcionalmente, porém, o cadáver poderá ser objeto de furto quando pertencer a alguém Ex// cadáver pertencente à faculdade de medicina. Caso a subtração seja de órgão de pessoa viva para transplante ilícito, será aplicada a Lei 9434/97.
 A palavra alheia é o elemento normativo do tipo (deve-se efetuar um juízo de valor para que haja tipicidade - assim, se a coisa não for de terceiro, mas do próprio agente, o fato será atípico, por ausência de tipicidade). Aquele que subtrai coisa própria que se encontra em poder de terceiro, em razão do contrato ex// mútuo pignoratício, cometerá o delito previsto no artigo 346. O credor que subtrai bem do devedor para se auto-ressarcir, em razão de dívida já vendida e não paga, cometerá o delito do artigo 345.
 obs// o furto é considerado um delito anormal por ter, em sua descrição típica, além dos elementos objetivos (objeto material, verbo, sujeito passivo e ativo), elementos subjetivos.
 Por derradeiro, a coisa alheia dever ser móvel (é aquela que pode ser removida pela ação do homem ou que tem movimentos próprios). Ressalta-se que os bens considerados imóveis por ficção do direito civil, são móveis no direito penal ex// um navio, uma aeronave etc
 
 Objetividade jurídica: a posse e a propriedade da coisa.
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa, salvo o proprietário.
 Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
 Quanto ao proprietário, a tipicidade se dará à luz do delito descrito no artigo 346, CP.
 Aquele que furta o ladrão cometerá furto, não em razão do 1º ladrão, mas sim em relação à vítima originária, pois a posse do 1º ladrão é ilegítima e para que haja furto há necessidade da posse ser legítima.
 
 Sujeito passivo: pessoa física ou jurídica, titular da posse, detenção ou propriedade.
 
 Conduta: o núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar. Este apossamento poder ser feito de forma direta ou indireta.
 O apossamento direto é aquele em que o sujeito ativo subtrai pessoalmente o objeto material. Já no apossamento indireto, a subtração é efetuada, por exemplos, por animais adestrados.
 
 Consumação: quando a coisa sai da esfera de vigilância da vítima e entra na posse tranqüila do agente, ainda que por pouco tempo. Assim, se o agente subtrai coisa da vítima, e na fuga a perde, sendo preso posteriormente, responderá por furto consumado, pois a vítima sofreu prejuízo. Da mesma forma, se o crime é praticado em concurso de agentes e um deles consegue fugir com a res furtivae, todos responderão por furto consumado.
 A prisão em flagrante não acarreta, necessariamente, furto tentado; é o caso do flagrante ficto em que o agente é encontrado com o objeto do crime (armas, papéis etc), logo após o seu cometimento.
 Deve-se ressaltar que o furto é um crime material e instantâneo, ou seja, na descrição típica consta a conduta e o resultado visado pelo agente, havendo necessidade que este último ocorra para que se opere a consumação. Além disto, é um crime instantâneo, pois a consumação ocorre em um momento certo e determinado, não se prolongando no tempo.
 
 Tentativa (conatus): é possível.
 Ocorrerá quando o agente não lograr consumar o crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.
 
 Concurso de crimes: o furto admite o concurso material, formal e a continuidade delitiva.
 
 Pergunta: Como será a responsabilização do ladrão que, após o furto, vende a coisa a terceiro de boa fé como se a coisa fosse sua ? Responderá por furto e estelionato?
 Resp// As regras do antefactum e postfactum impuníveis não poderão ser aplicadas, muito embora sejam crimes conexos (há relação de meio e fim entre dois fatos), pois constituem ofensas a bens diversos ou pertencentes a pessoas diversas.
 Não se pode dizer que o estelionado é um postfactum impunível, uma vez que nesta espécie de progressão criminosa exige-se menor gravidade da conduta subsequente em face da anterior, o que não ocorre.
 Da mesma forma, não há que se falar em antefactum impunível, uma vez que são diversos os sujeitos passivos (para que haja antefactum impunível há necessidade que se trate de um mesmo bem jurídico, pertencente a um mesmo sujeito).
 Assim, o agente será responsabilizado por furto e estelionato em concurso material
 
 
 Furto de uso
 Ocorre o furto de uso quando o agente subtrai a coisa sem o animus furandi e com a intenção de restituí-lo.
 O agente tem o propósito de somente fruir a coisa momentaneamente e devolvê-la ao seu dono. Não age com ânimo de assenhoramento definitivo, que é necessário para a caracterização do furto simples (depreende-se da expressão: “para si ou para outrem”).
 Para que haja o furto de uso, acarretando com isso a atipicidade do fato (não há crime por ausência de disposição legal, mas haverá ilícito civil), há necessidade do preenchimento de dois requisitos: fim de uso momentâneo da coisa e pronta restituição.
 A restituição deve ser da própria coisa e nas mesmas condições em que se encontrava.
 
 
 Furto noturno: artigo 155, § 1º
 É uma causa especial de aumento de pena (aumenta a pena em 1/3).
 A majorante aplica-se em razão da maior precariedade de vigilância do bem jurídico por parte do titular.
 Para que incida esta causa de aumento de pena, basta que a conduta típica ocorra durante o período em que a população costumeiramente vem a se recolher para o repouso noturno. Essa circunstância deverá seraplicada diante do caso concreto, razão pela qual o magistrado deverá apreciar quais são os hábitos da região dos fatos.
 O furto noturno só aplicável à forma simples de furto e não à forma qualificada, pois neste há uma pena maior autônoma.
 
 Furto privilegiado: artigo 155, § 2º
 Requisitos:
 - que o agente seja primário (não há um conceito de primariedade, mas pode se chegar a ela a contrário senso, ou seja, primário é aquele que não é reincidente). obs/ os maus antecedentes não atingem a primariedade
 - que o bem subtraído seja de pequeno valor.
 Coisa de pequeno valor é aquela que não excede a um salário mínimo. Havendo várias coisas, os valores são somados.
 O valor da coisa é aferido no momento da subtração. Por isto não se deve confundir valor da coisa com prejuízo, pois mesmo que a coisa seja devolvida para a vítima, não havendo, então, qualquer prejuízo, se o valor da mesma for superior a um salário mínimo, não há que se falar em privilégio.
mantença).
 Não é possível a aplicação do privilégio ao furto qualificado, pois as consequências do privilégios são muito brandas (pena de multa), sendo incompatível com a forma qualificada; além disto, a posição geográfica dos parágrafos torna impossível que isto ocorra, pois o privilégio só é aplicável ao que vem antes dele.
 Pergunta: Reconhecido o privilégio, quais as suas consequências?
 Resp// O juiz poderá:
 - substituir a pena de reclusão pela de detenção;
 - diminuir a pena de 1/3 a 2/3;
 obs/ estas duas hipóteses podem ser aplicadas cumulativamente
 - desprezar a pena privativa de liberdade e aplicar somente pena de multa. (esta hipótese será mais benéfica ao réu, pois se houver uma condenação posterior, a pena de multa não impedirá a concessão de sursis).
 Presentes os requisitos legais, o privilégio é um direito público subjetivo do réu.
 
 Furto de energia: artigo 155, § 3º
 Trata-se de uma norma penal explicativa, pois define que a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se a coisa móvel.
 Se houver simples alteração no medidor de luz estaremos diante de estelionato, pois o agente teve por escopo enganar a companhia de luz.
 Pergunta: Pode o furto ser considerado um crime permanente?
 Resp// Sim, quando a subtração for de energia e por meio de extensão clandestina.
 
