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Direitos Humanos LGBT

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Universidade Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni
Clemente de Souza
Daniel Gonçalves
Jordana Souza
Lorrany Vesfal
Mariana Luiz
Comunidade LGBT
Teófilo Otoni
2017
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem a finalidade de apresentar os principais direitos adquiridos pela comunidade LGBT e sua luta contra o fim do preconceito e da igualdade social, juridicamente falando, falando especificadamente sobre os direitos de Casamento, Adoção, Reprodução Assistida, Registro Parental e da luta a favor da Criminalização da Homofobia.
O movimento LGBT tem se destacado cada vez mais na mídia, nas relações (de trabalho, educação, sociais, etc) e no meio familiar. Mesmo com os holofotes voltados à questão, as polêmicas que envolvem o meio, ainda há falta de conhecimento geral em relação a situação legal do movimento no Brasil. 
CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA
Para adentrar no tema Homofobia e sua criminalização, é preciso primeiramente entender o que essa palavra significa. De acordo com o Dicionário da língua portuguesa, homofobia significa “Repulsa ou preconceito contra a homossexualidade ou os homossexuais”. Ela acontece através agressão verbal, psicológica, física e da discriminação, levando a inúmeras consequências como, por exemplo, depressão, ou a morte. Muitos chegam ainda a reprimir sua orientação sexual por medo de serem atacados. Nos últimos anos, muito se tem falado sobre o tema e o grande numero de vitimas que a homofobia tem feito no Brasil. A grande questão é que há uma necessidade de se criminalizar a homofobia baseando-se nos direitos iguais e no Art3º, IV, CF/88  promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Da mesma forma que o negro tem uma lei específica que o defende contra o racismo, ou a mulher que tem a lei "Maria da penha", a sociedade LGBT também deveria ter alguma lei inerente que a proteja contra a violência. Mesmo o artigo não citando diretamente a Homofobia, ela está inserida em ‘quaisquer outras formas de discriminação’ ou pelo menos deveria estar. No ano de 2001, a então deputada Iara Bernardi apresentou a proposta de nº 5003/2001 (apelidada hoje como PLC 122 de 2006) que criminaliza e descriminação por gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero, “Alterando os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de Janeiro de 1989, e o § 3º do art. 140 do Código Penal, para incluir a punição por  discriminação ou preconceito de gênero e orientação sexual.” No decorrer do processo de votação, O PL sofreu inúmeras alterações em seu texto. Ele foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado Federal. Antes de ser votado no senado, passou por varias comissões incluindo a de direitos humanos e de assuntos sociais. Foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais, mas não chegou a ser votado pela Comissão de Direitos Humanos, por desentendimentos entre os senadores. Atualmente, o projeto encontra-se arquivado desde 2014.
Enquanto ainda não temos uma Lei federal aprovada tratando do assunto, felizmente o Estado de São Paulo da um grande exemplo com a Lei 10.948/01 que penaliza justamente a homofobia (discriminação em razão de orientação sexual). As penalidades são de caráter administrativo, variando de advertências, multas e ate mesmo suspensão ou cassação da licença estadual de funcionamento.
CASAMENTO HOMOAFETIVO
Segundo o art. 266 da CF/88, a família, base da sociedade, tem proteção do Estado. Apesar de não conceituada pela Constituição, o conceito de família possui diversas acepções doutrinárias, sendo assim caracterizada como um conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. No entanto, com o passar das gerações, há uma evolução no sentido da expressão família perante os seus membros. Acompanhando-se dessa evolução, surgem diversos acontecimentos jurídicos que culminaram no reconhecimento do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o casamento homoafetivo. 
No Brasil, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo esta assegurado por decisão do STJ (Supremo Tribunal Federal), garantindo a equiparação da união homossexual à heterossexual, e da Resolução nº 175, de 14 de maio de 2013 do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que torna obrigatório aos cartórios a realização das cerimônias. Também de grande relevância para o direito brasileiro, o julgamento conjunto da ADPF 132 e da ADI 4277, que versam sobre as uniões homoafetivas, representou uma genuína quebra de paradigmas e um avanço para o Direito das Famílias. Tais decisões se basearam nos princípios de liberdade, e o de igualdade, buscando a promoção do bem de todos sem preconceitos quanto à origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação, previstos na Constituição. Mesmo com esse direito já garantido, pessoas envolvidas com a causa, políticos e a própria comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), lutam em busca de alterações em artigos do Código Civil e a Constituição Federal.
É válido ressaltar que os benefícios adquiridos através dessas mudanças não se limitam apenas à casais brasileiros, mas também a seus parceiros estrangeiros. Apoiando-se sobre a decisão do STF quanto a união homoafetiva, o governo garante a parceiros estrangeiros de cidadãos brasileiros o direito ao visto de permanência, podendo assim o parceiro vir a residir e realizar o casamento no Brasil, sendo a ele futuramente garantido amplos direitos do estrangeiro residente, caso cumpra todos os requisitos necessários, e no casamento, até mesmo um tradutor, caso o estrangeiro não saiba falar português, para que seja realizada a cerimônia sem impedimentos. 
ADOÇÃO ENTRE CASAIS HOMOAFETIVOS
Atualmente a legislação brasileira define os requisitos mínimos de adoção através do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), que a partir do artigo 42 traz tais requisitos, que são eles: 
Ter, no mínimo, 18 anos, independentemente do estado civil (sim, os solteiros também podem adotar);
Ter uma diferença mínima de 16 anos em relação à criança;
Não ser irmão nem ascendente da criança que será adotada;
Para que duas pessoas adotem conjuntamente, devem ser casadas ou viverem em união estável.
A legislação não traz nenhuma vedação desfavorável a comunidade LGBT em relação a adoção, ela não faz distinção de gênero entre os casais, mas é um requisito que todavia foi ameaçado pelo Estatuto da Família.
Só em 2015, 4 anos depois do reconhecimento da união estável entre cônjuges do mesmo sexo o STF reconheceu a adoção entre um casal homoafetivo através da ministra Carmem Lucia, mostrando que o espaço LGBT tem se consolidado cada vez mais na sociedade brasileira.
Antigamente, quando a união homossexual não era juridicamente reconhecida como entidade familiar, muitas vezes se negava a adoção por casais gays sob a alegação que a dupla não vivia em união estável, nem era casada, requisito essencial estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.Mas atualmente, após a equiparação de direitos das uniões homoafetivas com as heteroafetivas, o impedimento desapareceu, e se tornou possível que gays e lésbicas atendam todos os requisitos estabelecidos pelo Estatuto.
REPRODUÇÃO ASSISTIDA
A sociedade ainda munida de princípios retrógrados permanecem com o pensamento de que o homossexualismo é algo influenciável, lutando então pela privação dos meios onde famílias homoafetivas possam adotar ou ter filhos biológicos, pelo fato de que se a criança não viver em um lar heterossexual ela se tornará homossexual. Levando em conta de várias pessoas homossexuais que nasceram e cresceram em lares heterossexuais. Falar em relacionamento homoafetivo até algum tempo atrás era algo estranho e muito mal recebido pelas pessoas. Se tratando então de casais homoafetivos terem filhos, era algo negado legalmente. Atualmente, além da adoção,
os casais homoafetivos podem recorrer às técnicas de reprodução assistida para realizarem o desejo de se tornarem pais e mães biológicos. Especialmente a partir do advento da Constituição Federal de 1988,o conceito de família vem se ampliando, devido ao fato do reconhecimento de novas entidades familiares além daquela formada a partir do matrimônio, passando a ser definida como uma instituição pluralista, tendo como fim o afeto, e estabelecendo-se independentemente da escolha sexual de seus pares. Os novos conceitos e sentidos a respeito da família e da parentalidade vêm sendo reconstruídos na contemporaneidade, evidenciando que a família assumiu os mais variados arranjos além do tradicional casamento, constituindo-se como família informal, monoparental e também homoafetiva. As mudanças sofridas na família deram-se em razão das mudanças referentes às novas funções e novos papéis sociais de seus membros, permitindo a configuração eudemonista da família, na qual há maior valorização do envolvimento afetivo, da realização plena de seus membros e do respeito mútuo. Nesse novo tempo, a doutrina moderna do direito familiar defende uma visão pluralista do conceito de família, onde é inserido os mais diversos arranjos familiares, por exemplo, a união estável que passou de uma sociedade de fato para a sociedade de afeto, colocando no mesmo nível social a união homoafetiva e a união heterossexual. Dias e Reinheimer (2014,p.3) postulam que “como qualquer família, as uniões homoafetivas também têm o direito de consolidar seus vínculos de afeto por meio de filhos. O direito ao planejamento familiar e à filiação é direito de todos”. Nos dias de hoje o termo que se é usado é o parentalidade;, que surge com as mudanças na concepção da infância, da família e do papel do casal parental. Com isso, nasce a necessidade de construir um conhecimento acerca das novas formas de se relacionar e vivenciar a parentalidade, que podem variar entre a monoparentalidade por opção, a pluriparentalidade e a homoparentalidade. Esta última forma, ressalta que ao menos um indivíduo homossexual assume a responsabilidade por uma criança (RODRIGUES; GOMES, 2012). Na França deu-se início em 1997, pela APGL ( Associação de Pais e Futuros Pais Gays e Lésbicas) o termo HOMOPARENTALIDADE. Que baseia-se em que ao menos um indivíduo homo assuma a responsabilidade por uma criança.
 
