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A presença dos textos em nossa vida

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Prévia do material em texto

Roupas, caderno, lindo. Fui ontem ao cinema. O cinema do 
shopping é muito bonito. No shopping tem muitas coisas para se 
comprar. A compra da nossa casa não deu certo porque o banco não 
aprovou o financiamento. 
OO TTEEXXTTOO EEMM NNOOSSSSOO CCOOTTIIDDIIAANNOO 
 
 
 
Caro aluno, seja bem-vindo! 
Vamos dar início às nossas atividades discutindo alguns aspectos 
interessantes a respeito da presença dos textos em nossa vida. 
Você deve estar acostumado a ver e ouvir a palavra “texto”, seja no trabalho, 
na faculdade, em livros, revistas etc. Então, aí vem a pergunta: você saberia dizer 
quais são os conceitos, os significados e a importância do “texto” para o seu dia a 
dia? 
Talvez você tenha parado para pensar sobre o assunto e, no momento, 
surgiram algumas dúvidas: 
 
- Texto é um aglomerado de palavras e frases? 
 
- Texto pode ser somente aquilo que escrevemos? 
 
- Texto é o que a professora ou o professor pede para a gente elaborar na 
aula de redação? 
 
 
 
- Texto é aquilo que a gente lê no jornal, no livro, na internet etc.? 
 
 
 
 
Nós levantamos muitas hipóteses a respeito do que é texto. Será que alguma 
das perguntas acima seria a sua real definição? 
Fiorin (1996, p.16) diz que texto “é um todo organizado de sentido”, ou seja, 
nós não podemos entender que o texto seja apenas um conjunto de palavras ou 
frases que se juntam de forma aleatória para constituí-lo, mas, sim, que essas 
palavras e frases devam estar ligadas entre si para que haja uma continuidade 
entre elas, a fim de que a sua totalidade forme uma unidade de sentido. Talvez, 
você esteja dizendo: “mas isso é óbvio!”, entretanto, não é essa a noção de texto 
que boa parte dos estudantes emprega na prática. 
Circuito Fechado 
Ricardo Ramos1 
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, 
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água 
fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, 
calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, 
chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, 
cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. 
Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo 
com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, 
vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. 
Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, 
memorandos, bilhetes, telefone, papéis.(...) 
Na escola, quando o professor ou a professora pede para que seja elaborada 
uma redação é comum os alunos lhe perguntarem: “com quantas linhas?” ou “em 
quantas palavras?”. Perguntas desse tipo demonstram mais preocupação em 
atender às exigências de números de linhas ou palavras, do que construir um texto 
que faça sentido para quem o lê. 
A produção textual, nesse caso, não é concebida como um todo com unidade 
de sentido, isto é, uma organização de ideias com começo, meio e fim, mas como 
uma somatória de linhas, um amontoado de palavras sucessivas. Pior é que essa 
concepção de texto também está presente nas atividades de leitura. Muitas vezes, 
lemos apenas parte de um texto e achamos que o entendemos em sua completude. 
É isso o que ocorre quando o professor nos dá um romance para ler e lemos 
apenas o resumo ou partes de capítulos, imaginando que a leitura parcial seja 
suficiente para ter sucesso na avaliação. Veja o texto de Ricardo Ramos: 
 
 
 
 
 
1 Ricardo Ramos nasceu em Palmeira dos Índios, em 1929, ano em que o pai Graciliano Ramos 
exercia a função de prefeito. Formado em Direito, destacou-se como homem da propaganda, 
professor de comunicação, jornalista e escritor em São Paulo. Sua obra literária é extensa: contos, 
romances e novelas, e representa, com destaque, a prosa contemporânea da literatura brasileira. 
(...) Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, 
cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, 
lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. 
Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. 
Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e 
poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone 
interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, 
pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, 
papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de 
cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. 
Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e 
fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. 
Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. 
Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. 
 
Apesar do texto, em uma primeira leitura não aparentar relação entre as 
palavras, se você observar atentamente, poderá perceber que se trata do cotidiano 
de um indivíduo, e é possível perceber sua rotina e até mesmo seu gênero: se é 
masculino ou feminino. Leia o restante do texto que complementa nossa análise e 
tente buscar outras informações importantes que o texto passa para o leitor: 
 
 
 
Práticas como essas demonstram que precisamos rever o conceito de texto. 
Observe o texto a seguir: 
 
Um texto é um todo organizado de sentido, porque o significado de uma 
parte depende das outras com que se relaciona de tal forma que 
combinam entre si, a fim de gerar uma unidade. 
 
Esse texto é uma “tirinha” publicada no jornal Folha de São Paulo, em 
1/12/2008. As tirinhas são textos curtos formados por quadrinhos de texto verbal e 
visual dispostos linearmente na página do jornal. Essa tira, em particular, tem dois 
quadrinhos. No primeiro, temos um coelho que ao passear num parque é elogiado 
por duas garotas. Diante desse elogio, ele se sente insatisfeito e não aprecia os 
adjetivos que lhe são atribuídos. Já no segundo quadro, temos, no mesmo parque, 
coelhas que também o elogiam, todavia, esses elogios são apreciados pelo coelho. 
Se fôssemos analisar esse texto, isolando cada quadro, não entenderíamos 
o humor que ali se estabelece, isto é, ficaríamos apenas na observação que 
fizemos acima, sem uma ligação entre um quadro e outro. Para depreendermos a 
unidade de sentido, devemos observar a relação que se estabelece entre os 
elementos que constituem a tira. 
Além das observações já realizadas, precisamos levar em conta que são 
meninas – seres humanos – que, no primeiro quadro, estão fazendo o elogio. Elas 
se utilizam do sufixo diminutivo (–inho) para qualificar o animal. Portanto, a relação 
que caberia aqui, não passaria de HUMANO x ANIMAL, sendo o animal apenas um 
“objeto” de manuseio e admiração do humano. Essa é uma relação que não agrada 
ao coelho. Já no segundo quadro, os elogios são dados por coelhas e elas se 
utilizam do sufixo aumentativo (-ão) para caracterizar o ser da mesma espécie, 
enaltecendo sua macheza e virilidade. Portanto, a relação que cabe aqui é 
COELHO x COELHAS, de cunho sexual, o que traz satisfação ao coelho, pois é 
esse tipo de relacionamento que o interessa. Diante disso, vemos que o riso só se 
dá quando comparamos um quadro ao outro. 
Dessa forma, podemos chegar à seguinte conclusão: 
 
 
 
 
Essa definição será fundamental para analisarmos e elaborarmos textos. Por 
isso, tenham-na sempre em mente, pois já estamos de certa forma,condicionados 
a analisarmos os textos de forma fragmentada, não observando todos os elementos 
que estão ali presentes. 
Vejamos se você compreendeu bem o que foi dito até aqui e se já conseguiu 
direcionar a sua mente para entender que todos os elementos presentes no texto 
são importantes para a depreensão de sentido e, para isso, vamos analisar mais 
um exemplo: 
Observe a propaganda a seguir retirada do site http://naweb.wordpress.com/. 
Ela se constitui em três quadros. Faça a leitura mediante as questões abaixo. 
 
 
 
a) Se você observar apenas o primeiro quadro, abaixo, qual o sentido que você 
depreende? 
 
 
 
 
 
 
b) Agora, observe o segundo quadro. Ele corresponde ao sentido que você 
obteve do primeiro? 
 
 
 
c) Vamos ao terceiro quadro. Ele é uma confirmação da leitura que você fez do 
primeiro e segundo quadros ou somente quando você observou o terceiro 
quadro é que houve um entendimento da propaganda? 
 
 
 
Nesse momento, observe abaixo a propaganda toda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edson Baeta 
http://naweb.wordpress.com/. 
Acesso em 11/11/2009 
 
 
Podemos perceber que a propaganda é um alerta acerca do consumo de 
bebida alcoólica e do ato de dirigir, ou seja, os dois “não devem andar juntos”, pois 
o álcool prejudica a atenção dos motoristas e aumenta a ocorrência de acidentes. 
Essa leitura só é possível pela visualização e depreensão de sentido dos três 
quadros juntos. Por isso, falamos que o texto é uma unidade de sentido e para 
obter essa unidade é necessário observar e pensar em todos os aspectos que nele 
estão envolvidos. 
 
Mas, talvez você deva estar se perguntando: “A propaganda acima ou 
mesmo a tirinha é um texto? Mas elas são compostas por poucas palavras.!!!!!” 
Eis, então, a resposta: ELAS SÃO TEXTO, pois texto, também, é toda 
manifestação linguística, paralinguística e imagética que transmite uma mensagem 
ou um ato de comunicação a fim de obter uma interação com o outro. Por isso, 
dizemos que existem três tipos de texto: verbal, não verbal e sincrético ou misto 
(verbal e não verbal). Quando dizemos manifestação linguística falamos de 
recursos expressos pela palavra (que pode ser oral ou escrita); o paralinguístico é 
quando usamos gestos, olhares etc.; e o imagético é formado por imagens ou 
figuras. 
Cotidianamente as pessoas se deparam com uma grande variedade de 
palavras e imagens que apresentam características diferentes e que são 
elaboradas com objetivos bem distintos. Veremos a seguir produções que 
relacionam elementos expressivos verbais, não verbais e mistos. 
 