 Furto qualificado: art. 155, § 4º
 I - se o crime é praticado mediante destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. (há necessidade do rompimento ou destruição do obstáculo. A simples remoção do obstáculo poderá caracterizar a qualificadora da escalada, mas não esta).
 Diferença entre rompimento e destruição: recai na gravidade do dano, pois na destruição ela é total (ex// destruição de vidro); já no rompimento é parcial (ex/ rompimento de um cadeado).
 Abrange obstáculos ativos (alarmes) e passivos (portas e cadeados); porém, o simples desligamento do sistema de alarme não qualifica o crime.
 O dano praticado não configura crime autônomo, pois será absorvido pelo furto que será praticado, afinal foi o meio para a realização do delito fim, sendo por este absorvido. (agora, se o agente entrar na casa, furtar os objetos e ainda destruir uma série de objetos para o seu deleite; neste caso responderá por furto em concurso material com dano) - o dano deve ser praticado antes ou durante, para ser absorvido.
 O entendimento majoritário posicionou-se no sentido de que esta qualificadora só se aplica se o obstáculo não integra o bem que se pretende subtrair. Ex// arrombamento da porta da garagem para subtrair o automóvel que lá está. Em sentido contrário, quando o arrombamento / destruição ocorre para subtrair a coisa em que se praticou o dano, não incidirá a qualificadora Ex// destruição do vidro de um automóvel para furtá-lo. (assim, se for destruído o vidro de um automóvel para subtraí-lo, o agente será responsabilizado por furto simples; agora, se a destruição tiver sido efetuada para subtrair o toca-fitas, o agente responderá por furto qualificado).
 
 II - Furto cometido mediante fraude, abuso de confiança, escalada ou destreza.
 - Abuso de confiança:
 Requisitos: - (Subjetivo) que a vítima deposite especial confiança no agente ex//amizade (obs/ na relação de emprego não há, necessariamente; especial confiança - dependerá do caso concreto - Com relação aos empregados domésticos, a jurisp/ se divide, pois parte entende que incidirá esta qualificadora, pois haveria relação de confiança, mas outra parte entende que não, pois a confiança depositada seria somente uma necessidade para o cumprimento dos afazeres - assim, no famulato (furto de emprega doméstica) há necessidade de que se deposite especial confiança, pois se a confiança for normal, somente incidira a circunstância agravante prevista no artigo 61, II, f, CP.
 - (Objetivo) que o agente pratique o furto aproveitando-se de alguma facilidade decorrente desta relação de confiança.
 
 - Fraude:
 Haverá a incidência desta qualificadora quando o agente utilizar qualquer artimanha para ludibriar a vítima e facilitar a subtração. Ex// uso de um crachá da empresa para facilitar o ingresso na mesma; ‘A’ diz a ‘B’que o pneu do seu carro está furado - quando ela sai do carro é efetuada a subtração; test-drive com posterior subtração.
 
 - Escalada:
 É a utilização de via anormal para ingressar no local do furto. (Ex/ telhado, túnel, pular o muro, utilização de cordas etc). Há necessidade que o agente empregue esforço razoável para transpor o obstáculo.
 
 - Destreza:
 É a habilidade física ou manual que permite que o agente pratique a subtração sem que a vítima perceba.
 Não se aplica esta qualificadora se a vítima estiver dormindo ou em estado avançado de embriaguez.
 Há necessidade de que a vítima não perceba que está sendo subtraída, pois se ela perceber, o furto tentado será simples. Para que haja furto tentado qualificado, terceira pessoa é que deverá perceber a subtração e alertar a vítima.
 
 III - Furto cometido com o emprego de chave falsa.
 Considera-se chave, todo o instrumento capaz de abrir uma fechadura sem arrobamento (ex// chave mixa, grampo etc).
 Quando ao emprego da chave verdadeira furtada, obtida mediante fraude ou copiada, duas posições:
 - (Magalhães Noronha) qualifica o crime, pois a lei veda a abertura ilícita - é a posição a ser adotada, pois é, inclusive, a posição do STF;
 - (Damásio e Nelson Hungria) não qualifica o crime, pois a chave falsa é uma condição objetiva, e o que é falso não pode ser verdadeiro.
 
 IV - Furto cometido em concurso de agentes.
 Concurso de duas ou mais pessoas.
 Quando o legislador empregar a expressão “concurso”, estará englobada a co-autoria e a participação.
 Esta qualificadora é empregada mesmo que um do coautores não seja identificado ou mesmo que seja inimputável.Artigo 155, § 5º - Lei 9426/96
 Furto de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou País. A qualificadora só é aplicável se for transposta a fronteira, caso contrário, não.
 Esta qualificadora é a única em que a subtração ocorre antes; já nos demais casos, as qualificadoras são meios para a execução da subtração.
 Havendo a incidência de duas ou mais qualificadoras, somente uma será utilizada para qualificar o delito, sendo as demais utilizadas como circunstância para o agravamento da pena-base.
 
 
 Ação Penal: Pública Incondicionada
Artigo 156, CP
 Nomen Iuris: furto de coisa comum
 
 É a subtração de coisa que pertence também a outrem
 
 Objetividade jurídica: posse e propriedade legítima
 
 Sujeito ativo: sócio, coerdeiro ou condômino.
 Trata-se de crime próprio que só pode ser praticado pelas pessoas indicadas na figura típica fundamental.
 obs/ se a sociedade se constitui como pessoa jurídica, o furto será simples (artigo 155), pois a subtração será de coisa alheia (da pessoa jurídica)- (o furto cometido por sócio em face do patrimônio da sociedade que tenha personalidade jurídica não é realizado em detrimento dos sócios, mas da sociedade, pois o patrimônio da sociedade não constitui patrimônio dos sócios). Agora, quando a sociedade não se constitui em pessoa jurídica, o furto será de coisa comum - Ex/ ‘A’ compra um livro com ‘B’ em sociedade. Depois, ‘A’ subtraiu o livro.
 
 Sujeito passivo: quem detém legitimamente a coisa comum, ou seja, o sócio, o condômino, o coerdeiro ou terceira pessoa.
 obs// se a detenção era ilegítima, haverá furto comum por ausência de tipicidade. - se a coisa se encontrava na posse daquele que subtraiu, haverá apropriação indébita.
 
 Há necessidade de que a coisa seja comum, ou seja, o agente deverá ter parte ideal da coisa, não importando o montante.
 
 Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo do injusto
 A expressão para si ou para outrem configura o animus rem sibi habendi, ou seja, o animo de assenhoramento definitivo necessário para a configuração do crime.
 
 Consumação: aplicam-se as regras do furto simples, ou seja, o furto é um crime material, instantâneo e plurissubsistente, razão pela qual há necessidade da ocorrência do resultado para que o crime venha a se consumar, ocorrendo em momento certo e determinado.
 A consumação ocorrerá quando a coisa sai da esfera de vigilância da vítima e entra na posse tranquila do agente, ainda que por pouco tempo.
 A tentativa é admissível.
 
 Causa de exclusão da ilicitude: artigo 155, § 2º
 Muito embora conste no tipo a expressão: “não é punível”, não se trata de uma causa extintiva da punibilidade, mas de exclusão da antijuridicidade. Isto se dá em razão do fato de que o legislador empregou a expressão: não é punível a subtração, e não a expressão não é punível o agente. Assim, o fato não punível é fato lícito, sendo, então, uma causa excludente da antijuridicidade.
 Requisitos;
 - que a coisa seja fungível (coisas móveis que podem ser substituídas por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade).
 - que o valor da coisa não exceda a cota parte a que tem direito o sujeito.
 Havendo dúvida sobre o montante da cota parte, suspende-se o processo, pois se trata de uma questão prejudicial (não correndo o prazo prescricional) até que se resolva o problema.
 
 Ação penal: artigo 156, § 1º
 Ação penal pública condicionada à representação.
 
 
--> EXERCÍCIO:
(FCC/TCE-PB/2006) João, maior, ingressou numa residência pela porta que estava aberta e Pedro, com 12 anos de idade, ficou do lado de fora, vigiando. Após a subtração de objetos de valor, João fugiu do local em companhia de Pedro, que não participou dos lucros da venda do produto do crime. Nesse caso, João:
a) responderá por furto simples, pois Pedro não participou do proveito do crime.
b) responderá por furto simples, pois Pedro era menor inimputável.
c) responderá por furto qualificado pelo concurso de agentes.
d) responderá por furto simples, pois Pedro não ingressou na residência.
e) responderá por furto simples, pois a participação de Pedro foi de menor importância.
 
