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Direito Civil

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RESUMO DE
DIREITO CIVIL
SUMÁRIO
RESUMO DE DIREITO CIVIL
RESUMO DE DIREITO CIVIL
RESUMO DE DIREITO CIVIL
	
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS
DO DIREITO BRASILEIRO
INTRODUÇÃO
A lei 12.376/2010 alterou a antiga Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), sem, contudo, alterar seu conteúdo, dando-lhe apenas “maior abrangência”.
VIGÊNCIA DAS NORMAS JURÍDICAS
O direito brasileiro sempre foi filiado à escola Civil Law. A introdução da Súmula Vinculante pela EC n° n° 45/04 obriga somente os órgãos judiciários e da administração pública, direta ou indireta, não alcançando todas as pessoas. Por essa razão, não podemos dizer que o direito brasileiro caminha em direção à Common Law. Além disso, o princípio da legalidade (art. 5° II), determina que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei”, reforçando a ideia de aderência estrita ao Civil Law.
Art. 1° Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
Quando a lei nova não previr prazo determinado de vacatio, ela entrará em vigor 45 dias após sua publicação no país e 90 dias após no estrangeiro. 
Contagem dos prazos
Nos termos da LC 95/1998 (art. 8°, § 1°, caput), quando a lei nova estabelecer prazo de vacância, a contagem desse prazo far-se-á com inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia seguinte, sendo irrelevante se qualquer das datas citadas é útil ou não. Exemplificando:
	Data da publicação
	Prazo de vacatio legis
	Início da contagem
	Fim do vacatio
	Início da vigência
	10/09/2015
	30 dias
	10/09/2015
	09/10/2015
	10/10/2015
 
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
Havendo norma corretiva, reinicia-se o prazo de contagem, na forma do artigo 1° da LINDB e do art. 8°, § 1°, da LC n° 95/98.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA LEI
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
REVOGAÇÃO DA LEI
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
A revogação da lei poderá ser total ou parcial.A revogação total, ou ab-rogação, ocorre quando a lei nova substitui integralmente a lei anterior, “matando-a”. Foi o caso do CC/16 pelo CC/02. A revogação parcial, ou derrogação, se dá quando uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior. Foi o caso do Código Comercial de 1850 pelo Código Civil (parte do CCom permanece em vigor).
Nos termos do art. 2°, § 1°, a lei posterior revoga a anterior quando (§ 1°):
Expressamente o declare – trata-se da chamada revogação expressa, que ocorre quando a lei nova contém o que a LC 95/98 chama de “cláusula de revogação” (art. 9°). Determina o art. 9° que “a cláusula de revogação deverá enumerar expressamente a lei ou disposições revogadas”. Assim o fez o CC/02 com relação ao CC/16 e à Primeira Parte do CCom/1850.
Seja com ela incompatível ou regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior - em ambos os casos ocorre a denominada revogação tácita ou por via oblíqua, ou seja, o critério temporal, aplicável ao conflito aparente de normas, conduz à conclusão de que a lei posterior revoga toda e qualquer disposição legal em sentido contrário que lhe seja mais antiga. 
Para que não ocorra a revogação tácita, a lei nova deverá afastar expressamente a revogação, como se observa no Código Civil de 2002:
Art. 2.043. Até que por outra forma se disciplinem, continluam em vigor as disposições de natureza processual, administrativa ou penal, constantes de leis cujos preceitos de natureza civil hajam sido incorporados a este Código.
PROIBIÇÃO DE REPRISTINAÇÃO DAS LEIS COMO REGRA
Art. 2° 
(...) 
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
O repristinação consiste no retorno à vigência de uma norma, em virtude da revogação da norma que a havia revogado. O efeito repristinatório de norma revogada por outra lei é vedado art. 2°, § 3°, da LINDB. Essa é a regra. No entanto, existem três exceções:
Quando a nova lei for declarada inconstitucional em controle concentrado de constitucionalidade – a declaração de inconstitucionalidade consiste no reconhecimento da nulidade da norma legal, segundo a doutrina majoritária e o STF. Com isso, a norma atacada, que era aparentemente válida (tanto que revogou a norma anterior), tem sua invalidade declarada, perdendo todos os seus efeitos, inclusive a força revogadora. Só o controle abstrato concentrado tem o poder de, por si só, retirar do ordenamento jurídico uma norma. No controle difuso, o tribunal declara a inconstitucional a norma apenas incidentalmente, ou seja, simplesmente afasta a sua incidência no caso concreto, com efeitos inter partes, não interferindo na vigência da norma, salvo se o Senado Federal a retirar do ordenamento jurídico, como veremos no próximo item.
Quando tenha a execução suspensa por ato do Senado Federal, após ter sido julgada inconstitucional pelo STF em controle difuso – dispõe o art. 52, inciso X, da Constituição Federal que compete ao Senado Federal “suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”. A resolução só tem utilidade no controle difuso, porque dá efeito erga omnes a uma decisão de efeitos em princípio inter partes. Com a suspensão da execução da lei, a norma revogada volta a vigorar.
A eficácia da nova lei seja cautelarmente suspensa – quando, em ação direta de inconstitucionalidade, for deferida liminar para suspender a vigência da norma atacada, a consequência em regra será o restabelecimento automático da norma revogada. Para que isso não ocorra, o relator da ADI deverá declarar expressamente os efeitos de sua decisão, tal como determinar a não repristinação da norma revogada.
O legislador expressamente restaure a vigência da lei revogada – por fim, é possível que o legislador restabeleça expressamente a vigência de norma anterior. 
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
Generalidade – dirigida a todos os cidadãos; eficácia erga omnes.
Imperatividade – é cogente, impondo deveres e condutas para os membros da sociedade.
Permanência – a lei só desaparece pela revogação por outra lei. 
Competência – a norma somente terá eficácia se emanada da autoridade competente e respeitado o devido processo legal.
Autorização – o conceito contemporâneo de norma jurídica traz a ideia de uma autorizamento (a norma autoriza ou não autoriza determinada conduta), restando superada a tese de Kelsen segundo a qual não há norma sem sanção.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Para Tartuce e Maria Helena Diniz, o Direito Brasileiro adotou a teoria da necessidade social, em oposição a outras duas. Para esta teoria, o princípio da obrigatoriedade não pode ser visto como um preceito absoluto.[2: Teoria da ficção legal (obrigatoriedade) e Teoria da presunção absoluta (de que todos conhecem as leis). ]
Princípio da obrigatoriedade x Anulabilidade por erro de direito
O art. 139, III, do CC/02 prevê a possibilidade de anulação de um negócio jurídico quando a falsa noção estiver relacionada com um erro de direito (error juris), desde que este seja a única causa para a celebração do negócio e não haja desobediência à lei. Apesar disso, não há qualquer conflito com o art. 3° da LINDB, pois esta é geral e aquela (do art. 139, III) é especial.
FORMASDE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
ORDEM DE APLICAÇÃO DOS ELEMENTOS DE INTEGRAÇÃO
Para a doutrina clássica, o aplicador do direito (juiz) deve respeitar a ordem prevista no art. 4°: primeiro aplica a analogia; depois, os costumes; e, subsistindo a lacuna, aplica ao caso concreto os princípios gerais do direito.
A visão contemporânea, que prevalece, abandonou a ideia individualista do Direito Civil de 1800 para dar lugar ao Direito Civil Constitucional, procurando analisar o direito civil a partir dos parâmetros constitucionais em detrimento da obrigatoriedade de observância da ordem constante do art. 4° da Lei de Introdução. Trata-se de homenagem à eficácia horizontal dos direitos fundamentais.[3: Aplicação dos princípios não apenas nas relações verticais (Estado-indivíduo), mas também nas relações entre pessoas formalmente iguais.]
