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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS ENGENHARIA MECÂNICA MATERIAIS MECÂNICOS II Prof.: Giovanni Rocha dos Santos Relatório de estruturas soldadas Mig/Mag. Rômulo Kaeiski, Roque Ávila Turma: 63 São Leopoldo, 01 de junho de 2012 Introdução O objetivo central deste relatório é mostrar como a aplicação de solda pelo processo MIG / MAG interfere na microestrutura da peça em que a solda foi aplicada e como se estabelece a microestrutura da solda. Será observado como é o comportamento do processo de soldagem em contato com aços carbono. O corpo de prova estudado para este relatório foi produzido em aço carbono sendo as amostras distribuídas de forma aleatórias, onde algumas amostras podem ter sido aplicados algum tratamento térmico e em outras não. Soldagem é um processo de união de materiais que produz a coalescência dos mesmos através do aquecimento a temperatura de soldagem. Este processo envolve muitos fenômenos metalúrgicos como, por exemplo, fusão, solidificação, transformações no estado sólido, deformações causadas pelo calor e tensões de contração que podem causar muitos problemas práticos. Os problemas que envolvem o processo de soldagem podem ser evitados aplicando-se os princípios metalúrgicos apropriados ao processo de soldagem. Aço carbono é constituído como sendo uma liga de ferro e carbono onde se alcança seus níveis de carbono com a devida aplicação de mais carbono na composição de liga. Quanto à classificação os aços carbono podem ser distribuídos em quatro categorias. Aço baixo carbono possuem em sua composição até 0,14 % de carbono. Aço doce possuem uma concentração de 0,15% até o máximo de 0,29% de carbono. Aço de médio teor de carbono este tipo de aço possuem em sua composição a concentração de 0,30% ate o máximo de 0,59% de carbono em sua composição química. Aço de alto teor de carbono tem a concentração de carbono estimada em sua composição ente 0,60% e 2,00%em sua composição. Para aplicação na área de soldagem os materiais mais produzidos são os aços do tipo baixo carbono e também o aço do tipo doce, por apresentar boa resistência e por apresentar boa soldabilidade. O processo de soldagem aplicado ao material estudado é o do tipo MIG/MAG (MIG - Metal Inert Gás e MAG – Metal Active Gás) também conhecido pela sigla (GMAW – Gás metal Arc. Welding), Este processo é caracterizado pela aplicação de um arco elétrico com o auxilio de um gás de proteção. Este arco elétrico é estabelecido entre a peça e um produto chamado de consumível que esta na forma de arame que será o material a ser depositado pelo processo de soldagem. Figura 1 – Processo básico de soldagem MIG/MAG O arco elétrico produzido funde continuamente o arame á medida que este é alimentado á poça de fusão. O metal de solda é protegido da atmosfera pelo fluxo que o gás exerce. O processo de soldagem MIG/MAG proporciona muitas vantagens na soldagem tanto no modo manual como também em sistemas automatizados permitindo boa qualidade ao trabalho e também um ganho em produtividade. Entre as principais vantagens deste processo são: O processo de soldagem pode ser executado em praticamente todas as posições possíveis de trabalho. Não há a necessidade de remoção de escória proveniente do processo de soldagem. Alta taxa e deposição de material de solda. Tempo total de execução de soldas é de cerca de metade do tempo de aplicação da solda se comparada ao tempo de trabalho gasto no processo de solda do tipo eletrodo revestido. Altas velocidades de processo de soldagem. Largas aberturas preenchidas ou amanteigadas facilmente, tornando certos tipos de soldagem de reparo mais eficiente. Não há perdas de pontas como no eletrodo revestido. Para a aplicação da solda no processo MIG/MAG possui três técnicas de aplicação que são: o processo de curto-circuito, globular e aerossol. Essas técnicas descrevem a maneira que o material é depositado .Na transferência por curto – circuito elétrico ocorre e entra em contato com o arame a assim funde o material na ponta do arame quando este toca a poça de fusão. Na transferência por aerossol pequenas gotas de metal fundido são desprendidas da ponta do arame e projetadas por forças eletromagnéticas em direção a poça de fusão. A transferência globular ocorre quando as gotas de metal fundido são muito grandes e movem-se em direção a poça de fusão sob a influencia da força da gravidade .Os fatores que determinam o modo de transferência