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Questão Energética no Mundo Contemporâneo

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1 
3ª SÉRIE ENSINO MÉDIO – 3º BIMESTRE 
A questão energética no mundo 
contemporâneo 
SUMÁRIO 
UMA CONVERSA INICIAL 3 
REVISITANDO 4 
FONTES RENOVÁVEIS NO BRASIL E NO MUNDO 4 
ENERGIA HIDRÁULICA 7 
BOXE ENRIQUECIMENTO 7 
BIOMASSA 9 
ENERGIA SOLAR 10 
BOXE ATENÇÃO 10 
FONTES NÃO RENOVÁVEIS NO BRASIL E NO MUNDO 12 
CARVÃO 13 
PETRÓLEO 14 
GÁS NATURAL 15 
ENERGIA NUCLEAR 16 
BOXE FIQUE DE OLHO 17 
GEOPOLÍTICA E ENERGIA 17 
AS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DAS MATRIZES ENERGÉTICAS 
BRASILEIRAS 19 
HIDROCARBONETOS E O AMBIENTE 20 
HIDROELETRICIDADE E AMBIENTE 21 
ENERGIA NUCLEAR E AMBIENTE 22 
A BIOMASSA E O AMBIENTE 23 
REPENSANDO 24 
ENERGIA, POLÍTICA E AMBIENTE 24 
Texto 1: Crise energética: economia de baixo carbono 25 
Texto 2: O maior desafio da ação coletiva é a mudança do clima – economia e meio 
ambiente 26 
 2 
AMARRANDO AS IDEIAS 28 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29 
 3 
Uma conversa inicial 
O crescimento econômico é movido por inovação e invenção. Certas inovações 
são incrementais, enquanto outras revolucionam. Uma furadeira melhor pode ser uma 
de muitas inovações pequenas que tornam as economias mais produtivas. A 
descoberta da eletricidade, porém, foi realmente revolucionária; ela transformou as 
economias nos últimos dois séculos, permitindo o uso de novos tipos de máquina. Há 
pouco tempo, os economistas começaram a pensar nesses saltos. Os norte-americanos 
Timothy Bresnaham e Manuel Trajtenberg chamam a eletricidade de “tecnologia de 
uso geral”. Uma furadeira melhor ajuda os construtores; a eletricidade torna as 
empresas mais produtivas. No entanto, os efeitos positivos desses avanços 
evolucionários podem demorar a ser sentidos (Abbott et al., 2013, p. 311). 
Mas qual a relação entre a ideia central do parágrafo acima com o título deste 
item? O ponto fundamental é que, se as inovações e as invenções potencializam as 
transformações econômicas e, consequentemente, sociais, a energia, ou melhor, o seu 
emprego, do mesmo modo, possui peso relevante para essas mudanças. Entretanto, as 
formas de geração, transmissão e uso de energia não possuem exclusivamente efeitos 
positivos socialmente. Consequências no ambiente que prejudicam sobretudo os 
grupos em condições sociais mais delicadas são verificadas, ao mesmo tempo que 
favorece novas questões e representações políticas de cunho socioambiental. 
 4 
 
Revisitando 
Fontes renováveis no Brasil e no mundo 
Juliana Menezes 
 
Em 2012, a participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira 
manteve-se entre as mais elevadas do mundo (Figura 1), com pequena redução devido 
à menor oferta de energia hidráulica e de etanol (EPE, 2013b). 
 
Figura 1: Participação de renováveis na matriz energética. 
Fonte: https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioSintese2013.aspx. Acesso em: 07 
dez. 2013. 
 
Como pode ser visto na Figura 2, a repartição da oferta interna de energia se dá 
da seguinte forma: 42% provenientes de fontes renováveis e 58% de fontes não 
renováveis. A oferta oriunda de fontes renováveis está dividida, de acordo com a 
Figura 3, entre: 15,4% de biomassa, 13,8% de hidráulica e eletricidade, 9,1% de lenha e 
carvão vegetal e 4,1% de lixívia1 e outras renováveis. 
 
1
 Obtida a partir do processamento da madeira. 
 5 
Figura 2: Repartição da oferta interna de energia – Ano base 2012. 
Fonte: https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioSintese2013.aspx. Acesso em: 07 
dez. 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Repartição das fontes de energia renováveis no Brasil. 
Fonte: https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioSintese2013.aspx. Acesso em: 07 
dez. 2013. 
 
 
Em relação à matriz elétrica brasileira, percebe-se, em 2012, queda em relação a 
2011 na participação de renováveis devido às condições hidrológicas desfavoráveis e 
ao aumento da geração térmica (Figura 4). 
No Brasil, a maior parte da energia consumida é proveniente do petróleo e seus 
derivados, o que contribui para o aumento da poluição atmosférica e de doenças 
respiratórias, incremento do efeito estufa e dispêndio de divisas para aquisição do 
petróleo. Outras formas de energia abundantes no Brasil podem ser utilizadas para 
Biomassa Hidráulica e eletricidade Lenha e Carvão Vegetal Lixívia e outras renováveis 
 15,4% 13,8% 9,1% 4,1% 
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética. 2013. Balanço Energético Nacional - ano base 
2012. Disponível em: https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioSintese2013.aspx 
 6 
pelo menos mitigar o isolamento social e econômico de municípios e pequenos 
consumidores distantes da rede integrada nacional e não atendidos pelas 
concessionárias de energia elétrica. A energia de fonte solar, eólica, hídrica, térmica, 
biomassa e outras estão disponíveis no Brasil e precisam ter seu uso incentivado por 
meio de políticas públicas que fortaleçam seu desenvolvimento (Barreto et al., 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Participação de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira. 
Fonte: https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioSintese2013.aspx. Acesso em: 07 
dez. 2013. 
 
A matriz de geração elétrica brasileira é majoritariamente renovável; a geração 
hidráulica corresponde a 76,9%, seguida pela biomassa com 6,8% (Figura 5). O 
benefício das grandes hidrelétricas não atinge grande parte da população brasileira, 
especialmente no norte do País, onde as linhas de transmissão passam sobre vilarejos 
sem expressão econômica, deixando seus moradores às escuras, desassistidos, sem 
perspectiva de crescimento como cidadãos (Barreto et al., 2008). 
Apesar da tendência de aumento de outras fontes, devido a restrições 
socioeconômicas e ambientais de projetos hidrelétricos e aos avanços tecnológicos no 
aproveitamento de fontes não convencionais, tudo indica que a energia hidráulica 
continuará sendo, por muitos anos, a principal fonte geradora de energia elétrica do 
Brasil, mesmo que os maiores potenciais remanescentes estejam localizados em 
regiões com fortes restrições ambientais e distantes dos principais centros 
consumidores (CERPCH, 2014). 
 
 7 
 
 
Figura 5: Matriz elétrica brasileira: distribuição das fontes. 
1 Inclui gás de coqueria. 
2 Inclui importação. 
3 Inclui lenha, bagaço de cana, lixívia e outras recuperações. 
Fonte: https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioSintese2013.aspx. Acesso em: 10 
dez. 2013. 
 
Agora, professor, professora, vamos detalhar um pouco mais as principais fontes 
renováveis de energia. 
 
Energia hidráulica 
A energia hidráulica resulta da irradiação solar e da energia potencial 
gravitacional, que provocam a evaporação, condensação e precipitação da água sobre 
a superfície terrestre. Ao contrário das demais fontes renováveis, esta representa uma 
parcela significativa da matriz energética mundial e possui tecnologias de 
aproveitamento devidamente consolidadas (ANEEL, 2005). 
 