 
 
 
Texto verbal 
 
Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da 
palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma 
linguagem verbal, pois o código usado é a língua. Tal código está presente, quando 
falamos com alguém, quando lemos ou quando escrevemos. A linguagem verbal é 
a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. Mediante a língua 
falada ou escrita, expomos aos outros as nossas idéias e pensamentos, 
comunicando-nos por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas. 
Portanto, a linguagem verbal é aquela que tem as palavras como recurso 
expressivo, como exemplo: textos orais ou escritos, em prosa ou em verso. Leia o 
texto: 
 
 
 
 
 
Observamos que o texto acima é uma resenha, cuja finalidade é descrever o 
filme Crepúsculo, para que o leitor tenha uma visão da história, a fim de verificar se 
é interessante assisti-lo. Para isso, o autor utilizou-se da linguagem verbal, pois 
como vemos, utilizou-se a língua escrita para se comunicar. 
Além da resenha, encontramos a linguagem verbal em textos de 
propagandas; reportagens (jornais, revistas etc.); obras literárias e científicas; na 
comunicação entre as pessoas; em discursos (do Presidente da República, dos 
representantes de classe, de candidatos a cargos públicos etc.) e em várias outras 
situações. 
 
Resenha de filme: Crepúsculo 
Luma Jatobá 18/01/2009 
 
Baseado nos livros de Stephenie Meyer, Crepúsculo vem às 
telonas contar a história da jovem Isabella Swan (Kristen Stewart) 
que ao se mudar para a casa do pai em Forks, Washington, conhece 
no colégio uma família diferente: os Cullen. Por serem anti-sociais e 
muito reservados, são os estranhos da escola. Bella logo se 
apaixona por Edward Cullen (Robert Pattinson) e ele por ela. Seria 
algo lindo e normal se o rapaz não fosse um vampiro. E é deste 
meado que se desenvolve a história: o romance proibido, o segredo 
que não pode ser descoberto e a perseguição dos Cullen, após 
James (Cam Gigandet), o vampiro sanguinário, descobrir o "namoro" 
deles. 
Agora os Cullen e a jovem Bella estão correndo perigo. A 
corrida é contra o relógio para acabar com o vampiro antes que o pior 
aconteça. 
A história do filme é legal e prende do início ao fim, mas falta uma 
trilha sonora de peso e abusa quando dão a desculpa de que 
vampiros não saem ao sol porque brilham como diamantes. O livro 
está no terceiro volume, Crepúsculo é apenas o primeiro da série que 
ainda trás Lua nova e Eclipse. Dizem por aí que a nova adaptação de 
Romeu e Julieta veio pra substituir o bruxinho Harry Potter, será? 
 
(http://centralrocknet.com.br/index.php?news=677) 
Texto não verbal 
 
As pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais 
e corporais, as cores, o desenho, a dança, os sons, os gestos, os olhares, a 
entoação são também importantes: são os elementos não verbais da comunicação. 
Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma 
cultura para outra e de época para época. 
Portanto, o texto não verbal consiste no uso de imagens, figuras, símbolos, 
tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica, escultura como meio de 
comunicação. A linguagem não verbal pode ser até percebida nos animais. Quando 
um cachorro balança a cauda quer dizer que está feliz e quando coloca a cauda 
entre as pernas significa medo e tristeza. Outros exemplos: sinalização de trânsito, 
semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a atenção ou exprimir 
uma mensagem. 
Dessa forma, é muito interessante observar que para manter uma 
comunicação não é preciso usar a fala e sim utilizar uma linguagem, seja ela verbal 
ou não verbal. 
Observe a figura ao lado. Se ela fosse 
encontrada em um consultório médico, faríamos a 
leitura de que, naquele local, as pessoas devem falar 
baixo e, se possível, manter silêncio. A linguagem 
utilizada é a não verbal, pois não utiliza a língua para 
transmitir “silêncio”. 
 
 
O semáforo, também, é um exemplo de texto 
não verbal - um objeto cujo sentido das cores 
comanda o trânsito e que é capaz de interferir na vida 
do ser humano de forma extraordinária. 
Texto Sincrético ou misto (verbal e não verbal) 
 
Falamos em texto misto – verbal e não verbal – quando os dois recursos 
expressivos são utilizados em conjunto. Isso ocorre, por exemplo, em história em 
quadrinhos, propagandas, filmes e outras produções que utilizam ao mesmo tempo 
palavras e imagens. 
Observemos a charge: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao observarmos o que está expresso na superfície textual, ou seja, aquilo 
que é visível notamos que esse texto é formado por um tema “trabalho escravo”; 
logo a seguir, há uma imagem de homens que se subdividem em dois grupos: 
possíveis cortadores de cana de açúcar e o “patrão”, com um chicote na mão, junto 
aos seus capatazes armados; e abaixo da imagem, temos os dizeres: “Aquele que 
ficar por aí inventando esse tipo de mentira já sabe: duzentas chibatadas!” 
Percebemos, portanto,que por meio da linguagem verbal e não verbal, o 
texto aborda a questão do trabalho escravo, tema muito discutido no Congresso 
Nacional Brasileiro, na época de publicação da charge. O governo pretendia 
combater esse tipo de crime, mas encontrava resistência por parte de alguns 
deputados e senadores, porque esses parlamentares eram proprietários de 
algumas das fazendas investigadas. 
A charge ironiza justamente essa questão: a existência do trabalho escravo 
de forma não assumida. O “patrão” diz que denunciar o trabalho escravo é inventar 
mentira, mas, ao mesmo tempo, encontra-se com um chicote na mão como faziam 
os senhores e feitores, na época da escravatura. É claro que essa leitura só será 
possível se fizermos a junção dos dois tipos de imagens. 
Portanto, o sentido desse texto, e de todos os outros que analisamos, ocorre 
pela relação que um elemento mantém com os demais constituintes do todo. Esse 
sentido do todo não é mera soma de partes, mas pelas várias relações que se 
estabelecem entre si. Por isso, não podemos fazer a leitura somente da imagem ou 
somente do que está escrito, é necessário fazermos a leitura do todo. 
Além dessas questões tratadas até aqui, cabe dizer que todo texto é 
produzido por um sujeito num determinado tempo e num determinado espaço. 
Conforme diz Fiorin (1996, 17-18), 
 
(...) esse sujeito, por pertencer a um grupo social num tempo e 
num espaço, expõe em seus textos as idéias, os anseios, os 
temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social. 
Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de que 
narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as 
concepções de um grupo social numa determinada época. 
Cada período histórico coloca para os homens certos 
problemas e os textos pronunciam-se sobre eles. 
 
Por isso, em um texto temos sempre a amostragem de um fato, ocorrido num 
determinado momento, vista sob um ponto de vista social representado por um 
sujeito. Dessa forma, ao analisarmos um texto, além de verificarmos a unidade 
existente entre as partes, temos de observar o contexto. 
 
 
Texto e Contexto 
 
Quando analisamos a charge “Trabalho Escravo”, dissemos que esse 
assunto estava sendo discutido no Congresso Nacional e que alguns parlamentares 
apresentavam certa resistência para discutir o assunto. Ora, essas questões são 
importantes para o entendimento da charge, mas elas não estão marcadas na 
superfície textual. O seu sentido ocorrerá mediante o conhecimento de mundo do 
leitor, em saber em que situação ela foi produzida, ou seja, levando em conta o 
CONTEXTO. 
Fiorin (1994, 12) define contexto como “uma unidade linguística maior onde 
se encaixa uma unidade linguística menor”. Assim, a palavra encaixa-se no 
contexto da frase, esta no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no 
contexto do capítulo, o capítulo no contexto da obra toda e a obra encaixa-se no 
contexto social. 
Fica mais clara a questão do contexto, quando adotamos a metáfora do 
iceberg. Aquilo que visualizamos é chamado ponta do iceberg, pois, como o próprio 
nome diz, é uma pequena parte que fica exposta na superfície da água. Contudo, 
essa ponta se apóia numa imensa parte que fica submersa, a fim de dar 
sustentação. Essa parte submersa é o que chamamos de contexto, pois é ele quem 
dá sustentação ao texto, que é a ponta do iceberg. Observe o texto: 
 
 
 