ANALOGIA
Consiste na aplicação de uma norma aproximada, quando não houver uma norma prevista para o caso concreto. Exemplo: aplicação de normas relativas às pessoas casadas para aquelas em união estável (v.g., venda de bens entre cônjuges quando aos bens excluídos da comunhão). 
A analogia pode ser legal (legis) ou jurídica (juris). Analogia legal é aplicação de norma aproximada, como no exemplo acima. Analogia jurídica é a aplicação de um conjunto de normas próximas. Exemplo: aplicação, por analogia, das regras da ação reivindicatória na ação de imissão de posse.[4: TJ/MG, Ag. Interno / 2009.]
A analogia não se confunde com a interpretação extensiva. Analogia é a aplicação rompendo-se o limite da norma (casos acima), enquanto no outro apenas se prolonga a aplicação da norma (subsunção). Exemplo: o art. 157 do CC consagra como vício ou defeito do negócio jurídico a lesão, podendo a parte lesada propor ação anulatória no prazo de 4 anos (art. 171, II). Entretanto, a parte beneficiada na lesão poderá propor a revisão do contrato, reequilibrando o negócio, prestigiando-se, assim, a regra da preservação e da função social dos contratos. Diante disso:[5: Quando uma pessoa, por necessidade ou inexperiência, submete-se a uma situação desproporcional por meio de um negócio jurídico. ]
Interpretação extensiva – aplicação deste mecanismo a um contrato usurário (Lei de Usura – DL 22.626/33). 
Analogia – aplicação desta ferramenta ao estado de perigo (art. 156). A lei não previu esta ressalva ao Estado de Perigo, tendo o legislador lançado mão da analogia para solucionar a situação de desequilíbrio contratual. 
Importante lembrar que as normas excepcionais, que são aquelas que restringem a autonomia privada, não admitem analogia ou interpretação extensiva, salvo para proteger vulnerável ou um valor fundamental. Exemplo: um pai pode hipotecar um imóvel sem a anuência dos demais filhos, pois a lei só prevê tal requisito para a venda. Porém, se o objetivo for proteger direito de incapaz, a analogia poderá ser aplicada. 
COSTUMES
Devem ser compreendidos como as práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica. É o caso do cheque pós-datado. Como não há lei proibindo a emissão de cheque pós-datado e tendo em vista as práticas comerciais, reconheceu-se a possibilidade de quebrar com a regra pela qual o cheque é ordem de pagamento à vista. Para Rubens Limongi França, “é necessário que o costume esteja arraigado na consciência popular após a sua prática durante um tempo considerável, e, além disso, goze da reputação de imprescindível norma costumeira”.[6: STJ, Súmula n° 370. ]
Os costumes não se confundem com os bons costumes. Estes últimos não substituem a norma em sua ausência, mas apenas servem de parâmetro para sua interpretação (subsunção). Exemplo: art. 13 do CC dispõe que “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes”.
Os costumes são chamados de costumes na falta da lei (praeter legem), enquanto os bons costumes são chamados de costumes segundo a lei (secundum legem).
A jurisprudência consolidada pode constituir elemento integrador do costume – os chamados costumes judiciários. Podem ser citados como exemplo os entendimentos constantes em súmulas do STJ, STF e TST.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
São regramentos básicos aplicáveis a um determinado instituto ou ramo jurídico, para auxiliar o aplicador do direito na busca da justiça e da pacificação social. São extraídos das normas jurídicas, dos costumes, da doutrina, da jurisprudência e de aspetos políticos, econômicos e sociais. Exemplos: “o direito não socorre a quem dorme”; “ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza”; viver honestamente; não lesar ninguém; dar a cada um o que é seu.
Os princípios se distinguem das normas porque, ao contrário destas, não são concretos, mas definidos segundo o espírito da lei, especialmente da CF. Também, os princípios podem deixar de ser aplicados, enquanto as normas são de aplicação obrigatória. Além disso, os princípios gerais do direito só terão lugar no caso de lacuna da lei, ou seja, havendo norma não há o que se falar em aplicação de princípios gerais do direito.
Equidade
É fonte informal e indireta do direito. Consiste no uso do bom-senso, a justiça do caso particular, mediante a adaptação razoável da lei ao caso concreto. É a convicção do que é justo.
Determina o art. 127 do CPC73 que “o juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei”. O Código Civil prevê hipóteses em que o juiz aplicará o princípio da equidade. 
A equidade é classificada em:
Equidade legal – quando a lei admite expressamente sua utilização. Exemplos: art. 413, art. 738, parágrafo único; art. 928, parágrafo único; art. 944, parágrafo único; art. 953, parágrafo único).
Equidade judicial – quando a lei determina que o magistrado deve decidir por equidade o caso concreto, independentemente de previsão em norma de direito material, conforme dispõe o art. 127 do CPC (“o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”). 
A distinção entre uma e outra é realmente difícil e por isso mesmo perde seu sentido prático.
APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA NO TEMPO
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
A regra é que a irretroatividade da norma jurídica. A retroatividade é, portanto, exceção. Para que uma norma jurídica retroaja, deve haver, primeiramente, previsão legal. De qualquer forma, lei nova que violar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido ou a coisa julgada será inconstitucional, por violar direito fundamental (art. 5°, XXXVI, da CF/88).
Direito adquirido
Art. 6°
(...)
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
É o direito material ou imaterial incorporado ao patrimônio de uma pessoa. Exemplo: o benefício previdenciário desfrutado por alguém. 
Ato jurídico perfeito
Art. 6°
(...)
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
É a manifestação de vontade lícita, válida e perfeita, realizada antes da vigência da lei nova. Exemplo: um contrato anterior à lei já celebrado e que esteja gerando efeitos.
Coisa julgada
Art. 6°
(...) 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 
A partir desses conceitos, pode-se afirmar que o direito adquirido é o mais amplo e engloba os demais, uma vez que a coisa julgada e o ato jurídico perfeito são, em melhor análise, direitos adquiridos por seu titular.
RELATIVIZAÇÃO DAS GARANTIAS
Entretanto, nenhuma proteção é absoluta, especificamente diante da ponderação de princípiose valores constitucionais. Há precedentes judiciais de relativização da coisa julgada, particularmente nos casos de ações de investigação de paternidade julgadas improcedentes por ausência de provas antes da criação e popularização do exame de DNA. Diante do conflito entre a proteção da coisa julgada (art. 5°, XXXVI) e o direito à verdade biológica (art. 1°, III), prevalece este último. [7: JDCivil, enunciado n° 109; STJ, REsp 226.436.]
O Código Civil de 2002 trouxe também hipóteses de relativização do direito adquirido e do ato jurídico perfeito, fundado no princípio da retroatividade justificada ou motivada. Dispõe o parágrafo único do art. 2.035: “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”. O dispositivo, que em primeira análise parece inconstitucional, na verdade está amparado na função social da propriedade, prevista no art. 5°, XXII e XXIII, da CF/88.
NORMAS GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO
Quanto à pessoa 
	Art. 7°
	Fato
	Local
	§ 1°
	Regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família
	Domicílio da pessoa
	§ 2°
	Regras sobre casamento no Brasil – impedimentos e formalidades
	Aplicam-se as leis brasileiras. 
