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Sistemas Regionais de Proteção dos Direitos Humanos

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Direitos Humanos
Prof. Jamil Rangel
E-mail: professorjamilrangel@gmail.com
Aula 7 (Plano de aula 12)
  OS SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: EUROPEU, AMERICANO E AFRICANO
1
Convenção Europeia de Direitos Humanos
A Convenção para a Proteção dos Direitos dos Homens e das Liberdades Fundamentais, doravante denominada Convenção Europeia de Direitos Humanos, foi aprovada na cidade de Roma, em 4 de novembro de 1950 e entrou em vigor em 3 de setembro de 1953. Em janeiro de 2016, a Convenção contava com 47 Estados-partes.
Objeto
A Convenção Europeia de Direitos Humanos tem como objeto a proteção dos direitos civis e políticos. Os direitos econômicos, sociais e culturais estão previstos na Carta Social Europeia.
Obrigações dos Estados-partes
Consoante o art. 1º, os Estados-partes reconhecem a qualquer pessoa dependente da sua jurisdição os direitos e liberdades proclamados na Convenção Europeia de Direitos Humanos. É dizer, cada Estado-parte deverá adotar em seu sistema jurídico ações e medidas para o implemento, garantia e proteção dos direitos enunciados.
Trata-se de cláusula geral e obrigatória que, nas palavras de Flávia Piovesan, “obriga os Estados à implementação da Convenção, tendo em vista a necessidade de compatibilizar o direito interno com os parâmetros convencionais, o que pode envolver a adoção de medidas legislativas internas ou mesmo a revogação das normas incompatíveis com a Convenção”.
Direitos proclamados
✓Direito à vida (art. 2º);
✓Proibição de tortura (art. 3º);
✓Proibição da escravatura e do trabalho forçado (art. 4º);
✓Direito à liberdade e à segurança (art. 5º);
✓Direito a um processo equitativo (art. 6º);
✓Princípio da legalidade (art. 7º);
✓Proibição de discriminação (art. 14º).
✓Direito ao respeito pela vida privada e familiar (art. 8º);
✓Liberdade de pensamento, de consciência e de religião (art.9º);
✓Liberdade de expressão (art. 10º);
✓Liberdade de reunião e de associação (art. 11º);
✓Direito de casamento (art. 12º);
✓Direito a um recurso efetivo (art. 13º);
✓Proibição de discriminação (art. 14º).
Competência
A competência da Corte Europeia de Direitos Humanos abrange todas as questões relativas à interpretação e à aplicação da Convenção e dos respectivos protocolos que lhe sejam submetidas nas condições estabelecidas (art. 32º). Isto é, competência consultiva e contenciosa.
Competência consultiva
A competência consultiva está prevista no art. 47 da Convenção Europeia e se efetiva com a emissão de pareceres sobre questões jurídicas relativas à interpretação da Convenção e dos seus protocolos.
Competência contenciosa
No âmbito do contencioso, a Corte Europeia pode analisar comunicações interestatais e petições individuais em caso de violação dos direitos e liberdades previstos na Convenção Europeia de Direitos Humanos. O polo passivo das comunicações é de um dos 47 Estados-partes que integram a Convenção Europeia. Significa dizer, a Corte Europeia não julga pessoas.
SISTEMA AFRICANO DE DIREITOS HUMANOS
Trata-se do mais recente sistema de proteção regional aos direitos humanos, tendo sido fruto da Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos, também conhecida como Carta de Banjul (Gâmbia), adotada pelos membros da Organização da Unidade Africana em 26 de junho de 1981, em Nairóbi, no Quênia.9 Importante relacionar que a Organização da Unidade Africana foi sucedida pela União Africana, criada em 2002, e se compõe de 54 países, sendo que o único país africano não integrante é o Reino de Marrocos.
Na Carta Africana insere-se ainda o Primeiro Protocolo à Carta Africana de Direitos dos Homens e dos Povos, que instituiu o Tribunal Africano de Direitos Humanos e dos Povos, aprovado em Sharm-el-Sheikh, no Egito, na data de 1 de julho de 2008.
Além da Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos (doravante denominada Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos), o sistema possui ainda os seguintes instrumentos legais:
✓Carta Africana para a Democracia, Eleições e Governação (2011);
✓Protocolo à Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos das Mulheres em África (2003);
✓Protocolo à Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos sobre o Estabelecimento do Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos (1998);
✓Carta Africana de Direitos e Bem-Estar da Criança (1990);
✓Convenção da UA que regula Aspectos Específicos dos Problemas dos Refugiados em África (1974).
Para o efeito desse estudo, analisar-se-á a Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos.
 Organização dos Estados Americanos (OEA)
Como organismo1 regional do pós Segunda Guerra Mundial, a Organização dos Estados Americanos (OEA) foi fundada em 1948, durante a Nona Conferência Internacional Americana, realizada em Bogotá (Colômbia), com a participação de 21 Estados, que assinaram a Carta da OEA, que entrou em vigor em dezembro de 1951. A Carta da OEA sofreu modificações, mediante protocolos, em quatro ocasiões: Buenos Aires, 1967; Cartagena das Índias, 1985; Washington, 1992; Manágua, 1993.
Além da Carta da OEA, durante essa conferência foram aprovados também o Tratado Americano sobre Soluções Pacíficas (Pacto de Bogotá) e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem.
O Pacto de Bogotá obriga que a solução das controvérsias internacionais entre os Estados membros deve ser submetida aos processos de solução pacífica, conforme a Carta da OEA, como a “negociação direta, os bons ofícios, a mediação, a investigação e conciliação, o processo judicial, a arbitragem e os que sejam especialmente combinados, em qualquer momento, pelas partes” (art. 25 da Carta da OEA).
Já a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, adotada em 2 de maio de 1948, é a primeiro documento internacional de direitos humanos na leitura contemporânea, e antecedeu em alguns meses a edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é de 10 de dezembro de 1948.
PROPÓSITOS DA OEA
✓Promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o princípio da não intervenção;
✓Prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução pacífica das controvérsias que surjam entre seus membros;
✓Organizar a ação solidária destes em caso de agressão;
✓Procurar a solução dos problemas políticos, jurídicos e econômicos que surgirem entre os Estados membros;
✓Promover, por meio da ação cooperativa, seu desenvolvimento econômico, social e cultural;
✓Erradicar a pobreza crítica, que constitui um obstáculo ao pleno desenvolvimento democrático dos povos do Hemisfério; e
✓Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento econômico-social dos Estados membros.
Esses propósitos devem ser observados em consonância com a Carta das Nações Unidas, já que a OEA articula-se com esse sistema.
Referências Bibliográficas
Oliveira, Fabiano Melo Gonçalves de. Direitos humanos / Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO: 2016.

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