__________________________________________________________________ 
BOXE DE ENRIQUECIMENTO 
O caminho da água na produção de eletricidade (ANEEL, 2005) 
 8 
Para produzir energia hidrelétrica, é necessário integrar a vazão do rio, a 
quantidade de água disponível em determinado período de tempo e os desníveis do 
relevo, sejam eles naturais (como as quedas d’água) ou criados artificialmente. 
A estrutura da usina é composta basicamente por barragem, sistema de 
captação e adução de água, casa de força e vertedouro, que funcionam em conjunto e 
de maneira integrada. 
A barragem tem por objetivo interromper o curso normal do rio e permitir a 
formação do reservatório. Além de “estocar” a água, esses reservatóriostêm outras 
funções: permitem a formação do desnível necessário para a configuração da energia 
hidráulica, a captação da água em volume adequado e a regularização da vazão dos 
rios em períodos de chuva ou estiagem. Algumas usinas hidrelétricas são chamadas “a 
fio d’água”, ou seja, próximas à superfície, e utilizam turbinas que aproveitam a 
velocidade do rio para gerar energia. Essas usinas a fio d’água reduzem as áreas de 
alagamento e não formam reservatórios para estocar a água, ou seja, a ausência de 
reservatório diminui a capacidade de armazenamento de água, única maneira de 
poupar energia elétrica para os períodos de seca. Os sistemas de captação e adução 
são formados por túneis, canais ou condutos metálicos que têm a função de levar a 
água até a casa de força. É nessa instalação que estão as turbinas, formadas por uma 
série de pás ligadas a um eixo conectado ao gerador. 
Durante seu movimento giratório, as turbinas convertem a energia cinética (do 
movimento da água) em energia elétrica por meio dos geradores que produzirão a 
eletricidade. Depois de passar pela turbina, a água é restituída ao leito natural do rio 
pelo canal de fuga. Os principais tipos de turbinas hidráulicas são: Pelton, Kaplan, 
Francis e Bulbo. Cada turbina é adaptada para funcionar em usinas com determinada 
faixa de altura de queda e vazão. A turbina tipo Bulbo é usada nas usinas fio d’água por 
ser indicada para baixas quedas e altas vazões, não exigindo grandes reservatórios. 
Por último, há o vertedouro. Sua função é permitir a saída da água sempre que 
os níveis do reservatório ultrapassam os limites recomendados. Uma das razões para a 
sua abertura é o excesso de vazão ou de chuva. Outra é a existência de água em 
quantidade maior que a necessária para o armazenamento ou a geração de energia. 
Em períodos de chuva, o processo de abertura de vertedouros busca evitar enchentes 
na região de entorno da usina. 
 
 9 
 
Figura 6: Perfil esquemático de usina hidrelétrica. 
Fonte: ANEEL, 2005. 
__________________________________________________________________ 
 
Biomassa 
Chamamos de biomassa materiais de origem orgânica que geralmente são 
desperdiçados em processos industriais. A biomassa pode ser aproveitada para 
produzir tanto calor como eletricidade (Eletrobrás, 2013). 
Atualmente a biomassa é uma alternativa energética de vanguarda; 
historicamente, tem sido pouco expressiva na matriz energética mundial. Ao contrário 
do que ocorre com outras fontes, como carvão, energia hidráulica ou petróleo, a 
biomassa não tem sido contabilizada com precisão. A pequena utilização e a 
imprecisão na quantificação são decorrências de uma série de fatores. Um deles é a 
dispersão da matéria-prima – qualquer galho de árvore pode ser considerado 
biomassa. Outro é a pulverização do consumo, visto que ela é muito utilizada em 
unidades de pequeno porte, isoladas e distantes dos grandes centros (ANEEL, 2005). 
Existem projetos de geração termelétrica que utilizam como combustível o 
bagaço da cana – antes desprezado pela indústria do álcool e do açúcar – e outros que 
produzem energia a partir da queima da casca do arroz e dos resíduos da indústria do 
papel. O biogás, obtido na decomposição do lixo orgânico, é outro exemplo de 
biomassa que pode ser utilizada na produção de energia. Desenvolvido em 
propriedades rurais dedicadas à suinocultura no sul do país, numa região na divisa do 
Brasil com a Argentina, o Projeto Alto Uruguai tem como objetivo promover o uso de 
dejetos de suínos para alimentar biodigestores e, com o gás gerado, produzir energia 
elétrica. O biodigestor é um equipamento que transforma materiais diversos, como 
dejetos animais e resíduos vegetais, em biogás e adubo (Eletrobrás, 2013). 
 10 
 
Energia solar 
A energia solar pode ser aproveitada para a produção de eletricidade e de calor. 
Coletores solares para o aquecimento de água são um dos exemplos mais bem-
sucedidos da aplicação de energia solar em todo o mundo. No caso do Brasil, que 
recebe incidência muito grande de raios solares, esse tipo de aproveitamento pode ter 
papel importante, principalmente na substituição de chuveiros elétricos, que estão 
entre os aparelhos que mais consomem energia (Eletrobrás, 2013). 
 
__________________________________________________________________ 
BOXE ATENÇÃO 
O que é a energia solar? (ANEEL, 2005). 
A energia solar chega à Terra nas formas térmica e luminosa. Segundo o estudo 
sobre outras fontes constante do Plano Nacional de Energia 2030, produzido pela 
Empresa de Pesquisa Energética, sua irradiação por ano na superfície da Terra é 
suficiente para atender milhares de vezes o consumo anual de energia do mundo. Essa 
radiação, porém, não atinge de maneira uniforme toda a crosta terrestre. Depende da 
latitude, da estação do ano e de condições atmosféricas como nebulosidade e 
umidade relativa do ar. 
Ao passar pela atmosfera terrestre, a maior parte da energia solar manifesta-se 
sob a forma de luz visível de raios infravermelhos e de raios ultravioleta. É possível 
captar essa luz e transformá-la em alguma forma de energia utilizada pelo homem: 
térmica ou elétrica. Os equipamentos utilizados nessa captação determinam qual será 
o tipo de energia a ser obtida. 
Se for utilizada uma superfície escura para a captação, a energia solar será 
transformada em calor. Se forem utilizadas células fotovoltaicas (painéis fotovoltaicos), 
o resultado será a eletricidade. Os equipamentos necessários à produção do calor são 
chamados de coletores e concentradores – pois, além de coletar, às vezes é necessário 
concentrar a radiação em um só ponto. Esse é o princípio de muitos aquecedores 
solares de água. Para a produção de energia elétrica, existem dois sistemas: o 
heliotérmico e o fotovoltaico. 
No primeiro, a irradiação solar é convertida em calor, que é utilizado em usinas 
termelétricas para a produção de eletricidade. O processo completo compreende 
quatro fases: coleta da irradiação, conversão em calor, transporte e armazenamento e, 
finalmente, conversão em eletricidade. Para o aproveitamento da energia 
heliotérmica, é necessário um local com alta incidência de irradiação solar direta, o 
que implica pouca intensidade de nuvens e baixos índices pluviométricos, como ocorre 
no semiárido brasileiro. 
No sistema fotovoltaico, a transformação da radiação solar em eletricidade é 
direta. Para tanto, é necessário adaptar um material semicondutor (geralmente o silício) 
para que, na medida em que for estimulado pela radiação, permita o fluxo eletrônico 
(partículas positivas e negativas). Segundo o Plano Nacional de Energia 2030, todas as 
 11 
células fotovoltaicas têm pelo menos duas camadas de semicondutores: uma carregada 
positivamente e outra carregada negativamente, formando uma junção eletrônica. 
Quando a luz do sol atinge o semicondutor na região dessa junção, o campo elétrico 
existente permite o estabelecimento do fluxo eletrônico, antes bloqueado, e dá início ao 
fluxo de energia na forma de corrente contínua. Quanto maior a intensidade de luz, 
maior o fluxo de energia elétrica. Um sistema fotovoltaico não precisa do brilho do sol 
para operar. Ele também pode gerar eletricidade em dias nublados. 
 
