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Linguística I - AP1 2018-2 - Gabarito

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de 
Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras – UFF / CEDERJ 
 
 
Disciplina: Linguística I 
 
Coordenadora: Profª Silvia Maria de Sousa 
 
AP1 – 2018.2 
 
GABARITO 
 
1. Diferencie: linguagem, língua e fala e explique qual é o objeto da Linguística 
para Saussure. (2,5) 
Linguagem é a capacidade humana de se comunicar por meio de um sistema 
organizado, sistema esse definido como língua. O ato individual de utilização 
do sistema, isto é, da língua, é a fala. 
Para Saussure, dado que a linguagem era heteróclita, um todo multiforme, fez-
se necessário construir um único objeto, autônomo e homogêneo, para a ciência 
linguística. Este objeto é a língua. Ao eleger a língua como objeto de estudo 
científico, o que Saussure desejava era olhar para ela como uma estrutura, um 
sistema, passível de ser descrito cientificamente. A língua era passível dessa 
descrição por ser social e independente do indivíduo. Já a fala, a parte individual 
da linguagem, era impossível de ser sistematizada. 
 
2. Considere a citação, a seguir, para dissertar sobre a noção de valor em 
Saussure: 
“[...] o valor de um termo resulta tão somente da presença simultânea de outros” 
(SAUSSURE, 1970, p. 133). (2,5) 
Enquanto a significação está no plano do signo, da relação estabelecida entre a 
imagem auditiva e seu conceito, o valor se estabelece na relação desse mesmo 
signo como a contraparte dos outros signos da língua, isto é, o valor de um termo 
depende dos demais que o antecedem e o sucedem na cadeia fônica. Por um 
lado, o conceito é a contraparte da imagem auditiva no interior do signo, e, por 
outro lado, esse mesmo signo, ou seja, a mesma relação que une significado e 
significante é, da mesma forma, a contraparte de todos os outros signos da 
língua. A palavra carneiro, em português, por exemplo, tem a mesma 
significação de sheep ou mutton, do inglês, e mouton, em francês. No entanto, 
carneiro não tem o mesmo valor de sheep ou mutton, pois o valor de sheep (o 
animal carneiro), no inglês, é dado em oposição à existência de mutton (a carne 
do carneiro), oposição essa que não ocorre em português ou francês. 
 
3. Explique a metáfora do jogo de xadrez, usada por Saussure, relacionando-a 
à noção de sistema. (2,5) 
A noção de valor é crucial para o Estruturalismo, escola de pensamento que se 
desenvolveu a partir de alguns dos conceitos saussurianos. Para Saussure, “se 
as palavras fossem encarregadas de representar conceitos dados de antemão, 
cada uma delas teria, de uma língua para a outra, correspondentes exatos para 
o sentido” (CLG, 2006 : 134). No entanto, não é isso que ocorre. Assim, podemos 
afirmar que o valor de um termo é dado no interior do sistema, a partir daquilo 
que o rodeia, isto é, na comparação com os outros termos do sistema. Portanto, 
de acordo com a noção de valor saussuriana, um signo é aquilo que os outros 
não são. A famosa metáfora do xadrez usada pelo linguista suíço explica 
perfeitamente o conceito de valor e a concepção de que a língua é forma e não 
substância: não importa de que propriedades materiais é feita a rainha; o 
importante é saber sua posição (sua função) nas regras do jogo e sua posição 
em relação às outras peças. 
 
 
4. Explique o que vem a ser sintagma e paradigma, com base no trecho da 
canção de Moska: (2,5 pontos) 
 
Se eu não procuro agora 
O que encontramos antes 
É só porque a noite chora 
Lágrimas de diamantes 
Lágrimas de diamantes 
À noite, lágrimas de diamantes 
De dia lágrimas, à noite amantes 
Lágrimas de diamantes 
 
As relações sintagmáticas estão baseadas no princípio da linearidade do signo, 
que define, de acordo com Saussure, a impossibilidade de se pronunciar dois 
elementos ao mesmo tempo. Alinhados um ao outro na cadeia de fala, tais 
elementos são chamados de sintagmas. Em um sintagma, um termo só adquire 
valor porque está em oposição àquele que o precede ou àquele que o segue ou 
aos dois – eis a relação de dependência entre os termos, que se dá, portanto, 
em presença de dois ou mais termos numa série, como a construção do 4º verso 
da canção, por exemplo, formando pelo sintagma nominal [Lágrimas de 
diamantes], que, por sua vez, apesar da separação em versos, está em uma 
relação de dependência com o sintagma que forma o 3º verso [E só porque a 
noite chora]. 
 
Já as relações associativas ou paradigmáticas têm como apoio a memória da 
língua e unem termos em comum (classe morfossintática ou semântica, por 
exemplo) por ausência. Assim, em sua canção, Moska joga com as combinações 
de classes de palavras quando, no 2º verso, usa “antes”, suscitado pelo “agora” 
escolhido para o 1º verso, ambos cumprindo função de advérbio. O mesmo 
acontece com as locuções adverbiais “À noite” e “De dia”, no 6º e no 7º versos, 
respectivamente. Além disso, o compositor se vale do paradigma da expressão 
que aproxima sonoramente a palavra “diamantes” ao grupo de palavras “de dia 
amantes” para compor um jogo de sentidos na canção.

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