Pode ser celebrado perante autoridade diplomática do país dos nubentes
	§ 3°
	Caso de invalidade do casamento de nubentes com domicílios diversos
	Aplicam-se as leis do primeiro domicílio conjugal.
	§ 4°
	Regime de bens, legal ou convencional
	Aplicam-se as leis do país de domicílio dos nubentes; se diferentes os domicílio, o primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.  
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. 
Este dispositivo deve ser interpretado à luz da EC 66/2010, que aboliu necessidade de separação antes do divórcio, permitindo o divórcio direto. Assim, não é mais necessário o lapso de 1 ano, pois a extinção da separação eliminou tal requisito.
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
O § 7° deve ser interpretado à luz do Novo Código Civil, que, em seu art. 1.567, determina que marido e mulher exercerão, em colaboração, a direção da sociedade conjugal. 
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. 
Considera-se “local onde se encontre” a moradia habitual.
QUANTO AOS BENS (ART. 8°)
	Art. 8°
	Bem
	Regra aplicada
	Caput
	Regra geral
	Lei do país onde estiverem situados
	§ 1°
	Bem portados pelo proprietário ou destinados a transporte para outros lugares
	Lei do país em que o proprietário for domiciliado
	§ 2°
	Bens dados em garantia (penhor)
	Lei do domicílio da pessoa em cuja posse se encontre a coisa empenhada
QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES (ART. 9°)
	Art. 9°
	Fato
	Regra aplicada
	Caput
	Regra geral
	Local onde foram constituídas (locus regit actum)
	§ 1°
	Contratos celebrados no exterior, destinados a produzir efeitos no Brasil, dependente de forma essencial prevista em lei nacional
	Lei brasileira
	§ 2°
	Contratos internacionais
	Local de residência do proponente
	Art. 435 do CC/02
	Contratos nacionais
	Local onde o contrato foi proposto (princípio da especialidade)
QUANTO À SUCESSÃO (ART. 10)
	Art. 10
	Bem
	Regra aplicada
	Caput
	Regra geral
	Lei do domicílio do defunto ou ausente (qualquer tipo de bem)
	§ 1°
	Bens de estrangeiros
	Lei mais favorável ao cônjuge ou filhos brasileiros, ou de quem os represente
	§ 2°
	Capacidade para suceder
	Lei do local de domicílio do herdeiro ou legatário (Lex domicilii)
QUANTO ÀS SOCIEDADES E FUNDAÇÕES (ART. 11)
	Art. 11
	
	Regra aplicada
	Caput
	As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações
	Lei do Estado em que se constituirem.
	§ 1°
	Filiais de empresas estrangeiras
	Dependem de aprovação prévia do ato constitutivo pelo governo brasileiro e se submetem às nossas leis.
	§ 2°
	Governos estrangeiros ou entidades estrangeiras dotadas de função pública
	Não podem adquirir imóveis ou bens suscetíveis de desapropriação
	§ 3°
	
	Salvo os imóveis destinados a sediar a representação diplomática ou consular.
QUANTO À COMPETÊNCIA JUDICIÁRIA (ART. 12)
	Art. 10
	
	Regra aplicada
	Caput
	Réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
	Competente a autoridade judiciária brasileira
	§ 1°
	Ações relativas a imóveis situados no Brasil.
	
	§2°
	Cumprimento de sentença estrangeira
	Competente a autoridade judiciária brasileira, observada a legislação do país deprecante quanto ao objeto da diligência, e após homologação do STJ. 
FATOS OCORRIDOS NO EXTERIOR E ÔNUS PROBATÓRIO
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar quanto ao ônus (quem deve provar) e aos meios de produzir-se (meio de prova). Os tribunais brasileiros só admitirão provas que a lei brasileira autorize.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.
Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência (art. 14).
EXECUÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça*(já alterei). 
*Anote-se que o art. 105, I, i, da CF foi alterado pela EC 45/04, passando a competência para homologar sentença estrangeira ao STJ.
APLICAÇÃO DA LEI ESTRANGEIRA
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Quando se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 17). Em razão disso, alguns tratados e convenções internacionais tem sua aplicabilidade mitigada faceàs normas de ordem pública presentes em nossa legislação. É o caso da Convenção de Montreal, que limita a indenização aos passageiros em casos de atrasos em voo, cancelamento de voo e extravio de bagagem. Tal limitação fere o Código de Defesa do Consumidor, que consagrou o princípio da reparação integral de danos (art. 6°, VI e VIII), o qual veda qualquer tarifação. Em face disso, o referido tratado não pode prevalecer, conforme decidiu o Superior Tribunal de Justiça.[8: Antiga Convenção de Varsóvia.][9: AgRg no Ag 1.343.941/RJ.]
REGISTROS PÚBLICOS DE BRASILEIROS NO EXTERIOR
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. 
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento
§ 2º É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.
Parágrafo único. No caso em que a celebração dêsses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. 
Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado (art. 18).
Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. (art. 19) 
RESUMO DE DIREITO CIVIL
RESUMO DE DIREITO CIVIL
Lei de introdução às normas de direito brasileiro
RESUMO DE DIREITO CIVIL
Pessoas naturais
PRINCIPIOLOGIA 
DO DIREITO CIVIL
PRINCÍPIOS NORTEADORES
	São princípios norteadores, desenvolvidos por Miguel Reale, que servem de base para o Código Civil: (i) operabilidade, (ii) eticidade e (iii) socialidade.
PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE
	Significa que deve ser clara para ser compreendida e, portanto, aplicada. Por isso, o Código Civil é claro na adoção de alguns conceitos, tais como a distinção entre prescrição e decadência e a distinção entre sociedade e associação. Comenta o professor que, em matéria de sucessão legítima, o legislador não prezou pela operabilidade, que inspirou o Código.
PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE
	Ao contrário do Código Civil de 1916, que seguiu o movimento oitocentista de proteção ao direito do indivíduo (fruto da Revolução Francesa), o Código Civil de 2002 privilegiou o interesse coletivo sobre o direito individual. Assim, o princípio da socialidade tem como base a premissa de que o interesse coletivo prevalece sobre o individual. Exemplo: função social da propriedade e seus reflexos, tais como a redução dos prazos de usucapião; e função social dos contratos, como norma de ordem pública (art. 2.035).[10: Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.]
PRINCÍPIO DA ETICIDADE
	O sistema abandona o rigorismo formal, típico de um sistema fechado, para a adoção de cláusulas gerais, cujo conteúdo (aberto) é preenchido pelo magistrado no caso concreto, inspirado por ditames éticos. Exemplo: a boa-fé objetiva; a adoção de equidade para redução da indenização (art. 928, parágrafo único, e art. 944, parágrafo único).[11: Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.]
PARTE GERAL 
DO CÓDIGO CIVIL
PESSOAS NATURAIS
INTRODUÇÃO
	A Parte Geral do Código Civil é formado pelos seguintes assuntos: (i) pessoas; (ii) bens; (iii) fato jurídico.
O fato jurídico pode ser definido como todo o acontecimento de origem natural ou humana que gere consequências jurídicas. Segundo a Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel Reale, ao lado da norma e do valor, o fato é elemento constitutivo do próprio direito.
Bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. 
As pessoas se dividem em (i) físicas (Código Civil) ou naturais (doutrina) e (ii) jurídicas (CC) ou coletivas (Portugal). As pessoas físicas são os seres humanos. As pessoas jurídicas, por sua vez, são entes aos quais o direito atribui personalidade (jurídica). A pessoa jurídica tem maior importância no estudo do direito empresarial, especialmente no que tange a sociedades. Portanto, este resumo se preocupará precipuamente com o estudo da pessoa física ou natural, no capítulo denominado DIREITO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL.