__________________________________________________________________ 
 
A instalação de painéis fotovoltaicos para absorver a energia solar é uma solução 
para levar eletricidade para residências, escolas e postos de saúde em regiões que 
ainda não possuem serviço regular de distribuição de energia elétrica (Eletrobrás, 
2013). 
Assim como ocorre com os ventos, o Brasil é privilegiado em termos de radiação 
solar. O Plano Nacional de Energia 2030 reproduz dados do Atlas solarimétrico do 
Brasil e registra que essa radiação varia de 8 a 22 MJ (megajoules2) por metro 
quadrado durante o dia; as menores variações ocorremnos meses de maio a julho, 
variando de 8 a 18 MJ/m2. O Nordeste possui radiação comparável às melhores regiões 
do mundo nessa variável, como a cidade de Dongola, no deserto do Sudão, e a região 
de Dagget, no deserto de Mojave, Califórnia. Isso não ocorre, porém, com outras 
localidades mais distantes da linha do Equador, como as regiões Sul e Sudeste, onde 
está concentrada a maior parte da atividade econômica. A Figura 7 ilustra essa 
variação (ANEEL, 2005). 
 
2
 Joule: unidade de energia, trabalho ou quantidade de calor. Um MJ equivale a 106 J. 
 12 
 
Figura 7: Variação da radiação solar no Brasil. 
Fonte: EPE, 2007. 
 
Fontes não renováveis no Brasil e no mundo 
Carlos Marclei Arruda Rangel 
 
As fontes de energias não renováveis são aquelas que se encontram na natureza 
em quantidades limitadas e que se extinguem com a sua utilização. Quando são 
esgotadas, as reservas não podem ser renovadas. São consideradas fontes de energia 
não renováveis os combustíveis fósseis (carvão, petróleo bruto e gás natural) e o 
urânio, que é a matéria-prima necessária para obter a energia resultante dos 
processos de fissão ou fusão nuclear. Essas fontes energéticas possuem reservas 
finitas, devido ao fato de que é necessário muito tempo para repô-las, e a sua 
distribuição geográfica não é homogênea, diferentemente das fontes de energia 
renováveis, originada graças ao fluxo contínuo de energia proveniente da natureza. 
Geralmente, as fontes de energia não renováveis são conhecidas como fontes 
de energia convencionais. Isso ocorre porque o sistema energético contemporâneo 
está baseado na utilização de combustíveis fósseis. Essas fontes são também 
 13 
consideradas energias sujas, já que sua utilização proporciona sérios danos para o 
meio ambiente e para a sociedade. O crescimento do consumo energético observado, 
com todos os problemas associados ao atual modelo energético baseado nas energias 
não renováveis, mostra a necessidade de criar um novo modelo baseado na eficiência 
energética e na implementação das energias renováveis. É importante ressaltar que os 
impactos ambientais resultantes do modelo vigente têm grande custo social e 
econômico para a sociedade. Devido a um modelo energético insustentável, o homem 
está sujeito às consequências econômicas resultantes dos impactos negativos da 
deterioração do meio ambiente. 
Estas são as fontes de energia não renováveis utilizadas no nosso planeta: 
carvão, petróleo, gás natural e termonucleares. 
 
Carvão 
O carvão é uma rocha orgânica com propriedades combustíveis, constituída em 
grande parte por carbono. A exploração de jazidas de carvão é feita em mais de 50 
países, o que demonstra a sua abundância. Essa situação contribui, em grande parte, 
para que esse combustível seja também o mais barato (Figura 8). Inicialmente, o carvão 
foi utilizado em todos os processos industriais e em utensílios domésticos, como fornos 
e fogões. Foi o primeiro combustível fóssil a ser utilizado para a produção de energia 
elétrica em termelétricas. Em 1950, o carvão cobria 60% das necessidades energéticas 
mundiais, mas atualmente essa percentagem sofreu significativa redução. Nos dias de 
hoje, devido ao petróleo e seus derivados, deixou de ser utilizado na indústria, com 
exceção da metalúrgica, e no setor doméstico. Estima-se que, com o atual ritmo de 
consumo, as reservas disponíveis durem pelo menos por mais um século. 
O carvão mineral em uso no Brasil tem duas origens: o carvão vapor (energético), 
que é nacional e tem cerca 90% do seu uso na geração elétrica, e o carvão metalúrgico, 
importado para produzir o coque, especialmente usado na indústria siderúrgica. O 
carvão nacional é de baixa qualidade, com impurezas de óxido de enxofre que podem 
atingir até 7%. O carvão mineral manteve, em 2004, participação de 6,7% na matriz 
energética brasileira, sendo um quarto desse total de origem nacional (Goldemberg; 
Lucon, 2007). 
 
 
 14 
 
Figura 8: Carvão mineral. 
Fonte: 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?pagina=espaco%2Fvisualiz
ar_aula&aula=5282&secao=espaco&request_locale=ES. Acesso em: 10 mar. 2014. 
 
Petróleo 
O petróleo é um óleo mineral de cor escura e cheiro forte, constituído 
basicamente por hidrocarbonetos. A refinação do petróleo bruto consiste na sua 
separação em diversos componentes, permitindo obter os mais variados combustíveis 
e matérias-primas. As primeiras frações da refinação, ou seja, os primeiros produtos 
obtidos são os gases butano e propano, que são separados e comercializados 
individualmente. No entanto, podem também ser misturados com o etano, 
constituindo assim os gases liquefeitos de petróleo (GLP). Um dos principais objetivos 
das refinarias é obter a maior quantidade possível de gasolina. Essa é a fração mais 
utilizada do petróleo e a mais rentável, tanto para a indústria refinadora como para o 
Estado. Todos os transportes, em nível mundial, dependem da gasolina, do óleo diesel 
e do jet fuel (usado pelos aviões). Por essa razão, as refinarias estão desenvolvendo os 
processos de transformação das frações mais pesadas do petróleo bruto em gasolina. 
Estima-se que, com o atual ritmo de consumo, as reservas de petróleo se esgotem nos 
próximos 30 ou 40 anos (Figura 9). 
No Brasil, no setor de petróleo, o controle continua basicamente nas mãos da 
Petrobras (apesar da presença de empresas multinacionais no setor), e os esforços se 
concentram na busca da autossuficiência na produção, explorando os recursos nas 
profundidades da plataforma continental brasileira. O investimento em petróleo 
consome boa parte da renda disponível no país, e uma redução nesse investimento 
poderia liberar recursos para outros fins economicamente mais produtivos e que 
poderiam gerar produtos e serviços para exportação (Goldemberg; Lucon, 2007). 
 15 
 
Figura 9: Estoque de petróleo. 
Fonte: http://energy.gov/fe/services/petroleum-reserves. Acesso em 10 mar. 
2014. 
 
