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Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 1 Olá pessoal, Vamos para a nossa primeira aula de Economia para Agente da Polícia Federal. Não se assustem, mas essa aula e a seguinte são as duas mais complicadas. Não podemos deixar de encarar a matéria de frente e ficar dando só a parte fácil. Temos que ter didática e colocar aquilo que cai em prova. Aula Conteúdo Programático 01 Teoria do consumidor, utilidades cardinal e ordinal, restrição orçamentária, equilíbrio do consumidor e funções demanda, curvas de Engel, demanda de mercado – Parte 1 Eu irei fazer, pelo menos, 20 questões CESPE em cada aula, tentando fazer umas 40. Entretanto, como não completei a parte de teoria do consumidor, nessa aula eu estou colocando algumas poucas questões da CESGRANRIO para complementar o aprendizado. Entretanto, aqueles que não quiserem ler, fique à vontade. Sumário 7. Teoria do Consumidor............................................................................................................................ 3 7.1. Espaço das Mercadorias ................................................................................................................ 4 7.2. Utilidade .............................................................................................................................................. 7 7.2.1 – Utilidade Cardinal e Utilidade Ordinal ............................................................................................. 9 7.3. Curvas de Indiferença ................................................................................................................. 14 7.4. Propriedades das Curvas de Indiferença .............................................................................. 18 7.5. Convexidade das Curvas de Indiferença .............................................................................. 23 7.6. Transformação Monotônica ........................................................................................................ 25 7.7. Tipos de Curvas de Indiferença ............................................................................................... 26 a) Substitutos Perfeitos ............................................................................................................................. 26 b) Complementares Perfeitos.................................................................................................................... 29 c) Neutros .................................................................................................................................................. 31 d) Cobb-Douglas ........................................................................................................................................ 33 e) Males ..................................................................................................................................................... 33 7.9. Restrição Orçamentária .............................................................................................................. 34 Aula 01 – Teoria do Consumidor Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 2 QUESTÕES PROPOSTAS ........................................................................................................................... 37 QUESTÕES RESOLVIDAS ......................................................................................................................... 44 As dúvidas serão sanadas por meio do fórum do curso, a que todos os matriculados terão acesso. Se você tiver algum exercício de prova anterior e quiser que ele seja resolvido na aula, envie-o para o meu e-mail que farei o possível para incluí-lo no texto. As críticas ou sugestões poderão ser enviadas para: cesar.frade@pontodosconcursos.com.br. Prof. César Frade SETEMBRO/2014 Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 3 7. Teoria do Consumidor Se até esse momento o nosso foco esteve voltado para tentar verificar o comportamento tanto do consumidor quanto do produtor em relação a um determinado bem, a partir desse momento estaremos tratando apenas do comportamento do consumidor. Ou seja, nós estávamos falando da demanda e da oferta e para isso nos utilizamos de gráficos em um plano preço x quantidade. A partir de agora, nós iremos tratar apenas do consumidor, pelo menos nesse tópico, e nos esquecer do produtor. Na verdade, quando falamos da demanda e oferta de determinado produto, estamos interessados em saber como seria o comportamento dos agentes em relação àquele bem a cada nível de preço. Se tratarmos da curva de demanda, nos interessa o comportamento do consumidor e se estivermos tratando da oferta, como seria o comportamento do produtor para cada nível de preço. No entanto, quando falamos da teoria do consumidor passamos a discutir qual o comportamento do consumidor em relação ao consumo de todos os bens colocados à sua disposição tendo em vista a sua capacidade financeira e o preço dos produtos. Ou seja, aqui não estamos interessados em apenas um bem, mas sim em todos os bens à disposição do consumidor. Para fins de simplificação, nós iremos utilizar apenas dois bens e vamos supor um mundo com somente dois bens. Essa simplificação tem como objetivo apenas tornar mais palpável nossas análises. Não estamos, em um primeiro momento, interessados na resposta a ser dada pelo produtor. Em um ponto mais à frente do estudo da microeconomia passaremos a discutir qual o comportamento do produtor na produção de seu produto dado o nível de insumo a ser gasto pelo mesmo e os custos inseridos no processo. Ressalto novamente que para tentarmos representar o comportamento do consumidor teremos que fazer uma simplificação. Sabemos que existe uma infinidade de produtos possíveis de serem consumidos por parte do consumidor individual, mas tratar todos esses produtos ao mesmo tempo seria uma tarefa árdua e que não nos traria maiores benefícios. Dessa forma, iremos utilizar apenas dois bens, generalizando o sistema de N bens. Com isso, não perderemos nenhum tipo de detalhe importante e facilitaremos a nossa análise, até porque não conseguimos fazer nossos desenhos, que são tão necessários aqui, além de duas dimensões. Eu sei que conseguimos fazer em três dimensões, mas isso dificultaria a nossa visualização. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 4 Nosso primeiro passo é tentar descrever o espaço que usaremos no plano. 7.1. Espaço das Mercadorias Representávamos graficamente a curva de demanda em um espaço preço x quantidade. Um ponto qualquer nessa curva significava que os consumidores estavam demandando uma determinada quantidade do produto em questão àquele preço especificado. A partir de agora estaremos fazendo a representação das cestas de consumo em um espaço quantidade x quantidade. Ou seja, tanto o eixo X quanto o eixo Y indicam as quantidades de cada um dos bens. Observe que perdemos a variável preço, por enquanto, mas vamos conseguir observar as escolhas do consumidor emrelação aos bens existentes. Faremos a representação gráfica em um espaço quantidade x quantidade Vamos imaginar uma economia que possua apenas dois bens: maçã e uva. