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Trabalho Lixo Extraordinário

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UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAI 
CURSO DE PSICOLOGIA – 3º Período 
 Disciplina: Psicologia Social II
	 	Profª Camila Claudiano Quina Pereira 
Aluna: Júlia Santos de Faria
Documentário “Lixo Extraordinário” sobre a luz da Psicologia Social Comunitária
A psicologia comunitária, de acordo com Góis (1993), é uma área da psicologia social que estuda as atividades psíquicas dos indivíduos que são influenciadas pelo modo de vida do lugar/comunidade no qual estão inseridos. Além disso, essa área estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitários. O autor destaca ainda que o foco da psicologia comunitária é a transformação do indivíduo em sujeito, desenvolvendo sua consciência como seres históricos e comunitários, por meio de um modelo interdisciplinar realizado em grupos e na comunidade. 
Para Gomes (1999), as características que definem a comunidade, por sua vez, dentro da Psicologia Social, incluem em ser um grupo de pessoas, não um agregado social, com determinado grau de interação social; repartir interesses, sentimentos, crenças, atitudes; residir em um território específico e possuir um determinado grau de organização.
No documentário “Lixo Extraórinário”, por exemplo, que relata o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz, no Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, localizado no Rio de Janeiro, é nítida a presença de uma comunidade. Essa por sua vez, ali é composta por um grupo de pessoas que tiram o seu sustento por meio da coleta seletiva de materiais em um mesmo local. Também são pessoas que estão ali reunidas com os mesmos interesses, com laços afetivos e que também se reúnem para reivindicar seus direitos. Em uma parte do filme, por exemplo, vemos membros da Associação de Catadores Metropolitano de Jardim Gramacho (ACAMJG) e alguns catadores de lixo realizando uma manifestação em frente à prefeitura de Duque de Caxias - RJ. Diante disso, vemos também que o social está intimamente ligado à política.
 Segundo Freitas (1998), o psicólogo que trabalha dentro de comunidades deve conhecer a dimensão psicossocial dos indivíduos, ou seja, precisa conhecer e conviver com as condições concretas da vida das pessoas. Precisa conhecer e saber sobre a realidade comunitária. Ou seja, como é que ele observa essa realidade, como sistematiza, como interpreta e analisa essa realidade. E, como é que tudo isso contribui para que ele possa, então, compreender o que está acontecendo e, a partir desse conjunto complexo e dinâmico, ele possa propor outros campos e planos de ação e intervenção nos contextos comunitários. Ainda segundo o autor, para que isso ocorra, é necessário que ele vá além das fronteiras de seu gabinete ou sala de trabalho. E foi exatamente o que Vik e seu parceiro fizeram. 
 No documentário, fica claro e visível a necessidade do artista plástico, Vik, de ir a campo para conhecer com o quê e com quem ele iria trabalhar, pois até então, ele conhecia o seu futuro lugar de trabalho, Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, apenas por vídeo no YouTube, Google Erth e por informações passadas pelo diretor do seu estúdio, Fabio. Em conversa com Fábio, ele busca informações sobre o local, bem como as implicações de riscos. Ainda na conversa é informado que o local é o maior aterro do Rio, cercado por favelas comandadas pelo tráfico e com pessoas excluídas da sociedade. Também em conversa com sua esposa, surge vários questionamentos e Vik diz que é difícil fazer tais suposições observando do Google Earth, sendo preciso ir até o aterro e ver o que as pessoas que trabalham lá precisam. Vik também supõe que essas pessoas deviam ser rudes, viciadas e ainda diz “Dê uma olhada na geografia da área. É o fim da linha. É para onde vai tudo que não é bom. Incluindo pessoas”. Diante disso, podemos dizer que os conhecimentos que Vik tinha, antes de ir ao aterro, eram limitadas e um tanto equivocadas. 
