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Outros sistemas regionais de proteção dos direitos humanos

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Sistemas regionais de proteção dos Direitos Humanos: sistema americano, sistema europeu, sistema africano, mundo árabe e asiático
Para proteção e monitoramento dos direitos que estabelece, a Convenção Americana vem integrada por dois órgãos:
A) Comissão Interamericana de Direitos Humanos;
B) Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Mas qual a diferença e o que cada um desses órgãos faz?
Cabe à Comissão Interamericana proceder ao juízo de admissibilidade das petições ou comunicações, e à Corte Interamericana julgar a ação eventualmente proposta pela Comissão.
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias de violações da Convenção por um Estado-parte, nos termo do art. 44 da Convenção.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Os requisitos de admissibilidade das comunicações ou petições vêm expressos no art. 46, §1º, da Convenção. São eles: 
a) que tenham sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos (princípio do prévio esgotamento dos recursos internos); *
b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; *
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional (ou seja, que não haja litispendência ou coisa julgada internacionais); e
d) que, no caso do art. 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Os requisitos “a” e “b” não se aplicam quando:
a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
No âmbito da Comissão é possível requerer medida cautelar de proteção, prevista no art. 25 do Regulamento da Comissão (2009).
Sua adoção tem por finalidade prevenir danos irreparáveis. Pode ser, inclusive, determinada ex officio pela Comissão em situações de gravidade e urgência.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A Corte Interamericana de Direitos Humanos é órgão jurisdicional do sistema que resolve os casos de violação de direitos humanos perpetrados pelos Estados-partes da OEA e que tenham ratificado a Convenção Americana.
Sede = San José, Costa Rica.
Trata-se de um Tribunal supranacional interamericano, capaz de condenar os Estados-partes na Convenção por violação de direitos humanos, desde que tenham aceitado a competência contenciosa do tribunal (art. 62, Convenção).
Foi a segunda Corte instituída em contextos regionais (a primeira foi a Corte Europeia de Direitos Humanos, sediada em Estraburgo, competente para aplicar a Convenção de 1950).
O nascimento da Corte se deu em 1978, quando da entrada em vigor da Convenção Americana, mas o seu funcionamento somente ocorreu, de forma efetiva, em 1980, quando emitiu sua primeira opinião consultiva e, sete anos mais tarde, quando emitiu sua primeira sentença.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
A Corte é composta por sete juízes (sempre de nacionalidades diferentes) provenientes dos Estados-membros da OEA, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos (art. 52).
Corte Interamericana de Direitos Humanos
Os juízes da Corte são eleitos por um período de seis anos, podendo ser reeleitos somente uma vez, devendo permanecer em suas funções até o término dos seus mandatos.
A Corte detém uma competência consultiva (relativa à interpretação das disposições da Convenção, bem como das disposições de tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados Americanos) e uma competência contenciosa, de caráter jurisdicional, própria para julgamento de casos concretos, quando se alega que um Estado violou algum de seus preceitos.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
A competência contenciosa da Corte é limitada aos Estados-partes da Convenção que reconheçam expressamente a sua jurisdição.
Um Estado-parte na Convenção não pode ser demandado perante a Corte se ele próprio não aceitar a sua competência contenciosa.
Ao ratificarem a Convenção, os Estados-partes já aceitam automaticamente a competência consultiva da Corte, mas a competência contenciosa é facultativa e poderá ser aceita posteriormente.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
Destaca-se que tanto os particulares quanto as instituições privadas estão impedidos de ingressar diretamente à Corte (art. 61), diferentemente do que ocorre na Corte Europeia de Direitos Humanos (depois da vigência do Protocolo nº 11 à Convenção Europeia).
No caso do sistema interamericano, será a Comissão que submeterá o caso ao conhecimento da Corte, podendo também fazê-lo outro Estado pactuante, mas desde que o país acusado tenha anteriormente aceitado a jurisdição do tribunal.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
A Corte profere sentenças que são definitivas e inapeláveis (art. 67).