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 5 A letra A representa uma possível cesta de consumo do consumidor. Ressalte-se que cesta é o conjunto de bens que o consumidor adquiriu para o seu consumo. Essa cesta é composta de 6 quilos de maçã e 2 quilos de uva. A cesta B, por sua vez, representa uma cesta com 3 quilos de maçã e 7 quilos de uva, enquanto que a cesta C é uma representação de uma cesta com 10 quilos de maçã e 10 quilos de uva. Portanto, cada ponto no espaço das mercadorias representará uma possível cesta de consumo. Note que não estamos nos referindo a qualquer questão financeira, por enquanto. Logo, toda e qualquer cesta, em princípio, pode ser de interesse do consumidor. Um consumidor qualquer deverá olhar para essas cestas e escolher uma para seu consumo. É claro que a cesta escolhida deverá ser aquela, dentre as possíveis, que lhe dá a maior satisfação. Ou seja, a cesta escolhida será aquela que faz com que o consumidor tenha o máximo de satisfação possível dada a possibilidade existente. Inicialmente, vamos supor que existam apenas essas três cestas marcadas no gráfico acima, quais sejam: A, B e C. E que o consumidor deverá optar por uma delas fazendo uma comparação entre as mesmas e decidindo aquela que lhe proporciona o maior nível de satisfação. Imagine que você tenha que escolher entre a cesta A e a cesta C. Qual das duas lhe daria o maior nível de satisfação? Dentre essas, qual você escolheria? Se essa pergunta fosse feita a vários consumidores, o que eles responderiam? É claro que a totalidade das pessoas diria que preferem C a A. Isto porque a cesta C possui mais quilos de maçã que a cesta A e também uma quantidade maior de uva se comparada à cesta A. Como quanto mais de maçã e uva as pessoas tiverem, melhor, C é preferível a A. Lembre-se que tanto maçã quanto uva são produtos que o consumidor deseja ter e quando isso ocorrer, ele vai preferir mais a menos. Já sei que você deve estar se perguntando se tem algum produto que o consumidor não deseja possuir, não é mesmo? Ou que ele prefere uma quantidade menor à maior. Claro que sim. Algum de vocês deseja receber certo grau de risco sem que seja dada a devida recompensa ou mesmo alguns quilos de lixo? Claro que não. Tratamos essas mercadorias de males e, nesse caso, quanto menos tivermos desses males, melhor. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 6 Voltando à nossa análise do gráfico acima. De forma análoga, se fizermos pergunta semelhante às pessoas sobre qual seria a preferência entre as cestas C e B, a totalidade responderia que prefeririam C a B. Isto ocorre porque a cesta C possui uma quantidade maior de maçãs e também de uvas. Entretanto, se perguntarmos às pessoas se elas preferem a cesta A ou a cesta B, poderemos ter várias respostas diferentes. Não podemos supor que todos os consumidores possuem o mesmo gosto e que escolheriam a mesma cesta, se estamos comparando cestas que possuam quantidades de mercadorias que não superam sempre as quantidades da outra cesta. Alguns consumidores, mais ávidos por maçãs, podem preferir a cesta A a B. Outros possuem preferência por uvas e esses podem, perfeitamente, preferir B a A. Por fim, pode existir um terceiro tipo de pessoa que seja indiferente entre as cestas A e B, pois essa relação existente entre os bens dá a eles o mesmo nível de satisfação. Veja que são várias possibilidades quando estamos falando apenas da escolha, sem levar em consideração sequer o grau de preferência dos consumidores de um produto em relação ao outro. Com relação às preferências podemos representá-las de uma forma específica. Imaginemos que existam duas cestas. A primeira formada por uma quantidade x1 do bem 1 e uma quantidade x2 do bem 2, enquanto que a outra seria formada por uma quantidade y1 do bem 1 e y2 do bem 2. Segundo o Varian, ao compararmos as cestas (x1,x2) e (y1,y2), temos: “Se o consumidor prefere ambas as cestas ou mostra-se indiferente na escolha entre elas, dizemos que ele prefere fracamente (x1,x2) a (y1,y2) e grafamos (x1,x2) ≿ (y1,y2). Essas relações de preferência estrita, preferência fraca e indiferença não são conceitos independentes, elas têm relação entre si! Por exemplo, se (x1,x2) ≿ (y1,y2) e (y1,y2) ≿ (x1,x2), podemos concluir que (x1,x2) ~ (y1,y2). Isto é, se o consumidor considera (x1,x2) pelo menos tão boa quanto (y1,y2) e (y1,y2) pelo menos tão boa quanto (x1,x2), então ele tem de ser indiferente entre as duas cestas de bens. Do mesmo modo, se sabemos que (x1,x2) ≿ (y1,y2), mas também sabemos que esse não é o caso de (x1,x2) ~ (y1,y2), podemos concluir que (x1,x2) (y1,y2). Isso apenas nos diz se o consumidor pensa que (x1,x2) é pelo menos tão bom quanto (y1,y2) e que ele não se mostra indiferente a nenhuma das Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 7 duas cestas, então ele com certeza deve considerar (x1,x2) estritamente melhor que (y1,y2)” Portanto, com base no texto acima podemos ver que todos os consumidores que pudessem escolher entre as cestas que colocamos em nosso exemplo diriam que: C A; e C B Entretanto, se compararmos as cestas A e B, poderíamos ter as seguintes situações: B A; A B; ou B ~ A É claro que cada consumidor poderia ter uma escolha diferente. Tudo dependerá do gosto de cada um dos consumidores. Fazer essa pergunta em sala de aula é bastante interessante, pois as respostas ocorrem ao mesmo tempo e cada um fala uma coisa, ainda mais quando colocamos mercadorias não são unanimidades. 7.2. Utilidade Conforme visto anteriormente, os consumidores quando optam por consumir uma determinada cesta de bens em detrimento de outra, o fazem porque ficam mais satisfeitos com uma cesta do que com outra. Lembre-se que até aqui não estamos falando ainda do aspecto financeiro e cabe ao consumidor escolher aquela cesta que melhor convier no seu consumo, aquela cesta que trará ao consumidor o maior nível de felicidade. Esse conceito que mede a satisfação dos consumidores de uma forma geral se chama utilidade. Portanto, utilidade é a satisfação gerada com o consumo de uma cesta de bens. Segundo Varian: “Na era vitoriana, os filósofos e economistas referiam-se alegremente à “utilidade” como um indicador do bem-estar geral de uma pessoa. A utilidade era tida como a medida numérica da felicidade do indivíduo. Dada essa idéia, era natural imaginar consumidores fazendo escolhas que maximizassem essa utilidade, ou seja, que os fizessem o mais felizes possível.” Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 8 Entretanto, como podemos medir a satisfação de um consumidor, o seu grau de felicidade? Devemos nos utilizar de uma equação matemática com o objetivode mensurar o nível de satisfação de cada consumidor quando consome cada cesta. Essa equação matemática poderá ter várias formas e, em geral, a forma dessa equação dependerá claro, das vontades do consumidor, mas também de como os bens em questão se relacionam. Se estivermos falando de dois bens que são substitutos, essa equação será de um tipo, se eles foram complementares, a equação será de outra forma e assim por diante. Utilidade é a forma de medir a satisfação dos consumidores ao consumirem determinada cesta de bens. Começaremos nossas discussões utilizando as equações matemáticas mais simples e após o entendimento dos conceitos iniciais, vamos colocar as mais diferentes hipóteses e discutir cada uma delas, ao máximo. Imagine que tenhamos duas mercadorias sendo consumidas por um determinado consumidor e que a função utilidade associada a ele possa ser descrita pela seguinte equação: yx2y,xU Dessa forma, um consumidor que esteja com 3 unidades do bem X e 5 unidades do bem Y terá o seguinte nível de satisfação associado a essa cesta: útiles 115,3U 5325,3U No entanto, quando vamos ao supermercado não levamos no bolso uma calculadora com o objetivo de calcular quantos útiles teremos ao levar para casa um bem em detrimento de outro. Mas, ao pegarmos dois bens quaisquer, nós somos capazes de escolher um deles. Além disso, todos nós escolheríamos aquele que nos desse o maior nível de satisfação, não é mesmo? Portanto, é importante ressaltar que usamos as equações matemáticas para fazermos as comparações, mas as escolhas do dia-a-dia são feitas sem as equações explicitadas, tentando definir o nível de utilidade associado aos bens. Vamos a exemplos. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 9 Se a função utilidade tivesse a seguinte equação: y2x4y,xU A cesta (3,5) teria o seguinte nível de utilidade: útiles 225,3U 52345,3U Observe que estamos utilizando a mesma cesta de bens e, mesmo assim, a quantidade de útiles associada àquela cesta nos retornaria um nível de satisfação diferente. No entanto, a única coisa que foi alterada foi a função utilidade associada à escolha do consumidor. Vamos agora pensar em uma nova cesta de consumo composta por 3 unidades do bem X e 6 unidades do bem Y. Vamos considerar essa nova cesta como sendo a cesta E e a anterior sendo a cesta D. Utilizando a primeira equação, a satisfação seria igual a: útiles 126,3U 6326,3U E E Se utilizarmos a segunda equação representativa da utilidade, teríamos: útiles 246,3U 62346,3U E E 7.2.1 – Utilidade Cardinal e Utilidade Ordinal Observe que independente da equação utilizada para representar o nível de utilidade do consumidor, há uma preferência pela cesta E em relação à cesta D nos dois casos. Não é difícil entender o motivo, não é mesmo? Se estamos pensando em dois bens1, sabemos que quanto mais tivermos desses bens, mais satisfeitos estaremos. Observe que mantivemos a quantidade consumida do bem X nas duas cestas (D e E), mas na cesta E temos uma quantidade maior do bem Y. 1 Chamamos de bens as mercadorias que, ao serem consumidas, aumentam a satisfação do consumidor. Se ao consumir uma mercadoria, a satisfação do consumidor reduzir, essa mercadoria será um mal. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 10 Isso nos mostra que não é muito importante o quanto estamos tendo de utilidade em uma ou outra cesta, não nos interessa a quantidade da utilidade recebida, mas sim qual a cesta que nos dá a maior utilidade. Ou seja, ao compararmos as cestas o que nos importa é o fato de uma cesta ter maior utilidade que a outra e não o quanto de utilidade que a equação vai retornar. O importante é a ordenação das cestas e não a quantidade de útiles que cada cesta nos retorna. Segundo Pindyck: “A ordenação ordinal posiciona as cestas de mercado na sequência de maior preferência para de menor preferência, não indicando, porém, em que medida uma determinada cesta é preferível em relação à outra. Em contrapartida, quando os economistas estudaram inicialmente o conceito de utilidade, eles tinham esperanças de que as preferências das pessoas pudessem ser facilmente quantificadas ou medidas em termos de unidades básicas, o que possibilitaria, portanto, elaborar uma ordenação cardinal para as alternativas. Hoje em dia, entretanto, sabemos que uma unidade específica para medição da utilidade não é importante.” Portanto, a ordenação importante ocorre quando utilizamos a utilidade ordinal na qual ordenamos as mais diferentes cestas de bens sem nos preocupar com o quantitativo de utilidade recebido por cada cesta. A utilidade cardinal na qual determinamos quantos útiles cada cesta estará recebendo se torna secundária, pois não a utilizaremos no dia-a-dia dada a dificuldade de se calcular o nível de utilidade de cada consumidor ao consumir uma determinada cesta de bens. Enquanto a utilidade cardinal determina o número de útiles recebidos por um consumidor para cada uma das cestas, a utilidade ordinal apenas ordena as cestas em ordem crescente de preferência. Foi exatamente essa a ideia que foi introduzida quando comparamos as cestas D e E. Podemos “inventar” qualquer tipo de equação que guarde a proporção entre o consumo dos bens X e Y que a escolha será sempre E ao invés de D. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 11 +1 +1 Como vimos que a ordenação encontrada entre as cestas D e E quando utilizamos qualquer uma das duas funções utilidade é a mesma, utilizaremos de agora em diante a primeira fórmula proposta. Tá combinado dessa forma? Imagine a seguinte função utilidade: yx2y,xU A cesta D terá a seguinte utilidade: útiles 115,3U 5325,3U D D Se utilizarmos a mesma fórmula, e calcularmos a utilidade para a cesta E, teremos: útiles 126,3U 6326,3U E E 126,3U 115,3U yx2y,xU Vocês podem nem ter notado, mas acabamos de introduzir um importante conceito da microeconomia, a utilidade marginal. Observe que de uma cesta para outra, aumentamos em uma unidade a quantidade do bem Y e mantivemos constante a quantidade do bem X. Veja que quando isso ocorreu, houve uma mudança da utilidade total em uma unidade. Essa variação da utilidade total em decorrência de uma mudança de uma unidade no consumo do bem Y, se chama utilidade marginal do bem Y. E a utilidade marginal de Y, no caso acima é igual a uma unidade. Podemos dar outro exemplo um tanto quanto mais intuitivo. Imagine que você trabalha de segunda a sexta e quando chega no final da tarde de sexta, você sai com os amigos para um “happy-hour” e pede a sua cervejinha. Suponha ainda que o clima está muito Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de OliveiraFrade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 12 quente. A partir do momento que você tomou o seu primeiro copo de cerveja, o seu nível de satisfação aumentou, ou seja, a cerveja te trouxe mais utilidade. Esse primeiro copo te deu um aumento no nível de utilidade. É claro que você ainda está ávido pelo consumo de cerveja e ao tomar o segundo copo, a sua satisfação ficou ainda maior. Entretanto, o ganho de satisfação com esse segundo copo foi menor que o ganho com o primeiro copo. E assim, ao aumentar o seu consumo de cerveja, a cada copo você tem um aumento da satisfação geral, mas uma variação de aumento cada vez menor. Importante destacar que alguns bens, como a cerveja, podem trazer um aumento de satisfação, mas a partir de um certo ponto, o produto pode virar um mal e reduzir a satisfação. Nesse caso, isso ocorre a partir do momento em que você começar a passar mal. O mesmo não ocorre com roupas, dinheiro, entre outros produtos. O aumento em sua quantidade recebida irá aumentar a satisfação mesmo que a taxas decrescentes. Entende-se que a utilidade marginal de um determinado bem é a variação da utilidade total em decorrência de uma mudança de uma unidade no consumo daquele bem específico, mantendo constante o consumo dos demais bens. Matematicamente, podemos dizer que: Y U UMgY Nessa situação, em específico, temos que: 1 1 1 Y U UMgY De forma análoga, podemos determinar a utilidade marginal do bem X se modificarmos o consumo do bem X em uma unidade e mantivermos o consumo de todos os outros bens constante. A variação da utilidade total provocada será igual à utilidade marginal do bem X. Matematicamente, temos: X U UMgX Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 13 +1 +2 Se escolhermos uma cesta F, composta de 4 unidades do bem X e 6 unidades do bem Y, temos: 146,4U 126,3U yx2y,xU Com o exemplo acima, vemos que um aumento de uma unidade na quantidade demandada do bem X provoca uma alteração de 2 útiles na utilidade total. Segundo Pindyck, “A utilidade marginal (UM) mede a satisfação adicional obtida mediante o consumo de uma quantidade adicional de um bem.” A utilidade marginal de um determinado bem é a variação da utilidade total em decorrência de uma mudança de uma unidade no consumo daquele bem específico, mantendo constante o consumo dos demais bens. Outro ponto importante de ser memorizado é a fórmula da Utilidade Marginal. Observe que a utilidade marginal do bem X (UMgX) é dada pela razão entre a variação na utilidade total (ΔU) e a variação na quantidade do bem X (ΔX). Temos que ressaltar mais algumas características da utilidade. Observe que a utilidade vai crescendo à medida que vamos aumentando o consumo de um bem. A exceção ocorre quando temos um bem com ponto de saciedade como é o caso da cerveja ou algum tipo de comida ou bebida. Nesses casos, chegamos a um ponto de consumo que você não consegue mais consumir daquele bem. Outros bens como joia, roupa, dinheiro, carro não possuem ponto de saciedade e, dessa forma, quanto mais o agente possui maior tende a ser a sua utilidade. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 14 No entanto, é importante ressaltar que com relação à utilidade marginal, ela é decrescente. Isto ocorre porque para cada unidade adicional consumida, a utilidade total varia em um quantitativo cada vez menor. Observe que quanto mais temos de um bem mais útil será o bem, mas menos útil será aquela unidade adicional. Esses são os conceitos de utilidade total e utilidade marginal. Quanto maior a quantidade consumida de um bem, maior será a utilidade total. Quanto maior a quantidade consumida de um bem, menor tende a ser a utilidade marginal (UMg é decrescente). Matematicamente, podemos dizer que a utilidade marginal é a derivada da utilidade total em relação à quantidade. A utilidade total será máxima quando a utilidade marginal for igual a zero, ou seja, quando essa derivada for igual a zero. Utilidade Total Máxima Utilidade Marginal=0 Nessa situação em que atingimos o ponto de utilidade máxima, um aumento do consumo passará a reduzir a utilidade total, uma vez que a utilidade marginal continuará decrescente e, portanto, passará a ser negativa. 