Toda pessoa, sem exceção, tem capacidade de direito (gozo). No entanto, nem todas podem exercer o direito (capacidade de fato), como se dá com os incapazes. Assim preceitua o art. 1º do Código Civil:
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Portanto:
Capacidade de direito: todos têm, sem exceção;
Capacidade de fato: só as pessoas em pleno gozo de sua capacidade têm.
LEGITIMAÇÃO X LEGITIMIDADE X PERSONALIDADE
Legitimação - É a capacidade especial para determinado ato ou negócio jurídico. Como primeiro exemplo, cite-se a necessidade de outorga conjugal para vender imóveis, sob pena de anulabilidade do contrato (art. 1.647, I, e 1.649), e a venda de ascendente para descendente, havendo necessidade de autorização dos demais descendentes e do cônjuge do alienante.
Legitimidade - É a capacidade processual, uma das condições da ação (art. 3° do CPC). O próprio legislador mistura legitimação e legitimidade.
Personalidade - É a soma de caracteres da pessoa, ou seja, aquilo que ela é para si e para a sociedade. Afirma-se doutrinariamente que a capacidade é a medida da personalidade.
PERSONALIDADE CIVIL
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
O NASCITURO
O nascituro é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu. Para Maria Helena Diniz, o embrião in vitro não detém os direitos do nascituro, em razão de sua vida extrauterina. Tartuce discorda.
Teorias sobre o nascituro
Teoria natalista (Venosa): defende que o nascituro não é pessoa; tem mera expectativa de direito. Parte de uma interpretação literale simplificada da lei. O nascituro seria uma coisa? Esta teoria está distante do surgimento das novas técnicas de reprodução assistida e da proteção dos direitos do embrião. Esta teoria acaba por negar ao nascituro os direitos fundamentais inerentes à personalidade.
Teoria da personalidade condicional (Washington de Barros): a personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas os direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição suspensiva, ou seja, direitos eventuais. Ela é apegada a questões patrimoniais, não respondendo ao apelo de direitos pessoais ou da personalidade em favor do nascituro. 
Teoria concepcionista (Mª Helena) (STJ): sustenta que o nascituro é pessoa humana, tendo direitos resguardados pela lei. Prevalece entre os doutrinadores contemporâneos do Brasil. Foi adotada pelo Código Civil Argentino. Consta do enunciado n° 1 da JDCivil. Prevalece no STJ. Tem previsão na Lei 11.804/2008 (Lei de alimentos gravídicos) e 11.105/2005 (Lei de biossegurança).
OS INCAPAZES NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
O Código Civil de 2002, em sua redação original, tratava da incapacidade civil absoluta e relativa da seguinte forma: 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Com a aprovação da Lei n° 13.146, de 06 de julho de 2015 – Estatuto da pessoa com deficiência, com vacatio legis de 180 dias (entrou em vigor em 2 de janeiro de 2016), houve significativa modificação no Código no que se refere à capacidade das pessoas com deficiência. Nesse ponto, a referida lei modifica o artigo 3° do Código Civil, que passa a ter a seguinte redação:
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Como pontua TARTUCE em artigo publicado na internet, em suma, a partir da vigência da Lei n° 13.146, não mais existe pessoa maior de idade absolutamente incapaz no sistema privado brasileiro. Como consequência, não haverá que se falar mais em ação de interdição absoluta no nosso sistema civil, pois os menores não são interditados. Todas as pessoas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil”.
A capacidade relativa também sofreu modificações, com supressão dos dispositivos que faziam menção às pessoas com deficiências:
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
A nova redação do artigo 4° norma passa a enunciar as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do art. 3º como situação típica de incapacidade absoluta. Agora a hipótese é de incapacidade relativa.
TARTUCE observa que: 
“Todavia, pode ser feita uma crítica inicial em relação à mudança do sistema. Ela foi pensada para a inclusão das pessoas com deficiência, o que é um justo motivo, sem dúvidas. Porém, acabou por desconsiderar muitas outras situações concretas, como a dos psicopatas, que não serão mais enquadrados como absolutamente incapazes no sistema civil. Será necessário um grande esforço doutrinário e jurisprudencial para conseguir situá-los no inciso III do art. 4º do Código Civil, tratando-os como relativamente incapazes. Não sendo isso possível, os psicopatas serão considerados plenamente capazes para o Direito Civil”.
Quadro comparativo – arts. 3° e 4° antes e depois da lei n° 13.146/15
	
	Antes da lei n° 13.146/2015
	Após a lei n° 13.146/2015
	Art. 3°
Absolutamente incapazes
	I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
	I - os menores de dezesseis anos;
	Art. 4°
Relativamente incapazes
	I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos.
	I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Em síntese:
Só será absolutamente incapaz o menor de 16 anos;
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade passam a ser relativamente incapazes e não mais absolutamente incapazes.
REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA AO INCAPAZ
Os absolutamente incapazes devem ser representados, sob pena de nulidade absoluta (art. 166, I). Já os relativamente incapazes devem ser assistidos, sob pena de anulabilidade do negócio (art. 171, I). A consequência, sendo distinta para um e outro caso, tem importantes consequências para o direito civil. A nulidade ou anulabilidade do negócio celebrado com pessoa incapaz visa à proteção do negócio jurídico e não do incapaz, tanto que um negócio celebrado com pessoa aparentemente capaz, mas que vem a ter sua incapacidade reconhecida em ação de interdição, prevalece a validade do negócio se a causa da incapacidade não era perceptível ao tempo da celebração do negócio, em nome da boa-fé. 
Exceções à representação e à assistência do menor
	As exceções são três:
O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que o maior de 12 anos deve concordar com a adoção, sob pena da adoção não ocorrer.
Há três hipóteses nas quais o menor de 16 anos pode praticar sozinho e não cabe anulação (exceções à incapacidade relativa): (i) ser testemunha, (ii) elaborar testamento e (iii) ser procurador extrajudicial.
Os absolutamente incapazes podem praticar as chamadas relações socialmente típicas (ou relações contratuais de fato) (Haupt), situações aceitas pela sociedade sem se questionar sua validade, tais como ocorre nos pequenos negócios praticados pelo menor (compra na cantina da escola, na banca de jornal, na padaria, no transporte público). O direito opta por ignorar a falta de discernimento na prática desses atos. 
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (ATENÇÃO PARA AS ALTERAÇÕES DA LEI N° 13.146/15)
Menores de 16 anos incompletos – menores impúberes - os atos praticados pelo menos de 16 anos podem produzir efeitos, especialmente aqueles a ele concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto. Ex: compra de um bem de consumo; consentimento do maior de 12 anos na adoção.
Pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil - É declarada através de processo de interdição – de natureza declaratória e cuja sentença deve ser registrada no registro civil da comarca em que residir o interdito (arts. 1.177 a 1.186 do CPC). A incapacidade por deficiência mental não se presume: a velhice só leva à interdição se originar um estado patológico. 
(Com a Lei n° 13.146/15, passa para o rol dos relativamente incapazes) Pessoas que, mesmo por causa transitória, não puderam exprimir sua vontade - enquadram-se neste item os surdos-mudos que não conseguem comunicar-se e as pessoas que perderam a memória. 
ATENÇÃO! Desde a edição doNovo Código Civil, o ausente não é mais considerado absolutamente incapaz.