Para entender essa tirinha, precisamos considerar algumas questões que 
não estão explícitas, mas que fazem sentido no contexto. Vivemos, hoje, um padrão 
de beleza feminino em que a mulher tem de ser considerada magra. A dieta e a 
“boa forma” são um dos assuntos mais comentados. Isso não significa que sempre 
tenha sido dessa forma. Na época da Renascença, o padrão “gordinha” era 
sinônimo de beleza, pois demonstrava que a família da referida mulher era 
abastada. Na Idade Média, a ideia de fertilidade imposta como contraponto de uma 
época de matanças ocorridas nas cruzadas, trazia uma mulher de quadril largo e 
ventre avolumado. Em nossos dias a beleza, assim como a moda, está relacionada 
a padrões de magreza impostos pela indústria da moda, para valorizar a roupa. 
Portanto, em nossa época, quando um homem chama uma mulher de gorda, está 
“comprando briga”. É o que ocorre na tirinha. E além de tudo, e o que é pior, ele 
repetiu que ela havia engordado!!!! 
Fiorin (1996), também traz um exemplo muito esclarecedor para 
compreendermos a importância do contexto. Quando Lula disse a Collor no primeiro 
debate do segundo turno das eleições presidenciais de 1989 “Eu sabia que você 
era collorido por fora, mas caiado por dentro”, todos os brasileiros entenderam que 
essa frase não queria dizer você tem cores por fora, mas é revestido de cal por 
dentro, mas você apresentou um discurso moderno, de centro-esquerda, mas é 
reacionário. Como foi possível entender a frase dessa maneira? Porque ela foi 
colocada dentro do contexto dos discursos da campanha presidencial. Nele, o 
adjetivo collorido significa relativo à Collor, “adepto de Collor”, ou seja, Collor 
apresenta-se como um renovador, como alguém que pretendia modernizar o país, 
melhorar a distribuição de renda, combater os privilégios dos mais favorecidos. 
Havia também, na disputa, o candidato Ronaldo Caiado, de extrema direita que 
defendia a manutenção do status quo. As frases ganham sentidos porque estão 
correlacionadas umas às outras, dentro de uma situação comunicacional, que é o 
contexto. 
Portanto, diante do exposto, podemos entender que o contexto traz 
informações importantes que acompanham o texto. Assim sendo, não basta a 
leitura do texto, é preciso retomar os elementos do contexto, aqueles que estiveram 
presentes na situação de sua construção. A produção e recepção de um texto estão 
condicionadas à situação; daí a importância de o leitor conhecer as circunstâncias e 
ambiente que motivaram a seleção e a organização dos aspectos linguísticos. 
Podemos dizer que existem o contexto imediato e o situacional. O 
contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou precedem o texto 
imediatamente. São os chamados referentes textuais. O título de um poema pode 
despertar determinadas decodificações. Esse contexto é aquele que 
compreendemos em uma frase, quando a lemos no parágrafo; ou quando 
entendemos o parágrafo, no momento em que lemos todo o texto. Leia o poema a 
seguir: 
 
 
Nesse poema, o seu sentido está tanto no título “o que se diz”, quanto no 
último verso “Assim, em plena floresta de exclamações, vai se tocando a vida”, pois 
são eles que nos faz compreender sobre o que poema está tratando: o fato de nós 
exclamarmos todos os dias e muitas vezes não percebemos. Observe que os 
elementos que nos dão sentido ao texto estão no próprio texto, por isso, falamos de 
um CONTEXTO IMEDIATO. 
O contexto situacional é formado por elementos exteriores ao texto. Esse 
contexto acrescenta informações históricas, geográficas, sociológicas e literárias, 
para maior eficácia da leitura que se imprime ao texto. Para isso, exige-se uma 
postura ativa do leitor, ou seja, é necessário que ele tenha um conhecimento de 
mundo, a fim de depreender o sentido exigido. 
Esse conhecimento de mundo está ligado à nossa vivência, pois durante a 
nossa vida, vamos armazenando informações que serão importantes para 
entendermos e interpretarmos o mundo. Por isso, é fundamental a leitura, 
assistirmos ao noticiário, irmos a museus, termos contato com pessoas que nos 
acrescentarão conhecimento. Quando temos suporte para lermos um texto e 
retirarmos dele o que está além dos seus aspectos linguísticos, a nossa leitura será 
muito mais prazerosa e consequentemente, o texto seráenriquecido, às vezes, 
reinventado, e até recriado. Faça a leitura desta charge: 
O que se diz 
Carlos Drummond de Andrade 
 
Que frio! Que vento! Que calor! Que caro! 
Que absurdo! Que bacana! Que tristeza! Que tarde! Que amor! Que besteira! 
Que esperança! Que modos! Que noite! Que graça! Que horror! Que 
doçura! Que novidade! Que susto! Que pão! Que vexame! Que mentira! Que 
confusão! Que vida! Que talento! Que alívio! Que nada... 
 
Assim, em plena floresta de exclamações, vai se tocando a vida 
(http://www.portalimpacto.com.br/docs/JoanaVestF3Aula16_09.pdf) 
 
 
 
Qual a leitura que você fez? Você a compreendeu? Do que está tratando a 
charge? 
Para compreendê-la é necessário que você observe todos os aspectos que 
estão envolvidos na construção dessa charge: o que está escrito na lousa, o 
logotipo que está abaixo da lousa, as pessoas que estão nas carteiras, o que essas 
pessoas carregam em sua cintura, o que está escrito no balão, a forma como a 
pessoa que está ensinando diz etc. Quando a observamos, vemos que é uma 
charge que trata das olimpíadas que ocorrerá no Rio de Janeiro em 2016. Hoje, o 
Rio é conhecido como uma cidade violenta e há uma grande preocupação quanto à 
segurança, quando houver as olimpíadas. Nessa charge, os bandidos estão já se 
preparando para esse evento, pois quando forem “atuar”, farão na língua dos 
estrangeiros. É claro que para entender isso, tivemos de ativar o nosso 
conhecimento das línguas portuguesa e inglesa e do nosso conhecimento de 
mundo, ou seja, recorremos ao CONTEXTO SITUACIONAL. 
A compreensão de um texto vai além da simples compreensão de termos 
nele impressos; não basta o simples reconhecimento de palavras, parágrafos, é 
preciso levar em conta em que situação ele é produzido. A compreensão exige do 
Por que escrevo? Para quem escrevo? 
De onde eu escrevo? 
 
Que efeitos de sentido quero provocar? 
 
Que efeitos de sentido NÃO quero provocar? 
 
O que sei sobre o assunto de que vou tratar? 
leitor uma sintonia com os fatos situados no seu dia a dia e que aparecem 
subliminarmente impressos na mensagem textual. 
Isso ocorre também em relação à produção textual, pois todas as vezes em 
que se produz um texto, seja ele oral ou escrito, ele é determinado por uma série de 
fatores que interferem, por exemplo, em sua estrutura e na organização de suas 
informações. Um desses fatores é o interlocutor a quem se dirige o texto. Mesmo na 
situação em que o indivíduo parece falar consigo mesmo (com os próprios botões), 
a fala tem como interlocutor a representação de si mesmo que o indivíduo 
construiu. Assim, sempre que se escreve e sempre que se fala isso é feito tendo em 
vista um interlocutor, alguém que, obviamente, interfere na produção textual. Nas 
situações reais de interação, as pessoas levam em conta, dentre outros, os 
seguintes fatores: 
 
 
 
 
 
 
Daí se vê que toda produção textual é construída a partir e em função 
desses fatores que configuram o contexto enunciativo, ou seja, todas essas 
produções textuais são marcadas e definidas pelos lugares/papéis sociais que 
caracterizam, na situação de interação comunicativa. 
 
COMO INTERPRETAMOS UM TEXTO 
 
 
 
 
Caro aluno, 
Como tem sido as suas leituras? Você lê com frequência? Quando lê, você 
consegue entender claramente o que o texto quer dizer? 
Uma das maiores dificuldades encontradas pelos alunos, em relação ao 
aprendizado de um conteúdo, é a deficiência na leitura e compreensão do sentido 
dessa leitura. Isto quer dizer que muitos não conseguem entender o que leem ou 
apenas reproduzem, com as mesmas palavras, o que está escrito na superfície 
textual, ou seja, naquilo que está escrito ”literalmente” ou mostrado. Abaixo segue 
uma crônica de Ignácio de L. Brandão, publicada no jornal O Estado de São Paulo. 
Leia-a atentamente, para entender o que acabamos de falar: 
 