 
 
Resposta: não influi na responsabilização de João, o fato de Pedro ser inimputável penalmente (por ser menor de 18 anos), ou não ter participado do proveito do crime (posto que se trata de etapa posterior e independente à consumação do crime). Dessa forma, considerando que há previsão de qualificadora quando o furto for praticado por concurso de agentes (art. 155, § 4º, IV, CP), a resposta correta é a letra "C".
Artigo 157, CP
 Nomen iuris: roubo
 
 Conceito: trata-se da subtração de coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante violência, grave ameaça ou qualquer meio de anular a resistência da vítima. Além disto, constitui, também, roubo o emprego de violência contra a vítima logo após a subtração com o escopo de assegurar a impunidade ou a detenção da coisa.
 
 Objetividade jurídica: posse, propriedade, incolumidade física e psíquica.
 
 Formas típicas:
 - roubo próprio: artigo 157, caput;
 - roubo impróprio: artigo 157, § 1º.
 
 Roubo próprio é a subtração efetuada com o emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que impossibilite a capacidade de resistência da vítima (a violência, a grave ameaça ou qual quer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima constituem os meios para que o agente se apodere dos bens da vítima).
 
 Ocorrerá roubo impróprio, por sua vez, quando o agente empregar violência ou grave ameaça contra pessoa logo após o cometimento da subtração, com o fim de assegurar a impunidade ou a detenção da coisa. Ex/ ‘A’ entrou na casa de ‘B’ para furtar a TV. Ocorre, porém, que ‘B’ chegou antes do previsto por ‘A’, surpreendendo-o, razão pela qual este empregou violência contra ‘B’ para com isso assegurar a detenção da coisa subtraída.
 
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa
 Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
 
 Sujeito passivo: o proprietário e o possuidor da coisa, bem como a pessoa atingida pela violência ou grave ameaça.
 
 Consumação:
 - roubo próprio: duas correntes (em ambas a tentativa é admissível)
 * Minoritária - o roubo se consuma quando o bem sai da esfera de vigilância da vítima e entra na posse tranqüila do agente, ainda que por pouco tempo.
 * Majoritária - o roubo se consuma com o arrebatamento da coisa logo após a violência ou grave ameaça.
 - roubo impróprio:
 Consuma-se no momento em que o agente emprega a violência com o escopo de garantir a posse do bem, pouco importando se consiga ou não. A jurisp/ majoritária entende que não é possível a tentativa, pois, ou o agente emprega a violência, e neste caso estaremos diante do roubo impróprio, ou não emprega e estaremos diante do furto.Causas de aumento de pena: artigo 157, §2º
 I - emprego de arma:
 A lei não diz que deve ser arma de fogo, razão pela qual são tanto as armas próprias (que têm finalidade lesiva) como as impróprias (instrumentos que não têm finalidade lesiva, mas que podem ser usados como tais).
 A simulação de porte de arma caracteriza a roubo, por haver a grave ameaça, mas não acarreta na incidência da causa de aumento de pena.
 II - concurso de agentes:
 No furto é uma qualificadora; já no roubo uma causa de aumento de pena.
 III - se a vítima estiver se ocupando de transporte de valores e o agente souber disto.
 Não se admite o dolo eventual.
 É necessário que a vítima trabalhe com o transporte de valores.
 Não se aplica quando a subtração recai sobre bens pessoais da pessoa que esteja efetuando transporte de valores.
 IV - subtração de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou País.
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo a sua liberdade.
 A dúvida recai no fato de se saber se haverá roubo agravado ou roubo em concurso com seqüestro.
 Haverá roubo agravado quando houver restrição da liberdade, o que significa que a vítima ficou pouco tempo em poder do agente o tempo estritamente necessário.
 Por outro lado, haverá concurso material quando a vítima ficar privada da sua liberdade, ou seja, ficar em poder dos agentes por tempo além do necessário para a consecução do roubo.jjjjjjjjjjjjjjjjj
 Roubo qualificado: art. 157, § 3º
 O roubo será qualificado quando resultar lesão grave ou morte da vítima, pouco importando se o resultado agravador adveio de dolo ou culpa. Caso o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base).
 
 Objetividade jurídica: patrimônio, vida, incolumidade física
 Estamos diante de um crime contra o patrimônio, pois o escopo do agente é o patrimônio, sendo o crime contra a pessoa praticado como modo de execução da subtração.
 Trata-se, pois, de um crime pluriofensivo, pois há mais de um bem jurídico sendo tutelado.
 
 Sujeito ativo: qualquer pesssoa
 Crime comum
 
 Sujeito passivo: qualquer pessoa
 
 Quando resultar lesão leve, estas serão absorvidas pelo roubo.
 
 A qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista que há uma pena em abstrato para esta última.
 
 Para a configuração do latrocínio é indiferente que o resultado tenha ocorrido de forma dolosa ou culposa.
 
 Lei 8072/90:
 Somente será hediondo o latrocínio, pois a Lei 8072 não traz em seu rol o roubo seguido de lesão grave.
 
 Consumação: com a morte da vítima (latrocínio) e com a lesão, na hipótese de lesão grave.
 Deve-se observar que haverá latrocínio somente quando a morte resulta de violência empregada, não admitindo a grave ameaça, pois o § 3º expressamente determina esta figura qualificada indicando a forma de execução como sendo a violência. Assim, se a vítima morre em razão de grave ameaça, o agente responderá por roubo simples em concurso formal com homicídio (doloso ou culposo, conforme o caso) – ex/ vítima morre de parada cardíaca em virtude do fato de ter-lhe sido apontada uma arma quando o roubo.
 Situações de consumação e tentativa:
 - quando há subtração e morte tentados = latrocínio tentado;
 - quando há e morte consumadas = latrocínio consumado;
 - quando há subtração consumada e morte tentada = latrocínio tentado;
- quando há subtração tentada e morte consumada = latrocínio consumado.
A tentativa é possível, também, na hipótese de lesão grave, quando o sujeito ativo, tendo ferido gravemente a vítima, não consegue consumar a subtração patrimonial
 Ação penal: Pública Incondicionada
EXERCÍCIO:
 
(FCC/MPE—RS/2008) De acordo com a orientação jurisprudencial dominante, o crime de extorsão:
a) só pode ter como objeto coisa alheia móvel.
b) não admite tentativa.
c) consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
d) pode visar a obtenção de vantagem devida.
e) pode não ter fim econômico.
 
Resposta: claramente, a única alternativa correta é “C”, posto que estará consumado o crime com o constrangimento da vítima, independentemente da obtenção da vantagem. Ademais, o conceito de vantagem econômica é mais amplo do que coisa alheia móvel, afastando a letra “A”. Tratando-se de crime material, admite a tentativa, pois o sujeito passivo não realizar a conduta positiva ou negativa buscada pelo agressor, por circunstâncias alheias à sua vontade. A letra “D” está incorreta, pois necessariamente de visar a obtenção da vantagem indevida, que necessariamente deve ter fim econômico.
Artigo 158, CP
 Nomen iuris: extorsão
 Objetividade jurídica: incolumidade física, vida, patrimônio e liberdade pessoal.
 Elementos do tipo:
 - constranger: é o obrigar, forçar, coagir – ex/ entregar o dinheiro, realizar uma obra etc.
 - alguém: deverá ser pessoa certa e determinada;
 - violência ou grave ameaça: são os meios pelos quais o agente se vale para coagir a vítima a fazer ou deixar de fazer algo;
 - com o intuito de obter para si ou para outrem: é o elemento subjetivo do injusto (em que deve ser analisado o estado anímico do agente);
 - indevida: é o elemento normativo do tipo. Se a vantagem for devida o fato será atípico (poderá haver exercício arbitrário das próprias razões, mesmo que sob ameaça).
 - vantagem econômica: a finalidade precípua do agente é a vantagem patrimonial. Inexistindo esta, haverá a incidência de outra figura típica, como por ex/ o constrangimento ilegal.
 - fazer, tolerar que se faça (ex/ permitir que o agente rasgue um contrato ou título que represente uma dívida etc) ou deixar de fazer (ex/ não entra com uma ação de cobrança): o escopo será a prática de uma ação ou de uma omissão por parte da vítima –..
 