RELATIVAMENTE INCAPAZES 
Atenção para as alterações da Lei n° 13.146/15!
Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos (menores púberes) – são relativamente incapazes, isto é, o direito reconhece a imaturidade. No entanto, permite-lhe a prática de determinados atos, independentemente de assistência, tais como: 
Casar-se, bastando autorização dos pais; 
Elaborar testamento; 
Servir de testemunha de atos e negócios jurídicos (podem depor em juízo – art. 405, § 1°, III, CPC73; art. 447, § 1°, III, NCPC)
Requerer registro de nascimento; 
Ser empresário, com autorização; 
Ser eleitor; 
Ser procurador extrajudicial.
Três observações:
A capacidade plena pode ser antecipada por meio da emancipação (art. 5°, par. único). 
A nova idade para atingir a capacidade civil plena não atingiu o benefício previdenciário, que continua devido até os 21 anos de idade. 
Os ébrios (alcoólatras), os toxicômanos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido – passam a ser incapazes após declaração em processo de interdição relativa, ou seja, a incapacidade do ébrio e do toxicômano não é presumida. Dependendo do grau de dependência, os ébrios e os toxicômanos podem ser enquadrados como absolutamente incapazes. [12: O Estatuto com deficiência revogou o art. 1.772, que assim dispunha: “Pronunciada a interdição das pessoas a que se referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinará, segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela, que poderão circunscrever-se às restrições constantes do art. 1.782”.]
O portador da Síndrome de Down pode ser, ainda, plenamente capaz, o que depende da sua situação. 
ATENÇÃO! O portador de síndrome de Down (doença mental) passa a ser, em regra, plenamente capaz).
Os pródigos - aqueles que dissipam de forma desordenada e desregrada os seus bens ou seu patrimônio, realizando gastos desnecessários e excessivos, sendo exemplo típico a pessoa viciada em jogos. A interdição do pródigo tem por objetivo protegê-lo de si próprio, com nomeação de curador, priva-o dos atos que possam comprometer seu patrimônio (art. 1.782). Como a incapacidade do pródigo se limita aos atos de natureza patrimonial, o pródigo pode constituir união estável ou casar-se no regime de comunhão parcial de bens sem assistência do curador. Caso deseje um regime distinto, deverá lavrar pacto antenupcial, caso em que precisará de assistência do curador.
O curador não é responsável pelos atos praticados pelo pródigo. Sua responsabilidade limita-se à curadoria do patrimônio.
O que diz o art. 1.782 do Código Civil: “A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração”.
(após a vigência da Lei n° 13.146/15) Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
Para fixação das alterações, repete-se a nova redação do artigo 4° do Código Civil:
Nova redação do Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Os momentos de lucidez
	O Código Civil desconsidera os intervalos lúcidos do incapaz, ou seja, ainda que o incapaz tenha pleno discernimento após a interdição, o negócio jurídico por ele praticado é nulo. 
Cessação da causa de incapacidade
	A causa transitória de incapacidade admite interdição porque, naquele período, alguém precisa cuidar dos interesses do incapaz. Contudo, desaparecendo a causa da incapacidade, o processo judicial de levantamento da interdição devolverá plena capacidade à pessoa.
SITUAÇÃO DOS ÍNDIOS
Não são mais considerados incapazes, como no CC/1916. “A capacidade dos índios é regulada por legislação especial” (art. 4°, p. único, CC), qual seja o Estatuto do Índio (Lei 6001/73), que determina a capacidade de acordo com o grau de integração do indígena. Os não integrados são tutelados pela FUNAI, sendo nulos os atos praticados entre índio não integrado e pessoa capaz não integrante da comunidade indígena sem que tenha havido a assistência do órgão tutelar competente (art. 8° do Estatuto), salvo se o índio revelar consciência e conhecimento do ato praticado e da extensão de seus efeitos (par. único). 
Todo índio pode requerer ao juiz competente a sua liberação do regime tutelar, desde que preencha os requisitos do art. 9°:
 I - idade mínima de 21 anos;
II - conhecimento da língua portuguesa;
III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional;
IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional.
O Juiz decidirá após instrução sumária, ouvidos o órgão de assistência ao índio e o Ministério Público, transcrita a sentença concessiva no registro civil (art. 9°, par. único).
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
	A incapacidade está ligada ao discernimento e cessará em três hipóteses: (i) pela maioridade civil; (ii) pela emancipação; (iii) pelo desaparecimento da causa de incapacidade transitória. 
Maioridade civil
O artigo 5° do Código Civil determina o momento biológico em que toda pessoa tornar-se-á capaz, salvo se, por alguma das hipóteses descritas no artigo 3° e no artigo 4°, a pessoa vier a ter sua incapacidade, absoluta ou relativa, declarada por sentença judicial. [13: A nova redação do artigo 3° passa a tratar apenas do menor de 16 anos como absolutamente incapaz. Todas as demais situações de incapacidade passam a ser tratadas no art. 4°, como sendo de incapacidade relativa.]
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Atenção! Menoridade não é sinônimo de incapacidade. Nem todo menor é incapaz (só os menores de 16 anos, desde que não emancipado por gravidez), nem todo incapaz é menor (os interditados são maiores).
EMANCIPAÇÃO
É a antecipação da capacidade do menor de 18 anos, ou seja, a pessoa prossegue sendo menor, mas agora capaz de praticar todos os atos da vida civil sem assistência ou representação. A emancipação só tem reflexos no direito civil, não gerando reflexos nas demais áreas, tais como penal, administrativo (ingressar em motel, adquirir bebidas alcoólicas, acessar conteúdo de sexo explícito, obter habilitação para conduzir veículo etc.), eleitoral etc., Dá-se nas hipóteses previstas no artigo 5°, parágrafo único, do Código Civil:
Art. 5° (...) 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
	O casamento é a única hipótese de emancipação do menor de 16 anos, segundo o Código Civil.
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
A emancipação é ato formal e solene (exige registro público) definitivo, irretratável e irrevogável. No entanto, a emancipação poderá ser anulada se houver vício na validade. A emancipação só é cabível nos casos expressos no art. 5°, par. único (rol exaustivo). 
	Pela literalidade do artigo 1.517, o menor entre 16 e 18 anos precisa de autorização dos representantes legais se casar. Contudo, no caso de emancipação, a doutrina entende ser desnecessária tal autorização, por lógica do sistema.
Emancipação voluntária
A emancipação é realizada pelos pais quando filho menor tiver pelo menos 16 anos completos e é feita por instrumento público ou particular, o qual deve ser registrado noCartório de Registro das Pessoas Naturais para produzir efeitos. No caso de um dos pais ser desaparecido, o pai presente deverá buscar o suprimento judicial da vontade do pai. Essa autorização deverá ser levada pelo interessado ao cartório, para lavratura da escritura (não é a sentença que emancipa o menor!). Prevalece o entendimento de que não cabe a emancipação judicial para suprir a discordância de ambos os pais.
Emancipação judicial
A emancipação será judicial quando se tratar de tutela – o menor se acha sob os cuidados de pessoa diversa dos pais nas hipóteses de morte e de perda do poder familiar dos genitores (art. 5°, § 1°, inciso I, in fine), o tutor não pode emancipar o tutelado em cartório, sob pena de nulidade do ato registral (pois poderia servir de meio de desoneração do múnus público da tutela e da prestação de contas da administração dos bens do menor). A emancipação depende de processo judicial, com a participação do Ministério Público, em que se analisará o melhor interesse do incapaz e a prestação de contas do tutor. A sentença que concede a emancipação deverá ser registrada no Cartório de Registro das Pessoas Naturais.