Para quem não dorme de touca 
 
Na infância, ele era diferente. Acreditava nos outros, acreditava nas coisas. 
Quando alguém dizia: 
- Por que não vai ver se estou na esquina? 
Ele corria até a esquina, olhava, esperava um pouco, reconfirmava e voltava: 
- Não tem ninguém na esquina. 
- Quer dizer que voltei. 
- Por que não me avisou que voltou? 
- Voltei por outro caminho. 
- Que outro caminho? 
- O caminho das pedras. Não conhece o caminho das pedras? 
- Não. 
- Então não vai ser nada na vida. 
Outra vez, numa discussão, alguém foi imperioso: 
- Quer saber? Vá plantar batatas. 
Ele correu no armazém, comprou um quilo de batatas e foi até o quintal, plantou 
tudo. Não é que as batatas germinaram! Houve também aquele dia em que um 
amigo convidou: 
- Vamos matar o bicho? 
- Onde o bicho está? 
- Ali no bar. 
- Que bicho? É perigoso? Me dê um minuto, passo em casa, pego a espingarda 
do meu pai ... 
- Espingarda? Venha com a sede. 
- Não estou com sede. 
- Matar o bicho, meu caro, é beber uma pinga. 
Em outra ocasião, um primo perguntou: 
- Você fez alguma coisa para a Mercedes? 
- Não. Por quê? 
- Ela passou por mim, está com a cara amarrada. 
- Amarrada com barbante, com corda, com arame? Por que uma pessoa amarra 
a cara da outra? 
- Nada, esquece! Você ficou com a cara de mamão macho, me deixou com cara 
de tacho. É um cara-de-pau e ainda fica aí me olhando com a mesma cara. 
Outra vez, uma menina, que ele queria namorar, se encheu: 
- Pára! Não me amole! Por que não vai pentear macaco? 
Naquela tarde ele foi surpreendido no minizoológico do bairro, com um pente na 
mão e tentando agarrar um macaco, a quem procurava seduzir com bananas. Uma 
noite combinaram de jogar baralho e um dos parceiros propôs: 
- Vai ser a dinheiro ou a leite de pato? 
- Leite de pato, propuseram os jogadores. 
Ele se levantou: 
- Então, esperem um pouco. Trouxe dinheiro, mas não leito e de pato. Vou 
providenciar. 
- E onde vai buscar leite de pato? 
- A Mirela, ali da esquina, tem um galinheiro enorme, está cheio de patos. Vou 
ver o que arranjo. 
Voltou meia hora depois: 
- Não vou poder jogar. Os patos, me disse a Mirela, não estão dando leite faz 
uma semana. 
Riram e mandaram ele sentar e jogar. Em certo momento, um jogador se irritou, 
porque o adversário, apesar de ingênuo e inocente, tinha muita sorte. 
- Vou parar. Você está jogando com cartas marcadas. 
- Claro que tem marca! É Copag, a melhor fábrica de baralhos. Boa marca, não 
conheço outra. 
- Está me fazendo de bobo, mas aí tem dente de coelho. 
- Juro que não! Por que haveria de ter dente de coelho? Quem tirou o dente do 
coelho? 
- Além do mais, você mente com quantos dentes tem na boca. A gente precisa 
ficar de orelha em pé. 
- Não estou fazendo nada. Estou na minha, com meu joguinho, vocês é que 
implicam. 
- Desculpa de mau jogador. 
- Não devo nada a ninguém aqui. 
- Deve os olhos da cara. 
- Devo? Não comprei os meus olhos. Nasceram comigo. Só se meus pais 
compraram e não pagaram. 
Todos provocaram, pagavam para ver. 
- Não venha com conversa mole, pensa que dormimos de botina? 
- Não penso nada. Aliás, nunca vi nenhum de vocês de botina. 
- Melhor enrolar a língua, se não se enrosca todo. 
- Não venha nos fazer a boca doce, que bem te conhecemos! 
As conversas eram sempre assim. Pelo menos foram até meus 20 anos, quando 
deixei a cidade. A essa altura, vocês podem estar pensando que ele era sonso, 
imbecilizado. Garanto que não. Tanto que, hoje, é um empresário bem-sucedido, 
 
 
Observamos que nessa crônica, o sujeito destacado pelo narrador somente 
entendia as orações de forma literal, ou seja, ele não conseguia entender a 
intenção proposta pelas pessoas, quando diziam algo. Você já vivenciou esse fato? 
Essa história parece ser até ridícula; aparentemente nenhuma pessoa faria 
isso, pois dentro da ação comunicativa,o indivíduo consegue entender que essas 
expressões são formas de dizer, ou seja, elas são expressões populares, usadas 
como figuras de linguagem para dizer algo com outro sentido. 
Infelizmente, essa situação é muito comum durante o ato da leitura, porque, 
muitas vezes, o leitor não consegue entender a intenção do autor. Ele começa a 
pensar e a dizer algo que não está no texto. 
Você já leu um texto, fez uma interpretação e quando foi ver a sua 
interpretação não era a ideia central do texto? Por que será que isso ocorre? 
Porque muitas vezes nós queremos entender o texto de forma literal, ou 
então isolamos palavras ou frases e fazemos nossa análise sem olhar o todo. 
Devemos entender que a totalidade de sentido de um texto não está somente 
naquilo que está escrito, conhecido como superfície textual (o que é mostrado), mas 
também está nos aspectos considerados não ditos. 
 
 
 
No texto, podemos dizer que existem dois planos: aquilo que está mostrado 
mediante as letras, palavras, figuras e gestos; e aquilo que está implícito, oculto, 
ou seja, aquilo que está além dessas letras, palavras, figuras e gestos. É o que 
acontece na crônica. Quando foi dito “Vai ver se eu estou na esquina” a pessoa não 
fabrica lençóis, fronhas e edredons, é dono de uma marca bem conhecida, a Bem 
Querer & Bem-Estar. Não sei se um de vocês já comprou. Se não, recomendo. 
Claro, recomendo a quem não dorme de touca, quem não tem conversa mole para 
boi dormir, quem não dorme no ponto, quem não dorme na portaria, para aqueles 
que não dormem sobre louros. Enfim, para quem não dorme com um olho aberto e 
o outro fechado. 
(BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O Estado de São Paulo, 8 jul. 2005. Caderno 2, p. 
D14.) 
 
Talvez, você esteja se perguntando: “Como assim?” 
queria que o sujeito que recebeu essa informação fosse até à esquina a fim de 
verificar essa informação, porque não haveria necessidade, uma vez que ela já 
estava bem à sua frente. Na realidade, por meio desses dizeres, o desejo dessa 
pessoa é que o outro parasse de perturbá-la. 
No entanto, deverá surgir uma nova pergunta: “Será que eu tenho essas 
mesmas atitudes em relação à interpretação dos textos?” 
Infelizmente, muitos ainda têm. Quer fazer um teste? Leia a seguir a fábula 
de Millôr Fernandes: 
 
 
Se alguém lhe perguntasse “o que você 
entendeu do texto?”, o que diria? Tente 
formular, em sua mente, a interpretação do 
texto. Talvez, tenha conseguido formular a 
seguinte interpretação: 
Essa fábula narra a história de uma raposa, 
que não comia já há quatro dias e que, 
portanto, estava com muita fome. Ela saiu do 
areal do deserto e foi a um parreiral que descia 
por um precipício. Ela olhou e viu que os 
cachos de uvas eram grandes e maravilhosos. 
A RAPOSA E AS UVAS 
 
 
De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os 
tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia 
por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto, 
cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o 
corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não 
conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo o que tinha, não 
conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, 
com raiva: “Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes.” E foi descendo, 
com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a 
pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, 
perigosamente, pois o terreno era irregular e havia risco de despencar, esticou a 
pata e... Conseguiu! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. 
Realmente as uvas estavam muito verdes! 
MORAL: A frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra. 
 
Fonte: (FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro: Nórdica, 1991) 
A raposa tentou pegá-los por diversas vezes, mas como não conseguiu, desistiu, 
dizendo que as uvas estavam muito verdes. Quando estava indo embora, se 
deparou com uma pedra enorme. Com muito esforço empurrou a pedra até o local 
em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra e conseguiu pegá-lo. Colocou o 
cacho inteiro na boca e o cuspiu imediatamente, por que as uvas estavam muito 
verdes. 
Se essa foi a sua interpretação, ela foi apenas uma reprodução do que está 
na superfície do texto, ou seja, ela é muito parecida com o sujeito da crônica que 
entendia tudo literalmente. Ao contar essa fábula, a intenção é muito maior do que 
apenas narrar a história de uma raposa que estava com fome. 
Então, qual seria a possibilidade de interpretação? Tente enxergar outros 
significados que estão além das palavras. Por exemplo: 
 
 
Observe que essas questões estão nos fazendo olhar não apenas para 
aquilo que está dito, mas buscarmos significados que estão além do texto. Isso 
deve ocorrer na interpretação de todo texto. 
 
O que é uma fábula? 
Qual a relação da fábula com a moral? 
Ao analisar a fábula “A Raposa e as Uvas”, devemos primeiramente ter o 
conhecimento de que uma fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens 
são geralmente animais que possuem características humanas. 
Pode ser escrita em prosa ou em verso e é sustentada sempre por uma lição 
de moral, constatada na conclusão da história. Ela é muito utilizada com fins 
educacionais. Muitos provérbios ou ditos populares vieram da moral contida nesta 
narrativa alegórica, como por exemplo: “A pressa é inimiga da perfeição” na fábula 
A lebre e a tartaruga e “Um amigo na hora da necessidade é um amigo de verdade” 
em A cigarra e as Formigas. Portanto, sempre que alguém redige uma fábula ele 
deve ter em mente um ensinamento. Além disso, observamos que na fábula a 
raposa não tem procedimentos próprios de um animal, mas de ser humano, pois ela 
falou, empurrou a pedra, armou toda uma estratégia para pegar as uvas etc. 
Diante disso, uma vez que a fábula sempre procura trazer um ensinamento, 
devemos analisar a relação que existe entre a narrativa e a moral. Num primeiro 
momento, o texto parece ter um caráter 
ingênuo, de uma narrativa aparentemente 
infantil, conforme apontamos naquela 
interpretação literal. Contudo, quando 
observamos alguns elementos textuais que 
estão presentes na fábula, ampliamos a 
nossa leitura. Logo no início da narrativa é 
colocada não uma necessidade fisiológica (a 
fome da raposa), mas uma questão comportamental (a gula da personagem), dado 
importante para reforçar a conclusão. Além 
disso, aparecem várias tentativas do animal 
em obter o objeto de desejo que alimentaria 
sua gula, mesmo depois de vários fracassos. 
Só então a raposa emite um juízo “Ah, 
também não tem importância. Estão muito 
verdes.” (É bom ressaltar que esse 
enunciado é precedido das expressões 
“entre dentes, com raiva”, que evidenciam as condições da raposa no momento em 
que diz). 
 