7.3. Curvas de Indiferença Dentro do espaço das mercadorias temos um número infinito2 de cestas possíveis. Cada uma dessas cestas fornece ao consumidor um nível de utilidade, um certo nível de satisfação. Várias dessas cestas dentro do espaço da mercadoria fornecem exatamente a mesma utilidade a um consumidor. Ou seja, temos inúmeras cestas no espaço em que estamos trabalhando que dariam ao consumidor, exatamente, o mesmo número de 2 Pense que os bens são divisíveis e podem ser consumidos, apesar de nos exemplos parecer uma variável discreta, como uma variável contínua. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 15 útiles e que, portanto, o tornaria indiferente entre elas. Essas são cestas em que o consumidor recebe a mesma satisfação ao consumi-las. Ao unirmos todas as cestas que dão ao consumidor o mesmo nível de satisfação teremos a curva de indiferença e o consumidor será indiferente entre quaisquer cestas que estejam sobre essas curvas. Segundo Pindyck: “Uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação a uma pessoa, que é, portanto, indiferente em relação às cestas de mercado representadas pelos pontos ao longo da curva.” Portanto, naquele exemplo inicial (desenho abaixo) em que tínhamos três cestas A, B e C, se um consumidor fosse indiferente entre as cestas A e B, uma curva de indiferença deveria passar sobre essas duas cestas. Isso significaria que o consumidor teria a mesma utilidade, a mesma satisfação ao consumir qualquer uma das duas cestas A e B. Em outras palavras, uma cesta com 6 maçãs e 2 cachos de uva (cesta A) retornaria ao consumidor um número de útiles idêntico àquele que seria recebido se consumisse 3 maçãs e 7 cachos de uva (cesta B). Observe que o próprio nome diz que esse consumidor seria indiferente entre as cestas e, portanto, essas cestas estariam na mesma curva de indiferença. Abaixo colocamos dois exemplos de possíveis curvas de indiferença: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 16 Observe que as linhas vermelhas representam as curvas de indiferença. Nos dois gráficos apresentados acima, as curvas denominadas U1 passam sobre as cestas A e B. Portanto, tanto A quanto B como qualquer cesta existente sobre as linhas U1 de cada um dos gráficospossui a mesma utilidade. A curva de indiferença com um formato parecido à que se situa à esquerda, que na verdade é uma reta negativamente inclinada, ocorre quando os bens X e Y, no caso maçãs e uvas, são substitutos. Na curva da direita, as curvas de indiferença são do tipo Cobb-Douglas. Esse é o formato de curva de indiferença mais comum em economia. Entretanto, não se assustem, pois iremos voltar nesse assunto mais à frente. Observe que na curva que se situa à esquerda, o consumidor que opta consumir 6 unidades de maçã e duas de uva está na cesta A e com um nível de utilidade igual a U1. Por outro lado, se o consumidor opta em reduzir o consumo de maçã em 3 unidades e passar de 6 para 3 unidades de consumo e, ao mesmo tempo, majorar de 2 para 7 o nível de consumo de uva, esse consumidor terá um nível de utilidade U1 associado. Veja que as duas cestas representam o mesmo nível de utilidade para um dado consumidor e, portanto, devem estar na mesma curva de indiferença U1. De outra forma, se o consumidor optar por 10 unidades de maçã e 10 unidades de uva, esse consumidor irá assumir um nível de utilidade igual a UN, sendo este nível maior do que U1. Com isso, podemos supor que a cesta C é preferível às cestas A e B. Tais conclusões são idênticas quando a curva tem formato semelhante a esta situada à direita. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 17 Compreenderam o que foi explicado acima? Eu disse que se temos duas cestas sobre a mesma curva de indiferença, o consumidor será indiferente a essas duas cestas. Tal fato ocorre com as cestas A e B, dado que ambas estão sob a curva de indiferença U1. No entanto, como estamos falando de dois bens, quanto mais o consumidor possuir das mercadorias, mais satisfeito ele estará. Observe que a utilidade marginal tanto da uva quanto da maçã é positiva. Sendo assim, ao adquirir a cesta C, o consumidor estará recebendo uma utilidade associada à mesma superior àquela encontrada nas cestas A e B. Assim, a cesta C deverá estar em outra curva de indiferença UN e esta curva deverá estar mais afastada da origem que a curva U1, Se as curvas de indiferença forem de bens substitutos, matematicamente elas possuem a seguinte representação: yx2y,xU Se as curvas de indiferença forem do tipo Cobb-Douglas, matematicamente elas possuem a seguinte representação3: yxAy,xU Segundo Varian: “O fato é que toda a teoria da escolha do consumidor pode ser formulada em termos de preferências que satisfaçam os três axiomas acima descritos, além de poucos outros pressupostos técnicos. Todavia, acharemos conveniente descrever preferências de modo gráfico mediante o uso de uma forma de interpretação conhecida como curvas de indiferença.” Uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação a uma pessoa. 3 Fiquem calmos. Esse assunto será tratado com profundidade em outro momento. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 18 7.4. Propriedades das Curvas de Indiferença Com o intuito de simplificar, os mais variados autores em determinado ponto do livro assumem determinados parâmetros para a grande maioria das curvas de indiferença. No entanto, quase a totalidade desses parâmetros não são obrigatoriamente verdades absolutas e funcionam apenas como simplificadores para que as preferências do consumidor fiquem bem-comportadas. Ou seja, os mais renomados autores de microeconomia optam por fazer algumas simplificações nessa parte da matéria. Para isso, adotam determinadas características de comportamento dos indivíduos. Entretanto, em geral, as provas de concurso acabam “destruindo” essas hipóteses simplificadoras. Veja bem, eu não disse que essas hipóteses são verdades absolutas, elas apenas são usadas para simplificar a vida do estudante e criar situações bem- comportadas, como chama a literatura. Mas, em cursos mais avançados, todas essas hipóteses são questionadas e vemos que nenhuma delas é uma verdade absoluta. E as provas, normalmente, cobram aquilo que é visto nos cursos mais avançados. Segundo Varian: “Nessa seção, descreveremos alguns pressupostos mais gerais que tipicamente assumiremos sobre as preferências; abordaremos ainda as implicações desses pressupostos para as formas das curvas de indiferença a eles relacionadas. Esses pressupostos, porém, não são os únicos possíveis (grifo meu); em algumas situações desejaremos utilizar pressupostos diferentes, mas os consideraremos como as características de definição das curvas de indiferença bem-comportadas.” Podemos citar cinco propriedades, quais sejam: Prefere-se mais a menos; Preferências convexas; Soma dos expoentes da Cobb-Douglas igual a 1; Curvas de indiferença nunca se cruzam; e Curvas de indiferença são densas. a) Inicialmente, iremos supor que a mercadoria se trata de um bem e não um mal. Dessa forma, prefere-se sempre mais a menos e o preço da mercadoria é positivo. Ou seja, você pagará para ter a mercadoria. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 19 Se estivermos tratando de uma curva de indiferença do tipo Cobb-Douglas, ela será representada pela seguinte equação: yxAy,xU A propriedade acima (prefere-se mais a menos) será satisfeita se 0 e 0 . Somente dessa forma, um aumento na quantidade demandada do bem X ou Y fará com que a utilidade do consumidor seja majorada. São as chamadas preferências monotônicas. Observe que o fato de os expoentes serem positivos faz com que um aumento na quantidade do bem provoque aumento na utilidade. Imaginemos dois exemplos simples matemáticos, sendo que em um deles o valor de será 0,5 e no outro -1. Veja o que ocorre com a utilidade. Consideremos nos dois casos que os valores de A, y e valem 1, enquanto que o valor de x será 4. ( ) Caso 1 Caso 2 ( ) ( ) Se aumentarmos o valor de x em uma unidade, passaremos a ter a seguinte utilidade em cada um dos casos: Caso 1 Caso 2 ( ) �® Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 20 mesmo padrão de satisfação, um determinado consumidor somente irá se desfazer de um dos bens se receber uma quantidade do outro bem que reestabeleça a sua satisfação, fazendo-o prosseguir na mesma curva de indiferença. Vocês nem perceberam, mas nesse parágrafo eu acabo de introduzir um conceito muito importante que veremos mais adiante. Portanto, leia e releia esse ponto quantas vezes forem necessárias e só passe para frente quando você estiver certo de que compreendeu aquilo que eu quis lhe transmitir. Imagine que existam apenas dois bens: Vestuário e Alimento. As pessoas se interessam pelos dois bens e preferem mais a menos em relação a eles. Vamos supor que a pessoa tenha 5 unidades de alimentoe 1 unidade de vestuário. Isso faz com que ele esteja na curva de indiferença U1. Se essa pessoa passar a ter uma segunda unidade de vestuário, aumentará a sua satisfação e passará para a curva de indiferença U2. Um novo aumento na quantidade consumida de vestuário leva o consumidor para a curva de indiferença U3. Quanto maior a curva de indiferença, maior a satisfação. Com isso, podemos dizer que esse consumidor em questão prefere qualquer cesta que esteja sobre a curva de indiferença U3 se comparada a qualquer outra cesta sobre a curva de indiferença U2 e assim, sucessivamente. Lembre-se de que estamos trabalhando com o conceito ordinal, apesar de tentarmos colocar fórmulas e números para poder determinar a satisfação associada a cada cesta de bens. Dessa forma, o gráfico abaixo sempre deverá ser respeitado quando tivemos na presença de bens. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 21 b) Vamos supor que as preferências serão convexas. A curva de indiferença é considerada convexa se ao pegarmos dois pontos quaisquer sobre uma curva e traçarmos um segmento de reta que ligue esses dois pontos, a totalidade desse segmento ficar acima da curva de indiferença. Veja um exemplo de curva de indiferença convexa. Observe que pegamos dois pontos sobre a curva de indiferença U1 e os ligamos (curva tracejada azul). Todos os pontos desse segmento de reta se situaram acima da curva de indiferença U1. Isso nos diz que a curva de indiferença U1 é estritamente convexa. Mais tarde teremos um item dedicado a esse delicado assunto. Em princípio, suporemos que todas as curvas possuem esse formato (como vocês sabem essa é uma simplificação). c) O terceiro item é que 1 em uma curva de indiferença do tipo Cobb-Douglas. Mais à frente também veremos as transformações monotônicas e elas quebram essa Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 22 necessidade de que a soma dos expoentes seja igual a 1. Tal fato serve apenas para fazer uma simplificação dos resultados. d) As curvas de indiferença nunca se cruzam. Essa é uma propriedade que nunca pode ser negada. De forma alguma duas curvas de indiferença se cruzam. Existe, em matemática, uma forma de provar as coisas que se chama “Prova por Absurdo”. Isso funciona da seguinte forma: Se você quer provar uma coisa, o primeiro passo é assumir o contrário daquilo que se quer provar. Se você chegar à conclusão que o contrário é um absurdo, logo, você provou o que desejava. Vamos ver isso por meio de um simples exemplo. Se você quer provar que uma parede é branca, você deve assumir que a parede não é branca. Se o fato de ela não ser branca for um absurdo, logo, ela é branca. Entenderam? Então. Precisamos provar que duas curvas de indiferença não se cruzam. Logo, se formos utilizar a prova por absurdo, devemos supor que as duas curvas de indiferença em questão se cruzam, como na figura abaixo. Observe que as cestas A e C estão sobre a mesma curva de indiferença U1. Veja também que as cestas B e C também estão sobre uma mesma curva de indiferença U2. Sabemos que uma curva de indiferença é a união de todas as cestas que retornam ao consumidor a mesma satisfação. Portanto, o consumidor é indiferente entre qualquer cesta sobre uma mesma curva de indiferença. Assim, temos que o consumidor em questão é indiferente em A e C e indiferente entre B e C. Por transitividade, ele seria indiferente entre A e B. U1 U2 Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 23 Entretanto, se o consumidor fosse indiferente entre A e B, as duas cestas deveriam estar na mesma curva de indiferença. Tendo em vista o fato de não estarem na mesma curva, chegamos à conclusão de que é um absurdo o cruzamento de duas curvas de indiferenças. Logo, podemos afirmar que duas curvas de indiferença NUNCA se cruzam. Cuidado!!! Essa afirmativa é muito cobrada em prova. Os examinadores adoram perguntar esse tipo de coisa. e) As curvas de indiferença são densas. Essa também é uma propriedade que nunca poderá ser relaxada, a exemplo da contida na letra d. Isso nos diz que em qualquer ponto do espaço das mercadorias passa uma curva de indiferença e como elas não se cruzam, passa apenas uma curva de indiferença. Ou seja, não há nenhuma possibilidade de existir uma cesta no espaço das mercadorias que não tenha uma única curva de indiferença que passe por ela. 7.5. Convexidade das Curvas de Indiferença Considera-se uma curva convexa quando escolhemos dois pontos quaisquer sobre a função, por exemplo, x1 e x2. Esses pontos, quando colocados na função, determinarão f(x1) e f(x2). Ao ligarmos os pontos x1 e x2 teremos a formação de um segmento de reta. Ao escolhermos qualquer ponto (x3) nesse segmento de reta: se f(x3) for menor ou igual a Y3, a função será convexa; se f(x3) for necessariamente menor que Y3, a função será estritamente convexa; se f(x3) for maior ou igual a Y3, a função será côncava; se f(x3) for necessariamente maior que Y3, a função será estritamente côncava; Observe que a função abaixo atende aos requisitos de uma função estritamente convexa: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 24 Lembre-se que todas as funções estritamente convexas são necessariamente convexas. A função abaixo atende os requisitos de uma função estritamente côncava. Lembro ainda que, toda função estritamente côncava é côncava. Por fim, uma reta é considerada tanto côncava quanto convexa, mas não é nem estritamente côncava nem estritamente convexa. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 25 7.6. Transformação Monotônica Uma preferência é considerada monotônica quando podemos fazer operações de soma, multiplicação ou potenciação com a função utilidade e não mudaremos a ordenação de preferência das cestas. Isso é muito comum na teoria do consumidor, pois essa utiliza apenas a ordem de classificação das cestas e não a quantificação da satisfação. Ou seja, na teoria do consumidor isso pode ser feito porque estamos interessados na utilidade ordinal e não na utilidade cardinal, concordam? Segundo Varian: “A transformação monotônica é em geral representada pela função f(u), que transforma cada número u em outro número f(u), mas preserva a ordem dos números para que u1 > u2 implique f(u1)>f(u2). Uma transformação monotônica e uma função monótona são, em essência, a mesma coisa.” Nessa aula, já lancei mão desse conceito e vocês nem notaram. Vamos retornar a ele? Imagine as seguintes funções utilidades: yx2y,xU y2x4y,xU Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 26Observe que as duas funções são muito parecidas e que a segunda função nada mais é do que duas vezes a primeira. Se escolhermos uma cesta qualquer e calcularmos a utilidade associada a ela utilizando cada uma das funções, teremos: útiles 115,3U 5325,3U útiles 225,3U 52345,3U Como utilizamos a teoria ordinal, podemos utilizar a primeira função utilidade. Para isso, fazemos uma transformação monotônica na segunda, dividindo-a por dois, para que elas se igualem. 