Gás natural 
O gás natural é um combustível fóssil de origem muito semelhante à do 
petróleo bruto, pois se formou durante milhões de anos a partir da deposição e 
conservação de restos de animais de procedência marinha acumulados no fundo de 
oceanos primitivos e cobertos por sedimentos. Tal como o petróleo, encontra-se em 
reservatórios subterrâneos, de onde é extraído. A principal diferença está na 
possibilidade de ser usado como é extraído em sua origem, ou seja, sem necessidade 
de refino. O gás natural é constituído por pequenas moléculas de carbono e 
hidrogênio; possui combustão mais limpa do que qualquer outro derivado do petróleo. 
É importante ressaltar que, em relação à emissão de gases de efeito estufa (dióxido de 
carbono, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio), a combustão do gás natural 
origina apenas o dióxido de carbono e uma quantidade de óxidos de nitrogênio muito 
inferior à que resulta da combustão de gasolina. 
No Brasil, com a descoberta de novos reservatórios de petróleo e gás natural, a 
comercialização desse produto passou a ser bastante intensa, devido à sua rápida 
extração e comercialização (Figura 10). Mais recentemente, a Petrobras passou a 
valorizar também o gás natural, antes um subproduto da exploração do petróleo que 
era lançado na atmosfera em queimadores (flares) (Goldemberg; Lucon, 2007). 
 
 
 
 16 
Figura 10: O consumo de gás natural no Brasil cresceu na última década. 
Fonte: http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=2329. Acesso em: 10 
mar. 2014. 
 
Energia nuclear 
A energia nuclear é produzida mediante as reações de fissão ou fusão dos 
átomos, durante as quais são liberadas grandes quantidades de energia que podem ser 
utilizadas para produzir energia elétrica. A fissão nuclear utiliza como combustívelo 
urânio, mineral presente na Terra em quantidades finitas; consiste na partição de um 
núcleo pesado em dois núcleos de massa aproximadamente igual. Ainda que a 
quantidade de energia produzida pela fissão nuclear seja significativa, esse processo 
apresenta problemas de difícil resolução. A energia nuclear pode ser produzida 
também pelo processo de fusão nuclear, que consiste na união de dois núcleos leves 
para formar outro mais pesado e com menor conteúdo energético; pelo processo se 
liberam grandes quantidades de energia. Esse processo envolve átomos leves, como os 
de deutério ou hidrogênio, que são substâncias muito abundantes na natureza. Na 
Figura 11 pode-se observar a proporção de consumo de energia nuclear no mundo em 
2007. 
No Brasil, a expansão do parque nuclear faz parte do Plano Decenal de Expansão 
de Energia Elétrica 2006/2015. O país apresenta duas vantagens competitivas nesse 
segmento: as boas reservas do mineral e o domínio da tecnologia de enriquecimento 
do urânio – que, no entanto, ainda não é aplicada em escala comercial. 
A instalação de usinas nucleares em território nacional foi decidida no final da 
década de 1960. Com elas, o Governo Federal pretendia adquirir conhecimento sobre 
a nova tecnologia, que se expandia rapidamente pelo mundo, e, ao mesmo tempo, 
resolver um problema localizado: a necessidade de complementação térmica para o 
suprimento de eletricidade ao Rio de Janeiro. Esses planos, porém, não se 
consolidaram no Brasil. Em 2007, Angra I e Angra II responderam por apenas 2,5% da 
produção total de energia elétrica no país, que foi de 12,3 TWh (terawatts-hora). 
 17 
Figura 11: A energia nuclear com parcela significativa da oferta mundial. 
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=41373. 
Acesso em: 10 mar. 2014. 
 
__________________________________________________________________ 
BOXE FIQUE DE OLHO 
Você pode acessar o vídeo Fontes de Energia, disponível no link 
http://www.youtube.com/watch?v=lPIrgIzHjpQ. Nesse vídeo, você poderá obter mais 
informações sobre as principais fontes de energia. 
__________________________________________________________________ 
 
Geopolítica e energia 
Saulo Cezar Guimarães de Farias 
 
A questão energética é tão antiga quanto a história da humanidade. A 
descoberta de elementos da natureza que produzem energia, como o fogo, pelas 
primeiras sociedades primitivas, foi um acontecimento que revolucionou a forma 
como os humanos passaram a conviver com o meio e com os demais seres vivos. 
O domínio das fontes energéticas primitivas também passou a fazer diferença 
na disputa pelo território, na defesa de um reino e na sobrevivência em um meio 
natural mais hostil; determinava também o prolongamento da existência de um grupo. 
Com o passar do tempo, as fontes energéticas se diversificaram e adquiriram valor 
quanto ao seu uso. Seu valor era determinado pela sua ocorrência na natureza e pela 
importância no período histórico. 
As fontes de energia estão presentes na natureza basicamente em três grupos 
(estados físicos): sólidas, líquidas e gasosas. Na Geologia, muitas fontes energéticas são 
 18 
minérios e não ocorrem com a mesma regularidade em todos os continentes. Algumas 
são praticamente endêmicas, ou seja, são encontradas somente em uma região, o que 
se apresenta como um problema para a atual configuração político-econômica mundial, 
sendo usada como moeda de poder político por alguns países. 
Assim acontece com o carvão mineral desde sua formação na natureza (há mais 
de 300 milhões de anos) até seu descobrimento como fonte energética, e é até hoje a 
segunda fonte energética mais usada. 
A produção do carvão e a sua ocorrência foram alvo de inúmeros conflitos na 
Europa e na Ásia; o auge da sua importância remete à primeira Revolução Industrial, 
no século XVIII, como fonte de energia para movimentar os motores a vapor e servir 
de matéria-prima para a fabricação de metais como o aço. 
Segundo a história, o aço era produzido em pequenos fornos, na forma de 
torrões ou pedaços sólidos, denominados tarugos. Estes, em seguida, eram forjados a 
quente na forma de barras de ferro trabalhado, possuindo maleabilidade, mas 
contendo pedaços de escória e carvão. O teor de carbono dos primeiros aços 
fabricados variava de 0,07% até 0,8% sendo este considerado um aço de verdade (O 
Aço, 2014). Os egípcios, por volta de 900 a.C., já dominavam processos relativos a 
tratamentos térmicos nos aços para fabricação de espadas e facas. 
Como sabemos, o aço é um material de extrema importância para a fabricação 
de inúmeros bens de consumo e possui importância estratégica muito grande, 
concomitantemente com o carvão mineral. 
A versão líquida do carvão mineral, conhecida como petróleo, rapidamente 
superou a importância do carvão. A facilidade de manipulação e de transporte fez com 
que o hidrocarboneto fosse considerado o “ouro negro” e, graças à sua produção e a 
seu emprego, a revolução tecnológica se desenvolveu velozmente. 
No início do século XX, iniciou-se uma corrida em direção à pesquisa e à 
produção de petróleo nos quatro cantos do mundo. Muitos países “abençoados” pelas 
reservas desse minério se tornaram ilhas de prosperidade e alvo de interesse das 
maiores potências econômicas do período. A ocorrência de petróleo de boa qualidade 
no Oriente Médio, na Venezuela e no Leste Europeu fez com que essas regiões fossem 
alvo dos mais variados conflitos de interesses; muitos deles se manifestaram em 
invasões e guerras. 
Para tentar organizar a produção do petróleo, foi criada a OPEP (Organização 
dos Países Exportadores de Petróleo), composta pelos maiores produtores do minério 
no mundo. A OPEP adquiriu poder geopolítico tão grande que em 1973 (crise do 
petróleo, durante a Guerra dos Seis Dias, quando Israel invadiu países árabes em 
retaliação aos ataques sofridos) fez com que o mundo capitalista ocidental entrasse 
em colapso, quando decidiu parar a produção do minério. 
Na década de 1990, vimos o maior conflito envolvendo o produto: a primeira 
Guerra do Golfo, no Iraque, desencadeada pela invasão de um dos maiores produtores 
mundiais, o Kuwait, pelo ditador iraquiano Saddam Hussein. 
 19 
Nesse conflito, os países ocidentais, liderados pelos EUA, expulsaram as tropas 
iraquianas do país invadido; mais tarde, na segunda versão do conflito, depuseram o 
ditador e tomaram o controle do território iraquiano. 
Simultaneamente à ampliação da exploração e produção do petróleo pelo 
mundo, as consequências do seu uso foram sentidas pela humanidade. A liberação de 
gases e outros resíduos dos combustíveis fósseis foi responsável por provocar uma 
série de distúrbios naturais, entre eles o aumento da temperatura atmosférica. Mesmo 
com as comprovações científicas dos males que seu uso causa ao planeta, a 
humanidade ainda não conseguiu um substituto tão completo e tão perfeito para as 
atividades industriais. Desvencilhar-se rapidamente da sua produção pode gerar um 
colapso no sistema capitalista mundial. 
 