Emancipação legal
	As hipóteses de emancipação legal estão previstas no artigo 5°, § 1°, incisos II a V, do Código Civil. Enquanto a emancipação voluntária e a emancipação judicial são registradas no assentamento de nascimento do menor, a emancipação legal não é registrada no cartório, sendo a lei instrumento suficiente para dar conhecimento a todos da cessação da incapacidade da pessoa que incorre em uma das hipóteses.
	São hipóteses de emancipação legal:
Pelo casamento – em razão do limite mínimo para o casamento, ocorre em regra para os maiores de 16 anos, isto é, em idade núbil (art. 1.517) e mediante autorização dos pais para o casamento. Excepcionalmente, o juiz poderá autorizar o casamento de pessoa que ainda não alcançou a idade núbil (16 anos) para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal (prevalece que esta hipótese foi revogada após a lei n° 11.106/05) ou em caso de gravidez (art. 1.520). Significa dizer que não existe idade mínima para emancipação legal.[14: Revogou o inciso VII do art. 107 do Código Penal, que dispunha: “Extingue-se a punibilidade: (...) pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial deste Código”.]
O divórcio e a viuvez não desfazem a emancipação. Na hipótese de anulação do casamento, há divergência.
A união estável não é causa legal de emancipação (corrente prevalecente).
Pelo exercício de cargo público efetivo – não abrange os cargos públicos comissionados ou temporários. Como a pessoa não pode tomar posse antes dos 18 anos, a norma tornou-se eficaz após a redução da maioridade civil de 21 para 18 anos.
Pela colação de grau em estabelecimento de ensino superior – é caso raríssimo de acontecer, mas será possível se uma pessoa superdotada se graduar antes dos 18 anos.
Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego – esta hipótese de emancipação legal só se aplica nas hipóteses nas quais o menor tenha logrado independência financeira pelo próprio esforço ou trabalho, no sentido de que alguém que teve maturidade para constituir economia própria não necessita da proteção da incapacidade, isto é, de assistência para os atos da vida civil. Assim, não será emancipado pela lei o menor púbere que herdar fortuna.
A emancipação por ter economia própria somente é possível aos maiores de 16 anos de idade. Como tal emancipação não se comprova por documento, ela poderá ser comprovada de duas formas: (i) em demanda judicial contra o menor, por dívida contraída no exercício da atividade econômica, o credor poderá provar que o menor tinha economia própria, sendo o negócio jurídico válido; (ii) na hipótese de o menor propor ação declaratória de emancipação, para poder praticar atos negociais.[15: Destaque-se o art. 439 da CLT, segundo o qual “é lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de dezoito anos dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe for devida”. Naturalmente, não se aplica o referido dispositivo ao menor comprovadamente emancipado.]
Fora do Código Civil, a Lei do Serviço Militar (Lei n° 4.375/64) estabelece que “Para efeito do Serviço Militar, cessará a incapacidade civil do menor, na data em que completar 17 (dezessete) anos” (art. 73, reproduzido no art. 239 do Decreto 57.654/66).
A competência para decidir sobre pedido de emancipação é do juízo da infância e da juventude e depende de registro em cartório para produzir efeito. 
DIREITOS DA PERSONALIDADE
CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Os direitos da personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis, extrapatrimoniais e vitalícios, eis que comuns à própria existência da pessoa (corpo, nome, liberdade, livre-iniciativa, imagem etc.). 
São direitos subjetivos, inerentes à pessoa, tidos como absolutos, indisponíveis, imprescritíveis e impenhoráveis. A imprescritibilidade diz respeito ao direito inerente à personalidade (nome, estado civil, por exemplo) e não ao direito a ser indenizado por eventual dano – este se submete ao prazo de 3 anos previsto no art. 205, § 3°, V. 
A “limitação voluntária” de que trata a parte final do artigo 11 diz respeito à pactuação que o titular do direito celebra com terceiro, ora regulando, ora limitando o exercício a cessão de direitos inerentes à personalidade, tal como ocorre com o direito de imagem de jogador de futebol e com a submissão às regras do Big Brother®. Essa limitação, além de voluntária, deve ser temporária. Assim, contratos vitalícios relacionados à personalidade – como o de Ronaldo com a Nike® - seriam nulos no Brasil, por ilicitude de seu objeto (art. 166, II).
LESÃO AO DIREITO DE PERSONALIDADE: CONSAGRAÇÃO DA TUTELA GERAL DA PERSONALIDADE NO CÓDIGO CIVIL
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Estão contidos no art. 12 dois princípios: i) princípio da prevenção; e ii) princípio da reparação integral de danos. 
Pelo princípio da prevenção, o direito inerente à personalidade é protegido através da tutela específica, em obrigação de fazer ou não fazer ou não (art. 461 CPC73), podendo o juiz adotar as medidas necessárias (ex: multa diária), ainda que não tenham sido requeridas pela parte, ou seja, de ofício, haja vista tratar-se de matéria de ordem pública.
O princípio da reparação integral dos danos acha-se consagrado no artigo 944, in verbis: “a indenização mede-se pela extensão do dano”, não importando se os prejuízos sofridos pelo lesado resultaram de um ato doloso, culposo ou se a responsabilidade é objetiva. Esse princípio é mitigado pelo próprio Código Civil, nos artigos 928, parágrafo único, e no parágrafo único do próprio artigo 944. Este tema será melhor estudado no resumo sobre Responsabilidade civil.[16: Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.]
Súmulas do STJ sobre o assunto:
Súmula 37: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”;
Súmula 387: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”. 
Súmula 403:“Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fi ns econômicos ou comerciais”. 
Dano à personalidade do morto 
Art. 12 (...)
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Atenção! A proteção contra danos causados pela “transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa” está contida no artigo 20 do Código, tratada mais adiante.
O dispositivo reconhece o direito da personalidade do morto. Naturalmente, o morto carece de capacidade e de legitimação. Por isso, é chamado pela doutrina de dano indireto, também chamado de “dano em ricochete”, porque o exercício do direito de ação cabe aos lesados indiretos: o cônjuge, os ascendentes, os descendentes e os colaterais até o quarto grau, por previsão expressa, e ao companheiro, em observância ao art. 226, § 3°, da CF/88.
No caso específico de lesão à imagem do morto, aplica-se o art. 20, caput e par. único:
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Atenção! Diferentemente do art. 12, par. único, o art. 20, par. único, contempla, como legitimados, somente o cônjuge (ou companheiro), os ascendentes e os descendentes. 
	Art. 12, par. único
	Art. 20, par. único
	Lesão a direitos de personalidade do morto
	Lesão à imagem do morto
	Legitimados: cônjuge (ou companheiro), ascendentes, descendentes e colaterais até o quarto grau
	Legitimados: cônjuge (ou companheiro), ascendentes, descendentes e colaterais até o quarto grau
DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
O transexualismo é visto como uma patologia pela medicina, embora o CFM não considere ilícita a realização de cirurgia de transexualidade. Inclusive, o STJ reconhece inclusive o direito de alteração do prenome e sexo no registro civil. 