Quando eles foram de perto, à campo, com a ajuda de lideranças locais, conhecer a realidade daquela comunidade, foram conhecendo o dia a dia das pessoas e suas histórias. Isso era feito por meio de conversas, observações e registro fotográfico, tanto aéreo quanto terrestre. Foi desse modo, com esses instrumentos, que o artista plástico fez o levantamento de campo. Além disso, a partir daí que a proposta inicial de Vik tomou outros rumos. Antes de ir ao aterro, o objetivo de Vik era explorar a possibilidade de desenvolvimento social para os catadores por meio da participação em seu projeto artístico, que envolvia transformar os materiais do cotidiano deles em arte. No entanto, ao chegar no local, o artista plástico se sensibilizou ao deparar-se com as histórias de vida dos catadores de lixo que trabalhavam no aterro. Além disso, a imagem que ele havia feito dessas pessoas estava errada, pois apesar de suas lutas e dificuldades, tanto de vida quanto de trabalho, ele também se deparou com pessoas solidárias, felizes, sorridentes, amigas e que se orgulhavam do que faziam, mas que eram e se sentiam invisíveis para a sociedade e que por trás de seus sorrisos, na realidade, escondia um conformismo diante da impotência de mudar sua condição. Isso fez com que o foco do projeto fosse mudado. Assim, Vik, com o intuito de transformar a vida dessas pessoas, adota as causas da ACAMJG e insere em suas obras pessoas que trabalham no aterro fotografando-as, contratando-as para construírem seus próprios retratos a partir do lixo e com o dinheiro arrecadado das obras, o mesmo fosse revertido para elas. Para isso, Vik e Fábio decidem dar início ao projeto com as pessoas que eles já haviam mantido contato durante as visitas ao aterro, Tião, Zumbi e Isis. Aos poucos, no dia a dia, foram conhecendo outras pessoas e selecionando também as que tinham o perfil do projeto, como Suellen, Magna, Irma e Valter. No entanto, assim como demanda a postura ética de um psicólogo, o artista Vick, em um posicionamento controverso frente às câmeras, se questiona se isso seria possível; indaga a si mesmo e a sua equipe sobre o mal que podem estar infligindo a essas pessoas, revelando-lhes novos horizontes para depois abandoná-las à própria sorte. 
Voltando para o projeto, o que Vik fez, ao inserir ativamente essas pessoas em seu trabalho, é semelhante ao papel do psicólogo na comunidade, que almeja sempre provocar impactos na subjetividade do sujeito, tendo como foco central a construção do protagonismo e da autonomia, enfatizando as relações do sujeito com o seu contexto, trabalhando de forma que venha prevenir as situações de risco e contribua para o desenvolvimento das potencialidades. 
Desse modo é importante destacar novamente que a psicologia comunitária tem a finalidade de desenvolver uma consciência crítica nos sujeitos ou em comunidades através de um modelo interdisciplinar. É um trabalho realizado em grupos, e na comunidade, a fim de transformar o indivíduo em sujeito. Apesar do artista plástico, Vick, não ser psicólogo foi o que aparentemente e superficialmente ele fez; usou a arte como um modo de intervenção. Ao final do projeto, os próprios participantes disseram que houveram mudanças em suas vidas. Elas passaram a ter consciência das suas próprias condições, tornaram-se seres mais críticos e começaram a se valorizar como seres humanos de importância e com orgulho. 
No entanto, cabe ressaltar que a intervenção de um psicólogo em uma comunidade é diferente da que o artista plástico, Vik, fez, pois, a intervenção do profissional de psicologia demanda tempo, estudo, planejamento, metodologias, sistematização e cientificidade para toda a intervenção. Além disso, é necessário a investigação, sob um modo científico, sobre o modo de vida da comunidade para auxiliar os moradores, que nela vivem, a desenvolverem a conscientização, a construírem a identidade individual e coletiva e a assumirem o papel de sujeitos da própria história. Para isso, o psicólogo deve considerar o sujeito dacomunidade a partir da visão sócio-histórica da psicologia social, na qual o homem é considerado um ser social que muda sua história e a sociedade, sendo por ela também construído e transformado continuamente. 
Vik, no entanto, não teve toda essa preocupação e todo esse olhar justamente por ser um artista plástico e não um psicólogo. Os interesses envolvidos são diferentes. Por isso, em muitas partes o intuito do projeto e a própria postura de Vik se esbarra em uma política mais assistencialista. Diante disso, as mudanças na vida das pessoas que participam do projeto de Vik, que elas próprias relataram ao final do documentário “Lixo Extraordinário”, podem não ter ocorridas de forma eficaz e efetiva, assim como é na intervenção de um profissional de psicologia. 
REFERÊNCIAS
Freitas, M. F. Q. (1998). Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a prática do psicólogo. Revisa Psicologia Reflexão Crítica, 11(1). Recuperado em 30 março, 2018, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721998000100011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
Góis, C. W. L. (1993). Noções de psicologia comunitária. Fortaleza: UFC.
Gomes, A. M. A. (1999). Psicologia Comunitária: Uma abordagem Conceitual. Revista Psicologia: Teoria e Prática, 1(2), 71-79. Recuperado em 30 março, 2018, de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/ptp/article/view/1154/860

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