No Brasil 
Na segunda metade do século XX surgiram as primeiras descobertas dos 
hidrocarbonetos no Brasil, a maior parte delas em extensas bacias sedimentares em 
grandes profundidades na plataforma continental, de difícil extração. Para realizar a 
tarefa, o governo de Getúlio Vargas criou a estatal Petrobras, que seria responsável 
pela pesquisa, exploração e refino do produto no país, tendo o monopólio das etapas 
de produção; o produto era considerado estratégico e de grande importância 
econômica para o Brasil. 
Já na primeira década do século XXI foram descobertos grandes volumes do 
combustível fóssil nas camadas do pré-sal, situação que colocaria o país em pouco 
tempo entre os 10 maiores produtores de petróleo do mundo e com sua importância 
político-econômica ampliada no cenáriomundial. 
Contemporaneamente, já são conhecidas dezenas de outras fontes energéticas 
menos poluentes e mais eficazes que os hidrocarbonetos. Uma nova corrida 
energética já se iniciou, e a detenção dessas fontes proporcionará ao país importância 
estratégica (política, econômica e militar) frente aos seus vizinhos. 
 
As implicações econômicas, políticas, sociais e ambientais das matrizes 
energéticas brasileiras 
Denizart da Silva Fortuna 
 
Vimos na seção anterior que algumas razões compreendem a significativa 
participação do petróleo como fonte de energia não só no Brasil como no mundo. Em 
nosso caso, em relação à transição energética brasileira da lenha para o consumo de 
hidrocarbonetos e hidroeletricidade ao longo do século XX, podemos considerar como 
fator de maior importância e responsável por essa mudança a intensificação do 
processo de industrialização e urbanização, principalmente a partir da década de 1960. 
 20 
No panorama global, nosso país se distingue pela participação muito elevada das 
fontes renováveis na estrutura de oferta de energia. A média mundial é de pouco mais 
de 13% de fontes renováveis no consumo energético total; nos países desenvolvidos, 
essa parcela situa-se em torno de apenas 6%. No Brasil, as fontes renováveis 
representam perto de 45% do consumo total (Magnoli, 2009). 
O setor industrial brasileiro apresenta elevado consumo energético relativo, em 
virtude das formas assumidas pela própria industrialização. O peso determinante dos 
ramos energointensivos (com destaque para a siderurgia e a metalurgia) demonstra a 
importância da transformação dos recursos minerais na indústria brasileira e solicita 
oferta de energia abundante e barata. É a partir disso que podemos iniciar o estudo 
das implicações ambientais, a começar pela utilização da matriz energética relacionada 
aos hidrocarbonetos. 
 
Hidrocarbonetos e o ambiente 
Os danos socioambientais não são registrados apenas pelo vazamento de 
petróleo bruto. Nos processos de industrialização e refino também são verificados 
sérios impactos nas paisagens geográficas. De início, destacamos que o dióxido de 
enxofre (SO2) e os hidrocarbonetos são os poluentes liberados pelas refinarias de 
petróleo que provocam os maiores problemas na saúde das pessoas e a contaminação 
dos ecossistemas. 
O dióxido de enxofre, responsável pelas chuvas ácidas, favorece a destruição da 
vegetação, com efeitos negativos e multiplicadores para o ambiente, entre os quais a 
desnudação do solo, além da erosão e deslizamentos, que podem, por sua vez, 
desencadear o soterramento dos rios, córregos e vales, causando muitas vezes 
inundações desastrosas. No ar atmosférico, é possível causar irritações das mucosas e 
das vias respiratórias nos seres humanos e consequências danosas para os organismos 
terrestres e aquáticos. Os hidrocarbonetos lançados no ar atmosférico pelas refinarias 
de petróleo como resultado da combustão incompleta de derivados de carbono 
causam distúrbios do sono, alterações no sistema nervoso e irritação das mucosas 
(Adas, 2007; Branco, 2004). 
No que diz respeito à relação do carvão mineral com o ambiente, devemos 
relembrar que, quando queimado, o carvão emite gases poluentes na atmosfera. O 
resultado abrange diversos problemas, como a ocorrência do efeito estufa em maior 
intensidade. Há que se ressaltar que, no momento de sua extração, a paisagem torna-
se desoladora; na fase de extração, tanto a céu aberto como em galerias subterrâneas 
construídas nas minas, a destruição é marcante, com contaminação das águas com 
seus sais e ácidos. 
O carvão mineral extraído nos estados meridionais brasileiros possui grandes 
quantidades de sulfeto de ferro (FeS2) em sua composição. Uma vez trazido à 
superfície terrestre, em contato com oxigênio e a umidade do ar, dá origem ao ácido 
sulfúrico (H2SO4), bastante tóxico e corrosivo, um dos principais responsáveis pelos 
estragos causados pelas chuvas ácidas (Adas, 2007). 
 21 
Finalmente, a não autossuficiência brasileira em gás natural, considerado 
menos poluente no que diz respeito ao lançamento de gases de efeito estufa na 
atmosfera, faz com que importemos da Bolívia esse hidrocarboneto, que é 
fundamental para as indústrias instaladas no centro-sul brasileiro. 
No processo de nacionalização desse setor industrial-energético, o governo 
boliviano usou o gás como instrumento de pressão política sobre o Brasil, tornando-o 
mais caro. 
 