A disposição do próprio corpo é autorizada somente após a morte, desde que gratuita e com objetivo científico ou altruístico (doação de órgãos) e mediante autorização de familiar capaz.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
A lei n° 9.434/96, que dispõe sobre a doação de órgãos, prevê no seu art. 9°, § 6°, que o indivíduo juridicamente incapaz, com compatibilidade imunológica comprovada, poderá fazer doação nos casos de transplante de medula óssea, desde que haja consentimento de ambos os pais ou seus responsáveis legais e autorização judicial e o ato não oferecer risco para a sua saúde.
Direito do paciente
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Este direito do paciente é mitigado pela proteção à vida, devendo o médico intervir para operar o paciente com risco de morte mesmo quando houver dúvidas sobre o êxito do procedimento cirúrgico. No caso específico das Testemunhas de Jeová, o Tribunal de Justiça de São Paulo adota o entendimento de que não faz jus a indenização o paciente que, mesmo contra sua vontade, recebeu transfusão de sangue. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul também já decidiu nesse sentido. É entendimento dominante. [17: TJSP, Ap.Cív. 123.430, Sorocaba, 3ª Câm. de Direito Privado.]
DIREITO AO NOME, SINAL OU PSEUDÔNIMO
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Os arts. 16 a 19 protege o direito ao nome, sinal ou pseudônimo que representa uma pessoa natural perante a sociedade, contra atentado de terceiros, principalmente aqueles que expõem o sujeito ao desprezo público, ao ridículo, acarretando dano moral ou patrimonial. De acordo com o art. 16, o prenome também se encontra no âmbito de proteção ao nome. Assim, o nome não pode ser utilizado para publicações que exponham seu titular ao ridículo (art. 17), nem sem autorização quando houver finalidade comercial (art. 18). Havendo lesão, caberá reparação civil (arts. 186 e 927). A publicidade que, embora não aponte o nome, divulga qualidades inerentes a determinada pessoa, tornando-a identificável, tem o mesmo efeito da divulgação do nome. O art. 19 protege especificamente o pseudônimo, tal como o art. 24, II, da lei 9.610/98 (direitos autorais). O apelido recebe proteção mesmo quando não constar do registro civil.[18: Enunciado 278 da JDCivil.]
A Lei de registros públicos (Lei 6.015/73) traz tratamento específico quanto ao nome. O prenome é definitivo, mas é possível substituí-lo por apelidos públicos e notórios (art. 58). O procedimento de troca de prenome exige ação específica, cuja sentença deve ser registrada no cartório de Registro de Pessoas Naturais, e será cabível nos seguintes casos:
Substituição do nome que expõe a pessoa ao ridículo ou embaraços, inclusive no caso de nome igual ao de pessoa mal afamada. Exemplos: Jacinto Aquino Rego, João Um Dois Três de Oliveira Quatro, Adolfo Ritler. 
Alteração no caso de erro de grafia crasso, perceptível de imediato. Exemplos: Frávio, Orvardo, Cráudio. 
Adequação de sexo (jurisprudência);
Introdução de alcunhas e agnomes (Xuxa, Lula, Tiririca);
Introdução do nome do cônjuge ou convivente;
Introdução do nome do pai ou da mãe, havendo reconhecimento de filiação posterior ao registro ou adoção. 
Para tradução de nomes estrangeiros (John para João, Giuseppe para José).
Quando incluído no programa de proteção de testemunha (Lei 9.807/99). 
Para inclusão do sobrenome de um familiar remoto (entendimento jurisprudencial). A questão não é pacífica.
Para inclusão do nome de família do padrasto ou madrasta por enteado ou enteada, havendo motivo relevante e concordância dos primeiros, sem prejuízo de seus apelidos de família (art. 57, § 8°, da lei 6.015/76)
Nos termos do art. 56, o prazo decadencial para alteração do nome é de um ano após adquirir a maioridade civil (art. 56). O STJ vem admitindo a alteração além desse prazo, desde que haja motivo plausível para tanto, como nos casos de exposição do nome ao ridículo ou lesão à dignidade humana.
DIREITO DE IMAGEM
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Para a utilização da imagem de outrem, é necessária sua autorização, sob pena de indenização, com fundamento nos princípios da prevenção e da reparação integral dos danos. Essa autorização será dispensável se a pessoa interessar à ordem pública ou à administraçãoda justiça.
A imagem se divide em imagem-retrato (a imagem como aparece no espelho) e imagem-atributo (qualificações do ser humano, o que ele representa na sociedade). 
O direito de imagem, como todo direito fundamental, não é absoluto, sofrendo limitações quando ponderado em face de outras garantias constitucionais, tais como o direito à informação, o direito de manifestação do pensamento etc.
O STF, no julgamento da ADI nº 4.815, realizado em 1º/02/2016, decidiu que é permitida a publicação de biografia sem prévia autorização da pessoa de que trata a obra ou de seus sucessores, cumprindo aos interessados adotar as providências em caso de ofensa à imagem.
DIREITO A PRIVACIDADE
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
A vida privada e a intimidade da pessoa são invioláveis, porém tal inviolabilidade são é absoluta, devendo ser ponderada com outros valores, sobretudo constitucionais, tais como a segurança coletiva (exemplo: busca pessoal ou raio X em aeroporto). Ocorrendo lesão ou mesmo excesso, caberá medida judicial para fazer cessar a lesão ou ameaça de lesão. 
186° TJSP (2015) - No que tange aos direitos da personalidade, assinale a alternativa correta.[19: Resposta correta: “d”]
(A) A transmissão da palavra de determinada pessoa poderá, sempre e em qualquer circunstância, ser proibida a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingir a honra ou se destinada a fins comerciais.
(B) É garantia legal a irrestrita liberdade de disposição do próprio corpo.
(C) O pseudônimo licitamente utilizado goza da proteção que se dá ao nome.
(D) A proteção dos direitos da personalidade aplica-se igualmente às pessoas jurídicas.
EQUIPARAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE À PESSOA JURÍDICA
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
DOMICÍLIO
DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL
Domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. As regras sobre o domicílio da pessoa natural constam dos artigos 70 a 78 do Código Civil. 
Domicílio, residência e moradia
Domicílio: local em que a pessoa se situa, permanecendo a maior parte do tempo com ânimo definitivo. A regra é que o domicílio também seja sua residência. O local onde a pessoa exerce sua profissão também pode ser considerado seu domicílio (art. 72). Se a profissão for exercida em vários lugares, existirão vários domicílios profissionais. A regra, portanto, é que uma pessoa tem dois domicílios (residência e trabalho). 
Residência: local onde a pessoa mora e mantém seus bens pessoais. Em regra, toda residência é domicílio. 
Moradia ou habitação - é distinto de domicílio e residência, constituindo mera situação de fato, isto é, local onde a pessoa pode ser encontrada ocasionalmente, sem que exista ânimo de permanência. Desse modo, ter-se-á como domicílio da pessoa natural que não tenha residência habitual o local onde for encontrada (art. 73). É o caso dos nômades, peregrinos, ciganos e circenses.
A ALTERAÇÃO DO DOMICÍLIO
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Exemplo de sinalização de alteração de domicílio é a mudança do título de eleitor para outro cartório.
CLASSIFICAÇÃO DO DOMICÍLIO 
O domicílio da pessoa natural pode ser voluntário ou necessário ou legal
Domicílio voluntário: é aquele fixado pela vontade da pessoa, como exercício da autonomia privada, tendo em vista as regras anteriormente estudadas.
O Domicílio contratual ou convencional que é aquele eleito pelas partes de um contrato, é espécie de domicílio voluntário. Está previsto no art. 78 do Código Civil: “nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes”.