 O artigo 158 é um tipo anormal, pois nele constam, além dos elementos objetivos, elementos subjetivos e normativos.
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa
 Trata-se de crime comum, pois qualquer pessoa pode praticá-lo.
 - funcionário público: neste caso haverá concussão, com a simples exigência da vantagem indevida em razão da função.
 
 Sujeito passivo: qualquer pessoa
 
 Elemento subjetivo do tipo: dolo
 O agente deve constranger com o intuito de obter vantagem econômica, caso contrário estará diante do constrangimento ilegal
 
 Consumação: duas correntes
 - 1ª corrente: (STF, Damásio e Nelson Hungria) segundo esta corrente, a extorsão é um crime formal, razão pela qual se consuma no momento em que a vítima faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo.- 2ª corrente: entende que a extorsão é um crime material, consumando-se somente quando o agente obtém a vantagem patrimonial.
 A posição a ser adotada é a primeira, por dois motivos, senão vejamos: o tipo fala em intuito de obter para si ou para outrem vantagem econômica. Assim, basta que o agente constranja a vítima com a finalidade de obter a vantagem econômica para que o crime se consume, não sendo necessária a obtenção da vantagem. Por outro lado, no tipo do estelionato consta o verbo obter, isoladamente, o que significa ser necessário atingir o fim colimado para que o delito se materialize. Por derradeiro, deve ser adotada a primeira corrente em razão da súmula 96 do STJ, que diz o seguinte: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem econômica”.
 
 Sendo o crime formal, a participação ou coautoria só poderá ocorrer até o momento em que a vítima vier a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo. Após isto, haverá, por parte de terceiro, favorecimento real.
 
 Tentativa: admissível
 Trata-se de crime plurissubsistente, ou seja, que admite fracionamento de condutas, razão pela qual é admissível a tentativa, como por ex. quando o constrangimento não chega ao conhecimento da vítima.
 
 
 Causas de aumento de pena: artigo 158, § 1º
 - concurso de agentes: tendo em visto que o legislador emprega a expressão “cometimento de duas ou mais pessoas”, há necessidade de pelo menos duas pessoas executando o crime;
 - emprego de arma.
 
 Forma qualificada: artigo 158, § 2º
 Remete-se ao disposto no artigo anterior, em seu parágrafo terceiro.
 Salienta-se, de qualquer forma, que somente a extorsão com evento morte constitui crime hediondo, segundo o disposto na Lei 8072/90.
 Ação penal: pública incondicionada
Artigo 159, CP
 Nomen iuris: extorsão mediante seqüestro.
 
 Segundo o que dispõe a Lei 8072/90, todas as formas de extorsão mediante seqüestro constituem crime hediondo (caput e qualificadoras).
 
 Objetividade jurídica: liberdade individual e patrimônio.
 Trata-se de crime pluriofensivo tendo em vista que há mais de um bem jurídico sendo tutelado.
 
 Elementos do tipo:
- seqüestrar: significa privar alguém de sua liberdade de ir e vir, sua liberdade de locomoção.
- modalidades de execução: o tipo não apresenta explicitamente as modalidades de execução deste crime, mas é certo que estão inseridas implicitamente no verbo sequestrar, sendo elas a violência, grave ameaça ou qualquer outro recurso que impossibilite a defesa da vítima.
- vantagem: deve ser econômica, pois este crime está inserido no Título dos crimes contra o patrimônio. Além disto, a vantagem deve ser indevida, pois se devida for, o agente responderá por seqüestro em concurso material com exercício arbitrário das próprias razões.
- como condição ou preço do resgate: condição consiste na pratica de um ato (ex/ obtenção de determinado documento) e preço diz respeito ao pagamento de determinada moeda.
 
 Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo do injusto.
 O agente deve ter consciência dos elementos constitutivos de tipo vontade de realizá-los. Assim, o agente deve ter a vontade de privar alguém da sua liberdade de locomoção e, também, estar imbuído da finalidade de obter uma vantagem em troca da liberdade (preço do resgate) ou para não causar algum mal a ela (condição).
 Segundo Damásio, esta vantagem não precisa ser necessariamente econômica, pois o artigo diz “qualquer vantagem”, diferentemente do que consta no artigo 158, que diz expressamente que a vantagem deve ser econômica.
 Entretanto, o entendimento predominante é no sentido de que a vantagem deve ser econômica, tendo em vista que o artigo 159, CP encontra-se no título dos crimes contra o patrimônio.
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa
 Trata-se de crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa.
 
 Sujeito passivo: quem sobre a privação da liberdade e a lesão patrimonial.
 A vítima deve ser um ser humano. Assim, a privação de liberdade de animal de estimação, mesmo que tenha por finalidade a obtenção de resgate, caracterizará tão somente crime de extorsão.
 Caso a pessoa seqüestrada seja um cadáver e o escopo seja um pedido de resgate, a responsabilização penal se dará pelo artigo 211, CP e não pelo artigo em questão, pois há necessidade que o sujeito passivo seja pessoa humana viva.
 
 Consumação: crime formal.
 Por isso, o crime se consuma com a realização da conduta, pouco importando que conste no tipo incriminador o resultado. Não havendo, pois, a necessidade da ocorrência dele, isto é, a obtenção da vantagem econômica para que venha a se consumar.
 O crime irá se consumar no exato instante em que a vítima for privada da sua liberdade de ir e vir (obeserva-se, porém, que há necessidade da vítima permanecer por tempo relevante com os seqüestradores para que ocorra a consumação). Obviamente que, para que os agentes respondam por este crime e não pelo do artigo 148, deverá ser provada a intenção dos mesmos na obtenção do resgate.
 O pagamento do resgate, pois, é mero exaurimento do crime, podendo, quanto muito, ser observado pelo Juiz no momento de fixação da pena base, pois o artigo 59 indica como circunstância judicial as “conseqüências do crime”.
 Trata-se de crime permanente em que a consumação se protrai no tempo, sendo possível, em virtude desta continuidade do estado flagrancial, a prisão em flagrante delito a qualquer tempo.
 
 Tentativa: admissível
 Ocorre quando os seqüestradores iniciam a execução do crime e não conseguem levar a pessoa que pretendem seqüestrar.
 
 Formas qualificadas: art. 159, §§ 1º, 2º e 3º, CP
1- § 1º:
a) se o seqüestro dura mais de 24 horas: conta-se a partir do seqüestro – até a libertação (ainda que o resgate não tenha sido pago).
b) se o sequestrado é menor de 18 anos: a vítima deve ser menor de 18 e maior de 14 anos. Caso a vítima tiver 14 ou menos a pena do caput será aumentada da metade.
c) se o crime for cometido por quadrilha ou bando: neste caso, o crime do artigo 288 seria absorvido por esta qualificadora.
 