Ou seja, as sentenças da Corte são obrigatórias para os Estados que reconheceram a sua competência em matéria contenciosa.
Quando a Corte declara a ocorrência de violação de direito resguardado pela Convenção, exige a imediata reparação do dano e impõe, se for o caso, o pagamento de justa indenização à parte lesada.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
Os Estados-membros comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes, podendo a parte da sentença que determinar indenização compensatória ser executada no país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças contra o Estado.
Os Estados têm, ademais, a obrigação de não causar embaraços à necessária execução das decisões no plano do seu Direito interno, devendo adotar todas as medidas necessárias para que essa execução opere eficazmente.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
O sistema europeu de direitos humanos tem como tratado-fundador a Convenção Europeia de Direitos Humanos, de 1950.
Sua finalidade é estabelecer padrões mínimos de proteção na Europa, institucionalizando um compromisso dos Estados-partes de não adotarem disposições de Direito interno contrárias às normas da Convenção, bem assim de estarem aptos a sofrer demandas na Corte Europeia de Direitos Humanos caso desrespeitem as normas do tratado em relação a quaisquer pessoas sob sua jurisdição.
Convenção Europeia de Direitos Humanos
É composta de 3 títulos: 
I) direitos e liberdades fundamentais, essencialmente civis e políticos; 
II) regulamenta a estrutura e funcionamento da Corte Europeia; 
III) estabelece disposições diversas.
Sistema Europeu
Por meio do Protocolo nº 11, que entrou em vigor em 1º de novembro de 1998, reformou-se totalmente o sistema de controle da Convenção Europeia quando então tanto a Comissão como a Corte Europeia de Direitos Humanos foram substituídas por uma nova Corte Permanente (a Corte única), com número de juízes igual ao dos Estados-partes e com competência para realizar os juízos de admissibilidade e de mérito dos casos que lhe forem submetidos, sem depender de um órgão distinto responsável pela admissibilidade.
Estados, particulares, ONGs e grupos de pessoas podem propor casos perante a Corte.
Houve uma fusão das funções da antiga comissão e corte em um só órgão.
A maior inovação do Protocolo nº 11 foi ter conferido aos indivíduos, ONGs e grupos de indivíduos o acesso direito à Corte Europeia de Direitos Humanos, com poder inclusive de iniciar um processo diretamente perante ela.
Corte Europeia de Direitos Humanos
a) terem sido esgotados todas as vias de recurso internas, em conformidade com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos;
b) respeitar o prazo de seis meses a contar da data da decisão interna definitiva;
c) não ser anônima;
d) inexistência de litispendência internacional;
e) não ser a petição incompatível com o disposto na Convenção e nos seus Protocolos;
f) não ser manifestadamente infundada ou de caráter abusivo.
Corte Europeia de Direitos Humanos - Requisitos
As sentenças da Corte Europeia são juridicamente vinculantes, devendo os Estados, nos casos em que forem partes, dar seguimento, em seu Direito Interno, ao conteúdo da decisão.
As sentenças da Corte devem ser fundamentadas e têm autoridade de coisa julgada, portanto são definitivas.
O Sistema regional africano de direitos humanos é ainda o menos efetivo de todos os sistemas regionais (Mazzuoli, p. 125).
Tal decorre da idade desses sistemas. Enquanto o europeu data de 1950 e o americano de 1969, o sistema regional africano nasce somente em 1981, com adoção da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, que entrou em vigor internacional em 1986.
A Carta Africana estabelece apenas um órgão de proteção: a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.
Diferentemente dos sistemas europeu e interamericano, a Carta Africana não criou uma Corte africana em seu texto original, tendo apenas instituído a referida Comissão.
A Corte Africana dos Direitos Humanos e dos Povos foi somente estabelecida pelo Protocolo à Carta Africana de 1998, que entrou em vigor em 2004.