A partir daí, novos dizeres se apresentam no texto em virtude da intenção de 
sentido. Ao se deparar com uma enorme pedra, a raposa é reanimada e tenta 
novamente atingir seu objetivo, ignorando o que havia afirmado anteriormente, 
premida pelas circunstâncias. Isso, aparentemente, comprova que as palavras da 
personagem eram apenas tidas como desculpas por não ter conseguido a fruta 
para saciar sua gula. Contudo, a raposa consegue, com muito esforço, o que 
pretendia - apanhar as uvas - mas, ao contrário do que desejava, as uvas estavam 
realmente verdes, expelindo-as de sua boca de tal forma que não as consumisse. 
Nesse ponto, o texto amplia os horizontes do significado, determinando a 
moral, cujo sentido está em confirmara questão comportamental e não a 
necessidade fisiológica. As uvas já se mostravam verdes e a raposa já havia 
percebido, tanto que já o havia declarado anteriormente, mas o estado de gula era 
tal, que se sobrepôs à razão. Somente no momento em que provou as uvas e 
houve a confirmação do que já sabia é que veio a 
consciência de não poder desfrutar daquela fruta, 
daí, então, ocorre a frustração. 
É claro que para fazer essa leitura e 
interpretação, é necessário que o leitor comece a 
perceber que aquilo que é visível num texto não é a 
única leitura, mas a partir desses aspectos visíveis 
associados a outros aspectos que já fazem parte da 
vivência do leitor, essa leitura será ampliada. 
Portanto, para compreender o que está além daquilo 
que é visível, precisamos ativar o que chamamos de 
conhecimento de mundo. 
 
 
 
 
 
Mas, o que é esse conhecimento de mundo? 
 
Durante a nossa vida, nós adquirimos vários tipos de conhecimentos que 
ficam arquivados em nossa memória. Por isso, é fundamental que um indivíduo 
tenha acesso à cultura, faça diversas leituras, ouça música, veja filmes, pois quanto 
maior for a sua experiência, maior será o seu conhecimento. 
Ao fazermos uma leitura ou uma interpretação de texto, nós ativamos esse 
conhecimento de mundo, para estabelecer sentido ao texto. Por isso, a leitura é 
uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do 
leitor. 
Koch e Elias (2007, 11) dizem que “a leitura de um texto exige do leitor bem 
mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples 
produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.” 
Isso quer dizer que quando lemos algo, não basta apenas conhecermos as 
letras ou identificarmos as imagens, pois isso 
caracterizaria uma leitura ingênua. Durante o 
ato da leitura, não somos simples leitores num 
estado de passividade, apenas recebendo 
informação, mas, devemos ser pessoas ativas 
nessa leitura, buscando preencher as 
lacunas que o texto tem e procurando 
descobrir a intenção que está por trás dessa “superfície 
textual”. Essa ação é o que chamamos de 
posicionamento crítico. Segundo os Parâmetros 
Curriculares Nacionais 
A leitura é o processo no qual o 
leitor realiza um trabalho ativo de 
compreensão e interpretação do 
texto, a partir de seus objetivos, de 
seu conhecimento sobre o assunto, 
sobre o autor, de tudo o que sabe 
sobre a linguagem etc. Não se trata 
de extrair informação, decodificando 
letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade 
que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e 
verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso 
desses procedimentos que possibilita controlar o que vai 
sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades 
de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, 
validar no texto suposições feitas. 
(BRASIL. PCNS: terceiro e quarto ciclos do ensino 
fundamental. Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998, 
pp. 69-70.) 
 
Portanto, o nosso desafio é fazê-lo perceber que há níveis de leitura e 
entendimento de um texto. Muitas vezes, uma pessoa fica somente no primeiro 
nível, o da superfície do texto, sendo que o sentido do texto vai muito além. Para 
ajudar ainda mais no entendimento desse sentido, é necessário saber, também, 
que tudo é construído dentro de um aspecto ideológico. 
 
 
 
Quando Millôr Fernandes escreveu a fábula “A Raposa e as Uvas” procurou, 
conforme analisamos, trazer como ensinamento a repreensão à gula. Para isso, ele 
parte do princípio que a gula é algo condenado socialmente, uma vez que ela 
pertence aos sete pecados capitais. Dessa forma, essa fábula confirma os valores 
sociais, mostrando a gula de forma depreciativa, passível de um julgamento. 
Agora, suponhamos que uma empresa de alimentos fosse fazer uma propaganda. 
Você acha que ela seria a favor ou contra a gula? Pegue como exemplo alguns 
comerciais de alimentos, principalmente quando se trata de algum chocolate: neles, 
normalmente, aparece uma criança toda lambuzada, pois ela come o doce com 
tanto prazer, que acaba se sujando toda. 
 
Agora me responda: a empresa que faz a propaganda tem a mesma visão 
de gula presente na fábula ou uma visão contrária? Por que isso ocorre? 
Percebemos que é uma visão contrária, pois o objetivo dessa empresa é 
fazer que o leitor consuma o maior número possível de produtos, para que ela 
obtenha lucros. Portanto, a gula não seria vista como algo maléfico, mas benéfico. 
Agora, leia o poema a seguir: 
 
 
Aspecto Ideológico? O que é isto? 
 
 
Nesse poema, como é vista a gula? É vista como algo aceito ou condenado 
pelo eu-lírico, ou seja, por aquele que está dizendo o poema? O que o faz ter esse 
posicionamento? 
Ao analisarmos o poema, vemos uma pessoa que se declara pecadora e 
escrava da gula. Embora consciente de que a gula é algo condenado socialmente, 
ela sente prazer no que faz. E parece não ligar por estar transgredindo os valores 
sociais. Ela sabe que a gula é uma fraqueza dela, todavia, ela se sente confortável. 
Essa consciência e esse conforto vêm marcados no poema pelos verbos “sorvo”, 
“repasto”, “degusto” e “empanturro”, pois estão todos ligados a ação de 
A gula 
 
Sorvo delícias em prazeres 
que mal mastigo... 
Compenso-me em torrões 
mascavados de deleite 
 
Repasto-me em trouxas 
douradas de ovos moles 
Degusto ostras 
ovadas de luar 
e empanturro-me 
em iguarias às quais 
não ofereço resistência 
 
E confesso-me pecadora 
e escrava desta gula, 
que leva à mesa, 
o banquete que me sacia, 
meu regozijo e conforto, 
prova das minhas fraquezas. 
 
Maria Fernanda Reis Esteves 
(http://www.luso-poemas.net) 
saborear algo. Esse posicionamento se mostra diferente da fábula e da empresa de 
alimentos. 
Então, o que nos leva a ter essas três visões diferenciadas da gula? São os 
chamados pressupostos ideológicos de cada sujeito constituído no texto. Dessa 
forma, cabe-nos ver um pouco sobre a questão da ideologia e a linguagem. 
Segundo Marilena Chauí (O que é ideologia, p. 113), 
 
 
 