2- § 2º: se do fato resulta lesão corporal de natureza grave
3- § 3º: se do fato resulta a morte
 Em ambas as hipóteses o resultado agravador deve recair sobre a pessoa seqüestrada – assim, se os seqüestradores matam um segurança da vítima, haverá art. 159, caput c.c. art. 121, § 2º, em concurso material, todos do CP.
 Não importa se o resultado agravador ocorreu dolosa ou culposamente. Ocorrendo, entretanto, dolosamente este fato deverá ser observado no momento de fixação da pena-base.
 Ocorrendo a morte ou lesão por caso fortuito ou força maior, não serão aplicadas as qualificadores, tendo em visto o disposto no artigo 19, CP.Delação eficaz: § 4º
 Natureza jurídica: causa de diminuição de pena
 Quando o crime for cometido por pelo menos 2 pessoas e qualquer delas, arrependendo-se, delatar a outra à autoridade pública de forma que o seqüestrado venha a ser libertado, a pena será diminuída de um a dois terços.
 Para a obtenção do benefício, o delator deve prestar informações que efetivamente levem à libertação da vítima. Caso as informações não dêem resultado, o delator não se beneficiará. Daí o nome “delação eficaz”.
 Para decidir o quantum de diminuição o juiz levará em consideração a maior ou menor contribuição do delator.
 Ação penal: pública incondicionada.
 Artigo 160, CP
 Nomen Iuris: Extorsão indireta
 Dá-se a extorsão indireta quando o agente se utiliza de um meio ilícito para garantir uma dívida. Na extorsão indireta, a vítima, para obter o crédito, simula um “corpo de delito”de uma infração penal e entrega o documento ao agente, que, na posse desse tem maior garantia em torno do crédito – ex/ falsificação de assinatura; preenchimento de cheque sem fundos, assinatura de duplicata simulada etc).
 Elementos do tipo:
- exigiu ou receber: trata-se de crime de ação multípla, pois os núcleos do tipo (elementos objetivos) são os verbos citados; respondendo o agente tanto pelo cometimento de um ou de ambos os verbos - no primeiro caso o sujeito ativo é que obriga à prestação da garantia - no segundo, o sujeito passivo é quem se manifesta em prestá-la;
- documento: trata-se do objeto material, que pode ser um cheque sem suficiente provisão de fundos, uma cambial com assinatura falsa etc; – qualquer escrito, público ou particular
 
- como garantia de dívida: trata-se do elemento subjetivo do tipo. Assim, há necessidade de que a exigência tenha por escopo a garantia de dívida, caso contrário estaremos diante da extorsão simples, constrangimento ilegal etc).
 
 Objetividade jurídica: patrimônio e liberdade individual (expressa pela obrigação de fazer ou deixar de fazer)
 Sujeito ativo: qualquer pessoa
 Sujeito passivo: quem cede à exigência
 Regra geral, é o devedor, mas pode também ocorrer a situação em que é exigido documento que pode dar causa a um procedimento criminal contra terceiros e não contra o devedor.
 Tipo subjetivo: dolo
 Este crime só admite a modalidade dolosa. Inadmissível a culposa.
 Deverá haver a vontade livre e consciente de exigir ou receber documento.
 Constitui elemento subjetivo do tipo a expressão: “como garantia de dívida”.
 
 Consumação e tentativa:
 - Exigir: neste caso, trata-se de crime formal, consumando-se o delito com a mera conduta, ou seja, com a exigência, não sendo necessária a produção do resultado para que o crime se consume;
 - Receber: neste caso, trata-se de crime material em que a ocorrência do resultado é necessária para que haja consumação.
 A conatus no primeiro caso é admitida quando o crime é praticado na forma escrita, pois nesta hipótese será plurissubsistente; já no segundo, a conatus ocorre quando o delito não se consuma por circunstâncias alheias à vontade da vítima.
 Ação penal: pública incondicionada
DA USURPAÇÃO
No artigo 161 do Código Penal encontramos três tipos delitos: alteração de limites (caput); usurpação de águas (§ 1°, I); e, esbulho possessório (§ 1°, II). O bem jurídico protegido nestes delitos é a posse e a propriedade. A alteração de limites é o conduta de suprimir (eliminar, destruir, retirar ou fazer desaparecer) ou deslocar (afastar ou mudar de lugar) tapume, marco ou qualquer sinal indicativo de linha divisória – (são os sinais identificadores do limite da propriedade imóvel, valendo-se o legislador de mero rol exemplificativo ao enumerar tapume ou marco) para apropriar-se, no todo ou em parte (deve existir a intenção do agente tomar algo que não lhe pertença, integralmente ou não, aumentando-lhe a propriedade ou posse) de coisa imóvel alheia (trata-se da propriedade imóvel, compreendendo tanto a pública quanto a privada). Trata-se de tipo doloso com o fim especifico de apropriar-se dela. O sujeito ativo será apenas o proprietário ou possuidor que altera o limite de propriedade com o fim de apropriar-se dela. Questão controvertida refere-se à possibilidade de condômino figurar no pólo ativo. Magalhães Noronha entende que é possível desde que se trate de condomínio pro diviso, onde existe composse de direito e divisão de fato, no que é acompanhado por Paulo José da Costa Jr. Em sentido contrário Luis Regis Prado, citando Nelson Hungria. O sujeito passivo, evidentemente, será também apenas o proprietário ou possuidor. Importante destacar que o crime se consuma com a mudança do marco ou sinal identificador do limite da propriedade imóvel, não se exigindo a efetiva apropriação da posse, mas somente a intenção de tê-la. A usurpação de águas é o delito de quem desvia (muda o curso ou altera o destino) ou represa (impede a passagem ou interrompe) em proveito próprio ou de outrem (a ação se dá com a finalidade de proveito pelo próprio agente ou em proveito de terceiro, portanto, dolo específico) águas alheias (curso de rio, riacho, córrego, lagoa, represa de que não seja proprietário ou possuidor, podendo ser pública ou privada). Já o crime de esbulho possessório consiste na ação de invadir (entrar à força, conquistar, dominar ou ocupar) com violência a pessoa ou grave ameaça (exige o tipo a prática de agressão ou intimidação moral contra o possuidor ou proprietário) ou mediante concurso de mais de duas pessoas (trata-se de elemento alternativo que exige para sua configuração a atuação de quatro pessoas, em concurso necessário - JUTACRIM 70/213; JUTACRIM 73/185) terreno ou edifício alheio (pertencer a outra pessoa que não o invasor) para o fim de esbulho possessório (o agente deve ter a intenção de retirar da posse o sujeito passivo). Trata-se de tipo doloso que consiste em invadir terreno ou edifício alheio, mediante violência contra a pessoa ou grave ameaça, ou em concurso com mais três pessoas, com o fim especifico de excluir o sujeito passivo da posse. Se o fim for apenas o de turbar a posse não haverá crime. “O delito de que cogita o art. 161, § 1.º, II, do CP não é a turbação possessória do Direito Civil, conquanto, em seu aspecto formal, a lei com ela se satisfaça. É exato que quem invade terreno ou edifício alheio, turba. Porém, se essa turbação não tiver o fim de esbulho possessório, o crime não se verifica” (TACRIM-SP – Rec. – Rel. Oliveira E. Costa – RT 547/351). A pena prevista tanto para a alteração de limites, quanto para a usurpação de águas, quanto para o esbulho possessório é de detenção de 1 a 6 meses e multa, portanto trata-se de crime de menor potencial ofensivo. De acordo com a regra contita no § 2°, se houver emprego de violência, o autor do fato responderá em concurso material. Finalmente, a ação penal será pública incondicionada, salvo se não houver emprego de violência e a propriedade for particular, quando então a ação será privada (art. 161, § 3°).
 
O crime de supressão ou alteração de marca em animais (art. 162 do CP) consiste em suprimir (apagar ou retirar) ou alterar (mudar ou adulterar) indevidamente (sem autorização ou permissão legal) em gado ou rebanho alheio (abrange somente o coletivo de semoventes criados oumantidos em campos, pastos, retiro ou currais) marca ou sinal indicativo de propriedade (a marca é o assinalamento com ferro em brasa ou por outro agente químico ou físico, enquanto que sinal é a utilização de qualquer distintivo artificial, como coleira, argolas, etc). Damásio lembra que marcar gado desmarcado, por falha da lei, é fato atípico. Trata-se de tipo doloso que uma especial finalidade de agir consistente no fim de obter indevida vantagem econômica. A consumação ocorre com a adulteração ou supressão da marca ou sinal indicativo da propriedade no animal, bastando para tanto que seja somente em um animal. A pena é de detenção de 6 meses a 3 anos e multa e a ação penal é pública incondicionada. 
Artigo 163, CP
 Nomen Iuris: dano
 Conceito: “destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”
 Não há necessidade do locupletamento (lucro) para que haja a caracterização do delito, muito embora que possa coexistir (ex/ destruir as máquinas do concorrente para obter maiores lucros).
 Objetividade jurídica: patrimônio, propriedade e posse
 Trata-se de crime complexo
 Elementos do tipo:
 - destruir: exterminar, desfazer, destruir a coisa de modo que esta perca a sua essência - ex/ matar um animal, quebrar uma bicicleta etc;
 - inutilizar: tornar a coisa inútil, de modo que perca a sua individualidade - ex/retirar os ponteiros do relógio
 - deteriorar: quando há redução do valor da coisa - ex/ castrat um reprodutor
 obs/ fazer desaparecer é um fato atípico para toda a doutrina, exceto para Nelson Hungria. É típico, porém, para o CPM.
 - coisa alheia: é o objeto material do crime, que se inclui a coisa perdida, pois continua a ser alheia, mas o mesmo não se considera em relação a coisa abandonada, pois, neste caso, não é de ninguém.
 