de metal são a corrente de soldagem , o diâmetro do arame ,a tensão disponível, as características da fonte e o gás de proteção. Soldabilidade define-se como uma propriedade do material que varia com o processo empregado e a maneira que o processo é utilizado. Materiais com pouca soldabilidade podem ser bem trabalhados desde que seja bem avaliado tipo de consumível utilizado e também na inspeção final do trabalho. Objetivo O principal objetivo deste relatório é levantar todos os procedimentos de estudo da microestrutura da amostra de aço carbono soldada pelo processo de soldagem MIG / MAG, onde será visto a influencia que o processo de soldagem tem em modificar a microestrutura e as propriedades do aço mais próximas ao campo onde se apresenta a camada da solda. Procedimento Experimental A etapa inicial realizada na amostra, foi fornecida pelo docente. Sendo entregue usinada, soldada pelo processo MIG/MAG, cortada em maquina policorte e previamente lixada, com amostra constituinte por aço carbono não especificado. Neste processo metalográfico não foi necessário o embutimento do corpo de prova, por ser uma amostra de dimensão apropriada para o manuseio em lixas e ao processo de lixamento. A partir da preparação desta amostra, foi necessário a atribuição do processo de lixamento, pelas lixas de granulação: 220, 320, 400, 600 e 1200 respectivamente, cuidando com a limpeza do material embutido com a aplicação de álcool e depois o processo de secagem da amostra ao ar quente. Encaminhando ao posterior polimento nos abrasivos de pasta de diamante e mistura a base de Alumina, respectivamente, pretendendo adquirir uma forma espelhada da aço, pois com grande qualidade aplicada ao polimento, será possível visualizar de melhor forma, (sem riscos) a superfície do corpo de prova . Após foi realizado o ataque químico com mistura de aproximada de 2% de Nital ao álcool etílico. Onde foi liberto a uma camada do reagente descrito durante aproximadamente 5 segundos. O tempo de permanência do ataque químico é muito importante considerar cautela, pois grande permanência no reagente causa uma queima da superfície da estrutura, impossibilitando a visualização. Ao mesmo fato, se deixar-se pouco tempo de reação, não será possível visualizar a microestrutura. Com a chegada da amostra a etapa de visualização microscópica, possibilitou-se o levantamento das características da amostra estudada, conforme figuras 6 - 19, onde especifica diferentes fases na estrutura do material no corpo de prova. Equipamentos usados para a solda MIG/ MAG. EQUIPAMENTOS CABO DE SOLDA NEGATIVO REFRIGERAÇÃO DA TOCHA (AGUA) GAS DE PROTEÇÃO GATILHO DE TOCHA ÀGUA DE REFRIGERAÇÃO PARA A TOCHA CONDUITE DO ARAME GÁS DE PROTEÇÃO VINDO DO CILINDRO SAIDA DE ÁGUA DE REFRIGERAÇÃO ENTRADA DE ÁGUA DE REFRIGERAÇÃO ENTRADA DE 42 V CABO DE SOLDA ( POSITIVO ) CONEXÂO PARA A FONTE PRIMARIA BICO DE CONTATO BOCAL CONDUITE CABO Figura 2.1– Equipamento de Solda MIG/MAG Figura 2.2 – Tocha MIG / MAG típica Resultadose Discussão Já na análise ao microscópio foi possível observar a diferença de microestrutura da amostra e do ponto de solda. Em estruturas soldadas existe a interferência que a solda aplica na microestrutura da peça em que a recebe principalmente na região em volta da solda e esta região se chama ZTA (Zona Termicamente Afetada). Nenhuma solda pode ser realizada sem acumular um gradiente térmico no metal de base. A difusão de calor para o metal de base é fortemente influenciada pela temperatura da poça de fusão e pela velocidade de soldagem. A soldagem com alta potencia e alta velocidade reduz este gradiente térmico. Num ponto da ZTA logo além da borda da poça de fusão a temperatura aumenta rapidamente a um nível próximo da poça de fusão e diminui rapidamente produzindo um efeito como o de tempera. Em aços essa região torna-se austenítica durante o aquecimento e pode conter em sua microestrutura a martensita quando acabar o resfriamento .Esta região desenvolve grãos grosseiros porem um pouco mais a diante do material a temperatura não atingiu o nível da região austenítica o tamanho de grão é menor e seguindo o curso de avanço no material estudado foi observado que não há alteração no tamanho de grão , mas o calor foi suficiente para reduzir o nível de dureza e também qualquer outro tipo de tratamento térmico aplicado na amostra. Esta região térmica é portanto uma potencial área de defeitos e seu comportamento em um material qualquer é um aspecto