Leia novamente essa definição e pense no que Marilena Chauí quer dizer. 
Esse é um bom teste para ver o seu nível de leitura. 
Se você for a um dicionário ou a um livro de filosofia, verá outras definições 
de ideologia, todavia, essa definição dada por Chauí está bem apropriada ao que 
estamos falando. 
Um indivíduo, durante a sua formação vai adquirindo valores sociais, regras 
de conduta que vão direcionar a sua vida. Ele buscará interpretar os fatos e se 
expressar de acordo com essas ideias. 
Por exemplo, se um indivíduo é de uma família em que certas palavras não 
podem ser ditas porque são proibidas, esse indivíduo sempre as verá dessa forma, 
por isso, procurará evitá-las. 
Isso é o que ocorre nos textos, cuja temática é sobre a gula. O modo de ver 
a gula e falar dela dependerá dessa questão de valores. 
Esses valores, essas regras e normas são o que formam a ideologia, 
portanto, o seu significado está ligado a um conjunto de ideias, de pensamentos, 
das experiências de vida de um indivíduo e é por meio desta ideologia que o 
indivídio interpreta seu mundo, os textos que lê e as informações que recebe por 
meio de suas ações e linguagem. 
Todavia, muitas vezes, a ideologia é utilizada dentro de um aspecto negativo, 
porque ela pode ser usada como uma forma de mascarar a verdade. Por exemplo, 
quando o patrão diz aos empregados que quanto mais eles produzirem, mais 
“a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de 
representações (ideias e valores) e de normas e de regras (deconduta) que indicam e prescrevem aos membros da 
sociedade o que devem pensar e como devem pensar o que 
devem valorizar e como devem sentir, o que devem fazer e 
como devem fazer.” 
pessoas dignas e de sucesso serão; na realidade, esse patrão está se utilizando 
dos aspectos ideológicos nessa fala, pois, o que de fato deseja é a grande 
produção para um maior faturamento. Na sua fala há uma intenção implícita que 
não é condizente com o que ele está transmitindo. Isso é muito comum na 
propaganda. Com o propósito de 
vender um produto, a empresa 
mostra todas as qualificações desse 
produto, nos passando a ideia de que 
ele é importantíssimo para o 
consumidor e nós somos persuadidos 
de tal forma que queremos adquiri-lo. 
Veja esta propaganda antiga. 
Em meados do século XX, a 
enceradeira surgiu como uma 
inovação tecnológica importante para 
a dona de casa, pois muitas mulheres 
enceravam a sua casa com um 
escovão ou de joelho com um pano 
na mão. Procure observar essa 
propaganda e veja como ela procura 
vender o produto “enceradeira”. 
Se você nunca passou uma enceradeira, pergunte para sua mãe se era 
dessa forma que ela encerava a casa: salto, cabelo escovado, saia e blusa, como 
se fosse uma princesa. Tenho certeza de que não era assim. 
Observe que a propaganda quer vender a ideia de que quem comprasse a 
Enceradeira Arno Super iria ter prazer em fazer a faxina de casa e nem sentiria 
cansaço. Todavia, essa ideia não é verdadeira. Portanto, a empresa se apropriou 
dos aspectos ideológicos para camuflar a verdade. 
Dessa forma, a realidade é distorcida a partir de um conjunto de 
representações pelo qual os homens se utilizam para explicar e compreender sua 
própria vida individual e social. Isso ocorre com todos os indivíduos, porque nós 
somos governados por uma ordem social. 
A ideologia, portanto, é um sinal de significação que está presente em 
qualquer tipo de mensagem, pois, em toda mensagem sempre há por trás uma 
intenção que normalmente não é claramente dita. 
Desta forma podemos afirmar que todos nós deixamos nossa marca de visão 
de mundo, dos nossos valores e crenças, e de INTENÇÃO, ou seja, de nossa 
ideologia, no uso que fazemos da linguagem, pois nós recorremos a ela para 
expressar nossos sentimentos, opiniões e desejos. E é por meio da linguagem que 
interpretamos a realidade que nos cerca. 
Porém, essa interpretação não é totalmente livre, pois ela é construída 
historicamente a partir de uma série de aspectos ideológicos que todos nós temos, 
mesmo sem nos darmos conta de sua existência. 
 
 
Tomem como exemplo textos que valorizam a imagem da mulher como a 
dona de casa perfeita, por exemplo, recorrem a um vocabulário que traduz as 
características vistas como positivas, tais como, a mulher é a rainha do lar, o anjo 
do lar, a mãe exemplar, a esposa perfeita, a santa senhora. Tais expressões eram 
muito utilizadas nas propagandas das décadas de 40, 50 e 60. Elas funcionavam 
para encobrir, na realidade, a verdadeira trabalhadora do lar, a qual deveria 
manusear todos os eletrodomésticos para manter sua casa permanentemente limpa 
para seu esposo. 
Para entendermos ainda melhor os conceitos que estamos trabalhando, no 
quadro a seguir, encontramos três músicas. Faça uma comparação entre elas e 
veja qual é o perfil de juventude que encontramos nessas músicas. São os mesmos 
perfis? A data da composição das músicas é importante para a concepção desses 
perfis? 
 
 
Toda essa questão parece ser muito complexa, pois é 
muito conceitual. Então veremos a seguir como de fato a 
ideologia se dá nos textos. 
Alegria, Alegria Como Nossos Pais 
 
Não quero lhe falar, 
Meu grande amor, 
Das coisas que aprendi 
Nos discos... 
Quero lhe contar como eu 
vivi 
E tudo o que aconteceu 
comigo 
 
Viver é melhor que sonhar 
Eu sei que o amor 
É uma coisa boa 
Mas também sei 
Que qualquer canto 
É menor do que a vida 
De qualquer pessoa... 
Por isso cuidado meu bem 
Há perigo na esquina 
Eles venceram e o sinal 
Está fechado prá nós 
Que somos jovens... 
Para abraçar seu irmão 
E beijar sua menina na 
rua 
É que se fez o seu braço, 
O seu lábio e a sua voz... 
 
Você me pergunta 
Pela minha paixão 
Digo que estou encantada 
Como uma nova invenção 
Eu vou ficar nesta cidade 
Não vou voltar pro sertão 
Pois vejo vir vindo no 
vento 
Cheiro de nova estação 
Eu sei de tudo na ferida 
viva 
Do meu coração... 
 
Já faz tempo 
Eu vi você na rua 
Cabelo ao vento Gente 
jovem reunida Na 
parede da memória 
Essa lembrança 
É o quadro que dói mais... 
Geração Coca-Cola 
 
Quando nascemos fomos 
programados 
A receber o que vocês 
Nos empurraram com os 
enlatados 
Dos U.S.A., de nove as 
seis. 
 
Desde pequenos nós 
comemos lixo 
Comercial e industrial 
Mas agora chegou nossa 
vez 
Vamos cuspir de volta o 
lixo em cima de vocês 
 
Somos os filhos da 
revolução 
Somos burgueses sem 
religião 
Somos o futuro da nação 
Geração Coca-Cola 
 
Depois de 20 anos na 
escola 
Não é difícil aprender 
Todas as manhas do seu 
jogo sujo 
Não é assim que tem que 
ser 
 
Vamos fazer nosso dever 
de casa 
E aí então vocês vão ver 
Suas crianças derrubando 
reis 
Fazer comédia no cinema 
com as suas leis 
 
Somos os filhos da 
revolução 
Somos burgueses sem 
religião 
Somos o futuro da nação 
Geração Coca-Cola 
Geração Coca-Cola 
Geração Coca-Cola 
Caminhando contra o 
vento 
Sem lenço e sem 
documento 
No sol de quase 
dezembro 
Eu vou... 
O sol se reparte em 
crimes 
Espaçonaves, guerrilhas 
Em cardinales bonitas 
Eu vou... 
Em caras de presidentes 
Em grandes beijos de 
amor 
Em dentes, pernas, 
bandeiras 
Bomba e Brigitte Bardot... 
O sol nas bancas de 
revista 
Me enche de alegria e 
preguiça 
Quem lê tanta notícia 
Eu vou... 
Por entre fotos e nomes 
Os olhos cheios de cores 
O peito cheio de amores 
vãos 
Eu vou 
Por que não? Por que 
não? 
Ela pensa em casamento 
E eu nunca mais fui à 
escola 
Sem lenço e sem 
documento, 
Eu vou... 
Eu tomo uma coca-cola 
Ela pensa em casamento 
E uma canção me consola 
 
Eu vou... Minha dor é perceber 
Que apesar de termos 
Feito tudo o que fizemos 
Ainda somos os mesmos 
E vivemos 
Ainda somos os mesmos 
E vivemos 
Como os nossos pais... 
 
Nossos ídolos 
Ainda são os mesmos 
E as aparências 
Não enganam não 
Você diz que depois deles 
Não apareceu mais 
ninguém 
Você pode até dizer 
Que eu tô por fora 
Ou então 
Que eu tô inventando... 
Mas é você 
Que ama o passado 
E que não vê 
É você 
Que ama o passado 
E que não vê 
Que o novo sempre vem... 
 
Hoje eu sei 
Que quem me deu a idéia 
De uma nova consciência 
E juventude 
Tá em casa 
Guardado por Deus 
Contando vil metal... 
Minha dor é perceber 
Que apesar de termos 
Feito tudo, tudo, 
Tudo o que fizemos 
Nós ainda somos 
Os mesmos e vivemos 
Ainda somos 
Os mesmos e vivemos 
Ainda somos 
Os mesmos e vivemos 
Como os nossos pais... 
 
Elis Regina 
Composição:Belchior1976 
Geração Coca-Cola 
Por entre fotos e nomes 
Sem livros e sem fuzil 
Sem fome, sem telefone 
No coração do Brasil... 
Legião Urbana 
Composição: Renato 
Russo / Fê Lemos / 1985 
Ela nem sabe até pensei 
Em cantar na televisão 
O sol é tão bonito 
Eu vou... 
 
Sem lenço, sem 
documento 
Nada no bolso ou nas 
mãos 
Eu quero seguir vivendo, 
amor 
Eu vou... 
 
Por que não? Por que 
não? 
 