 A pichação configura dano, trata-se de crime ambiental (Lei 9605/98)
 O crime pode ser cometido por ação (ex/ quebrar um vidro) ou por omissão (ex/ guarda florestal deixa que um animal morra de inanição quando está incapacitado para procurar o próprio alimento)
 
 Crime não transeunte (deixa vestígios), razão pela qual o exame de corpo de delito é indispensável.
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o proprietário (artigo 346) - o condômino também poderá responder por este crime, mas desde que o dano ultrapasse a sua cota-parte.
 Sujeito passivo: proprietário ou possuidor da coisa
 Tipo subjetivo: dolo (é o querer ou assumir o risco de atingir o resultado naturalístico), ou seja, destruir, inutilizar ou deteriorara coisa.
 No que tange ao elemento subjetivo do tipo - animus nocendi (intenção de causar prejuízo) há duas correntes:
 - é indispensável - posição de Nelson Hungria;
 - basta o dolo - posição de Damásio e Magalhães Noronha.
 
 Consumação e tentativa:
 Trata-se de crime material e plurissubistente, razão pela qual consuma-se no momento em que houver a destruição, inutilização ou deterioração da coisa, sendo, ainda, admissível a conatus, tendo em vista admite fracionamento de condutas.
 
 Dano e o conflito aparente de normas:
 O agente só será responsabilizado por dano quando a ação for um fim em si mesmo, pois se for um meio para a prática de outro crime, o delito fim absorverá o delito meio, conforme preceitua o princípio da consunção.
 
 Ação penal: privada, no caso de dano simples ou na hipótese do inciso IV do p. único. Ação pública incondicionada nos demais casos
O artigo 164 do Código Penal tipifica a introdução ou abandono de animais em propriedade alheia. Consiste o crime em introduzir ou deixar animais (abrange tanto a conduta comissiva quanto a omissiva, onde quem introduz/coloca/insere animais e quem os deixa/não retira/não obsta a entrada, praticam a ação proibida) em propriedade alheia (é a propriedade de terceiro) sem consentimento de quem de direito desde que o fato resulte prejuízo – trata-se de condição objetiva exigida pela norma, onde deve existir um efetivo prejuízo ao possuidor ou proprietário, condição sine qua non para existência do crime. O sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa, salvo o proprietário. Nesse ponto divergem os doutrinadores, pois alguns entendem que o próprio proprietário pode praticar o crime contra o possuidor, enquanto outros entendem que a conduta praticada pelo proprietário configuraria o crime de dano. Trata-se de tipo doloso que exige a consciência e a vontade de introduzir ou deixar animais em propriedade alheia sem o devido consentimento, exigindo para sua configuração a existência de um prejuízo efetivo. Consuma-se com o efetivo prejuízo causado ao proprietário pelo animal que foi introduzido ou deixado em sua propriedade, sendo a tentativa inadmissível, já que exige a condição objetiva o prejuízo ao proprietário. A ação penal é privada.
O artigo 165 do CP encontra-se tacitamente revogado pelo artigo 62, da lei nº 9.605/98, enquanto que o artigo 166 do CP foi tacitamente revogado pelo artigo 63, da lei nº 9.605/98
 Artigo 168, CP:
 Nomen Iuris: apropriação indébita
 Tipo: “Apropriar-se de coisa alheia móvel de que tenha posse ou detenção”
 Preceito secundário: reclusão de 01 a 04 anos e multa.
 
 Só haverá apropriação indébita nos casos de posse ou detenção legítima oriunda de um título.
 
 Requisitos:
 1) que a vítima entregue o bem de sua propriedade ao agente de forma livre, espontânea e consciente - Caso a vítima venha a agir em função de erro espontâneo ou provocado haverá apropriação de coisa havida por erro ou estelionato);
 2) que a posse seja desvigiada - Caso a posse seja vigiada, havendo crime, será furto;
 3) que o agente receba o bem de boa-fé - Caso o agente receba o bem com a intenção de não restitui-lo, haverá estelionato;
 4) que haja inversão de ânimo
 - o agente que recebeu a coisa como mero possuidor, passa a se comportar como dono (isto se dá quando o agente fica com a coisa para si com ânimo de assenhoramento definitivo - animus rem sibi habendi, seja por reter, ocultar a coisa etc) - Esta é a apropriação por negativa de restituição;
 - o agente vem a praticar um ato de disposição que seria privativo do dono, sem a autorização do mesmo Ex/ doação, venda etc. - Esta é a chamada apropriação propriamente dita.
 Objetividade jurídica: inviolabilidade patrimonial
 Sujeito ativo: qualquer pessoa
 Deve-se observar que qualquer pessoa poderá cometer este crime, mas desde que tenha posse lícita da coisa, caso contrário estaremos diante de furto ou peculato, quando o agente for funcionário público.
 
 Sujeito passivo: titular do direito patrimonial atingido pela ação criminosa, que pode ser pessoadiversa da que entregou ou confiou a coisa ao agente.
 
 Elementos do tipo
 - apropriar-se: é o fazer sua coisa de outrem
 - coisa móvel: é o objeto material, o qual deve ser móvel. - coisa alheia: o objeto material deve ser de outrem, caso contrário o fato será atípico - é o elemento normativo do tipo
 - posse ou detenção: segundo Nelson Hungria, não são expressões sinônimas, sendo que a primeira designa posse direta (ex/ a posse exercida pelo locatário) e a detenção designa poder de fato, que não constitui posse (ex/ o caseiro do sítio)
 
 Tipo subjetivo: dolo, consistente na ação do agente de inverter o título da posse ou detenção para domínio, ou seja, animus rem sibi habendi, que é o elemento subjetivo do injusto.
 
 Consumação:
 - apropriação por negativa de restituição: consuma-se com a negativa de restituição. Admite forma comissiva (a não devolução caracteriza o delito, em tese, quando o prazo para fazê-lo já tiver vencido - é aconselhável a notificação para a restituição, muito embora não seja indispensável).
 - apropriação propriamente dita: consuma-se com o ato de disposição. Só admite a forma comissiva.
 
 Tentativa:
 Só é admissível na apropriação propriamente dita, pois no caso de negativa de restituição ou o crime se consuma com a negativa ou não há crime.
 Art. 168, § 1º: causas de aumento de pena
 I - deposíto necessário: há 3 espécies:
 - depósito legal: a lei detemina quem terá posse
 - depósito miserável: é aquele decorrente de calamidade pública
 - depósito por equiparação: é o depósito de bagagens de hóspedes
 Só haverá apropriação nos casos de depósito miserável e por equiparação, pois no depósito legal, tendo em vista que o agente desempenha a função no exercício de função legal, haverá peculato
 II - a enumeração do inciso é taxativa
 Tutor: é aquele que rege a pessoa do menor e seus bens
 Curador: é aquele que rege a pessoa e os bens do maior incapaz
 Inventariante: é aquele que administra o espólio até a partilha
 Testamenteiro:é aquele que cumpre as disposições de última vontade
 Depositário público: aquele que não sendo funcionário público, tem a obrigação de guardar objetos em razão de deteminação judicial
 
 III- profissão: indica atividade intelectual
 ofício: indica atividade manual
 emprego: é a relação de dependência e subordinação que podem existir no ofício ou na profissão.
 