Sistema Africano
A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (Carta de Banjul) foi aprovada na Conferência Ministerial da então OUA, em Banjul, Gâmbia, em janeiro de 1981 e entrou em vigor em 21 de outubro de 1986.
Desde 1995 a Carta Africana conta com uma ampla adesão de 53 dos 54 estados africanos (faltando apenas a ratificação do Sudão do Sul).
Sistema Africano
A Carta é estrutura em 3 partes: 
I) Direitos e Deveres dos cidadãos (inovação, por ter vários direitos de 3ª geração, como o direito ao meio ambiente sadio);
II) Medidas de salvaguarda da Carta (organização da Comissão; competências da Comissão, processo da Comissão e princípios aplicáveis);
III) Disposições diversas (entrada em vigor, emendas, revisão, etc.)
Características: 
Trouxe no mesmo texto tanto os direitos civis e políticos, quanto os direitos econômicos, sociais e culturais (indivisibilidades dos direitos humanos);
Enunciação de diversos deveres individuais (ex. para com a família, para com o Estado e outras coletividades legalmente reconhecidas e para com a comunidade internacional).
Órgãos de proteção (atualmente): Comissão e Corte Africana.
Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
A demora em estabelecer a Corte dos Direitos Humanos (2004) fez com que o sistema africano demorasse a se tornar efetivo.
O argumento contrário à Corte era no sentido de que no Continente Africano, a solução dos conflitos estava mais ligada à mediação e à conciliação que propriamente a solução pela via jurisdicional, além do que o estabelecimento de um Tribunal africano de direitos humanos poderia representar uma ameaça à soberania dos novos estados independentes.
Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
Podem submeter casos à Corte: 
a) a Comissão Africana; 
b) o Estado parte que submeteu o caso perante à Comissão; 
c) o Estado-parte contra o qual o caso na Comissão foi submetido; 
d) o Estado-parte cujo cidadão é vítima de violação de direitos humanos; e 
e) as organizações africanas intergovernamentais.
Composta por 11 juízes, nacionais dos Estados-membros da União Africana.
Detém competência consultiva e contenciosa.
Possível medidas provisórias.
Prazo para julgamento – no máximo 90 dias após finalizadas suas deliberações.
Decisões são tomadas por maioria e são definitivas, não sendo passíveis de apelação.
Corte Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
Os Tribunais regionais internacionais (previstos nos sistemas europeu, interamericano e africano) ainda não estão presentes no mundo árabe e asiático.
No mundo árabe há um esforço, especialmente após a adoção da Carta Árabe de Direitos Humanos, em 1994 (revisada em 2004).
Não se pode afirmar a existência de um sistema árabe de proteção dos direitos humanos, para o que seria necessária a existência de órgãos de monitoramento das obrigações estatais.
Liga das Nações Árabes (1945) – Egito.
Até o presente momento, o Mundo Árabe conta apenas com um tratado-regente em matéria de proteção dos direitos humanos: a Carta Árabe de Direitos Humanos.
Não se trata de um instrumento laico, pois é fundado na religião islâmica e submete sua interpretação à Shari’ah e ressalva a aplicação de leis locais.
Mundo árabe
A Carta foi criticada pela Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Louise Arbour, por equiparar o sionismo ao racismo, em desconformidade com a Resolução da Assembleia-Geral 46/86, que rejeita seja o sionismo uma forma de racismo e de discriminação racial.
Nenhum órgão de proteção aos direitos humanos foi criado no mundo árabe até o momento.
A Carta Árabe prevê, no entanto, a possibilidade de estabelecimento de um Comitê Árabe em matéria de direitos humanos.
Mundo árabe
O Continente Asiático tem ficado à margem de qualquer expectativa regional em matéria de proteção dos direitos humanos.
Não existe, até o momento, qualquer tratado-regente de proteção internacional sub-regional na região asiática, tampouco expectativa de uma Comissão ou Corte asiática de direitos humanos.
Tal faz com que este continente esteja, em relação à proteção dos direitos humanos, na posição mais desvantajosa, o que se deve à questão do relativismo cultural.

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