Caetano Veloso 
Composição: Caetano 
Veloso/ 1967 
 
 
Você percebeu que essas músicas foram compostas em três décadas 
diferentes? A primeira em 1967, a segunda em 1976 e a terceira em 1985. Nelas, 
encontramos diferenças nos perfis dos jovens que está intimamente ligada com a 
ideologiadominante da época. Veja a análise!!! 
Na primeira música, temos um jovem que vive a opressão sofrida nas ruas, 
nos meios de comunicação, em sua cultura nativa, no seu próprio país na década 
de 60. A letra denuncia o abuso de poder de forma metafórica: “caminhando contra 
o vento/sem lenço e sem documento”; expressa a violência praticada pelo regime: 
“sem livros e sem fuzil,/ sem fome, sem telefone, no coração do Brasil”; denuncia a 
precariedade na educação brasileira proporcionada pela ditadura que queria 
pessoas alienadas: “O sol nas bancas de revista /me enche de alegria e 
preguiça/quem lê tanta notícia?”. 
Na segunda música, a canção fala sobre o tempo e a juventude, a 
maturidade e a impotência, a ilusão e a decepção, sobre ganhar e perder. Embora 
as pessoas sejam tão previsíveis e as histórias, inclusive políticas, costumem 
acabar praticamente sempre “em pizza”, como se costuma dizer no Brasil, o autor 
nos alerta do quão é importante que façamos a nossa parte. É importante não 
desistir. 
Na terceira, temos uma geração marcada pelo consumismo, que procuram 
para si a praticidade e os produtos importados. É uma juventude que se deixa 
envolver pelo caminho mais fácil, deixando de lado ideais revolucionários. 
Como se vê, as idéias produzidas num determinado tempo, numa dada 
época estão sempre presentes no texto. Por isso, é preciso verificar as concepções 
e fatos correntes na época e na sociedade em que o texto foi produzido, para 
ajudar-nos a entender os aspectos ideológicos, ou seja, as crenças, valores e 
pensamentos relacionados à época e, consequentemente, fazermos uma leitura 
além da superfície de um texto. 
ACENTUAÇÃO GRÁFICA 
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras estabelecidas pela Gramática Normativa. A mesma compõe- 
se de algumas particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando estabelecer uma relação de familiaridade 
e, consequentemente, colocando-as em prática ao nos referirmos à linguagem escrita. 
 
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas 
competências, e tão logo nos adequamos à forma padrão. 
 
Em se tratando do referido assunto, devemos nos ater à questão das Novas Regras Ortográficas da Língua 
Portuguesa, as quais entraram em vigor desde o dia 1º de janeiro de 2009. E como toda mudança implica em 
adequação, o ideal é que façamos uso das mesmas o quanto antes. 
 
O estudo exposto a seguir visa aprofundar nossos conhecimentos no que se refere à maneira correta de grafamos as 
palavras, levando em consideração as regras de acentuação por elas utilizadas. Lembrando que as mesmas já estão 
voltadas para o novo acordo ortográfico. 
 
Regras básicas – Acentuação tônica 
 
A acentuação tônica implica na intensidade como são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma 
mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. 
 
As demais, como são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas. 
De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas como: 
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última sílaba. 
Ex: café – coração – cajá – atum – caju - papel 
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se evidencia na penúltima sílaba. 
Ex: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível 
Proparoxítonas - São aquelas em que a silaba tônica se evidencia na antepenúltima sílaba. 
Ex: lâmpada - câmara - tímpano - médico - ônibus 
Como podemos observar, mediante todos os exemplos mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas 
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente, são os chamados monossílabos, que, quando 
pronunciados, há certa diferenciação quanto à intensidade. 
 
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em uma dada sequência de palavras. Como podemos 
observar o exemplo a seguir: 
 
“Sei que não vai dar em nada, 
Seus segredos sei de cor”. 
 
Os monossílabos ora em destaque, classificam-se como tônicos, os demais, como átonos (que, em, de). 
 
 
Os acentos 
 
# acento agudo (´) – Colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo “em” indica que estas letras representam as 
vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, 
timbre aberto. 
 
Ex: herói – médico – céu 
 
# acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e “o”, indica além da tonicidade, timbre fechado: 
tâmara – Atlântico – pêssego – supôs 
# acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com artigos e pronomes. 
 
Ex: à, às, àquelas, àqueles 
 
# O trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abolido das palavras. Apenas há uma exceção: Somente é 
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. 
Ex: mülleriano (de Müller) 
 
# O til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais nasais. 
Ex: coração – melão – órgão - ímã 
Regras fundamentais: 
 
Palavras oxítonas: 
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: a, e, o, em, seguidas ou não do plural(s) 
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s) 
 
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: 
 
Monossílabos tônicos terminados em a, e, o, seguidos ou não de “s”. 
Ex: pá – pé – dó – crê – há 
Formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidas de lo, la, los, lãs. 
respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo 
Paroxítonas: 
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: 
 
- i, is 
 
táxi – lápis – júri 
 
- us, um, uns 
 
vírus – álbuns – fórum 
 
- l, n, r, x, ps 
 
automóvel – elétron- cadáver – tórax – fórceps 
 
- ã, ãs, ão, ãos 
 
ímã – ímãs – órfão – órgãos 
 
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”. 
água – pônei – mágoa – jóquei 
Regras especiais: 
 
#Os ditongos de pronúncia aberta ei, oi, que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a nova regra. 
Ex: 
 
Antes Agora 
assembléia assembleia 
idéia ideia 
geléia geleia 
jibóia jiboia 
apóia (verbo apoiar) apoia 
paranóico paranoico 
 
Observação importante – O acento das palavras herói, anéis, fiéis ainda permanece. 
 
# Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados ou não de s, haverá acento 
Ex: saída – faísca – baú – país – Luís 
Observação importante: 
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de ditongo: 
Ex: 
Antes Agora 
bocaiúva bocaiuva 
feiúra feiura 
Sauípe 
 
 
# O acento pertencente aos hiatos “oo” e “ee” que antes existia, agora foi abolido. 
Ex: 
Antes Agora 
crêem creem 
lêem leem 
vôo voo 
enjôo enjoo 
 
#Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: 
 
Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir-des, ju-iz 
 
#Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se estiverem seguidas do dígrafo nh: 
ra-i-nha, vem-to-i-nha. 
#Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se vierem precedidas de vogal idêntica: 
xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba 
No entanto, se tratar de palavra proparoxítona haverá o acento, já que a regra de acentuação das proparoxítonas 
prevalece sobre a dos hiatos: 
 
fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo 
 
# As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com (u) tônico precedido de (g) ou (q) e seguido de (e) ou (i) 
não serão mais acentuadas. 
Ex: 
Antes Depois 
apazigúe (apaziguar) apazigue 
averigúe (averiguar) averigue 
argúi (arguir) argui 
 
# Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plural de: 
ele tem – eles têm 
ele vem – eles vêm 
 
# A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, deter, abster. 
ele contém – eles contêm 
ele obtém – eles obtêm 
ele retém – eles retêm 
ele convém– eles convêm 
 
# Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram acentuadas para diferenciar de outras semelhantes. 
Apenas em algumas exceções como: 
 
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo 
acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do indicativo). 
 
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da preposição por. 
 
Palavras homógrafas 
 
pola (ô) substantivo – pola (ó) substantivo 
polo (s) (substantivo) - polo(s) (contração de por + o) 
pera (substantivo) - pera (preposição antiga) 
para (verbo) - para (preposição) 
pelo(s) (substantivo) - pelo (contração) 
pelo (do verbo pelar) - pelo (contração) 
pela, pelas (substantivo e verbo) - pela (contração) 
Classes de palavras 
 
As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações. 
Na língua portuguesa podemos classificar as palavras em: 
• Substantivo 
• Adjetivo 
• Pronome 
• Verbo 
• Artigo 
• Numeral 
• Advérbio 
• Preposição 
• Interjeição 
• Conjunção 
 