importante da consideração da soldabilidade. Figura 3.1 – Fases de região soldada Figura 3.2 – Fases de região soldada Por esta razão o metal de adição que se funde para posterior solidificação, e a zona termicamente afetada (ZTA), estão expostos a ciclos térmicos e transformações metalúrgicas. Estes ciclos térmicos e as transformações metalúrgicas podem induzir: Deformações, Tensões residuais, Descontinuidades e Microestruturas, que podem a comprometer a segurança e a qualidade da junta soldada. Na ZTA podem ocorrer os seguintes defeitos: Fissuração por hidrogênio, Decoesão lamelar, Trincas de reaquecimento, Fissura por corrosão sob tensão Trincas de liquefação ou também chamadas por microfissuração. Os contornos de grão iniciam-se na formação dos primeiros cristais no local de menor temperatura da solda. Esse local situa-se no ponto onde o metal fundido e o metal de base não fundido se encontram. Com a continuação do processo de solidificação pode ser observado que os grãos no centro são menores e possuem uma textura mais fina que os grãos localizados nos limites exteriores do deposito de solda. Figura 4 – Solidificação e formação dos grãos da solda Esse fenômeno ocorre porque, a medida que o metal de solda se resfria, o calor do centro do deposito de solda ira se dissipar em direção ao metal de base através dos grãos mais externos que se solidificaram primeiro. Consequentemente, esses grãos permanecem, já no estado solido, mais tempo a altas temperaturas, o que favorece seu crescimento. REPARTIÇÃO TÉRMICA Colocando de forma de um gráfico as temperaturas de pico contra a distância ao cordão de solda, obtemos uma curva esquemática mostrada abaixo. Figura 5 – Macroestrutura esquemática da seção transversal de uma junta soldada e sua relação com as temperaturas de pico. Tp – Temperatura de Pico Tf – Temperaturade Fusão da ZTA Tc – Temperatura Critica (início da transformação de fase) Veja a seguir análises de microestrutura do corpo de prova onde seguem desde a região não afetada,passando pela ZTA, solda, final da transformação e região posterior não afetada. Figura 6 – Região afastada da solda, análise em 200X Figura 7 – Região mais próxima da solda, análise em 200X Figura 8 – Inicio da região ZTA, analise em 200X Figura 10 – ZTA com inicio do campo de solda, análise em 200X Figura 12 – Região Soldada, análise em 200X Figura 9 – ZTA (zona termicamente afetada), análise em 200X Figura 11 – Inicio da região de solda, análise em 200X Figura 13 – Região Soldada, análise em 200X Figura 14 – Inicio do termino da região soldada, análise em 200X Figura 16 – Inicio da região ZTA, análise em 200X Figura 18 – Região próxima da solda, análise em 200X Figura 15 – Termino da região soldada e inicio da ZTA, análise em 200X Figura 17 – Final da região ZTA, análise em 200X Figura 19 – Região afastada da solda, análise em 200X Conclusões Com as condições e técnicas de soldagem corretas e com os materiais também corretos o processo de solda MIG / MAG resultará num deposito de solda de alta qualidade. Entretanto assim como em qualquer outro processo de solda, os defeitos de solda podem ocorrer. A maioria dos defeitos encontrados na soldagem é causada por praticas de soldagem inadequada. Uma vez que as causas sejam determinadas o operador pode facilmente corrigir o problema. Defeitos usualmente encontrados incluem falta de penetração falta de fusão, mordedura, porosidade, inclusões, e trincas longitudinais. Este capitulo trata das ações corretivas que devem ser tomadas. O tamanho de grão pode ter efeito na integridade da solda no sentido que grãos pequenos são mais resistentes e mais dúcteis que grãos grandes. Se surgir uma trinca, a tendência e que ela se inicie na área onde os grãos são maiores. Durante a solda, pelo fato de haver grande transferências térmicas, os materiais soldados sofrerão trocas de fases, então para não ocorrer falhas na utilização desses materiais, torna-se necessário um novo processo de tratamento térmico, para que possa corrigir se necessário as diferentes fases microestruturais na peça soldada. Considerando que a velocidade do resfriamento interfere diretamente nas características da transformação do aço. Referências Bibliográficas ESAB MIG Welding Handbook – ESAB Welding & Cutting Products, ESAB, 2003, São Paulo. APOSTILA ESAB, Mig / Mag, Esab Brasil, 2000, São Paulo. APOSTILA ESB, Metalurgia da soldagem, Esab Brasil, 2001, São Paulo.
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