REGISTRO PARENTAL
Na última terça-feira, dia 12 de abril, o CNJ confirmou novas regras para o registro de crianças geradas por técnicas de reprodução assistida. As normas são válidas tanto para casais heterossexuais, quanto para casais homossexuais.
Agora, está dispensada a necessidade de recorrer à Justiça para obter a certidão de nascimento. Nos casos de pais heterossexuais casados ou em união estável, apenas um deles terá que ir ao cartório. Nos casos de pais homoafetivos casados ou em união estável, o documento terá que informar como pais ou como mães os nomes dos dois.
Fica determinado, também, que o conhecimento da ascendência biológica não importará no reconhecimento de vínculo de parentesco entre o doador ou a doadora e a criança gerada.
Os cartórios estão proibidos de se recusar a registrar as crianças geradas por reprodução assistida, sejam filhos de héteros ou homossexuais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
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SÃO PAULO (Estado). LEI Nº 10.948, DE 05 DE NOVEMBRO DE 2001. Lex: Assembleia legislativa, Projeto de lei nº 667/2000, do deputado Renato Simões - PT.
SOCIOLOGIA JURÍDICA, Revista de Sociologia Jurídica, 2013: Disponível em: <https://sociologiajuridicadotnet.wordpress.com/reproducao-assistida-e-familias-homoafetivas/>. Acesso em: 18/04/2017.

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