Hidroeletricidade e ambiente 
A crescente demanda por energia por parte das indústrias instaladas no 
território brasileiro, além do consumo comercial e de serviços, e as crises do petróleo 
na segunda metade do século XX levaram os governos que se sucederam nesse 
período a investir significativamente na construção de usinas hidrelétricas, muitas 
delas de grande porte: Itaipu (12.600mW), Tucuruí (4.200mW), Ilha Solteira 
(3.230mW), Paulo Afonso (3.885mW), Itumbiara (2.280mW) e São Simão (1.710mW), 
entre outras. 
O fornecimento de energia proveniente da hidroeletricidade aumentou de 
forma expressiva no período citado para atender a grande parte das necessidades de 
uso; entretanto, ao tratarmos das consequências socioambientais, não podemos 
negligenciar os efeitos negativos para diversos grupos sociais e a natureza. Tomando a 
sociedade e a natureza como indissolúveis e indivisíveis, não foram pequenos os 
impactos dessas construções, de acordo com as observações e os estudos das usinas e 
reservatórios existentes. 
Como exemplo, podemos tomar as grandes represas construídas na Amazônia, 
como a Hidrelétrica de Tucuruí, construída para atender os estados de Tocantins e 
Maranhão, mas principalmente para fornecer energia elétrica para o complexo mineral 
de Carajás e para a indústria de alumínio da Albrás. O fechamento das comportas de 
sua barragem formou um grande lago de 2.430km², cobrindo a floresta, que entrou em 
processo de putrefação. Nesse processo foi consumido o oxigênio da água e ocorreu a 
produção de gás sulfídrico, que, sendo tóxico, prejudica os peixes e outros organismos 
vivos com seu poder de corrosão. Não é à toa a realização da substituição periódica 
das turbinas da usina (Branco, 2004). E não só isso: em face do represamento 
(aproximadamente a 270km da foz do Rio Tocantins), constata-se a diminuição da 
vazão das águas fluviais, o que acaba por possibilitar a penetração maior das águas do 
oceano no “interior” do Vale do Tocantins. Logo, a salinização de suas águas torna-se 
inevitável, comprometendo o abastecimento de água potável para a cidade de Belém e 
para as populações ribeirinhas, além da degradação dos ecossistemas. 
Outra hidrelétrica de grande monta que gera consequências desastrosas para o 
ambiente é a Usina de Sobradinho, no Rio São Francisco, na Região Nordeste. Até o 
momento, o represamento de suas águas é considerado o maior do país (4.200km²) e 
inundou dezenas de povoados, quadro cidades e forçou o deslocamento de cerca de 
70 mil pessoas. Esse contingente populacional foi reassentado a 700km de distância de 
 22 
onde viviam, contrariando a vontade dos indivíduos e encerrando forçosamente as 
relações de afeição entre as pessoas e o lugar e suas histórias de vida nesses lugares 
(Adas, 2007). No mesmo vale, em 1988, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco 
(Chesf) inaugurou a Hidrelétrica de Itaparica, mais tarde denominada Luiz Gonzaga, 
com capacidade de 1.500mW de capacidade total. Para isso, a Luiz Gonzaga possui um 
lago de aproximadamente 834km². Mais de 10 mil famílias moravam nessa área e 
tiveram que ser transferidas para a realização da inundação, que, por sua vez, fez 
submergir parte da história do Velho Chico: desaparecimento das ruínas de missões 
jesuíticas e franciscanas, igrejas antigas e muitos vestígios de sua ocupação histórica 
(Magnoli; Araújo, 2002). 
 
Energia nuclear e ambienteEm 1969, o Brasil comprou da empresa americana Westinghouse sua primeira 
usina termonuclear, instalada no sul fluminense, precisamente no município de Angra 
dos Reis. As obras de construção da usina começaram em 1971, mas uma série de 
problemas técnicos em seu gerador retardou a inauguração, que só aconteceu em 
1982. Antes disso, em 1975, o governo militar brasileiro já havia assinado um acordo 
com o governo alemão para a construção de reatores nucleares que gerariam mais de 
10 mil mW em 1990 (com oito reatores) e aproximadamente 75 mil mW (com 58 
reatores) ao final do século XX. Em função da crise financeira da década de 1980, o 
projeto não foi finalizado e muitos dos equipamentos já adquiridos sucatearam no 
canteiro de obras. 
Todavia, em 1991, o governo civil brasileiro resolveu retomar as obras de Angra 
II, que finalmente foram concluídas quase dez anos depois. A segunda usina 
termonuclear brasileira tem capacidade para gerar cerca de 1.200mW, o dobro de sua 
antecessora. Em um quadro de fornecimento contínuo, Angra I e II, juntas, têm 
capacidade para produzir cerca de 40% da eletricidade consumida no Estado do Rio de 
Janeiro, ou 3% do consumo nacional (Magnoli; Araújo, 2002). 
O problema é que, além da energia, as usinas geram também imensa 
quantidade de resíduos radiativos, isto é, lixo atômico. A propósito, esse é um dos 
principais motivos das críticas dos ambientalistas às usinas nucleares brasileiras: ainda 
não se resolveu o que fazer com o material radiativo, estocado em depósitos com 
espessas camadas de concreto no subsolo (também chamados de “piscinas 
nucleares”). A questão é a falta de garantia de que esses compartimentos não venham 
a sofrer deterioração com o passar do tempo ou que venham a ser violados, uma vez 
que o material continuará emitindo quantidades consideráveis de radiatividade por 
milhares de anos. 
Vale ressaltar que o atual Programa Nuclear Brasileiro prevê a implantação da 
Usina Nuclear Angra III. 
 23 
 
A biomassa e o ambiente 
Embora no Brasil predomine a geração hídrica em sua matriz energética e o 
país dependa do petróleo (gasolina e óleo diesel) para movimentar sobretudo pessoas 
e mercadorias em seu território, vale destacar o aumento da participação da biomassa, 
principalmente da cana-de-açúcar, para esse fim. A biomassa também serve para 
obtenção de energia elétrica quando se utiliza o calor resultante da sua queima nas 
termelétricas. 
Diferentemente de outros países – como os Estados Unidos da América e a 
Argentina, que produzem a energia oriunda da biomassa a partir do milho e da soja, 
respectivamente –, as políticas energéticas nacionais priorizam o bagaço da cana que 
sobra dos processos de produção de álcool e açúcar para a geração de energia elétrica. 
Na sua maior parte, a eletricidade produzida é utilizada nas próprias usinas 
sucroalcooleiras. As centrais elétricas desse tipo são classificadas como usinas 
térmicas, pois também utilizam a força do vapor para movimentar turbinas. Porém, 
comparando com as usinas convencionais, essas centrais baseiam-se em recursos 
renováveis e emitem quantidades bem menores de gases de efeito estufa. 
No tocante aos veículos automotores, a obtenção da energia proveniente dos 
“canaviais” tem registrado acréscimos importantes desde o início do século atual. O 
álcool da cana-de-açúcar, um agrocombustível, empregado em motores especiais ou 
misturado à gasolina, tem sua origem no Programa Nacional do Álcool (Proálcool), 
lançado pelo governo brasileiro em meados da década de 1970. Uma medida 
econômica e geopolítica cuja finalidade era reduzir a dependência brasileira do 
petróleo importado do Oriente Médio e de outros países veio coincidir com um 
combustível de caráter “positivo” em termos ambientais: os veículos automotores que 
usam álcool em sua combustão acabam por emitir menos gases do efeito estufa, daí o 
aumento da produção de carros flex, enquanto se elevava a cotação dos preços do 
barril de petróleo em 2003. 
Contudo, no que diz respeito à dinâmica social, há críticas contundentes sobre a 
produção dos agrocombustíveis no Brasil. Dependendo dos preços estipulados pelo 
mercado dos combustíveis, os preços dos produtos alimentícios podem subir, já que a 
área plantada dedicada à produção canavieira pode aumentar, em detrimento das áreas 
de outros cultivares, e, por extensão, o seu avanço sobre propriedades rurais de 
pequenos e médios produtores, causando a sua “expulsão” do campo brasileiro, que já 
possui inúmeros problemas de cunho social, forte concentração fundiária e êxodo rural. 
Demonstramos como a questão energética e a questão ambiental estão 
entrelaçadas. Pensar em crescimento econômico é pensar na ampliação da oferta de 
energia sem comprometer de maneira irreversível nosso patrimônio ambiental e o 
desenvolvimento social. Portanto, como o processo de produção energética envolve 
elevados investimentos financeiros e é potencialmente danoso ao meio ambiente, é 
preciso evitar o desperdício. 
 
 24 
Repensando 
Denizart da Silva Fortuna 
 
Professor, professora, consideramos que seja muito importante problematizar 
em sala de aula a relação entre energia, política e ambiente. A sugestão é contemplar 
uma análise que não se restrinja à correlação entre os “impactos” ambientais 
provocados pelo emprego ou uso de determinadas fontes energéticas. É necessário 
politizar essa questão e incorporar a análise entre as diferentes escalas de atuação dos 
atores políticos. Neste momento, apresentamos (ainda que de maneira breve) algumas 
considerações sobre os movimentos organizados no seio das sociedades civis que, 
embora com diferentes questionamentos, inclusive das formas de desenvolvimento 
econômico assumidas, dizem respeito a enfrentamentos e propostas alternativas 
interessantes. 
 