7.7. Tipos de Curvas de Indiferença As curvas de indiferença mostram o comportamento de um determinado consumidor para cada dois tipos de bens determinados. Existem várias formatações possíveis, sendo que as curvas do tipo Cobb-Douglas são aquelas mais comuns e são as que são utilizadas na representação dessas curvas de indiferença. Observe que agora temos quantidade nos dois bens e como os dois bens se relacionam determina o formato das curvas de indiferença. Por exemplo, se os bens forem substitutos, a curva terá um formato, se forem complementares, a curva será completamente diferente e assim por diante. Vamos, agora, analisar cada uma das curvas mais utilizadas. a) Substitutos Perfeitos Quando dois bens forem substitutos perfeitos, estamos falando de bens em que o consumidor aceitar trocar um pelo outro em uma proporção qualquer. Imagine que o consumidor adora refrigerante. Para esse consumidor tanto faz consumir Guaraná Antarctica ou Coca-Cola. Um copo de guaraná dá a ele a mesma satisfação que o consumo de um copo de coca-cola. Coca-Cola e Guaraná são bens substitutos perfeitos para esse consumidor. Esse tipo de bem tem o seguinte formato de curva de indiferença: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 27 Observe que quanto mais distante da origem estiver a curva de indiferença maior será a satisfação do consumidor. Vamos imaginar que tanto a quantidade de guaraná quanto a quantidade de coca-cola é dada em litros. E quanto mais refrigerante melhor. Se o consumidor tiver uma cesta composta por um litro de guaraná ou por um litro de coca-cola, ele estará na curva de indiferença representada por U1. Se ele possuir dois litros de guaraná, dois litros de coca-cola ou a cesta representada por A (1 litro de coca-cola e 1 litro de guaraná), o consumidor terá o mesmo nível de satisfação. Essa satisfação é representada por U2. E a utilidade associada à cesta A é superior àquela associada à curva de indiferença U1. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 28 De forma análoga, podemos ver que a satisfação associada à curva U3 dá ao consumidor uma utilidade maior que a indicada pelas cestas que estão nas curvas U2 e U1. Matematicamente, a curva de indiferença acima é representada da seguinte forma: ( ) Entretanto, para que dois bens sejam considerados substitutos perfeitos não há a necessidade de uma relação de substituição igual a um para um. No exemplo acima, o consumidor aceitava trocar um litro de guaraná por um litro de coca-cola. Mas não há problema algum de ele valorar de forma distinta os dois bens em questão. Por exemplo, imagine que exista um consumidor que goste de café e de leite, mas separadamente. Esse consumidor não gosta de café com leite em seu café da manhã, mas aceita tomar uma xícara de café ou dois copos de leite e ambos os produtos lhe proporcionarão a mesma satisfação. Graficamente, podemos notar que há uma mudança na inclinação das curvas de indiferença, como mostrado abaixo. Se o consumidor opta por dois copos de leite ou um de café, ele está na curva de indiferença U1. Quando ele opta por consumir a cesta A, o consumidor está mostrando que é indiferente entre consumir duas xícaras de café, quatro copos de leite ou uma xícara de café e dois copos de leite. Em todas essas cestas o consumidor está na curva Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 29 de indiferença U2. Matematicamente, podemos representar esses bens substitutos perfeitos da seguinte forma: ( ) Sendo: y – a quantidade consumida de xícaras de café; e x – a quantidade consumida de copos de leite. Já sei que você deve estar pensando que a equação está errada e que não deveríamos estar multiplicando por dois a quantidade de café, pois o consumidor está tomando duas vezes mais leite que café, não é mesmo? Então, é exatamente por esse motivo que devemos fazer a multiplicação no café. Se o consumidor toma duas vezes mais leite que café para obter a mesma satisfação, isso significa que ele prefere café a leite e valora o café duas vezes mais que leite. Entenderam? A generalização da fórmula ficaria da seguinte forma: ( ) b) Complementares Perfeitos Se dois bens são considerados complementares perfeitos, isso significa que o consumidor considera o consumo desses bens em conjunto. Imagine o consumo de gasolina e óleo de motor. Não podemos pensar em um carro sem esses dois bens e eles andam juntos, há a necessidade de utilizar os dois. Não podemos substituir um bem pelo outro. Um exemplo bastante comum nos livros é a utilização de sapatos do pé direito e sapatos do pé esquerdo. Imagine que os sapatos não sejam vendidos aos pares, mas sim por pé. Alguém que possua as duas pernas, teria interesse em comprar um pé esquerdo de sapato sem que comprasse junto um pé direito? A resposta é não. Não faz muito sentido ter apenas um pé de sapato. Tudo bem que você pode falar que faz, porque a pessoa perdeu um pé, um pé estragou ou algo semelhante. Tá, mas não vamos tratar da exceção, tratemos da regra, combinado? Logo, não faz muito sentido uma pessoa negociar um pé de sapato sem que negocie o outro junto. Esses bens são complementares perfeitos na proporção um para um. Graficamente, temos: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 30 A cesta A é composta de uma unidade de sapato do pé direito e uma unidade de sapato de pé esquerdo. O consumidor tem uma determinada satisfação que é dada por U1. No entanto, se o consumidor optar por comprar uma unidade adicional do sapato do pé direito sem adquirir nenhuma unidade do pé esquerdo, sua cesta deixará de ser A e passará para a C. Observe que a cesta C dá ao consumidor o mesmo nível de satisfação que a cesta A, pois ele continua tendo um par de sapatos e ainda tem um pé direito a mais. No entanto, esse pé direito adicional sem o respectivo pé esquerdo não dá ao consumidor nenhuma utilidade adicional. A utilidade marginal de um pé direito sem o respectivo pé esquerdo é igual a zero. Matematicamente, podemos representar da seguinte forma: ( ) { } Essa função utilidade tem um nome especial, chama-se Leontief. Portanto, todas as vezes que o examinador falar sobre uma função Leontief, temos essa que foi dada acima. E lembre-se que para não desperdiçarmos recursos, devemos sempre escolher a cesta que está no vértice da função.Entretanto, é importante ressaltar que não há a necessidade de a relação ser um para um como no exemplo citado. Imagine uma situação em que o consumidor gosta de tomar uma xícara de café, mas utiliza duas colheres de açúcar para acompanhar seu Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 31 café. Nesse caso, café e açúcar são bens complementares perfeitos, mas na proporção de dois para um, sendo duas unidades de açúcar e uma unidade de café. Matematicamente, temos: ( ) { } Sendo: x – a quantidade consumida de xícaras café; e y – a quantidade consumida de colheres de açúcar. Já sei que você deve estar com o mesmo problema, achando que o número dois deveria estar multiplicando o açúcar. Não mesmo. O número deverá estar multiplicando o café para que estejamos no vértice, veja: Se usarmos a função utilidade abaixo, teremos: ( ) { } ( ) { } ( ) { } ( ) Portanto, com isso vemos que não está no vértice. Observe o que ocorre com a outra função utilidade: ( ) { } ( ) { } ( ) { } ( ) Observe que o macete para resolver funções desse tipo é igualando as duas partes que estão presentes dentro da função de mínimo. Se generalizarmos a fórmula, temos: ( ) { } c) Neutros Quando um bem é considerado neutro por um determinado consumidor, isso significa que aquele bem nem aumenta e nem reduz a sua satisfação. Para esse consumidor, Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 32 tanto faz ter ou não aquele bem. No entanto, é importante salientar que o consumidor é indiferente em relação ao bem, mas o seu consumo não reduz sua satisfação. Graficamente, um consumidor neutro em relação ao bem Y teria as seguintes curvas de indiferença: Imagine que o consumidor está com a cesta A. Ele possui, neste caso, um CD e um livro, obtendo uma satisfação U1. Se ele opta por adquirir uma unidade adicional de livros de economia, mantendo a mesma quantidade de CDs, ele passará a consumir a cesta C e se manterá na mesma curva de indiferença, ou seja, terá a mesma utilidade. Isso é um tanto quanto óbvio, não acham? Eu não imaginava que a aquisição de um livro de economia adicional poderia lhe trazer algum tipo de satisfação. Longe disso. Sejamos sinceros. Um livro de economia está mais para te trazer insatisfação, dor de cabeça do que qualquer outra coisa. Logo, se o consumidor é neutro em relação a livros de economia, comprá-los não lhe trará nenhum benefício adicional. Ao consumir a cesta B, o investidor estará consumindo dois CDs e um livro de economia. Esse aumento de consumo de CD em uma unidade, aumentou a satisfação do consumidor, pois passou da curva de indiferença U1 para a curva U2. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 33 d) Cobb-Douglas Uma curva de indiferença do tipo Cobb-Douglas é uma curva que em geral são destinadas a representar bens, ou seja, mercadorias que possuem a utilidade marginal positiva. Possuem o formato de uma hipérbole e são representadas, matematicamente, pela seguinte função: ( ) Sendo: A – uma constante positiva; x – a quantidade consumida de um determinado bem; y – a quantidade consumida de outro bem; e Os índices podem ter qualquer valor. No entanto, para que uma curva seja bem considerada bem comportada (e é isso que devemos adotar caso nada além tenha sido dito), eles deverão ter valores positivos, sendo considerados assim, como bens. Qualquer que seja o valor positivo de cada um dos índices, podemos efetuar transformações monotônicas por meio de operações de potenciação e radiciação, com o intuito de fazer com que a soma dos índices seja igual a 1, ou seja, . e) Males Males são mercadorias cujo aumento do consumo provoca uma redução na satisfação do consumidor. São mercadorias que possuem uma utilidade marginal negativa. Elas podem ter várias equações matemáticas que as determinem, mas se o índice da função do tipo Cobb-Douglas for negativo, há a presença de um mal. Se considerarmos a seguinte função ( ) , sendo um número negativo, a mercadoria x será um mal pois um aumento em sua quantidade provocará uma redução na satisfação do consumidor. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 34 7.8. Restrição Orçamentária Sabemos que o objetivo do consumidor é maximizar a sua satisfação, maximizar a sua utilidade. No entanto, se pensarmos em um ambiente que só tenha uvas e maçãs, a satisfação de um determinado consumidor será maximizada quando ele tiver a totalidade das uvas e maçãs existentes no mundo. Entretanto, o consumidor não tem condições de ter a totalidade de uvas e maçãs existentes por mais que isso lhe traga o máximo de satisfação. Isso não é possível porque ele tem certa restrição orçamentária. Na verdade, o consumidor detém certo nível de renda e o máximo que ele pode comprar desses bens é aquilo que sua renda permite. Portanto, o consumidor pode gastar de zero até o montante igual ao seu nível de renda na aquisição dos bens que estão à sua disposição. Chamamos de conjunto orçamentário o conjunto de todas as cestas que podem ser adquiridas com a renda do consumidor. É o conjunto de cestas possíveis que atendem à seguinte equação: Graficamente, o conjunto orçamentário será representado pela área hachurada abaixo: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 35 Segundo Varian: “O conjunto orçamentário é formado por todas as cestas que podem ser adquiridas dentro de determinados preços e renda do consumidor” Por outro lado, quando essa desigualdade da equação passa a ser uma igualdade, temos a reta de restrição orçamentária. Ela pode ser representada graficamente pela linha vermelha do gráfico acima e matematicamente pela seguinte equação: Segundo Varian: “A reta orçamentária é o conjunto de cestas que custam exatamente m: mxpxp 2211 São as cestas de bens que esgotam a renda do consumidor.” Podemos observar no gráfico que quando a reta orçamentária toca um dos eixos, o consumidor optou por gastar toda a sua renda com um único bem. No ponto em que a reta toca o eixo x, o consumidor não irá adquirir nenhuma unidade de y e gastará todos os seus recursos na aquisição do bem x. Logo: De forma análoga, quando toda a renda do consumidor é utilizada para comprar apenas do bem y, temos que o consumo do bem x é igual a zero e a quantidade que pode ser adquirida de y é: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01– Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 36 Um fato importante é a inclinação da reta de restrição orçamentária. Vamos calcular a tangente do ângulo abaixo para podermos verificar quais variáveis determinam a inclinação dessa reta. Sabemos que a tangente de um ângulo é igual à razão entre o cateto oposto e o cateto adjacente. Logo: Essa é uma relação muito importante. Chegamos à conclusão de a inclinação da reta de restrição orçamentária não depende da renda do consumidor, mas apenas da razão entre os preços dos bens. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 37 QUESTÕES PROPOSTAS Enunciado para as questões 42 a 46 Em relação à teoria microeconômica, assinale a opção correta. Questão 42 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se a elasticidade-preço da demanda por um bem for igual a - 0,5, então esse bem será elástico. Questão 43 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se a elasticidade-renda da demanda de um bem é igual a 0,5, então esse bem será um bem inferior. Questão 44 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se um aumento no preço de um bem gera como resultado o aumento da quantidade demandada por outro bem, então esse outro bem é denominado bem de Giffen. Questão 45 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se a elasticidade cruzada entre dois bens for positiva, então esses bens são bens complementares. Questão 46 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se um aumento de renda gera, como resultado, a redução da quantidade demandada de um bem, então esse bem é denominado bem de Giffen. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 38 Enunciado para as questões 47 a 51 A respeito das equações de oferta Q = 100 + 5P e de demanda Q = 500 - 15P, assinale a opção correta. Questão 47 (CESPE – TJ/RO – 2012) – O preço de equilíbrio é igual a 5 unidades monetárias. Questão 48 (CESPE – TJ/RO – 2012) – A quantidade de equilíbrio é igual a 100 unidades. Questão 49 (CESPE – TJ/RO – 2012) – No ponto de equilíbrio (P*, Q*), a demanda será elástica em relação ao preço. Questão 50 (CESPE – TJ/RO – 2012) – A demanda será inelástica em relação ao preço no ponto de equilíbrio (P*, Q*). Questão 51 (CESPE – TJ/RO – 2012) – O preço de equilíbrio é igual a 15 unidades monetárias. Enunciado para as questões 52 a 55 Com base na teoria microeconômica clássica, avalie as opções. Questão 52 (CESPE – SEGER /RS – 2013) – Um bem é considerado inferior se a queda do preço do bem gera redução da quantidade demandada. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 39 Questão 53 (CESPE – SEGER /RS – 2013) – Em se tratando dos bens de Giffen, a curva de demanda do bem é positivamente inclinada. Questão 54 (CESPE – SEGER /RS – 2013) – Todo bem inferior é, por definição, um bem de Giffen. Questão 55 (CESPE – SEGER /RS – 2013) – A elasticidade-preço do bem de Giffen é negativa. Enunciado para a questão 56 Acerca da teoria do consumidor, julgue os itens subsequentes. Questão 56 (CESPE – BASA - Economista – 2010) – Considere que os bens substitutos perfeitos, x1 e x2, sejam representados pela função utilidade u(x1,x2) = x1+x2. Nesse caso, a função utilidade v(x1,x2) = (x1+x2) 2 não pode representar a preferência pelos mesmos dois bens substitutos. Enunciado para as questões 57 e 58 Acerca do conjunto orçamentário do consumidor, julgue os itens subseqüentes. Questão 57 (CESPE – Ministério da Saúde – Economista – 2009) – O conjunto orçamentário do consumidor engloba todas as cestas de consumo possíveis, excluindo-se apenas as cestas sobre a reta orçamentária. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 40 Questão 58 (CESPE – Ministério da Saúde – Economista – 2009) – A restrição orçamentária da forma mxxp 211 , em que p1 é o preço do bem 1 e x1 e x2 são, respectivamente, as quantidades dos bens 1 e 2, indica que o preço do bem 2 é igual a zero. Enunciado para as questões 59 e 60 A teoria microeconômica examina o comportamento das unidades econômicas específicas e analisa questões como a determinação dos preços e da produção das firmas bem como as escolhas dos consumidores. Acerca desse tópico, julgue os itens. Questão 59 (CESPE – Ministério dos Esportes – Economista – 2008) – Para os consumidores que acham que uma refeição dever ser sempre acompanhada de uma taça de vinho, as curvas de indiferença entre esses dois bens são lineares. Questão 60 (CESPE – Ministério dos Esportes – Economista – 2008) – O fato de as pessoas maximizarem seus níveis de utilidade e considerarem que a utilidade marginal derivada do consumo de determinado bem é decrescente conflita com a existência de uma curva de demanda negativamente inclinada para esse mesmo bem. Questão 61 (CESGRANRIO – Empresa de Pesquisa Energética – 2007) – Um consumidor tem renda de R$100,00 /mês e gasta 50% da mesma comprando remédios. Se o preço dos remédios aumentar 10% e os demais preços permanecerem os mesmos, para comprar a mesma cesta de bens, ou seja, manter sua renda real, o consumidor teria que auferir a renda monetária, em reais, de: a) 115,00 b) 110,00 c) 105,00 d) 100,00 e) 95,00 Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 41 Questão 62 (CESGRANRIO – TJ Rondônia – Economista Junior – 2008) – Um consumidor tem renda igual a R$ 100,00 e gasta R$ 20,00 com alimentação, R$ 30,00 com aluguel e R$ 5,00 com roupas. Se a alimentação aumentar de preço 10%, o aluguel diminuir 10% e as roupas encarecerem 20%, os demais preços permanecendo constantes, a variação da renda real do consumidor será a) nula. b) aproximadamente menos 2%. c) exatamente menos 1%. d) aproximadamente mais 1%. e) exatamente mais 2%. Questão 63 (CESGRANRIO – ANP – Economista – 2009) – Um consumidor tem renda igual a R$ 1.000,00, gasta 20% da mesma com transporte e outros 30% com o aluguel de sua casa. Se no transporte houver uma redução de preço de 20% e o aluguel aumentar 10%, não ocorrendo nenhuma outra variação de preço, o poder de compra da renda do consumidor (sua renda real) a) aumentará, aproximadamente, R$ 100,00. b) aumentará, aproximadamente, 15%. c) aumentará, aproximadamente, 1%. d) diminuirá, aproximadamente, 1%. e) não sofrerá alteração. Questão 64 (CESGRANRIO – Ministério Público Rondônia – Economista – 2005)– Uma curva de indiferença é o lugar geométrico dos pontos nos quais o consumidor: a) vai sempre preferir as cestas de bens localizadas mais à direita na curva. b) vai sempre preferir as cestas de bens localizadas mais à esquerda na curva. c) é indiferente entre as cestas de bens. d) é incapaz de calcular sua utilidade total. e) é incapaz de calcular sua utilidade parcial. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 42 Questão 65 (CESGRANRIO – Eletrobrás – Economista – 2010) – A função utilidade de uma pessoa, com renda de 100 unidades monetárias mensais, é dada pela expressão U = XY, onde U é a sua utilidade, X e Y são as quantidades dos dois bens consumidos. Os preços por unidade de X e de Y são iguais, e o consumidor maximiza sua utilidade sujeito à restrição de renda. Nesse caso, para essa pessoa, a) X e Y são bens inferiores. b) os gastos com X são o dobro dos gastos com Y. c) os gastos com X são de 60 unidades monetárias/mês. d) as curvas de indiferença entre X e Y são retilíneas. e) a elasticidade renda da demanda por X é igual a 1. Questão 66 (CESGRANRIO – Petrobrás – Economista Junior – 2010) – Uma pessoa tem curvas de indiferença entre dois bens, A e B, em ângulo reto, conforme se vê no gráfico abaixo. Os bens A e B são a) substitutos. b) complementares. c) inferiores. d) normais. e) essenciais. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 43 Questão 67 (CESGRANRIO – Petrobrás – Economista Junior – 2005) – A função de demanda do bem “1”, substituto perfeito do bem “2”, quando os preços de ambos os bens são iguais, será dada por (onde m representa a restrição orçamentária do consumidor): a) x1 = m/p1 b) x1 = 0 c) x1 = x2 d) x1 = 1 e) 0 ≤ x1 ≤ m/p1 Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 44 QUESTÕES RESOLVIDAS Enunciado para as questões 42 a 46 Em relação à teoria microeconômica, assinale a opção correta. Questão 42 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se a elasticidade-preço da demanda por um bem for igual a - 0,5, então esse bem será elástico. Resolução: Um bem é elástico quando a variação na quantidade é proporcionalmente maior do que a variação no preço do bem. Portanto, para que um bem seja considerado elástico, a elasticidade-preço da demanda, em módulo, deve ser maior do que 1. Como a elasticidade é igual a – 0,5, em módulo igual a 0,5, o bem é considerado inelástico. Sendo assim, a questão está ERRADA. Gabarito: E Questão 43 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se a elasticidade-renda da demanda de um bem é igual a 0,5, então esse bem será um bem inferior. Resolução: O sinal da elasticidade-renda da demanda é que irá definir se um bem é normal ou inferior. A magnitude diz apenas como que ocorrerá a mudança na magnitude do consumo do bem. Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 45 Se a elasticidade-renda da demanda for positiva, o bem será normal. Caso ela seja negativa, o bem será considerado inferior. Sendo assim, o item está ERRADO. Gabarito: E Questão 44 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se um aumento no preço de um bem gera como resultado o aumento da quantidade demandada por outro bem, então esse outro bem é denominado bem de Giffen. Resolução: Um bem é considerado de Giffen se a quantidade demandada e o preço forem grandezas diretamente proporcionais. Portanto, se o aumento do preço de um bem gerar um aumento na quantidade demandada, esse bem é de Giffen. Cabe esclarecer que alguns poucos autores e professores falam que um aumento do preço levando a um aumento da demanda que o bem é de Veblen. Essa é uma questão que derruba essa teoria ou esses professores. Matematicamente, nós podemos dizer o seguinte: Sendo assim, o item está CERTO. Gabarito: C Questão 45 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se a elasticidade cruzada entre dois bens for positiva, então esses bens são bens complementares. Resolução: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 46 A elasticidade-cruzada da demanda indica se os bens são complementares ou substitutos. Vamos, por meio de um exemplo, definir o sinal dos bens substitutos. Imaginemos dois bens substitutos: maçã e pêra. Se o preço da maçã aumenta, haverá uma redução na demanda por maçã e, consequentemente, um aumento na demanda por pêra. A elasticidade cruzada da demanda é representada pela seguinte fórmula: ⁄ ⁄ . Observe que a variação do preço da maçã é positiva e a variação da demanda da pêra também é positiva. Assim, se dois bens forem substitutos, a elasticidade cruzada é positiva. E, consequentemente, se dois bens forem complementares, a elasticidade cruzada deles é negativa. Sendo assim, o item está ERRADO. Gabarito: E Questão 46 (CESPE – TJ/RO – 2012) – Se um aumento de renda gera, como resultado, a redução da quantidade demandada de um bem, então esse bem é denominado bem de Giffen. Resolução: Sabemos que todo bem de Giffen é inferior, dado que o conjunto dos bens de Giffen é subconjunto dos bens inferiores. No entanto, se um aumento na renda provoca redução na quantidade desse bem, temos que esse bem é inferior. No entanto, como nem todo inferior é Giffen, não podemos afirmar o que a questão descreve. Sendo assim, o item está ERRADO. Gabarito: E Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 47 Enunciado para as questões 47 a 51 A respeito das equações de oferta Q = 100 + 5P e de demanda Q = 500 - 15P, assinale a opção correta. Questão 47 (CESPE – TJ/RO – 2012) – O preço de equilíbrio é igual a 5 unidades monetárias. Resolução: O primeiro passo dessa questão é igualar a oferta com a demanda, ou seja, as duas equações dadas pela questão. Portanto, o preço de equilíbrio é igual a R$20,00. Sendo assim, o item está ERRADO. Gabarito: E Questão 48 (CESPE – TJ/RO – 2012) – A quantidade de equilíbrio é igual a 100 unidades. Resolução: Para encontrarmos a quantidade de equilíbrio, nós temos que substituir o preço nas equações de Oferta ou Demanda. Veja: Noções de Economia – Agente da Polícia Federal Aula 01 – Teoria do Consumidor Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. César de Oliveira Frade 48
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