Substantivo: 
É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral. 
Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou 
composto (guarda-chuva). 
Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou 
abstrato (felicidade). 
Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal: 
alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres: 
beleza, cegueira, dor, fuga. 
Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas. 
Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria (um judas = 
traidor / um panamá = chapéu). 
Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando 
esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas). 
Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se 
empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros). 
Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser: 
• biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou 
conde X condessa). 
• uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão 
divididos em: 
• epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) - albatroz, badejo, besouro, 
codorniz; 
• comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por 
palavras determinantes - aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola; 
• sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos - 
algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo; 
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a 
corneta / o crisma X a crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua X a língua / o 
moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-fumaça / o voga X a voga). 
Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa, valentona). 
Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X monja, infante X 
infanta, mas o/a dirigente, o/a estudante). 
Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples formam o plural em função do final da 
palavra. 
• vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus); 
• ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra (pagãos, cidadãos, cortesãos, 
escrivães, sacristães, capitães, capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães). 
Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns 
gramáticos registram artesão (artífice) - artesãos e artesão (adorno arquitetônico) - artesões. 
• -EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -NS (jardim X jardins); 
• -R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X raízes); 
• -S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países). Os não-oxítonos terminados em -S são 
invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são 
invariáveis; 
• -N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens ou hífenes), cânon > cânones; 
• -X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax); 
• -AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul 
por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou meles; 
• IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis). 
Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis; 
• sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a palavra primitiva no plural, retirar o -S e 
acrescentar o sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras com 
esses sufixos não recebem acento gráfico. 
• metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em 
função da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos). Observação: avôs (avô paterno + avô materno), 
avós (avó + avó ou avô + avó). 
Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal. São três graus: 
normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos: 
• analítico: associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou similar) ao substantivo; 
• sintético: anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão X menininho). 
Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha). 
• alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão; 
• alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é 
obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho, paizinho); 
O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o 
diminutivo pode indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre). 
Algumas curiosidades sobre os substantivos: 
Palavras masculinas: 
• ágape (refeição dos primitivos cristãos); 
• anátema (excomungação); 
• axioma (premissa verdadeira); 
• caudal (cachoeira); 
• carcinoma (tumor maligno); 
• champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes (FeM classificam como gênero 
vacilante); 
• diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno); 
• herpes, hosana (hino); 
• jângal (floresta da Índia); 
• lhama, praça (soldado raso); 
• praça (soldado raso); 
• proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero vacilante); 
• suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante); 
• teiró (parte de arma de fogo ou arado); 
• telefonema, trema, vau (trecho raso do rio). 
Palavras femininas: 
• abusão (engano); 
• alcíone (ave doa antigos); 
• aluvião, araquã (ave); 
• áspide (reptil peçonhento); 
• baitaca (ave); 
• cataplasma, cal, clâmide (manto grego); 
• cólera (doença); 
• derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto); 
• filoxera (inseto e doença); 
• gênese, guriatã (ave); 
• hélice (FeM classificam como gênero vacilante); 
• jaçanã (ave); 
• juriti (tipo de aves); 
• libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino); 
• sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa); 
• usucapião (FeM classificam como gênero vacilante); 
• xerox (cópia). 
Gênero vacilante:• acauã (falcão); 
• inambu (ave); 
• laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente nos dois gêneros, mas que há 
preferência de autores pelo masculino); 
• víspora. 
Alguns femininos: 
• abade - abadessa; 
• abegão (feitor) - abegoa; 
• alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina; 
• aldeão - aldeã; 
• anfitrião - anfitrioa, anfitriã; 
• beirão (natural da Beira) - beiroa; 
• besuntão (porcalhão) - besuntona; 
• bonachão - bonachona; 
• bretão - bretoa, bretã; 
• cantador - cantadeira; 
• cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz; 
• castelão (dono do castelo) - castelã; 
• catalão - catalã; 
• cavaleiro - cavaleira, amazona; 
• charlatão - charlatã; 
• coimbrão - coimbrã; 
• cônsul - consulesa; 
• comarcão - comarcã; 
• cônego - canonisa; 
• czar - czarina; 
• deus - deusa, déia; 
• diácono (clérigo) - diaconisa; 
• doge (antigo magistrado) - dogesa; 
• druida - druidesa; 
• elefante - elefanta e aliá (Ceilão); 
• embaixador - embaixadora e embaixatriz; 
• ermitão - ermitoa, ermitã; 
• faisão - faisoa (Cegalla), faisã; 
• hortelão (trata da horta) - horteloa; 
• javali - javalina; 
• ladrão - ladra, ladroa, ladrona; 
• felá (camponês) - felaína; 
• flâmine (antigo sacerdote) - flamínica; 
• frade - freira; 
• frei - sóror; 
• gigante - giganta; 
• grou - grua; 
• lebrão - lebre; 
• maestro - maestrina; 
• maganão (malicioso) - magana; 
• melro - mélroa; 
• mocetão - mocetona; 
• oficial - oficiala; 
• padre - madre; 
• papa - papisa; 
• pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja; 
• parvo - párvoa; 
• peão - peã, peona; 
• perdigão - perdiz; 
• prior - prioresa, priora; 
• mu ou mulo - mula; 
• rajá - rani; 
• rapaz - rapariga; 
• rascão (desleixado) - rascoa; 
• sandeu - sandia; 
• sintrão - sintrã; 
• sultão - sultana; 
• tabaréu - tabaroa; 
• varão - matrona, mulher; 
• veado - veada; 
• vilão - viloa, vilã. 
Substantivos em -ÃO e seus plurais: 
• alão - alões, alãos, alães; 
• aldeão - aldeãos, aldeões; 
• capelão - capelães; 
• castelão - castelãos, castelões; 
• cidadão - cidadãos; 
• cortesão - cortesãos; 
• ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães; 
• escrivão - escrivães; 
• folião - foliões; 
• hortelão - hortelões, hortelãos; 
• pagão - pagãos; 
• sacristão - sacristães; 
• tabelião - tabeliães; 
• tecelão - tecelões; 
• verão - verãos, verões; 
• vilão - vilões, vilãos; 
• vulcão - vulcões, vulcãos. 
Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural: 
abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso, 
imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco. 
Substantivos só usados no plural: 
anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs (cabelos brancos), 
cócegas, condolências, damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais (contrato de 
casamento ou noivado), esposórios (presente de núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais), 
férias, fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas), núpcias, óculos, olheiras, primícias 
(começos, prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes. 
Coletivos: 
• alavão - ovelhas leiteiras; 
• armento - gado grande (búfalos, elefantes); 
• assembleia (parlamentares, membros de associações); 
• atilho - espigas; 
• baixela - utensílios de mesa; 
• banca - de examinadores, advogados; 
• bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios; 
• bando - aves, ciganos, crianças, salteadores; 
• boana - peixes miúdos; 
• cabido - cônegos (conselheiros de bispo); 
• cáfila - camelos; 
• cainçalha - cães; 
• cambada - caranguejos, malvados, chaves; 
• cancioneiro - poesias, canções; 
• caterva - desordeiros, vadios; 
• choldra, joldra - assassinos, malfeitores; 
• chusma - populares, criados; 
• conselho - vereadores, diretores, juízes militares; 
• conciliábulo - feiticeiros, conspiradores; 
• concílio - bispos; 
• canzoada - cães; 
• conclave - cardeais; 
• congregação - professores, religiosos; 
• consistório - cardeais; 
• fato - cabras; 
• feixe - capim, lenha; 
• junta - bois, médicos, credores, examinadores; 
• girândola - foguetes, fogos de artifício; 
• grei - gado miúdo, políticos; 
• hemeroteca - jornais, revistas; 
• legião - anjos, soldados, demônios; 
• malta - desordeiros; 
• matula - desordeiros, vagabundos; 
• miríade - estrelas, insetos; 
• nuvem - gafanhotos, pó; 
• panapaná - borboletas migratórias; 
• penca - bananas, chaves; 
• récua - cavalgaduras (bestas de carga); 
• renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas; 
• réstia - alho, cebola; 
• ror - grande quantidade de coisas; 
• súcia - pessoas desonestas, patifes; 
• talha -lenha; 
• tertúlia - amigos, intelectuais; 
• tropilha - cavalos; 
• vara - porcos. 
Substantivos compostos: 
Os substantivos compostos formam o plural da seguinte maneira: 
• sem hífen formam o plural como os simples (pontapé/pontapés); 
• caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das palavras que compõem o substantivo 
para pluralizá-los. São palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, particípio. São 
palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio, prefixo; 
• em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos, só o segundo vai para o plural (tico- 
ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-pongues); 
• com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se flexiona (pés-de-moleque); 
• são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-duques, grã-cruzes, bel-prazeres); 
• só variará o primeiro elemento nos compostos formados por dois substantivos, onde o segundo 
limita o primeiro elemento, indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo, 
bananas-maçã) 
• nenhum dos elementos vai para o plural se formado por verbos de sentidos opostos e frases 
substantivas (os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota-abaixo, os louva-a-Deus, os 
ganha-pouco, os diz-que-me-diz); 
• compostos cujo segundo elemento já está no plural não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas, 
os espirra-canivetes); 
• palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser substantivo. Caso represente o verbo 
guardar, não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas). 
 
Adjetivo: 
É a palavra variável que restringe a significação do substantivo, indicando qualidades e características 
deste. Mantém com o substantivo que determina relação de concordância de gênero e número. 
• adjetivos pátrios: indicam a nacionalidade ou a origem geográfica, normalmente são formados pelo 
acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas por alagoano). Podem ser 
simples ou compostos, referindo-se a duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos 
assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último elemento (franco-ítalo-brasileiro). 
• locuções adjetivas: expressões formadas por preposição e substantivo e com significado 
equivalente a adjetivos (anel de prata = anel argênteo / andar de cima = andar superior / estar com 
fome = estar faminto). 
São adjetivos eruditos: 
• açúcar - sacarino; 
• águia - aquilino; 
• anel - anular; 
• astro - sideral; 
• bexiga - vesical; 
• bispo - episcopal; 
• cabeça - cefálico; 
• chumbo - plúmbeo; 
• chuva - pluvial; 
• cinza - cinéreo; 
• cobra - colubrino, ofídico; 
• dinheiro - pecuniário; 
• estômago - gástrico; 
• fábrica - fabril; 
• fígado - hepático; 
• fogo - ígneo; 
• guerra - bélico; 
• homem - viril; 
• inverno - hibernal; 
• lago - lacustre; 
• lebre - leporino; 
• lobo - lupino; 
• marfim - ebúrneo, ebóreo; 
• memória - mnemônico; 
• moeda - monetário, numismático;

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