Energia, política e ambiente 
Podemos considerar que o momento da tomada de consciência quanto aos 
problemas ambientais, ao menos nos países ocidentais considerados desenvolvidos, 
foi a década de 1970. O marco foi o aparecimento de muitos movimentos sociais cujos 
objetivos eram combater a degradação ambiental e levantar questionamentos sobre 
os modelos econômicos implementados, ou seja, aqueles que têm exigido o aumento 
do uso de elementos da natureza e produzido volume crescente de resíduos 
inorgânicos impossíveis de serem absorvidos pelos ciclos naturais. 
Grande parte desses movimentos era desdobramento dos movimentos 
pacifistas que se constituíram nos anos 60 do século passado. Esses movimentos, 
colocando-se contra a ameaça de destruição potencial do planeta, rapidamente 
incorporaram as bandeiras ecológicas, ampliando o espectro de sua atuação. O melhor 
exemplo é o Greenpeace (Paz Verde), formado originalmente por ex-soldados 
americanos e canadenses. Tornou-se célebre por atitudes como impedir ações de 
governos ou empresas que prejudicavam os diversos grupos sociais e seus ambientes. 
Nos dias de hoje, é uma organização de atuação mundial que combate práticas 
consumistas e empreende defesas dos modelos socioeconômicos alternativos (Oliva; 
Giansanti, 2000). 
Em função das pressões políticas não apenas desses movimentos sociais como 
de representações governamentais e de parte da opinião pública, além do 
agravamento da situação dos recursos naturais, a Organização das Nações Unidas 
(ONU) promoveu dois grandes encontros de caráter global, ambos no século XX: a 
primeira e a segunda Conferências Mundiais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento 
– em Estocolmo em 1972 e no Rio de Janeiro em 1992, respectivamente. As duas 
conferências oficiais contaram com representações de Estados e com a presença de 
diversas organizações não governamentais (ONGs). 
 25 
A partir desses encontros, muitas decisões foram tomadas; algumas se 
tornaram efetivas (pelo menos em alguns países) e divergências permaneceram. Emverdade, uma das mais acaloradas discussões reside na pauta de questões 
apresentada pelos países, grosso modo, divididos entre “mundo subdesenvolvido” e o 
“desenvolvido”: os altos valores das dívidas externas e a extrema pobreza que atingem 
a maior parte das populações dos primeiros, impossibilitando a adoção de diversas 
resoluções definidas nas conferências por conta própria; e o elevado custo econômico 
(e político) da adoção de modelos alternativos de produção econômica, sobretudo no 
tocante à geração de energia por parte dos últimos. 
Depreende-se daí que o “problema ambiental” tornou-se um problema político 
para as sociedades no mundo contemporâneo, especificamente em relação à geração 
de energia. Tome os textos abaixo como referência à problemática. 
 
Texto 1: Crise energética: economia de baixo carbono 
Prof. Cláudio Antônio Gonçalves Egler 
 
A economia mundial defronta-se com uma questão crucial, que incide 
diretamente em seus fundamentos dinâmicos. Trata-se da questão energética, isto é, o 
padrão global de oferta e consumo das distintas fontes de energia que mantêm a 
produção e garantem a reprodução social. A matriz energética herdada da segunda 
Revolução Industrial é fortemente ancorada no petróleo, que em 2010 ainda 
representa um terço da oferta mundial de energia primária. Considerando o conjunto 
dos hidrocarbonetos (carvão mineral, petróleo e gás natural), o valor atinge a marca de 
81% do suprimento mundial de energia primária, demonstrando a formidável 
dependência que a economia mundial tem do carbono. 
Como já exposto, a distribuição desigual das fontes de hidrocarbonetos fósseis 
e os elevados custos de sua produção são responsáveis por paisagens degradadas e 
pela concentração de renda nas áreas onde são exploradas em todos os continentes e, 
mais recentemente, nos mares e oceanos do planeta. O progressivo esgotamento das 
reservas convencionais de petróleo e gás natural está forçando o avanço da fronteira 
energética na direção de fontes não convencionais, como o petróleo ultrapesado da 
Bacia do Orinoco, na Venezuela, a extração de óleo das areias betuminosas na 
Província de Alberta, no Canadá, e a produção de gás natural por meio da fratura 
hidráulica do xisto (shale gas), principalmente no Estado da Pensilvânia, nos Estados 
Unidos. 
O avanço na produção de hidrocarbonetos de fontes não convencionais 
certamente prolongará a permanência do carbono fóssil na matriz energética mundial. 
No entanto, terá efeitos diretos sobre a estrutura de financiamento dos investimentos 
no setor de petróleo e gás natural e sobre as condições ambientais, não apenas nas 
áreas de onde foram extraídos, mas também nos sistemas de circulação atmosféricos e 
oceânicos globais. 
 26 
Do ponto de vista ambiental, a exploração de petróleo e gás natural de fontes 
não convencionais e em situações extremas deixa marcas indeléveis na paisagem, 
ampliando a pegada ecológica em dimensões preocupantes. O incidente com a 
plataforma da British Petroleum (BP) no Golfo do México, que resultou no maior 
derrame de óleo já registrado, ocorreu em uma zona costeira particularmente sensível 
e expôs os riscos associados à exploração e produção em águas profundas (adaptado 
de autor?, 2012, p. 32-33). 
 
Texto 2: O maior desafio da ação coletiva é a mudança do clima – economia e 
meio ambiente 
Professores George Abbot, John Farndon, Marcus Weeks, 
James Meadway, Frank Kennedy e Christopher Wallace 
 
Desde a Revolução Industrial, o desenvolvimento econômico e a prosperidade 
ocorreram por causa da tecnologia, sustentada principalmente por combustíveis 
fósseis como carvão, petróleo e gás. Porém está cada vez mais claro que a 
prosperidade tem um custo: não só estamos esgotando rápido os recursos como 
também a queima de combustíveis fósseis polui a atmosfera. Um conjunto crescente 
de provas aponta como causa do aquecimento global as emissões de gases de efeito 
estufa, em particular o dióxido de carbono (CO2), e hoje o consenso entre cientistas de 
todo o mundo é de que sofreremos uma mudança climática devastadora se não 
cortarmos as emissões rápida e drasticamente. 
As implicações são econômicas e ambientais, mas economistas e governos 
estão divididos quanto às medidas a tomar. Até recentemente, muitos argumentavam 
que os custos do combate às mudanças climáticas mais ameaçam a prosperidade 
econômica que criam benefícios eventuais. Alguns ainda contestam as evidências de 
que a mudança do clima deve-se ao homem e outros dizem que o aquecimento da 
Terra até pode ser benéfico. Um número crescente admite hoje que se deve avaliar a 
questão e encontrar soluções econômicas. 
Nesse sentido, consideramos que analisar e discutir as repercussões das 
matrizes energéticas no Brasil é levar em consideração as decisões políticas mediadas 
pelos atores sociais, governos (em diferentes escalas) e instituições associadas às 
dinâmicas socioeconômicas. 
 