 Art. 170, CP - apropriação privilegiada
 Nos moldes no artigo 155, CP, quando a coisa for de pequeno valor (equipara-se o pequeno prejuízo) e o réu for primário a pena será diminuída de um a dois terços ou será aplicada somente multa.
 Ação penal: pública incondicionada.
 Artigo 168, CP:
 Nomen Iuris: apropriação indébita
 Tipo: “Apropriar-se de coisa alheia móvel de que tenha posse ou detenção”
 Preceito secundário: reclusão de 01 a 04 anos e multa.
 Só haverá apropriação indébita nos casos de posse ou detenção legítima oriunda de um título.
 Requisitos:
 1) que a vítima entregue o bem de sua propriedade ao agente de forma livre, espontânea e consciente - Caso a vítima venha a agir em função de erro espontâneo ou provocado haverá apropriação de coisa havida por erro ou estelionato);
 2) que a posse seja desvigiada - Caso a posse seja vigiada, havendo crime, será furto;
 3) que o agente receba o bem de boa-fé - Caso o agente receba o bem com a intenção de não restitui-lo, haverá estelionato;
 4) que haja inversão de ânimo
 - o agente que recebeu a coisa como mero possuidor, passa a se comportar como dono (isto se dá quando o agente fica com a coisa para si com ânimo de assenhoramento definitivo - animus rem sibi habendi, seja por reter, ocultar a coisa etc) - Esta é a apropriação por negativa de restituição;
 - o agente vem a praticar um ato de disposição que seria privativo do dono, sem a autorização do mesmo Ex/ doação, venda etc. - Esta é a chamada apropriação propriamente dita.
 Objetividade jurídica: inviolabilidade patrimonial
 Sujeito ativo: qualquer pessoa
 Deve-se observar que qualquer pessoa poderá cometer este crime, mas desde que tenha posse lícita da coisa, caso contrário estaremos diante de furto ou peculato, quando o agente for funcionário público.
 Sujeito passivo: titular do direito patrimonial atingido pela ação criminosa, que pode ser pessoa diversa da que entregou ou confiou a coisa ao agente.
 
 Elementos do tipo
 - apropriar-se: é o fazer sua coisa de outrem
 - coisa móvel: é o objeto material, o qual deve ser móvel. - coisa alheia: o objeto material deve ser de outrem, caso contrário o fato será atípico - é o elemento normativo do tipo
 - posse ou detenção: segundo Nelson Hungria, não são expressões sinônimas, sendo que a primeira designa posse direta (ex/ a posse exercida pelo locatário) e a detenção designa poder de fato, que não constitui posse (ex/ o caseiro do sítio)
 
 Tipo subjetivo: dolo, consistente na ação do agente de inverter o título da posse ou detenção para domínio, ou seja, animus rem sibi habendi, que é o elemento subjetivo do injusto.
 
 Consumação:
 - apropriação por negativa de restituição: consuma-se com a negativa de restituição. Admite forma comissiva (a não devolução caracteriza o delito, em tese, quando o prazo para fazê-lo já tiver vencido - é aconselhável a notificação para a restituição, muito embora não seja indispensável).
 - apropriação propriamente dita: consuma-se com o ato de disposição. Só admite a forma comissiva.
 
 Tentativa:
 Só é admissível na apropriação propriamente dita, pois no caso de negativa de restituição ou o crime se consuma com a a negativa ou não há crime.
 
 
 Art. 168, § 1º: causas de aumento de pena
 I - deposíto necessário: há 3 espécies:
 - depósito legal: a lei detemina quem terá posse
 - depósito miserável: é aquele decorrente de calamidade pública- depósito por equiparação: é o depósito de bagagens de hóspedes
 Só haverá apropriação nos casos de depósito miserável e por equiparação, pois no depósito legal, tendo em vista que o agente desempenha a função no exercício de função legal, haverá peculato
 
 II - a enumeração do inciso é taxativa
 Tutor: é aquele que rege a pessoa do menor e seus bens
 Curador: é aquele que rege a pessoa e os bens do maior incapaz
 Inventariante: é aquele que administra o espólio até a partilha
 Testamenteiro:é aquele que cumpre as disposições de última vontade
 Depositário público: aquele que não sendo funcionário público, tem a obrigação de guardar objetos em razão de deteminação judicial
 
 III- profissão: indica atividade intelectual
 ofício: indica atividade manual
 emprego: é a relação de dependência e subordinação que podem existir no ofício ou na profissão.
 
 Art. 170, CP - apropriação privilegiada
 Nos moldes no artigo 155, CP, quando a coisa for de pequeno valor (equipara-se o pequeno prejuízo) e o réu for primário a pena será diminuída de um a dois terços ou será aplicada somente multa.
 
 Ação penal: pública incondicionada.
 
Artigo 169, CP
 Nomen Iuris: Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
 Na apropriação indébita a vítima não incide em erro, pois tem uma perfeita noção da realidade.
 No artigo 169 a vítima está em erro (equivoca-se, tem uma falsa percepção da realidade) não provocado pelo agente (pois neste caso estaríamos diante de um estelionato), que, também, está de boa-fé, ou seja, o agente recebe o bem (entra na posse da coisa) sem perceber o erro, porém, depois, ao perceber, apodera-se do objeto.
 
 Ex/ noiva que recebe vários presentes de casamento e, diante da pressa, não percebe que um deles foi entregue por engano, pois a sua vizinha também está por casar - ou seja, incidiu em erro ao receber o presente. Quando perceber o erro poderá devolver o bem, não acarretando qualquer responsabilidade penal, mas, porém, se ficar com o presente que não lhe pertence, sabendo disto, responderá pelo art. 169, caput, CP.
 
 Caso o agente perceba o erro da vítima no momento em que lhe é entregue a coisa, estaremos diante do estelionato.
 
 O erro pode recair sobre pessoa, coisa ou obrigação.
 Art. 169, p. único, I, CP:
 Ocorrerá este delito no caso do agente que se apropria de tesouro encontrado no terreno alheio e não entrega a parte que é cabível a proprietário.
 
 Tesouro (objeto material) é a coisa sem dono - é o baú dos piratas, por exemplo. Já as jazidas de ouro ou pedras preciosas, além de serem consideradas bens imóveis, não estão propriamente enterradas ou ocultas, mas fazem parte do solo.
 
 O sujeito passivo (proprietário do imóvel) tem direito ao tesouro por inteiro quando o agente quando agir sem a sua autorização ou quando agir com sem empregado; mas terá direito à metade quando concede autorização ao agente para procurar o tesouro em sua propriedade.
 
 Art. 169, p. único, II, CP.
 Comete o crime em tela quem acha coisa perdida e dela se apodera, no todo ou em parte, deixando de restituí-la ao legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade em 15 dias.
 
 Coisa perdida é aquela que se extraviou do dono (ele não sabe onde o bem está) em lugar público ou aberto ao público. Caso o bem esteja “perdido” na residência da vítima, caso alguém encontre e se apodere, haverá furto (o mesmo ocorre quando a vítima esquece o bem em algum lugar e, logo em seguida, retorna ao local e o objeto já havia se apossado). obs/ sempre que o agente sabe quem é o proprietário haverá furto - isto no momento do perdimento.
 
 Não confundir coisa perdida (res desperdicta) com coisa abandonada (res derelicta) e com coisa de ninguém (res nullius).
 
 Consumação: quando sabe quem é o dono, imediatamente se não entregar a ele; se não sabe, após os 15 dias sem entregar à autoridade.
 
 Quem for incumbido de procurar a coisa perdida também poderá responder por este crime; entretanto se esta pessoa for enviada para procurar a coisa em determinado lugar, caso a encontre e se aproprie, estaremos diante de um furto.
 
 O agente poderá incidir em erro de fato, que exclui o dolo, quando pelas condições da coisa pensar que a mesma fosse coisa abandonada e não perdida.
 
 
 Ação penal: Pública Incondicionada.
 Artigo 171, CP
 
 
 O capítulo VI, do título II, da parte especial do CP dispõe acerca dos crimes em que o agente utiliza do engodo, da trapaça, da astúcia para cometer delitos, diferentemente do que ocorre nos crimes precedentes, em que a violência, grave ameaça e clandestinidade imperavam.
 