Domicílio necessário ou legal: é imposto pela lei. O domicílio legal não exclui os demais domicílios que a pessoa eleger para si. No entanto, caso seja demandada no domicílio legal, não poderá arguir a incompetência do juízo. Os casos de domicílio necessário estão previstos no art. 76 do Código Civil:
O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; 
O domicílio do servidor público é o lugar em que exercer permanentemente suas funções; 
O domicílio do militar é onde ele servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; 
O domicílio do marítimo (civil), onde o navio estiver matriculado; e
O domicílio do preso é o lugar em que cumprir a sentença.
FIM DA PERSONALIDADE
MORTE 
O fim da personalidade da pessoa natural dá-se pela morte (art. 6°), caracterizada pelo fim do funcionamento do cérebro (art. 3° da lei 9434/97), atestado por laudo médico, visando à elaboração do atestado de óbito, a ser registrado no Cartório de Registro de Pessoas Naturais. A Lei de Registros Públicos fixa alguns parâmetros para o documento (art. 77): 
Art. 77 - Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. 
O art. 79 da LRP traz as pessoas obrigadas a fazer a declaração de óbito:
O chefe de família, a respeito de sua mulher, filhos, hóspedes, agregados e fâmulos;
A viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma das pessoas indicadas no número antecedente;
O filho, a respeito do pai ou da mãe; 
O irmão, a respeito dos irmãos e demais pessoas de casa, indicadas no nº 1; 
O parente mais próximo maior e presente;
O administrador, diretor ou gerente de qualquer estabelecimento público ou particular, a respeito dos que nele faleceram, salvo se estiver presente algum parente em grau acima indicado;
Na falta de pessoa competente, nos termos dos números anteriores, a que tiver assistido aos últimos momentos do finado, o médico, o sacerdote ou vizinho que do falecimento tiver notícia;
A autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas mortas.
Comoriência
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
O termo comoriência significa morte conjunta (co-morte). A comoriência gera presunção de morte simultânea, quando não se puder provar quem morreu primeiro. Não havendo prova da pré-morte de uma das pessoas, a comoriência será presumida. 
A comoriência é relevante somente para o direito sucessório, em especial para a morte de um casal sem filhos. Em tal caso, se não existisse o instituto jurídico da comoriência, a morte presumida de um ou de outro cônjuge faria com que o patrimônio do primeiro a morrer fosse transferido integralmente ao segundo a morrer e deste para seus próprios ascendentes, deixando os ascendentes do primeiro a morrer sem herdar. 
Não é preciso que a morte tenha ocorrido no mesmo lugar. Basta que tenha ocorrido ao mesmo tempo. Exemplo: um maremoto mata o marido, que está em um Jet-ski e a mulher, que está em um shopping na ilha; o marido morre em um assalto em Itaquera, enquanto, no mesmo momento, coincidentemente a mulher é atropelada em viagem à Europa).
Morte presumida
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
É espécie de morte real, decretada sem prévia declaração de ausência, quando ocorrer uma das hipóteses listadas no dispositivo:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
Geralmente decorre de desastres, acidentesetc. Só é possível presumir a morte depois de esgotados todos os meios de buscas e averiguações do corpo da pessoa, sem êxito, conforme estabelece o art. 7°, parágrafo único. É a chamada morte por justificação, que dispensa o decurso de longo prazo. 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
De acordo com o artigo 1° da Lei n° 9.140/95, “São reconhecidos como mortas, para todos os efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou tenham sido acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, deste então, desaparecidas, sem que delas haja notícias”.
AUSÊNCIA
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
A ausência é outra hipótese de morte presumida, decorrente do desaparecimento por um longo tempo, porém sem evidências de que a pessoa tenha morrido. O ausente não é incapaz segundo Código Civil atual (diferente do CC/16). 
São três as fases relativas à declaração de ausência, que se dá em ação judicial: (i) a curadoria do bens do ausente; (ii) a sucessão provisória; e (iii) a sucessão definitiva. A ação pode ser proposta pelo Ministério Público ou qualquer interessado e seguirá o procedimento previsto no artigo 1.159 do CPC73 e art. 744 e seguintes do CPC15. 
Curadoria dos bens do ausente
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Cumpre ao curador, nomeado pelo juiz, guardar os bens do ausente arrecadados pelo magistrado, administrando-o conforme as regras da tutela e da curatela (arts. 1.728 a 1.783 do CC).
Curadores legais
São curadores legais as seguintes pessoas, nesta ordem:
O cônjuge (ou companheiro), desde que não esteja separado judicialmente ou separado de fato por mais de dois anos – é considerado pela lei curador legítimo.
Os pais – o Código utiliza o verbete “pais”. Os avós não foram incluídos.
Os descendentes mais próximos. 
O curador dativo.
Abertura da sucessão provisória (arts. 26 a 36)
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
	A sucessão provisória tem a finalidade de transmitir precariamente aos sucessores os bens do ausente. O tempo necessário para abertura da sucessão provisória varia conforme o ausente tenha ou não deixado procurador com poderes para administrar seus bens: 
1 ano após o desaparecimento, se não tiver procurador ou o procurador não quiser ou não puder mais exercer o mandato, ou se não tiver poderes suficientes;
3 anos, se o ausente tiver deixado mandatário.
Decorrido o prazo, não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente (art. 28, § 1°).
Legitimados para requerer a sucessão provisória
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Iniciado a ação, o juiz poderá ordenar a conversão em títulos públicos os bens móveis sujeitos a deterioração ou a extravio (art. 29).
Efeitos da sentença de sucessão provisória
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
	A sentença que abre a sucessão provisória produz efeitos em dois momentos distintos:
Logo após o trânsito em julgado, autoriza a abertura do testamento e o início do processo de inventário e partilha dos bens do ausente.
180 dias após a sua publicação pela imprensa, a sentença produzirá os demais efeitos – um deles é por fim ao casamento, mas somente após decorridos ficando o cônjuge sobrevivente livre para casar-se outra vez (art. 1.571, § 1°).[20: Art. 1.571 (...) § 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.]
Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo (art. 35).
Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até 30 depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente como herança jacente, na forma dos arts. 1.819 a 1.823.
Imissão na posse dos bens do ausente
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
	O Código prevê como regra que os herdeiros que desejarem imitir-se na posse dos bens do ausente deverão oferecer bens próprios em garantia, para o caso de o ausente retornar, excepcionando-a em alguns casos. Vejamos:
Cônjuge, descendentes e ascendentes são dispensados de prestar caução (art. 30, § 2°)
Outras pessoas que tiverem direito à posse provisória, mas não puderem prestar a garantia, não poderão imitir-se na posse dos bens a que fazem jus, os quais ficarão sob administração do curador ou de outro herdeiro que prestar garantia (§ 3°). Porém, quando o herdeiro tiver dificuldade financeira (“falta de meios”), poderá auferir 50% dos frutos e rendimentos do quinhão de que faria jus se tivesse prestado garantia (e de que fará jus quando da sucessão definitiva), conforme autoriza o artigo 34.[21: Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.]
A alienação de bens imóveis de propriedade do ausente quando for necessário para evitar ruína, mediante prévia autorização judicial (art. 31).
Os sucessores provisórios representação ativa e passivamente o ausente quanto a questões relativas aos bens dos quais tiverem posse, bem como passam a responder por eventuais dívidas do ausente, até o limite da herança (art. 32). 
Destinação dos frutos dos bens do ausente
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Cônjuge, descendentes e ascendentes terão direito a todos os frutos, naturais ou civis, dos bens do ausente de que tiverem posse;

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