Fatos econômicos 
Em 1982, o economista americano William Nordhaus publicou How fast should 
we graze the global commons?, analisando em detalhe o impacto econômico da 
mudança climática e as possíveis soluções. Ele assinalou que certas características do 
problema do clima o tornam singular quanto às soluções econômicas: a longa escala 
do tempo, as incertezas, a internacionalidade da questão e a distribuição desigual de 
benefícios e custos pelo planeta. 
 27 
Em 2006, o governo da Grã-Bretanha pediu ao economista britânico Nicholas 
Stern um estudo sobre a economia da mudança climática. A resenha de Stern teve 
conclusões claras, com argumentos sólidos em favor de ação imediata para reduzir as 
emissões de gases de efeito estufa. Stern estimou que o custo eventual da mudança 
do clima seria de até 20% do produto interno bruto (PIB, a renda nacional total), em 
comparação com o custo de cerca de 1% do PIB caso se tornasse uma atitude 
imediata. Em 2009, Nordhaus estimou que, sem intervenção, os danos econômicos 
com a mudança climática seriam em torno de 2,5% da produção mundial por ano até 
2099. Os maiores danos seriam suportados por regiões tropicais de baixa renda, como 
a África tropical e a Índia. [...] 
 
Nações desiguais 
O primeiro obstáculo para economistas como Nordhaus e Stern foi convencer 
os governos a adotar medidas nocivas à economia no curto prazo, mas que atenuariam 
consequências mais danosas no longo prazo. O segundo foi encontrar o modo mais 
eficiente de instituir diretrizes sobre as emissões. Nem todos os governos se 
convenceram facilmente. As economias mais desenvolvidas, que são maioria em áreas 
temperadas, provavelmente não sofrerão as piores consequências do aumento da 
temperatura mundial. As prováveis mudanças do clima atingirão os países pobres com 
mais intensidade. Isso significa que, em muitos casos, os países com maior incentivo 
para atenuar os efeitos da mudança climática são aqueles que geram menos poluição. 
Os piores poluidores – EUA, Europa Ocidental e Austrália – têm relutado em 
aceitar que os governos imponham políticas caras. Mesmo que o fizessem, a poluição 
não se restringe aos seus territórios. O problema é mundial e exige ação coletiva de 
escala internacional. 
A necessidade de ação coletiva foi reconhecida primeiro na Cúpula da Terra, da 
ONU, em 1992, que exigiu de todos os seus membros que coibissem as emissões de 
gases de efeito estufa. Muitos governos elaboraram políticas ambientais e estratégias 
para implantá-las. Uma solução é a regulamentação na forma de punição, como multas 
por produção excessiva de poluentes, mas é difícil determinar cotas de emissão que 
sejam justas com todas as empresas envolvidas. 
Outra opção, sugerida primeiro pelo economista britânico Arthur Pigou em 
1920, é a imposição de impostos de poluição. A cobrança de impostos de empresas 
que emitem gases de efeito estufa e de fornecedores e produtoresde energia sobre o 
volume de carbono liberado na atmosfera funcionaria como um desincentivo à 
poluição. Impostos sobre combustíveis fósseis desencorajariam seu consumo 
excessivo. A ideia de Pigou é fazer os indivíduos arcarem com todos os custos sociais 
de seus atos para “internalizar” a externalidade. 
 
Créditos de carbono 
Pode-se entender a poluição como falha de mercado, porque normalmente não 
há mercado para ela. Os economistas afirmam que, se houvesse, o ótimo social seria o 
 28 
volume emitido, porque os poluidores arcariam com o custo total de seus atos. Assim, 
outra proposta de solução do problema do clima é criar um mercado para a poluição 
com créditos de emissões. Isso implica que o governo (ou um grupo de governos 
trabalhando juntos) determinasse um nível aceitável de emissões de CO2, por exemplo, 
e depois leiloar as permissões a empresas cujos negócios necessitam lançar dióxido de 
carbono. Como as permissões são negociáveis, se a empresa precisa aumentar as suas 
ela pode comprar créditos de outra que não tenha usado a sua cota. Esse plano tem a 
vantagem de premiar as empresas que cortam suas emissões e vendem seu 
excedente. Isso pode desestimular as empresas a superar a sua cota e ter de comprar 
créditos a mais. O volume total de emissões, todavia, continua o mesmo e é 
controlado por uma autoridade central. 
 
Protocolo de Kyoto 
Se os créditos de emissão são, sem dúvida, um passo na direção certa, o 
problema precisa ser enfrentado mundialmente para afastar o risco de mudança 
climática. Todavia, acordos internacionais, como o Protocolo de Kyoto, não obtiveram 
ratificação universal. Em 1997, participaram dos debates 141 países, mas em 2012 
apenas 37 haviam concordado em aplicar suas metas de emissão de gases. Os EUA têm 
sempre rejeitado os termos do acordo e o Canadá retirou-se em 2011 – aliás, esse país 
passou, em menos de uma década, de um dos mais progressistas em relação às causas 
ambientais para um dos mais atrasados, ao não ratificar tal acordo em virtude das 
pressões dos lobbies do carbono fóssil (Egler, 2012, p. 33). 
Mesmo os países que se comprometeram a conter as emissões não têm 
cumprido suas metas. Países desenvolvidos, como EUA e Austrália, afirmam que adotá-
las prejudicaria sua economia. Economias em desenvolvimento, como China, Índia e 
Brasil, dizem que não devem pagar pela poluição causada pelo Ocidente (muito 
embora elas próprias venham se tornando grandes poluidoras). Por outro lado, países 
mais avançados ecologicamente, como Alemanha e Dinamarca, concordaram em 
reduzir suas metas em 20%. 
Fonte: ABBOT, George; FARNDON, John; WEEKS, Marcus; MEADWAY, James; 
KENNEDY, Frank; WALLACE, Christopher. O livro da economia. Trad. Carlos S. Mendes 
Rosa. São Paulo: Globo, 2013 (trecho adaptado de p. 348-351). 
 
Amarrando as ideias 
Professor, professora, sugerimos que desenvolva, com base nesses textos, uma 
discussão que ressalte o viés político das questões que relacionam desenvolvimento, 
energia e qualidade de vida da população mundial. Para tanto, sugerimos que um 
debate seja suscitado levando em consideração as escalas de atuação dos Estados 
governos e suas limitações, assim como as formas de atuação das organizações não 
governamentais frente à problemática ambiental nos dias de hoje. 
 29 
Sugerimos também que os discentes argumentem a partir de dados concretos 
ou fatos que possam sustentar suas ideias/opiniões. A construção dos discursos 
devidamente embasados para expressar o posicionamento diante das questões postas 
indica o desenvolvimento de competências fundamentais, como a comunicação e a 
representação, a investigação e a contextualização. 
 
Algumas questões que podem servir como orientação a essa atividade 
1) Por que os governantes dos países, sobretudo os denominados desenvolvidos e 
os “em desenvolvimento”, encontram dificuldades para implementar medidas 
políticas no âmbito econômico e energético menos danosas ao ambiente? O 
que os impede ou o que torna essas medidas tão tímidas? 
2) Qual o papel da sociedade civil e de sua organização política para o 
enfrentamento dessas questões, principalmente no Brasil? 
3) Qual a nossa responsabilidade e quais práticas podemos realizar em nosso dia a 
dia para reduzir o consumo energético e evitar o desperdício? 
 
Proposta de atividade 
Solicite aos alunos uma visita a uma loja de eletrodomésticos com a finalidade 
de equipar seu “novo” lar conforme suas necessidades. Peça que selecionem alguns 
aparelhos, de fabricantes diferentes, e levantem algumas informações presentes nas 
respectivas fichas técnicas, como: tipo, modelo, preço e consumo energético. 
Após esse levantamento, peça que organizem essas informações em uma 
tabela e estabeleçam quais produtos (modelos e marcas) seriam de menor consumo 
de energia e menos onerosos para os seus bolsos. 
(Adaptado de Araújo et al., 2013, p. 121). 
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