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Casamento Putativo (Salvo Automaticamente)

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Casamento Putativo
A palavra putativo, vem do latim putare, que significa imaginário. Portanto, casamento putativo seria um casamento imaginário. 
Um dos requisitos e o principal para caracterizar-se um casamento putativo é a boa-fé, pois um ou ambos os cônjuges acreditam plenamente na existência das condições legais para a validação do casamento. Se houver má-fé de ambos os lados não há que se falar em casamento putativo.
Sendo assim, o casamento putativo onde ambos os nubentes celebram o casamento na mais absoluta boa-fé, consiste em ato anulável ou mesmo nulo.
Mas como caracterizar a boa-fé? A boa-fé é caracterizada através do desconhecimento da parte, onde se o mesmo soubesse da informação de que seu casamento não poderia acontecer, este por ser de boa-fé não consentiria com o ato.
Um posicionamento doutrinário majoritário é de que nas celebrações de casamentos, em geral, a boa-fé de ambos é presumida, ou seja, em regra não se é necessário provar a boa-fé para contrair matrimônio, assim cabe a aquele que alegar a má-fé prová-la.
Como já citado anteriormente, um dos requisitos para caracterizar o casamento putativo é a boa-fé, mas também é necessário verificar a presença de pelo menos uma das situações presentes no artigo 1548 ou 1550, ambos do Código Civil.
O artigo 1548 trata das situações em que o casamento é nulo, atualmente seria o caso de infringência de uma das causas de impedimento, presentes no artigo 1521 do Código Civil, sendo elas casamento entre:
- os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
 - os afins em linha reta;
- o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
- os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
- o adotado com o filho do adotante;
- as pessoas casadas;
 - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Já o artigo 1550 trata das situações em que o casamento é anulável, sendo elas o casamento:
-de quem não completou a idade mínima para casar;
- do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
- por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
- do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
- realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
- por incompetência da autoridade celebrante.
Em relação aos efeitos produzidos pelo casamento putativo, temos três situações:
Se houver boa-fé de ambos os cônjuges o casamento produzirá todos os efeitos compreendidos desde a celebração do casamento até a sentença anulatória, tanto para os cônjuges quanto para os filhos.
Mas se a boa-fé for só de um dos contraentes a lei beneficia somente o que estava de boa-fé e seus filhos.
Já se ambos agiram de má-fé somente os filhos aproveitarão seus efeitos.
Quanto a putatividade, ela decorre de dois tipos de erros: o erro de fato e o erro de direito. O erro de fato está ligado a ausência de conhecimento da circunstância que vicia o casamento em si. Por exemplo dois parentes em linha reta, como o pai e a filha que se casam sem ter consciência do parentesco.
Já o erro de direito, decorre da ignorância de que a lei impede o casamento. Por exemplo o sogro e a nora que sabem da existência do parentesco afim mas que desconhecem a causa impeditiva que recai sobre a união de parentes afins em linha reta.
Porém é importante observar que o caso do erro de direito não pode ser invocado para justificar o ato pois o artigo 3º da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro, afirma que o desconhecimento da lei é inescusável. As partes poderão alegar o erro de direito apenas para provar a boa-fé, pois de qualquer jeito o casamento será declarado nulo.
Jurisprudência;
"ACAO ANULATORIA DE CASAMENTO. CASAMENTO PUTATIVO. BOA-FE DA AUTORA. CURADOR AO VINCULO. NULIDADE. NULO E O CASAMENTO CONTRAIDO COM INFRACAO DE QUALQUER DOS NºS I AO VIII DO ART. 183 DO CODIGO CIVIL. COMPROVADA A BOA-FE DA AUTORA RESGUARDAM SE A ESTA TODM-SE A ESTA OS SEUS DIREITOS ATE SENTENCA TRANSITA EM JULGADO. O FATO DE O CURADOR AO VINCULO NAO SE EMPENHAR COM AFINCO, NAO CONSTITUI MOTIVO DE NULIDADE DO PROCESSO, AINDA MAIS QUANDO NAO ESTA OBRIGADO A DEFENDER O VINCULO MATRIMONIAL, CONTRAIDO SOB O VICIO DA BIGAMIA. REMESSA APRECIADA E SENTENCA CONFIRMADA".(TJGO, DUPLO GRAU DE JURISDICAO 3554-0/195, Rel. DES ARIVALDO DA SILVA CHAVES, TJGO PRIMEIRA CAMARA CIVEL, julgado em 15/08/1995, DJe 12138 de 31/08/1995)
Ação Anulatória de casamento foi peticionada pela cônjuge virago. O casamento foi contraído de boa-fé pela parte autora, porém não deveria ter ocorrido tal matrimônio respaldado pelo artigo 183, I, VIII, CC/16, motivo pelo qual o cônjuge varão era curador do de cujus. Desta forma o casamento entre as partes será nulo e não anulável. 
O casamento putativo é o casamento reputado, ser o que não é. Tendo em vista a boa-fé dos contraentes, se um deles, ou deles atribuindo lhe desta maneira um casamento passível de anulação ou ate mesmo nulo. O legislador para proteger os interesses do cônjuge inocente respaldou-se no artigo 1.561 do código Civil.   
O casamento putativo na vigente legislação brasileira perdeu muito de seu aspecto, motivo pelo qual seu no regime do Código civil de 1916 havia uma distinção entre filhos, porém esta distinção teve sua importância descaracterizada pelo artigo 227, parágrafo 6 da constituição federal na qual equiparou todos os filhos, independentemente de qual filiação fosse. 
Esta distinção feita pelo código de 1916 era a seguinte: filhos havidos dentro do casamento eram considerados legítimos e os filhos fora do matrimônio eram considerados ilegítimos. 
No ordenamento jurídico atual o casamento putativo pode ser nulo ou anulável, entretanto ele produz efeitos jurídicos perante aos filhos e ao cônjuge que contraiu de boa-fé o matrimônio.
OBSERVAÇÃO: Colocar nos slides seguinte artigos: 
Art. 227, § 6º da Constituição Federal. 
Art. 183, I, VIII, Código Civil/1916 e art. 1521, Código Civil/2002 em uma tabela para ser feita a comparação.

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