 Nomen Iuris: Estelionato
 
 Elementos do tipo:
 - obter: é o elemento objetivo - significa conseguir. O verbo indica a necessidade de se obter o fim colimado, ou seja, a vantagem ilícita; por isto é um crime material;
 - para si ou para outrem: é o elemento subjetivo do tipo, ou seja, o fim colimado pelo agente (conseguir a coisa para si ou para outrem);
 - prejuízo alheio: é o elemento normativo do tipo - o prejuízo não pode ser próprio, mas de outrem;
 - vantagem: é o objeto material, ou seja, qualquer utilidade em favor do agente ou de terceiro;
 - ilícita: é o segundo elemento subjetivo do tipo, ou seja, é necessário que o agente tenha consciência da ilicitude da vantagem que obtém da vítima para que haja estelionato. Sem esta consciência, o fato é atípico - Nelson Hungria cita como exemplo a situação do agente que supõe ser credor de determinada pessoa. Em razão disto, emprega fraude para obter o dinheiro que julgar ser seu de direito. Neste caso, não haveria estelionato, mas somente art. 345, pois o agente não agiu com dolo de obter vantagem ilícita, mas lícita (o erro de fato afasta o dolo e, como o estelionato não admite a culta, torna o fato atípico);
 - induzindo: significa levando, ou seja, a fraude é que levará a vítima em erro;
 - mantendo: significa que a vítima foi levada a erro não provocado, mas quando o agente percebe tal fato, emprega esforço para mantê-la neste estado;
 - erro: é a falsa percepção da realidade;
 - mediante artifício: emprego de aparato material para enganar a vítima Ex/ disfarce, cheque falsificado, conto do bilhete premiado etc;
 - mediante artil: é a simples conversa enganosa;
 - mediante qualquer meio fraudulento: o legislador se utiliza da interpretaçãoanalógica, ou seja, após o emprego de uma fórmula exemplificativa, emprega uma fórmula genérica. Nesta fórmula pode-se incluir, por ex., o silêncio.
 
 
 Objetividade jurídica tutelada: a inviolabilidade patrimonial.
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa
 Trata-se de crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa.
 É comum que este crime seja cometido em concurso de agentes. Neste caso, todos serão responsabilizados por estelionato.
 
 Sujeito passivo: quem sofre o prejuízo patrimonial.
 Atenção: a pessoa enganada pode ser diversa daquela que sobre a lesão patrimonial. Neste caso, haverá dois sujeitos passivos: a pessoa enganada e a que sofreu a lesão patrimonial, pois o tipo diz: induzir ou manter em erro alguém, em prejuízo alheio.
 
 O meio fraudulento deve ser idôneo a enganar a vítima?
 Resp/ Sim, mas o meio para se aferir é que pode gerar discuções.
 São três as fórmulas: deve ser levada em consideração a prudência ordinária; o discernimento do homo medius; ou o discernimento da vítima em cada caso em concreto.
 A jurisprudência posicionou-se no sentido de que deva ser analisado o discernimento da vítima no caso concreto, ou seja, tendo em vista as condições da vítima.
 Entretanto, deve-se observar que haverá crime impossível, por absoluta ineficácia do meio, quando o engodo for grosseiro a qualquer pessoa.
 
 
 Tipo subjetivo: dolo
 O tipo subjetivo é o dolo, ou seja, o querer ou assumir o risco de produzir um resultado naturalístico.
 O dolo deve ser precedente, antecedente, ou seja, o agente deve agir com o dolo de empregar fraude.
 Finalmente, como já foi exposto, o dolo deve ser de obter vantagem ilícita.
 
 Consumação: com a obtenção da vantagem ilícita patrimonial
 Trata-se de crime material em que o alcance do resultado é indispensável para a consumação do delito.
 
 Tentativa: admissível
 A conatus deve ser analisada em dois momentos:
 - quando o agente emprega a fraude, mas não engana a vítima. Neste caso, deverá ser analisada se a fraude tinha ou não potencial para enganar. Se tinha (sendo analisada em razão das circunstâncias da vítima no caso concreto), haverá tentativa. Se não tinha, o crime será impossível, aplicando-se a regra do artigo 17, CP.
 - o agente emprega a fraude, engana a vítima, mas não obtém a vantagem ilícita por circunstâncias alheias à sua vontade.
 
 
 Estelionato privilegiado: artigo 171, § 1º, CP
 Sendo o réu primário e de pequeno valor o prejuízo, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 ou substituída pela de multa.
 A lei não se refere ao valor da coisa, mas ao prejuízo sofrido, que deverá ser de pequena monta.
 O prejuízo deverá ser aferido no momento da consumação. Havendo reparação do dano na fase de processo, tal fato acarretará na incidência da circunstância atenuante do artigo 65, III, b, CP. Caso a reparação do dano ocorra antes do oferecimento da denúncia, tal fato redundará na incidência do art. 16, CP.
 A figura do privilégio estende-se ao parágrafo segundo, muito embora a posição dos artigos não leve a esta conclusão, pois este parágrafo indica que devem ser aplicadas as mesmas penas.
 
 Comentário sobre o § 2º: subtipos do estelionato
 I - dá-se nos casos daquele que vende, permuta ou dá em pagamento coisa alheia como própria. Ex/ nos casos de alienação fiduciária em que o detentor da posse direta do bem (fiduciário) aliena-o, sem levar em consideração que pertence ao fiduciante.
 
 II - alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria:
 Neste caso, tal qual no anterior, é vedada a alienação, permuta ou dação em pagamento, mas, diferente daquele, só recai sobre bens próprios inalienáveis, gravados de ônus, litigioso ou que prometeu vender a terceiro.
 Coisa inalienável é a aquela que não pode ser vendida em razão de disposição legal, testamentária ou por convenção.
 Coisas gravadas com ônus são aquelas sobre as quais pesam direitos reais em razão de lei ou de contrato (enfiteuse, anticrese, servidão, usufruto, hipoteca etc).
 Coisa litigiosa é aquela que é objeto de discussão em juízo (a coisa litigiosa pode ser alienada, desde que o comprador seja advertido de tal fato, caso contrário haverá o crime em tela).
 
 III - defraudação de penhor:
 Consititui na alienação de crédito pignoratício sobre o qual exerce a posse direta sem o consentimento do credor.
 
 IV - Fraude na entrega de coisa:
 É a alteração ou troca fraudulenta sobre a essência (ex/ entrega de objeto novo por antiguidade), qualidade (ex/ entrega de peça de ouro 18 por de 24 quilates) e quantidade da coisa (ex/ entrega de 1kg quando deveria ser entregue 1,25 Kg).
 
 V - fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro:
 Ocorre este crime quando o agente destrói ou oculta coisa própria ou lesa o próprio corpo para receber a indenização de seguro.
 É indispensável o contrato de seguro.
 Se a conduta causar perigo comum, o agente responderá pelo artigo 250 ou 251, pois nestes delitos consta como qualificadora a finalidade da vantagem pecuniária Ex/ se o indivíduo põe fogo na própria casa para receber o dinheiro do seguro, responderá somente pelo incêndio qualificado.
 
 VI - fraude no pagamento por meio de cheque:
 
 Comete estelionato quem emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
 
 O delito pode ser pratica por intermédio de duas condutas:
 - emitir cheque sem suficiente provisão de fundos (nesta, o agente coloca em circulação a cártula, para pronto pagamento, sem que tenha saldo bancário);
 - frustrar o pagamento de cheque (nesta, o agente tinha saldo quando da emissão da cártula, porém, antes do pagamento, retira o dinheiro da conta corrente, ou dá contra-ordem de pagamento ou, ainda, dá outro cheque que sabe será cobrado antes do pagamento do sujeito passivo).
 
 Elementos do subtipo:
 - emitir: significa colocar o cheque em circulação (não basta o mero preenchimento, sendo necessária a efetiva colocação em circulação);
 - frustrar: significa enganar, defraudar;
 Deve-se ressaltar que o cheque é um título extrajudicial para pagamento à vista. Assim, quando for emitido para pagamento futuro, ou seja, pós-datado, não haverá estelionato,

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